Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
298 Cartilha LGBT V04 Web
298 Cartilha LGBT V04 Web
DIREITOS E COMBATA
O PRECONCEITO
1
Apresentação: Luciana Genro | 05
Projetos do PSOL | 22
Dicas culturais: | 54
Filmes | 55
Livros | 60
Contatos Úteis | 68
CRÉDITOS E
AGRADECIMENTOS
Organização e planejamento
Luciana Genro
Samir Oliveira
Taynah Ignacio
Gabrielle Tolotti
Revisão
Juliana Almeida
Apoio
Setorial LGBT do PSOL-RS
falando de crimes que atingem apenas esta tempos. Uma minoria com discursos de
população. Crimes cometidos por quem ódio ganhou legitimidade e isso acabou
não aceita a diversidade, a diferença. Por levando a um incremento da violência e
quem não aceita ver dois homens de mãos da sensação de medo. Ao mesmo tempo
dadas nas ruas ou uma mulher que não se há avanços no âmbito do poder judiciário
encaixe no padrão de feminilidade. Por e também uma massificação do apoio à
quem não aceita a existência de pessoas causa LGBT. As paradas do orgulho LGBT são
trans. São crimes cometidos com requintes acontecimentos gigantescos, com amplo
5
apoio popular. Mesmo assim, a violência
segue ocorrendo.
6
7
8
JURISPRUDÊNCIA
DIREITOS
CONQUISTADOS
NA JUSTIÇA
Os principais direitos que a população
LGBT possui hoje em dia no Brasil são
resultado não de legislações aprovadas, mas
sim de decisões judiciais que acabam valendo
para todo o conjunto desta comunidade. São
as chamadas jurisprudências.
9
CRIMINALIZAÇÃO
DA LGBTFOBIA
No dia 13 de junho de 2019 o Supremo esses atos de preconceito.
Tribunal Federal criminalizou a homofobia e
transfobia no Brasil. Mas como isso foi possível? O que isso significa?
Que LGBTfobia passou a ser um crime no
A decisão ocorreu quando o STF julgou Brasil, da mesma forma que o racismo. Ou
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
seja, um crime inafiançável, cuja pena pode
por Omissão (ADO). A maioria dos ministros
chegar até a prisão.
do Supremo entendeu que houve omissão
do Congresso Nacional ao não editar uma
lei que criminalize atos de homofobia e
Exija seus direitos!
transfobia no país. Se você foi vítima de preconceito,
saiba que a pessoa que o discriminou
Por isso, o tribunal decidiu que as está cometendo um crime e pode ser
condutas homofóbicas e transfóbicas responsabilizada por isso. Registre um
devem ser enquadradas na lei que prevê boletim de ocorrência em qualquer
o crime de racismo, até que o Congresso delegacia de polícia, relatando que você foi
aprove uma lei específica para criminalizar vítima de homofobia ou transfobia.
CASAMENTO
CIVIL IGUALITÁRIO
CONHEÇA SEUS DIRETOS | JURISPRUDÊNCIA
10
que fiscaliza todo o Poder Judiciário pode solicitar em qualquer cartório do país
no país - editou a Resolução 175, em o registro de casamento no civil, tendo
que determinou que todos os cartórios assegurados os mesmos direitos garantidos
garantissem a casais homossexuais o a casais heterosexuais.
direito de se casarem no civil.
Exija seus direitos!
Com essa conquista, homossexuais Nenhum cartório pode recusar a registrar
passaram a usufruir de mecanismos legais o casamento civil entre pessoas do mesmo
que eram exclusividade dos casais hétero, sexo. Se você passou por esta situação,
como a partilha de bens e herança de parte denuncie para a Corregedoria do Conselho
do patrimônio do cônjuge em caso de morte. Nacional de Justiça no telefone (61) 2326-
5555, das 7h às 20h, de segunda a sexta, ou
O que isso significa? pelo e-mail corregedoria@cnj.jus.br.
Que os casais de pessoas do mesmo sexo
MUDANÇA DE GÊNERO E
NOME NOS DOCUMENTOS
A população de travestis e transexuais inclusive a cirurgia de redesignação sexual
já não precisa mais ingressar na Justiça e até mesmo um laudo psiquiátrico. Agora
para modificar o nome ou o gênero em seus qualquer pessoa trans acima de 18 anos
documentos. Isso porque em março de 2018 pode ir a qualquer cartório do país solicitar a
o STF decidiu que essas alterações podem sua mudança de nome e gênero na certidão
ser feitas sem necessidade de autorização de nascimento - e, a partir daí, alterar todos
judicial, laudo médico ou comprovação de os demais documentos que queira.
cirurgia de redesignação sexual.
O que isso significa?
CONHEÇA SEUS DIRETOS | JURISPRUDÊNCIA
11
Exija seus direitos! • Cópia do RG
Qualquer cartório no país tem o dever • Cópia da identificação civil nacional (ICN),
de realizar a mudança de nome e gênero se for o caso;
nos documentos, sempre que todos os • Cópia do passaporte brasileiro, se for o caso;
critérios sejam preenchidos - ser maior de
18 anos e ter apresentado a documentação • Cópia do CPF
necessária. Não é necessário realizar • Cópia do título de eleitor;
o procedimento no cartório em que
você foi registrado. Se, por qualquer • Cópia de carteira de identidade social,
outro motivo, um cartório se recusou a se for o caso;
encaminhar a retificação, denuncie para • Comprovante de endereço;
a Corregedoria do Conselho Nacional de
Justiça no telefone (61) 2326-5555, das 7h • Certidão do distribuidor cível
às 20h, de segunda a sexta, ou pelo e-mail (estadual/federal);
corregedoria@cnj.jus.br. • Certidão do distribuidor criminal
(estadual/federal);
• Certidão de casamento atualizada, se for o caso; • Certidão da Justiça Militar, se for o caso.
ADOÇÃO
CONHEÇA SEUS DIRETOS | JURISPRUDÊNCIA
12
seguir os mesmos passos que qualquer sua residência ou cidade. É lá que deve
casal heterossexual. ser feito o primeiro contato. Se você se
sentir discriminado ao longo do processo
Exija seus direitos! por ser LGBT, procure a corregedoria de
O processo de adoção deve ocorrer Justiça de seu Estado para apresentar
sempre junto à Vara da Família, uma denúncia e garantir seu direito.
Infância e Juventude mais próxima de
LEGISLAÇÃO
FEDERAL
A legislação em nível federal ainda empregadores de exigir documentos
é bastante limitada. Historicamente, o discriminatórios ou obstativos para
Congresso Nacional sempre se negou a contratação, incluindo dados relativos
levar adiante iniciativas que garantissem à sexualidade. Quaisquer anotações na
direitos à população LGBT. Os sucessivos Carteira de Trabalho e Previdência Social
governos pós-redemocratização do país que desabonem o trabalhador e que se
não mobilizaram suas bases parlamentares refiram ao seu gênero ou orientação
neste sentido. sexual, entre outros, são consideradas
discriminatórias. O descumprimento dessa
Com o governo Bolsonaro, há uma portaria pode gerar penalidades à empresa.
presidência abertamente inimiga da
população LGBT, que mobiliza sua base O que fazer para garantir
contra os direitos, a visibilidade e o bem esse direito?
estar deste segmento. A pessoa vítima de discriminação
no trabalho pode realizar denúncia na
Por isso é importante saber quais Superintendência Regional do Trabalho e
leis e medidas federais já garantem a Emprego do Rio Grande do Sul, na Av. Mauá,
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
proteção e a dignidade das pessoas LGBTs. nº 1013 – Centro Histórico – Porto Alegre/
Confira abaixo: RS, ou pelo telefone (51) 3213-2800.
Direitos Trabalhistas:
13
Direitos Previdenciários: Há uma decisão judicial que reconhece
a aplicabilidade da Lei Maria da Penha
A Instrução Normativa do INSS nº 20, de também para mulheres trans.
