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Régua de 24 polegadas

O significado filosófico e simbólico dos instrumentos de trabalho do


Primeiro Grau de Aprendiz Maçom representa os conceitos fundamentais
sobre a vida e o trabalho do homem, a sua natureza tríplice – corpo,
mente e espírito.

Esses instrumentos – a Régua de 24 PP.’., o Maço e o Cinzel – são


essenciais para que o Aprendiz consiga desbastar a sua ‘pedra bruta’,
que significa o próprio Aprendiz nas condições em que se encontra no
mundo profano, com seus defeitos (arestas), e sobre o qual deverá
proceder à sua auto-lapidação, sua auto-escultura, seu auto-
desenvolvimento, transformando-se na ‘pedra polida’ em busca da
construção de seu ‘Templo Moral’ consagrado ao G.’.A.’.D.’.U.’..

Simbolicamente, a Régua de 24 PP.’. é a consciência, o Maço a força de


vontade e a energia, e o Cinzel a beleza moral, a razão, e significam que
o Aprendiz deve dominar suas paixões, emoções e vaidades,
aperfeiçoando seu espírito e desbastando as arestas que causam suas
preocupações e vícios profanos.

A RÉGUA DE 24 PP.’.

A Régua de 24 PP.’. consiste no mais fundamental e transcendental de


todos os instrumentos de trabalho do Aprendiz, já que sem a sua
aplicação não é possível o emprego de nenhum outro instrumento. No
trabalho desenvolvido pelo Aprendiz, a Régua de 24 PP.’. serve para
medir e traçar sobre a ‘pedra bruta’ o corte a ser efetuado. Em outras
palavras, sem a aplicação adequada da Régua de 24 PP.’. e de suas
propriedades diretivas, de nada servirá os outros instrumentos de
trabalho do Aprendiz – o Malho (símbolo da vontade, determinação e
força executiva) e o Cinzel (símbolo da razão e do discernimento). A
aplicação prática da Régua de 24 PP.’. significa preparar com precisão,
planejar de forma clara e definida todo trabalho a ser executado pelo
Maçom.

A origem da palavra régua é francesa (règle) e significa “lei ou regra”.


Remete-nos a idéia do traçado reto e da medida (REIS, 2008). A função
da Régua de 24 PP.’. é medir a longitude, base de todas as medidas,
que permite compreendermos o que é cada objeto (GOMG, 2004),
avaliarmos o transcurso do tempo e registrarmos seus fenômenos em
movimento (PESSANHA, 2008).
Como instrumento de medida pode ser utilizada para comparar e aferir
os resultados alcançados mediante o que foi planejado, além de permitir
definir parâmetros de ação quando do desbaste da ‘pedra bruta’
(DANIEL, 2008). A Régua de 24 PP.’., portanto, guia o Aprendiz na
realização de seu trabalho, permitindo-lhe planejar suas ações e criar
regras, leis e padrões de conduta norteadores de seus objetivos.

As 24 polegadas da régua (tamanho de um passo normal de ± 75 cm)


representam o total de horas de um dia, e significam que o Aprendiz
deve viver o dia com critério e planejamento (régua) sabendo também
dividir seu tempo entre o trabalho, o lazer, a espiritualidade e o descanso
físico e mental. REIS (2008) cita o filósofo grego Demócrito, que no
século V a.C. escreveu “Ocupe-se de pouco para ser feliz”, significando
administrar o tempo frente às diversas tarefas do dia a dia, e que uma
única coisa deve ser feita por vez.

Nos dias de hoje a preocupação com a administração do tempo,


representada na lição das 24 polegadas, é fundamental, dada a dinâmica
da vida cotidiana, onde é preciso reconhecer e aceitar nossos limites e
aprender a priorizar e eliminar atividades que desperdiçam um dos
recursos mais valiosos que o ser humano possui e que não pode ser
recuperado, o tempo.

A utilização da Régua de 24 PP.’. como instrumento de trabalho auxilia o


Aprendiz a planejar suas atividades, estabelecer metas e realizá-las em
ordem de prioridade.

