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3. Modificador da frase – grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrário dos
complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando
informação suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade,
podendo ocorrer em várias posições da frase.
EX: «Uma Câmara nã o é eleita pelo povo, é nomeada pelo Governo.» → «O povo nã o elege uma
Câmara, o Governo nomeia-a.»
2. Predicativos:
a. Predicativo do sujeito – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou
proposicional (4) ou oração (5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar,
continuar, parecer, permanecer, revelar-se, ser, tornar-se…) que atribui uma
propriedade ou uma localização (espacial ou temporal) ao sujeito.
3. Modificador do grupo verbal – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oração subordinada
(3) que, ao contrário dos complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no,
acrescentando informação suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande
mobilidade, podendo ocorrer em várias posições da frase.
EX: (1) «Tem curiosidade de saber como é esta pobre má quina por dentro […].»
(2) «Ter pena dele seria como ter pena dum plátano […].»
(3) «A procura turística tem aumentado.»
b. Apositivo – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3) ou oração relativa
explicativa (4) que, ao modificarem o nome, não limitam a sua referência. Na escrita,
está sempre separado por vírgulas do nome que modifica e ocorre normalmente à
direita do mesmo.
EX: (1) «Alguma vez a sua Loló , magra e frenética criatura de olhos verdes, brincara nos
jardins dos palacetes […]?»
(2) «Que doença estranha, lenta mas tenaz, matava o Rei?»
(3) «A velha tinha-se dado preparatoriamente um choro, de grande efeito em corações de
viajante.»
(4) «O rapaz, que chegou pelo lado de trás, abriu a cancela de madeira.»
EX: «verã o como o elefante se enfrenta com os mais furiosos ventos contrá rios.»
DEIXIS
1. Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo
os pronomes pessoais (ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o
meu, o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (ex: falas, falamos, etc.), bem
como vocativos. EX: «Aceita que eu exista como os sonhos.»; «Quando eu disser não
ouças.»
2. Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou
menor proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os
advérbios ou locuções adverbiais de lugar (ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os
determinantes e pronomes demonstrativos (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns
verbos que indicam movimento (ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, entrar, sair,
subir, descer, etc.). EX: «Vamos até ali.»
3. Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções
adverbias ou expressões de tempo (ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia
seguinte, etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, faláveis, etc.). EX:
«Depois de amanha serei outro.»
4. Deítico social – assinala a relação hierárquica existente entre os participantes da interação
discursiva e os papéis por eles assumidos (ex: o senhor, vossa excelência, senhor diretor,
etc.) EX: «Eu quero prevenir já o senhor doutor que ele não está bom da cabeça.»
COORDENAÇÃ O
A coordenaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre elementos que pertencem à mesma
categoria gramatical e que desempenham a mesma funçã o sintá tica.
As orações coordenadas podem-se classificar em:
5. Copulativa – estabelece uma relaçã o de adiçã o com a(s) oraçã o(õ es) com que se
combina.
EX: «Estou cansado e vou descansar.»
6. Adversativa – transmite uma ideia de contraste, de oposiçã o, relativamente à ideia
expressa na frase ou oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado, mas vou continuar.»
7. Disjuntiva – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oraçã o com
que se combina.
EX: «Ou descanso ou não posso continuar.»
8. Conclusiva – transmite uma ideia de conclusã o decorrente da ideia expressa na frase ou
oraçã o com que se combina.
EX: «Estou cansado, logo não posso continuar.»
9. Explicativa – apresenta uma justificaçã o ou explicaçã o relativa à frase ou oraçã o com
que se combina.
EX: «Estou cansado porque andei muito.»
SUBORDINAÇÃ O
A subordinaçã o é a relaçã o sintá tica estabelecida entre oraçõ es em que uma (subordinada)
está sintaticamente dependente de outra (subordinante).
As orações subordinadas podem-se classificar em:
Ø Substantiva – desempenha a funçã o sintá tica de sujeito ou de complemento de um
verbo, nome ou adjetivo, podendo ser facilmente substituída por um pronome como isso
e subdividindo-se em:
1. Completiva, que completa a ideia da oraçã o anterior e pode ser introduzida
pelas conjunçõ es subordinativas «que», «se» e «para».
EX: «Eu bem sei que tu não voltas».
2. Relativa, que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem
antecedente, como quem, o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as
quais.
EX: «Quem espera sempre alcança.»
Ø Adjetivas – exerce a mesma funçã o que um adjetivo e subdivide-se em:
1. Relativa restritiva, que tem como funçã o restringir a informaçã o dada sobre o
antecedente; a sua omissã o acarreta uma alteraçã o do sentido da oraçã o
subordinante, pois apresenta informaçã o relevante para a definiçã o do
antecedente.
EX: «O poeta português que escreveu Os Lusíadas foi grandioso.»
2. Relativa explicativa, que apresenta informaçã o adicional sobre o antecedente;
a sua omissã o nã o altera o sentido da oraçã o subordinante, uma vez que o
antecedente já se encontra suficientemente definido.
EX: «A literatura, que é imortal, encanta os leitores.»
