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UNIVERSIDADE UNIGRANRIO
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

IGOR LUIZ RIGO MOUTINHO – 6102574


VICTOR HIAGO FERREIRA CORNELIO - 6102319

Saneamento Básico
(Marcos do Saneamento Básico)

DUQUE DE CAXIAS, RJ
Outubro, 2023
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IGOR LUIZ RIGO MOUTINHO – 6102574


VICTOR HIAGO FERREIRA CORNELIO - 6102319

Saneamento Básico
(Marcos do Saneamento Básico)

Trabalho apresentado à disciplina de saneamento


básico do Curso de Engenharia Civil da
UNIGRANRIO como requisito para aprovação.
Instrutora: RACHEL SAMPAIO

DUQUE DE CAXIAS, RJ
Outubro, 2023
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Sumário
1. DESENVOLVIMENTO ................................................................................. 5

2. CONCLUSÃO ............................................................................................ 24

3. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25
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Sumário – Figuras

1. Linha do Tempo do Marco Legal ................................................................. 5

2. O objetivo da Rede de Saneamento Básico ................................................ 7


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1) DESENVOLVIMENTO

Marcos Legais do Saneamento Básico são regulamentações que


estabelecem os padrões de serviços como tratamento de esgoto,
abastecimento de água, coleta e destinação de resíduos sólidos, entre outros.
Ou seja, é um projeto que tem o zelo de oferecer a milhões de brasileiros a
dignidade àqueles que não possuem coleta de esgoto e nem água tratada.
O Novo Marco Regulatório do Saneamento do Brasil, Lei Federal 14.026
de 2020 promove a participação privada por meio de licitações obrigatórias
para contratos de saneamento, a Agência Nacional das Águas e Saneamento
Básico (ANA) formenta a acessibilidade para investimentos privados e incentiva
o trabalho das empresas estatais.

Figura 1 – Linha do Tempo do Marco Legal

Fonte: Página Bastidores do Poder, 2022

A Publicação do Decreto 10.588/2020 publicado em dezembro de 2020,


inaugurou o Comitê Interministerial de Doenças Raras do Ministério da Saúde
no Brasil que tem como propósito propor o acompanhamento para o tratamento
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de pessoas que possuem doenças raras e aperfeiçoar o diagnóstico para que o


procedimento obtenha sucesso. Este decreto também promove acessibilidade
para não só tratamentos, mas também medicamentos específicos para estas
doenças raras através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em Março de 2021 o Congresso Nacional decidiu perdurar os vetos do
Presidente Jair Messias Bolsonaro ao novo Marco Legal do Saneamento
Básico. Então, por intermédio disto, fica impedida a prorrogação por um tempo
de 30 anos, ou a assinatura sem licitação de novos contratos de prestação de
serviços oferecidos por empresas estaduais. “O novo Marco do Saneamento
Básico já está transformando o Brasil, com atração de investimentos privados
vultosos para o setor”, completa a secretária especial do Programa de
Parcerias e Investimentos (PPI), Martha Seillier.
O Decreto nº10.710/2021, que regulamenta o artigo 10-B que estabelece
os métodos para a comprovação da parte econômico-financeira dos
prestadores de séricos públicos de esgotamento sanitário ou abastecimento de
água. Assim, então, os prestadores de serviços conforme a Lei n°11.107/2005
e contratos de concessão comum regidos por lei necessitam estaralinhados às
leis específicas para eles.
Em Julho de 2021 decretou o estabelecimento das Unidades Regionais
de Saneamento Básico para atender a população e caso o prazo não fosse
respeitado, o Poder Executivo Federal estabeleceria os Blocos de Referências
que estão relacionados ao Decreto 10.588/2020 que contém diretrizes para a
aplicação da nova legislação ao abordar questões como a formação de blocos
de municípios para a prestação regionalizada, regionalização dos serviços,
critérios para a escolha de prestadores de serviços, entre outros aspectos
relevantes para a gestão. Ao agrupar municípios em blocos de referência, tem
como propósito criar economias de escala, melhorar a eficiência operacional e
garantir a eficácia da prestação de serviços que inclui: água potável,
esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana.
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Figura 2 – O objetivo da Rede de Saneamento Básico

