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ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA - FACULDADES ESUCRI

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LUCAS CASTELAN DA SILVA

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO


CONTRA INCÊNDIO– ESTUDO DE CASO

Criciúma (SC), Novembro/2016


LUCAS CASTELAN DA SILVA

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO


CONTRA INCÊNDIO– ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Engenharia Civil da Escola Superior de Criciúma -
ESUCRI, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador (a): Prof. Eng. Giziane de Brito

Criciúma (SC), Novembro/2016


LUCAS CASTELAN DA SILVA

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO


CONTRA INCÊNDIO– ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca


Examinadora para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil da Escola Superior de Criciúma –
ESUCRI.

Criciúma, ____de _____________de2016.

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________

Prof.Orientador(a): Giziane de Brito

______________________________________

Prof. Tadeu Vassoler

______________________________________

Prof. Jorge Laureano


AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família pelo apoio nestes cinco anos de caminhada.


Aos colegas com quem compartilhei este desafio, em especial aos colegas Ana Paula
Borges, Andrei Oliveira, Arthur Langer, Everton Bittencourt, Carol Artismo.
Aos professores que tornaram isto possível, em especial a Prof.ª Orientadora Giziane
de Brito por me apoiar e acreditar na realização deste trabalho.
E aos amigos que contribuíram para finalização deste trabalho.
“Treine enquanto eles dormem,
estude enquanto eles se divertem, persista
enquanto eles descasam, e então, viva o que
eles sonham.”

Desconhecido
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 8


LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ 9
ABREVIATURAS .................................................................................................................... 10
RESUMO ................................................................................................................................. 11
1INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12
1.1JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 13
1.2 HIPÓTESE DE PESQUISA ............................................................................................... 14
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14
1.3.1Objetivo Geral .................................................................................................................. 14
1.3.2Objetivos Específicos ....................................................................................................... 14
1.4ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................ 15
2REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 16
2.1CONTEXTO PREVENTIVO E PROJETO CONTRA INCÊNDIO................................... 16
2.2CONTEXTO DO INCÊNDIO EM SANTA CATARINA ................................................... 19
2.3MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO ...................................................... 20
2.4INCÊNDIO E O FOGO....................................................................................................... 22
2.4.1Métodos de Extinção do Fogo .......................................................................................... 24
2.4.2Agente Extintor Água ....................................................................................................... 25
2.4.3Sistema de Combate a Incêndio com Agente Extintor Água............................................ 26
2.5CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES SEGUNDO SUA CARGA DE INCÊNDIO ... 26
2.5.1Métodos de Dimensionamento da Carga de Fogo ............................................................ 28
2.6ELEMENTOS E COMPONENTES DO SISTEMA (SHP) ................................................ 29
2.6.1Reservatório e Reserva de Incêndio ................................................................................. 30
2.6.2Das Tubulações ................................................................................................................. 32
2.6.3Barrilete ............................................................................................................................ 33
2.7SISTEMA DE ABASTECIMENTO DO SHP .................................................................... 34
2.7.1 Hidrantes.......................................................................................................................... 34
2.7.2Mangotinho ....................................................................................................................... 36
2.8DOS ACESSÓRIOS ............................................................................................................ 36
2.9DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO UTILIZANDO A
IN 007/2014 .............................................................................................................................. 42
2.9.1Cálculo da Pressão/Vazão ................................................................................................. 43
2.9.2Cálculo da Perda de Carga do Esguicho ........................................................................... 43
2.9.3Cálculo da Perda de Carga Unitária das Tubulações e Mangueiras ................................. 44
2.9.4Cálculo da Perda de Carga Total na Tubulação ................................................................ 46
2.10DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO UTILIZANDO
SOFTWARE QIBUIDER. ........................................................................................................ 46
3METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................................ 48
3.1DESCRIÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................... 48
3.2DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO ............................................................................. 48
3.3NORMAS UTILIZADAS PARA O DIMENSIONAMENTO ............................................ 50
4RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÕES ................................................................ 51
4.1DIMENSIONAMENTO DA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL (APÊNDICE C) ................ 51
4.1.1Cálculo da pressão no ponto ―a‖....................................................................................... 52
4.1.2 Cálculo da altura ―X‖ ...................................................................................................... 56
4.1.3 Cálculoda Reserva Técnica de Incêndio – RTI................................................................ 61
4.2DIMENSIONAMENTO VIA SOFTWARE ........................................................................ 62
4.2.1Resultado encontrado no programa .................................................................................. 63
5CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 65
5.1CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 65
5.2RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 66
6REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 67
APÊNDICES ............................................................................................................................ 68
APÊNDICE A– PLANILHA DE CÁLCULO DE FOGO ....................................................... 69
APÊNDICE B – ESQUEMA VERTICAL DA EDIFICAÇÃO (A) ......................................... 70
CONTINUAÇÃO APÊNDICE B............................................................................................. 71
APÊNDICE C – PLANTA BAIXA CAIXA D‘AGUA ............................................................ 72
APÊNDICE D – PLANTA BAIXA TÉRREO ......................................................................... 73
APÊNDICE F – PLANTA BAIXA DUPLEX (DESVIO DE PRUMADA) ............................ 75
ANEXOS .................................................................................................................................. 76
ANEXO A – TABELA DE PERDA DE CARGA NAS CONEXÕES DE FERRO
GALVANIZADO ...................................................................................................................... 77
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: EdifícioAndraus ........................................................................................................ 17


Figura 2: Edifício Joelma ......................................................................................................... 18
Figura 3: Edifício Joelma em chamas....................................................................................... 18
Figura 4: EdifícioAndraus em chamas ..................................................................................... 19
Figura 5: Tubulação com as conexões chegando ao Hidrante.................................................. 33
Figura 6: Caixa de incêndio com um lance de mangueira de 15 metros .................................. 35
Figura 7: Caixa de incêndio com dois lances de mangueira com 15 metros cada um ............. 35
Figura 8: Mangotinho ............................................................................................................... 36
Figura 9: Abrigos para mangueiras de incêndio ....................................................................... 37
Figura 10: Chave de mangueira ................................................................................................ 37
Figura 11: Esguicho tipo regulável ........................................................................................... 38
Figura 12: Esguicho tipo jato compacto ................................................................................... 39
Figura 13: Dispositivo do Hidrante de recalque ....................................................................... 41
Figura 14: Hidrante de Recalque .............................................................................................. 42
Figura 15: Qibuider Licença ..................................................................................................... 47
Figura 16: EdifícioPalazzo ....................................................................................................... 49
Figura 17: EdifícioPalazzo ....................................................................................................... 49
Figura 18: Edificação Palazzo .................................................................................................. 50
Figura 19: Plataforma CAD Qibuilder ..................................................................................... 63
Figura 20; Trechos até o H1 ..................................................................................................... 65
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Carga de fogo nas edificações .................................................................................. 26


Tabela 2: Edificações e Classe de Risco .................................................................................. 27
Tabela 3: Tipos de sistemas baseado na norma NBR 13714:2000........................................... 30
Tabela 4: Tipos de mangueiras e a suas aplicações .................................................................. 40
Tabela 5: Diâmetros de mangueira e requinte .......................................................................... 40
Tabela 6: Pressão Dinâmica no Hidrante menos desfavorável................................................. 43
Tabela 7: Coeficiente de rugosidade ........................................................................................ 44
Tabela 8: Planilha de perga de carga ........................................................................................ 51
Tabela 9: Características da Edificação .................................................................................... 52
Tabela 10: Cálculo da pressão disponível H1 .......................................................................... 63
Tabela 11: Resumo da pressão ................................................................................................. 63
Tabela 12: Planilha de pressões ................................................................................................ 64
Tabela 13: Resumo da pressão ................................................................................................. 64
10

ABREVIATURAS

CBMSC: Corpo de Bombeiros de Santa Catarina


IN: Instrução Normativa
NBR: Norma Brasileira
PPCI: Projeto Preventivo contra Incêndio
RTI: Reserva técnica de Incêndio
M.C.A: Metros de Coluna de Água
11

RESUMO

Nas edificações, a proteção contra incêndios deve ser encarada como uma obrigação. Como
parte de proteção contra incêndio o sistema hidráulico é empregado, via equipamento como
hidrantes e mangotinhos. Sendo um dever de proteger, acima de tudo, as vidas humanas e o
patrimônio envolvido. Logo, a prevenção, instalação de processos e métodos na proteção
contra incêndios não podem ser negligenciados em favor da economia de custos, pois seus
prejuízos podem se traduzir em perdas irreparáveis. Este trabalho objetiva analisar e comparar
os resultados e aprofundar o estudo de caso sobre o sistema hidráulico preventivo (SHP) de
uma edificação residencial, Edifício Palazzo, em Sombrio/SC. Para o dimensionamento desse
estudo será realizado, via manualmente e com auxílio do programa Excel, e dimensionado por
um programa computacional desenvolvido pelo AltoQi. Os dois métodos seguem a norma
NBR 13714/2000 e a IN/007/SC.

Palavras-chave: SHP; Hidrantes; Programa Computacional versus Manual.


12

1 INTRODUÇÃO

O Presente estudo tem como assunto a prevenção contra incêndio, com sistema
hidráulico via hidrantes em um edifício residencial, observe-se que é uma das principais
medidas de controle e prevenção de acidentes e tragédias, como grandes incêndios.
Historicamente, ocorreram vários incêndios, onde se levantou argumentos sobre o
controle e prevenção do incêndio. Na década de 70 ocorreram sinistros em grandes edifícios.
Em 1972 o Edifício Andraus, localizado em São Paulo/SP, foi palco de um incêndio de
terríveis proporções, onde houve 16 mortos e 330 feridos, o mesmo possui 115 metros de
altura e 32 andares. O comandante do Corpo de Bombeiros, na época, Jonas Flores Ribeiro
Junior, informou que o edifício possuía todos os equipamentos contra incêndio exigidos por
lei como, extintores, hidrantes e mangueiras. Porém, não tinha o principal, que seriam homens
treinados para usá-los.
Após dois anos em 1974, o Edifício Joelma localizado também em São Paulo/SP, foi o
palco de um sinistro causado por um incêndio, morreram 188 pessoas, e deixaram 300 feridos,
o edifício Joelma possui 25 andares com uma altura bastante elevada. Após essas tragédias
que aconteceram em menos de dois anos de diferença, reabriu-se os argumentos e perguntas
da população com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndio, onde as
deficiências foram presenciadas nos mesmos. O código de obras de São Paulo em vigor era o
de 1934, onde a cidade tinha 700 mil habitantes, prédios com poucos andares. Foi o primeiro
despertar para melhorias do sistema de incêndios.
Na época dos anos 70, não havia preocupações sobre instalações e prevenção de
incêndio, em virtude de que não tinham ocorrido grandes incêndios no Brasil. Mas, nesta
mesma época os projetos e as construções ganharam alturas mais elevadas, assim não se
pensava em um projeto de preventivo contra incêndio, como técnicas e soluções para evitar o
sinistro.
Na tragédia da boate Kiss em Santa Maria/RS em Janeiro de 2013 causou 242 mortes
e 680 pessoas ficaram feridas. Tal tragédia ganhou repercussão mundial, e 39 anos dos
sinistros ocorridos em São Paulo, o assunto sobre a prevenção de incêndio tomou conta de
todos novamente e começou a ser discutido e argumentado sobre as documentações e
instalações de combate e prevenção contra incêndio. Ocorrendo então, o segundo despertar
sobre o projeto preventivo contra incêndios (PPCI). Causando grande mobilização social por
leis mais rígidas e normas mais específicas para a prevenção e proteção contra incêndios.
13

