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Receção, Fruição e Públicos da Cultura

Tema 3 - Metodologia qualitativa e a


experiência de visita em museus
Trabalho em grupo: Marina Bravo

Metodologia qualitativa na análise dos públicos (dos museus): qual a


relevância para o conhecimento das suas perceções? Como pode
contribuir para melhorar a experiência de visita pelas instituições?

Leitura dos textos


Grupo whatsap para nos 3 (Marina)
Decidir data da apresentação
Dividir a estrutura da apresentação

Neves, J. S., (Ed.), Santos, J., Lima, M. J., & Miranda, A.


P. (2019). Públicos do Museu Nacional dos Coches.
DGPC
_______

Contexto da pesquisa e referencial de análise: (pp.9-12)


● Os resultados sobre os Públicos do Museu Nacional dos Coches (MNC) fazem parte
do Estudo de Públicos de Museus Nacionais (EPMN), promovido pela Direção‑Geral
do Património Cultural (DGPC); em parceria com o Centro de Investigação e Estudos
de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES‑IUL) e o apoio da Fundação
Millennium bcp e da ONI. O MNC foi um dentre os 14 museus nacionais estudados.
● O EPMN decorreu em 2014/2015 e é um um estudo quantitativo
● a Lei‑Quadro dos Museus Portugueses (Lei n.º 47/2004, de 19 de agosto)
● Perspetiva europeia: Itália (Solima, 2012); Espanha (AAVV, 2011) e Laboratório
Permanente de Público de Museos (López, 2010); Dinamarca (Jensen e Lundgaart,
2013); Observatório Ibero‑Americano de Museus (OIM/Ibermuseus, 2015).
● Perspetiva crítica de Bourdieu (e Darbel,1969[1966]): pela proximidade com as
políticas culturais, dos problemas colocados pelo objetivo da democratização e pela
constatação das desigualdades sociais no acesso (pp.11-12)
● Lahire, 2008: a diversidade de relações dos indivíduos com a cultura, destacando as
apetências e as motivações numa perspetiva individual (p.12)
● Costa, 2004: os diferentes modos de relação com as instituições culturais (p.12)
● Wells, Butler e Koke, 2013: a análise qualitativa contribui para aproximar as
instituições dos públicos. (p.12)
● Kirchberg, 2007; Weil, 2007[2003]: os visitantes se devem fazer ouvir no sentido de
influenciar as políticas e a gestão dos museus (p.12)
● Garcia et al., 2016: forte aumento dos fluxos turísticos para Portugal com impacto
positivo na quantidade de visitantes, mas de outro lado existem efeitos prolongados
do contexto de crise no País (p.12)
● “e constrangimentos de vária ordem que os museus nacionais vêm enfrentando” -
Exemplo? Corte de gastos? Falta de profissionais? Retomada conservadora?

Dimensões que o estudo objetivou analisar:


● perfis sociais e práticas culturais
● relação com o museu visitado e com os museus em geral
● expectativa, avaliações e sugestões decorrentes da visita

Objetivo específico do estudo (EPMN):


“promover o conhecimento e a procura de novas respostas para os desafios que
os públicos vêm colocando a muitas instituições museais numa fase particular
de crescimento de visitantes decorrente do forte impacto do turismo, entre elas
os museus nacionais com tutela da DGPC (Neves, 2018).” (p.9)

Componentes do estudo (EPMN) (p.10)


● inquérito por questionário da visita às exposições
a. para públicos efetivos com 15 anos ou mais,que visitaram os museus pelo
menos uma vez

*Públicos e visitantes não designam a mesma realidade para a análise dos


frequentadores de museus. Podemos delinear 3 vértices: (p.10)
1. estudos de públicos
2. estatísticas de visitantes
3. inquéritos à população sobre participação, práticas ou consumos culturais

Vertentes do estudo:

Um estudo quantitativo, com vertente qualitativa: “opiniões e sugestões expressas pelos


públicos como reflexo da experiência de visita ao museu.” (p.12)

● Capítulo 4 sobre análise qualitativa “das opiniões e sugestões formuladas no fim da


visita pelos públicos sobre o Museu.” (p.13)
“Esta última abordagem constitui possivelmente um dos contributos mais
inovadores do estudo, não tanto pela sua utilização (outros trabalhos
anteriores, realizados noutros contextos e noutros museus, utilizaram este
tipo de dados), mas pelo método que esteve na base da sua recolha e
tratamento e, sobretudo, pela exploração exaustiva, sobre um conjunto
alargado de temáticas, do significativo corpus documental recolhido.”

