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PORTUGUESA
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO II
FUNÇÕES DA LINGUAGEM E
FIGURAS DE LINGUAGEM
LINGUAGEM FIGURADA
PRONOMES CRASE
HUMANISMO, QUINHENTISMO,
PARNASIANISMO/ SIMBOLISMO
BARROCO E ARCADISMO
CLASSICISMO
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LÍNGUA PORTUGUESA
INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO I
1. U. Católica de Brasília-DF Assinale V, para os itens
verdadeiros, e F, para os falsos.
( ) A figura ao lado trata-se de uma charge, cujo tema
versa sempre sobre algum acontecimento que já
foi veiculado na mídia. Dessa forma a charge não
é responsável por uma nova notícia, mas é uma
releitura de uma notícia ou de um fato.
( ) Observando os elementos que compõe a charge,
é correto afirmar que ela se refere a alguma notí-
1 cia sobre aviação. Isso é comprovado pelos elementos icônicos, pois nenhum ele-
mento verbal faz referência à aviação.
( ) O verbo ter, utilizado na fala do passageiro, poderia ser substituído pelo verbo
haver, o que configuraria o uso do nível formal da linguagem.
( ) A opção de reserva de um lugar na caixa-preta, que em caso de sinistro com a
aeronave, é um instrumento que pode ajudar a identificar as causas, é a responsável
pelo humor na charge e, ao mesmo tempo, permite inferir que a charge foi feita
depois de algum desastre aéreo.
( ) As palavras “algum”, “vago” e “caixa-preta” são respectivamente, adjetivo, advér-
bio, adjetivo e substantivo.
( ) Caixa-preta, sob o ponto de vista de sua estrutura, contém dois radicais, por isso,
quanto ao processo de formação, é considerada uma palavra derivada.
2. Analise a charge que segue, publicada na revista Veja, de 07. jun. 2000.
GABARITO
www.zip.net/guignard
O equilíbrio da pressão nas membranas celulares dos tecidos
das 11 às 18h.
Informações:
impulsos que vão do córtex cerebral até o sistema nervoso cen-
tral, confirmando uma sensação agradável e sem grandes alte-
rações. De tão relaxado, você pode até tirar um cochilo.
No texto do convite para ver a exposição de Guignard, no MASP, passa-se a idéia de que:
a) ver Guignard é ter uma aula de como funciona o sistema nervoso humano;
b) a emoção provocada pela arte nem sempre pode ser traduzida com palavras;
c) a arte causa, no homem, uma sensação de leveza tal, que o adormece para a realidade;
d) o sentimento gerado pela obra de arte lírica é constante e equilibrado em cada ser
2 humano;
e) o humanismo lírico de Guignard está na sua capacidade de associar a arte ao equilí-
brio das sensações humanas.
Assinale a alternativa em que se faz um comentário inaceitável com relação aos quadri-
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nhos de Ziraldo.
a) O menino tinha idéia clara acerca da finalidade apelativa do seu texto.
b) Os termos do cartaz reproduzem a sintaxe típica desse gênero de texto.
c) O menino demonstra inabilidade para ajustar-se às exigências de textos publicitários.
d) As incorreções gramaticais do segundo quadro vão da ortografia à sintaxe.
e) Os erros do cartaz constituíram uma estratégia para atrair possíveis consumidores.
HUMOR EM TIRAS
Márcio Kühner
a) Os ditados não estão sempre certos. d) Devemos rir dos nossos percalços.
b) Errar é fundamental para crescer. e) É preciso sempre acertar.
c) Tirar o proveito de todas as situações.
e) as expressões “os pais” e “uma criança”, no último quadrinho, indicam que Calvin
generalizou a conclusão a que chegou.
7. PUC-RS Instrução: Responder à questão 3 com base nas idéias abaixo, que completam
a frase sublinhada.
