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REFLEXÃO XXII-X-2023

III. AUXILIA DECLARATIONES


3. 3. Apesar de a minha área de estudo circunscrever-se no âmbito do Direito, a exposição textual
que se segue não desiderata, por enquanto, assumir uma natureza jurídico-científica. Desiderato
que, para já, cabe aos meus mestres da minha Alma Mater, a Faculdade de Direito da Universidade
Agostinho Neto.

3. 2. Entendemos, por exemplo, que o vocábulo "desconhecimento" pode, à primeira vista, transmitir
uma mensagem pejorativa.

3.1. As palavras usadas no texto que a seguir coloco à publicidade não têm um fim pejorativo, elas
encerram apenas o seus conteúdo e sentido originais.

II. ANTE DECLARATIONEM


O texto que a seguir vos damos a conhecer não tem uma carácter científico do ponto de vista
geral, nem um carácter jurídico-científico do ponto de vista particular — que é a minha área de
estudo por excelência —, ele é apenas o resultado de uma reflexão matinal multidisciplinar e tem em
vista o estímulo à reflexão em torno de um facto social, que é o uso das redes sociais como
instrumentos de auxílio para os estudantes e para o processo de ensino e aprendizagem; bem como
desestimular o uso das mesmas por parte de todos os agentes do processo de ensino e
aprendizagem.

I. DA EXPOSIÇÃO DA REFLEXÃO XXII-X-2023


A frase «é só ter controlo» para nos referir ao domínio que podemos ter sobre as redes sociais
denuncia o nosso desconhecimento sobre a dinâmica das TIC's, principalmente da Informática e da
Programação.

O desconhecimento está justamente no facto de não sabermos que os Informáticos e os


Programadores ao criarem ferramentas visam controlar-nos para usarmos os seus produtos e
atingirem outros inúmeros fins, como por exemplo o controlo de informação (e muitas vezes até
vendem essas informações para fins comerciais, políticos e geopolíticos). E mais: estas ferramentas
funcionam sob o auxílio de algoritmos, e estes por sua vez têm dentre outras, a função principal de
estabelecer o padrão de uma pessoa e uma sociedade e por fim dominá-las.

Por isso, por exemplo, é que no feed do Facebook, X, Tik-Tok, Google, etc. nos deparamos com
os conteúdos que mais nos interessam e que mais gostamos. Noutros casos, nós pensamos e
comentamos sobre determinadas coisas, e quando vamos às sobreditas ferramentas encontramo-
nos com estas mesmas coisas. Nada vem do nada — são os algoritmos a actuarem.
É certo que em comparação com o cérebro humano, os algoritmos são qualitativamente
inferiores, mas esta superioridade inata do cérebro humano tende a tornar-se ineficiente por causa
da nossa consciência crítica que tende a ser mais fraca.

Ora, o vocábulo «controlo» denota um domínio ininterrupto e inabalável sobre algo,


independentemente das ocorrências externas ou internas que recebe, contrárias ao fim a que está
proposto. Dito doutro modo: se algo ou alguém obstrui, ainda que por um lapso temporal curtíssimo,
os fins de alguém, então essa pessoa já perdeu o controlo.

No que às redes sociais diz respeito não é isso o que se observa, as mais das vezes; o que se
observa é uma guerra para estabelecer esse pretendido controlo, onde ora ganham as redes, ora
ganhamos nós. Isso não é controlo.

Mas, o que temos vindo a discorrer até aqui, plasme-se, não se refere às empresas, aos
empreendedores, aos jornalistas, aos políticos, aos partidos políticos, ao próprio Estado enquanto
agente económico — porquanto, estas ferramentas são muito importantes para o auxílio e
desenvolvimento das empresas, do empreendedorismo, dos Estados enquanto agentes económicos,
etc.

O que temos vindo a discorrer refere-se àqueles que não usam estas ferramentas para uma
empresa, empreendedorismo...; refere-se aos que são unicamente estudantes, aos Professores que
usam tais ferramentas e obrigam os estudantes a usarem-nas no processo de ensino e aprendizagem
— quando o aceitável seria que as instituições de ensino tivessem as suas próprias ferramentas.

Para o comércio, publicidade, jornalismo e, talvez, para política, o X, o Facebook, WhatsApp,


etc. são invenções fenomenais e louváveis; para o estudantes e o processo de ensino e
aprendizagem, são câncer e espinho.

A "Djabulani" de certeza foi boa e adequada para o Tshabalala e o Andrés Iniesta no Mundial
de Futebol de 2010, mas de certeza é inadequada para o Carlos Morais e o Lutonda na quadra de
basquetebol.
Isto é, as redes sociais são úteis para fins comerciais, publicitários, jornalísticos, empresariais e
talvez políticos; todavia, são inúteis e inadequados para os estudantes.

O Facebook, o X, o WhatsApp, o Tik-Tok, o Instagram não são essencialmente ferramentas


académicas e são inadequadas para o processo de ensino e aprendizagem.

Com efeito, é necessário que continuemos a ponderar sobre os impactos do uso dessas redes
sociais para os estudantes..., que até agora parecem ser negativos. E necessário criarem-se
ferramentas exclusivamente académicas por parte das instituições de ensino. E quando não
houverem tais ferramentas, o aceitável é que nos contentemos com as ferramentas antigas; pois,
quando postas em comparação, as ferramentas actuais, como sejam o Facebook, o X, WhatsApp,
demonstram-se mais desvantajosas que as antigas (o papel impresso, os livros, explicações aos
sábados, etc.).
Assim, por exemplo, é melhor imprimir um texto e mandar que os estudantes o fotocopiem do que
enviar um pdf no "WhatsApp", é melhor elaborar um texto e mandar que os estudantes o imprimam
do que enviar um texto no WhatsApp ou Facebook.

— P. S. A. ANALIDES

Terra Natal, aos 22 de Outubro de 2023.

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