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1. Os fonemas do holandês
Para uma boa compreensão da ortografia é necessário fazer distinção entre letras e
fonemas. Para seu melhor entendimento, grafaremos os fonemas entre duas
barras. Dessa forma é possível aperceber-se que nas palavras groot e cadeau
achamos o fonema /ou/.
2. Vogais
2.2 As sete vogais protegidas (cobertas) são: o /à/ de bal (baile; bola; testículo), o
/é/ de bel (campainha; brinco; pingente), o /i/ de bil (nádega; alcatra), o /ó/ de
bol ( redondo, convexo; bola; esfera; globo; novelo; bulbo; copa do chapéu) e o /û/
de bul (touro; bula papal). As vogais cobertas também são chamadas vogais curtas,
mas esta denominação pode causar confusão porque, por exemplo, o /é/ de bel e o
/ó/ de bol também se fazem sentir alongadas em palavras tais como blèren /bléé-
râ/ e roze /róó-zâ/. Com a denominação ‘vogais cobertas’ pretende-se indicar que
estas vogais são seguidas (‘cobertas’) por uma consoante na mesma sílaba, ou seja,
as vogais cobertas ocorrem quase somente em sílabas fechadas, quer dizer, em
sílabas que terminam numa consoante: kar (carrinho de supermercado), bed:/bét/
(cama), (ik) bik (mordo), bom (bomba), hun (lhes, a eles, a elas, seu, sua, seus,
suas, deles, delas). Somente em interjeições como hè! /ré/ (Meu Deus! Ai Jesus!)
ocorre uma vogal coberta numa sílaba aberta (uma sílaba que termina numa
vogal).
2.3.a As vogais cobertas /à/, /é/, /ó/ e /û/ ocorrem também em palavras-
empréstimo do francês, na condição de vogais nasais: /ã/, /~e/, /õ/ e /~u/.
2.4 As sete vogais livres são: o /á/ de raak (acertado, que atinge o alvo), o /ei/ de
reeks ( série, coleção), o /í/ de riek (forcado), o / ‘ou’/ de rook (fumaça), o / ‘ï’ /
de Ruud (nome pessoal), o / ‘ê’/ de reuk (cheiro, perfume) e o / ‘u’ / de roep
(grito, clamor). As vogais livres também são chamadas de vogais longas, mas
também esta denominação poderá causar confusão, pois que a diferença em
prolongamento entre estas e as vogais cobertas frequentemente não é tão grande
assim, até mesmo porque as vogais ‘longas’ são mais prolongadas diante do /r/.
Compare raak e raar (curioso, estranho, excêntrico), roek e roer (leme). Ao
denominá-las ‘vogais livres’, pretende-se dizer que elas podem ocorrer
‘livremente’, ou seja, não somente em sílabas fechadas como koek (bolo) e keus
(escolha, seleção), mas também em sílabas abertas como koe (vaca) e keu (taco de
bilhar).
2.5. A décima terceira vogal é o /â/ átono ou surdo, tal qual ouvimos no artigo
definido de /dâ/ (o, a, os, as). Esta vogal é também chamada de sjwa /xivá/.
2.6 Existem três ditongos puros: o /éi/ de geit /xgéit/ (cabra) e tijd /téit/ (tempo),
o / ‘ái’/ de guit /xg‘ái’t/ (traquinas, maroto, brincalhão) e o /áu/ de goud /xgáut/
(ouro) ou gauw /xgáu/ (rápido, logo). Nos ditongos puros, não se trata de uma
combinação, mas sim de uma mescla/mistura de vogais. As duas vogais não são
ouvidas separadamente.
2.7. O holandês conhece, além disso, outros sete ditongos irreais. Nos ditongos
irreais, não se trata de uma mistura/mescla, mas sim, do contrário, uma
combinação de vogais. As vogais podem ser ouvidas à parte. Cinco combinações
terminam num fonema de /í/ ou /i/ e duas terminam num de / ‘u’/ ou /û/.
Os sete ditongos irreais.
3. Consoantes
3.2 As cinco explosivas são: o /p/ de pas (passo, passada; passe de futebol;
passaporte; desfiladeiro; apenas, recentemente, há pouco), o /t/ de tas (saco;
pasta; malinha; mal de mão; monte, porção), o /k/ de kas (caixa), o /b/ de bas
(baixo=instrumento musical) e o /d/ de das (gravata). Elas são chamadas assim,
porque, quando da sua formação, o ar sai da boca de maneira explosiva.
