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https://doi.org/10.22239/2317-269x.00990
RESUMO
Miguel Angel de la O HerreraI,II,* Introdução: O Estudo de Perigos e Operabilidade (Hazop) é considerado uma ferramenta
para avaliação de riscos, na qual tecnologias complexas exigem novas estratégias para
Aderval Severino LunaI
garantir a eficiência, a segurança e a qualidade dos produtos. Objetivo: Realizar uma revisão
Antonio Carlos Augusto da CostaI de publicações do Hazop, para estabelecer o estado da arte, os procedimentos e as suas
perspectivas na indústria farmacêutica. Método: O procedimento Hazop e suas adequações
Elezer Monte Blanco LemesII
para satisfazer as necessidades atuais foram estruturados. Posteriormente, aplicações e
integração com outras ferramentas de risco e sistemas expertos foram analisadas para definir
a abordagem atual e perspectivas futuras. Resultados: A revisão permitiu a compreensão
de que modelos, simulações e software especializado oferecem suporte para avaliar riscos
em processos complexos. Adicionalmente, a correta definição de causas e consequências
depende do uso de sistemas expertos, cujas simulações adquirem experiência através
da criação de bancos de dados, reduzindo a necessidade de conhecimento específico do
processo, que é uma limitação da metodologia Hazop convencional. Conclusões: A revisão
do estado da arte do Hazop destacou a importância de avaliar riscos dentro da indústria de
processos. No entanto, novas tecnologias utilizadas para atender quesitos regulatórios de
segurança e qualidade precisam da melhoria contínua da metodologia Hazop, reduzindo a
dependência de especialista por meio do uso de sistemas especializados.
ABSTRACT
Introduction: The Hazard and Operability Study is considered a feasible tool to assess risks,
where complex technologies, require new strategies to guarantee efficiency, safety, and
quality of products. Objective: To perform a Hazop publications review, to establish the state
of the art, current procedures and perspectives in the pharmaceutical industry. Method:
Hazop methodology and improvements to satisfy actual needs were structured. Subsequently,
its application and integration with other risk tools, and experts systems, were analyzed
to define the current approach and future perspectives. Results: The review allowed the
I
Universidade do Estado do Rio de understanding where models, simulations and specialized software offered adequate support
Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil to assess risk in current complex processes. In addition, an efficient definition of causes and
II
Instituto de Tecnologia em consequences depends of expert systems, where simulations acquire experience through the
Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), creation of databases, reducing the need of specific process knowledge, which is a typical
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), limitation of the conventional Hazop methodology. Conclusions: A review of the Hazop state-
Rio de Janeiro, RJ, Brazil
of-the-art highlighted the importance to assess risks within the process industry. However, the
use of new technologies designed to meet regulatory affairs to guarantee safety and quality
* E-mail: miguel.angel@bio.fiocruz.br principles would require the ongoing improvement of the Hazop methodology, restricting the
dependence of specialists, and increasing the use of expert systems.
INTRODUÇÃO
É bem conhecido o fato de que a indústria farmacêutica segue locais e Boas Práticas de Engenharia (BPE) podem ser podero-
um dos mais altos padrões de regulação em nível nacional e sos aliados. A estrutura dessas questões regulatórias é apoiada
internacional devido ao impacto que seus produtos têm sobre por conhecimento técnico e ampla experiência de profissionais
a saúde humana. Nesse caso, as regulações são usadas para profundamente envolvidos oriundos da indústria de processos8.
garantir a prevenção, o diagnóstico, o tratamento ou a cura de No entanto, a aplicação de tais padrões não é uma tarefa fácil,
uma doença. Portanto, os níveis de segurança e eficácia são cru- porque somente engenheiros de processo e gerentes envolvi-
ciais para a obtenção dos melhores resultados possíveis dentro dos diretamente no processo ou em instalações semelhantes
do esquema de tratamento apropriado1. Assim, a indústria far- podem entender o escopo e o fundamento de tais regulações e o
macêutica tem sido um ator importante na indústria tradicio- impacto em seus processos quando aplicados9.
nal, a fim de atender com sucesso às novas exigências, com um
fator decisivo sendo a promoção de agências reguladoras para a Portanto, é assim que os estudos de perigos e operabilidade
adoção de novas tecnologias e metodologias de produção, aná- (Hazop) fornecem ao grupo de especialistas um procedimento
lise e controle que visam reduzir o possível impacto negativo estruturado para desenvolver uma análise de risco sistemática e
de um produto não-conforme na saúde do paciente ou usuário abrangente10. A metodologia Hazop pode ser definida como uma
final. Considerando que a vigilância sanitária inclui a ciência e análise de processo estruturada e sistemática, que pode ser apli-
as atividades relacionadas à detecção, avaliação, compreensão cada em estágios iniciais do projeto, como a concepção e etapas
e prevenção de eventos adversos ou qualquer outro problema básicas, até as fases operacionais e pós-operacionais. Essa meto-
relacionado a fármacos desde o processo produtivo até sua dologia é amplamente utilizada na indústria de processos para
comercialização, ela permite a definição do perfil de segurança identificar e avaliar falhas que podem levar a riscos potenciais
dos medicamentos comercializados. Desta forma, reações adver- para o pessoal e o equipamento envolvidos no processo, bem
sas, usos inadequados, falhas terapêuticas e complicações não como a falhas que impedem uma operação eficiente ou são res-
detectadas durante a fase de pesquisa de drogas e processo de ponsáveis por operações anormais.
