Você está na página 1de 67

Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

EPÍSTOLAS I

Um estudo preliminar das doutrinas centrais referentes às Epístolas


I, como resposta ao contexto evangélico e os tratamentos
sistemáticos sobre as cartas do Apóstolo Paulo as Igrejas de Roma,
Corintos, Galácia, Éfeso, Colossos, Filipo e Tessalônica. Material
preparado para uso em aula de teologia sistemática com alunos do
Curso Básico de Educação Teologica à Distância - CBETED

por Pr. Célio Alves de Sousa

Curso Básico de Educação Teológica a Distância


Rua O, 306 – Bairro União
Parauapebas/PA
E-mail: prcelioalves@hotmail.com
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Copyright©2016 por CBETED – Curso Básico de Educação Teológica a Distância

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É


expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios
(eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por
escrito, do CBETED - Curso Básico de Educação Teológica a Distância.

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de


1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação ao contrário.

Revisado pelo pastor Vanderlei de Lima

Autor: Pr. Célio Alves de Sousa

O trabalho literário do escritor é de sua responsabilidade e cedido ao CBETED - Curso


Básico de Educação Teológica a Distância para publicação.

CBETED - Curso Básico de Educação Teológica a Distância


Rua O, 306 – Bairro União – Parauapebas/PA
CEP: 68.515-000
E-mail: prwanderleilima@hotmail.com
Contato: (94) 9813335
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Apresentação

Este é um dos fascículos que Integram o grupo das 26 disciplinas


componentes do Curso Básico de Teologia por correspondência,
patrocinado pelo Centro Superior de Educação Teológia - CESET, é vinculado
à Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de Anápolis em
Parauapebas e tem por objetivo oferecer formação teológica básica aos
evangélicos de um modo geral, quer sejam ou não obreiros, especialmente
àqueles que são impossibilitados de, por motivos diversos, frequentar um
curso regular de ensino teológico.

A elaboração dos fascículos deste curso está sedimentada em profunda


base bíblica, acrescida de pesquisas em selecionadas obras de autores
renomados e de reconhecida formação teológica, entre os quais, os de
cunho pentecostal de grande aceitação peio público evangélico, Institutos,
Seminários e Faculdades de Teologia.

O Curso Básico de Teologia por Correspondência tem a duração de dois


anos e é composto das seguintes disciplinas:
Bibliologia O Pentateuco Os Evangelhos
História da igreja Ética Cristã Escola Dominical
As Epistolas (1) Hermenêutica Escatologia
Doutrinas de Deus Livros Históricos Soteriologia
Anjos, Homem e Pecado Heresiologia Missiologia
Atos dos Apóstolos Teologia Pastoral Geografia Bíblica
Cristologia Doutrina da Igreja Livros Proféticos
Homilética Livros Poéticos Eclesiologia
As Epístolas (2) Paracletologia

Informações complementares poderão ser obtidas junto ao CESET,


enviando as correspondências para a Rua O, N: 306, Bairro União –
Parauapebas/PA – CEP: 68.515-000

Para informações
(94) 98168 2083 Pr. Célio - prcelioalves@hotmail.com
(94) 9813335 Pr. Wanderlei – prwanderleilima@hotmail.com
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

COMO ESTUDAR ESTE FASCÍCULO

Geralmente estudamos muito e não temos um aprendizado


correspondente. Isto pode acontecer, em parte, peio fato de
estudarmos de forma desordenada e sem qualquer metodologia.
Embora resumida, a orientação que passamos a expor, ser-lhe-á de
grande utilidade.

1 -Busque a ajuda divina

Considere que você está estudando a Palavra de Deus, cujo autor e


Intérprete é o próprio Deus. Portanto, ore a Ele dando-Lhe graça e
suplicando entendimento.
Nunca inicie o estudo deste fascículo, sem primeiro orar.

2 - Tenha à mão o material apropriado de estudo

Além da matéria a ser estudada contida neste fascículo, você deve


ter à mão as seguintes fontes de referências e pesquisas:

- Bíblia. Se possível em mais de uma versão.


- Dicionário Bíblico.
- Atlas Bíblico.
- Concordância Bíblica.
- Caderno de apontamentos individuais.

3 - Tenham organização e métodos de estudo

Você deve adquirir o hábito de sempre tomar notas de seus estudos,


pesquisas e meditações. As anotações no caderno deverão ser feitas
de modo organizado, pois, caso contrário, nenhuma utilidade terá.
Procure verificar com cuidado todas as referências bíblicas
procurando descobrir, através deias, o propósito da matéria em
estudo, isto é, o que ela deseja comunicar-lhe. Finalmente, para
melhor fixação do aprendizado, responda as questões elaboradas ao
final de cada capítulo.
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS

Ao completar o estudo deste fascículo você será capaz de:

• Dizer quais foram os motivos da escrita da carta aos Romanos;


• Explicar o que significa o termo grego Dikaiosune;
• Relatar qual a situação de Israel dentro do plano de salvação;
• Dizer qual o tema de 1 Coríntios;
• Mostrar quais deficiências os corintos tinham para serem
chamados de crianças;
• Dizer qual deve ser a conduta do crente no que diz respeito à Ceia
do Senhor;
• Listar os motivos de Paulo ao escrever a 2 Carta aos Coríntios;
• Explicar o tema de Gálatas;
• Mencionar quais os 2 sentidos que tinha o termo Galácia;
• Relatar como Paulo mostra a Igreja em Efésios;
• Mostrar a hierarquia dos anjos caídos de acordo com Ef 6.10-20;
• Citar qual o tema de Filipenses;
• Dizer qual sentimento pessoal Paulo tinha em relação aos
Filipenses;
• Descrever como deve ser a conduta dos crentes em consonância
com Colossenses;
• Dizer qual o propósito da carta aos Colossenses;
• Enfatizar quais propósitos de Paulo ao escrever 1 Tessaloni-
censes;
• Explicar como ocorrerá o arrebatamento da igreja de acordo com 1
Tessalonicenses;
• Mencionar onde Paulo estava quando escreveu 2 Tessaloni-
censes;
• Citar quais os acontecimentos serão predecessores da 2ª vinda de
Jesus.
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

ÍNDICE

AS EPÍSTOLAS I

INTRODUÇÃO 09

I - CARTA AOS ROMANOS 11

II -PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS 27

III-SEGUNDA CARTA AOS CORÍNTIOS 35

IV-CARTA AOS CÁLATAS 40

V-CARTA AOS EFÉSIOS 45

VI -CARTA AOS FILIPENSES 51

VII-CARTA AOS COLOSSENSES 53

VIII-PRIMBRACARTA AOS TESSALONICENSES 59

IX-SEGUNDACARTA AOS TESSALONICENSES 63

BIBLIOGRAFIA 67
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

INTRODUÇÃO

No mundo grego-romano as cartas particulares continham entre 150 e


250 palavras e as folhas de papiro mediam cerca de 34x28 cm
(aproximadamente as dimensões de um caderno escolar). A maioria das
cartas antigas não ocupava mais que uma página de papiro. As
dimensões médias das cartas que temos em nossas Bíblias, todavia, à
exceção de Filemon, 2 e 3 João são muito maiores do que o costumeiro.
Podemos dizer, então, que eles "inventaram" uma nova forma literária,
a epístola uma novidade por ser uma carta mais prolongada, devido à
sua natureza teológica, e, usualmente, comunitária dos endereçados.

No caso dos longos documentos, como as epístolas, as folhas soltas de


papiro eram coladas beirada com beirada a fim de formarem um rolo.
Visto que a granulação do papiro tornava o ato da escrita tedioso, era
costumeiro ditar as cartas a um escriba profissional, chamado de
amanuense, que usava uma espécie de estenografia durante o ditado
rápido. As declarações de Paulo de que ele escrevia a saudação final
com o próprio punho subtendem que as maiores porções de suas
epístolas eram escritas mediante o emprego de um amanuense (1 Co
16.21; Gl 6.11; Cl 4.18), assim como a primeira carta de Pedro que,
aparentemente, foi escrita por Silas (l Pd 5.12).

As cartas antigas tinham início com uma saudação que incluía o nome
do remetente e do destinatário, além de expressões atinentes à boa
saúde e ao bom êxito deste. Seguia-se o corpo principal da carta e,
finalmente, a despedida. Geralmente a despedida incluía saudações
enviadas por outras pessoas, juntamente com o autor, além de votos de
prosperidade finais. Usualmente as cartas não eram datadas. A
inexistência de um serviço postal público tornava necessário enviá-las
por meio de viajantes.

9
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

As epístolas do Novo Testamento estão agrupadas assim:

a) Epístolas Paulinas- Perfazem um total de treze e são apresentadas


da maior (Romanos) para a menor (Filemon), com exceção de 1 e 2
Timóteo e Tito, que interrompem tal arranjo, imediatamente antes da
carta a Filemon.

b) Epístolas Gerais-Também conhecidas como Epístolas "Universais",


termo usado primeiramente por Clemente De Alexandria {155 - 225).
Esta descrição refere-se ao fato de que tais cartas não foram
endereçadas a uma igreja local nem a pessoa específica, mas sim,
dirigidas à várias igrejas que ficavam, em sua maioria, na região da Ásia
Menor, São sete no total.

c) Hebreus - Apesar de alguns creditarem-na ao apóstolo Paulo, não


temos como asseverar que ele a tenha escrito. Entretanto, ela não é
agrupada com as epístolas gerais, por ser destinada a um povo
específico, os Hebreus.

Neste fascículo estudaremos as Epistolas 1 que vai da Carta aos


Romanos até a segunda Carta aos Tessalonicenses.

As Epístolas que serão estudadas são de multa importância para nossa


fé. Grandes e importantes conceitos foram tirados destes escritos
apostólicos, tais como: A doutrina da justificação pela fé, A atualidade
dos dons Espirituais, o Arrebatamento da Igreja, etc.

Nossa preocupação não foi a de esgotar o assunto, antes, dar uma visão
resumida, porém concisa sobre estas epístolas. Sempre traremos a
data, a autoria, o tema e a divisão principal de cada uma das epistolas,
além de um breve comentário sobre cada tópico.

Leia este fascículo com atenção e procure responder aos questionários


e certamente seus conhecimentos serão aumentados.

10
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

I - CARTA AOS ROMANOS

Pano de Fundo
Como preparação de seu novo trabalho missionária, Paulo escreve esta
epístola a fim de fazer-se conhecido. Tinha numerosos amigos em
Roma, deseja ir visitá-los, mas sempre é impedido (15.22; 1.13). A Igreja
em Roma não devia ser grande e era, provavelmente, constituída, em
sua maioria, de gentios, uma vez que ao dirigir-se a ela o apóstolo como
tais os classifica (1.13), somado ao fato de que o relato posterior de sua
visita a Roma, conforme dados nos Atos dos Apóstolos, indica
ignorância dos judeus no que diz respeito à verdade cristã. Tinham
ouvido falar naquele movimento, mas não o haviam investigado por si
mesmos nem a outros tinham anunciado (At 28.21), A Igreja gentia de
Roma continha, quando muito, uma pequena minoria de judeus os quais
não se contataram com seus compatriotas que fixaram residência
naquela cidade depois da pulsão no tempo de Gáudio. Suetônio informa-
nos: "Cláudio no ano 49 expulsou os judeus de Roma porque, instigados
por Crestos (Cristo), não cessavam de fazer agitação.

Não sendo atingidos pelo edito imperial, os gentios- cristãos passaram


a ser maioria na comunidade cristã de Roma. Como o edito de Cláudio
foi logo revogado (no ano 55), os judeus- cristãos puderam voltar à
capital, provavelmente no início do governo de Nero.

A Epístola aos Romanos é a principal do grupo chamado Doutrina. Sobre


ela comenta Lutero: “ o principal livro do Novo testamento e o mais puro
Evangelho, tão valioso que um cristão não só deveria saber de memória
cada palavra dele, mas tê-lo consigo diariamente, como o pão cotidiano
de sua alma'. Já Calvino afirmou: " Se alguém tem alcançado uma
verdadeira compreensão da epístola, tem-se lhe aberto uma porta para
aproximar-se dos tesouros mais preciosos das Escritura.

Autor da Carta
Paulo é o autor desta carta, conforme (Rm 15.15).

Tema da Carta
O justo viverá da fé. 11

11
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Data e Lugar da Escrita


Paulo estava em Corinto. Após escrever a carta aos Filipenses, decidiu
escrever aos cristãos de Roma. Febe, que era diaconisa e pertencia a
Igreja de Cencráia, deve ter sido a portadora da missiva (Rm 15.1-2).
Quanto à data parece não haver dúvida de que Paulo escreveu-a no ano
58 d.C

Destinatários
De acordo com Rm 1.7, "todos os que estão em Roma", são os
destinatários. Paulo não usa a expressão igreja, ao contrário do que
acontece em 1 e 2 Coríntios, Gálatas e 1 e 2 Tessalonicenses, o que nos
leva a acreditar que os crentes de Roma reuniam-se em casas (Rm
16.5). Certamente a Igreja em Roma não foi fundada por nenhum dos
apóstolos. Paulo não a iniciou, o que deduzimos de Rm 1.9 e 5.20.

Apesar de a tradição da igreja católica romana afirmar que Pedro foi seu
fundador, tal afirmação não possui consistência histórica, pois: * Pedro
estava em Jerusalém no Concílio do ano 50; * Paulo não fez nenhuma
alusão à pessoa de Pedro; * Paulo não manda saudação alguma a
Pedro, Propósito da Escrita O feto de Paulo nunca ter estado em Roma
faz com que ele escreva para:

a) apresentar-se a si mesmo
Paulo usa esta carta para apresentação de si mesmo. Mostra-se como
servo de Jesus, chamado por Deus para o ministério do apostolado, o
qual também lhe concedeu um Evangelho para ser anunciado. Este é o
motivo primário de sua carta aos Romanos.

b) apresentar sua mensagem


Por nunca ter estado em contato com aqueles crentes, havia uma dúvida
a respeito do tipo de mensagem que ele ensinava e, ao que parece,
existia também dúvidas sobre os direitos e privilégios da salvação tanto
de judeus quanto de gentios.

Divisão da Carta
Como dissemos anteriormente, esta carta é um grande tratado teológico
e pode ser dividida nas seguintes seções principais:

12
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

1. Introdução e Tema da Epístola (Cap. 1.1-7)

A identificação que Paulo faz de si mesmo como servo (do grego doulos,
que significa escravo, algemado, ligado a alguém) e apóstolo (do grego
apo = da parte de e stello = enviado com autoridade) serviria para fazê-
lo conhecido daqueles irmãos.

Ao lado de suas duas credenciais acrescenta sua missão como pregador


que, de acordo com ele, teria sido um ato divino, pois havia sido
separado por Deus para pregar o Evangelho. Enfatiza que seus leitores
foram chamados para serem de Jesus e também paia a santidade nEle.
A alegria do apóstolo dá-se em razão da notoriedade da fé dos romanos,
conhecida em todo o mundo, mostrando que os cristãos não estão
escondidos temendo as perseguições.