10 de outubro de 2007, prevê o benefício de
pensão por morte e auxílio-reclusão à(ao) O que fazer para garantir
parceira(o) homossexual, referente a óbitos esse direito?
ou prisões ocorridas a partir de 5 de abril O Supremo Tribunal Federal decidiu,
de 1991, exigindo-se apenas a comprovação em fevereiro de 2012, que a Lei Maria da
de vida em comum. O companheiro ou a Penha tem validade mesmo sem denúncia
companheira homossexual integram o rol da vítima. A agressão contra a mulher pode
de dependentes do(a) segurado(a) e tem ser denunciada 24 horas por dia, através
direito aos mesmos benefícios que teria um de ligação para o número 180 (Central de
casal heterossexual. A alteração veio a partir Atendimento à Mulher), sendo garantido
de uma decisão judicial reconhecendo o anonimato da vítima ou de quem
esse direito, na Ação Civil Pública nº denunciar – qualquer pessoa próxima da
2000.71.00.009347-0, e foi garantida após a mulher pode ser denunciante. A Central de
instituição da união estável e do casamento Atendimento à Mulher (180) tira dúvidas
entre homossexuais pelo Poder Judiciário. e oferece informações a respeito da Lei
Maria da Penha e atendimento psicológico,
O que fazer para garantir jurídico e social à mulher vítima de
esse direito? violência, orientando como agir e procurar
Desde a Ação Civil Pública nº ajuda. A denúncia pode ser feita, ainda,
2000.71.00.009347-0, o INSS tem diretamente na polícia, pelo número 190 ou
reconhecido os direitos previdenciários prestando queixa em qualquer Delegacia
acima, bastando comprovação da vida em de Defesa da Mulher.
comum, que pode ser realizada por registro
em cartório, união estável, casamento etc.
Embora o INSS pretenda ainda reverter a
decisão nos tribunais superiores, até este Direito à Saúde:
momento a norma vale em todo o território
nacional. Em caso de descumprimento, A Resolução nº 1/99 do Conselho Federal
pode-se recorrer ao Poder Judiciário. de Psicologia impede ações de psicólogos no
sentido de agir coercitivamente a orientar
homossexuais a tratamentos não solicitados
e ações que favoreçam a patologização da
Proteção contra Violência: homossexualidade, assim como impede que
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
14
Saúde, institui a Política Nacional de Saúde Nome social:
Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (Política Nacional O Decreto Presidencial Nº 8.727, de 28
de Saúde Integral LGBT) no âmbito do SUS, de Abril de 2016, assegura a transexuais e
com objetivo de combater a discriminação travestis o uso de seu nome social em todos
e o preconceito institucional no SUS para a os órgãos públicos, autarquias e empresas
redução das desigualdades e garante acesso estatais federais. Essa medida vale para
ao processo transexualizador na rede do funcionários públicos e também usuários
SUS, além de outras providências. dos serviços.
LEGISLAÇÃO
ESTADUAL
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
Algumas das leis mais avançadas no lei federal. De modo geral, são leis em
combate à discriminação por diversidade âmbito administrativo, muitas vezes
de orientação sexual e de gênero no desconhecidas do público e cuja eficácia
Brasil estão em âmbito estadual e se torna bastante limitada se não houver
municipal. As punições trazidas por exigência de sua aplicação pelas pessoas
elas, no entanto, não têm caráter penal, ofendidas. No Estado do Rio Grande do
pois crimes só podem ser definidos por Sul, as legislações englobam:
15
Direito à Identidade: Combate à discriminação
e ao preconceito:
O Decreto 49.122/2012 instituiu no
nosso Estado a Carteira de Nome Social A Lei Estadual 11.872/2002 é a lei
para Travestis e Transexuais, sendo direito antidiscriminação do Rio Grande do Sul.
de todas e todos. O Decreto 48.118/2011 Essa Lei foi concebida para realizar a
garante a essas pessoas o direito à escolha promoção e o reconhecimento da liberdade
pelo nome social, independente do registro de orientação, prática, manifestação,
civil, nos procedimentos e atos dos Órgãos identidade, preferência sexual, abrangendo
da Administração Direta e Indireta, com o em seus efeitos protetivos pessoas naturais
nome civil reservado para uso interno na e jurídicas que sofrerem qualquer medida
instituição, apenas. Esse mesmo decreto discriminatória em virtude de sua ligação
autoriza as escolas estaduais a incluir com integrantes de grupos discriminados.
nome social nos registros escolares, como Para garantir isso, a Lei define um rol de
forma de diminuição da evasão escolar da atos atentatórios à dignidade, incluindo
população T. Nesse sentido, é interessante ofensas coletivas e difusas, e sujeita a ela
citar, ainda, o Parecer 739/2009 do todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que
Conselho Estadual de Educação, que mantêm relação com a Administração
aconselha escolas do Sistema Estadual de Pública Estadual, direta ou indireta,
Ensino a adotar o nome social. inclusive aquelas que exercem atividades
econômicas ou profissionais sujeitas à
O que fazer para garantir fiscalização estadual. A Administração
esse direito? Pública Estadual também está sujeita à Lei,
Para fazer a Carteira de Nome Social, que ainda inclui proteção a trabalhadores
basta a pessoa interessada comparecer a públicos e privados LGBTs.
um posto de identificação (mesmos locais
que confeccionam carteira de identidade,
como o Tudo Fácil, por exemplo) com a
certidão original de nascimento e a última Atos atentatórios à
via da carteira de identidade. A emissão da dignidade na abrangência da
carteira é gratuita, mas haverá cobrança Lei Estadual 11.872/2002:
de taxa no caso de necessidade de emissão
de segunda via. A escolha pelo nome social • A prática de qualquer tipo de
nos atos da Administração Pública deve ser ação violenta, constrangedora,
feita na apresentação para atendimento intimidatória ou vexatória, de ordem
e no preenchimento de documentos moral, ética, filosófica ou psicológica;
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
16
• Preterir, sobretaxar ou impedir a Penalidades previstas na Lei
hospedagem em hotéis, motéis, Estadual 11.872/2002 a quem
pensões ou similares; pratique atos atentatórios:
• Preterir, sobretaxar ou impedir • Advertência;
a locação, compra, aquisição,
arrendamento ou empréstimo de • Multa;
bens móveis ou imóveis de qualquer
finalidade; • Rescisão do contrato, convênio,
acordo ou qualquer modalidade
• Praticar o empregador, ou seu de compromisso celebrado com a
preposto, atos de demissão direta ou Administração Pública direta ou
indireta, em função da orientação indireta;
sexual do empregado;
• Suspensão da licença estadual para
• A restrição à expressão e à funcionamento por 30 (trinta) dias;
manifestação de afetividade
em locais públicos ou privados • Cassação da licença estadual para
abertos ao público, em virtude das funcionamento;
características previstas no art. 1º;
• No caso de servidores públicos
• Proibir a livre expressão e estaduais, as penalidades aplicáveis
manifestação de afetividade do são as previstas no Estatuto do Servidor
cidadão homossexual, bissexual ou Público.
transgênero, sendo estas expressões e
manifestações permitidas aos demais O que fazer para garantir
cidadãos; esse direito?
A prática dos atos discriminatórios
• Preterir, prejudicar, retardar abrangidos pela Lei 11.872/2002 é apurada
ou excluir, em qualquer sistema mediante processo administrativo, que
de seleção, recrutamento ou pode ser iniciado por reclamação da pessoa
promoção funcional ou profissional, ofendida, por comunicado de organizações
desenvolvido no interior da não-governamentais ou, ainda, por ato
Administração Pública Estadual ou ofício de autoridade competente.
direta ou indireta; Denúncias podem ser realizadas pelo
número 100, o Disque Denúncia de
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
17
LEGISLAÇÃO
MUNICIPAL
DE ALGUNS MUNICÍPIOS DO RS
18
Estadual nº 49.122, de 17 de maio de 2012, outros consumidores que se encontrem
e determina que esses locais façam constar em idêntica situação e adoção de atos
em seus cadastros gerais o nome social de coação, de ameaça ou de violência.
utilizado por travestis e transexuais. Considera-se infrator dessa Lei a pessoa que
direta ou indiretamente tiver concorrido
O que fazer para garantir para o cometimento da infração. As
esse direito? sanções previstas são multa, suspensão ou
A Carteira de Nome Social deve ser cassação de alvará para estabelecimentos, e
feita nos postos de identificação (ver Seção suspensão ou afastamento para agentes do
Legislação Estadual). poder público.