Observações:

● inquérito em aplicativo por computador no museu ao final da visita para expressarem


a sua satisfação e deixarem suas sugestões do que deve ser melhorado e o que já
está bom
● questionário semiaberto: dados quantitativos em escala de satisfação (parte
quantitativa) + perguntas abertas para opiniões e sugestões (parte qualitativa)
○ “Que opiniões e sugestões expressaram sobre o museu e as exposições?”
● Método de tratamento e análise dos dados: Computer Assisted Qualitative Data
Analysis (CAQDAS).
○ “A estratégia adotada para a análise e interpretação do corpus documental,
com base na frase como unidade de análise, seguiu a proposta em 5 fases de
Leavy: preparação e organização dos dados; imersão inicial; codificação;
categorização e tematização; interpretação (Leavy, 2017: 150‑152).” (p.27)
○ Softwares: Limesurvey para tratamento de opções de respostas abertas
○ SPSS para análise estatística
○ MAXQDA para codificação de respostas abertas
● Avaliação do museu - p.64
○ 28 itens com escala de 5
○ “de acordo com um conjunto de 28 itens, previamente estabelecidos,
relacionados com o Museu e organizados em quatro grupos: acolhimento e
satisfação geral; atividades; instalações (edifício, apoios internos, serviços e
apoios externos); e informação.”
● Opinião face às expectativas iniciais - p.70
○ escala de 5
● Recomendação da visita - pp.70-72
○ escala de 0 a 10
● Intenção de regressar - pp.72-73
○ selecionar um entre 8 motivos + resposta outros
● Cap. 4, p.95
○ processo de codificação: categorias criadas para analisar respostas.
■ “O corpus documental foi classificado numa árvore de códigos a três
níveis que compreende 18 códigos temáticos (1º nível) e
consequentes desdobramentos (2º e 3º níveis com um total de 50
subcódigos)”. (p.97)

Questões:
● Por que o estudo selecionou tais categorias de análise? E como elas se tornam
indícios para melhorar a experiência de visitação?
● Como podemos conjugar os dados quantitativos e qualitativos para analisar a
experiência de visitação?
○ perceções na caracterização do museu
○ satisfação e avaliação de atividades/programação do museu
○ a relação com o museu visitado
○ a relação com os museus e outras atividades culturais
○ motivações, práticas e frequência de visita a museus e outras atividades
culturais
Públicos e participação em museus. Um modelo interpretativo
de sugestões pós-visita. Maria João Lima, José Soares Neves,
Sónia Apolinário.

● O discurso dos públicos como objeto de análise


○ “Os públicos têm ganho crescente importância enquanto agentes das
instituições culturais, de modo que a auscultação dos seus discursos e
avaliações sobre as instituições e sobre os produtos culturais constituem
relevantes instrumentos para a gestão da missão cultural e para as políticas
culturais.”
● As avaliações dos públicos frequentadores (dos museus), suas opiniões e sugestões
são um importante componente de participação, assim como um útil objeto de
análise
● Assim, é necessário um modelo analítico que dê forma às opiniões e sugestões dos
públicos de modo que possamos aproveitá-las e incorporá-las no planeamento e na
gestão das instituições (museais).
● O artigo, em especial, trata de um modelo de análise de testemunhos escritos
pós-visita.
● O modelo foi aplicado em:
○ EPMN
○ Grupo de Projeto Museus no Futuro (Camacho, 2021)
○ exposição temporária Loulé: Territórios, Memórias e Identidades (LTMI) -
Museu Nacional de Arqueologia (Neves, Santos & Apolinário, 2020)

