Você está na página 1de 9

RESUMO DE PORTUGUÊ S – GRAMÁ TICA

FUNÇÕ ES SINTÁ TICAS


Funçõ es sintá ticas ao nível da frase:
1. Sujeito – elemento que controla a concordâ ncia, em pessoa e em nú mero, relativamente ao nú cleo.
Pode ser:
a. Simples – constituído apenas por um grupo nominal ou por uma frase.
b. Composto – constituído por duas ou mais expressõ es nominais ou por duas ou mais frases.
c. Nulo – nã o está realizado lexicalmente, sendo possível classificá -lo em:
i. Subentendido – quando é possível identificar no contexto o referente para o qual
remete o sufixo flexional. EX: «[Tu] Querias crescer depressa, aí tens.»
ii. Indeterminado – quando o verbo se encontra na 3ª pessoa do plural ou do singular,
acompanhado, neste ú ltimo caso, do pronome pessoal se com valor impessoal, nã o
sendo possível identificar o referente do sujeito nulo indeterminado, uma vez que nã o é
definido nem específico. EX: «Disseram-me que ia chover.»; «Via-se bem que alguns
deles faziam logo as contas.»
iii. Expletivo – ocorre apenas com verbos impessoais. EX: «Havia já algumas pessoas à
sombra dos toldos ou estendidos ao sol.»

2. Predicado – funçã o sintá tica desempenhada pelo grupo verbal.

3. Modificador da frase – grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrá rio dos complementos,
nã o sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando informaçã o suplementar.
Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em vá rias posiçõ es da
frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»
(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»

4. Vocativo – constituinte (nã o obrigató rio) que identifica o interlocutor, ocorrendo em frases
imperativas (1), exclamativas (2) e interrogativas (3).
EX: (1) «Fecha a porta, Pedro.»
(2) «Dó i-me muito o peito, mãe!»
(3) «Quando tenho alta, senhor doutor?»

Funçõ es sintá ticas internas ao grupo verbal:


1. Complementos – constituintes da frase selecionados pelo verbo:
a. Complemento direto – grupo nominal (1) ou oraçã o substantiva completiva (2) que pode ser
substituído respetivamente pelo pronome pessoal de 3ª pessoa (o/a, os/as) e pelo pronome
demonstrativo á tono o.
EX: (1) «Dois homens seguravam o porco.» → «Dois homens seguravam-no»
(2) «Hã o de jurar que não me conhecem.» → «Hã o de jurá -lo.»
b. Complemento indireto – grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposiçã o a) que
pode ser substituído por um pronome pessoal de 3ª pessoa (lhe/lhes).
EX: «Perguntem aí ao Gouveia.» → «Perguntem-lhe aí.»
c. Complemento oblíquo – grupo adverbial (1) ou preposicional (2) que, ao contrá rio do
complemento indireto, nã o pode ser substituído por um pronome pessoal (lhe/lhes).
EX: (1) «Faz bem à alma.» →/ «Faz-lhe à alma.»
(2) «Também me lembro do sopro do maçarico.» →/ «Também me lembro-lhe.»
Exemplos de verbos que pedem complemento oblíquo:
a) ir a, vir de, estar em, partir de (nome ou pronome precedido de preposiçã o; advérbio);
b) comunicar com, concordar com, discordar de, precisar de, necessitar de, troçar de, casar-se
com, divorciar-se de, dispor-se a, arrepender-se de, interessar-se por (nome ou pronome
precedido de preposiçã o).
d. Complemento agente da passiva – grupo preposicional (geralmente introduzido pela
preposiçã o por) que, na frase ativa correspondente, passa a grupo nominal com funçã o de
sujeito.
EX: «Uma Câ mara nã o é eleita pelo povo, é nomeada pelo Governo.» → «O povo nã o
elege uma Câ mara, o Governo nomeia-a.»