Paulo ora incessantemente pelos romanos, especificamente para que


Deus brevemente lhe conceda uma ocasião para estar pessoalmente
com eles. A visita, afirma ele, não tem outra razão senão repartir dons
espirituais e promover a firmeza da fé deles e também receber o conforto
da fé mútua, isto é, deles e sua.

A demora da visita é tida como algo que está além de suas forças, pois,
muitas vezes, esteve pronto para partir, mas foi impedido. A ida até
Roma é certa, pois, como pregador do Evangelho, Paulo sente-se
devedor. É como se ele quisesse dizer: ''tenho uma dívida de
evangelização para com todos os povos".

Mostra sua ousadia em anunciar o Evangelho, pois é o poder de Deus


para salvação daquela que creem, independentemente de sua etnia.
Também resume nos versículos 16 el7 o tema de sua carta: "o justo
viverá da fé". Para alguns estudiosos essa declaração pode ser tomada
como o resumo da teologia paulina num todo.

2. A Doutrina do Pecado (Caps.1.18-3.20)

a) A Ira de Deus sobre os gentios (1.18-32)

Tendo em mente a justificação pela fé, como assunto principal de sua


carta, Paulo torna claro a gentios e judeus a condição de ambos perante
Deus.

13
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Mesmo com a revelação pessoal de Deus por meio da natureza e de


toda criação, homens e mulheres partiram para o caminho da idolatria e
do politeísmo. A filosofia humana, em sua busca desenfreada por
explicações racionais para todas as coisas, fez com que os gentios se
tornassem fúteis e nulos. O culto e a adoração que deveriam ser
oferecidos por todos os homens ao Deus Todo-Poderoso, Criador,
Eterno e Divino, foram dirigidos às coisas criadas, às criaturas e aos
ídolos vãos. A consequência de tal atitude o apóstolo anuncia: Deus os
abandonou, entregando-os às concupiscências desonrosas, às paixões
infames, ao sentimento depravado e a todo tipo de mal.

O fato de os gentios haverem trocado Deus pelas coisas que Ele criou,
fez com que recebessem o juízo punitivo do Senhor, que os entregou a
uma vida total e completamente depravada, sujeita às mais tem terríveis
condenações. Este era o retrato dos gentios naquela época.

b) A imparcialidade e a severidade de Deus (2.1 -16)

Um judeu que lesse o que Paulo havia escrito sobre a condição dos
gentios certamente daria uma grande gargalhada e apontaria o dedo
acusando-os. Entretanto, o apóstolo volta sua atenção para os grandes
detentores dos privilégios espirituais do mundo - os circuncidados
judeus.

Antes de tratar do caso de seus compatriotas, vai ensinar que Deus, em


seu castigo e juízo, é imparcial e justo, tanto em relação aos gentios
quanto aos judeus, ainda que estes últimos se achassem isentos do
castigo divino, por pertencerem a uma nação privilegiada por terem sido
formados e escolhidos pelo próprio Deus. O ensino paulino para eles
afirmava que era que se ainda não haviam sido castigados era por causa
da tolerância de Deus e não por merecimentos próprios. O Senhor é
longânime, rico em bondade e está reservando todo juízo para o dia de
sua ira.

O julgamento de Deus atingirá tanto os judeus quanto os gentios.

Por sua justiça Ele levará em conta o conhecimento que cada um teve
dEle. A consciência do gentio será seu algoz e a lei mosaica será o
carrasco dos judeus. Assim sendo, podemos afirmar que ninguém,

14
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

desde a criação até os dias de hoje, terá desculpas diante de Deus,


sendo que todos são inescusáveis.

c) A ira de Deus sobre os judeus (2.17-29)

Podemos supor que aquele judeu que terminou o capítulo 01 dando


gargalhadas dos gentios e leu os 16 primeiros versículos do capítulo 2
já está temeroso, esperando a acusação final de Paulo contra seus
compatriotas.

Os judeus orgulhavam-se de duas coisas:

* O fato de Deus outorgar-lhes a lei- conhecida por eles com o nome de


Tora - causou-lhes vaidade e orgulho pessoal, além de criar, também,
uma sensação de impunidade. Sabedor de tais fatos, Paulo, recrimina-
os por se tornarem insensíveis na prática da lei.

* Além da lei os judeus também se escondiam atrás da circuncisão.

Rito que teve início com Abraão (Gn 17.9 - 14), com o intuito divino de
fazê-los diferentes de todas as demais nações, mas que visava muito
mais do que diferençá-los carnalmente. Segundo Paulo, a circuncisão
verdadeira deveria ser feita no coração, arrancando a peie da
incredulidade.

• Portanto, consideravam-se tão privilegiados e melhores que os


"gentios", mas no dia-a-dia mostravam-se tão merecedores do castigo e
do juízo quanto aqueles.

d) O justo julgamento (3.1-20)

Ao trazer tão graves acusações contra os judeus, certamente o apóstolo


espera uma reação intempestiva e procura antecipar-se às objeções que
surgiriam:

• “Qual é a vantagem do judeu”? Qual a utilidade da circuncisão? Os


judeus receberam os oráculos de Deus, foram os depositários da Lei e
também foram escolhidos para levar a mensagem de salvação aos
gentios, responde-lhes Paulo.

15
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

•"Se alguns não creram, tal incredulidade porá fim à fidelidade de Deus?"
Paulo ensina que a não permanência na fé, por parte dos judeus, não
anulou a fidelidade de Deus, pois Ele, em sua essência, não pode ser
infiel.

• "Não seria Deus injusto ao castigar os judeus pelo seu pecado, visto
que é pelo pecado deles que a justiça divina foi manifestada?"- Paulo
rejeita esta ideia e a considera absurda, pois Deus não pode deixar de
exercer julgamento sobre quem quer que seja.

A seguir, o apóstolo reúne uma série de citações do Antigo Testamento


para demonstrar que todos os judeus e gentios pecaram. As opiniões
dos mestres das leis judaicas e as filosofias dos gentios são
confrontadas com a Palavra de Deus e a sentença final é: todos são
culpados.

3. A Doutrina da Justificação (Caps. 3.21-5.21}

a) A Justiça de Deus (3.21 - 31)

Tudo o que foi dito até aqui deixa o homem em um beco sem saída.
O pecado é real e faz com que o homem perca a glória e a comunhão
com Deus, Nada há que o homem faça por si mesmo que possa resultar
em salvação para sua vida.

Diante de toda injustiça inerente ao ser humano (judeu ou gentio), Deus


vem ao seu encontroe credita na conta daquele que crê a SUA

PRÓPRIA JUSTIÇA, por meio da expiação promovida por Cristo na cruz


do calvário.

Quatro termos são importantes nesta seção:

* Justificados for. Dikaiosune') - termo jurídico que significa absolvido da


culpa; ser declarado justo. O sacrifício na cruz do Calvário colocou na
conta do homem o nome de Jesus e em tal conta, justa e limpa, foi
colocado o nome daquele que acredita em Cristo como seu único e
suficiente meio de salvação. Neste caso, quando Deus olha para nós,
não nos vê, e sim, Cristo em nós, *Graça gr. Charis) - "pois a justificação
foi dada a nós gratuitamente por sua graça". A palavra graça significa

16
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

favor imerecido. Por causa da graça de Deus nós não recebemos a


devida condenação que merecemos.

* Redenção (Gr. Lytron) - a palavra redenção significa o resgate pago


para obtenção de livramento ou liberdade. A morte de Jesus na cruz foi
o pagamento pelo pecado do homem, o qual, por esse meio, ganhou a
libertação da escravidão,

* Propiciação (gr. Hilasterion) - que traz a ideia de aplacar, conciliar, ou


apaziguar alguém por meio da satisfação. Em Cristo e por meio de sua
morte Deus foi "satisfeito e ou aplacado" em sua ira.

Sobre a manifestação da justiça de Deus, Paulo lembra-nos quatro


verdades:

1ª - Ela é independente da lei (3.21);


2ª - Ela é testemunhada pela Lei (3.21);
3ª - Ela é gratuita (3.24);
4ª - Ela é divinamente reta (3.26-31).

b) A justiça por melo da fé (4.1 -25)

Dando prosseguimento a sua dissertação sobre a justificação pela fé,


Paulo mostra que a teologia da justificação pela fé não é nova, antes, é
antiquíssima, remonta a Davi e a Abraão.

Partindo da declaração de Genesis 15.6, o escritor expõe que Abraão foi


declarado justo pela fé, não por obras. Quando Abraão foi justificado,
lembra Paulo, ainda não havia Lei.

O outro lado da moeda da justificação pela fé é exemplificado com a vida


de Davi, que não fez segredo de seus pecados e erros morais (Ex: SI 32
e 51), contudo, recorrendo à graça e misericórdia de Deus, alcançou
perdão para seus pecados, enquanto que de acordo com a lei o único
merecimento de Davi seria o apedrejamento.

Os judeus que lessem este capítulo até concordariam que Abraão não
foi justificado por suas obras, mas não se esqueceriam da circuncisão
como meio de salvação para ele. Paulo, então, lhes traz à memória, que
a circuncisão foi o sinal da justificação de Abraão e não a sua causa. Os

17
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

verdadeiros filhos de Abraão não são os circuncidados na carne; são os


que seguem suas pisadas de fé e dela vivem.

Paulo insiste em tirar da mente e do pensamento de seus leitores, que


se orgulhavam de sua ascendência, qualquer possibilidade de
justificação por meio da Lei ou das obras e, por isso, dos w. 13 até o 25
revela que a vida de Abraão foi uma vida de fé - exemplificada no
recebimento da promessa de ser pai de uma multidão e de ter um filho
em sua velhice, com cerca de cem anos e sua esposa com uns noventa
anos.

Fé repete Paulo, foi a fé de Abraão que fez com que ele ganhasse
reconhecimento diante de Deus e, por que não dizer, diante dos homens
também. Deus declarou Abraão justo e ele creu nisso.

c) A justiça dos crentes (5.1-21)

Ao tratar tão profundamente sobre a justificação pela fé não foca apenas


na teoria, mas passa a relatar os benefícios que o homem justificado por
Deus pode gozar.

Primeiro, o justificado tem paz com Deus (v. 1), pois tal pessoa pode, a
partir de então, receber perdão e ser aceito por Ele. O relacionamento
seu com Deus é maravilhoso e terno.

Segundo, o justificado tem acesso à graça (v.2). Temos aqui a ideia de


introdução na presença do rei. Por causa da morte de Jesus o crente é
levado à presença do Pai sem ter que passar pelos protocolos tão
comuns às grandes audiências.

Terceiro, o Justificado exulta-se na esperança da glória de Deus (v.2) e


não deve angustiar-se por causa de problemas ou sofrimentos no
presente, pois em breve deverá participar de tal glória.

Quarto, o justificado tem gozo nas provações (v. 3) - As provações e


tribulações que nos afligem devem ser encaradas como meio de
aperfeiçoamento. Quinto, o justificado experimenta o amor de Deus
derramado em seu coração e tem segurança (v. 5-11). Paulo faz questão
de mostrar que o justificado é alvo do amor de Deus, amor este
demonstrado na morte de Jesus, quando ainda estávamos fracos e no

18
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

pecado. Sua morte foi nosso ponto de contato com Deus, nosso elo de
ligação com o Pai, nossa ponte de volta para a casa de nosso Criador.

A seguir, Paulo contrasta a obra de salvação por meio de Jesus com a


obra de condenação feita por Adão. Por ser o primeiro homem, estava
sobre os ombros de Adão a responsabilidade de uma vida dedicada a
Deus e de plena obediência a Ele. O caminho escolhido por nosso
primeiro pai, todavia, foi o do pecado. Por se tornar um transgressor
transmitiu a seus descendentes o seu pecado, fazendo com que todos
os homens fossem pecadores, passando a morte, tanto a física quanto
a espiritual, a ser companheira inseparável do homem. Assim, todos
foram separados de Deus, porém, o pecado de Adão não pegou Deus
de surpresa. O sacrifício de Cristo não foi um plano alternativo de
salvação. Segundo Paulo, Adão era figura de Cristo que haveria de vir.

Dos versículos 15 a 21 observamos a sinterização dos resultados das


vidas de Adão e de Cristo. Em resumo, aquele trouxe o pecado, a
condenação, a desobediência e a morte; este trouxe a vida, a
justificação, a obediência e a justiça,

Com o advento da lei, o pecado aumentou, pois o homem, que já era


pecador, tornou-se ainda mais pecador. A graça, então, precisou ser
ainda maior que a condenação, de modo a ser muito mais abundante.

4. A Doutrina da Santificação (Caps. 6.1-8.39)

A doutrina da justificação pela fé poderia causar uma certa


licenciosidade e, talvez, uma vida totalmente imoral, já que apenas a fé
é suficiente para conceder salvação. Alguém logo gritaria: "sou salvo
independentemente da vida que eu viver", pois dependo apenas da
graça divina. Assim sendo, antes que tal pessoa se levantasse, ele
passa a ensinar que a salvação não é apenas questão legal ou judiciária,
ela também envolve a ética e a moral. Vejamos, então, como o justificado
em Cristo deve viver seu dia-a-dia.

a) vida nova em Cristo (6.1-14)

Paulo, ao escrever, parece prever cada uma das reações de seus


leitores romanos, quando afirmou que onde abundou o pecado
superabundou a graça. Um de seus leitores poderia ter argumentado:

19
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

"então vou pecar muito para receber mais graça ainda!". De modo
nenhum, respondeu o apóstolo.

O cristão está morto para o pecado e não pode voltar à vida de pecador.
Deve, sim, participar (ser mergulhado, emergido) da morte de Cristo,
identificando-se com Ele e, assim, morrer para o pecado. O velho
homem deve ser mantido sob domínio.

Nossa nova vida, longe do domínio do pecado, precisa agora ser


santificada ao Senhor, A santificação é iniciada com a justificação e é
composta de duas partes; a primeira é obra de Deus, quando somos
declarados justificados e santos; a outra é trabalho do homem, que deve
separar-se para ser usados exclusivamente para Deus. Podemos,
assim, dizer que cabe ao homem não se deixar dominar novamente pelo
pecado, mas fazer de seu corpo um instrumento de justiça.

A graça, contrariando a lei, oferece os meios para o perdão e para uma


vida isenta de pecado.

b) A Lei versus a Graça (6.15-23)

Com o cumprimento da lei por Cristo e a consequente desobrigação do


cristão em guardá-la, alguns poderiam alegar viver uma vida de
libertinagem. A estes Paulo responde que o fato do cristão estar agora
debaixo da graça não significa que ele é dono de sua própria vida, é
necessário que escolhamos qual tipo de senhorio vamos aceitar; o de
Deus ou o do pecado. Com seu vasto conhecimento da cultura que o
rodeava, o que Paulo está fazendo é lembrar como acontecia a
libertação de um escravo: tal liberdade era comprada com dinheiro, que
era levado a um templo e oferecido a um "deus" qualquer. Do templo o
dinheiro seguia até as mãos de seu dono. Assim, o escravo tornava-se
liberto, mas se tomava "escravo" do "deus" a quem ele houvesse
ofertado aquele dinheiro. O cristão,

como livre do pecado, não pode viver de forma irresponsável, pois é um


escravo do Deus Todo-Poderoso, devendo viver para Ele e para sua
glória, além de se manter separado do pecado e em santificação.