Imediatamente após o incêndio, iniciaram-se as primeiras discussões e mobilizações por parte


do poder público para a criação de uma lei mais rigorosa.
Dentro deste contexto está sendo proposto o estudo relativo ao sistema de hidrantes e
de mangotinhos para combate a incêndio. O sistema é parte integrante das edificações sendo
que, o projeto e dimensionamento são de responsabilidade do profissional de engenharia.
Com base nos estudos de sistema de hidrante e mangotinhos em Santa Catarina, neste
trabalho será utilizado somente o hidrante para o estudo de caso, por ser mais utilizado no
estado e na cidade.
O uso de hidrantes nos sistema de prevenção contra incêndio depende da
classificação da edificação, o uso de hidrantes requer um treinamento para poder utilizá-lo, e a
maioria dos inquilinos da edificação desconhecem o manuseio do hidrante, sendo que a
primeira opção utilizada é o extintor de incêndio. O uso do hidrante requer cuidados com a
montagem e manuseio. Os hidrantes são abastecidos com a água, e para isso, busca-se uma
pressão e vazão mínima na saída dos hidrantes, sendo assim é realizado um projeto e
dimensionamento seguindo instruções normativas, essas instruções normativas dependem de
cada estado, que neste caso, é de Santa Catarina. Sendo a altura do reservatório o principal
item para encontrar a pressão adequada, e dependendo da instalação a pressão é muito forte.
Os grandes incêndios continuam acontecendo até hoje, no Brasil e no mundo, e são
exemplos repetidos do quanto ainda precisamos aprender para entender os fenômenos
relacionados com a origem e a propagação do fogo e como combater, ter noções de projetos
de preventivo contra incêndio. Portanto, este trabalho tem como finalidade aprofundar os
conhecimentos sobre o sistema de dimensionamento hidráulico do sistema de hidrantes por
via de gravidade, como a altura, pressões e vazões como termos principais. Mostrando as
legislações e normas referentes de instalações de sistema hidráulico de hidrante

1.1 JUSTIFICATIVA

A realização de um curso presencial sobre sistema hidráulico preventivo contra


incêndio revelou uma grande oportunidade para discussões sobre o uso e dimensionamento
dos abrigos de hidrantes e a sua importância. Sobre o atual momento que vive o Brasil
referente à cobrança de um projeto exemplar preventivo contra incêndio e de instalações.
Acreditamos que seja relevante o estudo, pois engloba a preservação da vida e do
patrimônio em situação de sinistros. Programas computacionais surgem para a auxiliar o
profissional no projeto. Mas, qual a diferença de um cálculo feito manualmente para um
14

cálculo utilizando o programa computacional? Com essa pergunta que nos remete a inúmeros
outros questionamentos que podem ser estudados e explicados neste trabalho. Sendo
importante analisar os dois tipos de dimensionamento, o realizado manualmente e por
programa computacional.

1.2 HIPÓTESE DE PESQUISA

Há uma expectativa de que os cálculos sejam eles, manualmente ou via software


tenham a mesma precisão, sendo que o programa computacional não calcula sozinho, e sim a
pessoa que está utilizando deverá ter conhecimento do programa e do método de
dimensionamento do sistema hidráulico preventivo e que a abordagem sobre os abrigos e o
manuseio do mesmo seja esclarecida de forma simples e prática. Com o estudo do
dimensionamento, objetiva-se conseguir elaborar um roteiro de cálculo didático prático e de
fácil entendimento.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

A pesquisa e o estudo de caso deste trabalho de conclusão de curso buscam as


legislações e normas referentes á instalações de sistema hidráulico de hidrantes em uma
edificação residencial localizada na cidade de Sombrio/SC, sendo dimensionada manualmente
e utilizando um software conhecido como Qibuilder. Com esse contexto, tem-se por objetivo
conhecer, identificar, analisar os resultados do dimensionamento do sistema hidráulico
preventivo contra incêndio.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Conhecer e descrever o dimensionamento do sistema hidráulico preventivo;


 Identificar e especificar os pontos do sistema;
 Analisar as áreas de risco;
 Analisar a utilização do software Qibuilder;
 Propor melhorias quanto possível.
15

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo 1 abrange a introdução do assunto em questão. Já o capítulo 2


contextualiza as questões relacionadas aos estudos para a fundamentação deste trabalho.
Apresenta também o sistema de hidrantes quanto ao seu dimensionamento, fundamentos e
detalhamentos, e breve introdução do software.
No capítulo 3 são apresentados os dados do estudo deste trabalho, levantamentos dos
requisitos do dimensionamento e de projeto, ferramentas para utilização.
Aborda-se no capítulo 4 o dimensionamento via manualmente, passo a passo, e
também o dimensionamento via software.
Finalizando, no capítulo 5, serão apresentadas as considerações finais do trabalho
realizado.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para este estudo de caso em questão que aborda a prevenção contra incêndio pelo
sistema hidráulico preventivo, com o método via gravidade, em um edifício, é indispensável
uma melhor compreensão do sistema e do dimensionamento da dinâmica e conduta do
incêndio. Com isso, explanaremos as principais concepções e assuntos relacionados a este
tema, para dar melhor entendimento e qualificar a ideia proposta.

2.1 CONTEXTO PREVENTIVO E PROJETO CONTRA INCÊNDIO

Na história brasileira e mundial, podemos observar a quantidade de acidentes


envolvidos ao incêndio em prédios, que tem como consequência a morte de muitas pessoas e
grandes prejuízos financeiros.
Segundo(Macintyre, 2010 p. 241):
As instalações de água potável, de esgotos sanitários e de aguas pluviais, quando
projetados ou executados inadequadamente, podem acarretar prejuízos de ordem
material considerável, infligir danos á saúde das pessoas e comprometer até mesmo
suas vidas.

Com base nesta citação de Joseph Macintryre (2010), nas instalações citadas, as
consequências vêm de um modo mais lento e às vezes, os danos são pequenos e conserto mais
aplicável, muito diferente de uma instalação mal projetada de uma proteção contra incêndio.
De acordo(Macintyre, 2010 p. 241)
Uma instalação de proteção e combate contra incêndio, entretanto, apresenta-se de
uma forma mais direta e evidente como a salvaguarda de bens e de vidas humanas,
que, na catástrofe de um incêndio, lamentavelmente podem ser destruídos.

Nestas afirmativas, podemos analisar que um projeto mal executado pode sim, tirar
vidas e causar danos muito maiores do que pensamos.
A modernidade trazida por arquitetos e engenheiros, foi de grande crescimento, onde
se começaram as construções de grande elevação, o Brasil passou de um país rural para uma
sociedade urbana, industrial e de serviços em um curto espaço de tempo.
Com o crescimento das edificações, houve pouco controle e processo de segurança
nos edifícios, onde se obteve um aumento de risco de incêndio, tendo muita fragilidade e
poucos equipamentos para o controle de um sinistro. Para a tristeza de muitos, tivemos que
presenciar sinistros para que surgisse uma preocupação mais efetiva na prevenção contra
incêndio por sistema de combate hidráulico. Os sinistros dos Edifícios Andraus 1972 (figura
17

01 e 04) e Joelma 1974 (figura 02 e 03), em São Paulo, foi um dos principais motivos ao qual
teve um grande aumento na criação ou elaboração de projetos de prevenção contra incêndio.
Esses incêndios, que foram alguns dos maiores da história moderna do Brasil e do
mundo, serviram para provar a falta de qualidade da atividade que vinha sendo desenvolvida
como filosofia de combate a incêndios (CARDOSO, 2014)
Depois de muitos anos, acontecendo sinistros e perdendo vidas, uma tragédia no Rio
Grande do Sul, na Boate Kiss em Santa Maria, que voltou novamente às atenções para a
legislação e normas mais eficientes.
De acordo com Carlo ( 2008, p. 11):
Essas tragédias provocaram mudanças na legislação, nas corporações de bombeiros,
nos institutos de pesquisa e, principalmente, foi iniciado um processo de formação
de técnicos e pesquisadores preocupados com essa área de conhecimento.

Figura 1Edifício Andraus


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Andraus
18

Figura 2 Edifício Joelma


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Joelma

Figura 3 Edifício Joelma em chamas


Fonte: http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/2013/01/resgate-aereo-dramatico-o-incendio-do.html
19

Figura 4 Edifício Andraus em chamas


Fonte: http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/2013/01/resgate-aereo-dramatico-o-incendio-do.html

2.2 CONTEXTO DO INCÊNDIO EM SANTA CATARINA

De acordo com Maus (2005), em Santa Catarina, houve um desafio institucional que
era a operação do serviço de combate a incêndios, ainda restrito à Vila de Florianópolis, com
integrantes da tropa que até então, era empenhada e capacitada para atuar nas atividades de
segurança pública, mantendo a ordem e atendendo às requisições de autoridades judiciárias e
policiais. A solução encontrada na época foi trazer para Santa Catarina experiência de
militares de outras instituições que poderiam compartilhar das técnicas aplicadas naquele
tempo para a extinção de incêndios.
A vinda destes profissionais proporcionou a capacitação do efetivo de bombeiros da
Força Pública e a compra dos primeiros conjuntos de equipamentos necessários para a
ativação do serviço, o que culminou na inauguração em 26 de setembro de 1926 da Seção de
Bombeiros da Força Pública.
De acordo com (Maus, 2005 p. 09),
Os primeiros registros dessa atividade, no Estado, remontam aos meados da década
de setenta. O primeiro processo com registro no Corpo de Bombeiros sob o
protocolo 01 é do edifício Jaime Linhares, localizado na rua Vidal Ramos, esquina
com a Jerônimo Coelho, no Centro de Florianópolis. O projeto preventivo original
previa apenas o sistema preventivo por extintores e o hidráulico preventivo. Muito
20

provavelmente, precedendo ao registro deste primeiro projeto preventivo, as


atividades de vistoria já teriam sido iniciadas, devendo ter resultado em relatórios de
vistorias cujos registros se perderam ao longo do tempo.