2. Predicativos:
a. Predicativo do sujeito – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou proposicional (4) ou
oraçã o (5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar, continuar, parecer, permanecer,
revelar-se, ser, tornar-se…) que atribui uma propriedade ou uma localizaçã o (espacial ou
temporal) ao sujeito.
EX: (1) «A mã e era uma criatura desagradável e azeda.»
(2) «Garcia ficou aturdido.»
(3) «Olhe que isto é preciso é que todos fiquem bem.»
(4) «Caeiro era de estatura média.»
(5) «Pensar é estar doente dos olhos.»
b. Predicativo do complemento direto – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3),
selecionado por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, eleger, julgar,
nomear, tratar,…) que atribui uma propriedade ou uma localizaçã o (espacial ou temporal) ao
complemento direto.
EX: (1) «[…] se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca.»
(2) «Todos a achavam simpática.»
(3) «Todos o tinham por tolo.»

3. Modificador do grupo verbal – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oraçã o subordinada (3) que,
ao contrá rio dos complementos, nã o sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando
informaçã o suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer
em vá rias posiçõ es da frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»
(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
(3) «Nã o te posso dar minha filha, porque já não tenho filha.»

Funçõ es sintá ticas internas ao grupo nominal:


1. Complemento do nome – grupo preposicional [oracional (1) ou nã o oracional (2)] ou, menos
frequentemente, adjetival (3) que integra o grupo nominal, ocorrendo sempre à direita do nome que
completa e sendo sempre de preenchimento opcional.
EX: (1) «Tem curiosidade de saber como é esta pobre má quina por dentro […].»
(2) «Ter pena dele seria como ter pena dum plátano […].»
(3) «A procura turística tem aumentado.»
2. Modificador do nome – funçã o sintá tica que integra o grupo nominal, modificando-o através de
informaçõ es suplementares.
a. Restritivo – grupo preposicional (1), grupo adjetival (2) ou oraçã o relativa restritiva (3) que
modifica o nome, restringindo a sua referência.
EX: (1) «Fechou a porta da cela atrá s de si […].»
(2) «De repente, a rapariga loira viu uma criança sair a correr.»
(3) «Há palavras que fazem bater mais depressa o coração […].»
b. Apositivo – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3) ou oraçã o relativa explicativa
(4) que, ao modificarem o nome, nã o limitam a sua referência. Na escrita, está sempre separado
por vírgulas do nome que modifica e ocorre normalmente à direita do mesmo.
EX: (1) «Alguma vez a sua Loló , magra e frenética criatura de olhos verdes, brincara
nos jardins dos palacetes […]?»
(2) «Que doença estranha, lenta mas tenaz, matava o Rei?»
(3) «A velha tinha-se dado preparatoriamente um choro, de grande efeito em
corações de viajante.»
(4) «O rapaz, que chegou pelo lado de trás, abriu a cancela de madeira.»

Funçõ es sintá ticas internas ao grupo adjetival:


c. Complemento do adjetivo – grupo preposicional [nã o oracional (1) ou oracional (2)] que
integra o grupo adjetival, ocorrendo sempre à sua direita. Nã o é de preenchimento obrigató rio.
EX: (1) «E será o pai feliz com o meu sacrifício?»
(2) «Sou fácil de definir.»
d. Modificador do adjetivo – grupo adverbial que integra o grupo adjetival, correspondendo a um
advérbio colocado à esquerda do adjetivo.
EX: «verã o como o elefante se enfrenta com os mais furiosos ventos contrá rios.»

TESTES PRÁTICOS PARA IDENTIFICAR OS COMPLEMENTOS DO VERBO E O MODIFICADOR DO GRUPO VERBAL


1. Complemento direto: pode ser substituído pelo pronome pessoal o, a, os, as. Se for uma oraçã o, pode
substituir-se pelo pronome demonstrativo isso. Surge na resposta à questã o: O sujeito + verbo + o quê? ou +
quem?
2. Complemento indireto: pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe, lhes. Surge na resposta à questã o: O
sujeito + verbo (+ complemento direto) + a quem?
3. Complemento agente da passiva: na frase ativa, desempenharia a funçã o de sujeito.
4. Complemento oblíquo: nã o pode ser substituído pelos pronomes pessoais o e lhe.

FRASE SIMPLES E FRASE COMPLEXA


Frase simples → frase em que existe um ú nico verbo principal ou copulativo.
Frase complexa → frase em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo, que contêm mais do que
uma oraçã o. Numa frase complexa, podemos ter oraçõ es coordenadas e/ou subordinantes e subordinadas.