Fonte: Página Água Sua Linda, 2020

Em Dezembro de 2021, o Decreto n° 10710/2021 estabeleceu o prazo


de comprovação da capacidade econômico-financeira dos prestadores de
sérvios públicos de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário.
O Decreto n.º 10.203/2020 exigia um plano de saneamento básico para
acessar recursos federais após dezembro de 2022. O parágrafo único do art. 3º
do Decreto n.º 10.430/2020 estabelecia diretrizes para o Comitê Interministerial
de Saneamento Básico. O § 6º do art. 6º do Decreto n.º 10.430/2020 proibia a
divulgação de discussões do Comitê sem a aprovação do Presidente. O
Decreto n.º 10.588/2020 tratava da regularização de operações e
financiamentos com recursos federais. O Decreto n.º 11.030/2022 alterou o
Decreto n.º 10.588/2020.
Foi decretada em Março de 2022ª inclusão das metas nos contratos da
Lei 11.445/2007 que consiste em uma prática relacionada ao setor de
saneamento no Brasil que estabelece diretrizes nacionais para este serviço.
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Dentro do contexto desta lei, os contratos firmados entre prestadores de


serviços e entidades responsáveis devem incluir metas de universalização que
visam garantir que, no decorrer do tempo, uma porcentagem gradativamente
maior tenha acesso aos serviços de saneamento básico. Este ato de incluir
metas nos contratos progride no monitoramento para a melhoria do
saneamento, garantindo que um número maior da população tenha acesso a
ele.
O Presidente Jair Bolsonaro, através do Governo Federal estendeu o
prazo para que os municípios brasileiros elaborassem seus Planos de
Saneamento até o dia 31 de dezembro de 2022. A Lei nº 11.445/2007 exige
que todos os municípios elaborem esses planos, cobrindo água, esgoto,
limpeza urbana e drenagem. No entanto, apenas 28,7% dos municípios
brasileiros haviam cumprido essa exigência até 2017. O Presidente anunciou a
prorrogação no Twitter. A Secretaria Nacional de Saneamento auxilia os
municípios na elaboração dos planos por meio de seleção pública, incluindo
apoio financeiro e capacitação técnica. A nova medida também se aplica ao
Orçamento-Geral da União e às linhas de financiamento do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS).
A Lei 14.026/2020 (BRASIL, 2020) estabelece que:

Os contratos de prestação dos serviços públicos de


saneamento básico deverão definir metas de
universalização que garantam o atendimento de 99%
(noventa e nove por cento) da população com água
potável e de 90% (noventa por cento) da população com
coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de
2033, assim como metas quantitativas de não
intermitência do abastecimento, de redução de perdas e
de melhoria dos processos de tratamento.

§ 1º Os contratos em vigor que não possuírem as metas


de que trata o caput deste artigo terão até 31 de março
de 2022 para viabilizar essa inclusão (artigo 11 b da Lei
11.445/07, alterado pela Lei 14.026/2020).

Os contratos feitos após o novo marco legal devem incluir metas de


universalização conforme a Lei 11.445/07. Contratos existentes sem metas de
99% de água potável e 90% de coleta/tratamento de esgoto até 2033 exigirão
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comprovação de capacidade econômico-financeira para viabilizar a


universalização, conforme o artigo 10-b da mesma lei.

Saneamento básico no Rio de Janeiro:

O Estado do Rio de Janeiro é formado por 92 municípios que ocupam


uma área de 43,750 mil Km². O estado está localizado na região Sudeste do
país e possui uma costa com 635 quilômetros de extensão, banhados pelo
Oceano Atlântico. O estado reúne uma população de 17,265 milhões de
habitantes. A região que corresponde ao Bloco 1 de concessão da CEDAE
reúne uma população de 2,808 milhões de pessoas, sendo 596 mil da capital e
2,212 milhões das demais cidades.