19
Entre as condutas passíveis de punição, Gravataí
estão impedir ou dificultar o ingresso
ou permanência em espaços públicos,
logradouros públicos, estabelecimentos
abertos ao público e prédios públicos; Multas a estabelecimentos
impedir ou dificultar o acesso de cliente, que discriminem:
usuário de serviço ou consumidor, ou
recusar-lhe atendimento; impedir o O município de Gravataí possui a Lei nº
acesso ou utilização de qualquer serviço 1.877/2002, que estabelece penalidades aos
público; criar embaraços à utilização das estabelecimentos que discriminam pessoas
dependências comuns e áreas não privadas em virtude de sua orientação sexual. A
de qualquer edifício; praticar, induzir ou lei penaliza o estabelecimento comercial,
incitar através dos meios de comunicação a industrial, entidades, associações,
discriminação, o preconceito ou a prática de representações, sociedades civis ou
qualquer conduta vedada por esta lei; negar de prestação de serviços que, por seus
emprego, demitir, impedir ou dificultar a proprietários ou prepostos, declarados em
ascensão em empresa pública ou privada; sentença judicial condenatória transitada
impedir ou obstar o acesso a cargo ou função em julgada, que discriminem pessoas
pública ou certame licitatório; inibir ou em função de sua orientação sexual. A
proibir a manifestação pública de carinho, norma considera discriminação atos como
afeto, emoção ou sentimento; adotar atos constrangimento, proibição de ingresso
de coação, de ameaça ou de violência; ou permanência, preterimento quando
proibir, inibir ou dificultar a manifestação da ocupação, atendimento diferenciado
pública de pensamento. A legislação prevê e cobrança extra para ingresso ou
multas, sanções e até cassação de alvará a permanência. O texto prevê a aplicação de
estabelecimentos privados que promovam multas a esses estabelecimentos.
discriminação e processos administrativos
e até demissões, no caso de servidores O que fazer para garantir
públicos municipais. esse direito?
Se você sofrer algum tipo de
O que fazer para garantir discriminação em estabelecimentos
esse direito? comerciais e públicos de Gravataí, denuncie
Todo e qualquer cidadão pode junto à Ouvidoria Municipal, nos telefones
comunicar às autoridades competentes (51) 3600-7028 / 7293 ou presencialmente na
qualquer violação à Lei nº 6.010/2006 Av. José Loureiro da Silva, 1350- Centro, das
diretamente à Secretaria Municipal de 9h às 18h. Também é possível mandar um
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
20
Canoas
TEVE SEUS
DIREITOS VIOLADOS?
FALE COM A GENTE!
Neste capítulo procuramos colocar
CONHEÇA SEUS DIRETOS | LEGISLAÇÃO
21
PROJETO
22
DO PSOL
PROJETOS
OS
DO PSOL
O PSOL é um partido comprometido
com a defesa da população LGBT. Em 2014,
Luciana Genro foi candidata a presidente
da República e falou, pela primeira vez em
L
um debate, sobre homofobia e transfobia.
23
LUCIANA GENRO Deputada estadual (PSOL-RS)
Combate à LGBTfobia
- PL 42/2019
Escola livre de discriminação
- PL 30/2019 Este projeto introduz melhorias na Lei n.º
11.872/2002, que dispõe sobre a promoção e
A luta contra a LGBTfobia começa desde a reconhecimento da liberdade de orientação,
infância. É preciso educar os pequenos para prática, manifestação, identidade,
o respeito à diversidade, assim as crianças preferência sexual e dá outras providências.
de hoje não se tornarão os agressores O projeto atualiza a legislação, deixando
de amanhã. O PL 30/2019 institui o claro que cabe aos órgãos de Estado que
programa “Escola Livre de Discriminação lidam com a temática dos Direitos Humanos
por Orientação Sexual e Gênero” na rede a investigação e punição administrativa de
estadual de ensino público do Rio Grande casos que envolvam discriminação contra a
do Sul, com o objetivo de tornar o ambiente população LGBT.
escolar um espaço de inclusão, debate e
acolhimento a todo e qualquer participante
da comunidade escolar, sem qualquer
discriminação à população LGBT, além de
combater a LGBTfobia nas escolas.
PROJETOS DO PSOL
24
Centro de Referência LGBT Frente Parlamentar em
- Emenda 274/2019 Defesa da População LGBT
25
de projetos da sociedade civil organizada e êxito na instituição, bem como no combate
(ONGs e movimentos sociais) destinados às diversas formas de discriminação. A
a ações que estimulem ou desenvolvam verba deverá ser aplicada para potencializar
a empregabilidade de pessoas travestis e as ações dos núcleos de ações afirmativas,
transexuais ou a qualificação destas pessoas Grupos de Trabalhos, Comitês e Comissões
ao mercado de trabalho. A emenda prevê relacionadas às temáticas de raça, etnia,
que a seleção de instituições parceiras deve gênero, sexualidade, pessoas com deficiência
acontecer por meio de processo seletivo e outras necessidades específicas, além da
em edital público com participação do aquisição de mobiliários e equipamentos
Conselho Estadual de Promoção dos para atualização tecnológica dos Núcleos
Direitos LGBT. Devem ser selecionadas cinco de Meio Ambiente e Diversidade de Gênero
instituições para receber R$ 50.000,00 da instituição.
cada, para a realização dos projetos com
tempo máximo de execução de 12 meses e
com representatividade de no mínimo três
regiões do Estado ou, no caso de ausência
de propostas de outras regiões, com foco em
Delegacias de combate
Porto Alegre e Região Metropolitana. à intolerância - Emenda
39840023/2019
26
ROBERTO ROBAINA
Vereador de Porto Alegre (PSOL-RS)
27
DAVID MIRANDA Deputado Federal (PSOL-RJ)
28
JEAN WYLLYS
Deputado Federal (PSOL-RJ)
Batizado de Lei João Nery, este projeto Este projeto garante a pessoas do mesmo
garante às pessoas trans o direito ao sexo o direito ao casamento civil, garantindo
reconhecimento de sua identidade de assim os mesmos direitos que este instituto
gênero, sem necessidade de que tenham confere a casais heterossexuais. Assim
que ingressar na Justiça para retificar como no caso da identidade de gênero,
os registros de nome e gênero em seus o casamento civil igualitário já é uma
documentos. Com esta medida, bastaria uma realidade no Brasil, graças a decisão do
ida a um cartório para fazer as mudanças. A Poder Judiciário. Contudo, uma lei aprovada
proposta é semelhante à lei que já existe na pelo Congresso poderia garantir este direito
Argentina. Este direito já existe no Brasil, de forma mais sólida.
mas por força de determinação judicial.
29
COMISSÃ
LGBT
Deputados participantes da Comissão Suplentes: Aloísio Classmann (PTB), Dr
na AL: Thiago Duarte (DEM), Ernani Polo (PP),
Gerson Burmann (PDT) e Pepe Vargas (PT).
Titulares: Presidente Luciana Genro (PSOL),
Vice-Presidente Rodrigo Maroni (PODE),
Relatora Sofia Cavedon (PT), Capitão Macedo
(PSL), Eric Lins (DEM), Issur Koch (PP), Equipe da Comissão Especial para análise
Jeferson Fernandes (PT), Juliana Brizola da violência contra a população LGBT:
(PDT), Kelly Moraes (PTB), Luiz Henrique Gabrielle Tolotti, Izabel Belloc, Samir
Viana (PSDB), Paparico Bacchi (PL) e Valdeci Oliveira, Tamires de Oliveira Garcia,
Oliveira (PT). Taynah Ignacio.