Pela leitura da tira, é correto afirmar que Calvin:
1. Demonstra temer uma vida adulta em meio à poluição.
2. Usa sua fantasia para tentar convencer sua mãe do acerto de sua decisão.
3. Considera-se injustiçado pelos pais.
4. Conclui que seu projeto para o futuro foi rejeitado por ser ambicioso.
As idéias que complementam adequadamente a frase sublinhada, de acordo com o senti-
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Sansão e Dalila são personagens do universo gráfico de Angeli. Eles formam um casal
sem charme, cujo cotidiano é retratado de forma ridícula pelo cartunista.
4 De acordo com os elementos que constituem as tiras acima:
( ) as expressões crak, flap e tuf! são consideradas onomatopéias, porque procuram
representar, na escrita, sons naturais.
( ) a falta de diálogo entre o casal, durante a refeição, indica uma vida monótona,
propensa às explosões agressivas.
( ) a sigla TPM – que significa tensão pré-menstrual – opõe-se à expressão kung fu,
arte marcial desenvolvida na antiga China.
( ) o humor das tiras tem função social, pois procura descontrair o leitor, com a repre-
sentação caricaturesca de cenas do cotidiano dos personagens.
9. UFMS Observe a tira humorística que segue e marque a(s) opção(ões) verdadeira(s).
URBANO, o aposentado A.Silvério
GABARITO
Globo, 22/09/2000.
01. A frase apresentada no balão 3 pode ser associada à profissão da personagem que a
enuncia.
02. Atribui-se a uma dada estação do ano a capacidade de influenciar o estado de alma
das pessoas em geral.
04. Em Todos mesmo (balão 4), o advérbio em negrito é usado como reforço, indicando
que não há exceção à regra.
08. O uso do artigo definido em a outra metade (balões 1 e 3) está equivocado, uma vez
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Jaguar.
11. UFMA
GABARITO
Todas as afirmativas apresentam recursos lingüísticos que estão presentes nesse texto de
propaganda, exceto:
13. UERJ
GABARITO
gundo. Pelo terceiro quadrinho, pode-se deduzir o que não está escrito: um pensamento
teria provocado a mudança.
Esse pensamento poderá ser traduzido como: “E se os caras dentro do espelho...
a) ...estivessem rindo deles?”
b) ...fossem reais e eles o reflexo?”
c) ... pudessem trocar de lugar com eles?”
d) ... duvidassem da realidade do mundo?”
Texto I
“Diogo Mainardi
Índios furibundos invadiram o Congresso Nacional para protestar contra as comemorações dos
500 anos de descobrimento do Brasil. Paramentados com seus tradicionais cocares, calções de
banho e tênis Nike, foram até o senador Antonio Carlos Magalhães e apontaram-lhe uma lança.
Foi bonito ver todos aqueles índios lutando juntos – 500 anos atrás, eles provavelmente estariam
devorando uns aos outros. Pois eu concordo com os índios: não há o que comemorar. Em 500
anos de História, não fizemos nada que justificasse uma festa. A meu ver, deveríamos ficar recolhi-
dos num canto, chorando pelo joelho de Ronaldinho. Foi o que fiz.”
Texto II
9
Lendo o texto I e relacionando-o com a charge (texto II), conclui-se:
a) O selvagem da charge não é o índio, mas sim a respeitável autoridade brasileira.
b) Os índios continuavam lutando entre si.
c) O índio da charge é mais autêntico porque não usa tênis Nike e veste calça comprida.
d) O objetivo de Mainardi e Chico é o mesmo: registrar a política favorável do Congres-
so Nacional às causas indígenas.
e) As comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil representaram um mo-
mento de alegria para os índios.
19. UFMA
“O chinês anônimo desafia os tanques
Nunca se soube o nome daquele jovem alto e ma-
gro vestido como milhões de chineses, de camisa bran-
ca e calça de tergal. Ninguém ouviu sua voz. Jamais
GABARITO
Imediatamente, ele acelerou o seu veículo. Logo depois, voltou a pé para o local da placa
e nela escreveu, para corrigi-la:
“Homem Primata
Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
5 Eu não trabalhava, eu não sabia
Que o homem criava e também destruía.