20
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Paulo encerra esta seção mostrando que tanto a justiça de Deus quanto
o pecado têm seus salários; este dá como pagamento a morte; aquela a
vida eterna em Cristo Jesus.

c) O cristão e sua relação com a Lei (7.1 -25)

Primeiramente, Paulo usa a lei sobre o matrimonio para ilustrar a relação


do crente com Jesus. Assim como uma mulher que esteve casada com
seu marido era obrigada, pela lei, a ser fiel a ele, o homem esteve ligado
a Lei e era obrigado também a ser fiel a ela. Com a morte do esposo
aquela mulher estava livre para contrair novas núpcias e desobrigada
daquele antigo casamento. O crente morreu Para a Lei e ficou
desobrigado de guardá-la e estava livre para se unir a Jesus (w, 1 - 6).

A seguir mostra que o problema não era a Lei, isto é, a lei não é pecado.
Entretanto, afirma ele, a lei trouxe consciência do pecado. Enquanto não
havia proibição, não existia, não haveria punição para o homem. Com
seu advento, todavia, veio também a proibição e com ela,
inevitavelmente, a punição (w. 7,8)

Segundo o entendimento de Paulo, a lei é santa, justa e boa, entretanto


o pecado perverteu-a e fez com que eia gerasse a morte. Ela acaba,
então, sendo uma maldição (w. 9 -13).

Na última parte do capítulo 7, Paulo traçou um quadro da vida cristã, ao


descrever alguém que odeia o pecado e o condena, mas no viver diário
acaba cometendo aquilo que tenazmente condena. Faz uso de suas
próprias lutas para mostrar que o corpo carnal é tendencioso ao pecado,
a ponto de expressar seu profundo desejo de libertação, a morte, único
meio de se livrar do corpo pecaminoso. O capítulo é encerrado com um
hino de louvor, peia salvação proporcionada por Jesus (vv. 14 - 25).

d) Não há condenação (8.1-17)

A nova vida, concedida pelo Pai, é livre de toda e qualquer condenação.


Aquilo que a Lei não foi capaz de providenciar ao pecador perdão, Jesus,
por meio de sua morte e ressurreição, trouxe e fez mais ainda: por Ele o
homem é absolvido de sua condenação e fica livre para sempre do
pecado e da morte.

21
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Com Cristo o homem é investido numa nova vida, no domínio do Espírito


Santo. Seus interesses deixaram de ser as coisas da carne e passaram
a ser as coisas espirituais. Em contraste com o controle do pecado, que
escraviza e aterroriza, o cristão recebeu o Espírito de adoção. Por isso
enfatizando o companheirismo e a solidariedade do Espírito Santo.

e) O sofrimento que redime (8.18 -27)


De acordo com Paulo o sofrimento do presente não se compara àquilo
que Deus tem reservado aos que nele confiam. A certeza da vitória futura
é confirmada por três fatos:

* A unidade da criação w. 19- 22 - A queda do homem fez com que a


natureza ficasse sujeita à vaidade e ao pecado da humanidade. A terra,
contudo, será redimida, juntamente com o homem. A expectativa de
redenção do mundo visível é a garantia de que também os homens
receberão um corpo glorificado.

* A esperança do cristão, w, 24,25. Além da natureza, que confirma a


vitória futura, passa a apresentar a esperança do cristão como outra
certeza de redenção. A esperança fundamentada na fé confirma que um
dia, o mais breve possível, experimentaremos da glória divina.

* O auxílio do Espírito Santo (w. 26,27), A presença do Espírito Santo


habitando no homem e participando de seus anseios no momento da
oração é uma garantia de que experimentaremos a vitória.

f) Mais que vencedores (8.28 -39)

Finalizando sua seção sobre santificação, Paulo projeta seus olhos para
a majestade e a glória de Deus e lembra que podemos ficar seguros e
firmes no plano divino de redenção. Nada escapa de seu controle e o
crente pode ficar confiante, pois "todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus".

A confiança vem da certeza de que Deus está com o crente e é por ele.
Quem ousaria combater contra o Todo-Poderoso?

As provações e lutas não devem assustar o cristão, as dificuldades e


barreiras não são empecilhos capazes de derrotá-lo. Somos "mais que

22
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

vencedores" e nada "poderá nos separar do amor de Deus que está em


Cristo Jesus".

5. A Salvação e o Povo de Israel (Caps. 9.11-11;36)

Aqui Paulo abre um parêntese em sua argumentação teológica mesmo


com a rebeldia e rejeição ao plano divino de salvação, Deus tratará com
Israel de forma diferente.

Esta parte é apresentada em três tópicos principais:

a) A soberania de Deus e a eleição de Israel (9.1 -29)

A rejeição de Israel não fez com que seus filhos deixassem de ser
tratados como povo escolhido. Os judeus ainda ocupavam um lugar
especial no plano divino. Paulo lembra que os benefícios dados aos
gentios foram primeiramente confiados aos judeus. Vieram deles as
seguintes coisas: a Adoção, a glória, as alianças, a lei, as promessas, o
templo e os patriarcas.

A fidelidade de Deus - De acordo com Paulo as promessas feitas por


Deus não caíram no esquecimento; entretanto, apenas o verdadeiro
Israel veria seu total cumprimento. Os judeus apegavam-se muito ao fato
de serem descendentes de Abraão e por isso teriam

privilégios especiais. Paulo, contudo, lembra-lhes que Deus recebe os


homens como filhos seus, não por direitos de hereditariedade, mas sim,
por fé. Não há méritos humanos nem existe favoritismo por parte de
Deus. Ele é livre em seu processo de escolha e soberano para preterir
ou escolher a quem quiser.

A eleição de Israel - Paulo afirma em alto e bom tom que não existe
injustiça em Deus, em Sua soberania sobre todas as coisas. Ele
escolheu Israel para ser participante e colaborador de seus pianos, O
povo de Israel deveria mostrar o poder e a glória existente no nome de
Jeová em toda a terra.

Deus foi justo em eleger Israel, porém, eles deveriam ter pego o caminho
da fé, para receberem a justiça divina sobre si mesmos. Aqueles que
tentaram estabelecer sua justiça em qualquer outra base, seja na sua

23
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

própria ou na guarda da lei, bateram de frente com a pedra, que seria a


pedra de tropeço, o messias.

b) A rejeição de Israel (10.1-21)

Quando Israel rejeitou a obra salvífica de Jesus tornou-se alvo da


mesma condenação que cairia sobre as demais pessoas. Os judeus não
perceberam que Cristo era o cumprimento da Lei. A lei de Moisés não
foi suficiente para justificar, antes, apenas condenava. Seu zelo era bom,
mas tal zelo não os fazia mais aceitáveis diante de Deus. A única
maneira de ser aceito por Ele seria por meio da fé em Cristo. Os que
creem e confessam que Jesus é o Senhor serão salvos. A fé em Jesus
foi pregada a eles, mas, conscientemente, preferiram continuar
observando a Lei a crerem Jesus.

A incredulidade dos judeus selou o veredicto de Deus: condenados e


rejeitados.

c) A restauração futura de Israel (11.1 -36)

Neste capítulo Paulo diz que a fé de um remanescente de Israel indica


que ainda há esperança de salvação para os judeus. A rejeição feita por
Deus não durará para sempre. Até porque tal rejeição foi necessária,
visto que por sua causa. Deus abriu a porta de salvação para os gentios.

Assim, os gentios conseguiram alcançar a porta da salvação, o que não


lhes deixa lugar para vaidade ou orgulho, pois a misericórdia de Deus é
a causa de serem salvos. Chegará o dia em que essa porta será
fechada, e o Senhor voltará a tratar com seu povo escolhido. Há um
plano futuro de salvação de Deus para o povo de Israel.

6. A Vida Cristã na Prática (Caps. 12.1-15.13}

A partir deste capítulo Paulo mostra que tudo o que escreveu como
doutrinas ou teses pode e deve ser colocado em prática no dia-a-dia dp
cristão, deixando claro que o cristianismo não consiste em teorias ^
expressões frias, mas pode ser vivido na experiência diária. Paulo fala
do:

24
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

a) Dever do crente como membro da igreja:

• O culto espiritual e consagração de vida (12.1,2), O crente em Jesus


deve ter sua mente (nous) transformada pela Palavra de Deus e,
contrastando com os sacrifícios dos hebreus, em que animais mortos
eram oferecidos, Paulo afirma que na nova vida em Cristo a própria vida
em sua totalidade deve ser oferecida como um sacrifício vivo para Ele.

• O serviço cristão (12.3-8). Os dons espirituais devem ser usados para


promover crescimento na comunidade. Cada um, segundo o que
recebeu de Deus, contribui para a unidade do corpo e não como motivo
de vanglória ou para benefício próprio.

• O amor para com os irmãos (12.9-21). Sabendo da tendência humana


para o egoísmo, Paulo recomenda que o amor e a

abnegação devem nortear as atitudes dos crentes e que as ações da


velha natureza precisam ser abandonadas e a novidade da vida em
Cristo evidenciada a cada dia.

• Atitude em relação às autoridades políticas (13.1-7). Numa sociedade


que perseguia aos cristãos a recomendação do apóstolo é para que haja
submissão, pois tais autoridades, de acordo com Paulo, têm de Deus a
investidura para agir. O crente não deveria isentar-se de cumprir suas
obrigações de cidadão, pagando seus impostos. Vemos aqui também,
uma ordenança para que haja lisura em nossos negócios. Os que
possuem empresas ou empregados sob sua responsabilidade precisam
ser honestos, pagando a cada um o que lhe é devido.

b) O dever para com os membros da sociedade (13.8-14)

O cristão, na visão de Paulo, precisa ser o diferencial em todos os níveis


da sociedade. Parece lembrar a palavra de Cristo ao afirmar que nossa
justiça tem de exceder em muito a dos escribas e fariseus (Mt 5.20). O
conselho é para que eles, de forma digna do evangelho, deixem de lado
toda forma de carnalidade e desejo exagerado, pois o Dia do Senhor
chegaria em breve e há necessidade de os crentes serem sóbrios e
firmes em suas convicções.

25
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

c) O dever para com os mais fracos (14.1-15.13)

A igreja em Roma não estava livre de divisão de opiniões, pois alguns


não consideravam coisa alguma como sendo pecado, enquanto que
outros não admitiam comer uma simples porção de carne que não
tivesse sua origem explicada, pois consideravam tal ato como sendo
pecaminoso.

Além disso, alguns guardavam os dias de festas do calendário judaico,


e se consideravam, por isso, mais santos que os outros e queriam exigir
tal atitude dos demais.

A palavra do apóstolo é no sentido de que a liberdade de cada um deve


ser respeitada. O crente que evita escandalizar seu irmão, mesmo em
coisas que, aparentemente, não sejam consideradas pecado, mostra
amor e zelo para com o mais fraco na fé.

7. As Explicações (Cap. 15.14-23)

O apóstolo aproveita para falar de seu ministério apostólico, enfatizando


que sua vida e mistério são centrados em Cristo. Para ele era
imprescindível levar o Evangelho a pessoas que ainda não o conheciam.
Seu objetivo era passar por Roma e chegar até a Espanha e lá também
ser um mensageiro de Cristo. Para que seus intentos fossem realizados
roga as orações dos irmãos.

8. As Saudações (Cap. 16.1-27)

Este capítulo é uma sequência de saudações, num total de 26 nomes,


além de outras pessoas não mencionadas nominalmente, misturadas a
uma séria advertência contra os judaizantes que se faziam presentes
praticamente em todas as igrejas daquela época (17-20). Finaliza-se
com uma doxologia.

Esboço
I - Introdução e tema (1.1-17);
II - A Necessidade do Evangelho (1.18-3.20);
III –A justificação pela fé (3.21-31);
IV - Abraão, o justificado pela fé (4.1-25);
V - Os resultados da justificação (5.1- 21);

26
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

VI - A justificação promove a santificação (6.1-23);


VII - A lei e a graça (7.1-25);
VIII - A certeza da Salvação (8.1-39);
IX -A escolha de Deus (9.1-33);
X –A desobediência dos judeus (10.1-21);
XI -O futuro de Israel (11.1-36);
XII –Exortações práticas (12.1-15.33);
XIII –Saudações finais (16.1-27).

II - PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS

Pano de Fundo
Durante seu tempo de pregação em Éfeso Paulo teve contato corri as
igrejas da Acaia que fundara na viagem anterior. A igreja em Corinto
contribuía para sua instabilidade e se tornava um problema espinhoso
para ele. Composta em grande parte por gentios pouco familiarizados
com o ensino do Antigo Testamento e sem os princípios cristãos, era
preciso muito ensino para levá-los à maturidade espiritual.

Apolo e Pedro, possivelmente, tiveram contato com os crentes desta


igreja, visto que entre eles havia uma predileção por determinado
pregador: uns se diziam de Pedro e outros de Apolo, além dos que eram
do partido de Paulo e os de Cristo.
O ambiente moral de Corinto era tão ruim que se tornava necessário
uma separação absoluta do mal, para que a Igreja ali pudesse sobreviver

Autor da Carta
Paulo é autor desta carta, o que podemos constatar em 1.1,2 e 11.6-21.

Tema da Carta
A conduta cristã no lar, na Igreja e no mundo.

Data e Local da Escrita


Foi escrita entre os anos 55 e 57 d.C, enquanto o apóstolo empreendia
sua terceira viagem missionária, durante o tempo em que permaneceu
na cidade de Éfeso.

Destinatário
A igreja em Corinto, que foi fundada por Paulo durante sua Segunda
viagem missionária, quando ficou na cidade por dezoitos meses (At

27
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

18,1). Provavelmente era uma igreja grande e de muitos gentios,


havendo uma minoria de crentes judeus, depois que Paulo deixou a
igreja, seu trabalho teve continuação por meio de Apolo, crente judeu de
Alexandria.

A cidade de Corinto, capital da provinda da Acaia, ficava a menos de 10


km da faixa de terra que ligava a Acaia ao continente grego. A primeira
cidade foi arrasada em 146 a.C. Em 44 a.C. César reconstruiu-a por
causa de sua localização estratégica, tornando-a uma colônia romana,
a Laus Julia Corinthus.

A adoração a Afrodite era a principal em Corinto, cujo templo na acrópole


da cidade mantinha mil prostitutas (sacerdotisas) cultuais.

O comércio em Corinto era muito intenso, pois a cidade ligava o Oriente


e o Ocidente. A população girava em torno de 500.000 habitantes.

Propósitos da Carta
O motivo que levou Paulo a escrever esta carta é duplo:

* Corrigir os problemas surgidos dentro da Igreja, levados pelos da


família de Cloé, que consistiam em desavenças, divisões, imoralidades,
disputas e desordens no culto, além de outros;

* Responder as perguntas que Estéfanas, Fortunato e Acaico levaram


da Igreja para ele. Algumas delas versavam sobre o casamento, a carne
sacrificada nos templos e vendida nos açougues e os dons espirituais.