As primeiras normas sobre o as especificações de prevenção contra incêndio,


surgiram em 1979, antigamente as edições eram desenvolvidas com base em cópias de
Normas do curso de bombeiros de São Paulo e com base na norma regulamentadora nº 21 da
SUSEP (Superintendência dos Seguros Privados ). Na sequência, em função de processos
revisões, houve mais três edições: Normas e Especificações de Proteção Contra Incêndios
(Portaria nº 083/SSI/01/02/1983 ); Normas de Segurança Contra Incêndio (Decreto Estadual
nº 1.029 de 03 de dezembro de 1987);Normas de Segurança Contra Incêndio (Decreto
Estadual 4.909 de 18 de outubro de 1994 ) (MAUS, 2005).
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina o decreto estadual 4.909 de
18 de outubro de 1994, foi revogado em 2013, com o novo Decreto n° 1957 de 20/12/2013,
onde regulamenta a Lei nº 16.157, de 2013, que dispõe sobre as normas e os requisitos
mínimos para a prevenção e segurança contra incêndio e pânico e estabelece outras
providências.

2.3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO

As medidas de prevenção contra incêndio devem ser consideradas desde o momento


em que se inicia um projeto arquitetônico. A medida de prevenção contra incêndio tem várias
etapas e envolvem muitas pessoas, como clientes, engenheiros, bombeiros e instaladores.
―Incêndio se apaga no projeto!‖, Essa frase apresentada por (Neto, 1995), é um
método psicológico de incentivar e dar ênfase da importância do projeto e das medidas de
prevenção e combate contra incêndio onde, além de ser quantificados e denominados pelo
tipo de projeto, área quadrada, altura e risco, precisam ser pensadas e projetadas de modo a
contribuir de forma efetiva e rápida em um momento de um sinistro.
Segundo Brentano (2007), o projeto de uma edificação necessita ser analisada sob
dois aspectos: a proteção passiva e a proteção ativa.
Onde a proteção passiva envolve todas das formas de proteção que devem ser
consideradas no projeto arquitetônico para que não haja o surgimento ou, então, a redução da
probabilidade de propagação e dos efeitos do incêndio já instalado, por causa das atividades
desenvolvidas na edificação, com o objetivo de evitar a exposição dos ocupantes e da própria
edificação ao fogo.
21

Proteção ativa envolve todas as formas de detecção de alarme e de controle do


crescimento do fogo até a chegada do corpo de bombeiros ou, então, a extinção de um
princípio de incêndio já instalado. Estas ações são executadas por equipamentos de detecção,
de alarme e de controle ao fogo, como sensores, detectores de fumaça e calor, sistemas de
hidrante, mangotinhos e chuveiros elétricos automáticos ―sprinklers‖, extintores de incêndio,
entre outros.
Estão entre os principais sistemas de proteção ativa:

 Sistema de detecção e alarme automáticos de incêndio – NBR-9441;


 Sistema de iluminação de emergência – NBR-10898;
 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico - NBR 13434
 Sistema de alarme manual de incêndio (botoeiras) - NBR - 9441;
 Sistemas de extinção automática de incêndio (sprinklers) - NBR - 10897;
 Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios –NBR-
13714;
 Sistemas de proteção por extintores de incêndio - NBR-12693.

De acordo com (BRENTANO, 2007 p. 38):


Toda edificação projetada apresenta um nível de risco que é determinada pela
classificação dada por norma ou por lei, de acordo com as suas características
construtivas e de ocupação.

Para melhor embasamento PEREIRA (2013), retifica-se sobre o sistema de proteção


passiva e ativa como:
 Proteção Passiva: é prevista na fase de elaboração do projeto e que depois de
incorporada na obra dificulta a propagação do incêndio nas edificações (ex.:
acabamento interno acabamento externo paredes corta-fogo compartimentação
meios de escape sinalização acesso para o Corpo de Bombeiros e outros)
 Proteção Ativa: Equipamentos que se destinam a proteção e combate ao fogo
que dependem de operação automática ou manual (ex.: sistema de alarme,
iluminação de emergência, extintores portáteis, sistema de hidrantes e
mangotinhos, sistema de chuveiros automáticos e outros.).

Ainda de acordo com PEREIRA (2013), a prevenção é o conjunto de medidas que


visam evitar que os sinistros surjam, mas não havendo essa possibilidade que sejam mantidos
22

sob controle e evitando a propagação e facilitando o combate. Ela pode ser alcançada de
diversas formas:
 Atividades educativas como palestras e cursos nas escolas, empresas,
edificações residenciais;
 Divulgação pelos meios de comunicação;
 Elaboração de normas e leis que obriguem a aprovação de projetos de proteção
contra incêndio de instalação dos equipamentos testes e manutenção adequada;
 Formação e treinamento com exercícios práticos de brigadas de incêndio.

PEREIRA (2013) ainda comenta que a proteção contra incêndios nos edifícios e
áreas de risco é um conjunto de medidas para o controle detecção contenção e extinção de um
incêndio visando garantir a segurança das pessoas e prevenir a conflagração e propagação do
incêndio e proteger a propriedade e estrutura do edifício inclusive o meio ambiente.
Onde essas medidas de proteção são exigidas por meio de legislações e normas
técnicas de prevenção de incêndio que fornecem o embasamento técnico e jurídico para que
os órgãos oficiais possam realizar a fiscalização de edificações e áreas de risco.
Ainda de acordo com(PEREIRA, 2013 p. 241),
As medidas de proteção contra incêndios em condições ideais para o uso como o
sistema de hidrantes e mangotinhos poderão auxiliar durante as ações de combate de
um possível incêndio e evitar sua propagação para toda edificação inclusive reduzir
os efeitos danosos até a presença do Corpo de Bombeiros O funcionamento eficaz
do sistema hidráulico está relacionado ao correto dimensionamento, portanto a
aplicação de um processo adequado de ensino e aprendizagem em que haja a
participação do aluno com o uso da tecnologia da informação e da comunicação
poderá contribuir para a existência de edificações e áreas de risco em condições de
segurança para o efetivo combate ao incêndio.

2.4 INCÊNDIO E O FOGO

Segundo (BRENTANO, 2007 p. 39) ―Uma reação química, denominada combustão,


que é uma oxidação rápida entre o material combustível, sólido, líquido ou gasoso, e o
oxigênio do ar, provocada por uma fonte de calor, que gera luz e calor.‖.
Para que haja fogo deve haver uma concorrência simultânea de três elementos
fundamentais: Material combustível, comburente (oxigênio) e uma fonte de calor, formando o
triângulo do fogo, conforme mostra na figura 5. E, para que tenha a propagação do fogo após
a ocorrência, deve haver a transferência de calor de molécula para molécula do material
23

combustível, ainda intacta, que podem entrar em combustão sucessivamente, gerando, então a
reação química em cadeia. (BRENTANO, 2007).

Figura 5: Triângulo e Quadrado do Fogo


Fonte: Instalações Hidráulicas de combate a incêndio nas Edificações (Telmo Brentano)

Este triângulo do fogo é um conceito simplificado.


Conforme Neto (1995, p.30),
Cabe salientar que, apesar desta simplificação teórica, a combustão é um fenômeno
extraordinariamente complexo. O número de substâncias produzidas durante a
queima dos combustíveis é muito grande. Mesmo a combustão das substâncias mais
simples não é ainda hoje muito conhecida. Efetivamente o triângulo do fogo é, na
realidade, um tetraedro (Pirâmide de Base Triangular).

É muito importante conhecer os fenômenos e suas causas de incêndio para se fazer


um ótimo projeto de prevenção e de combate ao fogo. Se houver um início de incêndio numa
edificação, deve-se então como visto anteriormente, uma concorrência fundamental de uma
fonte de calor, de um combustível e de um componente humano, este através de falhas no
projeto e/ou execução da instalação ou negligência comportamental na ocupação da
edificação. Além desses, os outros dois elementos, oxigênio e reação química em cadeia, são
indispensáveis, principalmente para a manutenção do fogo, e pontos importantes que devem
ser observados para sua extinção (BRENTANO, 2007).
Para (BRENTANO, 2007 p. 41), ―Para uma prevenção efetiva contra incêndios em
edificações deve-se ter o controle sobre três elementos: combustível, fonte de calor e
comportamento humano.‖.
Ainda o autor comenta que o comportamento do fogo é complexo e sua propagação,
muitas vezes imprevisível, e os fatores que contribuem para o início do fogo, estão
relacionados com a transmissão do calor, que pode ocorrer de três formas fundamentais, que
são a condução ou contato, convecção e radiação.
Conforme Neto (1995, p.28):
24

CONDUÇÃO: Transmissão através de agitação molecular e dos choques


entre as moléculas sem o transporte de matéria. Exemplo: aquecimento das
esquadrias metálicas contínuas de uma fachada a partir de um único cômodo em
chamas.

CONVECÇÃO: Transporte de energia térmica de uma região para outra


através do transporte de matéria aquecida. Ocorre nos líquidos e gases (fluidos).
Exemplo: a fumaça distribuída entre vários pavimentos de um edifício por meio de
dutos de ar condicionado, escadas e fosso de elevadores. Aquece outras áreas
distantes da fonte de combustão.

IRRADIAÇÃO: Transporte de energia através de ondas eletromagnéticas


(calor radiante). Independe de meios materiais. Exemplo: o calor do sol que chega à
terra ou do ferro de passar roupa colocado próximo à mão após o aquecimento

As edificações vizinhas é um fator muito importante para ser considerado no projeto,


pois á possibilidade da geração de novos incêndios, através das três formas citadas que são
fundamentais. (BRENTANO, 2007)
As edificações que não cumprirem com as normas e critérios de segurança, estará
colocando em risco a vida de seus ocupantes. A proteção da vida humana é essencial, onde a
negligência do autor do projeto não pode ser admitida em qualquer hipótese. (Neto, 1995).
Logo, não podemos de deixar de pensar no fator social e aspecto de saúde física e
emocional que as pessoas sofrem por passarem por algum destes episódios, tendo várias
consequências significativas.
A perda de mercado e o desemprego para muitas pessoas são derivados dos
incêndios. E ainda aquelas que sofrerem queimaduras restringem a vida social. (Neto, 1995).
(BRENTANO, 2007) Quando o fogo já está acontecendo, a medida mais importante
para se evitar a sua propagação é a ação imediata. O tempo para o sistema de combate entrar
em operação e atuar sobre o foco do incêndio é o fator fundamental para controlá-lo ou
extingui-lo. Para isto devem constar:
 Um sistema de combate a incêndio bem projetado e executado;
 Um sistema que tenha manutenção constante;
 Pessoas bem treinadas para operar o sistema de forma imediata,
principalmente eficiente e eficaz.

2.4.1 Métodos de Extinção do Fogo

O método de extinção do incêndio tem como principal objetivo eliminar os


componentes do triângulo do fogo.
Conforme (BRENTANO, 2007):
25

 Extinção por isolamento (retirada do material). Algumas situações são


possíveis a retirada do material combustível, como é o caso de tanques de
combustíveis, onde o fogo ocorre na superfície do liquido, sendo o mesmo
retirado para outro local através de drenos pelo fundo. Já em edificações a
neutralização desse elemento fica difícil ou se não quase impossível.
 Extinção por abafamento: É quando se retira o comburente na eliminação ou
diminuição do oxigênio das proximidades do combustível, ou seja, é evitar
que o material em combustão seja alimentado por mais oxigênio do ar.
 Extinção por resfriamento (retirada do calor): Este é o método mais utilizado,
onde seu objetivo é retirar o calor do material até que o fogo apague através de
um agente extintor, com consequentemente o resfriamento do material. Onde
o agente extintor mais utilizado é a água. Onde este agente extintor vai ser o
principal elemento para o estudo.
 Extinção química (quebra da cadeia de reação química): Com o lançamento ao
fogo de determinados agentes extintores, como por exemplo, o extintor de pó
químico, onde apaga o fogo ao inibir a reação em cadeia junto com material
em chamas.

