Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3. Modificador da frase – grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrá rio dos complementos,
nã o sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando informaçã o suplementar.
Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em vá rias posiçõ es da
frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»
(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
4. Vocativo – constituinte (nã o obrigató rio) que identifica o interlocutor, ocorrendo em frases
imperativas (1), exclamativas (2) e interrogativas (3).
EX: (1) «Fecha a porta, Pedro.»
(2) «Dó i-me muito o peito, mãe!»
(3) «Quando tenho alta, senhor doutor?»
2. Predicativos:
a. Predicativo do sujeito – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou proposicional (4) ou
oraçã o (5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar, continuar, parecer, permanecer,
revelar-se, ser, tornar-se…) que atribui uma propriedade ou uma localizaçã o (espacial ou
temporal) ao sujeito.
EX: (1) «A mã e era uma criatura desagradável e azeda.»
(2) «Garcia ficou aturdido.»
(3) «Olhe que isto é preciso é que todos fiquem bem.»
(4) «Caeiro era de estatura média.»
(5) «Pensar é estar doente dos olhos.»
b. Predicativo do complemento direto – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3),
selecionado por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, eleger, julgar,
nomear, tratar,…) que atribui uma propriedade ou uma localizaçã o (espacial ou temporal) ao
complemento direto.
EX: (1) «[…] se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca.»
(2) «Todos a achavam simpática.»
(3) «Todos o tinham por tolo.»
3. Modificador do grupo verbal – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oraçã o subordinada (3) que,
ao contrá rio dos complementos, nã o sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando
informaçã o suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer
em vá rias posiçõ es da frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»
(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
(3) «Nã o te posso dar minha filha, porque já não tenho filha.»
COORDENAÇÃ O
A coordenaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre elementos que pertencem à mesma categoria gramatical
e que desempenham a mesma funçã o sintá tica.
As orações coordenadas podem-se classificar em:
1. Copulativa – estabelece uma relaçã o de adiçã o com a(s) oraçã o(õ es) com que se combina.
EX: «Estou cansado e vou descansar.»
2. Adversativa – transmite uma ideia de contraste, de oposiçã o, relativamente à ideia expressa na frase
ou oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado, mas vou continuar.»
3. Disjuntiva – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oraçã o com que se combina.
EX: «Ou descanso ou não posso continuar.»
4. Conclusiva – transmite uma ideia de conclusã o decorrente da ideia expressa na frase ou oraçã o com
que se combina.
EX: «Estou cansado, logo não posso continuar.»
5. Explicativa – apresenta uma justificaçã o ou explicaçã o relativa à frase ou oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado porque andei muito.»
SUBORDINAÇÃ O
A subordinaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre oraçõ es em que uma (subordinada) está
sintaticamente dependente de outra (subordinante).
As orações subordinadas podem-se classificar em:
Substantiva – desempenha a funçã o sintá tica de sujeito ou de complemento de um verbo, nome ou
adjetivo, podendo ser facilmente substituída por um pronome como isso e subdividindo-se em:
1. Completiva, que completa a ideia da oraçã o anterior e pode ser introduzida pelas conjunçõ es
subordinativas «que», «se» e «para».
EX: «Eu bem sei que tu não voltas».
2. Relativa, que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente, como
quem, o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.
EX: «Quem espera sempre alcança.»
Adjetivas – exerce a mesma funçã o que um adjetivo e subdivide-se em:
1. Relativa restritiva, que tem como funçã o restringir a informaçã o dada sobre o antecedente; a
sua omissã o acarreta uma alteraçã o do sentido da oraçã o subordinante, pois apresenta
informaçã o relevante para a definiçã o do antecedente.
EX: «O poeta português que escreveu Os Lusíadas foi grandioso.»
2. Relativa explicativa, que apresenta informaçã o adicional sobre o antecedente; a sua omissã o
nã o altera o sentido da oraçã o subordinante, uma vez que o antecedente já se encontra
suficientemente definido.
EX: «A literatura, que é imortal, encanta os leitores.»
Adverbiais – desempenha a funçã o sintá tica de modificador da frase ou do grupo verbal e, modificando
o sentido de outras oraçõ es, subdivide-se em:
1. Causal, que indica a causa ou o motivo daquilo que é expresso na subordinante.
EX: «Não compro este carro porque consome muito.»