Divisão da Carta
1. Introdução (Cap. 1.1-9)
Como era seu costume, Paulo identifica-se como o autor, em conjunto
com Sóstenes, que havia sido líder da sinagoga de Corinto e agora
estava com ele em Éfeso. Agradece por eles terem recebido o evangelho
e externa sua alegria também pelo fato de os coríntios receberem a
palavra, o conhecimento, os dons espirituais e, especialmente, pela sua
fidelidade a Deus.

2. As divisões na Igreja (Cap. 1.10-17)


O primeiro assunto abordado por Paulo foi a divisão na igreja. Aqueles
crentes que haviam sido elogiados, pela santidade, pelo conhecimento,

28
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

etc, agora são advertidos por atitude errôneas que estavam causando
sua divisão.

Alguns se diziam seguidores de Paulo, certamente enfatizando a


libertação da lei judaica, outros preferiam Apolo, influenciados por sua
retórica e eloquência, outros seguiam Pedro que, certamente,
desejavam uma volta aos braços do cerimonialismo judaico e o último
grupo era formado pelos seguidores de Cristo que não davam ouvidos a
nenhum outro, senão ao próprio Cristo. Para Paulo, os coríntios estavam
em pecado e demonstravam loucura,

Deus, em sua sabedoria, anula o orgulho humano, ao salvar os homens


por meio de uma cruz, o que era considerado a maior loucura já dita
entre os coríntios. Paulo lembra que a mensagem do evangelho nãc veio
dos grandes pensamentos humanos, mas do próprio Espírito Santo.

3. Crianças em Cristo (Caps. 1.18-3.4)

Acostumados a serem considerados sábios e entendidos na filosofia


grega, os coríntios acreditavam que poderiam "transferir" toda sabedoria
que possuíam para os assuntos eclesiásticos. Paulo lembra-lhes que:

a) eles têm um conceito errado sobre a sabedoria (1.18-25)

b) eles não conhecem o significado, o poder ou a profundidade do


Evangelho (2.6-13)

c) A espiritualidade deles carece de muita maturidade (2.14-3.4), com


todas estas deficiências Paulo não titubeou em dar-lhes seu veredicto:
vocês são crianças.

4. Os Ministros e as Obras que Executam (Cap.3.5-23)

Ao contrário dos grupos que existiam na igreja de Corinto, que viviam


competindo entre si, Paulo mostra que não há competição entre ele

e Apolo, ou qualquer outro pregador, pois cada um desempenha um


trabalho e todos dependem de Deus.

29
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Como os pregadores estão a serviço de Deus, precisam terem mente


que o fundamento sobre o qual edificam a obra é o próprio Cristo e
nenhum outro pode ser colocado. Segundo o ensino de Paulo, cada
ministro de Deus terá suas obras provadas diante dEle. As obras aqui
são classificadas em duas categorias: duráveis (ouro, prata e pairas
preciosas) e destrutíveis (madeira, feno e palha). Os ministros não
correrão riscos de perder a salvação, pois escaparão do fogo, mas não
terão o que apresentar diante do Tribunal de Cristo.

5. Os Líderes Cristãos (Cap. 4.1-21)

Usando seu exemplo e o de Apolo, mostra a fragilidade humana e a


grande responsabilidade que líderes como eles têm com a mensagem
que pregam. Os pregadores são despenseiros ou mordomos de Deus e
devem ser honestos e leais no uso dos bens de seu Senhor e é deste
senhor que todos receberão a recompensa ou a condenação. O
conselho de Paulo é para que eles não emitam juízo contra quem quer
que seja deixando tal ato para Cristo.

Os líderes devem espelhar-se nos dois pregadores e suportarem as


grandes tribulações inerentes ao exercício do apostolado, assim como
Cristo sofreu e ensinou que tribulações esperavam os seus seguidores.
Assim os pregadores precisariam viver.
6. Sobre a Imoralidade (Cap. 5.1-13)

Paulo ficou sabendo que naquela igreja havia imoralidade sexual - um


rapaz estava vivendo com a esposa de seu pai, ou seja, existia lá uma
relação incestuosa. De acordo com o apóstolo a sociedade pagã
condenava tal prática, porém a igreja não fez coisa alguma para por fim
a tal situação e ainda se orgulhava do fato.

O conselho do apóstolo é que tal pessoa fosse colocada sob disciplina,


recomendando sua exclusão e expulsão, pois entregar a

Satanás é colocá-lo nos domínios do inimigo, sem qualquer contato com


o povo de Deus.

Não deveria haver nenhuma ligação com aquele homem, ninguém da


igreja deveria andar em sua companhia e ele não deveria participar da
mesa do Senhor (Ceia).

30
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

7. Questões da Igreja e a Sensualidade (Cap. 6.1-20)

As contendas entre os crentes avolumavam-se de tal forma que estavam


indo a tribunais pagãos. O apóstolo aconselha-os a acabarem com tal
prática, pois a existência de problemas entre eles era sinal de
carnalidade e de falta de compreensão espiritual. Alguns crentes
estavam dando lugar à impureza, usando como motivo a liberdade cristã.
O ensino Paulino é que a liberdade cristã não deve servir para práticas
ilícitas. O corpo do cristão foi comprado por Cristo, para ser templo do
Espírito Santo e deve ser usado para glorificar o nome de Deus.

8, Dúvidas Sobre o Casamento (Cap. 7.1-40)

Os crentes, que em sua maioria eram gentios, estavam tendo várias


dúvidas sobre as relações familiares e perguntavam:

a) Se o esposo ou a esposa convertido deveria deixar o cônjuge


incrédulo. A resposta de Paulo é que, havendo entendimento entre os
cônjuges, não havia necessidade de separação; se não houvesse tai
entendimento, a separação seria tolerada. Nas relações sexuais os
corpos dos cônjuges pertencem um ao outro.

b) Se o pai daria a mão de sua filha em casamento, ou se ela deveria


ser mantida virgem. Aqui ele ressalta o estado do celibato como a melhor
forma de servir ao senhor, contudo, deixa claro que ser celibatário é
vocação e não imposição, sendo o casamento uma benção de Deus. O
segundo casamento, ao que parece, não era muito tolerado por Paulo.

9. Dúvidas sobre as Carnes Sacrificadas (Cap. 8.1-13)

Os cultos aos deuses pagãos exigiam sacrifícios de animais, os quais,


após mortos e oferendados, tinham sua carne vendida nos açougues.
Alguns crentes tinham dúvidas se poderiam ou não comer aquele tipo
de carne outros comiam-na livremente, causando escândalo aos que
não comiam. Paulo adverte ao segundo grupo que nada deve servir de
motivo de tropeço para os irmãos, nem mesmo a carne que comemos.

31
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

10. A Autoridade Apostólica (Cap. 9.1-27)

Havia naquela igreja um grupo que negava a autoridade de Paulo como


apóstolo (6.18; 9.3). Uma das acusações contra ele era que não exigia
sustento financeiro porque ele não era um apóstolo de verdade. Paulo
lhes diz que eles próprios são a prova de seu apostolado. Ele não quis
ser sustentado pela igreja porque pretendeu usar uma estratégia: ter
liberdade para pregar como, quando e para quem quisesse, isto é, para
que os coríntios não pensassem que Paulo fosse obreiro exclusivo
deles.

11. Ordem na Igreja (Caps. 10.1-14.40)

Nestes capítulos Paulo dá uma série de ordens e admoestações sobre:

a) A relação graça, liberdade cristã e idolatria (10.1- 33).

Sendo moradores de uma cidade cosmopolita, alguns crentes de Corinto


estavam praticando a libertinagem e a idolatria. Paulo instrui-os com o
exemplo dos judeus que, mesmo sendo um povo escolhido por Deus,
foram por Ele rejeitados. Em uma ocasião citada por Paulo, cerca de
23.000 pessoas foram mortas. A liberdade de um crente não pode ser o
motivo de escândalo para outro e essa palavra de Paulo pode ser assim
parafraseada: posso fazer tudo o que quiser, mas não devo fazer tudo o
que quero. Ele usa seu próprio exemplo de abne-gação e pede que os
crentes sigam seu modelo, pois Cristo era sua inspiração de vida.

b) A conduta das mulheres na igreja (11.1-16).

Este texto tem sido objeto de discussões, sendo que alguns querem ver
aqui a obrigação da mulher de usar o véu na Igreja. Uma leitura
cuidadosa do texto, entretanto, nos mostra que trata da relação entre
homem e mulher, ordenada por Deus. Naquela época as mulheres
usavam o véu como símbolo de sujeição ao homem. O evangelho deu-
lhes uma liberdade que nunca antes tinham possuído, abolindo a
distinção dos sexos, quanto à salvação e ao estado de graça (Gl 3.28).
Parece que por causa desta liberdade ás mulheres de Corinto
reclamavam igualdade de condições com os homens, em todos os
sentidos e, como uma declaração clara deste direito, vieram a profetizar
e orar sem o véu. Ao fazerem isto, violaram a ordem divina: "Deus é a

32
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

cabeça de Cristo, Cristo a do homem, e o homem a da mulher". (1 Co


11.3).

c) As desordens na ceia do Senhor (11.17-34).

O restante do capítulo 11 trata sobre a Ceia do Senhor naquela igreja.


Uma festa feita antes da Ceia, chamada de Festa do Amor, que de início
servia para celebrar a comunhão entre os irmãos, foi a razão da
severidade de Paulo. Os crentes estavam embriagando-se e praticando
a glutonaria (w. 20-22), antes de participarem do pão e do vinho. A
situação era tão ruim que os crentes não tinham condições de cear.
Paulo lembra que para cear era necessário ter consciência do que se
estava fazendo, "discernindo" o "corpo e o sangue" das demais comidas.

d) O uso dos dons espirituais, tendo como alicerce o amor (12.1-14.40)

No capítulo 12 Paulo trata da variedade e distribuições dos dons


espirituais, "muitos dons em um só corpo", e da necessidade de se

manter a unidade da Igreja. Para isso faz uso da ilustração do corpo


humano que, apesar de possuir membros diferentes e com diferentes
funções, nunca deixa de ser visto como uma unidade. Neste corpo, que
é a Igreja, Cristo é o chefe, o cabeça.

O capítulo 13 enfatiza que não há dom espiritual, ou dons que não


tenham como alicerce o maior de todos os dons: o "Amor". Este tem sido
conhecido através dos séculos como o capítulo do amor. Podemos
dividi-lo assim:

* O amor versus os dons espirituais (13.1-3).

Paulo lembra-lhes que línguas estranhas, profecias, palavra de


conhecimento, de sabedoria, dom da fé, dons de socorro, etc. de nade
valem se não forem motivados pelo amor.

* O que o amor é e o que ele não é (13. 4-7).

* A permanência do amor (13.8-13).

33
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

No cap. 14 Paulo mostra que para ocorrer a manifestação dos dons


espirituais é necessário que haja ordem. Havia uma disputa entres eles.
Durante os cultos cada um queria mostrar sua "língua estranha" nova,
que causava verdadeira bagunça. Os descrentes que entrassem na
igreja diriam que ali havia um manicômio.

Paulo, a despeito do que pensam muitos estudiosos, não é contra a


manifestações espirituais. O que ele faz é normatizar essas
manifestações a fim de evitar desordens.

12. A Ressurreição (Cap. 15)

Na igreja de corinto surgiu um grupo que negava a ressurreição corporal


dos mortos em Cristo. De acordo com alguns, a ressurreição seria algo
espiritual, ou seja, a mudança de uma pessoa depravada e corrompida
em uma nova criatura. Pensavam que por causa da corrupção do
homem seria impossível ao corpo poder ser restaurado.

Por causa destas afirmações temos o mais profundo escrito sobre a


ressurreição do crente.

Ele usa a ressurreição de Cristo para ilustrar o que vai acontecer com o
crente que estiver morto por ocasião da volta de Jesus. Os que estiverem
vivos sucederão aos mortos e terão também seus corpos glorificados.

O grande ápice deste capítulo refere-se à aniquilação da morte.

13. Conclusão (Cap. 16)

Paulo termina esta carta dizendo aos crentes que não devem se
esquecer da coleta para os pobres de Jerusalém, avisa que ele, Apolo e
Timóteo estão para ir a Corinto. Encerra sua epístola fazendo suas
recomendações e despedidas costumeiras.

Esboço:
I- Saudações e ações de graça (1.1-9);
II- Divisões e facções (1.10 - 4.21);
III- Tolerância com a Imoralidade (5.1 -13);
IV- Litígio entre os irmãos (6.1 -11);
V- O pecado da fornicação (6.12-2 0);

34
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

VI- Paulo responde a uma carta dos irmãos (7.1 -14.40);


a) Sobre o casamento (7.1-40);
b) Sobre os limites da liberdade cristã (8.1 -11.1);
c) Sobre o véu das mulheres (11.2 -16);
d) Sobre a Ceia do Senhor (11.17 - 34);
e) Sobre os dons espirituais (12.1 -14.40);
VII- A ressurreição dos crentes (15.1 - 58);
VIII- Conclusão (16.1-24).

III- SEGUNDA CARTA AOS CORINTIOS

Pano de Fundo
Esta segunda carta difere da primeira porque trata de assuntos pessoais,
enquanto naqueles tais assuntos são doutrinários e de natureza
eclesiástica. Fala mais de si mesmo, de seu apostolado, de seus anseios
e desejos, de sua antipatia aos falsos apóstolos, etc. Podemos afirmar
que esta carta é uma continuação daquela, pois apenas alguns meses
decorreram entre a preparação e o envio de ambas.

Autor da Carta
Incontestavelmente Paulo é o autor, inclusive temos a citação de 2 Co
1.1, que reafirma tal autoria.

Tema da Carta
As responsabilidades e os sacrifícios do ministério cristão:

Local e Data da Escrita


Paulo estava na Macedônia, durante sua terceira viagem missionária,
entre os anos 55 e 57 d.C. Esta carta deve ter sido enviada por
intermédio de Tito, que viajava com Lucas e Timóteo (8.16,23).

Propósito da Escrita
Ao redigir a epístola Paulo tencionava:

* Expressar seu alívio e satisfação por ter seu ministério apostólico sido
aceito pela maioria dos irmãos de Corinto;

* Lembrá-los da oferta que recolheria entre eles;

* Defender, diante de uma minoria, sua autoridade apostólica.

35
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Destinatários
Os destinatários são os crentes da Igreja de Corinto, bem como todos
os demais da Acaia.

Conteúdo da Carta

1. Saudação e Ações de Graça (Cap. 1.1-2)

2. Louvor Após Perigo de Morte (Cap. 1.3-11)

Nesta carta, Paulo defende sua autoridade apostólica, apresenta-se bem


pessoal, humano e humilde para com os crentes, falando de seus
sofrimentos e tribulações, principalmente na região da Ásia, em virtude
de seu ministério, Apesar de todos os reveses assegura que o Deus que
o vocacionou é quem garante a continuidade de sua vida.

3. Por Que Paulo Adiou Sua Visita a Corinto? (Caps.1.12-2.13)


Sua primeira carta causou tristeza na Igreja e de certa forma ele se
alegra em saber que eles foram contristados por causa das repreensões
feitas por ele. Assegura que a tristeza causada por Deus produz vida e
a tristeza causada pelo mundo gera a morte.

Concernente ao caso de disciplina de um dos membros daquela Igreja


ele recomenda o perdão, já que o referido irmão se arrependeu.