2.4.2 Agente Extintor Água

A água por ser mais fácil de conseguir, por ser abundante, de baixo custo e com a
principal capacidade de absorver o calor, se torna a substância mais eficaz para resfriar os
materiais.
Conforme (BRENTANO, 2007), a agente extintora água, age principalmente por
resfriamento e abafamento conforme seu estado físico.
No estado líquido pode ser usada como, jato compacto e jato de neblina, onde jato
compacto age por resfriamento e de neblina por resfriamento e abafamento.
No estado gasoso, a água é usada na forma de vapor, que age unicamente por
resfriamento.
A rapidez com que o fogo deve ser extinto depende muito da quantidade e forma de
como a água é aplicada sobre o material em combustão, a mesma é aplicada sobre o fogo sob
a forma de jatos aspersões, utilizando a instalação hidráulica para combate a incêndio, como
os equipamentos especializados como, mangueiras com esguichos, chuveiros automáticos e
projetores.
26

Conforme (Macintyre, 2010 p. 242),


Jato (chamado geralmente de jato sólido ou jato denso). Usam-se bocais, como
ponteiras chamadas requintes, ligados a mangueiras que, por sua vez, recebem a
água escoada em encanamentos que constituem as redes de incêndio. As mangueiras
são ligadas a hidrantes adaptados às redes. Em instalações ao ar livre, usa-se
também um dispositivo denominado canhão, para lançamento de consideráveis
descargas de água a grandes distâncias.

2.4.3 Sistema de Combate a Incêndio com Agente Extintor Água

Para se combater o incêndio usando a água como agente extintor pode ser utilizados
vários tipo de equipamentos móveis ou fixos. Onde os móveis são os extintores de incêndio e
os fixos são constituídos por redes de canalização fixadas na edificação tendo como elemento
de aspersão da água sobre o fogo, os hidrantes, mangotinhos e chuveiros automáticos e
projetores ou bicos nebulizadores, que são divididos em dois sistemas, sistema sob comando e
sistema automáticos. (BRENTANO, 2007).
Conforme o autor Brentano (2007, p.45)
Sistemas sob comando: São constituídos por pontos de tomadas da água localizados
estrategicamente na área que deve ser protegida, dividindo-se em sistemas de
hidrantes e de mangotinos.
Sistemas automáticos: São sistemas que funcionam automaticamente por ocasião de
um incêndio, acionados pelo calor do fogo. Podem ser divididos em sistemas de
chuveiros automáticos e em sistemas de projetores ou bico nebulizadores de média e
alta pressão.

2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES SEGUNDO SUA CARGA DE


INCÊNDIO

Conforme a IN 003 (CBMSC,2014) – Carga de Incêndio de Santa Catarina, a


classificação das edificações é dado como a carga de incêndio.

Tabela 1 - Carga de fogo nas edificações

Classe de Risco Carga de fogo Ideal

Risco Leve ≤ 60 kg/m²

Risco Médio 60 a 120 kg/m²

Risco Elevado ≥ 120 kg/m²

Fonte: IN 003 (CBMSC,2014)


27

A IN 003 (CBMSC, 2014), ainda estabelece que as edificações sejam


classificadas em função da ocupação, da localização e da carga de fogo.

Tabela 2: Edificações e Classe de Risco

Classe de Risco Tipo de Ocupação


Residencial privativa multifamiliar
Residencial coletiva
Comercial (exceto supermercados ou galerias comerciais)
Pública
Escola Geral
Escola diferenciada
Risco Leve Reunião de Público com concentração
Reunião de Público sem concentração
Hospitalar sem internação e sem restrição de mobilidade
Parque aquático
Atividades agropastoris (exceto silos);
Riscos diferenciados
Mista (para duas ou mais ocupações previstas neste
inciso, desde que exista compartimentarão entre as
diferentes ocupações e com saídas de emergência
independentes).
Residencial transitória
Garagens
Mista (quando não houver compartimentação entre as
diferentes ocupações ou com sobreposição do fluxo nas
saídas de emergência)
Industrial
Risco Médio Comercial (apenas supermercados ou galerias comerciais)
Shopping Center
Hospitalar com internação ou com restrição de mobilidade
Postos de revenda GLP
Locais com restrição de liberdade
Depósitos
Atividades agropecuárias (apenas silos)
Túneis, galerias e minas
Edificações especiais (apenas para oficinas de consertos
de veículos automotores, caldeiras ou vasos sob pressão)
Postos para reabastecimentos de combustíveis
Risco Levado
Edificações especiais (apenas para depósitos
combustíveis, inflamáveis, explosivos ou munições)
Fonte: IN 003 (CBMSC,2014)
28

Sempre que existir dúvida com relação à classificação do risco de incêndio durante a
análise do PPCI, em função da atividade ou das características do imóvel, à critério do
CBMSC deverá ser apresentado o cálculo da carga de incêndio, a fim de ser determinada a
classificação do risco de incêndio, (CBMSC, 2014).

2.5.1 Métodos de Dimensionamento da Carga de Fogo

O dimensionamento da carga de incêndio da edificação ou área de risco deverá ser


apresentado de acordo com os elementos de cálculo da IN 003, podendo ser em forma de
planilha, conforme modelo do Anexo A ou roteiro de cálculo que vai ser mostrado a seguir
(CBMSC, 2014)
Para o dimensionamento da carga de incêndio ideal considerar que 1kg de madeira,
definida como madeira padrão, libera 4550kcal ou 19MJ, que é a quantidade de calor
produzido por unidade de massa no decurso completo da combustão.(CBMSC, 2014)
Os valores de carga de incêndio e carga de incêndio ideal podem ser determinados
pelo seguinte item:
a) relação dos materiais combustíveis encontrados na edificação ou área de risco,
inclusive o mobiliário;

b) levantamento do peso estimado dos combustíveis;

c) relacionar os respectivos poderes caloríficos;

d) cálculo da quantidade de calor por combustível:

Equação 1

Onde:
Q = Quantidade de calor - (kcal ou MJ)
i = Unidade considerada - (i = varia de 1 até n, dependendo dos diferentes tipos de
materiais existentes no local)
k = Poder calorífico - (kcal/kg ou MJ/kg)
p = Peso do combustível - (kg)
29

e) Somatório das quantidades de calor:

∑ ∑
Equação 2

f) Cálculo da carga de incêndio especifica:

Equação 3

Onde:
qe = Valor da carga de incêndio especifica – (kcal/m² ou MJ/m²)
∑Q = Somatório da quantidade de calor - (kcal ou MJ)
S = Área da edificação, da área de risco ou do compartimento – (m²)

g) Cálculo de carga de incêndio ideal (equivalente em madeira ) – (kg/m²):

Equação 4

Onde:
Km = poder calorifico médio da madeira (madeira padrão) = 4550 kcal/kg = 19
MJ/kg.

2.6 ELEMENTOS E COMPONENTES DO SISTEMA (SHP)

O Sistema Hidráulico Preventivo (SHP) é constituído por uma rede de tubulações


que tem a finalidade de conduzir água de uma Reserva Técnica de Incêndio (RTI), por meio
da gravidade ou pela interposição de bombas, que neste caso, o combate do princípio de
incêndio através da abertura de hidrante para o emprego de mangueiras e esguichos e ou
emprego do mangotinho.
30

2.6.1 Reservatório e Reserva de Incêndio

Conforme a norma NBR 13714:2000, a reserva de incêndio deve ser prevista para
permitir o primeiro combate, durante determinado tempo. Após este tempo considera-se que o
Corpo de Bombeiros mais próximo atuará no combate, utilizando a rede pública, caminhões-
tanque. Para qualquer sistema de hidrante ou de mangotinho, o volume mínimo de água da
reserva de incêndio deve ser determinado conforme indicado:

Equação 5

Onde:
Q = é a vazão de duas saídas do sistema aplicado, conforme a tabela 3, em litros
por minuto;
t = é o tempo de 60 min para sistemas dos tipos 1 e 2, e de 30 min para sistema do
tipo 3;
V = é o volume da reserva, em litros.

Tabela 3:Tipos de sistemas baseado na norma NBR 13714:2000

Mangueiras
Vazão
Esguicho Diâmetros(mm) Comprimento Saídas
Tipo Máximo (m) L/min
1 Regulável 25 ou 32 30 1 80 ou 100
Jato Compacto Ø16
40 30 2 300
mm ou regulável
2

Jato Compacto Ø25 65 30 2 900


3 mm ou regulável

Fonte: Norma NBR 13714, Janeiro de 2000.

Já a IN 007CBMSC (2014), retrata que a reserva técnica de incêndio será


dimensionada de tal forma que forneça ao sistema uma autonomia mínima de 30 minutos.
No dimensionamento da reserva técnica de incêndio, deverão ser consideradas as
seguintes vazões:
31

I - risco leve - a vazão no hidrante mais favorável, acrescido de 2 minutos por


hidrante excedente a quatro;
II - risco médio e risco elevado - as vazões nos hidrantes mais desfavoráveis,
considerando em uso simultâneo:
a) 1 Hidrante: quando instalado 1 hidrante;
b) 2 Hidrantes: quando instalados de 2 a 4 hidrantes;
c) 3 Hidrantes: quando instalados 5 ou 6 hidrantes;
d) 4 Hidrantes: quando instalados 7 ou mais hidrantes; e acrescer 2 minutos por
hidrantes excedente a quatro.

Em edificações de risco leve, a RTI mínima deve ser de 5.000 litros. A RTI, quando
em reservatório subterrâneo, será o dobro da previsão para a do reservatório elevado, para
todas as classes de risco.
Conforme (PEREIRA, 2013):

O reservatório de água é um compartimento construído na edificação ou área de


risco em concreto armado metal apropriado ou qualquer outro material que apresente
resistência mecânica às intempéries e ao fogo. Destina-se a armazenar a quantidade
de água prevista para a reserva de incêndio que efetivamente deverá ser fornecida
para o uso exclusivo de combate a incêndios

Quanto a sua localização, os reservatórios podem ser elevados no nível do solo


semienterrados ou subterrâneos devendo ser observadas as exigências em normas técnicas ou
em especificações reconhecidas e aceitas pelos órgãos oficiais, e que vão ser determinados
pelos condicionantes arquitetônicos, hidráulicos e estruturais das edificações CBMSC (2014).
Com o volume da RTI, pode-se calcular o volume do reservatório, que cabe aos
responsáveis técnicos definir. O Volume do reservatório será dimensionado junto com
dimensionamento do SHP.
CBMSC (2014), os reservatórios devem ser dotados de dispositivos para acesso a
vistoria interna. Sendo assim, uma exigência de um projeto bem elaborado para o
reservatório.
Segundo (BRENTANO, 2007), partindo-se desses conceitos, sendo que o objetivo do
sistema é a proteção da edificação, como o combate ao incêndio, ter uma reserva técnica de
incêndio de grande volume, não garante uma maior proteção, pois tem outros fatores que são
da mesma forma, talvez mais importantes como:
 Ter uma instalação bem projetada e executada;
32

 Fazer inspeções, testes e manutenção periódicas;


 Ter uma brigada de incêndio ou pessoas treinadas para operar imediatamente
sistema na ocasião de um princípio de incêndio;
 Ter um sistema de alarmes.

