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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

ZACARIAS AMISSE MENDO MORENO

EVANGELHO E CULTURA:
Potencializando a Igreja para a contextualização cosmovisionária, na sua atuação
missionaria em Moçambique

Maputo

2023
ZACARIAS AMISSE MENDO MORENO

EVANGELHO E CULTURA:
Potencializando a Igreja para a contextualização cosmovisionária, na sua
atuação missionaria em Moçambique

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro,
como requisito parcial à conclusão do curso de
Teologia com ênfase em Missiologia.

Orientadora: Profa. Mestranda Neide Gláucia


Maneiva Gontgijo.

Maputo

2023
ZACARIAS AMISSE MENDO MORENO

EVANGELHO E CULTURA:
Potencializando a Igreja para a contextualização cosmo visionária, na sua atuação
missionaria em Moçambique

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro,
como requisito parcial à conclusão do curso de
Teologia com ênfase em Missiologia.

Aprovado em: ____/__________/2023.

_____________________________________________
Profa .Mestranda Neide Gláucia Maneiva Gontgijo
Orientador (CETEMIBB)

_______________________________________________
Professor xxxxxxxx
Membro (CETEMIBB)

__________________________________________________
Professor xxxxxxxx
Membro (CETEMIBB)
RESUMO: O Presente trabalho expõe criticamente a herança negativa deixada na primeira
impressão da evangelização do povo moçambicano no tempo do regime colonial, atuação essa
que foi imprecisa e vazia de contextualização no que diz respeito à interpretação das
manifestações culturais de um povo nativo, a luz das escrituras sagradas. Resultando assim
em sincretismo religioso que abraça uma superficialidade cristã de essência animista. Nele,
propõe-se a necessidade da exposição do evangelho como sendo uma mensagem relevante no
seu próprio universo cosmovisionário; a compreensão dos princípios cristãos em relação à
cultura local e a aplicação dos valores do evangelho como respostas para os conflitos diários
da vida, potencializando assim a igreja local com bases teológicas que orientem o seus
membros a um posicionamento firme na fé cristã em relação a práticas tradicionais, tais como:
Consagração de Crianças, Ritos de Iniciação, Casamentos Tradicionais, Cerimoniais pós-
morte. Pretende-se através desse trabalho responder na medida do que as escrituras sagradas
supraculturalmente nos regulam. Encontra-se nele também, respostas de ação estratégica para
potenciar a igreja local diante do problema de sincretismo religioso. Para melhor compreensão
do assunto deste estudo, pesquisas e observação direta foram a metodologia usada. O objetivo
deste trabalho é potencializar as igrejas em Moçambique, especificamente na região da
Katembe, no seu desafio de propagação do evangelho, na contextualização cosmovisionária
do povo Tsonga, que é nativo dessa região.

Palavras-chave: sincretismo; cosmovisão; contextualização; evangelho.

ABSTRACT: This work critically exposes the negative legacy left in the first impression of
the evangelization of the Mozambican people during the time of the colonial regime, an action
that was imprecise and empty of contextualization with regard to the interpretation of the
cultural manifestations of the native people, in the light of the sacred scriptures. Thus
resulting in religious syncretism that embraces a Christian superficiality with an animistic
essence. In it, the need to expound the gospel as a relevant message in its own cosmovisionary
universe is proposed; the understanding of Christian principles in relation to the local culture
and the application of gospel values as answers to the daily conflicts of life, thus empowering
the local church with theological bases that guide its members to a firm position in the
Christian faith in relation to practices traditional, such as: Consecration of Children, Initiation
Rites, Traditional Weddings, Post-death Ceremonies. The aim of this work is to respond to
the extent to which the sacred scriptures regulate us supraculturally. It also contains strategic
action responses to enhance the local church in the face of the problem of religious
syncretism. To better understand the subject of this study, research and direct observation
were the methodology used. The objective of this work is to enhance churches in
Mozambique, specifically in the Katembe region, in their challenge of spreading the gospel,
within the cosmovisionary contextualization of the Tsonga people, who are native to that
region.

Keywords: syncretism; worldview; contextualization; gospel.


1 INTRODUÇÃO

Apesar de o cristianismo ter chegado à África bem antes de chegar a Europa e


América, pelos dados que se tem (Atos 8.26-38), o primeiro contato do povo moçambicano
com a mensagem cristã deu-se no século XV, aos 11 março de 1498, quando foi celebrada a
primeira missa, em Latim, na Ilha de São Jorge, junto à Ilha de Moçambique. Esse dado não é
a garantia do gérmen do processo de evangelização, visto que o teor missiológico era
carregado da religiosidade própria do catolicismo romano, e o processo missionário foi levado
a cabo com objetivos políticos de intentos coloniais. Mesmo destacando algumas honrosas
exceções em ação social, tais como, construção de infraestruturas e educação, a igreja católica
com o seu estatuto de igreja oficial, colaborava no sistema colonial. Igualmente com os
protestantes em Moçambique, responsáveis pela honrosa missão e oportunidade de transmitir
a primeira impressão da fé evangélica, conotam-se extremismos, seja de imposição cultural,
ou abordagem parcial que propõe um evangelho pela metade, enfraquecidos e que coopera na
formação de grupos sincréticos que tratam as escrituras com parcialidade, confirmando com
as palavras do Ronaldo Lidório na sua obra Antropologia Missionária (2011, p.13) “Porém, o
fator que mais contribui para prejuízos permanentes de comunicação do evangelho, bem como
na formação de igrejas sincréticas, é a falta de análise sociocultural (antropológica) no
ambiente de trabalho”.
O sincretismo religioso é como um defeito de origem histórica, pela primeira
impressão negativa ora deixada pelos primeiros missionários, devido o regime colonial. Nessa
altura, as igrejas evangélicas nacionais eram lideradas pelos missionários ocidentais que as
trouxeram, o estilo de vida sincretista não era muito evidente aos olhos destes. Por um lado,
porque o regime colonial não permitia a convivência próxima entre os nativos e de classe
dominante, o que não facilitaria o acompanhamento ou discipulado eficiente para ser
trabalhada a questão da cosmovisão. O que na realidade houve é uma hospitalidade ao
evangelho, que foi recebido como um visitante honrado, e não como o juiz e redentor de
qualquer cultura. Pois, bem antes da presença colonial, já se vivia essa crença, essa
religiosidade e esses costumes, que para o nativo, tornava-se estratégico assumir
superficialidades preceituais na religião do colono, através de batismos e demais cerimoniais.
A confiança na magia ou obscurantismo como eficiente força sobrenatural sempre
acompanhou o africano, seja aquele transportado no navio negreiro para as americas, seja este
oprimido na sua propria terra. As heranças dessa realidade podem ser observadas nas
comunidades negras na diaspora (Haiti, Baia, Rio de Janeiro, Jamaica, etc), que mesmo
depois terem formado novos modelos de sistema religioso e crenças, a similaridade é
evidente. E a história reza que Moçambique foi, um dos maiores fornecedores de escravos.
Os navios saíam principalmente dos portos de Lourenço Marques (atual
Maputo), Inhambane e Quelimane, em Moçambique, e se dirigiam ao Rio de
Janeiro. Africanos embarcados nesses portos pertenciam a uma diversidade
de povos, entre os quais os macuas, swazis, macondes e ngunis, e ganhavam
no Brasil a designação geral de "moçambiques"1.