4. A Superioridade do Ministério Apostólico (Caps. 2.14-4.6).


A resistência de um pequeno, porém, desgastante grupo de opositores
ao seu ministério apostólico faz com que Paulo mostre o contraste entre
o ministério dos apóstolos e o ministério de Moisés. Este era transitório
e sua glória passageira, enquanto os apóstolos eram mediadores de
uma aliança muito maior e de glória eterna.

O ministério de Paulo é pautado na liberdade do Espírito e na fidelidade


com que ele entrega os oráculos de Deus, sem nada acrescentar ou
reter daquilo que o Senhor lhe transmite.

Alguns crentes ali queriam ver sua carta de recomendação, que


comprovaria sua apostolicidade genuína. Ele repreende-os e responde-
lhes que eles próprios são sua carta de recomendação. Visto que cristo

36
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

é o único assunto do qual Paulo trata, ele tem convicção de que seu
ministério é frutífero,

5. Infortúnios e Certezas do Ministério Apostólico (Caps. 4.7-5.21)


Ministério apostólico é extremamente extenuante, afirma Paulo aos
coríntios, porém, visando cumprir uma tarefa que lhe foi imposta pelo
próprio Cristo, os olhos do apóstolo não estão colocados na esfera
carnal, pois sabe que todos os sofrimentos, que não são poucos, não
serão suficientes para impedi-lo de pregara reconciliação.

6. Ministros de Deus (Cap. 6.1-13)


Paulo abre seu coração para os crentes e fala de todos seus sofrimentos
e dificuldades. Ao que parece, seu desejo é comover os que ainda o
resistiam e para isso expressa uma total abertura na questão de
sentimentos e temores internos e principalmente um tom de amor
inconfundível.

7. Paulo Contente Diante do Arrependimento dos Coríntios 7.2-16.


Paulo lembra da tristeza iniciai e da alegria posterior e do quanto é
grande o amor dele para com aquela igreja. A vinda de Tito, com boas
notícias de mudança e de aceitação da reprimenda, faz com que sinta
grande alegria e confiança pelo fato de eles, como crentes, aceitarem,
ainda que um pouco contristados, suas admoestações.

8. Os Dois Bilhetes em Favor da Coleta (Caps. 8 e 9)


Aqui um parêntese é aberto para falar sobre a necessidade de se fazer
uma coleta para os crentes de Jerusalém que estavam passando fome,
lembrando-lhes que os Macedônios, menos abastados que eles,
estavam cooperando na coleta. A ida de Tito àquela Igreja era para
recolher aquilo que os irmãos haviam conseguido reunir. Cita o exemplo
de Cristo que doou a si mesmo deforma abnegada, estimulando tanto os
coríntios quanto os crentes de toda a Acaia a ajudarem os irmãos menos
favorecidos em Jerusalém.

9. Advertências Contra os Falsos Apóstolos (Caps. 10-13)


Em sua divisão final, a carta muda de tom e Paulo dirige-se à minoria
que continuava enfrentando-o, insuflados por falsos mestres que tinham
a aparência de ministros de cristo, mas que negavam a eficácia do
sangue de Jesus. Os crentes são exortados a buscarem discernimento
sobre tais "ministros de justiça" que afirmavam ser Paulo bom por cartas,

37
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

mas que, diante da Igreja, era medroso, tímido e não tinha coragem de
usar a mesma linguagem. A esta afronta ele diz que quando estiver com
eles, a resposta será dada, para se defender diz que seu apostolado
gerou e continua gerando muito sofrimento, açoites, apedrejamentos,
naufrágios, temores internos e externos. Afirma ter tido experiências
sobrenaturais e que carregava no corpo uma enfermidade, o "espinho
na carne", que, provavelmente, se tratava de um problema nos olhos (Gl
4.15), causado por malária. Encerrando sua carta, lembra-lhes que está
para ir vê-los pela terceira vez'. Sua esperança era não sofrer nenhuma
decepção ou tristeza quando lá chegasse. Mantém o tom severo,
prometendo inquirir e castigar aqueles que se encontrassem no erro.

Conclui com uma saudação trinitária, que é única na Bíblia Sagrada.

Esboço
I-Saudações (1.1-11);
II- Sua visita àquela igreja (1.12 - 2.4);
III- Perdão ao pecador arrependido (2.5 -11);
IV- O desencontro entre ele e Tito em Trôade (2.12 -16);
V- A Carta de recomendação de Paulo (2.17-3.5);
VI- O velho e o novo Concerto (3.6 -18);
VII- O caráter do ministério de Paulo (4.1-7.16);
VIII- A Coleta para os crentes de Jerusalém (8.1-9.15);
IX- Paulo reafirma sua autoridade apostólica (10.1-13.14).

IV- CARTA AOS GÁLATAS

Pano de Fundo
Galácia era o nome dado ao território na zona do centro da Ásia Menor,
onde os invasores gauleses tinham se estabelecido no terceiro século
antes de Cristo. Os romanos incorporaram essa região em 64 a.C. e
aumentaram o território dando-lhe a alcunha de Galácia.

Dentro da província da Galácia ficavam as aldeias que Paulo


evangelizou por ocasião de sua primeira viagem missionária, a saber,
Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe (At 13,14).

Esta carta tem sido intitulada de declaração de independência cristã. No


entanto é, ao mesmo tempo, uma carta que nos mostra a completa
dependência de Deus.

38
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Autor da Carta
Paulo, o apóstolo e servo de Jesus Cristo, é o autor (Gl 1.1).

Tema da Carta
A epístola é a grande carta patente da liberdade cristã, que nos livra de
todas as opressivas teologias de salvação através dos esforços
humanos e que, por outro lado, serve de grandiosa afirmação da unidade
e igualdade de todos os crentes dentro da Igreja de Jesus Em outras
palavras, podemos afirmar que o tema de Gálatas é a salvação pela
graça, mediante a fé.

Data e local da Escrita


É provável que esta carta tenha sido escrita da Macedónia, durante sua
terceira viagem missionária, quando ficou sabendo que os gálatas
haviam se sujeitado à lei, novamente, entre os anos 56 e 57 d.C.

Destinatários
Conforme 1.2 os destinatários são as igrejas da Galácia. Na época de
Paulo o termo Galácia tinha dois sentidos: 1) a Galácia propriamente
dita (o reino primitivo, ao norte), cujos habitantes eram, de fato, da raça
gaiata, e, 2) os territórios meridionais (Psídia, Panfília e Licaônia), cuja
ligação com a Galácia propriamente dita era apenas administrativa.

Propósito da Escrita
Paulo tinha três objetivos em mente quando a escreveu:

* Impedir a propaganda judaica, perigosa para a vida cristã;

* Defender sua autoridade apostólica, diante da qual permanece ou cai


qualquer ensino;

* Explicar o conteúdo mais profundo do Evangelho, isto é, que Cristo


libertou-nos da maldição da Lei e que recebemos o direito de filhos.

Conteúdo da Carta
1. Introdução (Cap.1.1-9)
Contrariando seu costume, Paulo omite a ação de graças e já inicia
apresentando sua missão de apóstolo como recebida diretamente de
Jesus Cristo. Não é uma carta de agradecimentos ou pedido de descul-

39
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

pas. Mostra-se contrariado com aquela igreja, visto que eles estão
contestando sua autoridade apostólica e enveredando-se por um
caminho, a lei, que não traz vida.

Empregado quatro vezes, dentro desta divisão, o termo "evangelho",


Paulo situa-se no centro da crise gaiata. Existe um só evangelho, aquele
que ele pregou, e quem anunciar outro é perturbador.

2. A Autoridade de Paulo e a Verdade do Evangelho 1.10-2.21.


Paulo diz que seu evangelho e seu apostolado foram recebidos
diretamente de Cristo, sem nenhum intermediário humano, pois teve um
encontro com o Senhor. Afirma que os líderes da Igreja em Jerusalém
(Tiago, João e Pedro) não contestaram seu Evangelho e fizeram questão
de lhe apertarem a mão em sinal de comunhão. Depois de haver
primeiramente pregado entre os judeus, Deus fez de si o portador do
Evangelho para os gentios, por ele chamado de evangelho da
incircuncisão.

Os gálatas diziam que:

* Paulo não era realmente um apóstolo;

* Seu ensino era derivado de algum verdadeiro apóstolo.

O evangelho de Paulo não é algo tenebroso e longe de fazer jogo duplo,


ele o defende abertamente, mesmo diante de Pedro, cuja conduta em
Antioquia era inconsequente e perigosa, para deixar claro que não é
inferior a nenhum dos apóstolos, especialmente Pedro, o preferido entre
os judaizantes e legalistas. .A origem de seu Evangelho é o próprio
Cristo e fora recebido através de revelação direta.

Paulo podia falar da lei, pois havia sido zeloso praticante dela até que
conheceu a verdade do evangelho por meio de Cristo e então a ele se
entregou de tal forma que anulou sua própria vida para viver uma outra
de fé e na graça de Deus

3. A Justificação Pela Fé e Não Pela Lei (Caps. 3.1- 4.31)

a) Paulo apela à experiência vivida pelos gálatas que não podia ser
abandonada (3.1-18)

40
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Os crentes gálatas deixaram-se seduzir pela comodidade dos


judaizantes que pregavam apenas a circuncisão como meio de salvação.
Irritado, ele os chama de loucos, por haverem abandonado a graça de
se prenderem novamente à lei. Em sua exposição argumenta que a
graça é anterior à lei, visto que Abraão, quando foi justificado, o foi sem
a intervenção legal.

A Única coisa que o homem conseguiu com a lei foi a maldição, pois não
bastava guardar parte da - a circuncisão. Todos os 248 mandamentos e
os 365 preceitos deveriam ser guardados e diante desta incapacidade
para o homem, a lei carregou-o de maldição.

b) Função transitória da lei (3.19-29)

A lei serviu para mostrar a incapacidade do homem em cumpri-la. Nos


ensinos de Paulo podemos ver que Deus nunca pensou em lei como
algo final e satisfatório, pois era transitória e serviria como um tutor, ou
pedagogo que cuida da criança até que chegue a idade de assumir suas
responsabilidades. Vendo assim, a Lei apontava desde o início para
Cristo, o único que teria o poder para tirar o pecado do homem. Paulo,
então, afirma que se o cristão quer guardar a lei não tem como ficar livre
de seus pecados e da maldição, pois ela não salva, antes traz mais
condenação. Era loucura e insensatez retornar ao jugo da lei.

c) Lei ou promessa? De que lado estamos? (Cap. 4.1-31)

A preocupação de Paulo (4.11) é grande e vivida dentro desta carta


mostra-lhes que os que querem guardar as práticas judaicas são como
filhos de uma escrava (ou filho de Agar). Ressalta que a aliança do
monte Sinai, simbolizada em Agar, foi de escravidão, ao passo que a
proporcionada por meio de Jesus é de libertação.

De acordo com Paulo os crentes deveriam apenas escolher o que era


melhor para si: serem considerados escravos, coisa que todo judeu
odiava, ou serem chamados de filhos promessa de Abraão.

4. Da Servidão à Liberdade (Caps. 5.1-6.10)

a) aceitar a circuncisão é recair sob o Jugo da lei (5.1-12)

41
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

O apóstolo contrapõe Cristo à Lei, deixando claro que os crentes não


podem seguir os dois ao mesmo tempo. Por menor que seja a influência
da lei, ela será maléfica. Assim lembra-os da necessidade de escolha:
Cristo ou a Lei? Escravidão ou liberdade?

b) A liberdade é limitada pelo amor e pelo Espírito Santo (5.13 -25)

Contrariando os judaizantes que haviam naquela igreja, um grupo de


crentes dava ênfase excessiva à liberdade, chegando a prática da
libertinagem. A estes o conselho é para que a carne não seja vencedora
nas relações comunitárias. A vida cristã deve ser vivida numa
perspectiva do Espírito Santo de Deus. Os crentes devem fugir das
seguintes obras da carne: prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçaria, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções, invejas, bebedices, glutonaria, etc. Certamente Paulo não tinha
esta lista como final e completa. O que nos deve chamar a atendo aqui
é que comer em excesso (glutonaria) é tão obra da carne quanto a
idolatria.

Como perfeito ensinador que era, Paulo não apenas diz o que o crente
não deve fazer, mas vai além e mostra quais devem ser os frutos de um
cristão guiado pelo Espírito Santo: amor, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

c) A lei do amor desabrocha em comunhão fraternal (5.26-6.10)

Quando o cristão vive no domínio do espírito, produz seus frutos e tem


comunhão com seu irmão. Indo um pouco mais fundo nos problemas
sociais da Igreja, Paulo lembra uma importante lei que, aparentemente,
está sendo esquecida por alguns: a lei da semeadura e da colheita, ou
seja, tudo aquilo que plantarmos, colheremos.

O bem deve ser semeado objetivando uma colheita de muitas vitórias.

5. Conclusão (Cap. 6.11-18)


* A assinatura de Paulo (6.11)

* Últimas recomendações (6.12 -15)

* Voto final (6.16-18)

42
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Esboço
I- Introdução (1.1 - 9);
II- A autoridade apostólica de Paulo e de sua Mensagem (1.10-2.21);
III- O caminho da salvação (3.1 - 4.31);
IV- A vereda da liberdade (5.1 - 6.10);
V- Conclusão (6.11-18).

V- CARTA AOS EFÉSIOS

Pano de Fundo
Esta carta foi escrita depois de muitas Igrejas terem sido fundadas e
depois de Paulo ter tido oportunidade de meditar no significado do novo
organismo que nascera. E o único escrito do Novo Testamento em que
a palavra igreja significa a "Igreja Universal" mais do que a igreja local.

Quando chegou em Éfeso, encontrou uma pequena congregação sem


progresso, sob a orientação de Apolo, e após sua estada lá (At 19.1- 6),
a igreja tornou-se poderosa, tanto na experiência da recepção de poder,
como na obra evangelizadora. Era uma das sete igrejas da Ásia, que
tiveram o privilégio de receber cartas de Cristo (Ap 2.1-7) A cidade de
Éfeso era uma das mais antigas colónias na costa ocidental da Ásia
Menor e a principal da província romana da Ásia. Sua origem perde-se
na antiguidade, mas no oitavo século a. C. era um centro populacional
importante, sendo cedo conquistada pelos gregos. Estava situada a
cerca de 4 Km de distância do mar, no rio Caester naquele tempo
navegável - de forma que Éfeso era um porto marítimo. O vale do
Caester prolongava-se terra a dentro, constituindo-se em uma rota de
caravanas para o Oriente. De Éfeso partiam estradas que estabeleciam
comunicado com todas as outras grandes cidades daquela província e
com as correntes de comércio que iam ligar-se ao norte e ao oriente. Era
um ponto estratégia) para o evangelho, pois obreiros provenientes de lá
podiam manter contato com todo o interior asiático'.

A epístola aos Efésios é o maior tratado eclesiológico todo Novo


Testamento. Paulo fala da igreja como sendo o mistério escondido e
agora revelado. Mostra a Igreja como:

a) A morada de Deus (2.22);

b) O centro da reconciliação entre gentios e judeus (1.11-14; 2.11-22);

43
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

c) O corpo de Cristo (1.22,23);

d) A lavoura e o edifício de Deus (2.20 -22; 4.12,15,16);

e) A família de Deus (2.19);

f) A noiva de Cristo (5.25).