produção podem ser detectados. Existem várias metodologias
com potencial para serem utilizadas a fim de garantir a quali- Breve história do estudo de perigos e operabilidade
dade dos produtos . Entretanto, em relação ao processo de pro-
2
Um grupo de engenheiros da divisão de Química Orgânica Pesada
dução, é necessário estabelecer uma ferramenta potencial que
da ICI estava encarregado de desenvolver uma versão prelimi-
possa levar a uma análise de risco de processo viável. Na última
nar da metodologia Hazop (HAZard e OPerability) em meados
década, a indústria de processo foi consideravelmente auxiliada
da década de 196011. No entanto, foi apenas em 1974 que o
pelo uso de tecnologia complexa, responsável pela transforma-
desastre de Flixborough, em North Lincolnshire, Inglaterra, cau-
ção de matérias-primas em produtos. No entanto, é fato que
sado por uma explosão em uma fábrica química perto da vila,
a melhoria tecnológica está geralmente relacionada a falhas
em que 28 pessoas morreram e pelo menos 36 ficaram feridas,
inesperadas, que não foram consideradas durante a avaliação
levou ao uso de técnicas de prevenção de risco12. Na época, um
de risco em processos anteriores ou semelhantes. Além disso,
curso de segurança oferecido pela Instituição de Engenheiros
tais falhas poderiam ser ignoradas e subestimadas devido à falta
Químicos (IChemE) no Teesside Polytechnic (hoje Universidade
de conhecimento ou pela aplicação incipiente de metodologias
de Teesside) incluiu o procedimento Hazop simples para guiar
de análise de risco . Assim, especialistas em gestão de risco
3
e possivelmente determinar as falhas que levaram ao incidente
concordam que, para evitar falhas nos processos de fabricação
de Flixborough. Como resultado, a primeira publicação conside-
é preciso reduzir e eliminar (quando possível) os fatores que
rando o estudo de Hazop apareceu no mesmo ano13, e finalmente
levam a falhas. Consequentemente, a identificação e a correção
a Associação de Indústrias Químicas publicou um primeiro guia
de falhas durante a concepção e o desenho de projetos torna-
Hazop em 1977. Até então, o termo Hazop não era usado em
ram-se uma missão para especialistas em risco . Se definirmos
4
publicações formais.
perigos como resultado da interação inesperada de componentes
ou métodos de operação em condições excepcionais, somente O principal defensor da metodologia Hazop foi Trevor Kletz14.
a integração do conhecimento dos especialistas envolvidos no Para realizar seu trabalho, Kletz aproveitou as anotações do
projeto pode assegurar que sejam evitados eventos indesejados curso IChemE (revisadas e atualizadas) e estruturou uma meto-
em novas instalações5. A implementação de medidas de controle dologia Hazop padrão, que foi usada até recentemente.
também é uma estratégia comum usada para garantir que um
processo funcionará como desejado, mesmo que a conjunção Assim, o conceito que afirma que a metodologia Hazop é uma
de circunstâncias possa levar a falhas6. Essa é a principal razão técnica básica para identificar os riscos que podem ocorrer ao
pela qual se está aplicando experiência profissional para analisar pessoal, ao equipamento, ao meio ambiente e/ou aos objetivos
aspectos particulares de um projeto e avaliar falhas em estágios da organização começou a ganhar força15. Com isso, a forma-
iniciais de projetos com maior frequência7. A promoção de ações ção técnica que caracterizou os estudos de perigos e opera-
eficazes de prevenção no projeto de instalações de processos bilidade tornou-se uma parte esperada dos cursos de gradua-
industrial segue a aplicação e o monitoramento constante de ção em engenharia química em países como o Reino Unido e
regulações internacionais, em que os padrões internacionais e os Estados Unidos16. Ademais, embora esse método tenha sido
inicialmente desenvolvido para analisar sistemas de processos consequências de todos os desvios possíveis de uma operação
químicos, posteriormente ele se espalhou para praticamente normal que poderiam surgir em uma unidade da planta e pro-
qualquer área de conhecimento. por ações com o objetivo de reduzir o impacto dos desvios18.
Essa é a principal razão pela qual a equipe multidisciplinar
Aplicação da metodologia Hazop deve ter amplo conhecimento de projeto, operação e manu-
tenção na planta de processo19.
Equipe Multidisciplinar
O procedimento Hazop
A execução de um estudo preciso do Hazop requer vários docu-
mentos técnicos e informações específicas do processo. Após a Após a análise dos dados técnicos, a equipe multidisciplinar deve
coleta de dados, uma equipe multidisciplinar tem a responsa- estabelecer as “palavras-guia primárias”, mais conhecidas como
bilidade de analisar e projetar documentos de operação, como parâmetros de processo. Além disso, a experiência de eventos
diagramas de tubulação e instrumentação (P&ID), diagramas de passados em sistemas semelhantes é necessária para justificar
fluxo de processo (PFD), fluxogramas de materiais e manuais de a identificação de “palavras-guia secundárias” ou desvios e seus
operação (entre outros) descrevendo o sistema estudado17. efeitos no sistema em estudo20,21. Após a identificação dos riscos,
gravidade e probabilidade de eventos, os índices permitem cal-
Dependendo do escopo e da profundidade da análise, uma
cular o nível de risco de cada desvio. Um exemplo de matriz dos
equipe multidisciplinar básica de estudo Hazop deve conside-
parâmetros de processo mais comuns e seus desvios é mostrado
rar: a) um líder do estudo, responsável por definir a extensão
na Tabela 1.