30
ÃO
UMA COMISSÃO
PARA ANALISAR
A VIOLÊNCIA
CONTRA LGBT S
A violência contra a população LGBT
atinge níveis alarmantes no Brasil. O
monitoramento feito por movimentos
sociais, baseado em notícias publicadas
na imprensa, aponta que somos o país
que mais mata LGBTs no mundo. Mas não
existem dados oficiais por parte do poder
público, baseados em registros de boletins
de ocorrência, denúncias e ações na Justiça,
que forneçam elementos para uma análise
criteriosa do problema. Isso é muito grave,
pois sem esses dados é impossível elaborar
políticas públicas e traçar estratégias que
enfrentem esta violência.
31
Uma das diversas
Audiências Públicas
realizada pela Comissão
Especial LGBT.
Brasil é o país que mais mata O relatório mais recente do GGB foi lançado
no início de 2019, registrando que em 2018
LGBTs no mundo
ocorreram 420 mortes por LGBTfobia no Brasil
Os mais atualizados índices que - entre 320 homicídios e 100 suicídios. Com
monitoram a violência física letal contra a relação à identidade das vítimas, os dados
população LGBT no Brasil são os do Grupo revelam que 191 eram gays (45%), 164 trans
Gay da Bahia (GGB). A ONG compila e divulga (39%), 52 lésbicas (12%), 8 bissexuais (2%) e 5
anualmente dados sobre os números de heterossexuais (1%). Nessa conta, as pessoas
mortes com vítimas que sejam lésbicas, trans representam a categoria mais vulnerável
gays, bissexuais, travestis ou transexuais. As a mortes violentas, motivo pelo qual a ONG
informações têm como base apenas notícias avalia que o risco de uma pessoa trans ser
que são divulgadas na imprensa. assassinada é 17 vezes maior do que um gay.
Boate
Assassinatos 0,67%
Hospital 1,33%
Matagal 4%
Motel 1,33%
Praia 2,67%
Residência 17,33%
32
Ainda sobre os crimes letais, a Associação por armas brancas perfuro-cortantes em
Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil 99 casos (23,6%), ao tempo que 97 episódios
(ANTRA) afirma que o Brasil segue sendo o foram de mortes provocadas por agressões
país que mais mata travestis e transexuais físicas (23,1%), com espancamento,
no mundo. O “Dossiê: Assassinatos e asfixia, pauladas, apedrejamento, corpo
Violência Contra Travestis e Transexuais carbonizado, entre outras.
no Brasil em 2018”, desenvolvido em
parceria com o Instituto Brasileiro Trans de Os dados do GGB coincidem com o
Educação (IBTE), aponta para a ocorrência estudo elaborado pela Rede Trans Brasil,
163 assassinatos de pessoas trans em 2018, que aponta que em 47% das travestis e
sendo 158 travestis e mulheres transexuais, transexuais assassinadas em 2018 foram
4 homens trans e 1 pessoa não-binária, mortas a tiros e 22%, a facadas. A imensa
ressaltando-se que apenas 15 casos tiveram maioria das vítimas (59,33%) foi assassinada
os suspeitos presos, o que representa um em vias públicas.
esclarecimento de 9% dos delitos.
Considerando os dados das denúncias
Em 2018 a Rede Nacional de Pessoas Trans dirigidas ao Disque 100, verifica-se que
- Brasil elaborou o dossiê: “Monitoramento no Rio Grande do Sul, entre 2011 e 2017
de Assassinatos e Violação de Direitos foram registradas 547 notificações de
Humanos de Pessoas Trans no Brasil”. De violência contra LGBTs. É possível perceber
acordo com a entidade, 150 pessoas trans que 27,79% dos casos aconteceram na rua,
foram vítimas fatais de violência no Brasil 26,87% em casa; 6,22% no trabalho; 4, 39% na
naquele ano. O relatório da organização foi casa do suspeito; 2,38% na escola; 2,38% no
entregue pessoalmente à Deputada Luciana hospital; 1,10% na igreja; 0,91% na delegacia
Genro por Marcelly Malta, vice-presidente de polícia; 0,55% no ônibus; e 0,55% em
da Rede Trans Brasil. casas prisionais. O gráfico em relação aos
números totais do relatório anual do Disque
Dados da ONG internacional Direitos Humanos é esclarecedor:
Transgender Europe demonstram uma
realidade assustadora: Foram registrados
2.982 assassinatos de pessoas trans no
Local da violação da vítima
mundo inteiro, entre janeiro de 2008 e
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
setembro de 2016 no mundo. O Brasil está Transexuais e transgêneros
no topo deste ranking, com 1.238 mortes.
Escola | 3%
Local de Trabalho | 3%
Casa do suspeito | 5%
Crimes de ódio contra Órgãos Públicos | 7%
nossas vidas Outros | 24%
Rua | 27%
33
O Grupo de pesquisa “Lesbocídio – Brasil passou por uma eleição marcada
As histórias que ninguém conta”, da por inúmeros discursos de ódio contra
Universidade Federal do Rio de Janeiro a população LGBT, sendo proclamados
(UFRJ), elaborou em 2018 o estudo: “Dossiê inclusive pelo presidente eleito, o que
sobre lesbocídio no Brasil: de 2014 até deixa claro que estas circunstâncias foram
2017”. O relatório final demonstra que 54 decisivas para legitimar o preconceito que
mulheres lésbicas foram assassinadas no além de passar a ser mais demonstrado,
Brasil em 2017, um aumento de mais de também resultou em condutas mais
237% no número de casos em relação ao ano violentas.
de 2014. O maior percentual é observado
entre mulheres de 20 a 24 anos (30%). E Em recente pesquisa da plataforma
54% dos casos envolve vítimas lidas como Gênero e Número desenvolvida nas cidades
não-feminilizadas. de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador
foram ouvidas 400 pessoas sobre suas
Mesmo considerando uma possível percepções sobre violência(s) contra LGBTs
subnotificação e a dificuldade de catalogar no período eleitoral e violência(s) contra
esses dados, os registros demonstram um LGBTs nas redes sociais. Nesta pesquisa, os
cenário grave para a população LGBT: as dados indicam que o principal cenário de
ruas e suas próprias residências não são
violência foram as ruas e locais públicos,
lugares seguros.
com um total de 83% dos casos, enquanto
espaços familiares chegaram a 38,5%.
Onde aconteceram as
violências?
Ruas/ 83%
Espaços Públicos
Comércio/ 46%
Serviço Público
Espaços 38,5%
familiares
Mercado de 23%
trabalho
Escola/ 19%
Universidade
Espaços 12%
COMISSÃO LGBT
religiosos
34
se que 51% das pessoas entrevistadas pela parcial dos resultados demonstra que a
pesquisa da plataforma Gênero e Número maioria dos LGBTs entrevistados (35%)
sofreram pelo menos uma agressão durante sofreu violência nas vias públicas de Santa
o segundo semestre de 2018 - antes, ao Maria, enquanto 21,67% sofreram violência
longo e depois das eleições. em suas casas.
de dados oficiais por parte dos órgãos Via/logradouro público (praças, parques,
ruas …) | 35%
de segurança a respeito das violações
cometidas contra a população LGBT. Assim Sistema de saúde público (Hospitais, UPA,
postos de saúde, CAPS, CREAS, CRAS…) | 3,33%
como os dados em âmbito nacional que
Estabelecimentos privados (lojas,
existem são fruto do trabalho incansável de shopping, supermercados, consultórios,
laboratórios…) | 8,33%
organizações do movimento LGBT, em nível
estadual a situação se repete. Coletivos se Universidade/faculdade | 5%
35
Em Caxias do Sul, os dados do Centro de agressões, era possível selecionar mais de
Referência LGBT demonstram a demanda uma opção na pesquisa. Por isso se verificou
frequente por atendimento a esta população que a imensa maioria dos casos (69,9%)
na cidade. De agosto de 2018 a maio de ocorreu na rua e em vias públicas. Em
2019 foram realizados 200 atendimentos segundo lugar ficaram os estabelecimentos
jurídicos com advogado vinculado ao Centro, públicos (39,2%), seguidos pelo ambiente
60 atendimentos com assistente social e 38 familiar e doméstico (32,9%) e por
atendimentos com profissionais da psicologia. estabelecimentos particulares (30,1%).
Qual o tipo de
violência sofrida?
