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HOBSBAWM, Eric. A Revolução Francesa. In: A Era das Revoluções: Europa: 1789-
1848. 7.ed. Tradução de Maria Tereza L. Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1989, p.71-94.

Terceiro Capítulo – Revolução Francesa /p.71-94/

Papel e importância da Revolução – política e ideologia. /p.71/

– Influências amplas para além de seu tempo.


– Revolução Russa (1917) – vocabulário político, temas da política liberal e radical
– democrática.
p.72 – Contexto do final do século XVIII – crise dos velhos regimes na Europa –
revoltas e agitações políticas – caso da independência dos EUA (1776-1783); Irlanda;
Bélgica e Liége; Inglaterra.
– Crise do antigo Regime não é fenômeno puramente francês.
– Motivos: 1) Estado mais populoso da Europa (24 a 26 milhões de habitantes);
2) Revolução social de massa;
3) Revolução com caráter “ecumênico”.
* suposta convergência entre Revolução Francesa (RF) e Revolução Industrial inglesa –
diferenças e complementaridades.
– Hobsbawm considera a importância da Revolução Americana (1776) menor do que
parece – Rev. Francesa teria tido maior efeito nos países latino-americanos – influência
inclusive no mundo islâmico (primeira).
– Ideia de “liberdade” como slogan em contrapartida a escravidão e a servidão.
p.73 – RF – “revolução de seu tempo”
– Origens – situação específica da França;
– maior rival econômico da Grã-Bretanha;
– comércio externo multiplicado – 1720-1780;
– sistema colonial dinâmico;
– mais poderosa dos velhas e aristocráticas monarquias absolutistas
europeias.
– França economicamente é dominada pela “feudalidade” – renda da terra tem peso
enorme em contraste com o capitalismo britânico.
p.74 – Esforço de Turgot por um comércio e empresas livres (lemas da fisiocracia) –
fracasso; abolição de desigualdades, homogeneização e padronização pela abolição de
restrições.
– Resistência aristocráticas impossibilita a REFORMA.
– Burguesia – transfere suas esperanças.
– Nobreza – privilégio e restrições do poder político efetivo.
p.75 – Situação jurídica da Nobreza – proibida de exercer ofício – dependendo da renda
de suas terras ou dos privilégios – inflação diminui seus ganhos.
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– nobres invadem os postos oficiais buscando privilégios.


- classes médias (plebeias) exasperadas – “nobreza de robe” (ou “togada”).
– Campesinato – 80% da população francesa – em geral livres e proprietários.
p.75 – Caso da diocese de Montepellier (sul da França) – camponeses possuíam entre
38 a 40% das terras; burguesia = 18 a 19%; nobres = 15 a 16% e o clero = 3 a 4%.

– Situação real da maioria dos camponeses: sem terras, endividados e vivendo de seu
trabalho – inflação e fome (aumento da população) – piora nos vinte anos antes da RF
(1770-1790).
– Agravamento da situação fiscal francesa – envolvimento em guerras – custos com a
guerra de Independência dos EUA – gastos excediam em 20% a renda tributária –
serviço da dívida consumiam metade dos gastos.
p.76 – Nobreza e Aristocracia – não queriam bancar este déficit.
– Convocação dos Estados Gerais como resultado da revolta nobiliárquica – fracasso –
peso das exigências do Terceiro Estado – classe média e o desprezo pela profunda crise
são fatores que agravam o quadro e precipitam a Revolução.
p.77 – A princípio é uma revolução sem “lideranças”.
– Napoleão é pós-revolucionário.
– papel da burguesia e dos filósofos (ideias – liberalismo clássico).
– Ideologia de 1789 – “maçônica” – propaganda.
– Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – distinção: Homem e
Cidadão – mais iguais que os outros.
– O que mais convinha para a burguesia?
p.78 – Terceiro Estado – resistência durante a reunião dos Estados Gerais contra a
monarquia e a nobreza.
p.79 – Explicação de Hobsbawm para o fato da reforma ter se transformado em
Revolução – crise socioeconômica; más safras (1788-89) – vantagens para
atravessadores – Fome e desespero para camponeses e pobres da cidade.
– Convulsão de grandes proporções – 1788-89 – levante efetivo – contrarrevolução
potencializou o levante das massas.

– Difusão da revolução para as províncias e o campo


* Reação irresistível e irreversível da Revolução Camponesa
– Revoluções Camponesas – movimentos vastos, disformes e anônimos –
irresistíveis.
– GRANDE MEDO – julho e agosto/1789.
– 1793 – Abolição dos privilégios reais e feudais – Ano II da RF.
– Dialética da Revolução que se reflete em outros momentos e circunstâncias.
p.80 – principal forma da política revolucionária burguesa francesa.
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– Dialética – moderados reformadores da classe média mobilizando as massas contra a


resistência obstinada ou a contrarrevolução; massas indo além dos objetivos propostos
pelos moderados, rumo as suas próprias revoluções sociais; e os moderados se dividindo
em grupo conservador e um grupo de esquerda determinado a prosseguir no esforço
dos moderados.

p.81 – Peculiaridade da RF – facção de classe média “liberal” (Jacobinos – Montanha)


– tendentes a radicalizar a Revolução – não temiam ainda o próprio passado da
revolução como a classe média em outros momentos.
– Ausência ou insignificância do proletariado(industrial) na França.
– Campesinato – não oferece alternativa política.
– Sans-culottes – movimento disforme, urbano, de trabalhadores pobres, artesãos,
lojistas, artificies, pequenos empresários, etc. – representam a “força de choque” –
liderança de Marat e Hébert – outros casos em outros países (Itália – garibaldinos e
mazzinianos; radicais socialistas – França; democratas jeffersonianos e jacksonianos
nos EUA).
p.82 – Período Jacobino – TERROR.