O impacto negativo dessa história arrastada durante cinco séculos e que, na prática foi
encerrada a menos de um século, carrega rebentos de sincretismo que desafiam aos
missionários, atualmente desafiados com uma realidade diferente do campo. E a pergunta se
faz: Como atuar num campo com esses bloqueios de sincretismo? O que a bíblia diz sobre as
práticas tradicionais que membros de igrejas evangélicas tem se sujeitado? Que estratégias
assertivas potencializam a igreja local?

2 O SINCRETISMO NO POVO TSONGA

A maioria da população moçambicana é na prática sincretista. Mas esse artigo foca os


Tsongas, que é o povo nativo e maioria populacional no Distrito Municipal Katembe, Maputo,
região onde foi fundada em janeiro de 2016, a Igreja Missionária Betel em Moçambique.
Desde a era colonial, já existiam inúmeras denominações cristãs, internacionalmente
conhecidas (Católica Romana, Anglicana, Presbiteriana, Metodistas, Nazareno,
posteriormente as Pentecostais e Neopentecostais, entre outras), porém hoje, os seus membros
vivem o sincretismo religioso, praticamente.
Esse nome “Tsonga” (significava pessoas do Leste de origem banto), surge de um
contexto histórico usado de maneira pejorativa e indicava uma condição social subordinada,
sob a figura do escravo cativo ou súdito a pagar tributos em troca de proteção. O tsonga
também é a língua falada pela etnia de mesmo nome, que está espalhada por Moçambique,
África do Sul, Zimbábue e Suazilândia. Estes dividem-se nos grupos linguísticos: ronga,
changana, tswa e chope e, é a maioria populacional na região em análise nesse artigo.
A capacidade de harmonizar o cristianismo e crenças animistas (crença em espíritos) é
característico desse povo, que assume o curandeirismo como um poder vindo de Deus. O
Portal do Governo destaca esse facto no seu informe sobre a História e Cultura do Distrito:
“Em relação à religião existem várias crenças no distrito, sendo a Sião/Zione a dominante.
Essa denominação referida é das linhas teológicas locais oficialmente, assumida sincretista,
1
Disponível em: http://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/p5.php
promotoras das práticas tradicionais que se evidenciam mais nos momentos de nascimento,
puberdade, casamento e morte, ocasiões essas quando são realizados específicos rituais de
veneração aos ancestrais.2

Em Boane (região do povo tsonga), tal como noutras partes do país, ocorrem
manifestações culturais que referenciam os principais acontecimentos da
vida quotidiana das famílias tais como: nascimentos, mortes, fase
de puberdade, ritos de iniciação, alimentação, religião, línguas faladas e
outros (Portal do Governo de Moçambique).

2.1 Organização Social

Quanto à organização social, principalmente nas regiões rurais, os Tsongas organizam-


se em vários povoados pequenos e independentes, nos quais a sucessão hierárquica dá-se
horizontalmente (irmãos), em lugar dos filhos, que só podem assumir a chefia quando todos
os seus tios tivessem morrido. A menor unidade social é a família nuclear, que consiste numa
mulher com a sua própria palhota e uma zona para cozinhar, seu marido e seus filhos. Como a
poligamia é habitual entre os Tsongas, surgiu a família alargada, que consistia em um grupo
de famílias nucleares encabeçadas pelo mesmo homem. Quando os filhos de uma destas
famílias alargadas casava-se, podia continuar a viver com o seu pai e então a família alargada
somava mais os filhos casados e os filhos destes. À parte das unidades familiares já
mencionadas, existem linhagens integradas por descendentes dos mesmos ancestrais. As
diversas linhagens podem-se agrupar em clãs que se compõe de todas as pessoas descendentes
de um mesmo antepassado.

2.2 Religião

O povo Tsonga, na sua maioria professa o cristianismo, culturalmente as pessoas


aderem a uma denominação cristã, mas dificilmente abandonam a sua cosmovisão que
consiste na crença em existência de um ser supremo e seguidamente a existência dos espíritos
dos ancestrais com os quais os vivos continuam interagindo através dos rituais promovidos
pelos curandeiros da família. Um trabalho acadêmico no curso de Mestrado em Ciencias
Politicas e Estudos Aficanos, desenvolvido por estudantes da Universidade Pedagógica de
Moçambique em 2016, apresenta aspectos culturais do Povo Tsonga na (Junod, 1996).

2
http://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/p5.php
Os Tsongas acreditam na existência de um ser supremo, “Hosi wa MaTilo” ,
que criou a humanidade e que vive no céu. As pessoas não têm relação com
este ser a não ser através dos espíritos dos antepassados. Estes podem
influenciar as suas vidas cotidianas de forma positiva ou negativa, pelo que
se faz necessário mantê-los satisfeitos. Aparecem para os vivos
principalmente em sonhos, mas às vezes manifestam-se como espíritos.
Alguns espíritos dos antepassados, crê-se, vivem em lugares sagrados, onde
são enterrados os chefes antigos. Cada clã tem vários destes cemitérios. Os
ancestrais são agraciados com orações e oferendas, que vão desde bebidas
alcoólicas até sacrifícios de animais (PJ Gabinete, 2016, p. 8).

No nascimento de crianças, os rituais praticados com o recém-nascido consistem na


apresentação aos ancestrais, de mais um membro recém-chegado na família e assim
invocando uma proteção no mundo espiritual. Isso se observa nas palavras pronunciadas pela
autoridade cerimonialista. Porém, é preciso salientar que a vida de uma criança desde o ventre
até aos 03 meses depois do nascimento não é considerada vida entre os Tsonga, por isso
quando a criança perde a vida nessa fase etária não se realiza cerimónia funebre, podendo ser
enterrado no quintal, como um lixo qualquer.

Na infância, o principal rito é o do “caco” e ocorre ao final da primeira


semana. É um rito preventivo, que visa proteger a criança dos perigos
exteriores. Consiste na queima de peles de animais selvagens, em que o bebé
é submetido a uma “defumação”. Ao final deste rito, a criança já pode sair de
casa. Ao final do terceiro mês, ocorre a apresentação à lua, ou “kuyandla”,
rito feito nos fundos da habitação, junto ao monte de cinzas proveniente dos
restos da casa (PJ Gabinete, 2016, p. 9).

A puberdade é marcada pelos ritos de iniciação, dentre eles o ritual da circuncisão (que
não é observada em todas as tribos tsonga). A escola de circuncisão dura três meses e
contempla os ritos de separação, de margem e de agregação. Esta acontece a cada quatro ou
cinco anos e é realizada num local afastado da aldeia, e consiste em preparação do indivíduo
para a vida sexual. Passada a puberdade, o casamento marca a entrada na vida adulta.
No Casamento, se obriga a apresentação de dote para que a noiva esteja em sintonia
com os desígnios dos ancestrais e assim esteja na benção deste. O final da vida é triste para os
tsongas. Os velhos são desprezados e muitas vezes abandonados, no passado quando haviam
perigo de invasões de outras tribos, ou por motivo de atraso nas migrações, hoje em dia são
geralmente acusados de feitiçaria contra os membros da família. Na morte, entende-se que o
morto deve ser agradado com alguma cerimônia para que na insatisfação não leve mais um
membro junto com ele ou ataque os seus com catástrofes. A questão da morte é tratada com
bastante cuidado. A palhoça do morto não pode ser habitada por outros, pois é considerado
também como um túmulo e é destruída, se for possível. No caso da morte do chefe da aldeia,
considera-se que esta morre juntamente com ele e alguns meses depois o seu sucessor funda
outra povoação. Para aqueles que hoje em dia vivem em ambientes urbanos, depois das
cerimónias fúnebres, reuniões familiares são obrigadas aos membros, para os devidos
tratamentos de rituais tradicionais.