pp. 78-79
➢ A crescente importância do público para os museus

1. Relação público-museu: o público em uma posição central (Weil, 2007[2003], pp.


32-33).
2. Questões pertinentes sobre o estudo de público da cultura neste século:
a. alargamento do seu número e da sua heterogeneidade, leva à adoção da
noção de públicos, no plural, pela sociologia (Fleury, 2006, pp. 31-35;
Mantecón, 2009)
b. preocupação com desigualdades sociais do acesso, na perspetiva da
democratização cultural, a partir do inquérito de Bourdieu e Darbel (1966)
i. disso compreende-se a facilitação do acesso por vias de processos de
mediação cultura
c. Maior compromisso com atração e frequência do público (DiMaggio, 1991;
1996)
3. O sucesso dessa mudança de perspetiva “é fundamental para [a] legitimação
política, cultural, económica e social [dos museus e equipamentos culturais], para a
afirmação da sua finalidade pública” (Ballé, 1996; Hanquinet & Savage, 2012, p. 44)
a. Segundo Hooper-Greenhil, 2006, esse é um dos maiores desafios para os
museus no século XXI
4. Tal reorientação precisa de mudanças consideráveis nas práticas profissionais dos
museus (Hooper-Greenhill, 2002; 2006, p. 362):
a. alargamento da investigação sobre os públicos
b. novas competências profissionais
c. reorientação dos recursos
d. reconceptualização das políticas e planos
e. avaliação das exposições e das atividades educativas como campo distinto
de prática em museus.
5. Schiele, 1992: visitante e exposição tornam-se parte do discurso do museu
contemporâneo. E a avaliação, ao ter em conta o visitante, integra-o no dispositivo
da exposição.
6. Costa, 2004, p. 131: “Os modos de relações das pessoas com as instituições
culturais na modernidade avançada podem ser muito diversos, e são
tendencialmente mais complexos, mais próximos, mais exigentes, mais
diversificados” (p.80)
7. Contudo, tal abertura dos museus para os públicos, e dos públicos para os museus,
traz novas questões e certa ambiguidade: quem são estes públicos? Como chegar
até eles? (Kirchberg, 2016, pp. 234-235).

➢ Uma questão de comunicação (p.79)


● No fim do século XX a comunicação se torna um princípio motor nos museus
(Desvallées & Mairesse, 2013, pp. 36-37)
● Em 2015 a UNESCO reafirma que a comunicação é, junto da preservação, da
investigação e da educação, uma das funções centrais dos museus.
● A “terceira dimensão da comunicação” (Wolton, 2011, p. 197): “a ideia de
negociação”, entre a intenção dos programadores e a realidade do comportamento
dos públicos. “quanto mais a ‘oferta’ e a ‘audiência’ dos museus se alarga e se
diversifica, mais os mecanismos de comunicação são complicados de explicitar”

➢ O paradigma da participação (p.80)


● Négrier, 2020, pp. 11-12: a participação é um dos assuntos mais centrais nas
políticas públicas em geral
● Da democratização da cultura para a democracia cultural (Dupin-Meynard &
Villarroya, 2020): do assistir e visitar para a noção de troca, de envolvimento ativo e
de partilha de poder entre instituições e cidadãos
● As sugestões e opiniões, nessa perspetiva, valorizam a expressão das várias
categorias de públicos e permitem integrar suas experiências na tomada de decisão
sobre a exposição e demais atividades.

➢ Vantagens do envolvimento dos públicos para os museus (pp.80-81)


● Nos processos de tomada de decisão dos gestores culturais
○ fundamenta a continuidade do financiamento público
○ desenvolve a criatividade das organizações (Jancovich, 2015, p. 15).
● O que significa então levar em conta as opiniões e sugestões dos públicos? (Wells,
Butler & Koke, 2013)
○ fazer o público intervir na gestão dos serviços que lhes são dirigidos
○ integrar as experiências de visita nos processos de decisão sobre as
exposições
○ Não se trata apenas de reagir às exigências dos públicos, mas é sobre os
visitantes exercerem seu direito de influenciar os museus (Kirchberg, 2007).
Qual a relevância da metodologia qualitativa na análise dos públicos da
cultura (dado o exemplo dos públicos dos museus)

A metodologia qualitativa se torna uma ferramenta valiosa para inserir diferentes discursos
na elaboração de políticas públicas para a cultura

1. O público no centro
2. Democracia cultural e paradigma de participação
3. Quais são as vantagens do envolvimento dos públicos para os processo de
tomada de decisão dos gestores culturais:

★ O que quer dizer “fazer o público intervir na gestão dos serviços que lhes são
dirigidos”? Como essa intervenção acontece?
★ Como se integra as experiências de visita nos processos de decisão sobre as
exposições?

Como o uso da metodologia qualitativa pode contribuir para melhorar


experiência de visita pelas instituições
★ Experiências melhores para os visitantes querem dizer…
★ Se os visitantes têm experiências melhores, logo...
★ Compreender a experiência de visita é importante para os processos de
tomada de decisão dos gestores porque…

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