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OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO APRENDIZ

Ir.’. Márcio Grazziotin Dutra (Publicada no ano 2000)

Enquanto aprendizes, recebemos a revelação do que representa


o trabalho na Maçonaria; e aprendemos que, para sermos dignos e
capazes de desempenharmos nossas funções como verdadeiros e

legítimos Maçons, precisamos libertar e purificar nossos corações,


apagar maus costumes, preconceitos, ódios, equívocos históricos e
filosóficos.

Precisamos dominar nossas paixões, emoções e vaidades,


aperfeiçoar nosso espírito, aprender a cultivar a fraternidade e
praticar a moral. Devemos preparar-nos para a obra, desbastando a
pedra bruta, que somos nós, cheios de defeitos, erros e
imperfeições.

Esta é a tarefa que devemos dedicarmo-nos, para que sejamos


obreiros que dominam perfeitamente a arte. Neste trabalho somos
ao mesmo tempo o obreiro, o instrumento e a matéria prima.

E para isso devemos usar ferramentas especiais, que são a


Régua, o Maço e o Cinzel.

A régua é um instrumento ativo, símbolo da medida de tempo e


da retidão. Com ela podemos traçar as retas e os ângulos e,
portanto, delinear nossos trabalhos. Simboliza a faculdade de
ajuizar, o que nos permite comprovar a retidão da obra. É por meio
dela que podemos verificar se nossos esforços e atitudes caminham
na direção do ideal.

O maço simboliza a força em todas suas modalidades, o


entusiasmo, a disposição e a vontade, que é a força primária da
qual deriva-se todas as demais forças. Simboliza também a energia,
a decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer
e superar os obstáculos.

Considerado como um instrumento ativo, é o símbolo do trabalho

e da determinação, que direciona a energia necessária para dar


forma ao trabalho. Representa a perseverança. Em seu primeiro
trabalho, o aprendiz começa a desbastar a pedra bruta e, a partir
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daí, tem início seu eterno aprimoramento.

O cinzel é um instrumento considerado passivo, destinado a


receber a aplicação da força do maço, dando-lhe a direção. É
indispensável no polimento da pedra bruta; simboliza, desta forma,
a educação, a inteligência, o aperfeiçoamento.

Para alguns, é o símbolo do trabalho do homem sobre si mesmo;


o aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as
falhas da personalidade. É o propósito inteligente que deve
dirigir a ação da vontade.

Para que a ação combinada desses instrumentos seja realmente


maçônica, isto é, útil e benéfica, tem que ser constantemente
comprovada e dirigida pela régua,
régua, que é a norma de retidão.

Essa função simboliza a sabedoria, símbolo mais apropriado

do Venerável Mestre, assim como o maço, emblema da força pode


atribuir-se ao 1o Vigilante e o cinzel, produto da beleza ao
2o Vigilante.

Assim como a atividade combinada dos três instrumentos é


indispensável para a obra maçônica, igualmente a integral
cooperação das luzes da Loja é imprescindível para que esta possa
desenvolver um trabalho fecundo.

Simbolicamente, a régua é a consciência; o maço é a força de

vontade e energia; o cinzel é a beleza, a moral, a razão; a pedra


bruta somos nós e as arestas são os nossos defeitos.

O conhecimento está ligado a régua, pois é necessário medir


nossas emoções, paixões e vaidades, dominando-as para iniciarmos
a escalada.

A ação é a aplicação da força; que é feito por intermédio do


maço sobre o cinzel e aí deverá ser
se r observado o controle emocional
na aplicação desses golpes, para que não haja um desastre,

imperfeição ou acidente na confecção da obra.

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Como verdadeiros maçons, nunca devemos exercer o maço
diretamente sobre a obra. A execução da obra cabe ao cinzel. O
maço dá-lhe apenas a força suficiente. Se aplicarmos o maço
diretamente na obra é certo que a danificaremos sem realizá-la.
Se usarmos só o cinzel sem o maço, a obra não se realizará por
falta de ação.

Isto significa que não devemos nos atirar à obra somente com
nosso entusiasmo e vontade, mas também aplicar as qualidades do
amor, discernimento, bondade e harmonia.

É necessário, ainda, que cada um de nós, sendo uma pedra


bruta, conheça sua natureza, descubra de que material é feito, que
resistência possui, se é pedra ferro, pedra mármore, granito ou
outra composição.

Neste aprendizado de desbastar a pedra bruta, tornando-a

polida, temos que usar além de nossa inteligência, ângulos certos


e força precisa. Assim podemos dizer que “conhecemos” com a régua,
“sentimos” com o cinzel e “agimos” com o maço.

E é através do sentimento, do conhecimento e da ação que


devemos nos aprimorar para estarmos em harmonia com nossos
semelhantes, para progredirmos na senda do bem e, sobretudo, para
evoluirmos. Pois somos degraus na cadeia da divindade; e cada
degrau sustenta um e é sustentado por outro.

O ser evolucionado, além de limpar e polir seu degrau, tem


também o dever de contribuir para a limpeza dos outros, para que
nada de feio se veja na cadeia, assim estaremos evoluindo e
colaborando para a evolução do todo. Sempre tendo em mente que "O
Todo é muito maior que a simples soma das partes ".

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