2.3 Organização Administrativa Tradicional

No que implica diretamente ao artigo, destaca-se a organização tradicional


reconhecida que trabalha em paralelo com o governo, estratificada em duas categorias:
régulos e chefes das terras, que os, chama de Autoridade Comunitária. Dentre as suas
atribuições está o controle das alianças matrimoniais, julgamento de casos de caráter
tradicional e a distribuição da terra, que é considerada como património e não como
propriedade das linhagens. Além disso, é o chefe quem preside todas as discussões públicas e
privadas relativas à vida da povoação. Em caso de sucessão, o segundo irmão é quem toma o
lugar de chefe. A segunda geração só pode ascender à administração da povoação depois de
todos os tios terem morrido. Essa estrutura social é tida como um património cultural e
protegido pelo governo a base da lei.

Quanto às autoridades comunitárias de 1ª e 2ª linhas (régulos, chefes de


terras e secretários de bairro), foi concluído, na base do Decreto nº 15/2000
sobre esta matéria, o reconhecimento dos régulos e chefes de terra existentes
no distrito (Portal do Governo de Moçambique, online).

A relação entre a Administração e as autoridades comunitárias tem contribuído para a


solução dos vários problemas locais, principalmente os conflitos de terras existentes no
distrito.

3 A CONSEQUENTE CONDIÇÃO ESPIRITUAL POR CONTA DO SINCRETISMO

Quando falamos do sincretismo religioso, para o caso do povo Tsonga, referimo-nos


ao problema objeto deste artigo. Sincretismo é a tentativa de conciliar a crença e a prática
religiosa diversa ou conflitante num só sistema, ou seja, a miscigenação das crenças cristã e
animista, esta geralmente baseada numa tradição de reverência aos ancestrais, conflitando
assim com a verdade bíblica. Uma oposição diante das obrigações tradicionais impostas pelas
autoridades tradicionais pode redundar em perseguição e/ou desligamento da comunidade, e
essa ênfase é bastante relevante para o africano. Como diz o W. O´Donovan Jr. “A realidade
na África pode ser definida pela afirmação ‘Eu sou porque a comunidade é” (O´Donavan Jr.,
1999, p. 14). O Exemplo disso é o comum observado durante a evangelização porta a porta
que se tem realizado pela igreja Missionária Betel no distrito da Katembe, onde esposas e
filhos não podem decidir crer em Cristo sem a permissão do líder da família. Quando essa
decisão for tomada unilareralmente sem a aprovação do líder, gerará conflitos. Como é o caso
da Marcia Tembe, nativa da Katembe, uma jovem convertida ao cristianismo, que sofre
agressões psicológicas e físicas, por rejeitar participar de cerimoniais tradicionais de
veneração aos ancestrais. A família considera esse posicionamento uma afronta e desrespeito
aos ancestrais e aos anciãos.

Na cosmovisão tradicional Tsonga, a sociedade é uma unidade total, que


contempla os vivos e os mortos. À parte de sua crença no serviço aos
espíritos ancestrais, também há uma forte crença na magia, que pode ser
usada para propósitos malignos ou benignos. Os espíritos bons trazem a
chuva e as coisas boas para a comunidade, enquanto os malignos,
controlados por bruxos, causam-lhe mal. As enfermidades graves, a má sorte
continuada e a morte geralmente indicam a presença de espíritos malignos
(Baloyi), mas a enfermidade ocasional é aceita como parte da vida cotidiana
(P.G Gabinete, Grupos Etnolinguisticos do Sul de Moçambique, 2016, p.13).

A citação acima mostra a distância que se faz da crença nativa para a fé cristã,
confirmando assim o grande desafio evangelístico para alcançar o povo Tsonga, visto que é
um grupo praticamente sincretico.
Mesmo existindo muitas igrejas que se consideram cristãs nativas e adaptadas a
cultura local, a maioria delas desencoraja ou até proíbe os seus membros de lerem a Bíblia
Sagrada, sendo esse direito reservado ao líder máximo. Essas denominações são bastante
aceitas pelos nativos, devido a sua estratégia de alcance, baseada na aceitação de costumes e
cultura local. Porém, isso não proporcionam libertação do pecado, experiência de salvação e
transformação. No seio dessas denominações, ocorrências de situações pecaminosas são
comuns, escândalos de imoralidade sexual, corrupção, conflitos pelo poder, etc. A graça de
Deus não é ensinada nesses lugares.
Por outro lado, essas práticas são conotadas nos membros de igrejas evangélicas de
reconhecida base doutrinária bíblica. A maioria desses membros abraçam a fé crista por
herança religiosa e praticam o sincretismo também por herança, visto que gerações passadas
transmitiram um estilo de vida religiosa sem abandonarem as tradições antibíblicas. Outro
motivo do apego às práticas tradicionais é o medo do que os espíritos dos ancestrais podem
retaliar quando não forem agradados pelos vivos. A verdade bíblica não serve para as decisões
mais cruciais da vida, a fé não está essencialmente em Deus, mas nos poderes ocultos
atribuídos aos ancestrais.
Há uma aceitação formal para a religiosidade cristã, porém, não há uma entrega total
aos princípios bíblicos. É nesse espetro fenomenológico que fatos de manifestações espirituais
são reportadas na cidade de Katembe, reconhecida regionalmente como centro de grandes
influências de feitiçarias no sul do país, onde fatos místicos e sobrenaturais atribuídos aos
feiticeiros e curandeiros são sempre reportados. Sinal nítido de obras demoníacas veiculadas
nas manifestações culturais, como diz Bruce J.Nichilis: “A outra fonte supracultural dos
fenômenos da cultura é a demoníaca. Satanás é uma realidade metafisica espiritual, (Jo 12.31;
14.30; 16.11). I João 5.19 declara que o mundo inteiro jaz no maligno. E nas passagens
citadas e tantas outras, a referência aos poderes cósmicos é inconfundível.” (Nicholls, 2013, p.
17).
Na visão cristã, entendemos que há sempre uma ação demoníaca por detrás de toda a
crença ou invocação a entidades, ou seres que não seja o Criador Jeová, por isso, há a
necessidade de libertação pelo conhecimento da verdade. Sabemos ainda que decorrer da
história da teologia cristã, a veracidade do evangelho sofreu com assimilações, conscientes ou
inconscientes, de crenças e práticas conflitantes com as Escrituras. “A medida que a igreja
procura expressar a sua vida em formas culturais locais, logo tem de enfrentar o problema de
elementos culturais que são malignos ou tenham associações malignas.” (Nicholls, 2013,
p.39).
Há um fator não menos importante a ser considerado nessa problemática de contexto
antropológico, trata-se dos Códigos Receptores. Ronaldo Lindório na obra Antropologia
Missionária, diz que “Ao transmitirmos uma mensagem, ou a mensagem do Evangelho, por
exemplo, precisamos, assim, pensar nos códigos receptores. Tais códigos são, possivelmente,
o capítulo principal na vida de alguém que deseja transmitir uma mensagem que seja
plenamente compreendida” (Lidório, 2011, p.10).
Os códigos receptores se referem a língua, cultura e ambiente. E estes códigos foram
bloqueados no âmbito do sistema colonial. Por exemplo, o uso da língua materna nativa era
desestimulada pelo sistema colonial, e havia a imposição para o domínio da língua
portuguesa; quem dentre os nativos se esforçasse às éticas e estilo de vida portuguesa era
categoricamente elevado da situação “indígina” para “assimilado”.
Quanto ao ambiente, havia uma separação de ambiente de convívio nas camadas
sociais estabelecidas. Por isso, com esses muros impostos, dificilmente o missionário
pioneiro, conheceria ou interpretaria adequadamente a realidade cosmovisionária local, para
oportunamente, à luz das Escrituras, peneirar o necessário da cultura local, nos nativos
convertidos. Consequentemente, os líderes locais que vieram a assumir o governo, quando se
decretou a retirada compulsiva dos colonos (obrigando o retorno de muitos missionários), não
tiveram a mesma postura que a dos missionários fundadores.
Por outro lado, houve uma fobia doentia ao sincretismo, aleijando assim a
contextualização, uma forte rejeição à ocidentalização, ou seja, imposição da cultura do
mensageiro e a sua demonização da cultura local.
Mais uma vez destacam-se esses sinais nos códigos receptores de língua, cultura e
ambiente, onde se identificam descriminações para os termos que forem característico de
negros africanos, aspectos vistos como desvalorização para a cultura e ambiente do negro.
Isso promoveu uma desconfiança que se propaga até hoje acerca das intenções de um
missionário ocidental. Essa desvalorização do património cultural local desperdiçou muitas
coisas boas desenvolvidas localmente. Uma delas é a medicina tradicional.
Por muito tempo os médicos pensaram que os remédios caseiros eram inócuos, mas
recentimente, pesquisas têm mostrado que muitos têm efeitos medicinais reais. Nos dias
atuais, um movimento acadêmico pan-africano intenso, vem crescendo com uma
argumentação anticristã, na suposta intenção da restauração da dignidade africana que se
considera prejudicada na era da intervenção colonial europeia no continente.