Segundo informações do SNIS, 90,7% da popula-ção dos municípios do


estado eram atendidos com abastecimento de água e 64,4% eram atendidos
com coleta de esgoto em suas residências em 2019. Conforme ilustra o Gráfico
2.1, esse é o resultado de avanços verificados nos últimos 15 anos (2005 a
2019). Nesse período, mais de 3 milhões de pessoas passaram a ter acesso ao
serviço de abastecimento de água tratada e mais de 4 milhões de pessoas
passaram a ter acesso ao serviço de coleta de esgoto em suas residências.

O avanço do saneamento aparece nos dados de extensão das redes


dispostos no Gráfico 2.2. Em 2005, a rede de distribuição de água tinha 22,271
mil quilômetros, extensão que passou para 39,502 mil quilômetros em 2019. A
taxa de crescimento foi de 4,2% ao ano nesses 15 anos. A rede de coleta de
esgoto, por sua vez, passou de 7,552 mil quilômetros em 2005 para 19,815 mil
quilômetros em 2019, apresentando um crescimen-to de 7,1% ao ano. Esses
aumentos foram frutos dos investimentos realizados sses , tema que será
analisado na seção seguinte deste estudo. As extensões das redes de
abastecimento de água por habitante e de coleta de esgoto por habitante são
menores que a média nacional como ilustra o Gráfico 2.3.

O volume de água consumida aumentou de 946,7 milhões de m³ em 2005 para


1,254 bilhão de m³ em 2019, o que equivale a um crescimento de 2,0% ao ano.
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Saneamento e saúde:

A falta de saneamento tem implicações imediatas sobre a saúde e a qualidade


de vida da população que mora em áreas degradadas do ponto de vista
ambiental. A falta de água tratada tem impacto direto sobre a saúde,
principalmente dos mais novos e dos mais velhos, pois aumenta a incidência
de doenças de veiculação hídrica e de doenças respiratórias. A carência de
serviços de coleta e de tratamento de esgoto, mesmo quando há o acesso à
água tratada, também afeta decisivamente na incidência de infecções
gastrointestinais e das doenças transmitidas por mosquitos e animais.

Os problemas mais graves surgem nas beiras de rios e córregos contaminados


ou em ruas onde passa esgoto a céu aberto - em valas, sarjetas, córregos ou
rios. Mas está presente também na poluição dos reservatórios de água e nos
mananciais cuja qualidade tem sido deteriorada ao longo dos anos. A
exposição ambiental ao esgoto e a falta de água tratada provocam doenças
que abalam a saúde de crianças, jovens e adultos.

A recorrência dessas doenças prejudica a socieda de porque causa custos


irrecuperáveis. Há dois canais imediatos que ligam a falta de saneamento a
esses custos:

i.

ao aumentar a incidência dessas doenças, a falta de saneamento provoca o


afasta-mento das pessoas de suas funções laborais, acarretando custos para a
sociedade com horas não trabalhadas; e

a sociedade incorre em despesas públicas e privadas com o tratamento das


pessoas infectadas.

Este capítulo analisa as externalidades do sanea-mento sobre a saúde da


população. As análises focam os dados nacionais, da região Sudeste, do
estado do Rio de Janeiro e do conjunto de municipi-os e distritos que compõe o
Bloco 1 de concessão da CEDAE, possibilitando avaliar as diferenças entre os
indicadores que podem ser associadas aosaneamento. Esse contraste
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possibilita, de um lado, avaliar os ganhos já obtidos com o avanço do


saneamento e, de outro, estimar o legado da universalização do saneamento
básico no estado.

4.1. DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA

Com base em informações da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (IBGE,


2020), é possível estimar o número de afastamentos das pessoas de suas
atividades rotineiras em razão de doenças de veiculação hídrica'. A pesquisa
perguntou a uma amostra representativa da população brasileira se houve
afastamentos das atividades rotineira nas duas semanas anteriores à data da
entrevista, qual o motivo dos afastamentos e por quantos dias os entrevistados
estiveram afastados.