Autor da Carta
Desde o início da era cristã, a autoria paulina era inquestionável, pois
ele mesmo, em 1.1 e 3.1, reivindica-a.

Tema da Carta
O tema é a "Unidade da Igreja".

Data e Local da Escrita


Paulo estava preso em Roma, por volta dos anos 60 a 63 d.C, quando a
escreveu.

Propósitos da Carta
* Explicar o plano de salvação de Deus;
* Testificar da riqueza da vida em Cristo;
* Esclarecer a essência e a função da Igreja.

Destinatários
Nos manuscritos mais antigos falta a designação "aos Efésios" existente
em 1.1. Assim, é aceitável afirmarmos que esta seria uma carta circular,
dirigida a diversas igrejas locais da Ásia Menor, nas circunvizinhanças
de Éfeso.

Divisão da Carta

PARTE - I

1. Dogmática: As Riquezas da Fé Cristã (Caps. 1.1- 3.21}

a) Hino de ação de graças e de oração (1.3-23)

Após uma rápida saudação inicial, Paulo enfatiza o eterno propósito de


Deus em trazer salvação ao homem. De acordo com ele a salvação, em

44
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

termos de planos, foi efetuada antes da fundação do mundo. Paulo


mostra o trabalho de toda a trindade:

* Deus planejou a salvação e, em sua presciência, escolheu os salvos


(1.4-6);

*Jesus executou a salvação, trazendo redenção ao homem (1.7-12);

*O Espírito Santo é a garantia de nossa salvação, em termos futuro. É a


segurança de que seremos salvos (1.13,14).

O conteúdo da oração de Paulo no restante do capítulo 1 mostra seu


desejo de ver aqueles crentes continuarem firme na fé e no
conhecimento de Jesus. Sua oração assemelha-se a um tratado
cristológico, mostrando-lhes que cristo tem todo poder e glória e assumiu
a função de ser o cabeça da Igreja.

b) A nova criação operada em Cristo (2.1-22)

Paulo leva-os a recordarem de suas vidas, antes de Cristo. Estavam


mortos, seguindo o próprio diabo e as vontades da carne, sendo
considerados filhos da desobediência. Todo este quadro foi mudado por
meio de Cristo e eles foram elevados aos lugares celestiais,
ressuscitados em glória, não por causa dos méritos humanos, mas da
graça, mediante a fé.

Ninguém pode fazer coisa alguma para se salvar a não ser confiar na
graça salvadora que emana de Jesus Cristo.

Na seção iniciada no versículo 11, a ideia é ressaltar a unidade da Igreja,


não obstante a raça e a cultura dos que fazem parte dela - seja ele judeu
ou grego. Na cruz de Cristo não há lugar para exclusividade, nem para
inimizade.

De acordo com Paulo Deus tomou dois tipos de pessoas - judeus e


gentios e fez de ambos uma Igreja, chamada aqui de edifício e santuário,
para servir de habitação para o próprio Deus. Aqui é jogada por terra a
ideia de templos para habitação de Deus. O cristão é e deve ser o lugar
de morada para Deus.

45
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

c) O acesso ao conhecimento do ministério e do papel de Paulo 3.1-21)

Paulo considerava-se escolhido por Deus para pregar o grande mistério


do Evangelho, que era a salvação para judeus e gentios. Ele, de acordo
com o que recebeu de Deus, mostra que desde a eternidade o Senhor
tinha o plano de ajuntar judeus e gentios, fazendo de ambos um só povo.

Mais uma vez dirige a Deus uma oração pedindo-lhe que conceda poder
e força àqueles crentes. A intenção de Paulo é que eles fossem
iluminados de tal forma que pudessem conhecer o imensurável amor de
Deus revelado em Cristo Jesus e sua oração é terminada com um hino
de louvor em forma de doxologia.

PARTE - II

2. Exortativa: Consequências da Fé Cristã (Caps. 4.1- 6.20)

a) os princípios autênticos da vida cristã (4.1-24)

Podemos dizer que até o final do capítulo 3 Paulo preocupou-se em


exposições e definições teológicas, todavia, como a Igreja é um corpo
vivo e não um emaranhado de definições, empenha-se em mostrar e
ensinar que as ideias até então expostas tinham uma aplicação prática
na vida de cada crente, seja ele homem ou mulher, escravo ou livre. A
primeira parte do capítulo trata da unidade da Igreja (4.1-16), mostrada
na questão da chamada e da vocação do crente por meio da mediação
do Espírito Santo.

Ensina que os diversos dons que a Igreja possui mostram a diversidade


de operação do Espírito Santo, pois visam a edificação e
“aperfeiçoamento" de todos os santos. Podemos dizer que, para ele, os
dons, conhecidos por nós como ministeriais, seriam a garantia da
unidade da igreja, bem como o meio de os a entes adquirirem a
maturidade espiritual e vencerem a tendência humana de divisão.

Na segunda parte (4.17-24) a preocupação é no sentido de que a nova


vida em Cristo seja evidenciada pelo cristão, a santidade do novo
homem deve sobrepujar a velha natureza e o cristão, de entendimento
renovado, deve ter sua vida pautada na justiça e na retidão.

46
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

b) Aplicações particulares (4.25 -6.24)

Nesta divisão sua tarefa é ressaltar o que começou a falar na parte


anterior, onde lista várias áreas da vida dos crentes que devem receber
atenção especial.

1° - As relações mútuas entre os membros do corpo (4.25-5.2)

O ensino aqui mencionado era de grande importância naquela Igreja,


pois alguns de seus membros viviam como se estivessem ainda no
pecado, como se nada fosse proibido, deixando levar-se pela velha
natureza. Paulo fala de pecados "comuns" que, de acordo com os
crentes de Éfeso, não eram levados a sério por Deus, tais como a
mentira, a ira, o roubo, a torpeza de língua, etc. A admoestação é para
que eles abandonassem os pecados e se deixassem dominar pelo
sentimento que Deus teve pelo homem, ou seja, o perdão, e pelo que
houve em Cristo, o amor.

2º - O rompimento com as práticas gentílicas (5.3-21)

A santidade requerida em 4.17- 5.2 serve para lembrar aos irmãos que,
embora fossem filhos de Deus, estavam vivendo num mundo
extremamente corrupto e depravado. A pressão da sociedade para levar
o crente ao pecado deve ser resistida. Os w. de número 6 e 7 evidenciam
que havia uma tentativa no sentido de fazer com que praticassem todo
tipo de pecado. Seu discurso caloroso enfatiza que a vida cristã deve ser
levada a efeito da maneira mais intensa possível, não havendo lugar
para a ideia de ascetismo, ou abandono do mundo. O apóstolo quer dizer
que devemos e podemos viver um cristianismo real e vivo, mesmo em
meio a um mundo pecaminoso.

Que este conselho também sirva para nós que vivemos num período
igual àquele dos irmãos de Éfeso.

3° - Os princípios da vida doméstica (5=22-6.9)

Temos diante de nós, nesta seção, os conselhos e mandamentos


paulinos sobre as relações interpessoais, que assim nos são
apresentados:

47
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

* O marido e sua mulher (5.22-33) - Como podemos ver aqui e em outros


de seus escritos, a ideia paulina da posição da mulher era de submissão,
ou sujeição voluntária a seu marido. Desde a declaração da verdadeira
ordem no relacionamento entre marido e mulher.

O apóstolo passa a traçar a analogia de Cristo e a Igreja. Faz uso de Gn


2.24 como texto que pode ser aplicado primeiramente às relações
humanas, mas também, prefigurando a união entre Cristo e a Igreja.

* Os pais e os filhos (6.1-4) - Paulo faz menção da necessidade de que


os filhos tenham para com seus pais muito respeito e obediência. Alguns
vêem no versículo 1 a ideia de que apenas os pais que são cristãos
devem ser obedecidos. Entretanto, é mais certo pensarmos que, para o
apóstolo, os filhos deviam obedecer aos pais como se estivessem
obedecendo ao próprio Cristo. A reprimenda aos filhos é acompanhada
de uma repreensão aos pais que, de acordo com Paulo, deveriam criá-
los no temor do Senhor.

* Os servos e seus senhores (6.5-9) - A escravatura era normal entre a


escravidão, entretanto o apóstolo recomenda aqui, como em outros
textos, que haja comunhão entre servos e senhores, recordando que os
servos devem trabalhar com muito mais afinco e alegria como se
estivessem fazendo para o próprio Cristo; e que os donos de escravos
não deviam usar a força nem a violência, lembrando que, diante de
Cristo, tanto servos como senhores são iguais.

4° As últimas instruções (6.10 - 20)

Nesta divisão podemos ver o cuidado que Paulo tinha para que seus
seguidores soubessem que eles faziam parte de um exército e estavam
lutando contra forças espirituais, além do interesse em mostrar quais
eram os verdadeiros inimigos da Igreja. A armadura espiritual tem como
base a armadura dos soldados romanos quando estavam prontos para
a batalha.

Com todos os apetrechos para a guerra não podemos perder-nos em


minúcias. A ideia principal é a de estar preparados em todos os sentidos
e prontos para guerrear contra o diabo e seus anjos. Não obstante o
grande estrago que tais poderes podem fazer no seio da igreja, as
tentativas do mal serão fracassadas.

48
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Informa que existe uma hierarquia de anjos caídos, ou seja, de


demônios:

* os principados e potestades
* os dominadores
* as forças espirituais do mal

A necessidade de se ter mais ousadia e intrepidez para pregar o


evangelho, pois ele se encontra preso, faz com que ele peça aos crentes
para não se esquecerem de orar em seu favor.

2. Saudação Final (Cap. 6.21-24)

Não há menção de nome algum, nem de saudações pessoais e termina


sua carta com uma benção sobre os crentes, invocando a graça, a paz
e o amor com fé da parte de Deus sobre todos os irmãos.

Esboço
I-Saudação (1.1,2);
II - O Plano de salvação divino (1.3-14);
III - Oração de Paulo pelos crentes (1.15 -23);
IV - A unidade dos crentes em Cristo (2.1-3.21);

V - Exortações a um viver cristão (4.1-6.9);


VI - Exortação a tornar-se forte no Senhor (6.10 -17);
VII - Exortação à prática da oração (6.18-24).

VI - CARTA AOS FILIPENSES

Pano de Fundo
Das cartas que foram escritas por Paulo às igrejas, esta é a mais pessoal
pois aqui não fala de si mesmo com espírito vaidoso, nem se encontrava
empenhado na defesa de seu ministério pessoal. A Igreja de Filipos era
multo fiel a ele, deixando-o livre para lhes falar de suas lutas e ambições
espirituais.

Dez anos já haviam se passado desde que ele, Silas e Lucas tinham
estado naquela cidade peta primeira vez. Quando começou seu
ministério na Macedónia, essa igreja foi a responsável pelo seu sustento.

49
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

A notícia de sua prisão e do desastre em Jerusalém reavivam o cuidado


e a simpatia dos filipenses que, mais uma vez, contribuíram com
donativos para aliviar suas necessidades. Poderíamos dizer que a carta
aos Filipenses é de agradecimento pela ajuda recebida daqueles
crentes.

Autor da Carta
A carta traz a reivindicação da autoria paulina (1.1).

Tema da Carta
A alegria da vida e o serviço cristão, manifestados em todas as
Circunstâncias.

Data e Local da Escrita


Esta carta faz parte das que Paulo escreveu enquanto estava preso em
Roma, entre os anos 60 e 63 d.C.

Propósitos da escrita

* Agradecer a oferta recebida dos crentes filipenses;

* Informar sobre sua situação atual;


* Encorajar os crentes a se alegrarem no senhor.

Destinatários
"Os santos em Jesus que moram em Filipos".

A cidade de Filipos foi fundada no século VII a.C., com o nome de


Crenides e anexada por Filipe II da Macedónia (em cerca de 360 a.C),
que lhe deu seu nome. Em 42 a.C. teve sua população aumentada com
a chegada de veteranos do exército.

No tempo de Paulo sua população compunha-se, sobretudo, de latinos,


aos quais se misturavam representantes do antigo tronco Greco
macedônio, A comunidade judaica, provavelmente, pouco numerosa,
não tinha sinagoga e fazia suas reuniões num "lugar de oração", nas
margens do rio Gangite, a 2Km da cidade.

Filipos foi a primeira cidade da Europa onde Paulo fundou uma igreja
cristã, durante sua segunda viagem missionária (At 16.11-40).

50
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Divisão da Carta

1. Endereço da Carta e Saudações (Cap. 1.1-2)

2. ação de Graças (Cap. 1.3-11)

Paulo dá graças a Deus pelos filipenses, voltando-se sucessivamente ao


passado, ao presente e ao futuro, No passado (w. 3 - 6), os filipenses
fizeram parte ativa no Evangelho; no presente (w, 7 - 8), mostram-se
afetuosa e eficazmente próximos do apóstolo prisioneiro; no futuro (vv.
9- 11) serão trasbordantes de amor.

3. Notícias Pessoais e do Evangelho (Cap. 1.12-26)

Mesmo estando preso, Paulo alegra-se em ver que sua prisão incita os
cristãos a aumentarem a intrepidez para anunciar a Palavra, mesmo que
alguns trabalhem para um aparente benefício próprio,

aproveitando as do fato dele estar preso. A estes Paulo diz que o que
importa é a pregação do nome de Jesus e não quem prega e porque
prega. Afirma estar pronto, tanto para morrer, como para continuar sua
obra apostólica. Sua libertação parece certa (v, 25).

4. Apelo à Unidade e ao Fervor (Caps. 1.27-2.18)

Os filipenses são convidados a lutar e a sofrer em testemunho pelo


Evangelho. Eles conseguirão a vitória, se permanecerem estreitamente
unidos, tendo entre si "um mesmo amor e uma alma”, (2.2), e se viverem
na humildade, a exemplo de Cristo, do qual o apóstolo celebra, num hino
solene, o esvaziamento voluntário e a exaltação suprema. Os filipenses
devem brilhar como foco de luz no meio do mundo esteja Paulo
presenteou ausente. (2.12-18),

5. Os Projetos (Caps. 2.19-3.1)

Paulo espera ir em breve a Filipos mas, desde já, pensa enviar Timóteo
e, sem esperar mais, reenvia Epafrodito, o cristão de Filipos que lhe
trouxera auxílios de sua comunidade e que tinha sido acometido de uma
enfermidade, havendo, conforme diz o apóstolo, arriscado a própria vida.

51
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

6. Ataque Contra os Falsos Doutores (Caps. 3.2-4.9)

Bruscamente critica seus adversários que o atacaram pessoalmente,


sobretudo os que afirmam ser a justificação obtida pela prática da lei.
Não se apoia em nenhum dos títulos humanos que poderia
legitimamente reivindicar, agarrado por Cristo (3.12), continua a corrida
para atingir definitivamente o objetivo, como um atleta que corre para a
meta, sem olhar para trás. Ele os aconselha a:

a) permanecerem firmes no Senhor (3.20).

b) Abandonarem as rivalidades mesquinhas (4.2-3).