4 POTENCIANDO A IGREJA LOCAL FACE AO DILEMA DO SINCRETISMO

Num ritimo harmonioso e acomodado, o povo se mostra desinteressado em aplicar a


verdade de Deus como supracultural. Para reduzir o risco de entrar em choque cultural que
torne as pessoas resistentes a mensagem do evangelho, a intervenção transformadora é
necessária com a devida contextualização sadia. Ou seja, o conhecimento, interpretação e
aceitação, ou não aceitação, dos seus hábitos e suas crenças é fundamental para a transmissão
do evangelho com eficiência. É assim que sustenta Ronaldo Lidório (2011, p. 9): “Só
compreendemos informações que possuam paralelo com um valor já estabelecido”.
Precisamos identificar o teologicamente tolerável na expressão cultural como uma
janela para explorar contextos que se abram para facilitar a percepção da mensagem que é
supracultural, tendo cautela de não comprometer a autenticidade da fé e da vida cristã, como
se viu na luta da igreja primitiva contra o gnosticismo, preocupando aos apostolos que

advertiram a igreja a terem cuidado. “E todo o espírito que não confessa a Jesus não procede
de Deus. Este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem, e
presentemente já está no mundo” (1 Jo 4:3). O processo de contextualização não pode dissipar
a essência do evangelho afim de ser aceito na sociedade, ou seja, omitir a contra culturalidade
do evangelho. O maior desafio é encontrar caminhos para gerar fome pela Palavra de Deus.
É preciso tomar ações concretas para lidar com o sincretismo, que prevalece como
feridas evidentes e interferentes na vida da igreja. Feridas que não foram tratadas na atuação
dos primeiros missionários, limitados pelo contexto da época de segregação racial e políticas
coloniais, que comprometeram o pleno conhecimento da palavra de Deus.
As escrituras sagradas mostram que a destruição de um povo se dá por falta de
conhecimento de Deus (Oseias 6.4), e é à igreja que foi confiada essa desafiante tarefa de
expor a verdade, testemunhando a todos os povos sobre o senhorio de Cristo, sobre a
supraculturalidade do evangelho. O evangélico sempre sustentou que a Bíblia é normativa e é
a autoridade definida em questões de fé e pratica (Nicholls, 2013, p.53). É nesse contexto que
precisamos trazer as verdades básicas do cristianismo na sua relação com a realidade da vida
africana tradicional, respondendo assim, como os líderes cristãos locais deverão tratar
especificamente com cada prática tradicional presente no dia a dia dos seus membros.
Wilbur O´Donovan Jr, professor em escolas de treinamento missionário e missionário
na Africa por mais de 30 anos, na sua obra literária O Cristianismo Bíblico da Perspectiva
Africana, trata das verdades básicas da fé cristã e outros assuntos importantes da fé e prática
africanas. Nele, uma teologia sistemática que responde as dúvidas do povo na sua cosmovisão
ao interagir com a cosmovisão bíblica. Por exemplo, ao abordar sobre Deus: A vida africana é
rica em percepção sobre a existência do ser Supremo, mas a pergunta é: até que ponto essa
ideia é exata?
O`Donoban (1999, p.55) diz: “é evidente que o conceito tradicional de Deus na Africa
é muito próximo da revelação bíblica do Deus Todo-Poderoso, porém desvia-se quando se
interpreta que Deus não deve ser incomodado com pedidos pequenos das pessoas. E esse
sistema tradicional que substitui a única e verdadeira mediação que é Cristo, por espíritos dos
ancestrais (outros deuses), são exatamente o que Deus não quer. O primeiro mandamento
dado a Moisés já trata deste assunto. Deus disse: “Não terás outros deuses além diante de
mim, não os adorarás e nem prestarás culto a eles, porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus
zeloso” (Ex 20.5). Nisso nos deixa claro que Deus quer ter um relacionamento direto com as
pessoas, revelando-se a estes através dos seus atributos, manifestações na natureza e através
das escrituras sagradas. E elucidar ao povo sobre a Bíblia como única revelação de Deus é o
primeiro e principal ponto a ser incutido na liderança e as suas igrejas, para chegarmos a ter
um líder e uma igreja nativa bíblica e contextualizada.
Existe a imperiosa necessidade de uma igreja cristã africana madura na doutrina e que
apresente respostas bíblicas para questionamentos específicos a que povo africano está
sujeito, tais como racismo e pobreza, uma igreja que oriente os seus membros acerca das
práticas tradicionais que prevalecem tais como consagração de crianças, sobre os ritos de
iniciação, sobre o casamento, sobre a morte.
Essas respostas fundamentadas nas Escrituras de uma forma contextualizada à cultura
local, potencializam a ação pastoral do líder na sua atuação com a igreja, e a igreja local no
seu testemunho na comunidade.
Sincretismo religioso é a mistura de duas ou mais religiões diferentes. Quando partes
das crenças e dos rituais de religiões distintas são combinadas numa só prática, isso se chama
de sincretismo. O sincretismo religioso é condenado na Bíblia porque mistura a verdade de
Deus com a idolatria. "O sincretismo sempre significa uma mistura, a troca simbólica que dá
como resultado uma terceira coisa. É uma fusão cultural que traz valores de uma cultura para
outra. E Deus desde o momento em que separou o povo de Israel, ele advertiu-o a evitar
misturas com as culturas de outros povos para que não aprendessem os seus costumes (Js
23.7, Jr 10.2). A desobediência a essa recomendação promoveu a idolatria na nação, atraindo
assim a ira de Deus. Os Judaizantes e o gnosticismo no Novo Testamento são também uma
demonstração de tendências sincretistas que levaram Paulo a advertir a igreja nas suas
epístolas aos Gálatas.