ALVIÃO: MARTELO DE CORTE


A maçonaria é uma associação iniciática e filosófica, cujos membros praticam os
princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento
intelectual, não importando a religião do indivíduo (Por isso se usa o, ‘Grande
Arquiteto do Universo’ ou ‘G.A.D.U.’). O que se cobra do participante é a prática de
valores progressistas e humanistas. A maçonaria é composta por Graus Simbólicos e
Filosóficos, variando o seu nome e o âmbito de Rito para Rito. O Rito Maçônico é o
conjunto de regras e preceitos com os quais se praticam as cerimônias, cujos
membros se comunicam com sinais, toques, palavras e instruções “secretas”.

Sendo assim, os aprendizes passaram por todos os graus, e vão evoluindo de grau de
acordo, com a aquisição e elaboração de seus novos conhecimentos. Portanto, é
fundamental o seu estudo e dedicação, principalmente em aprender e conhecer cada
um de seus símbolos. E dentre esses símbolos o martelo maçônico tem um papel
importante para o aprendiz.
O martelo maçônico, conforme Mackey é uma das ferramentas de trabalho de um
Aprendiz, usado pelo maçom operativo para cortar os cantos da pedra bruta,
transformando-a em cúbica, formato esse útil para a construção. Como se pode
observar, o martelo é utilizado para cortar a pedra, sem o auxílio de qualquer outro
instrumento, tendo por esse motivo uma cabeça retangular com um lado plano e outro
fino, estreito. Esse é o verdadeiro martelo maçônico, que pode ser chamado de
martelo de corte (ISMAIL, 2012).

O maço e o cinzel não são usados para trabalhar a pedra bruta e não são
originalmente ferramentas de um Aprendiz Maçom, visto que, na realidade, são
ferramentas utilizadas para trabalhos de acabamento, para os quais um Aprendiz não
está habilitado. Por esse motivo, nos ritos mais antigos, são instrumentos de um
Companheiro Maçom. O maço tem ainda a função de alinhar as pedras cúbicas quando
se levanta uma parede ou muro, além de uma pequena, rápida e triste participação no
grau de Mestre Maçom.

Várias Lojas mais tradicionais em diferentes países se recusam a utilizar os malhetes


atuais, aqueles comumente utilizados por juízes e leiloeiros e que se tornaram
populares na Maçonaria, declarando que os malhetes nada têm com a história e
simbologia maçônica, sendo, portanto, inadequados para o uso em Loja. Em vez
desses, essas Lojas utilizam versões simbólicas do martelo maçônico tradicional, o
martelo de corte.

Ainda há a figura do Martelo Pontiagudo (Escoda, Alvião, Camartelo) é um pequeno


martelo em madeira, emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material,
instrumento de direção, poder e autoridade utilizado por isso pelo Venerável Mestre e
pelos dois Vigilantes em Loja. É colocado à direita do Segundo Vigilante,
representando o seu ajudante na execução da Obra, o Preparador, responsável pelos
primeiros ensinamentos ao candidato, que ainda não virou aprendiz, em seu estado
mais bruto da natureza. Os irmãos entram e se retiram da Oficina pela porta do
Ocidente, local onde o Sol se põe ao terminar o dia de trabalho e onde,
simbolicamente, estão os que ainda não alcançaram o conhecimento maçônico pleno.
Ai fica o Primeiro Vigilante, responsável pela recepção dos irmãos e pelo fechamento
da Loja a Meia-Noite, quando o céu se apresenta nublado (escuro), e à sua direita, o
Segundo Diácono, responsável pela verificação da cobertura da Loja, representado pela
Trolha ou Colher de Pedreiro.

Portanto o martelo ensina a importância do autocontrole e autodisciplina. É o espírito


atuando sobre a matéria com sabedoria. É com certeza, uma das ferramentas de
trabalho dos Aprendizes no desbaste da Pedra Bruta, na qual o seu símbolo ajuda a
eliminar de seu caráter os vícios e preconceitos.

O alvião ( O Martelo ) com duas extremidades, uma das quais pontiagudas, Serve para
desbastar todas as arestas da imperfeição e este trabalho é dos mais árduos, o deve
ser orientado. para que o Esq:. Da verdade possa ser colocado fácil e justamente.
Pautado em todos os seus atos e decisões da mais absoluta retidão em se tratando de
seus semelhantes.

