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Ana Laura Ferreira, Júlia Paes de Arruda, Letícia Ramalho, Raquel Ferro Dutra e Rayanne
Candido
Introdução:
Para a produção deste trabalho de conclusão da disciplina de Língua Portuguesa IV:
Teorias do Discurso decidimos trabalhar com os “não-ditos” do texto, explorando as
possibilidades de significação dos implícitos. Para isso, utilizamos 10 diferentes capas de
revistas voltadas para o público jovem adulto publicadas entre 1990 e 2000, como por
exemplo as revistas Capricho, Contigo e Carícia.
Tal faixa de tempo foi escolhida por conta de seu caráter peculiar, uma vez que nesse
período manchetes que hoje seriam consideradas bizarras eram comuns, trazendo uma
diferente visão do ‘politicamente correto’. Exemplo da unicidade das capas de revistas dessa
década é uma das analisadas, na qual se pode ler como matéria principal: “Ele me ensinou a
transar” (análise 5).
Metodologia:
Para efetuar as análises dos “não-ditos” nas capas de revistas dos anos 1990 a 2000
utilizamos da teoría dos implícitos exposta em sala. Nela, foi definido que implícito é todo
conteúdo que não vem explicitado no texto, estando assim presente em sua ausência. Tais
informações podem aparecer dentro dos enunciados de duas diferentes formas, sendo elas os
pressupostos e os subentendidos.
Define-se por pressupostos as ideias transmitidas de maneira não explícita no texto,
mas que podem ser identificadas e entendidas graças a uma palavra ou expressão contida na
sentença. Esses elementos linguísticos são chamados de marcadores de pressuposição e
podem ser representados na forma de adjetivos, advérbios, orações adjetivas, certas
conjunções e verbos que indiquem mudança ou permanência de estado.
A definição de subentendidos, por outro lado, refere-se às insinuações não marcadas
linguisticamente no enunciado, ficando a cargo do receptor entender o real sentido do que
quer ser dito. Aos subentendidos sempre há certo julgamento, um juízo de valor, por parte
daquele que entende o texto, o que por vezes leva à distorção da verdade. O subentendido diz
sem dizer. Ele sugere, mas não explicita, sendo seu entendimento de total responsabilidade do
ouvinte.
Uma vez conceituadas as definições dos termos tratados iniciamos a análise de mídia
procurando identificar os pressupostos e subentendidos de 10 capas de revistas jovens adultas
dos anos 1990 a 2000. Dessa forma, foram utilizados os conceitos de implícitos presentes na
análise do discurso francesa, estudada em classe sob a visão de Orlandi no livro “Análise de
discurso - princípios e procedimentos”.
Análises:
Análise 1 - Capa Capricho Sandy
A manchete principal da capa é uma frase dita pela cantora Sandy: “Eu nunca beijei”.
A palavra “nunca” demonstra permanência de estado, ela nunca fez a ação e continua sem
fazer - se encaixa no segmento dos pressupostos. Outro exemplo é a frase “Eles adoram
meninas de cabelo solto”, possui a junção do verbo e de uma característica específica,
pressupõe que eles não adoram as meninas de cabelo preso.
Continuando os pressupostos, existe a apresentação do seguinte enunciado: “As
namoradas dos famosos entregam”. Nesse caso, a ação de entregar pressupõe que as
mulheres vão revelar algum fato oculto sobre seus companheiros. E no segmento do que pode
ser subentendido pertencente a frase “Madonna é só uma amiga”, deixando a subentender que
existe um motivo para suspeita já que há necessidade de explicar e reafirmar essa relação.
Resultados:
Podemos observar, a partir das análises feitas nas capas de revista dos anos de 1990 e
2000, que as informações podiam se tornar dúbias e causar impressões negativas tanto para o
tema abordado pela matéria ou para a celebridade estampada na capa.
Outro ponto a ser observado é que a maioria das capas evidenciam o machismo que as
mulheres sofriam na época, em exemplo a de Deborah Secco (análise 5) e a de Sandy (análise
4). Além disso, muitas das manchetes reforçam o padrão de beleza estipulado da sociedade,
menosprezando qualquer estereótipo diferente e que não fosse objeto de atração dos
“meninos” (análises 1, 7, 9 e 10).
Considerações finais:
As capas de revistas analisadas eram focadas no público jovem-adulto, época em que
há mudanças no corpo tanto fisicamente quanto psicologicamente. Dessa forma, as matérias
serviriam como arcabouço para o pensamento crítico desse público, porém de uma maneira
errônea e equivocada já que foram construídas sem o comprometimento com a veracidade.
Anexos:
Anexo A - Capa 1
Anexo B - Capa 2
Anexo C - Capa 3
Anexo D - Capa 4
Anexo E - Capa 5
Anexo F - Capa 6
Anexo G - Capa 7
Anexo H - Capa 8
Anexo I - Capa 9
Anexo J - Capa 10
Bibliografia:
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do Discurso: princípios e procedimentos. 8. ed.
Campinas: Pontes, 2009.
CAPAS
Eu nunca beijei. Revista Capricho, São Paulo. 1999.
Vá à Luta. Revista Capricho. 836. ed. São Paulo. 2000.
Xou da Xuxa chega ao fim. Revista Contigo!, São Paulo. 1998.
Cansei de ser a santa. Revista Capricho, São Paulo. 2000.
“Ele me ensinou a transar”. Revista Capricho. 814. ed. São Paulo. 1999.
“Viva a vida”. Revista Capricho. 745. ed. São Paulo. 1996.
“Em crise”. Revista Capricho. 830. ed. São Paulo. 2000.
“Rodrigo Santoro jura: ‘Não me acho bonito’”. Revista Carícia, n° 305. ed. São Paulo. 1998
Samara Filippo Boa de corpo. Revista Capricho, São Paulo. 1990.
Thiago Lacerda sem máscaras. Revista Capricho, São Paulo. 1999.