4.1 Sobre rituais no nascimento

Esses rituais a que o recém-nascido é inocentemente submetido não são meras


manifestações comemorativas com toques culturais, mas uma apresentação diante de
entidades espirituais, da nova vida que se faz ao mundo. Elementos de sacrifícios são
presentes (sacrifício de uma galinha ou um bode), oferendas são concedidas com orações de
invocação aos ancestrais para protegerem a criança. Isso é idolatria e grave ofensa ao Criador
e dono das almas.
As Escrituras sagradas alertam o povo de Deus para se desviar de práticas idolatras.
Na história do povo de Deus essas prostituições espirituais trouxeram graves consequências:
“E até fez passar a seu filho pelo fogo, e adivinhava pelas nuvens, e era agoureiro, e instituiu
adivinhos e feiticeiros, e prosseguiu em fazer mal aos olhos do SENHOR, para o provocar à
ira.” (2 Re 21:6). Essa postura do rei Manassés atraiu a ira de Deus, que nesse caso os filhos
eram oferecidos em sacrifício ao deus Moloque, e no caso da prática de muitas culturas
Africanas, inclusive o povo Tsonga, não sucede o infanticídio, porém há uma contaminação a
que a criança fica sujeita sob a influência espiritual distante da fé no verdadeiro Deus,
atraindo maldição, visto que essa prática é uma desobediência contra os mandamentos do
Criador,
Segundo Deuteronômio 18:10 “Que entre o teu povo não se encontre alguém que
queime o seu filho ou filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou qualquer tipo de
magia”. Para essa prática a solução parte da exposição do que as Escrituras dizem sobre o
assunto. Deus vê a criança de forma diferente da cosmovisão local, que não considera uma
vida para crianças a baixo de três meses. E de que as crianças pertencem e provêm de Deus:
“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá” (Salmos 127.3).
É nesse entendimento que pela fé devemos apresentar as crianças ao Criador, na
congregação dos santos, para um cerimonial de agradecimento a Deus e pronunciamento de
bençãos por parte da igreja para a criança (Lc 2.22).

4.2 Ritual de Puberdade

Na fase da puberdade, os conselhos tribais transmitidos aos adolescentes agridem a


sua inocência e aceleram a vida de prática sexual. Por isso, um dos maiores problemas nas
regiões rurais é o de uniões matrimoniais prematuras. A igreja local tem o seu papel no
combate dessa prática oferecendo ensino às famílias e aos adolescentes em particular
ambientes que consciencializem mudança para uma preparação melhor à vida adulta.
Precisamos assim esclarecer os adolescentes a uma vida de pureza e prática das relações
sexuais nos padrões bíblicos, que é só depois do casamento. 1Tess 4:3,4 diz: “Porque esta é a
vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação; que cada um de vós
saiba possuir o seu vaso em santificação e honra;”. Apesar de dessa passagem não se referir
especificamente aos adolescentes, mas os crentes no geral, porém fica claro sobre a
responsabilidade individual de buscar a santificação que é a vontade de Deus. E ao
ensinarmos essas camadas a se separarem com honra através da abstinência nessa imatura
idade, estaremos a prepara-las para uma melhor qualidade conjugal e social de vida na fase
adulta. Visto que essa prática tem consequências espirituais, físicas e sociais de como se
referiu acima.