Em 2019, 1,688 milhão de brasileiros indicaram ter se afastado de suas


atividades nas duas sema nas anteriores ao dia em que a entrevista foi realiza-
da em razão da ocorrência de doenças de veicula-ção hídrica. Com base
nesses dados, estima-se que houve um total de 43,374 milhões de casos de
afastamento por essas doenças no país ao longo de 2019. No estado do Rio de
Janeiro, foram 997,153 mil casos.

Esses relatos de afastamento indicam uma taxa de incidência de 206,9 casos


por mil habitantes ao longo de 2019 no Brasil. A região Sudeste do país
registrou incidência um pouco menor, de 198,9 casos por mil habitantes. Essas
taxas de incidência foram ainda menores no estado do Rio de Janeiro como
ilustra o Gráfico 4.1 (136,3 casos por mil habitantes). No Bloco 1 a taxa de
incidência alcançou 85,5 casos a cada mil habitantes.

Uma parcela das pessoas que se afastaram por doenças de veiculação hídrica
acabaram acama-das devido à gravidade da doença. O Gráfico 4.1 também
traz a taxa de incidência de acamados por doenças de veiculação hídrica. No
Brasil ocorre-(1) As doenças de veiculação hídrica na PNS 2019 incluem:
problemas gastrointestinais (diarreia, vômito, náusea, gastrite e dor de barriga)
e infecções transmissíveis por mosquitos tais como dengue, chikungunya, zika
vírus ou febre amarela.ram 84,8 acamamentos a cada mil habitantes, enquanto
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que no estado do Rio de Janeiro foram 54,5 casos a cada mil habitantes e no
Bloco 11 foram 32,2 casos a cada mil habitantes.

O Gráfico 4.2 traz a taxa de incidência de afasta-mentos por diarreia ou vômito


e a taxa de incidên-cia de acamados por essas doenças por faixa etária, em
casos por mil habitantes ao longo de 2019, nos municípios do Rio de Janeiro.
Nota-se que ao longo de 2019, a incidência de afastamen-tos e de acamados
foi maior entre os idosos. Paral todas as faixas de idade, as taxas de incidência
de afastados eram maiores ou igual a de acamados.

Com base nos microdados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (IBGE,


2020), os quais deta-lham um conjunto amplo de informações sobre as
pessoas e suas moradias e a ocorrência, ou não, de afastamentos, constatou-
se que a probabilidade de ocorrência de um afastamento das atividades
cotidianas por motivos de diarreia ou vômito estava negativamente
correlacionada ao acesso aos serviços de coleta de esgoto e de água tratada.
Quanto maior o acesso a esses serviços, menor a probabilidade de
afastamento por doença gastroin-testinal-ver detalhes no Anexo Metodológico
2.

A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (IBGE, 2020) indicou que as pessoas


afastadas ficaram longe de suas atividades por quase 4,6 dias em média no
país. No caso do estado do Rio de Janeiro, as pessoas ficaram afastadas por
um período semelhante ao da média nacional: 4,5 dias por afastamento. A
incidência de afastamentos e sua duração implicaram a ocorrência de 4,453
milhões de dias de afastamento das atividades rotineiras ao longo de um ano
em todo o estado. Se não tivessem contraído infecções gastrointestinais, essas
pessoas poderiam trabalhar, estudar ou simplesmente descansar nesse
período em que ficaram enfermos.