2.6.2 Das Tubulações

A tubulação consiste num conjunto de tubos, conexões (curvas, cotovelos etc.),


acessórios hidráulicos (válvulas, gaveta, globo angulares, etc.) e outros materiais destinados a
conduzir a água desde o reservatório específico até os pontos do sistema hidrantes. Todo e
qualquer material previsto ou instalado deve ser capaz de resistir aos efeitos do calor
mantendo o seu funcionamento normal, ou seja, o meio de ligação entre os tubos conexões e
acessórios diversos deve garantir a estanqueidade e a estabilidade mecânica da junta e não
deve sofrer comprometimento de desempenho.(PEREIRA, 2013).
A Norma NBR 13714,2000 indica que a tubulação do sistema não deve ter diâmetro
nominal inferior a DN65 (2 ½‖).
As canalizações do sistema SHP deverão ser em tubo de ferro fundido ou
galvanizado, aço preto ou cobre (CBMSC,2014). Seguindo as indicações da IN de Santa
Catariana.
 As redes subterrâneas, exteriores à edificação, poderão ser com tubos de
Cloreto de Polivinila Rígido (PVC), Fibrocimento ou categoria equivalente;
 As tubulações deverão ser enterradas pelo menos a 1,2m de profundidade. Nos
pontos de união dos tubos de PVC ou de categoria equivalente com tubos
metálicos, deve ser construído um nicho com as dimensões mínimas de 25 x
30cm, guarnecido por tampa metálica pintada de vermelho, onde estará
instalada a conexão FG x PVC;
 Em qualquer situação a resistência da canalização deverá ser superior a
15kgf/cm2,devendo ser dimensionada de modo a proporcionar as pressões e
vazões exigidas por normas nos hidrantes hidraulicamente menos favoráveis;
 As conexões e peças do sistema devem suportar a mesma pressão prevista para
a canalização. Deverá ser procedida ancoragem das juntas e/ou outras ligações
nas canalizações, com a finalidade de absorverem os eventuais golpes de
aríete, principalmente em sistemas automatizados;
33

 As canalizações, conexões e peças quando se apresentarem expostas, aéreas ou


não, deverão ser pintadas de vermelho;
 As canalizações do SHP poderão ser alimentadas por barrilete.Devem as
canalizações do SHP terminar no hidrante de recalque.

Para o dimensionamento do SHP, levam-se em conta as perdas de carga das


tubulações, que os valores dessas perdas de carga esta no Anexo A – Perdas de cargas nas
tubulações.

Figura 5Tubulação com as conexões chegando ao Hidrante


Fonte:<http://www.jmaprojetos.com.br/servicos.htm>

2.6.3 Barrilete

O barrilete é composto pelas canalizações de incêndio que saem do reservatório


superior, ligando externamente a ele e que alimentam as colunas de incêndio (BRENTANO,
2007)
34

2.7 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DO SHP

O Sistema de abastecimento do sistema hidráulico preventivo poderá ser feito:


 Por reservatório Superior: No abastecimento por Reservatório Superior, a
adução será feita por gravidade. Quando o abastecimento é feito pela ação da gravidade, os
reservatórios elevados devem estar à altura suficiente para fornecer as vazões e pressões
mínimas requeridas no projeto e dimensionamento. (CBMSC,2014)
 Por reservatório inferior (inclusive mananciais naturais): No abastecimento por
Reservatório Inferior, a adução será feita por duas bombas fixas:
1) Uma bomba elétrica, sendo esta a bomba principal;
2) Uma bomba com motor a combustão, sendo esta a bomba reserva; ou
3) Duas bombas elétricas, devendo neste caso, além da ligação com a rede elétrica da
concessionária, ser interligadas a um gerador.
 Por castelo D‘agua: No abastecimento por Castelo D‘água, a adução será feita
por gravidade. Os reservatórios elevados do tipo Castelo D‘água poderão ser montados em
estruturas independentes da edificação ou edificações que o sistema irá proteger ou instalado
em cota dominante do terreno. (CBMSC,2014).

2.7.1 Hidrantes

O Hidrante é o ponto de tomada d‘água provido de manobra e união tipo engate


rápido. Instalados no interior das edificações e colocados em uma caixa de incêndio, onde se
encontram a mangueira e o esguicho. As caixas de incêndio são instaladas na prumada da
tubulação de incêndio em quantidade e locais nos quais assegurem a possibilidade de
combater o incêndio em qualquer ponto do pavimento onde foi instalado, utilizando
mangueiras de até 30 metros de comprimentos, isto é, são utilizando dois lances de 15 metros
engatados(Macintyre, 2010). (Fig.6 e 7)
35

Figura 6:Caixa de incêndio com um lance de mangueira de 15 metros


Fonte:<https://www.google.com.br>Acesso:07/06/2016

Figura 7:Caixa de incêndio com dois lances de mangueira com 15 metros cada um
Fonte:<https://www.google.com.br Acesso > 07/06/2016

Segundo(Macintyre, 2010 p. 246), ―Na determinação da faixa coberta pela ação do


jato de uma mangueira, pode-se considerar ainda mais 7 metros correspondente ao alcance do
jato.‖.
Conforme aIN 007/DAT/CBMSC, afirma-se que para as edificações de risco ‗leve‘,
os Hidrantes terão saída singela, enquanto nas edificações de risco ―Médio ou Elevado‖, terão
saída dupla.
(BRENTANO, 2007)ressalta que, as tomadas de incêndio são formadas por válvulas
angulares de 40 mm (1 ½‖) ou 65 mm (2 ½‖) de diâmetro nominal, de acordo com o diâmetro
da mangueira de hidrante, com seus respectivos adaptadores e tampões.
36

Os hidrantes deverão sempre ocupar lugares de modo a proceder a sua localização no


menor tempo possível e estar situados em locais de fácil acesso. Os hidrantes devem ser
dispostos de modo a evitar que, em caso de sinistro, fiquem bloqueados pelo fogo. (CBMSC,
2014)

2.7.2 Mangotinho

É um sistema constituído por tomadas de água onde há uma simples saída contendo
válvula de abertura rápida adaptadora, se necessário mangueira semirrígida, esguicho
regulável e demais acessórios. (PEREIRA, 2013)

Figura 8: Mangotinho
Fonte:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=156 >Aceso:
10/06/2016

2.8 Dos Acessórios

Os componentes das instalações do sistema de hidrantes e de mangotinhos devem ser


previstos em normas técnicas ou especificações reconhecidas e aceitas pelos órgãos oficiais os
componentes que não satisfaçam a todas as especificações das normas existentes ou as
exigências dos órgãos competentes e entidades envolvidas deverão, neste caso, ser submetidos
a ensaios e verificações a fim de obterem aceitação formal da utilização nas condições
especificadas da instalação expedida pelos órgãos competentes(PEREIRA, 2013).

a) Abrigo:
37

A NBR 13714, 2000 define abrigos como, compartimento, embutido ou aparente (de
cor vermelha geralmente), dotado de porta, destinado a armazenar mangueiras, esguichos,
carretéis e outros equipamentos de combate a incêndio, capaz de proteger contra intempéries e
danos diversos.
Os abrigos terão, preferencialmente, as dimensões máximas de 90cm de altura, por
70cm de largura, por 20 cm de profundidade para as instalações de risco leve. Para risco
médio e elevado deverá ser observado as dimensões quepermitam colocar com facilidade os
laces das mangueiras que será determinado nos projetos (CBMSC, 2014)

Figura 9:Abrigos para mangueiras de incêndio


Fonte:<http:// http://caixadehidrante.com> Acesso: 10/06/2016

b) Chave de mangueira:
A chave de mangueira é um complemento juntamente com o acoplamento e
desacoplamento das juntas de união das mangueiras com o esguicho e a válvula angular no
sistema de hidrantes. Constitui-se de uma haste metálica apresentando uma extremidade no
ramo curvo com aludado, transversal, encimado por um pequeno ressalto retangular
(PEREIRA, 2013).

Figura 10:Chave de mangueira


Fonte:<http://www.zeusdobrasil.com.br/produto/456/chave-dupla-storz-para-mangueira-de-incendio-2-1-2-e-1-
1-2> Acesso: 10/06/2016
38

c) Esguicho:

É um dispositivo adaptado na extremidade das mangueiras, destinado a dar forma,


direção e controle ao jato, podendo ser do tipo regulável (neblina ou compacto) ou de jato
compacto. (NBR 13714)
A norma ainda recomenda a utilização dos esguichos reguláveis, por ser de função
com a melhor efetividade no combate, mesmo que não proporcione as vazões requeridas pela
própria norma.
Segundo (PEREIRA, 2013), Os mais utilizados nos edifícios são o esguicho agulheta
(jato compacto) 13, 16, 19 e 25 mm - diâmetro bocal e o esguicho regulável diâmetro nominal
- DN 25, 40 e 65 mm para o sistema de hidrantes e de mangotinhos.

Figura 11:Esguicho tipo regulável


Fonte:<http://www.bucka.com.br/esguichos/esguichos-manuais/> Acesso: 10/06/2016
39

Figura 12: Esguicho tipo jato compacto


Fonte:<http://www.protexfire.com.br/equipamentos-hidraulicos/esguicho-jato-compacto-1-12-ou-2-12.php>
Acesso: 10/06/2016

d) Mangueiras:

As mangueiras são equipamentos utilizados ao combate a incêndio possuindo


essencialmente, um tubo para condução da água no trecho compreendido entre a válvula de
abertura e o esguicho. As mangueiras para os hidrantes são do tipo flexível contendo uniões
do tipo engate e dos mangotinhos do tipo semirrígidas. (PEREIRA, 2013)
Conforme (CBMSC, 2014), a escolha da mangueira é em virtude da função do local
e da condição de aplicação, conforme a tabela a seguir:
40

Tabela 4:Tipos de mangueiras e a suas aplicações

Fonte: Instrução normativa 007, (CBMSC,2014)

Segundo (CBMSC, 2014), as mangueiras deverão ser previstas de modo a não


existirem áreas brancas, sendo que o caminhamento máximo, para as linhas de mangueiras,
dotadas de juntas de união, tipo Storz, será de 30m.Quando o caminhamento for de até 25m,
admite-se o emprego de lance único de mangueira. Para caminhamento acima de 25m, as
mangueiras deverão ser em dois lanços de 15m.