4.3 O casamento

Desde o começo, o casamento foi ideia de Deus e não do ser humano. O casamento foi
planejado por Deus para suprir as necessidades humanas de companheirismo, amor,
encorajamento mutuo, ajuda prática e satisfação sexual. Em Efésios 5.31, Paulo traz a ideia de
aliança à luz quando cita a passagem acima de Genesis 2.24, onde revela a primeira cerimónia
de casamento, onde o texto chama esse acontecimento de “unir-se”, na ARC expressa melhor
a força do verbo “apegar-se”, porque em outras passagens bíblicas (Ml2.14,Pv2.17, Ez16.8),
completam o entendimento de que essa união é através de uma aliança, de uma promessa de
compromisso ou de um juramento. Nisso, o papel de cada um deve ser definido à luz das
Escrituras Sagradas, e a igreja precisa estar pronta para dar orientação familiar prévia,
corrigindo os principais problemas do casamento, como a poligamia, a desvalorização da
mulher, o cuidado dos filhos e a interferência externa familiar.
Para O`Donovan (1999, p. 296), “Toda a cultura no mundo tem seu próprio conjunto
de costumes e regras em relação a casamento. Mas é preciso saber o que Deus tem a dizer
sobre o casamento”, e as escrituras sagradas são a fonte para adquirirmos esse conhecimento.
Em Genesis 1.27-28; 2.24 mostra que pela união física de Adão e Eva, Deus planejou a
continuidade da raça humana, mostrando assim que o casamento é o alicerce da sociedade
humana, onde o amor e os principios devem caminhar de mãos dadas. Uma das causas da
instabilidade moral e social nos nossos dias são pela falta de consideração as leis de Deus.
Não se importando com as consequências dos pecados sexuais, como o grande aumento de
divórcios, lares desfeitos e enfermidades relacionadas. Com isso práticas como a poligamia,
mesmo que assumidas no meio da comunidade devem ser desencorajadas, através de uma
proposta de modelo de casamento monogâmico da cultura cristã que é o caminho certo.
Assim, é preciso esclarecer que a poligamia não é da vontade de Deus, mesmo que
encontremos alguns homens de Deus na bíblia que tenham sido polígamos, mas não é modelo
para imitar, pois, as consequências que advêm dessa prática são nocivas para a sociedade
familiar e no geral (1Co 7.2; 1Tm 3.2).
Os papeis do homem e da mulher precisam ser bem esclarecidos e a figura da mulher
valorizada conforme as Escrituras Sagradas. O Homem com base de um amor sacrificial e
doador, deve assumir o seu papel de liderança, amando e honrando a esposa com
entendimento, guiando a família não com dominação, mas na base do amor. Provendo e
protegendo, com presença, 1Pe3.7; Ef 5.25, 26. A garantia de provisão, proteção e presença
devem ser mantidas pelo homem, e isso não será suprido adequadamente quando a poligamia
faz parte da vida desse homem que deve se dividir para atender varias esposas e os seus
filhos; além de problemas familiares e diversas situações desconfortáveis causadas pelos
ciúmes que farão parte do dia a dia, como se pode observar no exemplo de Abraão em Gn.
16.1-6. A esposa deve se submeter ao marido, encorajar, ajudar e orar pelo marido, cuidar bem
do lar, mantendo um bom ambiente familiar (1Pe 3.3-4; Pv31.37). E ambos, marido e esposa,
como pais devem ensinar os filhos sobre Deus e os seus caminhos (Pv 1.7-8). Esse exercício
contextualizado na realidade cultural parte de um investimento de ensino aos casais, com
temas pontuais tais como: O significado da Aliança matrimonial; O papel de cada um no lar;
A Sexualidade do Casal; A educação Cristã, entre outros. Igualmente deve-se dar
acompanhamento especial a casais já formados, porém que enfrentam problemas que tem
como origem a forma errada que o relacionamento foi iniciado, sem respeitar os princípios de
Deus. Além da carência de oração, esses casais necessitam de aconselhamento especial a
medida que eles vão se abrindo. A realidade é que muitas uniões para a sua formação e
condução tem bases tradicionais, onde os conselheiros são anciãos da família que geralmente
não tem princípios cristãos, por isso a substituição dessa cosmovisão para a Cosmovisão cristã
é um processo delicado, mas possível pela graça de Deus.
O`Donavan Jr. (1999, p.302), aconselha que “os pais cristãos não devem deixar o ensino
morar e tradicional na responsabilidade dos líderes tradicionais”, o autor diz isso com bases
dos seus conhecimentos antropológicos e a sua experiência de trinta anos no campo
missionário africano. Assim a igreja deve comunicar o Plano de Deus para o marido e a
esposa como pais, mostrando que Deus é o exemplo de pai que todos os pais devem seguir ao
educar os seus filhos ( Ef 5.1-2), os pais precisam amar os seus filhos assim como Deus ama
eles; os pais precisam imitar Cristo e dar o exemplo de vida correta aos seus filhos, visto que
essas seguem o exemplo dos seus pais antes dos conselhos destes; os pais devem estar aptos
para ensinar os seus filhos sobre Deus e os seus caminhos (Pv1.7-8), aplicando isso aos
conceitos de certo e errado, bom e mau, e outros valores morais e espirituais básicos. Os pais
devem disciplinar os seus filhos assim como Deus nos disciplina (Ef6.4;Hb12.9), os pais
devem sustentar os seus filhos assim como Deus nos sustenta (Sl23.1;1Tm5.8); os pais devem
proteger os seus filhos, fisica, mental e espiritualmente, assim como Deus nos protege
(Sl18.2;144.2); os pais devem Guiar os seus filhos enquanto eles crescem, assim como Deus
nos guia ( Sl 32.8)
Mas, por outro lado, contextualizando o processo de casamentos, devemos
“desocidentalizar” a legitimação das uniões. Pois bem, não é de fundamentação bíblica que a
instituição social com autoridade sobre o ofício de matrimónios sejam instituições
governamentais (cartórios). Ou seja, na ótica bíblica, a autoridade familiar é legalmente ou
principal interveniente nesse processo. Gênesis 2.24 revela: “Deixará o homem seu pai e a sua
mãe e unir-se-á à sua mulher e serão ambos uma só carne”. A organização social da atualidade
usurpou uma competência que lhe é alheia.
Partindo do pressuposto de que O Criador, organizou governos ao ser humano na face
da terra (Rm 13.1-2), há três autoridades principais na sociedade com competências
específicas atribuídas por Deus: O Governo civil, a Religião e a Família. Assim, compete a
religião realizar e validar atos como batismos, o que não seria legítimo se o ato fosse feito
pelo governo ou pela família. Por sua vez, o exercício de validação de qualificações
profissionais, acadêmicas e cientificas está reservado às instituições do estado. O mesmo
instrumento bíblico designa a autoridade de legitimação de casamentos reservada para a
família, o que de fato vem acontecendo na África.
Atualmente, na visão global, quem não passar pelo registo civil ou cartório não está
legal. Esse ponto é discutível para a realidade local na África cultural e rural, visto que a
sociedade já vive uma tradição de reconhecimento e valorização matrimonial a partir da
autoridade familiar. O posicionamento de muitas igrejas evangélicas tem sido de tratar todas
as cerimônias matrimoniais familiar, civil e religioso, o que torna complicado o processo de
regularização de matrimônios, visto que o casamento tradicional tem custos devido à
exigência de dotes, que não raro as estipulações da família da noiva são altas. Igualmente o
casamento civil tem os seus impostos. Por isso, muitos casais vivem em união marital sem
regularização civil, quando muito, somente o parcial processo em nível familiar. Isso imprime
na mente dos convertidos ao cristianismo que vivem em união marital, estado pecaminoso
caso não tenham feito o casamento civil.
Para esse caso, a igreja local precisa ser mais bíblica e mais contextualizada no tocante
a legitimação de casamentos. Se faz necessário reformular o modelo de cultura ocidental
transmitida pelos missionários fundadores, promovendo mais o ensino sobre a vida e
casamento cristão, para desencorajar praticas contrabiblicas, tais como, a imoralidade sexual,
a poligamia, a opressão e desvalorização da mulher e a responsabilidade paternal com base
nas escrituras sagradas, devolvendo assim a autoridade familiar a competência e
responsabilidade de legalizar casamentos.
Bruce Nicholis (2013, p. 17) afirma: “Precisamos analisar até que ponto a mensagem
bíblica é transcultural, e até que ponto a bíblia foi condicionada pelo ambiente cultural dos
seus atores. Sabe-se que a cultura e os costumes evoluem em todas as sociedades”. A igreja
como agente de Deus no evangelismo, ocupa o ponto central do propósito divino para com o
mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. As vezes as pessoas
resistem ao evangelho não por pensarem que ele é falso, mas por pensarem que ele é uma
ameaça a sua cultura, especialmente a base da sua sociedade e solidariedade, mas isso é
inevitável, pois o evangelho é necessariamente contracultural.
4.4 Lidando com a Morte