da análise, a equipe de especialistas em Hazop e planejar
e liderar as reuniões do Hazop; b) um gerente de projeto, Uma vez concluída a identificação de consequências ou riscos
responsável por elaborar um cronograma Hazop, agendar inaceitáveis, pode ser necessária uma lista de recomendações
reuniões, analisar documentos e elaborar o relatório Hazop, e ações para melhorar o processo ou evitar perigos22. O pro-
acompanhar ações e monitorar as medidas de controle; c) um cesso tradicional do estudo Hazop, considerando a relação
engenheiro de processos, especialista em processos respon- entre a informação do processo e a identificação dos riscos, é
sável pelo processo em estudo; d) um engenheiro de instru- mostrado na Figura 123. Autores acompanharam esse processo
mentos; e) um engenheiro de operações ou comissionamento. para apoiar a identificação de desvios em elementos críticos
Portanto, a equipe multidisciplinar deve ter conhecimento e estabelecer pontos prioritários para qualificação em uma
específico do processo e ser capaz de identificar possíveis des- instalação para produção de biomassa recombinante. A defi-
vios. Esse grupo também deve ser capaz de definir as causas e nição de pontos críticos para qualificação foi realizada em
Palavras-guia
Parâmetro
Mais Menos Nenhum Reversa Parte de Assim como Outros que
Fluxo · · · · · · ·
Temperatura · ·
Pressão · · · ·
Nível de líquido · · ·
Volume · · · ·
Mistura · · ·
Composição ·
Reação · · · · ·
pH · ·
Finalmente, deve ser feito o relatório Hazop, incluindo cada Uma retrospectiva Hazop
um dos elementos da metodologia e descrevendo a análise rea-
lizada pela equipe multidisciplinar. Na Tabela 2, é mostrado o Desde que foi criada em meados da década de 1970, a meto-
modelo-padrão do relatório Hazop. dologia Hazop tem sido amplamente utilizada na indústria de
Relatório n.
Nó n.
Nível de
ID Parâmetro Desvio Causas Controles Efeitos Gravidade Frequência Ações Responsável
risco
1
processos como uma ferramenta confiável para avaliação de Como pode ser observado na Tabela 3, 55 artigos descrevendo a
risco. É por isso que um grande número de artigos publicados metodologia Hazop como ferramenta de avaliação de risco foram
descrevendo estudos de caso e referindo-se a esta metodolo- publicados nesse período. Embora o número de publicações tenha
gia foram publicados. Swann e Preston25 descreveram a evolução permanecido constante ao longo dos anos, o número de publica-
histórica da metodologia Hazop. Em seu trabalho é apresentado ções aumentou substancialmente no ano de 2012. Uma possível
o uso dessa metodologia desde o final da década de 1960 até explicação para esse aumento é o uso de ferramentas computa-
1995, sendo o primeiro trabalho a fazer este tipo de pesquisa. cionais e o desenvolvimento de modelos de simulação realizados
Entretanto, não foi o único trabalho que mencionou a evolução por especialistas em risco, visando simplificar sua aplicação e
histórica das publicações referentes à metodologia Hazop. Como reduzir o tempo e os recursos para sua execução. Portanto, é
segundo exemplo, Marhavilas et al.26 pesquisaram sobre aná- possível notar que a maioria das publicações do Hazop se refere
lise de risco e metodologias de avaliação durante uma década, à modelagem e simulações que foram projetadas para facilitar o
começando no início de 2000 até o fim de 2009. Finalmente, processo de implementação da metodologia por processamento
Dunjó et al. fizeram uma das pesquisas mais intensivas de publi-
de dados e tomada de decisões automatizada. Completando a
cações nas quais a metodologia Hazop foi aplicada na indústria
retrospectiva da última década, na mesma Tabela são mostradas
de processos desde sua concepção (década de 1960) até o início
as áreas de conhecimento responsáveis por gerar mais artigos
de 2009.
sobre o assunto. É possível notar que as áreas de engenharia
química, informática, engenharia, energia e meio ambiente
Aplicações da metodologia Hazop na última década
publicaram mais artigos sobre a metodologia Hazop do que as
No fim de 2016, foi concebida a ideia da realização de uma revi- outras áreas tecnológicas28. Isto não é surpreendente, uma vez
são de publicações da metodologia Hazop nos últimos dez anos, que essa metodologia é comumente descrita como uma técnica
com o objetivo de estabelecer o que há de mais avançado e as usada para detectar situações inseguras em plantas industriais
perspectivas dentro da indústria de processos. Por esse motivo, causadas por desvios em equipamentos e operações de processo
o período considerado neste trabalho incluiu a década entre anormais. Por fim, na mesma Tabela são apresentadas possí-
2005 e 2015. veis aplicações em áreas não relacionadas à engenharia, como
Tabela 3. Publicações de periódicos da metodologia Hazop como assunto de estudo de 2005 a 2015.