Com base em informações do Sistema Único de Saúde, houve 273 mil


internações por conta de doenças de veiculação hídrica² ao longo de 2019no
Brasil, sendo 4.911 no estado do Rio de Janeiro. Nos hospitais credenciados
pelo SUS, foram registrados 2.733 óbitos em razão de doenças de veiculação
hídrica em todo o país e 83 no estado do Rio de Janeiro.
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A incidência de internações no estado do Rio de Janeiro, que foi de 0,284


casos por 10.000 habitantes em 2019, foi menor que a da região Sudeste
(0,699 casos por 10.000 habitantes) e que a média nacional (1,304 casos por
10.000 habitantes). Essa taxa de incidência é muito maior entre as crianças
(3,372 casos a cada 10 mil habitantes) ver Gráfico 4.4. Contudo a taxa de
incidência nos municípios e distritos do Bloco 1 foi muito maior que a média
nacional: 3,014 casos por 10.000 habitantes

4.2. DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Além das doenças de veiculação hídrica, a falta de saneamento afeta a


incidência de doenças respiratórias². A ligação mais direta entre a falta de
saneamento e as doenças respiratórias se dá pelo acesso ao processo de
higienização das mãos. Ryan et al (2001) analisaram o efeito do treinamento
no hábito de lavar as mãos sobre a incidência de doenças respiratórias na
população militar norte-americana em treinamento nos anos de 1996 a 1998. O
grupo com treinamento e acesso irrestrito a água e a produtos de higiene
tiverem uma incidência 45% menor que a do grupo de militares sem
treinamento ou sem acesso à água e ao material de higienização. Rabie e
Curtis (2006) fazem uma resenha extensa del estudos com populações
diversas publicados até 2004. Nesses estudos, conclui-se que a lavagem de
mãos reduzia a incidência de doenças respiratórias entre 6% e 44%.

(2) As doenças de veiculação hídrica incluem: cólera, febres tifoide e


paratifoide, shiguelose, amebíase, diarreia e gastroenterite origem infecciosa
presumível, outras doenças infecciosas intestinais, leptospirose
icterohemorrágica, outras formas de leptospirose, leptospirose não
especificada, febre amarela, dengue, febre hemorrágica devida ao vírus da
dengue, malária por plasmodium falciparum, malária por plasmodium vivax,
malária por plasmodium malariae, outras formas de malária confirmadas em
exames parasitológicos, malária não especificada e esquistossomose.
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Também com base em informações da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019


(IBGE, 2020), é possível estimar o número de afastamentos das pessoas de
suas atividades rotineiras em razão de doenças respiratórias – gripe,
pneumonia, bronquite e asma – no Brasil. Estima-se que houve um total de 92,
130 milhões de casos de afasta-mento por doenças respiratórias no país ao
longo do ano de 2019, um volume 2,12 vezes o de casos de afastamento por
doenças de veiculação hídrica no país. Esses relatos de afastamento indicam
uma taxa de incidência de 439,6 casos por mil habitantes ao longo do ano de
2019 no Brasil. Na região Sudeste, a incidência de afastamentos foi menor:
198,9 casos por mil pessoas. No estado do Rio de Janeiro a incidên-cia foi de
279,8 casos por mil habitantes (Gráfico 4.5). No dos distritos que compõe o
Bloco 1 a incidência dessas doenças foi ainda menor de 182,1 casos por mil
habitantes.
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Pontos positivos :

1. Atração de Investimentos: O novo marco legal visa atrair


investimentos privados para o setor de saneamento, melhorando a
infraestrutura e os serviços oferecidos à população.
2. Universalização do Saneamento: A nova legislação estabelece metas
de universalização dos serviços de água e esgoto, visando melhorar o
acesso da população a esses serviços essenciais.
3. Desburocratização: O marco legal simplifica o processo de licitação e
contratação de empresas prestadoras de serviços de saneamento, o que
pode agilizar a expansão e melhoria dos serviços.
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Efeitos positivos para as próximas gerações:

Impactos do sanemento sobre o rendimento escolar.

Além dos efeitos sobre a produtividade da força de trabalho que hoje


está em campo e responde pela geração de renda no país, a universalização
dos serviços e saneamento possibilitaria ganhos de produtividade nas próximas
gerações.

Isso porque o saneamento tem um efeito expressivo sobre o


aproveitamento escolar, como apontou o Estudo do Centro de Políticas Sociais
da FGV a pedido do Instituto Trata Brasil.