COORDENAÇÃ O
A coordenaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre elementos que pertencem à mesma categoria gramatical
e que desempenham a mesma funçã o sintá tica.
As orações coordenadas podem-se classificar em:
1. Copulativa – estabelece uma relaçã o de adiçã o com a(s) oraçã o(õ es) com que se combina.
EX: «Estou cansado e vou descansar.»
2. Adversativa – transmite uma ideia de contraste, de oposiçã o, relativamente à ideia expressa na frase
ou oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado, mas vou continuar.»
3. Disjuntiva – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oraçã o com que se combina.
EX: «Ou descanso ou não posso continuar.»
4. Conclusiva – transmite uma ideia de conclusã o decorrente da ideia expressa na frase ou oraçã o com
que se combina.
EX: «Estou cansado, logo não posso continuar.»
5. Explicativa – apresenta uma justificaçã o ou explicaçã o relativa à frase ou oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado porque andei muito.»

SUBORDINAÇÃ O
A subordinaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre oraçõ es em que uma (subordinada) está
sintaticamente dependente de outra (subordinante).
As orações subordinadas podem-se classificar em:
 Substantiva – desempenha a funçã o sintá tica de sujeito ou de complemento de um verbo, nome ou
adjetivo, podendo ser facilmente substituída por um pronome como isso e subdividindo-se em:
1. Completiva, que completa a ideia da oraçã o anterior e pode ser introduzida pelas conjunçõ es
subordinativas «que», «se» e «para».
EX: «Eu bem sei que tu não voltas».
2. Relativa, que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente, como
quem, o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.
EX: «Quem espera sempre alcança.»
 Adjetivas – exerce a mesma funçã o que um adjetivo e subdivide-se em:
1. Relativa restritiva, que tem como funçã o restringir a informaçã o dada sobre o antecedente; a
sua omissã o acarreta uma alteraçã o do sentido da oraçã o subordinante, pois apresenta
informaçã o relevante para a definiçã o do antecedente.
EX: «O poeta português que escreveu Os Lusíadas foi grandioso.»
2. Relativa explicativa, que apresenta informaçã o adicional sobre o antecedente; a sua omissã o
nã o altera o sentido da oraçã o subordinante, uma vez que o antecedente já se encontra
suficientemente definido.
EX: «A literatura, que é imortal, encanta os leitores.»

 Adverbiais – desempenha a funçã o sintá tica de modificador da frase ou do grupo verbal e, modificando
o sentido de outras oraçõ es, subdivide-se em:
1. Causal, que indica a causa ou o motivo daquilo que é expresso na subordinante.
EX: «Não compro este carro porque consome muito.»
2. Final, que enuncia o objetivo da realizaçã o da situaçã o descrita na subordinante.
EX: «Leva dinheiro para pagares as compras.»
3. Temporal, que estabelece a referência temporal em relaçã o à qual a subordinante é
interpretada.
EX: «Estavas ao telefone, quando entrei.»
4. Concessiva, que admite algo contrá rio ao que é apresentado na subordinante mas incapaz de
impedi-lo.
EX: «Iremos à piscina, embora não seja do meu agrado.»
5. Condicional, que indica uma hipó tese ou condiçã o em relaçã o ao que é expresso na
subordinante.
EX: «Se ele fosse rico, teria muitos criados.»
6. Comparativa, que contém o segundo elemento de uma comparaçã o que estabelece em relaçã o a
uma situaçã o apresentada na subordinante.
EX: «Ele trata-me como se eu fosse sua inimiga.»
7. Consecutiva, que apresenta uma consequência da situaçã o expressa na subordinante.
EX: «Comi tanto que fiquei indisposta.»
CLASSES DE PALAVRAS
1. Nome:
a. Comum – nã o se aplica a uma entidade ú nica, podendo designar objetos, seres, fatos e conceitos
de forma nã o individualizada. EX: «Quero aquele pão.»
b. Próprio – designa uma ú nica entidade num determinado contexto comunicativo. EX: «Basílio
tomou-lhe as mã os.»
c. Contável – designa entidades ou seres singulares, passíveis de serem divididos em partes
distintas e enumerados. EX: caderno, cadeira, lá pis, etc.
d. Não-contável – designa algo que é concebido como um todo contínuo, nã o podendo ser dividido
em partes singulares nem contado. Ex: farinha, açú car, á gua, etc.
e. Concreto – designa objetos ou entidades físicas que podem ser localizadas no tempo e no
espaço. EX: janela, porta, á rvore, gato, etc.
f. Abstrato – refere-se a entidades nã o tangíveis, imateriais, como sentimentos ou conceitos. EX:
felicidade, beleza, perigo, medo, verdade, etc.

