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VENERÁVEL, É O CARGO MAIS HUMILDE DE UMA LOJA?

VENERÁVEL, É O CARGO MAIS HUMILDE DE UMA LOJA?

Ir∴Nicolau B. Lütz Netto – ARLS ACÁCIA PORTOALEGRENSE, 3612, RM, GOB/RS – Membro
Correspondente da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas

As escolhas para a composição de uma chapa para concorrer aos cargos diretivos da Loja nem
sempre decorre de um consenso natural, espontâneo, pacífico e harmônico havido entre todos
os mestres de seu quadro de obreiros.

Os arranjos para tais composições se realizam também através da observação feita por um
grupo que é formado pelo entendimento de dar continuidade ao modelo administrativo
vigente ou pelo entendimento de outro grupo que pretende implantar um novo modelo
administrativo, dividindo-se entre grupos de situação ou de oposição, ambos visando o
fortalecimento e engrandecimento da Loja, melhores condições de trabalho e de harmonia
para todos os integrantes da Oficina e suas relações com a Obediência, com as demais
coirmãs.

Também existe a possibilidade de se firmar a tentação vaidosa de algum dos integrantes


pretendendo assumir o malhete do comando da Loja apenas para a satisfação de um projeto
pessoal no desafio da competição visando impor sua pretensão de se sentir líder, através de
ardilosos argumentos, promessas feitas até mesmo garantindo retribuições de repassar o
cargo, no futuro, para cada eleitor que sufragar o seu nome na eleição presente.

Disputas acirradas podem ser constatadas não através de planos de gestão, mas,
simplesmente pelas vinculações pessoais de amizade, identificações de simpatias pessoais que
prejudicam o futuro da Loja, criando verdadeiros rachas, antagonismos que, não raro,
resultam em defecções de dedicados Irmãos para a formação de outra oficina quando não
resultam em filiações coletivas em oficina existente.

O cargo de Venerável Mestre muitas vezes é o principal objetivo a ser conquistado por aquele
Irmão que se acha capacitado para exercer o Primeiro Malhete, independente da avaliação dos
demais Irmãos. O cargo de Venerável Mestre, autoridade máxima da Loja Maçônica, pode ser
ambição pessoal de alguém que nunca exerceu responsabilidades de Primeiro ou Segundo
Vigilante, de Secretário, Orador ou de Tesoureiro, daquele Irmão que frequenta a Loja
burocraticamente, opinando em tudo, questionando tudo e todos, trazendo sua contribuição
de inteligência na resolução de problemas eventuais... Aquele que se encarrega de dirigir uma
comissão para uma festa, um evento, uma programação que lhe possibilite brilhar sob os
holofotes do sucesso do empreendimento e que lhe permita receber os aplausos por tal
missão isolada cumprida com esmero.

Assim, com os olhos vendados pela vaidade, muitos candidatos de si mesmos ao


cargo de Venerável Mestre deixam de ver a profundidade das lições contidas nas
disposições da dinâmica do exercício do Rito adotado por sua Loja, tal como se
configuram no desenvolvimento da prática do Ritual, conforme sugerem as lições
contidas na dinâmica de qualquer Sessão que se realizam em Loja.

Com efeito, todos os ritos sugerem a conduta do Venerável Mestre como função mais
dependente e de humildade no desenvolver das atividades em Loja.

O Venerável Mestre, nas lições trazidas pelo conteúdo dos rituais é aquele que indaga
sobre as atividades em loja. O Venerável Mestre é aquele que solicita providências
para serem transmitidas pelos Irmãos Vigilantes aos Irmãos ocupantes dos demais
cargos. Cabe ao Venerável Mestre indagar o que é necessário para se realizar uma
Sessão Ritualística. É ele quem pergunta o horário para início dos trabalhos e busca
respostas de perguntas que se transferem do Primeiro para o Segundo Vigilante para
o início dos trabalhos.

O Venerável Mestre é quem pergunta ao Secretário o relatório das sessões anteriores,


a correspondência emitida ou recebida, as anotações das alterações havidas no
quadro de obreiros.

É o Venerável Mestre é quem anuncia as alterações de temas que se desenvolvem


durante a Sessão e incumbe aos demais ocupantes de cargos as providências que
devem ser tomadas para execução do ritual.

Sem as respostas dos Irmãos Vigilantes o Venerável Mestre não poderá declarar
aberta uma sessão ritualística assim como, sem a resposta do Irmão Orador, não
poderá providenciar no encerramento dos trabalhos.

A dinâmica contida no ritual que rege a Sessão Maçônica traz consigo a lição sobre as
condutas do Venerável Mestre em Loja e sua postura maçônica diante de todo o
quadro de loja, sintetizada na mensagem de humildade, de prestação de serviços sob
dependência e sob subordinação das respostas vindas de todas as direções da Loja
para que o Primeiro Malhete possa exercer as suas funções.

É na simples leitura do Ritual de qualquer sessão maçônica que se infere as condutas


sugeridas para o Venerável Mestre, posto que, todos os requisitos essenciais para o
funcionamento Justo e Perfeito de uma Sessão Maçônica se diluem entre os
integrantes da Loja contribuindo com informações e atividades que permitam ao
Venerável Mestre dirigir os trabalhos em Loja.
Através da simples leitura do Ritual da Sessão Maçônica colhemos a lição sobre a
necessidade de humildade que o cargo exige, pois, sem a harmoniosa interação com
os demais cargos, o Venerável Mestre não poderia agir posto que todas as suas ações
em Loja dependem da cooperação imprescindível do atendimento das necessidades
apresentadas pelo Venerável Mestre, o impossibilitando de dirigir os trabalhos
sozinho.

Diante da simples leitura do Ritual da Sessão Maçônica, fica expressamente afastada


qualquer hipótese de vaidade, de soberba, de arrogância e até mesmo de Poder
Absoluto do Venerável Mestre sobre os demais integrantes do quadro de obreiros de
sua Oficina.

Fonte: http://goeam.com.br
Irineu Bianchi às 03:00

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