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô, ô, ô
10 Eu aprendi
GABARITO
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer e não vai pro céu
15 É bom aprender, a vida é cruel.
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô, ô, ô
Eu me perdi na selva de pedra
20 Eu me perdi, eu me perdi”
BRITTO, Sérgio, FROMER, Marcelo, REIS, Nando, PESSOA, Ciro. Do CD Cabeça de dinossauro.
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21. UFR-RJ No texto Homem Primata, a comparação estabelecida entre o homem e maca-
co alude:
a) a uma das teorias sobre a origem da espécie humana;
b) ao comportamento irracional do homem na sociedade moderna;
c) às semelhanças biológicas entre os dois seres;
d) ao bom relacionamento entre homem e macaco;
e) ao capitalismo selvagem da sociedade contemporânea.
11
JAGUAR. Átila, você é barbaro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 166-167.
24. PUC-RS Instrução: Responder à questão com base nas afirmativas a seguir.
I. A estrutura narrativa e as ilustrações têm efeito argumentativo marcante.
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II. As ilustrações são um recurso para chamar a atenção do leitor, e poderiam ser retira-
das sem prejuízo para a clareza do texto.
III. Os itens 1 e 2 apresentam ao leitor os personagens, enquanto o 9 prepara-o para o
desfecho da história.
IV. A simplicidade da linguagem contrasta com a seriedade do tema.
Concluí-se que as afirmativas corretas encontram-se na alternativa:
a) I e II. b) I, III e IV. c) I, II, III e IV. d) II, III e IV. e) III e IV.
26. Univali-SC
“BOM CONSELHO
Ouça um bom conselho Faça como eu digo
Que lhe dou de graça Faça como eu faço
Inútil dormir Aja duas vezes antes de pensar
Que a dor não passa
Corro atrás do tempo
Espere sentado
Vim de não sei onde
Ou você se cansa
Devagar é que não se vai longe
Está provado
Quem espera nunca alcança Eu semeio o vento
Ouça meu amigo Na minha cidade
Deixe esse regaço Vou para rua e bebo a tempestade”
Brinque com meu fogo
Venha se queimar Chico Buarque
27. UFMT
IMPRIMIR
( ) A polissemia presente no título do texto se revela pelos sentidos diversos que ele sugere.
( ) A leitura do texto desfaz a polissemia do título atribuindo-lhe o sentido da morte.
( ) O sentido da palavra hoje é encontrado na primeira parte do texto, daí ser um
elemento anafórico.
( ) Em Ele é um novo homem, o adjetivo novo apresenta sentido igual ao do título do texto.
( ) Na última parte do texto, o pronome possessivo sua provoca certa ambigüidade
que pode ser desfeita se substituído por dele.
28. UFMT
( ) A propaganda defende a idéia de que a tecnologia é insuficiente para o homem ser
feliz na vida moderna.
( ) A tese que sustenta o texto é a de que se a vida moderna propicia não só alta
tecnologia como também possibilidades de se fugir.
( ) A expressão “onde ninguém chegou” pode significar sucesso profissional.
( ) Os argumentos utilizados para convencer o leitor se baseiam nos atrativos da vida
13 moderna e não no objeto em si da propaganda.
( ) A palavra trilha refere-se unicamente a caminhos pouco percorridos.
29. Unifor-CE
30. U. Potiguar-RN
“Soneto
Pálida, à luz da lâmpada sombria, Quem em sonhos se banhava e se esquecia!
Sobre o leito de flores reclinada Era mais bela! o seio palpitando...
Como a lua por noite embalsamada, Negros olhos as pálpebras abrindo...
Entre as nuvens do amor ela dormia! Formas nuas no leito resvalando...
Era a virgem do mar! na escuna fria Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Pela maré das águas embalada! Por ti – as noite eu velei chorando,
Era um anjo entre nuvens d’alvorada Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!”