2. Adjetivo:
a. Qualificativo – modifica um grupo nominal, atribuindo-lhe uma qualidade.
b. Numeral – modifica o nome, atribuindo-lhe uma determinada ordem dentro de uma série.
Corresponde a uma palavra tradicionalmente classificada como numeral ordinal. EX: primeiro,
segundo, vigésimo lugar, etc.
c. Relacional – palavra que se distingue dos restantes adjetivos por apresentar características
pró prias: completa, geralmente, o sentido do nome, atribuindo-lhe informaçõ es de natureza
classificató ria, deriva de nomes [comércio → comercial], nã o admite variaçã o em grau [uma
manifestaçã o operária →/ uma manifestaçã o muito operária], ocorre sempre em posiçã o pó s-
nominal e nã o tem antó nimo.
2.1. Variaçã o em género:
d. Biforme – possui uma forma para o feminino e para o masculino.
e. Uniforme – possui apenas uma forma para ambos os géneros.
2.2. Variaçã o em grau:
f. Normal – expressa simplesmente a qualidade.
g. Comparativo – compara uma qualidade entre duas entidades, distinguindo-se três
modalidades:
I. De superioridade – EX: «Londres é mais cosmopolita do que Lisboa.»
II. De inferioridade – EX: «Lisboa é menos agitada do que Londres.»
III. De igualdade – EX: «Londres é tão movimentada como Paris.»
h. Superlativo:
I. Relativo – apresenta uma qualidade atribuída a uma entidade que é comparada a um
conjunto de entidades.
i. De superioridade – EX: «O Everest é a mais alta montanha do mundo.»
ii. De inferioridade – EX: «Os países da Á frica subsariana sã o os menos
desenvolvidos.»
II. Absoluto – indica uma qualidade que supera a noçã o que normalmente se tem dessa
mesma qualidade, nã o se relacionando com nenhum conjunto de entidades.
i. Sintético – EX: «Este problema é facílimo.»
ii. Analítico – EX: «Aquele ator é bastante célebre.»

3. Pronome:
a. Pessoal –
b. Demonstrativo –
c. Possessivo –
d. Indefinido –
e. Relativo –
f. Interrogativo –

4. Determinante:
a. Artigo definido –
b. Artigo indefinido –
c. Demonstrativo –
d. Possessivo –
e. Indefinido –
f. Relativo –
g. Interrogativo –

5. Quantificador:
a. Universal –
b. Existencial –
c. Numeral –
d. Relativo –
e. Interrogativo –

6. Verbo:
a. Principal –
b. Copulativo –
c. Auxiliar –

7. Advérbio:
a. De negação –
b. De afirmação –
c. De quantidade e grau –
d. De inclusão e exclusão –
e. Relativo –
f. Interrogativo –
g. De predicado –
h. De frase –
i. Conetivo –

8. Conjunção/locução conjuncional:
a. Coordenativa –
b. Subordinativa –

9. Preposição/locução prepositiva –

10. Interjeição –
 A nível sintático:
1. Anáfora – repetiçã o de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro de frase ou de um
verbo (nem rei nem lei, nem paz nem guerra);
2. Anástrofe – alteraçã o da ordem direta da frase devido à anteposiçã o de um complemento ou à deslocaçã o
de uma palavra (À s horas em que um frio vento passa);
3. Assíndeto – supressã o da partícula de ligaçã o (Grécia, Roma, cristandade, Europa);
4. Enumeração – acumulaçã o ou inventariaçã o de elementos da mesma natureza (Mas o melhor do sã o as
crianças/flores, música, o luar e o sol);
5. Hipérbato – transposiçã o da ordem normal das palavras de uma oraçã o, donde resulta a separaçã o dos
elementos constituintes de um sintagma (Súbdita a frase o busca);
6. Paralelismo de construçã o – repetiçã o da estrutura frá sica para memorizar ou destacar ideias (Três
vezes do leme as mã os ergueu,/Três vezes ao leme as reprendeu);
7. Polissíndeto – repetiçã o do elemento de ligaçã o entre frases ou palavras (E com as mã os e os pés/ E com
o nariz e a boca).