A Pedra Bruta
13 de janeiro de 2020/1 Comentário/em artigos /por admin

A pedra bruta simboliza o começo do aperfeiçoamento moral a que


todo aprendiz é convidado a buscar. Nela, o recém iniciado, trabalhará
objetivando a extinção de seus vícios adquiridos ao longo da sua vida antes
da maçonaria. A pedra bruta representa o homem do mundo, imerso na
rotina, embebido na vida ilusória, arrastado pelas paixões e vaidades de toda
ordem, que mais obedece aos instintos do que a razão, representa enfim,
nosso estado de imperfeição.

Sendo assim, o ofício do aprendiz que se coloca disposto a


autotransformação é integrado, sendo ele o próprio artífice da mudança,
constituindo-se ao mesmo tempo em trabalhador, matéria prima e
ferramenta, a desbastar da pedra bruta, que é ele mesmo, as imperfeições
que o distanciam do Criador.

No momento em que reconhecemos nossas falhas estamos a um passo de


começar a trabalha-las, empregando nosso esforço na intenção de atingir o
progresso, isso porque só podemos modificar aquilo que de fato
conhecemos. Essa tarefa baseia-se na eliminação daquilo que identificamos
como incorreto na nossa conduta, nocivo nas nossas ações, e recorrente
dentre nossas fraquezas, o que vai nos exigir muita disciplina, por tratar-se
de um aprimoramento permanente.

Aparando as asperezas
A arte de aparar as asperezas da pedra bruta é um caminho ininterrupto ao
alcance daquilo que se considera como o ideal de moralização integral do
ser. Embora o trabalho de lapidação da pedra bruta seja a simbologia
maçônica ligada ao aprendiz, não se esgota nele, e sim, trata-se de um
processo contínuo de aprendizagem porque o ser humano está em constante
aprimoramento.
Esse trabalho de lapidação da pedra bruta não busca chegar a nenhuma
forma física predefinida, entretanto visa formatar moralmente o indivíduo,
tanto melhor quanto possa, esculpindo-o e libertando-o das asperezas de sua
personalidade, deixando manifestar-se o sentimento que carregamos em
nosso íntimo de alcançarmos a perfeição relativa que se encontra latente
em nossas almas.
“Em cada bloco de mármore vejo uma estátua, vejo-a tão claramente como se estivesse na minha frente,
moldada e perfeita na pose e no efeito. Tenho apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a
adorável aparição para revelá-la a outros olhos como os meus já a vêem.” (Michelangelo)
O aprendiz trabalha na Pedra Bruta, e para isso é necessário Força, pois o desbaste é

muito maior. É claro que o trabalho do aprendiz pode ser apenas visto como um

aprimoramento moral. Mas, segundo meu entendimento, vou mais além: o trabalho do

aprendiz é uma forma de preparo onde o Irmão se livra dos paradigmas que o

acompanharam até então e produz em seu ser uma nova forma.

O aprendiz realiza em si mesmo uma “transformação”, ou seja, produz em si, como

resultado do seu trabalho, a corporificação de uma idéia (que no platonismo seria Forma=
Idéia), baseando-se, ainda que neste momento não o saiba, nas leis do Grande

Arquiteto do Universo (conforme expressa nosso ritual). Tomando sob esta ótica, não se

trata aqui apenas de uma adaptação moral, mas de uma conformação de seu ser a estas

próprias leis. Afinal, onde alguns vêem “moralismo”, outros podem perceber “ordem”.

A princípio, este trabalho inicial seria a aplicação prática daquele teorema, tendo em

vista que o aprendiz é orientado a fazer o trabalho conforme instruções que recebe, pois,

os únicos instrumentos dos quais dispõe são a régua graduada e o martelo pontiagudo.

Quando apenas aprendiz, o irmão apenas utilizava-se da régua e martelo pontiagudo

(discernimento e força de vontade), enquanto tinha seu trabalho, de tempo em tempo,

verificado pelo esquadro

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