O texto acima é um poema de Álvares de Azevedo, autor que, segundo Mário de Andra-
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de, sofre muito o prestígio romântico da mulher. O amor sexual lhe repugnava. Há no
soneto uma contradição entre as imagens que caracterizam a mulher. Aponte-a:
a) De um lado, a mulher é pálida sobre o leito e, de outro lado, anjo entre nuvens.
b) Num momento, a mulher caracteriza-se pela pureza e, em outro momento, pela nudez
e sensualidade.
c) Em princípio, a surpresa da visão da mulher amada; num segundo momento, a revela-
ção de que apenas é uma lavadeira.
d) Inicialmente, o sofrimento das noites de vigília; em seguida, a fuga pelo sonho e pela morte.
“Consoada
Quando a Indesejada das gentes chegar O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(Não sei se dura ou coroável), (A noite com seus sortilégios.)
Talvez eu tenha medo. encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
Talvez eu sorria, ou diga: A mesa posta,
– Alô, iniludível! Com cada coisa em seu lugar.”
Manuel Bandeira. In: Os melhores poemas de Manuel Bandeira. São Paulo: Global,1984.
32. Uniube-MG Por que o poeta cumprimenta a Indesejada das gentes, chamando-a de
iniludível?
a) Porque ela é fácil de se enganar. c) Porque aparece toda noite.
b) Porque não poupa ninguém. d) Porque é amiga do poeta.
33. Uniube-MG Com relação à estrutura, o poema pode ser dividido em duas partes:
I. a primeira, que mostra incerteza do poeta, expressa pelos advérbios de negação e
dúvida, e a segunda, que apresenta certeza expressa pelo tom afirmativo dos verbos;
II. a primeira, que revela segurança e certeza quanto ao futuro, e a segunda, que apresen-
14 ta dúvida e descontrole emocional;
III. a primeira, que mostra coragem e segurança para enfrentar o desconhecido, e a se-
gunda, que revela a felicidade de um dia de trabalho;
IV. a primeira, que mostra o poeta despreparado para o que lhe espera, e a segunda, que
revela sua ousadia e destemor diante da vida.
O item que melhor caracteriza essa divisão é:
a) I. b) II. c) III. d) IV.
34. Univali-SC Compare os versos de Manual Bandeira e Vinícius de Moraes, sobre o tema:
Mulheres.
“Mulheres
Como as mulheres são lindas!
Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
GABARITO
“Receita de mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso.
(...)
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem...”
Vinícius de Moraes.
“Nada mais diferente (...) entre o biscoito de Proust e o embrulho do pai. A madeleine trouxe o
gosto que leva ao passado geral, ao passado anterior ao passado, ao passado depois do passado,
ao passado ‘ao lado’ do passado.
O biscoito abriu as portas do tempo – do tempo perdido. Ora, o meu caso, ou melhor, o ‘meu’
embrulho não abre nada, muito menos o tempo. Se abria alguma coisa era o espaço – até então,
nunca pensara organizadamente na única pessoa, no único personagem, no único tempo de um
homem que, não sendo eu, era o tempo do qual eu mais participara.”
15 O texto publicitário que você lerá abaixo foi extraído de Isto é, de 7 jun. 2000. As ques-
tões 36 e 37 referem-se a ele.
36. UFGO Além de veicular informações sobre o produto, a linguagem publicitária procu-
ra persuadir o consumidor.
Com base nessa informação e na leitura do texto, pode-se afirmar que:
( ) liberdade de ação e aprendizagem infantil, idéias deduzidas do início do texto,
GABARITO
“TOURO
De 21/4 a 20/5
Você está curando suas velhas feridas e aprendendo a confiar de novo na vida. A dinâmi-
ca do mês é o aprofundamento das relações e a expressão das emoções. Você poderá con-
tribuir com o parceiro, ampliando a intimidade e a cumplicidade do casal. Vida íntima em
alta: dê vazão à sua sensualidade. Com Marte transitando em seu signo, este é um mês de
ação e decisões: hora de colocar projetos em prática, o que lhe trará entusiasmo. Para isso,
conte com os amigos. É tempo também de investir “no social”: lute com a velha preguiça
de sair e vá ao encontro das pessoas. Terá que enfrentar algum mal-estar passageiro que a
obrigará a ter mais cuidado com a saúde. No trabalho, confusão: espere até poder expres-
sar suas idéias.”