II. /p.82/
– 1789-91 – burguesia moderada vitoriosa – tentativa de racionalização e reforma.
– empreendimentos duradouros.
– política liberal.
– contra-reação monárquica – fracasso – Constituição Civil do Clero tornou opositores
os membros da Igreja e os fiéis.
– Tentativa de fuga da Luís XVI – recapturado em Varennes (julho/1791).

p.83 – Segunda Revolução – Revolução Jacobina – guerra agrava situação – reação das
monarquias absolutistas (Áustria, Prússia e Império russo). – proteção e tentativa de
intervenção estrangeira.
p.84 – Derrubar a reação europeia – levantar os oprimidos.
– guerra como recurso demagógico.
– Ano I da RF – abril de 1792 – Decretação da Convenção Nacional – rei prisioneiro e
a invasão estrangeira (Primeira Coligação) sustada na Batalha de Valmy
(setembro/1792).
– Partido líder era a GIRONDA (belicosos no exterior e moderados em casa) –
representam com seus oradores os grandes negócios, a burguesia provinciana e “muita
distinção intelectual”. /p.84/
– Para Hobsbawm a “Revolução” estava em marcha para vitória total ou a derrota total
– incompatível com as propostas dos girondinos.
– Revolução inventa a Guerra Total – economia de guerra na jovem República
francesa.
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– Apoio dos sans-culottes – mobilizar o povo – Girondinos temiam esse movimento –


propõem expandir a guerra para Grã-Bretanha, grande rival econômico da França =
empreendimento arriscado pela possiblidade de derrota.
– Impõe-se então um verdadeiro golpe com o apoio dos sans-culottes em 2 de junho de
1793 – implanta-se a República Jacobina.

III. /p.86/
– República Jacobina (1793-4) – imaginário forte sobre o período: terror de seus
personagens (Robespierre, Danton, Comitê da Salvação Pública, Saint-Just, tribunal
revolucionário e a guilhotina).
– Construção desse imaginário pelos conservadores – terror e anarquia para legitimar o
contragolpe burguês.
– Classe média por detrás do Terror – um método eficiente para manter o país.
– Sucesso dos Jacobinos – recolocar a França sob firme controle, derrotar os invasores e
inimigos (vinte anos de triunfo militar).
p.87 – Grandes riscos – duas opções possíveis: Regime Jacobino – tarefa – mobilizar o
apoio da massa para combater os contrarrevolucionários.
– Constituição de 1793 – Primeira constituição democrática de um Estado Moderno.
p.88 – Serviu de modelo e inspiração para movimentos de independência em colônias
francesas ultramarinas.
– Considerações do autor a respeito do atraso francês.
– Novo Governo – aliança de jacobinos e sans-culottes – inclinação para esquerda –
reconstrução do Comitê de Salvação Pública – perda de Danton e ascensão de M.
Robespierre – “advogado fanático, frio e afetado” – “monopólio privado da virtude” –
“não foi também um grande homem, e sim muitas vezes limitado. Mas é o único
indivíduo projetado pela Revolução (com exceção de Napoleão) sobre o qual se
desenvolveu um culto”. /p.88/
p.89 – Poder era o do povo; seu “terror, o delas” – quando o “abandonaram ele caiu” –
base portanto tênue.
– República Jacobina – tendência a centralização – guerra e medidas impopulares
afastam o apoio das massas.
– Massas recolhem ao descontentamento ou a uma passividade confusa e ressentida.
– Defensores mais moderados da revolução alarmados com os ataques contra a oposição
direitista (encabeçada por Danton).
– Dantons surgem sempre nas revoluções até serem suprimidos pelo “rígido
puritanismo” que invariavelmente vem dominá-lo.
p.90 – Queda da República Jacobina – Nono do Termidor (27/7/1794) – Convenção
derruba Robespierre – execução de revolucionários.

IV. /p.90/
p.91 – Termidorianos – sem apoio político.
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1795 – Nova Constituição – tentativa de manter o equilíbrio - depender do Exército –


seu uso contra conspirações seguidas (1795; 1796; 1797; 1798 e 1799).
– Liderança do Exército – Napoleão Bonaparte.
– Exército revolucionário - profissionalização – superior – Napoleão institui a
premiação por mérito (em batalha) – hierarquia simples de coragem.
p.92 – Fraqueza deste sistema de promoção - Estado-Maior de Napoleão é medíocre –
sem muita inteligência em boa parte.
– Carreira no exército – Napoleão tem uma trajetória bem consolidada – ascensão
carreirista – apoia a ditadura jacobina e sobrevive a sua debacle; ligações úteis – vitória
na campanha italiana.
p.93 – Sob ao poder diante da fraqueza do Diretório (1795-9) e torna-se primeiro
cônsul, posteriormente, Cônsul Vitalício e depois Imperador.
– Homem certo para efetuar a transição para o regime burguês – “indispensabilidade”.
– Constituição do mito “bonapartista”.
– comparação de Napoleão com Lênin – “pequeno cabo” que com seus próprios
esforços alcançou o generalato com apenas 26 anos.
p.93 – Homem inteligente, criativo e ambicioso.
p.94 – “Homem comum” que se tornou maior do que aqueles que tinham nascido para
usar coroas.
– Mito da Revolução – inspiração para outros que o seguiram ao longo do século XX.

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