Esse é um ponto de suma importância a ser trabalhado e potencializado pela igreja, aos
seus membros, visto que lida com o fenômeno que tem a ver com a cosmovisão.
Considerando que “Na religião tradicional Africana há um relacionamento muito importante
entre os vivos e os que morreram recentemente, muitos aspectos da vida tradicional tem a ver
com o relacionamento entre os vivos com os ‘mortos vivos’.” (O`Donovan Jr..1999, p. 236), é
preciso trazer ao povo uma resposta sobre o que a bíblia diz sobre o mundo dos mortos, como
o cristão deve se relacionar com os seus ancestrais? O que é real em relação aos espíritos dos
mortos? Essas são perguntas que o povo nativo convertido precisa de respostas.
Cabe a igreja esclarecer contextos biblicos como por exemplo a conversa de Jesus com
Moises e Elias (Lc 9.31), que eram falecidos há mais de 1,200 anos, também o caso do Saul
quando quis falar com o espirito do profeta Samuel, também já falecido. Adicionando a
historia do rico e do Lázaro, quando o rico pede que o pai Abraão mande o Lázaro ir ter com
os seus irmãos (Lc 16.25-28). As citações acima apresentam a questão de uma crença em
possível contato entre vivos e mortos. Mas independentemente disso, ou na tradição africana
interpretar-se que o contacto entre os mortos com os vivos é possível, porém na palavra de
Deus, é proibida e conforme o Senhor adverte Dt 18.12, “não deixem que no meio do povo
haja... os que invocam os espíritos dos mortos. O Deus eterno detesta os que praticam essas
coisas nojentas”, Isaías expressou muito bem a perspectiva bíblica sobre este tema: “Quando
vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso não
consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao
testemunho! Se eles não falarem dessa maneira, jamais verão a alva” (Isaías 8:19 e 20). Para o
contesto africano, um campo onde as evidências obscuras e pilares do espiritismo estão bem
enraizados é difícil convencer que seja por impossibilidade, visto que muitas pessoas são
portadoras de experiências e fatos misteriosos do mundo dos espíritos. Esse dilema é um fato
que mesmo dentro da vida cristã em relação a temas como a de experiencias espirituais
deparamos-nos com posicionamentos diferentes e alguns que só vem a mudar de opinião
quando vem a experimentar. Mas as escrituras esclarecem “Pois os vivos sabem que morrerão,
mas os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não se tem lembrança
deles. Para eles o amor, o ódio e a inveja há muito desapareceram; nunca mais terão parte em
nadado que acontece debaixo do sol” (Eclesiastes 9:5-6, NVI). Independentemente se é por
impossibilidade e/ou proibição, essa prática de consulta ao mundo dos espíritos tem os seus
perigos.
As pessoas são atraídas para essas práticas pelo poder que está envolvido, e elas
querem poder para controlar o seu mundo. Então essas crenças e práticas resultantes da
realidade do mundo dos espíritos está totalmente errado e afastam as pessoas de um
relacionamento pessoal com Deus e Jesus Cristo. Pois, nessas práticas obrigam formas
complicadas de relacionamentos entre vivos e mortos, tais como: rituais, sacrifícios e
oferendas, e contato com o mundo espiritual através de uma pessoa possuída por um espírito.
Quebrando assim o primeiro dos mandamentos de Deus de não ter outro Deus além Dele.
(Ex.20.3). É evidente que essas práticas fazem parte de um plano sutil de satanás, de enganar
as pessoas e fazê-las cair sob o julgamento de Deus por quebrar os seus mandamentos. Tal
como aconteceu com a condenação de Saul.
O ponto ligação com a cultura deve ser a demonstração de honra aos pais vivos, que
pode continuar mesmo depois deles morrerem. Essa honra será demostrada através de uma
vida íntegra, caráter e boa conduta, mostrando respeito pelo nome deles a que ainda somos
chamados, mantendo um legado bom que deles herdamos. Mas isso não pode estar ligado a
comunicação com eles nos sepulcros onde foram depositados os seus restos mortais, o que
tem sido a prática. Compreendendo que “A cultura nunca é neutra, cada cultura reflete esse
conflito, a religião nunca é meramente uma questão humana, mas sim um encontro entre o
reino de Deus e o reino de Satanás, dentro do âmbito supracultural” (Nicholls, 2013, p. 18).
Geralmente não se tem noção do nível de prejuízos ao se manter essas práticas na vida
cristã. O povo deve ser seriamente alertado que tal prática traz o julgamento de Deus, que não
quer que o seu povo ofereça alimentos ou bebidas aos seus ancestrais (Dt 26.14).

5 O EVANGELHO É A RESPOSTA SUPRACULTURAL

Ao usarmos o termo Supracultural, referimo-nos aos fenômenos culturais relacionados


a crenças e comportamentos com origem fora da cultura humana. Realidades de âmbito
espiritual, como Deus e o seu reino, Satanas e o seu reino etc., e que esse posicionamento é
um ato de fé. (Hb 11.6). Portanto, onde Cristo é verdadeiramente Senhor, o enredo cultural
para a vida dos seus membros será diferente do enredo da comunidade mais ampla. Haverá
um movimento progressivo em direção a uma “cultura cristã”.
A palavra de Deus muda é normativa e por isto apta para julgar a cultura e a
transformar enquanto for necessário. É isso que ela fará com que os fundamentos de vida
cristã do povo Tsonga, produzam um estilo de vida que imita Cristo. Uma vez libertos da
cosmovisão contraria ao evangelho, poderão ser um povo bíblico e com cultura própria.
Para Nicholls (2013, p.16), “A suposição do cristianismo bíblico é a de que Deus é o
criador e Senhor soberano que controla o universo e age nele de acordo com os seus
propósitos. E os conceitos bíblicos acerca de da encarnação de Cristo, profecias, milagres,
escatologia, etc”. O pressuposto cristão é que os seres humanos são seres espirituais e morais,
por isso, nenhuma cultura imposta é capaz de reprimir esses fatores indefinidamente.
Nesse caso, a cultura é um macrocosmo do homem espiritual o qual reage ao seu
ambiente do interior da corrente histórica da sua continuidade cultural. A igreja evangélica é
de fé fundamentada na Palavra de Deus, por isso, é preciso esclarecer aos membros o
posicionamento bíblico defendido sobre Deus, sobre a Palavra, sobre o Cristo, sobre o
Espírito Santo, sobre à Igreja e sobre o Homem. Porém, concretamente é preciso trazer a
resposta bíblica no que tange ao sincretismo. Estes conhecimentos fortalecem o crente e o
manterá firme diante da pressão ideológica contrária, que a comunidade venha investir.
Vejamos como aplicar essas verdades.

5.1 Evangelho genuino para Liderança local

Na fase embrionária de implantação da visão cristã em Moçambique, foi necessária a