Os diâmetros mínimos das mangueiras e os requintes a serem nos esguichos


obedecerão aos valores da próxima tabela:

Tabela 5:Diâmetros de mangueira e requinte

Risco Diâmetro Mangueiras Diâmetro requinte

Leve 38mm (1 ½‖) 13mm (1/2‖)

Médio e Elevado 63mm (2 ½‖) 25mm (1‖)

Fonte: Instrução normativa 007, (CBMSC,2014)

As mangueiras deverão estar acondicionadas nos abrigos, de modo a facilitarem o


seu emprego imediato.

e) Hidrante de Recalque
41

O sistema de hidrantes e de mangotinhos devem ser dotados de registro de recalque


de água, onde consiste em um prolongamento da tubulação com DN - mínimo e máximo -
exigido por norma até as entradas principais da edificação ou área de risco cujos engates
devem ser compatíveis com os utilizados pelo Corpo de Bombeiros(PEREIRA, 2013).
Conforme a (NBR 13714, 2000), todos os sistemas devem ser dotados de dispositivo
de recalque, consistindo em um prolongamento de mesmo diâmetro da tubulação principal,
com diâmetro mínimo DN50 (2") e máximo de DN100 (4"), cujos engates são compatíveis
aos utilizados pelo Corpo de Bombeiros local.
Porém, conforme a (IN 007/DAT/CBMSC), o hidrante de recalque será dotado de
válvula angular com diâmetro de 63m, dotado de adaptador modelo Rosca x Storz de 63 mm
com tampão cego.
O hidrante de recalque será localizado preferencialmente junto à via pública, na
calçada ou embutido em muros ou fachadas, observando-se as mesmas cotas para instalação
dos hidrantes de parede. (CBMSC,2014)

Figura 13:Dispositivo do hidrante de recalque


Fonte: (NBR 13714, 2000)
42

Figura 14:Hidrante de recalque


Fonte:<http://nr29.blogspot.com.br/2012/10/hidrantes.html> Acesso: 10/06/2016

O mesmo é destinado ao abastecimento de viaturas do corpo de bombeiros em caso


de extrema necessidade ou abastecimento da rede de incêndio do local.

f. Válvulas e conexões:

São acessórios da tubulação destinados a controlar ou bloquear o fluxo de água no


interior das tubulações. As conexões são peças hidráulicas que permitem a união entre tubos
podendo ser em aço, cobre ou ferro maleável e, conforme mostrado anteriormente, as mesmas
tem uma perca de carga, que é bastante utilizado no dimensionamento do SHP. (PEREIRA,
2013)

2.9 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO


UTILIZANDO A IN 007/2014

O dimensionamento do SHP deve consistir na determinação do caminhamento das


tubulações, dos diâmetros, dos acessórios, da perda de carga na tubulação, conexões e
mangueiras, da pressão dinâmica mínima e vazão necessária para garantir o funcionamento do
sistema(CBMSC, 2014).
O dimensionamento do local mais desfavorável hidraulicamente, deverá ser aquele
com a menor pressão dinâmica no esguicho.
43

As pressões dinâmicas no hidrante menos desfavorável, não poderão ser inferiores a


seguinte tabela.

Tabela 6:Pressão Dinâmica no Hidrante menos desfavorável

Riso Pressão Dinâmica

Leve 0,4 kgf/cm² = (4m.c.a)

Médio 1,5 kgf/cm² = (15 m.c.a)

Elevado 3,0 kgf/cm² = (30 m.c.a)

Fonte: IN 007,2014 adaptado.

O Sistema Hidráulico Preventivo deve ser dimensionado para fornecer as vazões e


pressões mínimas requeridas, em função da classe de risco e o funcionamento de:
I - 1 Hidrante: quando instalado 1 hidrante;
II - 2 Hidrantes: quando instalados de 2 a 4 hidrantes;
III - 3 Hidrantes: quando instalados 5 ou 6 hidrantes;
IV - 4 Hidrantes: quando instalados 7 ou mais hidrantes.

2.9.1 Cálculo da Pressão/Vazão

Equação 6

Onde:
Q = vazão, [l/min];
d = diâmetro mínimo do requinte do esguicho, [mm];
H = pressão dinâmica mínima, [m.c.a.].

2.9.2 Cálculo da Perda de Carga do Esguicho

Equação 7

Onde:
Je = perda de carga no esguicho, [m.c.a.];
44

H = pressão dinâmica, [m.c.a.];

2.9.3 Cálculo da Perda de Carga Unitária das Tubulações e Mangueiras

O cálculo é feito pela fórmula Hanzen-Willians:

Equação 8

Onde:
J = perda de carga unitária da tubulação, [m/m];
Q = vazão, [m³/s];
C = coeficiente de rugosidade deHanzen-Willians, [adimensioinal];
D = diâmetro interno do tubo (ou diâmetro nominal – dn), [m].

Os valores do coeficiente de rugosidade de Hanzen-Williams, das paredes internas


das tubulações e mangueiras, são dados na Tabela:

Tabela 7:Coeficiente de rugosidade

Tipo de Tubulação Coeficiente de rugosidade

Ferro fundido e Aço preto 100

Aço galvanizado 120

Mangueiras de incêndio (borracha) 140

Cobre e PVC 150

Fonte: (CBMSC,2014)

A IN 007/2014 adota formulas reduzidas para o calculo da perda de carga unitária


nas tubulações.

Aço galvanizado:

Equação 9
45

2 ½‖ (63mm) =

3‖ (75mm) =

4‖ (100mm) =

5‖ (125MM) =

Cobre ou PVC:

Equação 10

2 ½‖ (63mm) =

3‖ (75mm) =

4‖ (100mm) =

5‖ (125MM) =
46

a) Nas mangueiras:
Equação 11

1 ½‖ (38mm) =

2 ½‖ (63mm) =

Onde:
Jt = perda de carga unitária da tubulação, [m/m];
Jm = perda de carga unitária da mangueira, [m/m];
Q = vazão, [m³/s];

2.9.4 Cálculo da Perda de Carga Total na Tubulação

Equação 12

Onde:
∆hf = perda de carga total na tubulação, [m.c.a.];
L = comprimento real da tubulação, [m];( Leq ), utilizando o ANEXO A.
LV = comprimento virtual da tubulação, [m]; (horizontal)
J = perda de carga unitária da tubulação, [m/m].

2.10 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO


UTILIZANDO SOFTWARE QIBUIDER.
47

A plataforma QiBuilder consiste na base de CAD que integra os diversos produtos da


AltoQi para os projetos de instalações hidrossanitárias, elétricas e de alvenaria estrutural, em
um único ambiente, utilizando novas tecnologias e ferramentas na web.
Ele foi construído sobre uma plataforma de CAD mais moderna e com uma nova
tecnologia de desenvolvimento que garante confiabilidade e agilidade nos processos.
Para o conhecimento do programa foi realizado um curso presencial.

Figura 15:Qibuider licença


Fonte: AltoQi programa Qibuilder
48

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 DESCRIÇÃO DO ESTUDO

Este estudo tem como objetivo aprofundar os conhecimentos adquiridos no curso


realizado sobre sistema hidráulico preventivo e para conclusão de curso de engenharia civil,
com ênfase em Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) voltado ao sistema
preventivo hidráulico. A escolha da metodologia deste trabalho será através do estudo de caso
de uma edificação residencial. Entende-se que esta escolha seja adequada para atingir os
objetivos propostos. Será utilizada primeiramente uma análise de PPCI da obra escolhida para
o estudo e uma análise crítica dos riscos de incêndio ao prédio.
Logo, foi necessária a revisão bibliográfica das normas, legislação e artigos que
abordam o tema sobre a instalação e dimensionamento do sistema hidráulico preventivo nas
edificações verticais.

3.2 DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO

O objeto de estudo de caso é um prédio de ocupação residencial, tipo habitação


multifamiliar, a mesma esta em fase de construção, que consiste de sete pavimentos com 10
apartamentos, dois por andar e estruturado em alvenaria com utilização do concreto celular,
localizado em Sombrio/SC, a edificação conhecida com Edifício Palazzo (figuras 16,17 e 18).
A área total da edificação é de 1966,61 m², sendo que pavimento térreo tem área para
estacionamento, com 4 pavimentos tipo, e 1 pavimento duplex.
A edificação terá a instalação do sistema hidráulico preventivo, onde o estudioso
acompanhará a instalação para complementar este trabalho.
Para o estudo de caso desse objeto, será dimensionada via manualmente e via
programa computacional, objetivando comparar apenas os resultados e não comparar os dois
sistemas. A mesma terá o sistema de abastecimento via gravitacional e não será utilizado o
sistema por bombas.
A realização de um questionário (Apêndice B) irá complementar esse estudo, com
objetivo maior de analisar como a população de Sombrio/SC compreende o sistema hidráulico
preventivo, e se conseguem utilizar o sistema.
49

Figura 16:EdifícioPalazzo
Fonte: Autor Próprio (2016)

Figura 17:EdifícioPalazzo
Fonte: Autor Próprio (2016).
50

Figura 18:Edificação Palazzo


Fonte: Autor Próprio (2016)

3.3 NORMAS UTILIZADAS PARA O DIMENSIONAMENTO

Para o dimensionamento será utilizado as seguintes normas:

 Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos para combate a incêndio: NBR 13.714.


(ABNT)
 Normas de segurança contra incêndios – Instrução normativa
(IN007/DAT/CBMSC) – Sistema Hidráulico Preventivo
51

4 RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÕES

4.1 DIMENSIONAMENTO DA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL (APÊNDICE C)

O primeiro passo para o dimensionamento de um sistema hidráulico é analisar o


projeto como arquitetônico, estrutural e hidráulico. Onde cabe ao profissional colocar os
hidrantes no lugar mais adequado para a utilização do mesmo. Neste estudo de caso, retrata-se
um edifício residencial, onde os hidrantes vão ser instalados no corredor de circulação entre
os andares, conforme anexo ―D e E‖, mostrando a posição do mesmo.
Para o comprimento das mangueiras dos hidrantes foi adotado o comprimento de 20
metros de lance único, no térreo, nos 04 pavimentos tipo moradia, e no pavimento duplex foi
adotado comprimento de 30 metros, que será de dois lances de 15 metros.
O segundo passo é o dimensionamento da carga de fogo do edifício, para assim
determinar o risco, segue a planilha conforme Apêndice A.