Ordena a Evódia e a Síntique que acabem com todo espírito de divisão


e comecem a sentir a mesma coisa, ou seja, que a vaidade pessoal seja
abandonada e o alvo maior, que é Cristo e seu reino, esteja em evidência
entre elas.

c) Pensarem nas coisas de Deus e viverem para Ele (4.4-9).

A alegria e a moderação devem ser cultivadas. A ansiedade precisa ser


trocada pela confiança em Deus, pois é nEle que o cristão encontra a
satisfação de suas necessidades. Os filipenses são exortados a
ocuparem seus pensamentos com tudo que realmente lhes traga uma
boa consciência.

7. Agradecimento Pelos Dons Recebidos (Cap. 4.10-20)

Muito comovido com a generosidade dos filipenses, Paulo agradece-lhes


cheio de gratidão e de afeto, recordando um pouco do que tem

sido sua vida enquanto apóstolo, aprendendo a contentar-se com aquilo


que era disponível em cada momento. Sua oração é para que Deus
supra cada uma de suas necessidades em Cristo Jesus.

8. Saudações e Voto Final (Cap. 4.21-23)

Paulo saúda seus correspondentes em nome de todos os que estão ao


seu lado, particularmente em nome dos da "casa do Imperador" e invoca
sobre os filipenses "a graça do Senhor Jesus Cristo".

52
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Esboço

I-Saudação (1.1,2);
II - Oração e ações de graças pelos irmãos (1.3-11);
III - Paulo, uma vida dedicada a Jesus Cristo (1.12-4.1);
IV- Exortações finais (4.2-23).

VII - CARTA AOS COLOSSENSES

Pano de Fundo
Colossenses e Efésios são cartas gêmeas. Provavelmente Paulo não
havia estado em Colossos, nem nas cidades próximas, pois diz que os
colossenses não haviam viso seu rosto na carne (2.1). Devia ter sido
evangelizada durante sua estada na Ásia, talvez por meio de Timóteo e
Epafras (1.7), que andavam em viagem de evangelização, enquanto
Paulo pregava em Éfeso. De acordo com Filemon 12 é provável que Ele
tenha conseguido conhecer aqueles irmãos em uma oportunidade
posterior.

Em sua visita a Paulo, em Roma, Epafras informou-lhe sobre a situação


da igreja (1,7;4.12), que estava enveredando-se pelo caminho do
gnosticismo.

A maior parte dos crentes de colossos compunha-se de gentios, porém,


desde os tempos de Antíoco, o grande, havia uma população de judeus
ali.

Autor da Carta
A própria carta nomeia Paulo como seu autor (1.1).

Tema da Carta
A grandeza e a supremacia de Cristo.

Data e Local da Escrita


Esta carta é uma das sete que Paulo escreveu enquanto estava preso
em Roma entre os anos 60 e 63 d. C.

Propósitos da Epístola
* Ensinar o correto sobre a pessoa e obra de Cristo, combatendo as
ideias gnósticas;
* Mostrar qual o verdadeiro significado da vida cristã.

53
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Destinatários
Os santos que moravam em Colossos.

Colossos ficava a 200 Km de Éfeso, no vale do Lico, era uma cidade da


Frigia, muito próxima de laodicéta e Hierápolis (Cl 4.13-15).

Desde 129 a.C, pertencia à província romana da Ásia, à qual foram


unidos os antigos Estados de Átalo I I I de Pérgamo, que os havia cedido
a Roma em 1 3 3 a.C. COLOSSOS teve seu apogeu no V séc. a.C,
devido sua produção de lã preta e luzidia que era preparada pelos
pastores da região montanhosa. Nos tempos de Paulo era uma cidade
decadente, porém, muito grande. Hoje essa região fica no centro-sul da
Turquia.

Divisão da Carta
1. Prefácio e Saudação (Cap. 1.1-12)
Paulo agradece a Deus pelo amor e união da igreja, sobre o que foi
informado por Epafras, que era "ministro fiel" de Cristo e, segundo a
opinião de estudiosos, o fundador da igreja.

Sabendo da ação perniciosa dos falsos mestres dentro da igreja Paulo,


já em sua oração inicial, ataca suas ideias. Prometiam que as pessoas
teriam um entendimento especial e uma espiritualidade superior. A
oração de Paulo é para que os crentes sejam controlados

pelo conhecimento divino que era superiora gnose (conhecimento),


ensinada pelos falsos mestres.

2. A Verdadeira Doutrina Declarada (Caps. 1.13-2.5)

a) A pessoa, a função e a obra de Cristo (1.13-23)

Os falsos mestres trabalhavam para diminuir a natureza e a divindade


de Cristo. Para eles o homem não precisava de ninguém - nem do
próprio Cristo - para lhe trazer a salvação que, de acordo com eles, era
conseguida por meio de um conhecimento subjetivo e interno adquirido
por meio da contemplação espiritual.

54
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Contra tais ideias, Paulo enfatiza que estávamos nas trevas e de lá


fomos tirados pelo poder de Cristo que nos redimiu, isto é, perdoou
nossos pecados.

Alguns acreditam que os w. de 1 5 a 2 0 sejam um hino que Paulo


adaptou à situação da igreja de Colossense. Seja esta parte um hino ou
não, temos diante de nós uma das maiores apologias à divindade de
Cristo é chamado de Imagem de Deus, significando "projeção" de Deus
na tela de nossa humanidade e a encarnação do divino no mundo dos
homens. Podemos dizer que Cristo é a revelação de Deus ao homem. A
seguir, Paulo mostra Cristo como o primogênito da criação, parte que
algumas seitas usam para dizer que Cristo foi criado por Deus.
Entretanto, o sentido do texto aqui é denotar sua singularidade e
soberania. Ele é o primogênito porque é o agente da criação e herdeiro
dela.

Para Paulo, Cristo é a causa e o causador de toda criação, pois tudo,


tudo mesmo, foi criado por Ele e para Ele. Nada se manteria em ordem
neste mundo não fosse a interferência e o governo de Cristo sobre a
criação.

Há uma progressão nas declarações paulina. Cristo é primeiro


apresentado como o "chefe" do cosmos. Depois volta a atenção para o
governo de Cristo sobre a Igreja. Ávida da Igreja depende de sua
cabeça, assim como acontece com a vida humana. O plano de Deus era,
através da obra de 3esus, reconciliar todas as coisas consigo. Por meio
de Cristo a raça humana decaída e marginalizada foi trazida para
próximo de Deus. Agora é exigido apenas fé para que o homem não
perca os direitos e privilégios dessa nova vida.

b) O mensageiro de Deus (1.24-2.5)

Paulo passa, a seguir, a defender seu ministério apostólico, é como se


estivesse preparando terreno para um ataque frontal aos falsos mestres.
Enfatiza sua comissão divina para revelar o grande mistério oculto desde
a eternidade, de acordo com seu entendimento, a vontade de Deus,
desde antes da criação, era formar uma unidade com judeus e gentios,
ou seja, no plano divino eterno nunca houve a ideia de salvação apenas
para os judeus, Paulo nomeia-se portador (ministro) desta revelação e o

55
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

meio que Deus escolheu para levá-la a todos os povos em todas as


partes do mundo.

Mesmo não tendo estado em Colossos, Paulo informa que tem passado
por dificuldades e problemas por causa dos colossenses, inclusive seu
cuidado para com eles reflete-se nas orares e na preocupação em
escrever-lhes.

A linguagem do versículo 5 mostra que a prisão pode até impedi-lo de


estar fisicamente entre eles, todavia, em espírito, coloca-se como um
general que cuida de seu exército e faz recomendações para que a
heresia não avance ainda mais dentro da Igreja.

3.0 Falso Ensino é Confrontado (Cap. 2.6-15)

O desejo de Paulo é que os colossenses não se enveredassem pelo


caminho do erro e cressem em Cristo apenas como um líder religioso.
Por isso defende sua divindade. O fato de Paulo lembrar-lhes o senhorio
de Cristo revela que os crentes estavam abandonando a confissão de fé
feita por ocasião do batismo e recebendo e aceitando cultos a divindades
menores, especialmente os anjos.

Seu conselho é para que eles não se deixem "enveredar por filosofias e
vãs sutilezas" e para que não se esqueçam de que Cristo tem toda a
plenitude da divindade. Na heresia colossense as forças espirituais do
universo eram consideradas repositórios da divindade e eram
intermediários entre Deus e os homens. Segundo a apologia de Paulo,
Cristo, e não algum outro ser no mundo físico ou espiritual, é que traz a
salvação e o aperfeiçoamento ao homem.

O legalismo, simbolizado pela circuncisão, também não trouxe nenhum


benefício espiritual. O Senhor foi quem lhes deu vida, perdão e o melhor
de tudo: cancelou a dívida que o homem tinha para com Deus, dando-
lhe a liberdade por meio de sua morte na cruz.

A grande obra da morte de Cristo trouxe vitória contra os principados e


potestades, tendo o Filho de Deus desmascarado, humilhado e triunfado
sobre o governo satânico, assim como um general fazia com o exército
perdedor, levando-o pelas ruas da cidade e o expondo à vergonha.

56
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

4. Cativos em Cristo (Caps.2.16-3.4)

Esta seção é uma repreensão àqueles que queriam fazer do cristianismo


apenas um conjunto de regras sem vida.

Havia ali um elemento legalista, de cunho judaizante que pretendia uma


rigorosa observação de práticas e ritos, visando a purificação. Devemos
ter em mente que não há condenação em se guardar os dias e as festas;
o que está sendo condenado é o culto a esses dias sagrados, os poderes
astrais que dirigem o curso das estrelas e regulam o calendário.

Para Paulo os crentes não são mais prisioneiros de tradições religiosas


ou de imposições humanas. Por causa da identificação com Cristo a
igreja deve buscar as coisas do alto e viver pensando em Cristo e para
Sua glória e esperando sua manifestação futura.

5. A Conduta Santa Requerida (Caps. 3.5-4.1)

Paulo volta a defender e a ensinar que o crente precisa viver de modo


diferente das demais pessoas no mundo e tudo o que praticava da
natureza terrena deveria morrer.

Os vícios alistados por ele nos vv. 5,8 e 9 deveriam ser abandonados.
Não cabe ao cristão viver como se ainda estivesse sem o conhecimento
de Cristo e sem deixar que a nova natureza sobrepujasse o velho
homem. Ainda hoje somos advertidos a não vivermos da mesma forma
como vivíamos antes de receber a Cristo como nosso Senhor. Somos
nova criatura (2 Co 5.17) e temos uma nova vida em Cristo que deve ser
mostrada tanto com atos externos quanto por sentimentos não basta
apenas abandonar as coisas que são perniciosas e errôneas; é
necessário que os cristãos pratiquem virtudes saudáveis. Eles são
admoestados a vestirem-se de:

• ternos afetos de misericórdia;


• bondade;
• humildade;
• mansidão;
• longanimidade.

57
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Realça o papel importantíssimo do amor mútuo como meio de trazer a


perfeição. A unidade da igreja dependia de cada crente em viver para
agradar, instruir, exortar e consolar a seu irmão.

Paulo ao escrever aos colossenses não se esquece de mandar alguns


conselhos à família, como fez aos crentes de Éfeso. Dirigiu-se a maridos
e a esposas, a pais e a filhos, a escravos e a senhores. O interessante
nesta seção é que o apóstolo sempre coloca a parte mais "fraca", ou a
que devia submissão, em primeiro lugar. Depois faz uma recomendação
sobre a responsabilidade de cada um.

Era evidente sua preocupação com a família, visto que a Igreja dependia
das relações familiares para poder manter sua unidade e uma estrutura
sadia. Uma rápida olhada nesta seção mostra-nos que mais uma vez
Cristo é mencionado como o sustentáculo e o sustentador de todo e
qualquer tipo de relação interpessoal.

6. Chamada à Oração e Admoestações (Cap. 4.2-6)

Faz uma chamada à oração, afirmando que os cristãos deveriam nela


perseverar e, como fez em efésios, roga a oração para que ele tenha
sucesso na pregação da palavra, mesmo estando preso e algemado.
Sua seção de admoestações é para que os cristãos trilhem uma conduta
digna perante as outras pessoas. O amor e a sabedoria devem temperar
e nortear todas as palavras dos crentes.

7. Saudações Finais e Conclusão (Cap. 4.7-18)

Em sua despedida informa que Tíquico é o portador da carta e também


poderá dar novas informações sobre sua situação. Onésimo, um escravo
fugitivo e convertido por Paulo em Roma, é o companheiro de Tíquico
neste empreendimento.

Vários nomes são citados em suas saudações, como fez na carta aos
Romanos. Finaliza a correspondência com uma saudação de próprio
quem sabe, Tércio (Rm 16.22). O pedido final é para que os colossenses
não se esqueçam de que ele é um prisioneiro de Cristo.

Esboço
I-Saudação (1.1,2);

58
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
II - Ações de graça e oração (1.3-12);
III - A obra de Deus em Cristo (1.13-23);
IV - O ministério de Paulo (1.24-2.3);
V-O falso ensino (2.4-23);
VI - Avida cristã (3.1-4.6);
VII - Conclusão (4.7-18).

VIII - PRIMEIRA CARTA AOS TESSALONICENSES

Pano de Fundo
Paulo pregou em Tessalônica, numa sinagoga, por três semanas.

Sua pregação, segundo Lucas, era que o Messias das Escrituras devia
morrer e ressuscitar dos mortos - uma ideia nova para os judeus, que
concebiam o Messias apenas como rei.

Alguns judeus rejeitaram a mensagem pregada, principalmente por


causa dos ciúmes que sentiram dos gentios, a ponto de não permitirem
que Paulo continuasse a pregar a Palavra naquela localidade. Apesar
dessa perseguição, a igreja tessalonicense floresceu. Quando Paulo
abandonou Beréia, Silas e Timóteo ficaram ali para completar a obra que
ele não pôde levara cabo. Depois de se encontrar com Paulo Em Atenas,
Timóteo é mandado de volta a Tessalônica para encorajar os crentes e
fazer um relatório sobre a vida da Igreja (3.1-5). Silas deve ter ido a
Filipos e Paulo ficou sozinho em Atenas, só tornando a ver seus
auxiliares quando, mais tarde, se encontraram em Corinto (At 18.5).

Autor da Carta
Paulo, enquanto estava na companhia de Silas e Timóteo (1.1).

Tema da Carta
A segunda vinda de Cristo.

Local e Data da Escrita


Podemos afirmar que esta carta foi escrita quando Paulo estava em
Corinto, no fim do ano 50 d. C. ou no início de 51.

Propósitos de Paulo ao escrever a carta:

* Expressar sua alegria pela firmeza da fé daqueles crentes; (1 Ts 3.8).


* Ensinar o verdadeiro significado da vida cristã, livre de pecado e erros.
* Dar explicações sobre a segunda vinda de Jesus.

59
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Assim sendo, tornaram-se imitadores de Paulo e de Cristo, tornando-se


um exemplo para todos seus irmãos Macedônios e Acaios.

A conversão dos crentes, anteriormente era dados aos ídolos e deuses


pagãos, foi tão surpreendente que causou uma divulgação de sua fé e o
nome de Deus passou a ser ainda mais engrandecido.