Computer Aided Chemical Engineering 1 Journal of Loss Prevention in the Process Industries 1
2007 2012
Journal of Loss Prevention in the Process Industries 1 Journal of Loss Prevention in the Process Industries 2
Journal of Loss Prevention in the Process Industries 1 International Journal of Hydrogen Energy 1
Systems Engineering - Theory & Practice 1 Journal of Loss Prevention in the Process Industries 2
Computers & Chemical Engineering 1 Journal of Natural Gas Science and Engineering 1
Process Safety and Environmental Protection 1 Procedia Earth and Planetary Science 1
Journal of Loss Prevention in the Process Industries 4
Journal of Loss Prevention in the Process Industries 1
Engineering Applications of Artificial Intelligence 1
negócios e educação, nas quais o uso da metodologia auxiliou metodologia qualitativa. Silvainita et al.36 também aplicaram
na identificação de desvios, mensuração de impactos e ações de a metodologia convencional Hazop como estratégia preliminar
controle para reduzir os efeitos adversos dos eventos. para investigar o risco baseado na tomada de decisão dos sis-
temas de ancoragem. Eles concluíram que, depois de avaliar os
A aplicação da metodologia Hazop em processos industriais não riscos, foi possível identificar riscos críticos e propor facilmente
mudou significativamente o seu procedimento ao longo dos anos, medidas para evitar desvios, a fim de garantir a segurança das
porque a maioria das aplicações da metodologia Hazop teve estruturas flutuantes comumente usadas nas indústrias de petró-
como objetivo avaliar riscos em sistemas críticos, ou quando foi leo e gás. A iniciativa de utilizar a metodologia Hazop em uma
necessário analisar sistemas que buscam uma melhoria contínua. análise de falhas de um processo térmico de H2 da unidade de
produção de reator de membrana de sílica via reforma a vapor
Como exemplo, Hashemi-Tilehnoee et al. identificou desvios e
29
dados gravados, antes de aplicar uma metodologia Hazop. Eles o fornecimento de serviços públicos e matérias-primas que não
também observam que a ausência de diagramas de fluxo de pro- atendem aos parâmetros de operação necessários é a principal
cesso (que geralmente são gerados apenas nas fases de enge- fonte de desvios. Pelo contrário, a alta automação do sistema
nharia básica e de engenharia detalhada) é um impedimento permitiu a tomada de ações corretivas quase que imediatas caso
para a aplicação dessa metodologia da maneira tradicional. os desvios aparecessem e até mesmo tomar ações para prevenir
O procedimento comum é baseado em descrições técnicas e eventos quando um comportamento anormal dos parâmetros é
recomendações devem ser implementadas antes de os compo- detectado. No entanto, para Sauk et al.48, a determinação da
nentes do projeto começarem a ser construídos. ordem ideal de identificação de nós pode ser uma tarefa difícil
devido à falta de experiência ou quando uma sequência lógica
Melhorando o procedimento da metodologia Hazop de análise não é seguida. Em seu trabalho, eles usaram o com-
portamento do fluxo do processo da matriz para determinar a
A principal vantagem de usar a metodologia Hazop no estágio sequência de seleção e tratamento dos nós. Finalmente, eles
de desenho dos projetos é a oportunidade de aplicar medidas concluem que um fluxo linear e contínuo ao longo do processo
de redução de riscos sem gerar custos consideráveis
para a deve ser seguido; isso garantirá o gerenciamento de documentos
empresa. Isso poderia ser alcançado propondo e implementando e a compreensão do relacionamento entre os elementos críticos
medidas para reduzir os impactos no sistema antes da fase de do sistema.
execução (construção), no entanto, a análise de risco também
pode desempenhar um papel importante durante as etapas de Integração entre Hazop e ferramentas de Análise de Perigos do
comissionamento43. A indústria de processos tem se concentrado Processo (Process Hazard Analysis - PHA)
ultimamente na tarefa de estabelecer critérios de seleção de
parâmetros para garantir a definição útil dos nós do Hazop. A metodologia Hazop é essencialmente um método qualitativo,
normalmente complementado por outras ferramentas de Análise
A estratégia de nós selecionados com base em sua funcionalidade de Perigos do Processo (PHA). A Avaliação Quantitativa de Riscos
é a nova abordagem que poderia atender a essa premissa. (Quantitative Risk Assessment - QRA) tem sido usada na indústria
química para orientar a tomada de decisões para estabelecer
Em estudos recentes, Rossing et al.44 analisaram a funcionalidade
arranjos e promover medidas de mitigação para tratar os riscos
dos principais elementos de uma Planta Piloto de Destilação de
relacionados a processos químicos, transporte e armazenamento
Recompressão de Vapor. A identificação dos nós foi realizada atra-
de substâncias perigosas49.
vés da análise de diagramas de tubulação e instrumentos (P&ID)
nos quais a equipe de especialistas definiu quatro principais nós Atualmente, um grande número de pesquisadores usa metodo-
funcionais. Em outra análise, Wu et al.45 provaram que modelos logias de gerenciamento de risco como suporte para aumentar
de fluxo multinível (MFM) levam a uma rápida identificação de a confiabilidade dos estudos de Hazop. Johnson31 provou os
nós em uma planta de tratamento de resíduos líquidos. Segundo benefícios do uso de Estudos de Perigo e Operabilidade, Análise
Mingda et al.46, essa abordagem também foi confiável para ana- de Camada de Proteção (Layer of Protection Analysis - LOPA) e
lisar os componentes do sistema separadamente em um sistema Nível de Integridade de Segurança (Safety Intregrity Level - SIL).