143 respostas
Psicológica 63,6%
(91 respostas)
Verbal 83,9%
(120 respostas)
Física 46,2%
(66 respostas)
Tortura 0,7%
(1 respostas)
Discriminação 63,6%
(91 respostas)
Sexual 16,1%
(23 respostas)
Nunca ocorreu
0,7%
(1 respostas)
36
POR UM RIO GRANDE DO
SUL SEM PRECONCEITO
37
38
39
de setembro de 2011. das mulheres transexuais e dos homens
trans em situação de vulnerabilidade
Para tirar esse projeto do papel, a social, bem como a humanização dos
deputada Luciana Genro apresentou a serviços públicos, a exemplo do Programa
Emenda 274/2019 que destina R$ 500 mil TransCidadania instituído pelo Decreto nº
do orçamento público gaúcho para a criação 55.874/2015 e regulamentado pelo Decreto
de um Centro Estadual de Referência LGBT nº 58.227/2018, ambos do Município de
em Porto Alegre. São Paulo/SP.
40
10. Formação continuada de agentes 15. Criar um Comitê Estadual para
de segurança pública (Polícia Civil, Polícia a Prevenção e Combate à Tortura do Rio
Militar, SUSEPE) em temas relativos aos Grande do Sul e um Mecanismo Estadual de
direitos das pessoas LGBTs nos cursos Prevenção e Combate à Tortura, vinculados
iniciais e qualificações anuais, bem como administrativamente à Assembléia
em todos os demais cursos e capacitações. Legislativa, para o fim de erradicar e
Estas formações devem ocorrer em parceria prevenir a tortura e outros tratamentos ou
com o Conselho Estadual de Promoção penas cruéis, desumanas ou degradantes, a
dos Direitos LGBTs e de organizações do exemplo do disposto na Lei nº 5.778/2010,
movimento LGBT. do Rio de Janeiro.
41
A lei pode ser alterada com a aprovação criado se for aprovado o PL 30/2019, que
do PL 20/2019, de autoria da deputada a deputada Luciana Genro apresentou na
Luciana Genro. O projeto inclui no escopo Assembleia Legislativa. A iniciativa tem o
da legislação de proteção às vítimas de objetivo de tornar o ambiente escolar um
violência uma série de agressões físicas ou espaço de inclusão, debate e acolhimento a
psicológicas contra grupos vulneráveis. todo e qualquer participante da comunidade
escolar, sem qualquer discriminação
19. Estabelecimento de um sistema à população LGBT, além de combater a
de denúncia pública estadual de agressões LGBTfobia nas escolas.
contra LGBTs, a exemplo do canal de
denúncias de violência contra a mulher 24. Cotas para pessoas trans na UERGS.
existente na Rede Lilás. Atualmente a universidade reserva 50%
das vagas para pessoas economicamente
Este sistema de denúncia está previsto hipossuficientes, negros e índios e 10%
no PL 42/2019, apresentado por Luciana para pessoas com deficiência. A Comissão
Genro na Assembleia Legislativa, que recomenda que seja feito um estudo pela
determina que o governo disponibilize um universidade para adoção de um percentual
link público em seus sites para realização de de cotas para o ingresso de pessoas trans.
denúncias de discriminação por motivação
LGBTfóbica. 25. Garantia de acesso de pessoas
trans a banheiros, vestiários e demais
20. Estabelecimento de um programa espaços segregados por gênero de acordo
de proteção a defensores de direitos com o gênero com o qual se identificam, em
humanos e a pessoas em situação de risco todos os órgãos da administração pública
grave por LGBTfobia. estadual, com recomendação da mesma
garantia aos órgãos das administrações
21. Criação de um Observatório da públicas municipais no Rio Grande do Sul.
Violência Contra a População LGBT para
coletar dados dos números e tipos de 26. Campanhas educativas, no Estado
violência cometidas. e nos municípios, de combate ao bullying
contra LGBTs.
22. Capacitação continuada de
funcionários dos Centros de Referência a 27. Concessão de isenção do valor de
Vítimas de Violência em temas relacionados passagens rodoviárias intermunicipais,
aos direitos da população LGBT. no Estado, para pessoas em tratamento
de HIV/Aids.
23. Instituir, em diálogo entre a
Secretaria Estadual de Educação, o Conselho 28. Diálogo da Secretaria Estadual de
Estadual de Promoção dos Direitos LGBTs Saúde com o movimento LGBT para verificar
e organizações do movimento LGBT, o as necessidades regionais de criação de
programa “Escola Livre de Discriminação por ambulatórios de saúde LGBTs no Rio Grande
COMISSÃO LGBT
Tal programa tem previsão de ser 29. Criação, pela Secretaria Estadual
42
da Saúde, em diálogo com as organizações seja fiscalizada, também, pelo Conselho
de mulheres lésbicas e bissexuais, de Estadual de Promoção dos Direitos LGBTs,
uma diretriz para a assistência à saúde de com possibilidade de destinação de uma
lésbicas, mulheres bissexuais e que fazem parte destes recursos para o apoio à
sexo com outras mulheres. realização das paradas do orgulho LGBT no
Rio Grande do Sul.
30. Criação, no âmbito das secretarias
estaduais pertinentes ao tema, de um 35. Apoio técnico do governo do Estado
programa de acompanhamento de ISTs, e da Assembleia Legislativa para que os
distribuição de insumos de prevenção e de municípios possam viabilizar a criação de
segurança no trabalho para profissionais conselhos municipais de promoção dos
do sexo. direitos LGBTs.
43
DO
MEDO À
44
LUTA
DO MEDO À
LUTA: LGBT S
SE ORGANIZAM
PARA ENFRENTAR
BOLSONARO
À
Samir Oliveira
Jornalista e militante LGBT. Atuou na
Comissão Especial para Análise da
Violência Contra a População LGBT e
constrói a Setorial LGBT do PSOL-RS.
45
sentiram este medo. Foi impossível não se
deixar tomar por este sentimento. Ainda
mais quando muitos de nós percebemos,
como foi o meu caso, que este projeto
violento de Brasil foi eleito com o apoio de
nossos familiares, amigos e conhecidos.
Como pode uma política que agride nossa
existência receber o voto entusiasmado de
quem diz nos amar? O Brasil ainda ficará
devendo esta resposta a milhões de LGBTs
por um bom tempo.
46
suas vidas serem reviradas do avesso O medo experimentado após o resultado
pela segunda vez. A primeira aconteceu eleitoral vai, aos poucos, cedendo lugar
quando revelaram ao mundo a rede suja à certeza de que não estamos sozinhos.
de espionagem dos Estados Unidos. Agora Mas apenas nossos aliados de sempre não
Glenn, com a coragem característica dos bastam. Precisamos conduzir um esforço
bons jornalistas, desnudou a tragédia de diálogo com setores da base bolsonarista
farsesca de um juiz-acusador e de um que não compactuam com ideias fascistas
procurador apaixonado por si mesmo. E com - base essa que vem sendo corroída desde
isso atraiu para si a fúria do bolsonarismo e a posse do presidente. Ao que tudo indica,
os insultos dignos de quinta série associados Bolsonaro seguirá seu mandato agarrado
à sua sexualidade e à sua família. Nem ao que existe de mais alucinado, radical e
mesmo sua mãe, com câncer em estágio intransigente em sua base de apoio. Suas
terminal, foi poupada da peçonha que declarações absurdas e as palhaçadas
assola o Brasil contemporâneo. cotidianas servem para manter um núcleo
fiel energizado, mas afastam franjas
A conjuntura política é grave. Não importantes do bolsonarismo que não estão
podemos contar apenas com nosso dispostas a ir para o vale tudo em nome de
voluntarismo diante da corrosão uma cruzada ideológica da extrema-direita.
democrática que o país vive. O melhor que
temos a fazer é nos organizarmos para Essas pessoas precisam estar do nosso
enfrentar este período histórico. Nossa lado na luta pelos direitos sociais, contra o
resistência individual precisa encontrar autoritarismo e em defesa das chamadas
na luta coletiva um elo que dê sentido à “minorias”. Muitas pesquisas já demonstram
revolta e à mobilização por transformações evidências fartas de que nem todo mundo
estruturais no Brasil. que votou em Bolsonaro é racista, misógino
e LGBTfóbico. Não podemos desprezar
Bolsonaro nada mais é do que a face este dado, pois não iremos virar este jogo
mais desumana de um sistema podre que apenas com nossas próprias forças. Temos
recorreu ao medo para rebaixar ainda mais que energizar nossas bases e falar para os
as condições de vida da classe trabalhadora. nossos também, mas precisamos ir além,
O recrudescimento da opressão contra a encontrando em nossa organização coletiva
população LGBT está inserido neste projeto um canal para ampliarmos nossas vozes e
nefasto de país, em que interessa ao furarmos as bolhas.
capitalismo que nós sejamos considerados
cidadãos de segunda categoria, para que
possamos ser mais facilmente explorados.