3. O Ministério Aprovado por Deus (Cap. 2.1-16)

Ao que parece, Paulo possuía um certo número de opositores do partido


dos judaizantes, pois onde ia sempre chegava o grupo a fim de suscitar
a ira dos moradores das cidades contra ele (At 17.5,13). Esta parte do
capítulo 2 é usada para defender seu ministério, bem como a Timóteo e
a Silas.

Eram acusações de todos os tipos, uma das quais afirmava que Paulo
não era sincero entre eles. Contra isso ele fala de seus sofrimentos por
causa dos crentes, do sucesso que. ^m tido na pregação da palavra e,
mais ainda, mostra que sempre teve a aprovação de Deus. Os últimos
versículos mostram-no como uma pessoa que teve forças para vencer o
sofrimento e as falsas acusações e levou adiante seu ministério.

Seu apelo é para que os irmãos se lembrem do tempo decorrido de sua


permanência entre eles, do desprendimento, do amor, do labor, dos
sofrimentos que enfrentou por ter pregado a mensagem naquela cidade.

Ao retomara falar sobre gratidão, mais uma vez, dá graças a Deus pela
fé e pelo empenho dos fiéis, reafirmando o que havia dito em 1.6-10.

O tom áspero dos w. 15 e 16 mostra sua preocupação e indignação com


a ameaça que representavam seus compatriotas e o fermento que deles
vinha, bem como a forte oposição que era feita por eles ao ministério
apostólico, principalmente o seu.

4. O Amor de Paulo Para Com os Tessalonicenses (Caps. 2.17-3.13)

Depois da partida mostra sua preocupação com a fé e a vida deles já


que estavam enfrentando uma perseguição ferrenha. O amor
demonstrado, o carinho, a maneira terna de falar e a preocupação com

60
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

o estado dos crentes dá-nos um conhecimento maior de sua pessoa,


pois abre seu coração e expressa seus mais profundos sentimentos.

A tarefa de Timóteo era fortalecer os crentes e ajudá-los a vencer as


tribulações que lhes estavam sendo impostas.

Timóteo retomou com um relatório muito animador e Paulo descobriu


que eles não deram ouvidos aos que o chamavam de explorador e
interesseiro. Isto o revigorou e, assim, passa a orar pelos crentes,
rogando que o Senhor os aperfeiçoasse no amor que já demonstravam
uns para com os outros. A santidade seria alcançada por meio do amor
mútuo, sendo afastado o egoísmo.

5. A Moralidade Sexual (Cap. 4.1-12)

Ao que parece, os membros da igreja em Tessalônica haviam se deixado


corromper pela imoralidade sexual, tão comum naquela época. Assim,
participavam da igreja e praticavam toda sorte de impureza sexual, como
se isso não fosse pecado, Paulo ensina que a vida cristã envolve alguns
padrões diferentes dos da sociedade. Para o crente, o padrão maior é o
da santidade e a ênfase é tanta que mostra o juízo divino sobre os
pecadores e o chamado que Deus fez para santificação e não para a
imundícia.

A seguir, destaca mais uma vez a necessidade do amor fraternal. A


expressão "não necessitais que eu vos escreva..."deixa claro novamente
que para ele o amor seria a força motriz de todo e qualquer
relacionamento e a garantia de que tais relações sobreviverão se o amor
existir.

6. A Ressurreição dos Crentes e a Volta do Senhor (cap. 4,13-5. 11)

Os crentes devem ter sido influenciados por alguns "mestres" que


ensinavam que os cristãos mortos haviam perdido a salvação. A essa
assertiva Paulo mostra que não precisa existir tristeza alguma por causa
dos mortos, pois os que dormem, ou que estão mortos, não serão
deixados para trás.

Ao contrário, instrui que os mortos serão arrebatados primeiro. Ao som


da trombeta de Deus levantar-se-ão dos túmulos. Depois, os que estive-

61
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

rem vivos, terão seus corpos transformados e serão arrebatados, com


os que estiverem mortos, para o encontro com o Senhor nos ares. O
conselho de Paulo é que estas palavras sirvam de consolo para os
crentes.

A seguir uma grande ênfase é dada ao Dia do Senhor, que virá de modo
repentino e inesperado, trazendo destruição para aqueles que
permaneceram insensíveis à pregação da Palavra. Ressalta o Dia do
Senhor como um dia de ira da parte de Deus sobre os ímpios, mas
contrasta a situação dos fiéis que receberão a libertação e a salvação
em Jesus Cristo. Deve haver entre os crentes uma edificação mútua na
fé. Fica bem claro aqui a não existência de salvação universal, aquela
ideia de que, no final. Deus, de maneira redentora, salvará a todos,
indiscriminadamente. O aviso é para que haja uma preparação para
aquele dia.

7. Os Últimos Preceitos (Cap. 5.12-28)

Em declarações sucintas passa a fazer diversas recomendações:

a) Concita os crentes a reconhecerem o trabalho dos líderes da igreja,


os quais não podem abusar da autoridade a eles concedida por Deus;
(vv.12 e 13).

b) as responsabilidades dos crentes uns com os outros é lembrada nos


vv 14 e 15. Devem advertir uns aos outros, encorajarem-se e amarem-
se mutuamente.

c) A vida pessoal deve ser cultivada, buscando-se a alegria de ser


cristão, sem se esquecer da necessidade de se ter uma vida de oração,
ser agradecido a Deus por todas as coisas que vierem acontecer; (w,
ISIS).

d) Novamente, voltando sua atenção às questões da comunidade, as


recomendares são para que não sejam abandonadas as manifestações
do Espírito. Os crentes devem ser livres de todo tipo de mal que tenta
apresentar-se como ação genuína do Espírito Santo, (w, 19- 22).

Encerra sua carta, como é de seu costume, abençoando a Igreja e


deixando suas saudações.

62
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Esboço
I-Saudação (1.1);
II - O ministério de Paulo entre eles (1.2- 3.13);
III - Os problemas da Igreja (4.1- 5.11);
IV - Como deve ser a conduta na Igreja (5.12-22);
V - Oração e pedidos finais (5.23- 28).
IX - SEGUNDA CARTA AOS TESSALONICENSES

Pano de Fundo
Carta escrita por Paulo não muito tempo depois de haver escrito a
primeira. O estado geral da igreja continuava estacionado e podemos
notar que, ao invés de resolverem os problemas, deixaram que eles se
tornassem mais graves. Havia na igreja um grupo de ociosos vivendo às
custas dos irmãos e de seus parentes, alegando assim agir em razão da
eminente volta de Cristo.

Alguns líderes afirmavam que a volta de Jesus já havia ocorrido, ensino


que causou grande agitação naquela igreja e instou Paulo a escrever
sua segunda carta àqueles irmãos.

Autor da Carta
Desde os tempos antigos esta carta tem sido atribuída ao apóstolo
Paulo. Além do mais, a própria escrita reclama a autoria paulina (1.1).

Tema da carta
Os acontecimentos anteriores à segunda Vinda de Cristo.

Local e Data da Escrita


Paulo ainda estava em Corinto, entre os anos 50 e 51, quando a
escreveu.
Propósitos da Escrita
Com esta carta Paulo queria:

* Consolar os crentes que estavam passando por novo perigo de


perseguição;

* Mostrar que Jesus ainda não havia voltado, apesar dos ensinos dos
falsos mestres;

* Censurar os que viviam ociosamente.

63
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Destinatário
A igreja dos Tessalonicenses.

Divisão da Carta
Guarda grande semelhança com a primeira endereçada àquela igreja
quanto ao vocabulário e aos temas tratados. Sua estrutura também
muito se assemelha à da 1ª Tessalonicenses, apesar de ser mais
simples.

Vejamos, então, esta divisão:

1. Endereço e Saudações (Cap. 1.1)


Como fez em sua primeira carta, Paulo iguala-se a seus cooperadores
Timóteo e Silas, como remetentes da missiva, ainda que, conforme
sabemos, saiu da mão de Paulo.

A saudação segue o padrão paulino da maioria de seus escritos,


ressaltando o desejo de que a graça e a paz do Senhor Jesus lhes
fossem dadas.

2. Palavra de Coragem Para a Igreja (Cap. 1.2-12)


O agradecimento a Deus pelo crescimento que os crentes
demonstraram em meio às dificuldades e às perseguições.

Pauto anima-os dizendo que brevemente os papéis serão invertidos e


eles passarão de perseguidos para executores da justiça e do juízo,
quando o Senhor vier trazendo a condenação aos homens. Os que
rejeitaram a palavra de Deus sofrerão a perdição eterna e serão
expulsos da presença divina. De modo oposto, os que passaram por
sofrimentos aqui na terra terão alegria em saber que por tudo o que aqui
sofreram serão recompensados pelo Pai celestial.

O capítulo é encerrado com uma oração na qual pede a Deus a


confirmação da salvação daqueles crentes e que eles continuem
glorificando o nome de Cristo por meio de suas vidas.

3. A Vinda de Cristo e o Aparecimento do Anticristo (Cap. 2.1-17)


Esta carta evidencia na comunidade a ocorrência de uma situação
confusa e turbulenta em relação à espera da segunda vinda de Cristo.
Alguns ensinavam que o dia do Senhor já havia chegado (2.2). Paulo

64
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

combate tal ilusão. De acordo com ele, a vinda de Cristo será precedida
por alguns acontecimentos que ainda não haviam chegado.

O homem da iniquidadé7àsslrnchamado pelo autor, é uma alusão ao


Anticristo. É um personagem apocalíptico que trará uma série de
perturbações e o recrudescimento do mal. Eis o cenário dos
acontecimentos por ele mencionado nesta seção:

a) o ministério da impiedade age no mundo (2.2,7)

Muitos se perdem por não acolherem o amor e a verdade, que os


salvariam; v. 10

b) virá um tempo marcado peia apostasia (2.3).

Manifestar-se-á, então, um personagem que o texto chama de homem


ímpio e filho da perdição (v.3), ou simplesmente de ímpio (v.9). Sob a
Influência de satanás e fazendo passar-se por Deus, usará toda sorte de
Seduções e de prodígios enganadores para desviar os homens da
verdade e atraí-los à mentira (w. 9,11). Não é certo que Paulo tivesse
ideia clara e precisa sobre ele, já que emprega diferentes denominações
para nominá-lo e descreve sua ação com expressões tiradas do Antigo
Testamento, no transcorrer da história da Igreja esse homem tem sido
interpretado, ora como força individual, ora como poder coletivo.

c) se tal ímpio ainda não se manifestou é porque algo misterioso retém-


no (vv. 6,7), impedindo-o de vire de exercer sua ação.

Alguns entenderam que o Império Romano seria o repressor. O próprio


Paulo, a pregação missionária, a existência da Igreja ou o Espírito Santo
são algumas outras possibilidades levantadas pelos estudiosos na
história da Igreja. Paulo não traz explicações maiores, supondo que seus
leitores entendessem suas alusões.

d) não se sabe quanto tempo deve durar a presença e a ação do" homem
da impiedade ", mas, em dado momento, o Senhor Jesus revelar-se-á e
o eliminará (v. 8).

As indicações desta carta confirmam a afirmação dos Evangelhos e de I


Tessalonicenses: ninguém pode saber o momento da vinda do Senhor.

65
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Por isso, os cristãos, devem evitar fugir das realidades cotidianas, em


particular, da dura necessidade de trabalhar (3. 6-12). Aceitando as
dificuldades e as provações inerentes a esta vida, devem procurar
apenas \a coisa: progredir cada dia um pouco mais na fé, no amor e na
perseverança.

Após descrever os tempos finais, agradece, uma vez mais, a Deus pela
vida dos crentes. Encoraja-os a permanecerem fiéis a tudo o que lhes
fora transmitido. Em estilo próprio orou rogando que Deus lhes animasse
o coração e os fortalecesse em todo boa palavra e ação.

4. As Exortações (Cap. 3.1-15)

Faz um pedido aos crentes de Tessalônica, para que orem por ele, por
dois motivos:

a) para que a palavra do senhor prosperasse e fosse glorificada.

b) para que ele fosse liberto dos homens maus.

Estava mais interessado no sucesso do evangelho do que em sua


segurança pessoal. Estava em Corinto, onde nem todos tinham fé.

Segundo ele, os cristãos podiam confiar no Senhor e,


independentemente da vontade e da ação de homens maus que queriam
lhes causar dano. Deus confirmá-los-ia e os guardaria como sentinela.
A palavra maligno, aqui, pode, tanto se referir ao próprio diabo, quanto
ao mal encontrado nos homens maus.

Alguns crentes haviam deixado de trabalhar, esperando a volta do


senhor Jesus. Paulo confirma que realmente o Senhor voltará,
entretanto, a ociosidade não deveria fazer parte de suas vidas. Este
problema havia sido mencionado na primeira carta (4.11-12) e parece
ter piorado, de maneira dura e severa Paulo afirma que os vadios devem
procurar trabalho e deixar de intrometerem-se na vida alheia. Aos
crentes a ordem dada é para que se afastem de tais pessoas. O
tratamento deveria ser fraterno, mesmo para com os desordeiros,
todavia, o erro deveria ser corrigido.

66
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

5. Conclusão (Cap. 3.16-18)

A assinatura de próprio punho leva-nos a acreditar que ele deve ter


ditado a carta para Silas, ou talvez Tércio, copiar. Era sua marca
registrada a fim de evitar que literatura espúria andasse pelas igrejas
semeando falsos ensinos. O desejo de que a graça de Deus estivesse
sobre e com aqueles crentes mostra-nos que o objetivo final de Paulo é
o fortalecimento deles.

Esboço
I –Saudação (1.1);
II - Instrução aos crentes Tessalonicenses (2.1-17);
III - Chamada à oração (3.1-5);
IV - Disciplina na Igreja (3.6-15);
V- Conclusão (3.16-18).

BIBLIOGRAFIA

BRUCE, F. F. Romanos, Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova,


1982.
CABRAL, Elienai. Carta aos Romanos. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1986.
CARREZ, Maurice; DORNIER, Pierre; DUMAIS, Mareei; TRIMAILLE,
Michel. As Cartas de Paulo, Pedro, Tiago e Judas. São Paulo: Edições
Paulinas, 1987.
DOCKERY, David S. Manual Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2001.
GREEN, Michael. Introdução e Comentário- II Pedro e Judas. São Paulo:
Vida Nova, 1993.
MARSHALL, I. Howard. I e ll tessalonicenses: Introdução e Comentário.
São Paulo: Vida N r j, 1984.
MARTIN. Ralph Colossenses e Filemon: Introdução e Comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1987.
MORRIS, Leon. I Coríntios: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1981.
DAVIDSON, F. {0rq.). O Novo Comentário da Bíblia - 2 vol. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
DOUGLAS, J. D. (Org.). O Novo Dicionário da Bíblia-2 vol. São Paulo: Vida
Nova, 1986.
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia Livro por Livro. EUA: Vida, 1995.
STOTT,John, Mensagem de Gálatas. São Paulo: ABU, 1994.
STOTT,John. I, II e III João: Introduzo e ementário. São Paulo: Vida
Nova, 1982.Bíblia Sagrada em várias versões.

67

Você também pode gostar