2. Final, que enuncia o objetivo da realizaçã o da situaçã o descrita na subordinante.
EX: «Leva dinheiro para pagares as compras.»
3. Temporal, que estabelece a referência temporal em relaçã o à qual a subordinante é
interpretada.
EX: «Estavas ao telefone, quando entrei.»
4. Concessiva, que admite algo contrá rio ao que é apresentado na subordinante mas incapaz de
impedi-lo.
EX: «Iremos à piscina, embora não seja do meu agrado.»
5. Condicional, que indica uma hipó tese ou condiçã o em relaçã o ao que é expresso na
subordinante.
EX: «Se ele fosse rico, teria muitos criados.»
6. Comparativa, que contém o segundo elemento de uma comparaçã o que estabelece em relaçã o a
uma situaçã o apresentada na subordinante.
EX: «Ele trata-me como se eu fosse sua inimiga.»
7. Consecutiva, que apresenta uma consequência da situaçã o expressa na subordinante.
EX: «Comi tanto que fiquei indisposta.»
CLASSES DE PALAVRAS
1. Nome:
a. Comum – nã o se aplica a uma entidade ú nica, podendo designar objetos, seres, fatos e conceitos
de forma nã o individualizada. EX: «Quero aquele pão.»
b. Próprio – designa uma ú nica entidade num determinado contexto comunicativo. EX: «Basílio
tomou-lhe as mã os.»
c. Contável – designa entidades ou seres singulares, passíveis de serem divididos em partes
distintas e enumerados. EX: caderno, cadeira, lá pis, etc.
d. Não-contável – designa algo que é concebido como um todo contínuo, nã o podendo ser dividido
em partes singulares nem contado. Ex: farinha, açú car, á gua, etc.
e. Concreto – designa objetos ou entidades físicas que podem ser localizadas no tempo e no
espaço. EX: janela, porta, á rvore, gato, etc.
f. Abstrato – refere-se a entidades nã o tangíveis, imateriais, como sentimentos ou conceitos. EX:
felicidade, beleza, perigo, medo, verdade, etc.
2. Adjetivo:
a. Qualificativo – modifica um grupo nominal, atribuindo-lhe uma qualidade.
b. Numeral – modifica o nome, atribuindo-lhe uma determinada ordem dentro de uma série.
Corresponde a uma palavra tradicionalmente classificada como numeral ordinal. EX: primeiro,
segundo, vigésimo lugar, etc.
c. Relacional – palavra que se distingue dos restantes adjetivos por apresentar características
pró prias: completa, geralmente, o sentido do nome, atribuindo-lhe informaçõ es de natureza
classificató ria, deriva de nomes [comércio → comercial], nã o admite variaçã o em grau [uma
manifestaçã o operária →/ uma manifestaçã o muito operária], ocorre sempre em posiçã o pó s-
nominal e nã o tem antó nimo.
2.1. Variaçã o em género:
d. Biforme – possui uma forma para o feminino e para o masculino.
e. Uniforme – possui apenas uma forma para ambos os géneros.
2.2. Variaçã o em grau:
f. Normal – expressa simplesmente a qualidade.
g. Comparativo – compara uma qualidade entre duas entidades, distinguindo-se três
modalidades:
I. De superioridade – EX: «Londres é mais cosmopolita do que Lisboa.»
II. De inferioridade – EX: «Lisboa é menos agitada do que Londres.»
III. De igualdade – EX: «Londres é tão movimentada como Paris.»
h. Superlativo:
I. Relativo – apresenta uma qualidade atribuída a uma entidade que é comparada a um
conjunto de entidades.
i. De superioridade – EX: «O Everest é a mais alta montanha do mundo.»
ii. De inferioridade – EX: «Os países da Á frica subsariana sã o os menos
desenvolvidos.»
II. Absoluto – indica uma qualidade que supera a noçã o que normalmente se tem dessa
mesma qualidade, nã o se relacionando com nenhum conjunto de entidades.
i. Sintético – EX: «Este problema é facílimo.»
ii. Analítico – EX: «Aquele ator é bastante célebre.»