47
POLITIZA
AS PARA
48
DAS LGB
POLITIZAR
AS PARADAS
LGBT S PARA
FORTALECER O
ENFRENTAMENTO
A BOLSONARO
AR
A-
Taynah Ignacio
Militante sapatão, é uma das
organizadoras da Parada Livre de Porto
Alegre, faz parte do Movimento Esquerda
Socialista (MES), tendência fundadora do
PSOL, e atua na Setorial LGBT do PSOL/RS.
BTS
As paradas do orgulho LGBT já são uma
tradição consagrada no Brasil. Graças
à coragem de muitos militantes que
POLITIZAR AS PARADAS LGBTS
49
de São Paulo é consagrada como a maior discursos de enfrentamento ao preconceito.
do mundo, levando mais de 3 milhões de Essa multidão de corpos e expressividades
pessoas à Avenida Paulista no ano de 2019. demonstra todos os anos que a população
LGBT existe, resiste e pode, sim, ocupar os
Por conta da organização da Parada Livre espaços centrais das cidades.
de Porto Alegre, vivo de perto a realidade de
quem precisa resolver todo tipo de problema No Brasil de Bolsonaro, em que a
relacionado ao evento. E como militante do intolerância saiu do armário, mais do que
movimento LGBT tenho a oportunidade nunca é preciso que as paradas se politizem
de estabelecer contatos e comparecer às e possam atuar como fóruns de articulação
mais diversas paradas no interior gaúcho, do movimento e de LGBTs que ainda não
tomando ciência das distintas realidades se organizam em nenhum espaço de
que formam o panorama destes eventos. militância.
Portanto quero neste texto propor Para isso, é fundamental que as paradas
uma reflexão a partir das realidades que contem com organizações coletivas e
vivo e presencio, contribuindo para uma democráticas, que envolvam ativistas das
formulação política que possa ajudar mais diversas origens e que tenham clareza
a fortalecer as paradas em termos de quanto ao caráter político transformador
organização, de disposição de luta e de destes eventos. Esta firmeza é determinante
aumento de consciência da população LGBT para a busca de recursos, evitando que uma
sobre seus direitos e sobre os desafios que parada precise recuar em suas bandeiras
precisam ser enfrentados. para atender a interesses de empresas ou de
governos.
Um dos maiores percalços enfrentados
pelas organizações das paradas é Em Porto Alegre, tradicionalmente os
evidentemente financeiro. As ativistas e governos dos mais diferentes partidos e
os ativistas penam para conquistar apoio. matizes ideológicos sempre entenderam
Outra questão que sempre fica nos debates que era papel do poder público apoiar
está relacionada ao caráter das paradas: as diversas manifestações culturais da
afinal de contas, elas são uma festa ou um cidade, como a Parada Livre e o Carnaval.
ato político? Em 2017 o governo Marchezan, do PSDB,
decidiu romper com essa lógica, eliminando
São as duas coisas. E é fundamental qualquer tipo de apoio a estes dois grandes
que permaneçam assim. As paradas são eventos da capital gaúcha, que atraem um
uma festa porque constituem o momento público de todo o Estado e movimentam a
máximo de expressão da cultura e da economia da cidade.
arte LGBT. E são um ato político porque
POLITIZAR AS PARADAS LGBTS
50
Firmar parcerias com empresas e
governos não é nenhum pecado capital ao se
organizar uma parada. O problema ocorre
quando as paradas, na busca pelo apoio
de empresas, acabam se transformando
em eventos meramente comerciais,
inclusive cobrando quantias absurdas para
participações em trios elétricos. Assim
como é problemático quando, em busca de
parceria com governos, as paradas abaixem
a cabeça para o grupo político no poder e
abdiquem de seu papel crítico na cobrança
por políticas públicas.
51
52
SEJAMOS NÓS AS
REVOLUCIONÁRIES
DO NOSSO TEMPO!
CORPOS TRANS E
TRAVESTIS SÃO
RESISTÊNCIA!
Natasha Ferreira
Ativista dos direitos humanos e defensora
da comunidade LGBT. Estuda Gestão
Pública e constrói a Setorial LGBT do
PSOL-RS e a Emancipa Mulher, uma escola
feminista e antirracista em Porto Alegre. SEJAMOS NÓS AS REVOLUCIONÁRIES DO NOSSO TEMPO!
53
que muitos tentam relembrar quando atacadas, agora pelo governo mesmo,
homenageiam torturadores. sem escrúpulo algum. Neste cenário de
incertezas e onde pessoas Ts são perseguidas
Em 2014, na disputa presidencial, a mando dos ditos “cidadãos de bem”, um
a candidata do PSOL, Luciana Genro, efeito rebote precisa ser destacado: a nossa
inaugurou um debate necessário em luta central é contra o capitalismo!
rede nacional: o Brasil é o país que mais
mata pessoas trans/travestis no mundo, Hoje o Brasil que lidera o ranking de
mas afinal o que os governos têm feito de mortes da população T, lidera a evasão
forma real para que possamos ter as nossas escolar, lidera o número de travestis que
liberdades garantidas? estão em situação de rua. Ao mesmo
tempo lideramos o ranking de acesso à
A verdade é que tivemos poucos avanços pornografia com mulheres trans e travestis.
nos anos de progressismo brasileiro. O direito Essa contradição revela bem o quanto a
de retificar nossos nomes foi garantido moralidade social proferida pelo atual
somente em 2018 pelo STF. Importante presidente é tóxica, nos deixando cada vez
lembrar que hoje não somos mais taxadas mais na margem.
de doentes mentais, a transexualidade
foi retirada das patologias do Código O mercado de trabalho é cada vez mais
Internacional de Doenças (CID) e as nossas uma lenda para nós, pois a exigência
identidades são reconhecidas pelo Estado. capitalista nos exclui automaticamente,
afinal quantas de nós estão em escolas
Mas nesses anos todos a evasão escolar ou conseguiram concluir o Ensino
de pessoas “T” aumentou drasticamente. Fundamental?
O SUS, que todEs nós pagamos, nunca
atualizou sequer a ficha de atendimento Por anos o Estado decide quem tem
básico, respeitando pelo menos nossa direito de viver e quem luta para sobreviver.
identidade social.
Mas nem tudo é espinho, afinal sempre
Na campanha de 2018, Bolsonaro usou lutamos por coisas mínimas e agora a luta
da onda de ódio, criada por ele mesmo, para se agiganta.
distribuir as chamadas fake news.
SEJAMOS NÓS AS REVOLUCIONÁRIES DO NOSSO TEMPO!
54
meritocráticos não reconhecem o abismo
da desigualdade social no Brasil, e por
vezes acabam culpando quem foi mandada
embora de casa ainda jovem, sem escola,
sem casa e sem dignidade nenhuma.
55
DICAS
56
CULTURA
DICAS
DE FILMES
E SÉRIES
AIS
O cinema desconstrói, há muitas
décadas, o preconceito contra LGBTs.
Selecionamos alguns dos filmes e séries
DICAS CULTURAIS
57
Azul é a Cor Mais Quente Má Educação
La Vie d’Adèle. Dirigido por Abdellatif La Mala Educación. Dirigido por Pedro
Kechiche. França/Bélgica/Espanha, 2013. Almodóvar. Espanha, 2004.
C.R.A.Z.Y.