de desidratação da estação de Oldfield United. Como resultado, O principal objetivo dessa integração foi classificar os cenários
foi fácil realizar um modelo de identificação de nós estruturado de risco por meio da estimativa da ordem de grandeza do risco,
e preciso, facilitando o processo de análise de desvios. facilitando a aplicação de medidas de redução. Liu et al.50 tam-
bém executaram um trabalho semelhante destacando a impor-
A proposta de Boonthum et al.47 estabelece um modelo estrutural
tância do uso de Hazop, SIL e LOPA para estabelecer limites de
usando uma matriz de balanços de massa e calor para definir a
aceitação de risco para gerenciamento de extensão de vida em
relação entre todas as variáveis de um sistema. A criação desse
sistemas de plataformas de petróleo. No estudo liderado por
modelo simplificou a identificação de desvios existentes e a
Giardina e Morale51, a integração das metodologias FMECA e
identificação de riscos potenciais que não foram considerados de
Hazop evitou a omissão de falhas em uma planta de regaseifi-
antemão em análises de risco anteriores. Em sistemas altamente
cação. O resultado foi alcançado através do estabelecimento de
complexos, como os biorreatores usados na
geração de biomassa
modos de falha e identificação de perigos através da análise de
para produzir insumos farmacêuticos, a identificação de nós
causas e efeitos de desvios nos parâmetros do processo, seguindo
pode ser desafiadora, devido ao alto número de componentes
o procedimento normal de aplicação. Mohammadfam e Zarei52
que a perfazem. Herrera et al.24 aplicaram conceito de nós fun-
estabeleceram o estudo de risco para uma planta de produção
cionais, em que foi usado um grupo de elementos de processo
de hidrogênio usando uma combinação de Hazop e uma Análise
para realizar a mesma função final ou objetivo, como controle de
Preliminar de Risco (Preliminary Risk Analysis - PRA) como méto-
pH, aquecimento, resfriamento etc., em uma linha de fermen- dos qualitativos.
tação usada para a produção de biomassa recombinante. Esses
elementos foram agrupados em um único nó e, posteriormente, Em seguida, utilizou-se uma ferramenta de Avaliação de Risco
analisados com o objetivo de reduzir o tempo necessário para a Quantitativa (Quantitative Risk Assessment - QRA) para quan-
avaliação de riscos. O resultado desse processo leva à conclu- tificar o risco, aumentando assim a profundidade e cobertura
são de que a maioria dos desvios identificados no sistema foram da análise. É fato que a metodologia Hazop poderia ser com-
causados por fatores externos. Nessa instalação farmacêutica, plementada não apenas com os procedimentos convencionais
da PHA. Técnicas especializadas podem ser usadas em conjunto a motivação de Alaei et al.57 para usar a metodologia Hazop. Para
com os estudos de operabilidade para aumentar a robustez dos conseguir isso, eles usaram sistemas especialistas para facilitar o
programas de segurança projetados para proteger pessoas, ins- processo de análise e ajudar a determinar as medidas que podem
talações e ambiente. É o caso das ferramentas de Engenharia ser tomadas pelo pessoal envolvido na operação para evitar inci-
de Segurança de Processos (Process Safety Engineering - PSE) dentes e reduzir o impacto desses desvios. O desenvolvimento
e Engenharia de Proteção contra Incêndios (Fire Protection Engi- da simulação do sistema computacional aplicada aos estudos
neering - FPE) propostas por Chen et al.53. Ambas as técnicas de Hazop tem estado presente nos últimos anos. Por exemplo,
foram usadas para aumentar o número de elementos a serem Švandová et al.58 demonstrou que ferramentas inicialmente pro-
considerados durante a identificação de riscos para garantir a jetadas para o modelo e para simular reatores químicos permiti-
segurança e aproveitar os benefícios desses programas quando ram estabelecer uma nova metodologia para identificar riscos ao
integrados às técnicas convencionais de avaliação de risco. integrar modelos e estudos de risco e operabilidade. O modelo
de conversão da hidrólise do óxido de propileno em mono pro-
Novas tendências de aplicação de estudos Hazop usando pilenoglicol permitiu concluir que a integração de simulações e
modelagem, simulações e ferramentas assistidas por computador ferramentas de avaliação de risco possibilitou uma rápida identi-
ficação de desvios e possíveis consequências. O modelo também
Recentemente, uma nova estratégia tem sido usada nas indús-
levou ao estabelecimento de ações para reduzir o impacto e a
trias de processo para implementar com sucesso a metodo-
frequência de eventos indesejáveis.
logia de análise Hazop, no entanto, é necessário cumprir as
seguintes premissas. Desde o início dos anos 2000, software comercial para a exe-
cução do Hazop, como o software HAST, tem sido usado para
1. Em primeiro lugar, a Instalação deve ser adequadamente
gerenciamento de riscos em plantas de produção59, incluindo
projetada, em relação à experiência, ao conhecimento dos
vários softwares Hazop “inteligentes” desenvolvidos para auxi-
processos envolvidos e à aplicação dos padrões e códigos
liar na análise Hazop, como o PHASUITE. Zhao et al.60 realizaram
regulamentares.