3. Pronome:
a. Pessoal –
b. Demonstrativo –
c. Possessivo –
d. Indefinido –
e. Relativo –
f. Interrogativo –
4. Determinante:
a. Artigo definido –
b. Artigo indefinido –
c. Demonstrativo –
d. Possessivo –
e. Indefinido –
f. Relativo –
g. Interrogativo –
5. Quantificador:
a. Universal –
b. Existencial –
c. Numeral –
d. Relativo –
e. Interrogativo –
6. Verbo:
a. Principal –
b. Copulativo –
c. Auxiliar –
7. Advérbio:
a. De negação –
b. De afirmação –
c. De quantidade e grau –
d. De inclusão e exclusão –
e. Relativo –
f. Interrogativo –
g. De predicado –
h. De frase –
i. Conetivo –
8. Conjunção/locução conjuncional:
a. Coordenativa –
b. Subordinativa –
9. Preposição/locução prepositiva –
10. Interjeição –
A nível sintático:
1. Anáfora – repetiçã o de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro de frase ou de um
verbo (nem rei nem lei, nem paz nem guerra);
2. Anástrofe – alteraçã o da ordem direta da frase devido à anteposiçã o de um complemento ou à deslocaçã o
de uma palavra (À s horas em que um frio vento passa);
3. Assíndeto – supressã o da partícula de ligaçã o (Grécia, Roma, cristandade, Europa);
4. Enumeração – acumulaçã o ou inventariaçã o de elementos da mesma natureza (Mas o melhor do sã o as
crianças/flores, música, o luar e o sol);
5. Hipérbato – transposiçã o da ordem normal das palavras de uma oraçã o, donde resulta a separaçã o dos
elementos constituintes de um sintagma (Súbdita a frase o busca);
6. Paralelismo de construçã o – repetiçã o da estrutura frá sica para memorizar ou destacar ideias (Três
vezes do leme as mã os ergueu,/Três vezes ao leme as reprendeu);
7. Polissíndeto – repetiçã o do elemento de ligaçã o entre frases ou palavras (E com as mã os e os pés/ E com
o nariz e a boca).
A nível interpretativo:
1. Antítese – apresentaçã o de dois conceitos opostos (Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio);
2. Antonomásia – substituiçã o de um nome pró prio por uma palavra ou expressã o que o designem de
modo inconfundível (Cessem do sábio grego e do Troiano);
3. Apóstrofe/invocação – interpelaçã o, chamamento de alguém ou de algo personificado (Ó céu! Ó campo!
Ó cançã o!);
4. Comparação – relaçã o de semelhança entre duas ideias usando uma partícula comparativa ou verbos
como «parecer», «assemelhar-se» (O meu olhar é nítido como um girassol);
5. Disfemismo – apresentaçã o, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de forma suave
(Cheiro que nã o ofende estes narizes, habituados, que estã o ao churrasco do auto de fé);
6. Eufemismo – expressã o, de uma ideia chocante, de uma forma suave (quando a fogueira se apagar tens
de te ir embora [= morrer]);
7. Gradação – encadeamento, disposiçã o de palavras/ideias segundo uma ordem crescente ou decrescente
(Sagaz consumidora conhecida/de fazendas, de Reinos e de Impérios);
8. Hipérbole – exagero da realidade (corre um rio sem fim);
9. Hipálage – transferência de uma impressã o causada por um ser para outro ser, ao qual
logicamente nã o pertence, mas que se encontra relacionado com o primeiro. (No plaino
abandonado.)
10. Interrogação – pergunta retó rica que nã o pretende obter resposta, mas enfatizar a questã o (Quem vem
viver a verdade/Que morrer D. Sebastiã o?);
11. Ironia – afirmaçã o que pretende sugerir ou insinuar o contrá rio;
12. Metáfora – comparaçã o de dois conceitos sem utilizaçã o da partícula comparativa (Numa onda de
alegria);
13. Metonímia – utilizaçã o de um vocá bulo em vez de outro, com o qual tem uma relaçã o de contiguidade (o
continente pelo conteú do; o autor pela obra, por exemplo: Estou a estudar Camõ es);
14. Oximoro – expressã o que inclui contradiçã o (Sã o coisas vestindo nadas);
15. Perífrase – utilizaçã o de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas (Pelo neto
gentil do velho Atlante [= Mercú rio]);
16. Personificação – atribuiçã o de qualidades ou de comportamentos humanos a seres inanimados ou a
animais (Quando uma nuvem passa a mão por cima da luz);
17. Pleonasmo – repetiçã o da mesma ideia (Vi, claramente visto, o lume vivo);
18. Sinédoque – expressã o do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo plural, do plural pelo
singular, do género pelo indivíduo (Vó s, ó novo temor da maura lança [= exército mouro]);