C.R.A.Z.Y. Dirigido por Jean-Marc Vallée.
Canadá, 2005. Milk – A Voz da Igualdade
Milk. Dirigido por Gus Van Sant. EUA, 2008.
A história trata do drama de um jovem
que se descobre homossexual nas décadas Filme que garantiu o Oscar de melhor
de 1960 e 1970 e sua conturbada relação ator a Sean Penn, traz a história de Harvey
com um pai conservador e homofóbico. Milk, primeiro político abertamente
homossexual a ser eleito para o Congresso
dos Estados Unidos.
58
Pride Tomboy
Pride. Dirigido por Matthew Warchus. Tomboy. Dirigido por Céline Sciamma.
Reino Unido, 2014. França, 2011.
Transamérica
Priscilla, a Rainha do Transmerica. Dirigido por Duncan Tucker.
Deserto EUA, 2005.
The Adventures of Priscilla, Queen of the
Desert. Dirigido por Stephen Elliot. Reino Filme estadunidense independente
Unido/Austrália, 1994. que trata de Bree, uma mulher transexual
que, prestes a passar por cirurgia de
Talvez o maior clássico do cinema transgenitalização, descobre que tem um
LGBT, Priscilla dispensa apresentações filho de 17 anos que necessita de ajuda. Bree
e é considerado um filme praticamente é proibida de passar pela cirurgia por sua
definitivo para as drag queens. psicóloga até resolver tal questão.
59
A Garota Dinamarquesa Sex Education
The Danish Girl. Dirigido por Tom Hooper. Sex Education. Dirigido por Laurie Nunn.
EUA, Reino Unido, 2015. Reino Unido, 2019.
Laerte-se
Dirigido por Eliane Brum. Brasil, 2017.
Special
Laerte uma das cartunistas mais famosas Special. Dirigido por Ryan O’Connell.
do país. EUA, 2019.
60
Crônicas de São Francisco Sense 8
Armistead Maupin’s Tales of the City. Sense 8. Dirigido por Lilly Wachowski,
Dirigido por Lauren Morelli. EUA, 2019. Lana Wachowski, J. Michael Straczynski.
EUA, 2015.
Em Crônicas de São Francisco, conhecemos
uma comunidade gay bastante unida da cidade A série da Netflix Sense8 mostra a vida
de São Francisco, na Califórnia. O foco da série de um grupo de pessoas que, de alguma
é na personagem Mary Ann, interpretada por forma, estão ligadas mentalmente. Em
Laura Linney, que deixou a comunidade há um determinado momento, descobrem
20 anos para seguir a sua carreira. Para isso, que precisam encontrar uma forma de
precisou deixar para trás seu agora ex-marido, sobreviver enquanto são caçadas por quem
Brian (Paul Gross), e a filha Shawna (Ellen Page). acredita que elas sejam uma ameaça ao
mundo. Como a turma se conecta de uma
forma peculiar, cenas de envolvimento
sexual entre pessoas do mesmo gênero
Pose acontecem, enquanto há uma personagem
Pose. Dirigido por Ryan Murphy, Brad lésbica e transexual na trama.
Falchuk, Steven Canals. EUA, 2018.
61
DICAS
DE LIVROS
Se antes a literatura LGBT se restringia e também os que se prestam a esclarecer
aos círculos acadêmicos, a abordagem pessoas heterocisgêneras interessadas.
dessa temática tem tido mais espaço Mas é relevante citar que há um crescente
ultimamente, ainda que mais focada número de romances com protagonistas
nas questões da população G. Aqui, LGBTs. É essencial dizer, também, que é
indicamos livros que versam sobre uma pequena lista dentro de uma vasta
questões importantes para o movimento gama de literatura.
62
esteve escondido não a tolerância, mas o de todo o mundo, o autor apresenta-
preconceito. O estudo de Green se concentra nos a forma como, ao longo dos tempos,
na homossexualidade masculina no Rio de a homossexualidade era encarada por
Janeiro e em São Paulo, ao longo do século XX. diferentes povos e culturas.
Desde há muito que o Ocidente dá Léo Gerchmann conta com detalhes a saga
como adquirido que a sua concepção do de alegres herois, que tiveram o desplante
sexo e da sexualidade é, essencialmente, de dessacralizar o templo até então restrito
partilhada pelo resto do mundo. Contudo, a ‘homens com H’, como se chamavam os
nesta obra William Naphy mostra-nos que valentões. ‘Colygay - Tricolor e de todas as
nem sempre assim foi. Muitas culturas cores’ ressalta o corajoso pioneirismo dos
antigas aceitavam, encorajavam até, as rapazes que desejavam apenas torcer para seu
relações entre pessoas do mesmo sexo, fosse clube de coração, sem concessões à hipocrisia,
como ritual de entrada na adolescência ou mas acabaram subvertendo paradigmas.
com funções associadas ao culto, e só a Passados quase 40 anos, homossexualidade
DICAS CULTURAIS
63
Frente e Verso – Visões da –, o sexo foi incitado a se confessar, a
se manifestar. O Volume 2 – O uso dos
Lesbianidade
prazeres – assinala uma importante
Hanna Korich, Laura Bacellar e Lucia Facco.
transformação na história. Conservando
Editora Malagueta, 2011.
o objetivo de investigar como nasce, nas
sociedades ocidentais modernas, a noção
Nesta obra, três lésbicas falam sobre
de sexualidade, Foucault recua no tempo
casamento, homofobia, literatura,
até a Grécia clássica para investigar como
cultura, filhos, namoro, auto-estima e
a atividade sexual se constitui como
outros aspectos da vida de mulheres em
domínio de prática moral e modo de
relacionamentos assumidos com outras
subjetivação característicos do projeto de
mulheres. As autoras objetivam contribuir
uma ‘estética da existência’. No Volume 3
para a discussão do segmento lésbico na
– O Cuidado de Si –, o leitor vai entender
sociedade brasileira.
como a questão da verdade e o princípio
do conhecimento de si se desenvolvem
nas práticas de ascese. Precisamos
procurar saber por que o culto a si mesmo
História da Sexualidade desenvolveu-se até se transformar no que
vemos hoje.
(trilogia)
Michel Foucault. Editora Paz e Terra, 2014.
64
A Justiça e os Direitos de Luta, Resistência e Cidada-
Gays e Lésbicas – Juris- nia – Uma análise psico-
prudência Comentada política dos Movimentos e
Celio Golin, Fernando Altair Pocahy e Roger Paradas do Orgulho LGBT
Raupp Rios. Editora Sulina, 2003. Alessandro Soares da Silva.
Juruá Editora, 2008.
O ‘nuances’ - grupo pela livre expressão
sexual - é uma ONG que trabalha na defesa Este livro é um estudo comparativo sobre
dos direitos humanos dos homossexuais os movimentos homossexuais no Brasil,
desde 1991 na cidade de Porto Alegre/ Espanha e Portugal. Neste estudo, o autor
RS. Esta obra é mais uma iniciativa que traz as perspectivas, ideologias e metas
vem ao encontro da sua postura política frente às comunidades gays e às sociedades
de dar visibilidade e do aprofundamento nas quais estão inseridos.
das questões que envolvem a realidade
da homossexualidade dentro do cenário
brasileiro e mundial. Para o ‘nuances’,
o Estado brasileiro tem um papel
fundamental na construção de uma Manifesto Contrassexual
sociedade onde a palavra democracia tenha – Práticas Subversivas de
significado na vida de todos os brasileiros, Identidade Sexual
independentemente do lugar social onde Beatriz Preciado. N-1 Edições, 2014.
se situam. A Justiça e os Direitos De Gays
e Lésbicas – Jurisprudência comentada é Aqui, o filósofo espanhol Beatriz Preciado
uma obra que vem para contribuir de forma dinamita, com seu humor corrosivo e
decisiva na conquistas de direitos, bem rigor teórico, tudo aquilo que se entende
como, de forma qualificada, proporcionar por sexualidade. Os estereótipos homem/
aos interessados no tema um leque de mulher, homo/hétero, natural/artificial
decisões acompanhadas de comentários vão progressivamente sendo despedaçados
de estudiosos que vêm rompendo com o através das análises que o autor faz sobre o
silêncio hipócrita da sociedade brasileira dildo, a história do orgasmo e a atribuição de
sobre o tema da sexualidade. sexo. Se de início é curiosamente divertido, a
cada capítulo aprofunda-se nas contradições
relacionadas às noções contemporâneas
de gênero e desejo. É inspirado pelo
pensamento de Michel Foucault, Gilles
Deleuze, Judith Butler e Jacques Derrida que
o autor inaugura a contrassexualidade - uma
teoria do corpo que é, também, estratégia de
resistência ao poder.