3.3 As explosivas surdas /p/ e /t/ têm o /b/ e o /d/ respectivamente como os seus
complementos sonoros. O complemento sonoro do /k/ só é audível, em palavras
vernáculas, diante de uma outra consoante sonora, como em bakboord e zakdoek;
porém, esta permanece escrita como ‘k’ mesmo.
3.4 As seis fricativas são: o /f/ de laf (covarde) e o /v/ de val ( queda; queda-
d’água, cachoeira), o /s/ de las (soldagem) e o /z/ de zal (auxiliar na construção
do futuro do presente, à terceira pessoa singular), o /ch/* de lach (riso) e o /g/* de
gal ( bílis, fel). Estes sons são assim denominados porque, ao tentar-se pronunciá-
los, surge uma leve/suave atrito/fricção devido a um estreitamento na cavidade
bucal.
3.5 As fricativas sonoras /f/, /s/ e /ch/ têm /v/, /z/ e /g/ respectivamente como
seus complementos sonoros.
3.6 O /h/ de haar (cabelo; seu, sua, seus, suas, dela) também é contado entre as
consoantes fricativas. Porém, a fricção é tão suave que o /h/ passa a ser chamado
de ‘murmuro’. Este murmuro sonoro ocorre somente diante de vogais.
3.7 As três consoantes sonoras são: o /m/ de man (homem; marido), o /n/ de nam
(o pretérito imperfeito de nemen = tomar, pegar) e o /ng/** de rang (degrau;
classe; posto/graduação militar). Dizem-se nasais porque, ao tentar-se pronunciá-
los, o ar sai pelo nariz.
3.8 Há duas consoantes correntes ou fluentes: o /l/ de lor ( trapo; farrapo) e o /r/
de rol (papel; função; rolo; lista). São chamadas assim porque, ao serem
pronunciadas, o ar flui uniformemente pela língua. (O /r/ também é pronunciado
como “/r/ uvular”).
*** O /j/ soa como /i/ de ilha e o /w/, as mais das vezes, como o /v/ de vaca. Após
algumas consoantes como /t/, /z/, /d/, o /w/ soa realmente como /oe/.
O –sj- soa como o próprio –x- de xale; o –zj- soa como o –j- de jornal; o –ts- mantém
o mesmo som; o –dz- soa como - ts-; o –tsj- soa como o – tch- de tchau e o – dzj- ,
como o –dj- de adjetivo.
4. Regras ortográficas:
a) Um /d/ final numa palavra deve ser pronunciado /t/. Caso se adicione um –e ou
um -en à palavra, voltará a ter o fonema de /d/. Ex.: goed: /xg‘u’t/ e goede:
/xg‘u’dâ/.
b) As consoantes explosivas surdas /p/ e /t/ não devem ser pronunciadas diante
das outras explosivas sonoras /b/ e /d/ respectivamente. Ex.: soepbord: /s‘u’-
bórt/ e kastdeur: /kas-d‘ê’r/.
e) Após os fonemas /f/, /p/, /t/ ou /k/, o /z/ deve ser pronunciado /s/.
f) Em holandês nenhuma palavra pode terminar nos fonemas /v/ e /z/. Em caso de
conjugação verbal, quando da separação da desinência –en do radical, substitui-se
o /v/ por /f/ e o /z/ por /s/ respectivamente. Ex.: ik verhuiz = verhuis: estou me
mudando. O verbo é verhuizen.
g) O sufixo adjetivo final –sch deve ser pronunciado como /s/ bem sibilante. Ex.:
medisch: /mei-dis/.
h) O /h/ após o /t/ não deve ser pronunciado. Ex. thans: /tàns/.
i) Um som surdo seguido de um /b/ ou um /d/, torna-se sonoro, ou seja, /p/, /t/
e /f/, /s/, diante de /b/ ou /d/, tornam-se foneticamente /b/, /d/ e /v/, /z/.
Ex.: opdoen: /ób-d ‘u’n/, ontbinden: /ónd-bindâ/, afbreken: /àv-brei-kâ/, asbak:
/àz-bàk./
j) O /d/ entre dois ‘és’ poder ser suprimido foneticamente ou por escrito. Ex.:
le(d)er : /lei-âr ou lei-dâr/. Pode também ser escrito assim.
l) O /h/ inicial de hij, hem, haar, het, suprime-se se as palavras são pronunciadas
sem acento tônico.