 A nível interpretativo:
1. Antítese – apresentaçã o de dois conceitos opostos (Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio);
2. Antonomásia – substituiçã o de um nome pró prio por uma palavra ou expressã o que o designem de
modo inconfundível (Cessem do sábio grego e do Troiano);
3. Apóstrofe/invocação – interpelaçã o, chamamento de alguém ou de algo personificado (Ó céu! Ó campo!
Ó cançã o!);
4. Comparação – relaçã o de semelhança entre duas ideias usando uma partícula comparativa ou verbos
como «parecer», «assemelhar-se» (O meu olhar é nítido como um girassol);
5. Disfemismo – apresentaçã o, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de forma suave
(Cheiro que nã o ofende estes narizes, habituados, que estã o ao churrasco do auto de fé);
6. Eufemismo – expressã o, de uma ideia chocante, de uma forma suave (quando a fogueira se apagar tens
de te ir embora [= morrer]);
7. Gradação – encadeamento, disposiçã o de palavras/ideias segundo uma ordem crescente ou decrescente
(Sagaz consumidora conhecida/de fazendas, de Reinos e de Impérios);
8. Hipérbole – exagero da realidade (corre um rio sem fim);
9. Hipálage – transferência de uma impressã o causada por um ser para outro ser, ao qual
logicamente nã o pertence, mas que se encontra relacionado com o primeiro. (No plaino
abandonado.)
10. Interrogação – pergunta retó rica que nã o pretende obter resposta, mas enfatizar a questã o (Quem vem
viver a verdade/Que morrer D. Sebastiã o?);
11. Ironia – afirmaçã o que pretende sugerir ou insinuar o contrá rio;
12. Metáfora – comparaçã o de dois conceitos sem utilizaçã o da partícula comparativa (Numa onda de
alegria);
13. Metonímia – utilizaçã o de um vocá bulo em vez de outro, com o qual tem uma relaçã o de contiguidade (o
continente pelo conteú do; o autor pela obra, por exemplo: Estou a estudar Camõ es);
14. Oximoro – expressã o que inclui contradiçã o (Sã o coisas vestindo nadas);
15. Perífrase – utilizaçã o de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas (Pelo neto
gentil do velho Atlante [= Mercú rio]);
16. Personificação – atribuiçã o de qualidades ou de comportamentos humanos a seres inanimados ou a
animais (Quando uma nuvem passa a mão por cima da luz);
17. Pleonasmo – repetiçã o da mesma ideia (Vi, claramente visto, o lume vivo);
18. Sinédoque – expressã o do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo plural, do plural pelo
singular, do género pelo indivíduo (Vó s, ó novo temor da maura lança [= exército mouro]);
19. Sinestesia – expressã o simultâ nea de sensaçõ es diferentes (Brancura quente da calçada).

NOÇÕ ES DE VERSIFICAÇÃ O
VERSO
 Ritmo – efeito sonoro produzido intencionalmente pela alternâ ncia entre sílabas tó nicas (acentuadas) e
sílabas á tonas (nã o acentuadas). Ao conjunto das sílabas acentuadas presentes num verso atribui-se a
designaçã o de acento rítmico.
 Metro/métrica – medida poética que corresponde ao nú mero de sílabas métricas de um verso. A
contagem do número de sílabas métricas:
o É efetuada apenas até à sílaba tó nica (sílaba acentuada) da ú ltima palavra do verso;
o Procede-se normalmente à junçã o/elisã o das vogais á tonas finais quando a palavra seguinte é
iniciada por vogal.
EX: «Mu/dam/-se os/tem/pos/, mu/dam/-se as/von/ta/des.»
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (ù ltima sílaba métrica)
(elisã o) (elisã o)