uma análise em um processo farmacêutico usando este software
2. Por outro lado, os materiais de construção devem ser ade- inteligente como estudo de caso. Como resultado, esse software
quados e a construção e montagem devem ser realizadas pode identificar situações perigosas que poderiam ser facilmente
corretamente (instalações em operação). evitadas quando ações corretivas são aplicadas. Além disso,
a integração da modelagem matemática no estudo Hazop pode
No primeiro caso, novos processos são historicamente dependen- levar à detecção de desvios aleatórios inesperados. No entanto,
tes da experiência; esta questão tem sido considerada como a eles concluíram que em situações particulares poderia haver
maior limitação da metodologia. Assim, esta é a razão pela qual um excesso de informações, causando perda de objetividade e
os sistemas computacionais são atualmente amplamente utiliza- podendo ser responsável pela falta de conhecimento correspon-
dos, com o objetivo de evitar a dependência e a subjetividade da dente para promover medidas necessárias para enfrentar desvios
experiência por parte dos especialistas. indesejáveis. Eles também estabeleceram que muita informação
poderia levar à promoção de soluções não viáveis, ou, pior ainda,
Por essa razão, uma abordagem recente da metodologia Hazop propor muitas opções para reduzir os riscos, tornando o processo
incluiu o uso de simulações computacionais mais conhecidas de eliminação de riscos uma tarefa difícil de realizar.
como sistemas especialistas. De acordo com Sharvia e Papado-
poulos54, a aplicação tradicional de Hazop se torna um desafio Eizenberg et al.61, em um trabalho semelhante, estabelece-
devido à maior complexidade dos sistemas modernos e ao poten- ram um modelo para realizar a análise Hazop em um reator
cial erro humano dos processos manuais. É por isso que o uso de semi-batelada no qual ocorre uma reação exotérmica. O modelo
sistemas computacionais fornece um suporte fiel para a tomada foi exportado para simuladores matemáticos conhecidos como o
de decisões através do “aprendizado” de dados gerados a partir MATLAB, e condições anormais (previamente identificadas) foram
de simulações em estudos de caso. usadas como dados em um procedimento Hazop. Labovský et al.62
usaram o mesmo conceito de modelagem para estabelecer um
Como mencionado por Chung et al.55 a quantidade de dados gera- modelo matemático em um projeto de reator tubular para a pro-
dos no estágio de engenharia e de operação de rotina dos pro- dução de óxido de etileno. Eles também desenvolveram um algo-
jetos pode ser extensa, portanto, é obrigatório ter ferramentas ritmo de computador chamado DYNHAZ para identificar perigos
automatizadas para analisar e processar com eficiência a grande em sistemas de produção semelhantes. Em uma pesquisa adicio-
quantidade de informações. Em resposta a essa demanda, nal, Labovský et al.63 aplicaram o mesmo algoritmo para execu-
os autores afirmam que o software HAZID é uma ferramenta viá- tar uma análise de estado estacionário e uma análise detalhada
vel que permite identificar os riscos através da análise quali- de segurança para um processo relativamente complexo. Uma
tativa das unidades principais e/ou mais críticas representadas unidade de produção de éter metil-terciário-butílico (MTBE) foi
nos diagramas P&ID. Posteriormente, o software HAZID é capaz escolhida como um estudo de caso para demonstrar essa meto-
de correlacionar causas e consequências de possíveis falhas dologia, devido à complexidade e extensão da análise Hazop.
entre as unidades que compõem todo o sistema ou processo56.
A necessidade de desenvolver planos de contingência para res- O desenvolvimento e o uso de software especializado projetado
ponder a falhas em uma unidade de recuperação de enxofre foi para simplificar a análise de risco em instalações complexas é
uma nova tendência que está sendo seguida por especialistas viáveis para evitar danos à infraestrutura, procedimentos e todo
em riscos. Zhao et al.64 projetaram um sistema especialista o pessoal envolvido no processo.
específico chamado Petrohazop, que pode ajudar a automa-
tizar a análise Hazop “não-rotineira” devido à capacidade de Segundo Adhitya et al.77, Simulações Dinâmicas previamente
aprendizado do software. Portanto, a análise Hazop pode ser definidas por Haug78 foram usadas para identificar desvios em
continuamente melhorada através da experiência armazenada diferentes parâmetros da cadeia de suprimentos. Simulações
em bancos de dados. Como exemplo, Cui et al. desenvolveram
65 Dinâmicas também foram aplicadas para identificar possíveis
um software inteligente chamado HASILT, integrando as técnicas causas, consequências, salvaguardas e ações de mitigação
Hazop, LOPA, Especificação de Requisitos de Segurança (Safety usando uma estrutura sistemática para o gerenciamento de ris-
Requirements Specification - SRS) e SIL. Neste caso, essa inte- cos. A análise simultânea de riscos em sistemas com vários nós
gração não só facilita a execução de estudos de avaliação de com diferentes modos de falha pode ser uma tarefa demorada
risco, como também a promoção de possíveis soluções baseadas se não houver modelos para simplificar esse processo. Hu et al.79
na experiência adquirida em eventos semelhantes. Outra fer- estabeleceram o fato de que é possível resolver problemas
ramenta comum para identificação de perigos é o ExpHazop66. práticos relacionados à segurança na indústria. Tais problemas
Esse sistema especialista foi projetado para identificar perigos e incluíram uma perda significativa de informações e a dificul-
sugerir medidas de mitigação em instalações de processo. Esse dade de tomada de decisão do sistema de segurança durante
software é bem conhecido por sua interface amigável, interface a tradicional análise Hazop de auxílio computacional pela teo-
gráfica aprimorada, métodos para identificar nós de estudo, base ria da fusão de informações fuzzy80. No entanto, percebeu-se
de conhecimento dinâmica, algoritmo de propagação de falhas, que o modelo resultante devia ser modificado praticamente em
geração de relatórios etc. Todas essas características tornam cada fase do ciclo de vida do sistema. Esse processo resultou em
este sistema especializado uma das ferramentas de suporte mais mais tempo e recursos para realizar estudos toda vez que era
utilizadas para a análise Hazop.
necessário aplicar ajustes. Como mencionado acima, a metodo-
da teoria dos grafos, teoria da probabilidade, ciência da com- o que para um Sistema Especialista não é tão trivial e requer
putação e estatística85. bancos de dados de eventos complexos e geralmente exige atua-
lizações da programação para alcançar o objetivo.
