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Carta de intenção – GD Gêneros, sexualidades e a ação política de ser quem se é

À Secretaria de Educação do Estado Maranhão,

Nós, alunos do IEMA IP Anil, IEMA Axixá, IEMA IP Vargem Grande, CE


Humberto de Campos, Colégio Militar 2 de Julho, CEM Ribeiro José, CE Maria José
Aragão, CEM Paulo VI, IEMA Coroatá, CEM Prof. Mário Martins Meireles, CE
Cruzeiro do Sul, IEMA Brejo, IEMA Tamancão, Liceu Maranhense e CEM Maria José
Macedo Costa, integrantes do grupo de discussão Gêneros, sexualidades e a ação
política de ser quem se é, do IV Fórum Maranhense de Sociologia 2023, sediado no
CEM Padre José Bráulio Sousa Ayres, por meio desta carta refletimos os desafios e
opressões de gênero e sexualidade que, infelizmente, persistem na sociedade e se
infiltram no espaço escolar. Clamamos por iniciativas e políticas que visem findar a
problemática.
As opressões de gênero e sexualidade continuam constantes e violentas na
sociedade. São inúmeros os meios e formas de silenciar, invisibilizar, discrimar e atacar
comunidades em posições vulneráveis. Em nosso grupo de discussão, todas essas
questões foram dialogadas com afinco. Conversamos sobre como pessoas trans
enfrentam a invisibilidade da causa e temem por não serem aceitas em diversos espaços,
incluindo o escolar. Além disso, sofrem com a violência familiar em muitos casos e a
religiosa, que, na maior parte das vezes, não é devidamente punida.
Aliado a isso, dentro da própria comunidade, há diferenças e segregações,
demonstrando uma falta de conscientização do público que poderia ser sanada pela
Escola como agente de educação e transformação.
Falamos de estatísticas que relembram o triste cenário ao qual pessoas
LGBTQIAP+ estão sujeitas. Mulheres trans, quase que em maioria veem como única
opção de subsistência a prostituição, se expondo a inúmeros riscos. Jovens da
comunidade enfrentam desde sua casa o silenciamento e privação de suas liberdades e
escolhas para uma vida significativa e completa.
No caso da opressão ao gênero feminino, discutimos a disparidade de
oportunidades de trabalho formal e salário digno entre homens e mulheres. Pensamos as
regras de gênero são impostas desde muito cedo à ambos os grupos, não permitindo que
crianças, muito cedo em suas vidas, sejam possibilitadas de se expressar de maneira
genuína.
Compartilhamos casos pessoais de assédio, violência e abandono em
espaços que deveríamos nos sentir protegidos e seguros, como a Escola. A difícil
realidade e os desafios geralmente levam a sérios casos de ansiedade e depressão,
chegando ao extremo em casos de suicídio. Diante disso, urge que o Estado, por meio
da Secretaria de Educação e outros órgãos atuem para mudar o cenário.
Como propostas formuladas mediante reflexões do grupo de discussão para
uma atuação constante e efetiva do Estado, pensamos em rodas de conversa tanto em
Escolas quanto em Universidades para ampliar o debate e chamar atenção para os
desafios de gênero e sexualidade a que mulheres e pessoas da comunidade estão
submetidos. Além disso, propomos o enrijecimento da lei e punição para grupos que se
utilizam da religião para propagar ódio. Nessa linha, pensamos em formações de
gestores e professores sobre o uso do discurso religioso para oprimir alunos em sala de
aula.
Também pensamos em políticas de inclusão para mulheres cis e trans no
quadro de funcionários de empresas, mediada pelo Estado, a fim de mudar a triste
condição com a qual os grupos, com atenção ao segundo, sofrem. O Estado deve
também construir casas de apoio à comunidade LGBTQIAP+ e engajar o protagonismo
feminino nas Escolas da rede estadual.
É por meios de grandes esforços e uma variedade de iniciativas de
conscientização verdadeiramente engajadas que conseguiremos, juntos, mudar a triste e
desesperançosa realidade da opressão de gêneros e sexualidades.

Atenciosamente e urgentemente,
Grupo de discussão Gêneros,
Sexualidades e a ação política de
ser quem se é

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