Tabela 8:Planilha de perda de carga

CÁLCULO DA CARGA DE FOGO


1 2 3 4 5 6 7 8 9
Carga
Carga de Equivalên
Quantidade Área da de
Combustíveis Quantidade Incêndio cia em
de calor unidade Incêndio
de calor por específica madeira
total dos Ideal
combustível
Poder combustívei
Peso Q=(kcal) qe=(Kcal/ qi=(kg/
Tipo Calorífico s Q=(kcal) S=(m²) (Kcal/kg)
(Kg) m²) m²)
(kcal/kg)
Plástico 3.000 7.500 22.500.000
Papel 3.000 4.100 12.300.000
Móveis de
madeira 35.000 4.300 150.500.000
Madeira 6.000 5.000 30.000.000
221.780.00 112.801,4
GLP 540 12.000 6.480.000 0,00 1966,11 2 4.550,00 24,79

Fonte: Autor próprio (2016)


Logo, a carga de incêndio foi de 24,79 kg/m², olhando na tabela 1 deste estudo, onde
mostra que risco leve é ≤ 60 kg/m², logo, a edificação é adotado como risco leve. 24,79 ≤ 60
kg/m², logo sendo risco leve, adota-se a pressão m.c.a, em 4m.c.a, isto é quatro metros de
coluna de agua, ou seja, do hidrante mais desfavorável até o reservatório, a altura mínima é de
4 metros, é dessa metragem que começamos o dimensionamento.
52

Para melhor identificação e melhor cálculo foi realizado uma tabela com informações
para ajudar na hora do cálculo, os dados foram retirados conforme esse estudo de caso e
anexos ― B (A e B )‖.

Tabela 9:Características da Edificação

CARACTERÍSTICAS DA EDIFICAÇÃO

Número total de pavimentos 6 ( sendo que o sexto pavto Duplex ) totalizando 7.

 Pé direito térreo / Tipo 4,50m / 3,24 m

 Medida caixa d'agua até 1º Hidrante X

 Área total do prédio 1966,11m²

 Ocupação Residencial

 Risco Leve ≤ 60 kg/m²

CARACTERÍSTICA DO SISTEMA

HIDRANTES 6

 Pressão Mínima na ponta do esguicho (hidrante 0,4 kgf/cm² = (4m.c.a)


mais desfavorável)
 Esguicho Jato regulável c/ requinte 13mm

 Mangueiras Tipo 1 - Lanço 20m (Térreo ate o 5º pavto, o sexto pavto


( duplex 2x15m) - Pressão máxima de 100 m.c.a -

 Numero de tomadas de água 1 por pavimento

 Tipo de adução Gravitacional

 Reservatório Superior, sem bombas de reforço

 Tempo minimo de funcionamento 30 min

 Canalizações coeficiente de Hazen Willians Aço Galvanizado C= 120 ( tubo novo )

Fonte: Autor próprio (2016)

4.1.1 Cálculo da pressão no ponto “A”

a) Vazão "Qh1" para o hidrante menos favorável (h1)


53

Equação 13

Onde:
d = diâmetro do requinte 13mm
Q1 = vazão do hidrante 1, em l/min
Hmin = Pressão mínima no SHP = 4,0 m.c.a - risco leve

b) Perda de carga " HPesg" no esguincho 13mm


Equação 14

Onde:
HPesg = Perda e carga no esguicho em mca

c) Perda de carga unitária "HPmang" na mangueira 38mm

Equação 15

Adotaremos fórmula reduzida para mangueira de 38mm (1 ½ ) para simplificar:

A vazão Qh1 esta em l/min, e para esta resolução tem que ser em m³/s.

Onde:
54

Qh1 = vazão do hidrante 1 em m³/s


C = Coeficiente de rugosidade da borracha ( 140 )
d = diâmetro da mangueira 0,038m ( 1 ½ )
HPmang = perda de carga unitária na mangueira de 38mm em m/m

d) Perda de carga total na mangueira.

Equação 16

Onde:
Lmang = comprimento da mangueira ( 15,20,25 ou 30m) , no caso deste estudo a
mangueira de 30 metros foi utilizado.

e) Perda de carga unitária na canalização “HPcan” do Hidrante h1

Equação 17

Adotaremos fórmula reduzida para tubulação de ferro galvanizado para simplifica: Ø2 ½


‖ ( 75mm)
Equação 18

Onde:
d = diâmetro da canalização de 2 ½ ‖ = 65mm
Q1 = Vazão no h1, em m³/s
55

C = coeficiente de rugosidade do aço galvanizado C = 120


HPcan = perda de carga unitária na canalização , m/m

f) Perda de carga nas conexões “Leq” no Hidrante h1:

Quantidade Unid Conexão Comprimento Comprimento


equivalente equivalente
total
1 Pc Registro angular 2 ½ 10,0 10,0
1 Pc Redução 2 ½ x 1 ½ 0,71 0,71
1 Pc Têpassagem lateral 2 ½ 4,30 4,30
Leqtotal 15,01 m
Ver ábaco ou tabela de perda de carga para ferro galvanizado no anexo ―A‖
Leq = equivalência das perdas de carga localizadas em m.

As perdas de cargas são referentes as peças de conexões das tubulação, onde possa
vir dar perca de velocidade/carga no sistema.

g) Perda de carga total na canalização do hidrante H1.

Equação 19

Onde:
Leq ou J = equivalência das perdas de cargas localizadas em m;
Lv = Comprimento de canalização do ponto A até o registro, em m;

h) Verificação da velocidade na canalização do ponto “A” até h1:

Equação 20
56

Onde:
V ( A – H1 ) = Velocidade do líquido do ponto A ate o h1 ( deverá ser menor que 5
m/s )
A = Área interna do tubo

i) Cálculo da pressão no ponto A, em m.c.a

Equação 21

= Pmin HPman HPcan HPesg

= 4mca 1,029 0,0059 0,16

4.1.2Cálculo da altura “X”

a) Cálculo da vazão nos hidrantes em uso simultâneo


Obs: a quantidade de hidrante em uso simultâneo é influenciada pela quantidade de
hidrantes em uso simultâneo:

I – 1 hidrante: quando instalado 1 hidrante;


II – 2 hidrantes : quando instalado 2 a 4 hidrantes;
III – 3 hidrantes : quando instalado 5 ou 6 hidrantes;
IV- 4 hidrantes: quando instalados 7 ou mais hidrantes.

Neste estudo quantidade de hidrante é 6, portanto, a quantidade de hidrante em uso


simultâneo será 3.
57

Equação 22

"n" )

Q1 = 0,00155 m³/s
Q2 = 0,00187 m³/s
Q3 = 0,00213 m³/s

Onde:
d = diâmetro de requinte 13mm ( ou ½ );
hn = desnível entre os hidrantes, em metros ( pé direito )

b) Cálculo da vazão total “Qt” no trecho RTI- “A” devido hidrantes em uso
simultâneo

Equação 23
58

Obs: Qtem m³/h, o resultado multiplica por 3600. Portanto:

c) Verificação da velocidade “v” em relação a vazão total e ao diâmetro


adotado 3”

Equação 24

Onde:
V = Velocidade do líquido da canalização ( deverá ser menor que 5 m/s )
A = Área interna do tubo da canalização
Qt = Soma das vazões dos hidrantes em uso simultâneo h1, h2 e h3 em m³/s
Obs: Verificação de velocidade é uma recomendação do autor, não é previsto em
normal.

d) Cálculo da perda de carga do ponto “A” até o reservatório:

Quantidade Unid Conexão Comprimento Comprimento


equivalente equivalente total
2 Pc Entrada de borda2 ½ ‖ 1,9 3,8

1 Pc Registro gaveta aberto 2 0,40 0,40


½‖
1 Pc Valvula de ret. Vertical2 8,10 8,10
½‖
59

3 Pc Joelho 90° 2 ½‖ 2,00 6,00


1 pc Tê saída de lado 2 ½‖ 4,30 4,30
Leq total 22,60 m

e) Perda de carga unitária para canalização: Trecho RTI – PONTO A:

Equação 25

Foi adotada a formula reduzida para tubulação de ferro galvanizado para


simplificar.

Equação 26

Ø2 ½ ―

Onde:
d = diâmetro interno da canalização
Qt = vazão total dos 3 hidrantes mais desfavoráveis, em m³/s .
C = coeficiente de rugosidade na canalização (ferro galvanizado)

f) Perda de carga total na canalização: Trecho RTI – PONTO “A”

Equação 27
60

Onde:
Lr = é o comprimento dos desvios da RTI até o ponto A, sendo possível observar
no Apêndice ―C‖
Leq = perda total de carga das conexões
X = comprimento virtual da tubulaçãono qual será encontrado logo a seguir )

g) Cálculo da altura “X”

Equação 28

Onde:
Pa = ( valor encontrado no item 1 ( i ) )
= ( resultado final no item anterior )

O valor ―X‖ encontrado foi de 7,74 metros (m.c.a), onde atende a norma, que nos diz
que para esta edificação é de risco leve, que deveria ser de 4 (m.c.a). Esta altura deverá ser a
medida do reservatório técnico de incêndio até o hidrante mais desfavorável, no caso o H1,
por questões arquitetônicas ou de projetos hidráulicos, a altura cabe ao profissional que
estárealizando o projeto do sistema hidráulico preventivo definir, provando que atende a
altura mínima especificada por norma, sendo possível colocar uma tubulação com diâmetro
maior para ter uma vazão/pressão maior, e assim diminuindo a altura X.
Logo, para este estudo de caso, para X calculado achamos 7,74 metros, e para X
projeto, vou adotar 7,80 metros, para melhor execução.
61

4.1.3 Cálculo da Reserva Técnica de Incêndio – RTI

a) Autonomia da RTI ( Tempo de uso )

Equação 29

Onde:
30 = valor determinado em norma por ser reservatório superior; (pode ser 60 –
inferior);
N = número total de hidrantes;
3 = hidrantes em uso simultâneo;
Obs: Art. 98 da IN007. Risco leve – a vazão no hidrante mais desfavorável,
acrescido de 2 min por hidrante excedente a 4.

b) Vazão no hidrante mais favorável “Qh6” :

Equação 29


Onde:
Y = altura estática entre o fundo do reservatório ao hidrante mais favorável em
metros.

c) Volume da RTI , VRTI.

Equação 30
62

Onde:
T = Tempo de uso, em minutos.

Obs: Para edificações de risco leve, a RTI mínima deverá ser de 5000 litros.