Os riscos operacionais incluem uma variedade de tipos de falhas,
cuja quantificação não é fácil, porque a falta de dados é uma Aptidão sensorial: Um sistema especialista, ao contrário de um
característica fundamental86. Criar bancos de dados de riscos é ser humano, não é capaz de perceber nenhum dos cinco senti-
um requisito essencial na avaliação de riscos do processo. Esses dos, o que limita sua capacidade de percepção.
bancos de dados consistem em procedimentos funcionais deta-
lhados e características do equipamento. No entanto, em casos No entanto, a cada dia, novas tecnologias estão sendo desenvol-
específicos, devido à baixa disponibilidade, será necessário vidas e, em um futuro próximo, espera-se que uma tomada de
acessar fontes de informações externas de dados de validação decisão seja viável para sistemas especialistas.
A BN também orienta a tomada de decisões em situações em que É fato que a metodologia de risco e operacionalidade continuará
é necessário avaliar ganhos e custos versus riscos89. Hu et al.90 a ser empregada na indústria de processo por um longo tempo.
apresentaram um modelo que utiliza a integração da metodo- Ela facilita a análise de sistemas nos estágios iniciais do pro-
logia Hazop e uma rede Bayesiana dinâmica. Esse modelo foi jeto, analisando desvios no comportamento anormal do sistema,
desenvolvido com o objetivo de auxiliar na quantificação do nível ao processar matérias-primas em produtos. Essa é a razão pela
de desvio através da análise de relacionamento entre parâme- qual se tornará mais comum ver novas áreas potenciais de apli-
tros em processos complexos. cação dessa metodologia, como informática, negócios, educação
médica e processos que podem incluir parâmetros de processo.
Limitações de sistemas especialistas para suportar estudos Hazop
As possíveis áreas de aplicação devem considerar que os des-
Embora os sistemas especialistas ofereçam o suporte necessário vios também poderiam ser responsáveis por afetar não apenas
para facilitar o processo de aplicação da metodologia Hazop, os dispositivos mecânicos, mas também os sistemas de computa-
essas ferramentas apresentam algumas limitações que devem ser ção, as questões regulatórias ou mesmo os elementos envolvidos
consideradas durante o seu uso para contestar os resultados91,92. direta ou indiretamente nesse processo, como o ambiente e a
infraestrutura crítica93. Entretanto, como visto neste trabalho,
Senso comum: Um Sistema Especialista carece de senso
a rápida evolução tecnológica da infraestrutura industrial pode
comum, o que é essencial para especificar com base no conhe-
tornar obsoleta a metodologia convencional Hazop. A aplicação
cimento todas as condições e circunstâncias do contexto e do
de procedimentos Hazop pode não ser viável quando o aumento
ambiente. Para a metodologia Hazop, mesmo a decisão mais
de alguns componentes e a complexidade de possíveis desvios
simples baseada no senso comum não é considerada pelo sis-
exigem o esforço adicional dos responsáveis
pela avaliação
tema, uma vez que a interpretação dos dados adquiridos ao
de risco. Sem mencionar o alto custo dos recursos e o tempo
longo do tempo cria bancos de dados sem a aplicação de cri-
necessário para realizar uma análise de risco para identificar e
térios para casos específicos.
aplicar medições de controle. Portanto, agora é comum ver que
Língua natural: Assim como um ser humano usa uma linguagem essa metodologia Hazop está sendo adaptada e é adequada para
para manter a comunicação com outro indivíduo, um sistema atender às necessidades de novos processos. Assim, os especia-
especialista (Expert System) usa uma linguagem de programa- listas em gerenciamento de risco concordam que a automação
ção, o que impede a possibilidade de conversas informais. Assim, dos procedimentos de aplicação do Hazop será em um futuro
os usuários acabam se conformando com a linguagem do sistema, próximo a única abordagem prática para lidar com análises alta-
o que leva a limitações para declarar ideias, causas, consequên- mente complexas, se adotadas.
cias e expressões particulares.
Aplicações na indústria farmacêutica
Provisão para aprendizagem: A capacidade de uma pessoa apren-
der com os erros é relativamente alta e rápida. Projetar um sis- A capacidade e a complexidade das próximas instalações indus-
tema especialista que ofereça essas condições é muito complexo. triais devem ser critérios fundamentais quando as ferramentas
de avaliação de risco forem usadas. A avaliação de risco indus-
Capacidade de priorizar: Para os especialistas humanos, não é trial usando a metodologia Hazop requer uma compreensão
muito difícil diferenciar os tópicos relevantes dos irrelevantes, completa da função dos componentes e sua relação com todo
o sistema. Atualmente, a infraestrutura industrial em diversos Como consequência das regulações atuais, como as da FDA94,2,
setores precisa ser atualizada, visando atender a requisitos de os equipamentos necessários devem atender a especificações eleva-
qualidade. Como caso especial, é possível notar que a indústria das e a procedimentos operacionais complexos. Nesse ponto, a meto-
farmacêutica e biofarmacêutica evoluiu de forma notável nos dologia Hazop fornece o suporte de avaliação de risco necessário.