intensa presença de missionários estrangeiros, porém, como foi referenciado, pelo testemunho
negativo da ação colonial, a confiança ficou comprometida, e ainda hoje temos pessoas vivas
que viveram na pele esse mal, visto que a independência de Moçambique não tem 50 anos (25
de junho de 1975). Igualmente, a partir de 1992 depois da guerra Civil, muitas organizações e
igrejas tem vindo a Moçambique abrir trabalhos, por um lado isso é bom, pois a palavra de
Deus é anunciada, por outro lado, preocupam com as teologias propagadas pela maioria
desses grupos, onde a prosperidade financeira é a mensagem central, e para isso, manipulam-
se mentes na extração de bens dos fiéis, tornando-se assim um fato crítico e digno de
julgamento.
Defende-se que no atual contexto seria eficiente na estratégia de alcance, o
investimento na liderança autóctone. Isso não significa a ausência dos missionários
estrangeiros, mas sim a concentração na ação de preparação de liderança, principalmente
considerando que o povo Tsonga tem alguma base de inclinação religiosa ao cristianismo, a
promoção de ensino teológico genuíno e reforços com ferramentas estratégicas para às
lideranças das igrejas locais.
As facilidades das tecnologias de comunicação na era atual são um ganho para dar
assistências com menos custos e riscos do que no passado, onde a mobilidade e as
comunicações eram uma grande barreira. Um obreiro autóctone bem capacitado nos
fundamentos da fé e ética cristã pregaria o evangelho com o objetivo de revelar a
supraculturalidade bíblica. Tendo a vantagem de ser um dentre o povo, de falar a língua do
povo, de perto a conhecer a cultura do povo e viver no ambiente do povo.
É necessário dizer ao povo que o evangelho não é uma mensagem ou cultura
originalmente da europa ou do ocidente, mas sim que a Europa teve o privilegio de
evangelizar inicialmente a África, mas não soube aproveitar adequadamente o momento. A
missão transformou-se, em alguns casos, em ambição. Porque “o evangelho não pressupõe a
superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio
critério de verdade e justiça e insiste na aceitação de valores morais absolutos em todas
culturas” (Nicholls, 2013, p. 18).
A mensagem do Evangelho continua sendo necessária ao povo, que deve recebe-la,
não como um hóspede, mas como um juiz e autoridade para todas as culturas do mundo. O
contexto africano precisa ser tratado com muita prudência e não ser demonizado em todas as
ações de caráter cultural. Precisa-se observar a riqueza cultural dessa região e usá-las como
uma ponte para transmissão do evangelho. Por isso, é necessário que o missionário autóctone
entenda pelo menos três culturas diferentes: a sua própria cultura, a cultura da bíblia e a
cultura do missionário ocidental que trouxe a primeira impressão sobre o evangelho.
Uma das qualidades de um bom lider missional é preparar novos lideres e em algum
momento tornar-se inútil diante das ações da organização, onde todos os membros dela já
compreendem a visão, valores e objetivos da mesma (2Tm 2.2).
Um missionário autóctone bem treinado desenvolverá um bom trabalho em duas
fontes principais de apoio; (1) A comunidade em que estiver inserido, que o tem o vínculo
familiar e; (2) Seus mentores ou base de envio, sua família espiritual. No preparo do
missionário autóctone deve se tratar com atenção a questão de motivações, pois muitas vezes
acontece que o obreiro ver a missão como fonte de lucro económico. Por isso, o ensino sobre
vocação, gestão e empreendedorismo devem fazer parte do preparo, porque também é
necessário promover a melhoria de vida tanto do missionário autóctone, quanto da
comunidade. Por isso a necessidade de contínua cooperação interdenominacional e com
missões estrangeiras, visto que a região é de limitadas condições económicas ou recursos.
5.2 Cooperação com a estrutura estrangeira

Uma das causas da prevalência de sincretismo em muitas igrejas é a sede pelo


sentimento de independência prematuramente, isto é, a cooperação estrangeira é assumida
com humildade na fase de implantação e logo que existam recursos materiais para gerir, um
conflito de interesses é desencadeado entre os missionários cooperadores e a igreja local.
A falta de boa gestão relacional vem comprometendo o alcance de objetivos de muitas
organizações. Por um lado, essa situação é causada pelo missionário estrangeiro que
geralmente goza de condição melhor do que a liderança local, sendo este de um contexto
econômico mais carente e não se contenta com os benefícios de cooperação na área de ensino
e assessoria somente, quer também uma remuneração econômica que lhe acomode.
Por outro lado, há interferência de interesses e ingerências de autoridades locais que
não se convencem da existência de um trabalho voluntário sem fins lucrativos, procurando de
todas as maneiras dificultar o processo de cooperação através de burocracias injustificáveis.
“A imagem do cristianismo como uma religião estrangeira, ocidental, exclusiva de homens
brancos é hoje um dos obstáculos mais sérios à evangelização na Africa” (Nicholls, 2013, p.
11). Daí a necessidade de desenvolver parcerias de cooperação nas áreas de ensino e
assessoria da liderança. Um posicionamento que exige humildade e o despojar-se de
sentimentos de protagonismo, pois, somos servos inúteis para fazermos o que nos foi
mandado.
A cooperação na área de ensino hoje deve vir com uma abordagem despida de toda a
contaminação de racismo. Este foi o erro cometido em outras ações missionárias no passa no
passado, onde a equipe não se envolveu na vida da comunidade, bloqueando-se assim a
possibilidade de se desenvolver relações favoráveis ao discipulado. Porém, a comunicação do
evangelho não deve ser apresentada as pessoas por meio de formas culturais estrangeiras,
quando essas formas de cooperação trazerem consigo modos estrangeiros de pensar e
comportar-se, ou atitudes que transmitam superioridade racial, paternalismo, ou preocupação
com as coisas materiais, a comunicação eficaz será obstruída. Esse empecilho afeta toda a
continuidade da obra missionária a nível nacional.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já se entende, nenhuma cultura é perfeita, ou melhor que a outra, “o evangelho


não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o
seu proprio critério de verdade [...]” (Nicholls, 2013, p 18), todas carecem de um alinhamento
baseado na supraculturalidade cristã. No caso da cultura tsonga que também é carregada de
práticas e costumes que fertilizam o sincretismo religioso, e com a atuação de uma igreja
colonial, não tanto oposta e combatente a essa agressão da integridade cultural, a desconfiança
na mensagem do evangelho é uma das consequências.

[...] a cultura de um homem convertido vai mudando e melhorando dentro do


seu pensamento e da sua sociedade. A expressão do cristianismo pode se
achar em melhoramentos na área da saúde, agricultura, economia,
moralidade, [...]. O dever do missionário é levar o homem à expressão mais
perfeita possível de sua fé em Cristo Jesus, numa nova vida nEle. Os
costumes da cultura do missionário são irrelevantes e sem sentido para um
homem de outra cultura, mas o missionário, mesmo assim, deve ajudar o
novo homem em Cristo a avaliar sua vida e buscar uma expressão certa do
cristianismo (Nida, 1995, p.43).

Hoje apela-se á uma sensibilidade maior na comunicação contextualizada e a um


chamado à paciencia para compreender as pessoas com amor. É ter “mente de Cristo”, o
exemplar missionário que renunciou a sua glória, identificando-se com as pessoas na sua
humanidade e foi servo sofredor até a morte (Fl 2.4-5). Ensina-nos assim, que há necessidade
de fazer tentativas ousadas e criativas e que se utilizem formas culturais que possam ser
balizadas em Cristo, sem negar em nada a verdade do evangelho. A necessidade de uma
tradução bíblica da genuína mensagem cristã em cada tempo e lugar, em termos relacionais
que sejam apropriadas para transmitir a autenticidade da mensagem revelada nas Escrituras de
forma autenticamente autóctone.
REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira
de Almeida. Edição Almeida Revista e Corrigida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 2014.

JUNOD, Henri. Usos e Costumes dos Bantu. Tomo I. Maputo: Arquivo Histórico de
Moçambique, 1996.

LIDÓRIO, Ronaldo. Antropologia missionária. São Paulo: Vida Nova, 2011.

NICHOLIS, Bruce J. Contextualização, uma teologia do evangelo e cultura. São Paulo:


Vida Nova, 2013.

NIDA, E. A. Costumes e cultura. São Paulo: Vida Nova, 2011.

O´DONAVAN Jr., W. O Cristianismo biblico da perspectiva africana. São Paulo: Vida


Nova, 1999.

PJ GABINETE. Grupos Etnolinguísticos do Sul de Moçambique: Os Tsongas: Estudos


Africanos. Beira \Moçambique: Universidade Pedagógica, 2016.

PORTAL do Governo de Moçambique. História e Cultura do Distrito. Disponível em:


http://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/p5.php. Acesso em: 10 nov. 2023.

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