19. Sinestesia – expressã o simultâ nea de sensaçõ es diferentes (Brancura quente da calçada).
NOÇÕ ES DE VERSIFICAÇÃ O
VERSO
Ritmo – efeito sonoro produzido intencionalmente pela alternâ ncia entre sílabas tó nicas (acentuadas) e
sílabas á tonas (nã o acentuadas). Ao conjunto das sílabas acentuadas presentes num verso atribui-se a
designaçã o de acento rítmico.
Metro/métrica – medida poética que corresponde ao nú mero de sílabas métricas de um verso. A
contagem do número de sílabas métricas:
o É efetuada apenas até à sílaba tó nica (sílaba acentuada) da ú ltima palavra do verso;
o Procede-se normalmente à junçã o/elisã o das vogais á tonas finais quando a palavra seguinte é
iniciada por vogal.
EX: «Mu/dam/-se os/tem/pos/, mu/dam/-se as/von/ta/des.»
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (ù ltima sílaba métrica)
(elisã o) (elisã o)
RIMA
Classificação da rima:
Em funçã o da correspondência de sons:
o Rima consoante/perfeita – correspondência total de sons (consoantes e vogais) a partir da
ú ltima sílaba tó nica.
o Rima toante/imperfeita – existe apenas uma correspondência de sons vocá licos a partir da
ú ltima sílaba tó nica.
Em funçã o da natureza gramatical das palavras que rimam:
o Rima rica – incide em unidades pertencentes a classes de palavras diferentes.
o Rima pobre – incide em unidades pertencentes à mesma classe de palavras.
Em funçã o do esquema rimá tico (combinaçõ es de rima):
o Rima cruzada – a b a b
o Rima emparelhada – a a b b
o Rima interpolada – a b b a ou a b c a
o Rima encadeada – ú ltima palavra de um verso rima com o meio do verso seguinte.
EX: «E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos»
o Rima interior – uma das palavras (ou ambas) que rima encontra-se no interior do verso.
EX: «E eu na alma – tenho a calma»
ESTROFE
Classificação da estrofe em função do número de versos:
Monóstico – um verso
Dístico ou parelha – dois versos
Terceto – três versos
Quadra – quatro versos
Quintilha – cinco versos
Sextilha – seis versos
Oitava – oito versos
Novena – nove versos
Décima – dez versos
TEMÁ TICAS
O FINGIMENTO POÉTICO
Crendo na afirmaçã o de que o significado das palavras está em quem as lê e nã o em quem as escreve, Fernando
Pessoa aborda a temá tica do “fingimento”; o poeta baseia--se em experiências vividas, mas transcreve apenas o
que lhe vai na imaginaçã o e nã o o real, nã o está a sentir o que nã o é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o
poema.
DOR DE PENSAR
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lú cido, a ter de pensar. Gostava, muitas vezes, de ter a inconsciência
das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre ceifeira. (“O que em mim sente ‘stá pensando.”).
O ortó nimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de ser incapaz de sentir
intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos. Impedido de ser feliz, devido à lucidez,
procura a realizaçã o do paradoxo de ter uma consciência inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento,
percebe o vazio que nã o permite conciliar a consciência e a inconsciência.
O SER FRAGMENTADO
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas personagens, distintas e
contraditó rias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si pró prio, o sujeito poético procura observar o seu
“eu”, ou seja, conhecer-se a si pró prio, o que leva à fragmentaçã o e à consciência de que é capaz de viver apenas
o presente.
Questiona a sinceridade das emoçõ es escritas nos seus textos, porque nã o sente hoje da mesma forma que
sentiu no passado, pois as emoçõ es, ao serem escritas e lidas, sã o intelectualizadas (“nã o sei quantas almas
tenho”).