Classificação dos versos quando à métrica:


o Monossílabo – uma sílaba
o Dissílabo – duas sílabas
o Trissílabo – três sílabas
o Tetrassílabo – quatro sílabas
o Pentassílabo/redondilha menor – cinco sílabas
o Hexassílabo – seis sílabas
o Heptassílabo/redondilha maior – sete sílabas
o Octossílabo – oito sílabas
o Eneassílabo – nove sílabas
o Decassílabo – dez sílabas
o Hendecassílabo – onze sílabas
o Dodecassílabo – doze sílabas

RIMA
Classificação da rima:
 Em funçã o da correspondência de sons:
o Rima consoante/perfeita – correspondência total de sons (consoantes e vogais) a partir da
ú ltima sílaba tó nica.
o Rima toante/imperfeita – existe apenas uma correspondência de sons vocá licos a partir da
ú ltima sílaba tó nica.
 Em funçã o da natureza gramatical das palavras que rimam:
o Rima rica – incide em unidades pertencentes a classes de palavras diferentes.
o Rima pobre – incide em unidades pertencentes à mesma classe de palavras.
 Em funçã o do esquema rimá tico (combinaçõ es de rima):
o Rima cruzada – a b a b
o Rima emparelhada – a a b b
o Rima interpolada – a b b a ou a b c a
o Rima encadeada – ú ltima palavra de um verso rima com o meio do verso seguinte.
EX: «E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos»
o Rima interior – uma das palavras (ou ambas) que rima encontra-se no interior do verso.
EX: «E eu na alma – tenho a calma»

ESTROFE
Classificação da estrofe em função do número de versos:
 Monóstico – um verso
 Dístico ou parelha – dois versos
 Terceto – três versos
 Quadra – quatro versos
 Quintilha – cinco versos
 Sextilha – seis versos
 Oitava – oito versos
 Novena – nove versos
 Décima – dez versos

TEMÁ TICAS
O FINGIMENTO POÉTICO
Crendo na afirmaçã o de que o significado das palavras está em quem as lê e nã o em quem as escreve, Fernando
Pessoa aborda a temá tica do “fingimento”; o poeta baseia--se em experiências vividas, mas transcreve apenas o
que lhe vai na imaginaçã o e nã o o real, nã o está a sentir o que nã o é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o
poema.

DOR DE PENSAR
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lú cido, a ter de pensar. Gostava, muitas vezes, de ter a inconsciência
das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre ceifeira. (“O que em mim sente ‘stá pensando.”).
O ortó nimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de ser incapaz de sentir
intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos. Impedido de ser feliz, devido à lucidez,
procura a realizaçã o do paradoxo de ter uma consciência inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento,
percebe o vazio que nã o permite conciliar a consciência e a inconsciência.

O SER FRAGMENTADO
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas personagens, distintas e
contraditó rias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si pró prio, o sujeito poético procura observar o seu
“eu”, ou seja, conhecer-se a si pró prio, o que leva à fragmentaçã o e à consciência de que é capaz de viver apenas
o presente.
Questiona a sinceridade das emoçõ es escritas nos seus textos, porque nã o sente hoje da mesma forma que
sentiu no passado, pois as emoçõ es, ao serem escritas e lidas, sã o intelectualizadas (“nã o sei quantas almas
tenho”).

NOSTALGIA DA INFÂNCIA PERDIDA


Em Fernando Pessoa ortó nimo, a infâ ncia é entendida como um tempo mítico do bem, da felicidade e da
inconsciência. Nela permanecem sempre vivos a família e os lugares, a segurança e o aconchego, entretanto
perdidos pelo sujeito poético. A inconsciência de que todo esse bem é irrecuperá vel, fá -lo sentir-se
obsessivamente nostá lgico da infâ ncia, um tempo perdido que serve sobretudo para acentuar a negatividade do
presente. O profundo desencanto e a angú stia acompanham o sentido da brevidade da vida e da passagem dos
dias. Ao mesmo tempo que gostava de ter a infâ ncia das crianças que brincam, sente a saudade de uma ternura
que lhe passou ao lado.
Frequentemente, para Pessoa, o passado é um sonho inú til, pois nada se concretizou, antes se traduziu numa
desilusã o.

Você também pode gostar