A análise estatística desenvolvida neste relatório complementou essa


avaliação identificando o efeito do acesso ao saneamento sobre os anos de
atraso na educação da população em idade escolar. A análise, feita com base
nas informações da Pnad, isolou o efeito do saneamento na defasagem entre a
escolaridade ideal e a escolaridade efetiva da população em idade escolar do
Brasil.

A análise estatística feita com base nos dados da Pnad de 2012


identificou que os estudantes sem acesso à coleta de esgoto tem um atraso
maior do que aqueles que têm as mesmas condições socioeconômicas, mas
moram em locais com coleta de esgoto. A falta de acesso à água tratada, por
sua vez, impõe um atraso ainda maior. Nesse sentido, se for dado acesso.

À coleta de esgoto e à água tratada a um estudante sem esses serviços,


espera-se uma redução de 6,8% em seu atraso escolar, possibilitando um
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incremento de sua escolaridade no mesmo tempo de estudo. Isso eleva a


produtividade do trabalho, com efeito sobre sua sobre remuneração futura.

Após três anos de teste da Lei n.º 14.026/2020, alguns aspectos justificam
atenção e merecem ser considerados. O primeiro se refere à efetiva
modificação do processo de gestão do setor de saneamento. Sem dúvida,
apesar das inúmeras polêmicas, a inserção de um modelo de demonstração e
manutenção de equilíbrio econômico-financeiro, por intermédio do mecanismo
de prévia qualificação do Decreto n.º 10.710/2021, levou o mercado a
incorporar de modo mais permanente aspectos de sustentabilidade do negócio.
Apesar de o ato administrativo regulamentar não estar mais em vigor –
havendo alguma incerteza, no momento, sobre o caminho adiante –, restou
para os atores a internalização dos correspondentes instrumentos de
planejamento e ponderação de riscos. A obrigatoriedade da comprovação,
naquele momento, concorreu para que todos os prestadores – mesmo os
não qualificados ou qualificáveis – se aproximassem de um standard de
viabilidade financeira. Hoje, aqueles que desenvolvem encargos estão cientes
dos cálculos de crescimento e perenidade empresarial e dispõem de
instrumentos mínimos para esse fim.
Outro ângulo – por sinal, pouco notado – foi que o novo Marco Legal do
Saneamento não só estabeleceu metas nacionais de universalização, mas
delimitou, de fato, o referido conceito (art. 11-B).

Foi sábio o Poder Legislativo ao considerar que a universalização não se


reveste de caráter absoluto, de modo a indicar que a totalidade dos prédios
deva estar conectada a serviços públicos como os de água e esgoto, por
exemplo.

De modo salutar, a legislação estabeleceu duas balizas porcentuais bastante


objetivas, ou seja, até 2033, deve haver a cobertura de 99% com relação aos
serviços de abastecimento de água; e, até 2033, deve haver a cobertura de
90% com relação aos serviços de coleta e tratamento de esgoto. Como
consequência, há alguma tolerância para o não atendimento pelo sistema
público integrado (de 1% para água e 10% para esgoto).

O legislador fez, assim, ponderações – e opções –, uma vez que existirão


circunstâncias nas quais a interligação às redes coletivas será técnica e/ou
economicamente inviável. Seria excessiva exigência, além da submissão do
interesse público ao particular, promover a implantação de caríssima
infraestrutura para atendimento de um ou alguns imóveis numa região remota –
lembrando sempre a maior complexidade de implantação e operação dos
sistemas de esgotamento.
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Em paralelo, o legislador permitiu a adoção de expedientes isolados, sendo


que na ausência de redes públicas de saneamento básico serão admitidas
soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação
final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela entidade
reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e
de recursos hídricos (art. 45, §1.º da Lei n.º 11.445/2007).

Fica claro que a Lei n.º 11.445/2007 permite que até 1% e 10% dos sistemas
de água e esgoto, respectivamente, sejam compostos por soluções individuais
(art. 11-B c/c art. 45, §1.º).