4.2 DIMENSIONAMENTO VIA SOFTWARE

O programa utilizado para este estudo é o Qibuilder desenvolvido pela AutoQi.O


aplicativo apresenta modelo eletrônico completo da tubulação, possibilitando a visualização
de plantas e detalhes, além de dimensionar, verificar pressões, vazão e lista de materiais. Para
melhor entendimento do programa foi realizado um curso presencial.
O autor, a AltoQi e os distribuidores não assumem garantias de nenhuma espécie,
expressas ou implícitas, pela utilização dos resultados destes programas ou do material escrito
contido nesta apostila. A responsabilidade e o risco quanto aos resultados e desempenho dos
programas são assumidos pelo usuário, o qual deverá testar toda a informação antes da sua
efetiva utilização.
O programa utiliza o critério de calculo o uso simultâneo de hidrantes, no cálculo das
vazões e pressões, e dimensionando os diâmetros da tubulação. Neste programa pode ser
dimensionando pele método UNIVERSAL, pelo HAZEN-WILLIANS ou FAIR-WHIPPLE-
HSIAO, por recomendação da norma NBR 13714 e pela IN007, adotou-se a fórmula HAZEN-
WILLIANS como cálculo manualmente e via software.
O programa dimensiona a pressão na tubulação, e não a altura ―X‖ no qual foi
calculado via manualmente, neste caso ao fazer o projeto no programa cabe ao profissional
adotar a altura do reservatório pelo valor mínimo de 4 metros (4m.c.a). A partir deste método,
o programa dimensiona a pressão disponível no hidrante mais desfavorável, e pela pressão
que o profissional vai adotar a altura no programa.
63

Figura 19:Plataforma CAD Qibuilder


Fonte: Autor próprio (2016)
4.2.1 Resultado encontrado no programa

Tabela 10:Cálculo da pressão disponível H1

Pressões
Vazão Ø Veloc. Comprimento (m) J Perda Altura Desnível
Trecho (m.c.a.)
(l/s) (mm) (m/s) (m/m) (m.c.a.) (m) (m)
Conduto Equiv. Total Disp. Jusante
1-2 4.49 60 1.59 0.92 1.90 2.82 0.0570 0.16 26.60 0.00 0.00 -0.16

2-3 4.49 60 1.59 1.21 3.40 4.61 0.0570 0.26 26.60 0.00 -0.16 -0.42

3-4 4.49 60 1.59 0.60 2.40 3.00 0.0570 0.17 26.60 0.60 0.18 0.01

4-5 4.49 60 1.59 0.30 0.40 0.70 0.0570 0.04 26.00 0.30 0.31 0.27

5-6 4.49 60 1.59 5.00 8.10 13.10 0.0570 0.75 25.70 5.00 5.27 4.52

6-7 4.49 60 1.59 0.20 0.01 0.21 0.0570 0.01 20.70 0.20 4.72 4.71

7-8 4.49 60 1.59 2.35 2.23 4.58 0.0570 0.26 20.50 0.00 4.71 4.45

8-9 4.49 60 1.59 1.64 2.40 4.04 0.0570 0.23 20.50 1.64 6.09 5.86
9-10 1.19 60 0.42 0.20 3.40 3.60 0.0037 0.01 18.86 0.00 5.86 5.84
10-11 1.19 60 0.42 0.00 20.00 20.00 0.0037 1.58 18.86 0.00 5.84 4.26

Fonte:AutoQI (Qibuider)

Tabela 11:Resumo da pressão

Pressão ( m.c.a )
64

Estática Perda de carga Dinâmica Mínima


inicial Trajeto Mangueira Esguicho disponível necessária
7.74 1.97 1.10 0.41 4.26 4.00

Fonte:AutoQI (Qibuider)Situação: Pressão suficiente

O resultado encontrado pelo cálculo manual da altura ―X‖ foi adotado para o
dimensionamento do programa no valor de 7,74 metros. Jáo resultado encontrado no software
foi de 4,26 m.c.a de pressão disponível, sendo que a mínima necessária é de 4m.c.a . Neste
estudo realizado o resultado foi muito próximo, sendo que, pelo programa Qibuilder pode-se
diminuir a altura ―X‖ em 0,45 metros, sendo que a pressão foi maior que a mínima, conforme
a tabela 11 e 12.

Tabela 12:Planilha de pressões

Pressões
Vazã Ø Veloc Comprimento (m) Perda Desní
J Altura (m.c.a.)
Trecho o (mm . (m.c.a. vel
Condut (m/m) (m) Jusant
(l/s) ) (m/s) Equiv. Total ) (m) Disp.
o e
1-2 4.40 60 1.56 0.92 1.90 2.82 0.0538 0.15 26.15 0.00 0.00 -0.15
-
2-3 4.40 60 1.56 1.21 3.40 4.61 0.0538 0.25 26.15 0.00 -0.40
0.15
3-4 4.40 60 1.56 0.65 2.40 3.05 0.0538 0.16 26.15 0.65 0.25 0.09
4-5 4.40 60 1.56 0.80 0.40 1.20 0.0538 0.06 25.50 0.80 0.89 0.82
12.1
5-6 4.40 60 1.56 4.00 8.10 0.0538 0.65 24.70 4.00 4.82 4.17
0
6-7 4.40 60 1.56 0.20 0.01 0.21 0.0538 0.01 20.70 0.20 4.37 4.36
7-8 4.40 60 1.56 2.35 2.23 4.58 0.0538 0.25 20.50 0.00 4.36 4.11
8-9 4.40 60 1.56 1.64 2.40 4.04 0.0538 0.22 20.50 1.64 5.75 5.53
9-10 1.15 60 0.41 0.20 3.40 3.60 0.0045 0.02 18.86 0.00 5.53 5.52
20.0
10-11 1.15 60 0.41 0.00 20.00 0.0045 1.51 18.86 0.00 5.52 4.00
0

Fonte:AutoQI (Qibuider)

Tabela 13:Resumo da pressão

Pressão ( m.c.a)
Estática Perda de carga Dinâmica Mínima
inicial Trajeto Mangueira Esguicho disponível necessária
7.29 1.86 1.04 0.39 4.00 4.00
65

Fonte:AutoQI (Qibuider)

Os trechos mostrados nas tabelas, são divididos desde a saída da tomada de águaaté o
hidrante menos desfavorável,conforme figura 20.

Figura 20: Trechos até o H1


Fonte: Autor próprio (2016)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÃO

Como resultado deste presente trabalho sabe-se que, quando se refere a segurança da
vida e do patrimônio, a proteção e combate ao incêndio, deverão sempre estar na pauta das
66

discussões do Poder Público, Corpo de Bombeiros e entidades de classe, como o CREA. A


engenharia possui papel importante no que se trata de questões relacionadas a projeto,
tecnologia, construção, normas e leis que vão ao de encontro à preservação da vida e do
patrimônio.
Neste trabalho de conclusão de curso, objetivou-se analisar os resultados de cálculo
do sistema hidráulico preventivo de uma edificação residencial familiar, localizada no
município de Sombrio/SC, elaborado manualmente e com software Qibuilder.
De acordo com os cálculos apresentados e analisados, verificou-se que as diferenças
de um resultado calculado manualmente para o software são mínimas, porém, não podem ser
ignoradas, mesmo que pouco implique.
Notou-se também que o programa Qibuider desenvolvido pela AltoQI utiliza o
método de aplicação Hardy Cross, que é a planilha de redes ramificadas, e que, pelo cálculo
manualmente é resolvido por meio fórmulas, conforme mostrou-se neste trabalho.
Com todos os cálculos e resultados observou-se que chegamos praticamente aos
mesmos resultados, sendo assim, não implicou para a resolução dos mesmos. Lembrando que,
o software é uma ferramenta de auxílio para o projetista, que cabe ao profissional saber
utiliza-lo e entender os resultados.
Foram identificados no processo manual que, na norma NBR:13714/2000 e na
IN007, falta de tabela de cargas das conexões, pois cada tabela encontradas em livros ou
internet contém alguns valores diferentes. A NBR e a IN deveriam adotar uma tabela padrão.
Por fim, após o estudo conclui-se que os dimensionamentos via manualmente ou com
auxílio de programas computacionais para este cálculo do sistema hidráulico preventivo se
saíram muito próximos. Sendo que cada modelo tem suas vantagens e desvantagens.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados aqui apresentados estão relacionados apenas para uma edificação


residencial, sendo que o sistema de abastecimento é gravitacional. Sugere-se fazer o mesmo
estudo, porém utilizando bombas, ou então fazer um estudo de uma indústria, ou pousada
horizontal, e utilizar o sistema por castelo d‘água e por bombas, fazendo a análise do
resultado utilizando o software e manual.
67

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(ABNT) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNINCAS.Sistemas de


Hidrantes e Mangotinhos para combate a incêndio: NBR 13.714. - Rio de Janeiro : [s.n.],
Janeiro de 2000.

BRENTANO, T.Instalações Hidráulicas de Combate a Incêndios nas Edificações


[Livro]. - Porto Alegre : EDIPUCRS, 2007. - 3º : p. 450.

CARDOSO, L.A.Prevenção de incêndios - Uma retrospectiva dos primeiros anos de


atividades tecnicas em Santa Catarina, 1973 - 1993 [Livro]. - Florianópolis : Papa-Livros,
2014. - p. 152.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SANTA CATARINA:atividade


técnica nº 001 . - 2014.

-. Carga de incêndio. Instrução Normativa nº 003. Santa Catarina.2014

-. Carga de incêndio. Instrução Normativa nº 007. Santa Catarina.2014

Google [Online]. - 7 de Junho de 2016. - http://www.google.com.br.

CBMSC Corpo de Bombeiros Militar Santa Catarina. - 2016. - 06 de Junho de 2016. -


http://www.cbm.sc.gov.br/dat/index.php/leis.

MACINTYRE, A.J. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. - ed. José Carlos


Amorim Marco Aurélio Chaves Ferro, Sandro Filipo. - Rio de Janeiro : LTC - Livros
Técnicos e Cientificos Editora Ltda., 2010. - 4º : p. 579.

MAUS, A.Incêndio Consultoria. - 2005. - 6 de Junho de 2016. -


http://http://www.incendioconsultoria.com.br/.

NETO, M.A.L.Condições de Segurança Contra Incêndio. - Brasilia : Série Saúde &


Tecnologia — Textos de Apoio à Programação Física dos Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde, 1995.

PEREIRA. A,G.Segurança Contra Incêndio - Sistema de Hidrantes e de Magotinhos. -


São Paulo : LTr, 2013. - 1º : p. 136.

UALFRIDO, D.C.A Segurança Contra Incêndio no Mundo. - São Paulo : Projeto Editora,
2008. - p. 496. - Coordenação de Alexadre Itiu Setio.

WIKIPÉDIA. - 7 de Junho de 2016. - https://pt.wikipedia.org/.


68

APÊNDICES
69

APÊNDICE A– PLANILHA DE CÁLCULO DE FOGO

Coluna B - Da linha 6até a linha 10, ficará os valores em kg ou m³ para cada tipo de
material existente na edificação em estudo;

Coluna C – Os valores desta coluna são tabelados, retirados da IN 003, que trazem
uma breve tabela com os principais valores de poder calorífico para cada tipo de material;

Coluna D -É o valor resultante da multiplicação da coluna B com a C;

Coluna E – É valor resultante da soma da coluna D;

Coluna F - Área total da edificação;

Coluna G – É o valor resultante, da soma da coluna D dividida pela coluna F;

Coluna H – É o valor da equivalência em madeira. O valor é dado pela IN 003;

Coluna I – É o valor resultante da divisão do valor da coluna G com a coluna H.


70

APÊNDICE B– ESQUEMA VERTICAL DA EDIFICAÇÃO (A)


71

CONTINUAÇÃO APÊNDICE B
72

APÊNDICE C – PLANTA BAIXA CAIXA D’AGUA


73

APÊNDICE D – PLANTA BAIXA TÉRREO


74

APÊNDICE E – PLANTA BAIXA TIPO (LOCALIZAÇÃO HIDRANTE)


75

APÊNDICE F – PLANTA BAIXA DUPLEX (DESVIO DE PRUMADA)


76

ANEXOS
77

ANEXO A – TABELA DE PERDA DE CARGA NAS CONEXÕES DE


FERRO GALVANIZADO

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