últimos anos. Ambas as indústrias são responsáveis pela produ- Assim, os sistemas biotecnológicos responsáveis pelas operações de
ção de suprimentos de saúde. Em alguns casos o produto final transformação de materiais em produtos são constituídos por alguns
pode ser o mesmo; no entanto, a diferença tecnológica é a pla- componentes que podem ser considerados como nós de Hazop. Na
taforma de produção. Figura 2, é mostrado um exemplo de identificação de nó em um tan-
que de aço inoxidável usado para diluição de cultura bacteriana.
A indústria farmacêutica convencional geralmente usa síntese
química para gerar produtos de saúde, exigindo matérias-primas Nesse caso, a identificação do nó parece ser um procedimento fácil
caras para realizar processos. Enquanto isso, a geração de pro- de seguir, no entanto, a Figura 3 ilustra a complexidade de um bior-
dutos biotecnológicos (como o próprio nome sugere) requer pla- reator para bactérias usado no processo. Nesse caso, a identificação
taformas biológicas como bactérias, células de mamíferos ou do nó poderia representar um desafio para a equipe multidisciplinar,
insetos e, mais recentemente, o uso de plantas para produzir pro- pois cada linha que representa serviços, soluções, meios de comu-
teínas terapêuticas, vacinas bacterianas e virais etc. No entanto, nicação, exaustão de gás, etc. deve ser considerada como um nó.
a plataforma biológica requer instalações tecnológicas aprimora- Deve-se considerar também que a falta de um único elemento reque-
das e equipamentos caros, como biorreatores, quando se traba- rido para o processo, ou um desvio da função dos consentimentos,
lha com organismos geneticamente modificados (OGM). terá impactos negativos sobre o produto ou sobre o próprio sistema.
1
2
5
4
Assim, a nova abordagem para seleção de nós através da funcio- documento, ela continuará a ser empregada na indústria de
nalidade pode ser a resposta para reduzir o número de compo- processo por um longo tempo. No entanto, para enfrentar
nentes considerados como nós, por grupos de componentes com novos desafios dentro da indústria de processo atual, a metodo-
a mesma função dentro do processo. Essa estratégia simplificará logia deve ser melhorada visando atender sua implementação
o procedimento de identificação, processamento e tratamento em instalações de alta complexidade. Atualizações da metodo-
de desvios, permitindo uma análise simultânea de diversas vari- logia permitirão sua rápida adaptação a requisitos de processo
áveis ao mesmo tempo, como demonstrado por O Herrera et al. 24
atuais ou futuros, como foi visto em publicações recentes.
Além disso, a experiência do grupo multidisciplinar necessária na b. Esta revisão possibilitou perceber que a maioria dos auto-
análise de risco que usa essa metodologia pode ser reduzida se res consultados considera a metodologia Hazop uma fer-
uma ferramenta de software especializada que permita a aqui- ramenta confiável para identificar desvios nos parâmetros
sição de informações e gere bancos de dados puder ser usada do processo. Além disso, sua abordagem estruturada traz o
como base para a tomada de decisões. suporte necessário para facilitar a determinação de causas
e efeitos usando como base o conhecimento de uma equipe
multidisciplinar ou bancos de dados de sistemas especialis-
CONCLUSÕES
tas. No entanto, em todos os casos, profissionais especialis-
a. A metodologia Hazop é uma das ferramentas mais usadas pelos tas continuarão a ser necessários devido às limitações dos
especialistas em gerenciamento de risco. Como foi visto neste próprios sistemas especialistas (explicado acima).
c. Os estudos Hazop são projetados para promover medidas para a aplicação convencional da metodologia Hazop não pode
eliminar riscos e propor controles para reduzir o impacto dos atender aos requisitos da avaliação de risco de processos
riscos quando estes não puderem ser evitados. Contudo, a subsequentes. No entanto, a nova tendência que vem sendo
maioria dos autores mencionados neste artigo converge com seguida por especialistas em Hazop é o projeto e a aplica-
base na premissa de que a identificação e caracterização de ção de estudos inteligentes de Hazop. A criação de modelos,
desvios usando os bancos de dados da metodologia Hazop simulações e o uso de software especializado simplificarão o
não são a única fonte de informações e requerem experiên- procedimento para lidar com desvios, tornando os estudos
cia ampla e profunda dos envolvidos na avaliação de risco. de perigos e operabilidade uma ferramenta rápida e de baixo
custo para avaliação de risco. Embora os sistemas não sejam
d. Os processos atuais estão sendo construídos usando a tec- infalíveis, espera-se que, num futuro próximo, a necessidade
nologia mais recente, tornando os sistemas mais complexos de experiência humana para apoiar sistemas especialistas se
do que eram no passado. Essa é a principal razão pela qual torne cada vez menor ou mesmo desnecessária.
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Agradecimentos
A. S. Luna agradece o apoio da UERJ (Programa Prociência), Faperj e CNPq.
M. A. de la O. H. agradece o apoio do Instituto de Tecnologia de Imunobiológicos (Biomanguinhos) e a contribuição dos coautores para
tornar este trabalho possível.
Conflito de Interesse
Os autores informam não haver qualquer potencial conflito de interesse com pares e instituições, políticos ou financeiros deste estudo.
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