A relativização do conceito permite, atualmente, melhor organização dos


recursos de modo a gerar o aproveitamento mais adequado do escasso
numerário. Muitas localidades podem ser consideradas universalizadas,
permitindo que outras regiões também recebam investimentos.

Sob a ótica do fortalecimento da ANA, em detrimento das agências reguladoras


estaduais, a tendência de esvaziamento dessas últimas não se confirmou –
como era calculável. O órgão federal e os órgãos estaduais – sobretudo os
mais estruturados – passaram a cooperar na apuração da qualificação
econômico-financeira, o que gerou uma nova perspectiva de aproveitamento
do know-how já produzido. Notou-se, por consequência, o enriquecimento do
relacionamento entre as agências, com a melhora da conformação existente
nos vários níveis.

Noutra configuração, não se verificou evolução significativa do tratamento da


prestação dos serviços nos municípios pequenos, deficitários e distantes das
grandes aglomerações. Há pouca probabilidade de que os blocos de referência
constituam solução definitiva para a questão. É provável que, em algum
momento, o País tenha de desenvolver um estratagema legal para permitir o
atendimento de zonas economicamente inviáveis e desgarradas de outras
localidades.

É importante considerar que a Lei n.º 14.026/2020 não se afigurou como uma
reforma ideal. Foi o texto possível em face dos inúmeros desafios sociais e
políticos de sua época. Entretanto, deu um primeiro passo na reforma do setor,
ao introduzir e perenizar o conceito de sustentabilidade do negócio. Nesse
sentido, espera-se que os recentes decretos (11.599 e 11.598, ambos do dia
12 de julho passado) sejam efetivos para assegurar a implementação da
norma. É forçoso continuar. “Navegar é preciso.”
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2) CONCLUSÃO

Em conclusão, os marcos legais do saneamento no Brasil representam


passos significativos em direção à melhoria dos serviços básicos para a
população. As leis estabelecem diretrizes claras para a prestação de serviços
de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos. No entanto, a efetiva implantação dessas leis requer esforços
coordenados entre o governo, setor privado e comunidades locais. A inclusão
de metas de universalização é crucial para assegurar que todos os cidadãos
tenham acesso a condições de vida dignas e saudáveis. O desafio agora reside
na aplicação eficiente e equitativa desses marcos legais, garantindo que
nenhum cidadão seja deixado para trás. É imperativo continuar promovendo a
conscientização pública, investimentos em infraestrutura e monitoramento
rigoroso para alcançar os objetivos de saneamento básico e promover um
futuro mais saudável e sustentável para todos os brasileiros.
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3) BIBLIOGRAFIA

Congresso mantém vetos ao novo Marco Legal do Saneamento Básico. GovBr,


31/10/2022. Disponível em: Congresso mantém vetos ao novo Marco Legal do
Saneamento Básico — Ministério da Economia (www.gov.br)

Comprovação da capacidade econômico-financeira, conforme Decreto


10.710/2021 – resultados. GovBr, 23/03/2023. Disponível em: Comprovação
da capacidade econômico-financeira, conforme Decreto 10.710/2021 -
resultados — Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
(www.gov.br)

O novo marco legal do saneamento. Bastidores do poder, 23/09/2022.


Disponível em: O Novo Marco Legal do Saneamento Básico - BASTIDORES
DO PODER

https://mais.opovo.com.br/jornal/economia/2020/10/29/ceara-se-movimenta-
para-se-adequar-ao-marco-do-saneamento.html

https://bkp-trata.aideia.com/tratabrasil.org.br/pt/estudos/beneficios-economicos-
e-sociais/itb/beneficios-economicos-e-sociais-no-rio-de-janeiro.html

https://abconsindcon.com.br/setor/marco-legal-do-saneamento-basico-e-
essencial-para-o-desenvolvimento-do-
brasil?gclid=Cj0KCQjwhfipBhCqARIsAH9msbkXH-
66JntbdeUfGMyAFmDX47DBtNHrPnIptinLfP1J0AKwt5WEamUaAuiXEALw_wc
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https://psam.eco.br/pmsb

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