FIGURAS DE ESTILO:
Ø A nível fónico:
a. Aliteração – repetiçã o de sons consonâ nticos em sílabas pró ximas. (O vento vago
voltou);
b. Assonância – repetiçã o intencional dos mesmos sons vocá licos (À tona de águas
paradas);
Ø A nível sintático:
c. Anáfora – repetiçã o de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro de
frase ou de um verbo (nem rei nem lei, nem paz nem guerra);
d. Anástrofe – alteraçã o da ordem direta da frase devido à anteposiçã o de um
complemento ou à deslocaçã o de uma palavra (À s horas em que um frio vento passa);
e. Assíndeto – supressã o da partícula de ligaçã o (Grécia, Roma, cristandade, Europa);
f. Enumeração – acumulaçã o ou inventariaçã o de elementos da mesma natureza (Mas o
melhor do sã o as crianças/flores, música, o luar e o sol);
g. Hipérbato – transposiçã o da ordem normal das palavras de uma oraçã o, donde resulta a
separaçã o dos elementos constituintes de um sintagma (Súbdita a frase o busca);
h. Paralelismo de construçã o – repetiçã o da estrutura frá sica para memorizar ou destacar
ideias (Três vezes do leme as mã os ergueu,/Três vezes ao leme as reprendeu);
i. Polissíndeto – repetiçã o do elemento de ligaçã o entre frases ou palavras (E com as
mã os e os pés/ E com o nariz e a boca).
Ø A nível interpretativo:
j. Antítese – apresentaçã o de dois conceitos opostos (Julguei que isto era o fim e afinal é o
princípio);
k. Apóstrofe/invocação – interpelaçã o, chamamento de alguém ou de algo personificado
(Ó céu! Ó campo! Ó cançã o!);
l. Comparação – relaçã o de semelhança entre duas ideias usando uma partícula
comparativa ou verbos como «parecer», «assemelhar-se» (O meu olhar é nítido como
um girassol);
m. Disfemismo – apresentaçã o, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de
forma suave (Cheiro que nã o ofende estes narizes, habituados, que estã o ao churrasco do
auto de fé);
n. Eufemismo – expressã o, de uma ideia chocante, de uma forma suave (quando a fogueira
se apagar tens de te ir embora [= morrer]);
o. Gradação – encadeamento, disposiçã o de palavras/ideias segundo uma ordem crescente
ou decrescente (Sagaz consumidora conhecida/de fazendas, de Reinos e de Impérios);
p. Hipérbole – exagero da realidade (corre um rio sem fim);
q. Interrogação – pergunta retó rica que nã o pretende obter resposta, mas enfatizar a
questã o (Quem vem viver a verdade/Que morrer D. Sebastiã o?);
r. Ironia – afirmaçã o que pretende sugerir ou insinuar o contrá rio;
s. Metáfora – comparaçã o de dois conceitos sem utilizaçã o da partícula comparativa
(Numa onda de alegria);
t. Metonímia – utilizaçã o de um vocá bulo em vez de outro, com o qual tem uma relaçã o de
contiguidade (o continente pelo conteú do; o autor pela obra, por exemplo: Estou a
estudar Camõ es);
u. Perífrase – utilizaçã o de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas
(Pelo neto gentil do velho Atlante [= Mercú rio]);
v. Personificação – atribuiçã o de qualidades ou de comportamentos humanos a seres
inanimados ou a animais (Quando uma nuvem passa a mão por cima da luz);
w. Pleonasmo – repetiçã o da mesma ideia (Vi, claramente visto, o lume vivo);
x. Sinédoque – expressã o do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo plural,
do plural pelo singular, do género pelo indivíduo (Vó s, ó novo temor da maura lança [=
exército mouro]);
y. Sinestesia – expressã o simultâ nea de sensaçõ es diferentes (Brancura quente da
calçada).
TEMÁ TICAS
O FINGIMENTO POÉTICO
Crendo na afirmaçã o de que o significado das palavras está em quem as lê e nã o em quem as
escreve, Fernando Pessoa aborda a temá tica do “fingimento”; o poeta baseia--se em
experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginaçã o e nã o o real, nã o está a
sentir o que nã o é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.
DOR DE PENSAR
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lú cido, a ter de pensar. Gostava, muitas vezes, de ter
a inconsciência das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre ceifeira. (“O que em
mim sente ‘stá pensando.”).
O ortó nimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de ser incapaz
de sentir intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos. Impedido de ser
feliz, devido à lucidez, procura a realizaçã o do paradoxo de ter uma consciência inconsciente.
Mas ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que nã o permite conciliar a consciência e a
inconsciência.
O SER FRAGMENTADO
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas
personagens, distintas e contraditó rias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si pró prio, o
sujeito poético procura observar o seu “eu”, ou seja, conhecer-se a si pró prio, o que leva à
fragmentaçã o e à consciência de que é capaz de viver apenas o presente.
Questiona a sinceridade das emoçõ es escritas nos seus textos, porque nã o sente hoje da mesma
forma que sentiu no passado, pois as emoçõ es, ao serem escritas e lidas, sã o intelectualizadas
(“nã o sei quantas almas tenho”).