DICAS CULTURAIS
65
Manual Prático dos agricultora que procura o serviço público
de saúde para adequar seu corpo ao que
Direitos de Homossexuais e
deseja para si.
Transexuais
Sylvia Mendonça do Amaral. Edições Inteli-
gentes, 2003.
66
Viagem Solitária – Contos Transantropológicos
Memórias de um transexual Atena Beauvoir. Editora Taverna, 2018.
67
BRTrans em relação ao duplo “crime/castigo”;
Silvero Pereira. Editora Cobogó, 2016. quer dizer, suas experiências no chamado
“mundo do crime” e a sociabilidade violenta
Criado a partir de fragmentos de a que estão submetidas e que as faz mais
histórias reais coletadas em conversas com facilmente detidas pela polícia, bem como
travestis, transexuais e transformistas, suas capturas pelas instituições de privação
a peça BR-Trans apresenta os sonhos, da liberdade.
os desejos, as vivências, as conquistas,
além de relatos de exclusão e violência,
presentes no cotidiano desta população de
norte a sul do país.
Sexualidade e gênero na
prisão: LGBTI+ e suas
passagens pela justiça
História do Movimento LGBT criminal
Guilherme Gomes Ferreira, Caio Cesar
no Brasil Klein. Somos, 2019.
James N Green, Renan Quinalha, Marcio Caetano,
Marisa Fernandeas. Editora Alameda, 2018.
O livro, de 412 páginas, reúne
contribuições de mais de 30 intelectuais que
O livro História do Movimento LGBT
lutam, no meio acadêmico ou no ativismo,
no Brasil busca reconstruir alguns temas
pela promoção dos direitos de LGBTI+ nas
e momentos privilegiados da história de
instituições de privação de liberdade. É
40 anos deste importante ator político do
resultado do projeto Passagens, realizado
Brasil contemporâneo, atentando para
pela ONG Somos e financiado pelo Fundo
a diversidade de sua composição e de
Brasil de Direitos Humanos.
perspectivas no interior do movimento.
A obra reúne diversos autores, estudiosos
e/ou protagonistas do surgimento do
movimento LGBT no Brasil para contar suas
histórias, alisar suas ações.
68
DICAS CULTURAIS
45
69
70
CONTATOS
ÚTEIS
CONTATOS ÚTEIS
71
Frente Parlamentar em Disque-Denúncia Direitos
Defesa da População LGBT Humanos
72
Ministério Público Estadual” e, além das Defensoria Pública do
informações, “conter a identificação do
Estado do Rio Grande do Sul
denunciante, sua assinatura, bem como seu
endereço e demais formas de contato”.
A Defensoria Pública do Estado (DPE)
pode atuar em casos concretos de violações
Em Porto Alegre, existe uma Promotoria
de direitos, com uma equipe específica para
de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos
a questão de Direitos Humanos. O Centro de
específica, com equipe capacitada
Referência em Direitos Humanos (CDRH-
especificamente para lidar com as questões
DPE/RS) destina-se às vítimas de preconceito,
trazidas pelos denunciantes.
discriminação, intolerância, abusos e maus-
tratos, negligência e abandono.
Centro de Apoio Operacional dos Direitos
Humanos do MP/RS
Centro de Referência em
Endereço: Av. Aureliano de Figueiredo
Direitos Humanos
Pinto, nº 80, Torre Norte, 10º andar – Bairro
da DPE (Porto Alegre)
Praia de Belas – Porto Alegre/RS
Endereço: Rua Caldas Júnior, nº 352 –
Telefones: (51) 3295-1171 | (51) 3295-1172 |
Centro Histórico
(51) 3295-1141
Telefone: 0800-644-5556
E-mail: caodh@mprs.mp.br
Site: www.defensoria.rs.gov.br/
Site: www.mprs.mp.br/dirhum
Facebook: www.facebook.com/defensoriars/
Facebook: www.facebook.com/mprgs/
Promotoria de Justiça
de Defesa dos Direitos
Humanos (Porto Alegre)
Promotorias de Justiça
(interior do Estado)
Os cidadãos poderão obter o
endereço e forma de contato pelo link
www.mp.rs.gov.br/promotorias.
CONTATOS ÚTEIS
73
Defensoria Pública do propor políticas públicas ao governo e
fiscalizar suas ações, além de ser consultado
Estado (interior do Estado)
a respeito de iniciativas para a população
LGBT. Apesar de não contar com estrutura
Os cidadãos do Interior podem encontrar
para apurar casos de LGBTfobia, o Conselho
o endereço e a forma de contato pelo link
também pode receber denúncias.
www.defensoria.rs.gov.br/atendimento/
interior.
E-mail: celgbt-rs@sdstjdh.rs.gov.br
Site: www.sjcdh.rs.gov.br/conselho-
estadual-de-promocao-dos-direitos-lgbt
Facebook: www.facebook.com/celgbtrs/
Secretaria de Justiça,
Cidadania e Direitos
Humanos do RS
Unidade de Direitos de
A SJCDH/RS conta com uma Diversidade Sexual e de
Coordenadoria de Diversidade Sexual,
Gênero - Porto Alegre
responsável pelas políticas públicas de
acolhimento e promoção dos direitos da
A prefeitura de Porto Alegre conta,
população LGBT. dentro da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social e Esporte, com uma
Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1.501 – Unidade de Direitos de Diversidade Sexual e
Bairro Praia de Belas – Porto Alegre/RS de Gênero. É o órgão municipal responsável
Telefone: (51) 3288-7373 por executar as políticas públicas de
E-mail: ouvidoria@sjdh.rs.gov.br promoção dos direitos da população LGBT.
Site: www.sjcdh.rs.gov.br
Facebook: www.facebook.com/SJCDH2019/ Endereço: Rua dos Andradas, nº 1.643/5º
Facebook da Coordenadoria: andar – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
www.facebook.com/Coordenadoria- Telefone: (51) 3289-2068
Estadual-de-Diversidade-Sexual-do-Rio-
Site: www2.portoalegre.rs.gov.br/smdh/
Grande-do-Sul-704157916648777/
Centro de Referência às
Conselho Estadual de Vítimas de Violência (CRVV)
Promoção dos Direitos LGBT
O CRVV é um serviço oferecido pela
Criado pelo Decreto nº 51.504/2014, o Secretaria Adjunta da Mulher (ligada
Conselho Estadual de Promoção dos Direitos à Secretaria Municipal de Direitos
LGBT é formado por representantes eleitos Humanos de Porto Alegre) em parceria
CONTATOS ÚTEIS
74
tipo de discriminação”. Atende a qualquer
pessoa, sendo garantido o anonimato. Seu
serviço é focado em violações à vida e à
integridade de pessoas LGBTs, mulheres,
crianças e adolescentes, idosos, negros
e negras e portadores de deficiência. É
nele que funciona o Disque Denúncia
dos Direitos Humanos de Porto Alegre
(0800-642-0100).
Serviço de Assessoria
Jurídica Universitária –
SAJU/UFRGS
75
LUCIANA GENRO
É Deputada Estadual, integra a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos
e a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia e é
procuradora-adjunta da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa.
DENUNCIE A DISCRIMINAÇÃO
Se você sofreu algum tipo de discriminação, preconceito ou violência, denuncie!
Mande um e-mail para luciana.genro@al.rs.gov.br que encaminharemos seu
caso à Comissão de Direitos Humanos e à Frente Parlamentar em Defesa da
População LGBT.
@lucianagenro fb.com/LucianaGenroPSOL
76