Marie Clarie, maio de 1998.
38. UFMT
( ) A organização desse texto se calca em conselhos, ora implicitamente ora direta-
mente.
( ) Há no texto uma única marca lingüística que mostra ser o interlocutor você feminino.
( ) O lugar comum investir no social tem o sentido usual reiterado por referir-se a
conselho.
“Língua
Gosto de sentir minha língua roçar E quem há de negar que esta lhe é superior
A língua de Luís de Camões E deixa os portugais morrerem à mingua
Gosto de ser e de estar Minha pátria é minha língua
E quero me dedicar Fala Mangueira
A criar confusões de prosódia Fala!
E uma profusão de paródias Flor do Lácio sambódromo
Que encurtem dores Lusamérica latim em pó
E furtem cores como camaleões O que quer
Gosto do Pessoa na pessoa O que pode esta língua (...)
Da rosa no Rosa A língua é minha Pátria
E sei que a poesia está para a prosa E eu não tenho Pátria: tenho mátria
Assim como o amor está para a amizade Eu quero frátria”
E quem há de negar que esta lhe é superior
GABARITO
17
41. UFBA
“Valsinha
1. Um dia ele chegou tão diferente
2. Do seu jeito de sempre chegar.
3. Olhou-a de um jeito muito mais quente
4. Do que sempre costumava olhar
5. E não maldisse a vida tanto
6. Quanto era seu jeito de sempre falar.
7. E nem deixou-a só num canto
8. Pra seu grande espanto
9. Convidou-a pra rodar.
10. Então ela se fez bonita
11. Como há muito tempo não queria ousar
12. Com seu vestido decotado
13. Cheirando a guardado
14. De tanto esperar
15. Depois os dois deram-se os braços
16. Como há muito tempo
18 17.
18.
Não se usava dar
E cheios de ternura e graça
19. Foram para a praça
20. E começaram a se abraçar.
21. E ali dançaram tanta dança
22. Que a vizinhança toda despertou
23. E foi tanta felicidade
24. Que toda a cidade se iluminou
25. E foram tantos beijos loucos
26. Tantos gritos roucos
27. Como não se ouviam mais
28. Que o mundo compreendeu
29. E o dia amanheceu em paz.”
MORAES, Vinícius de e HOLANDA, Chico Buarque de. Chico Buarque de Holanda. São Paulo,
Abril Educação, 1980. p. 30-I. (Literatura Comentada).
relações humanas;
b) o gesto amoroso da dança começa no interior da casa e atinge o mundo;
c) o gesto amoroso da dança produz o efeito de instaurar a paz entre os seres humanos;
d) o conceito de amor implícito no texto não inclui o prazer físico entre os personagens.
TEXTO 1
“A vida em Barretos nunca mais foi a mesma depois que peão de boiadeiro virou caubói e
música caipira passou a ser chamada de country. Integrada ao calendário das maiores comemora-
ções nacionais, a 44ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos está para abrir as porteiras, estilizan-
do a rotina do campo para o fascínio de legiões urbanas. (...) É uma multidão de turistas vestidos
a caráter e apelidados de “peões de butique”. Chegam de todos os cantos do país, enfiados em
calças jeans, imaculadas botas de couro, cintos e chapéus vistosos. Os boiadeiros urbanos capri-
cham na indumentária (chegam a importá-la) e vivem uma fantasia que só fica a dever ao Carna-
val carioca em termos de público e opulência. No Carnaval, reis e princesas sonham até a Quarta-
feira de Cinzas. Em Barretos, imagina-se domar perigosos touros e potros ariscos.”
Adaptado de: Época – Especial “Nós, brasileiros”, 24/05/99, p. 102.
TEXTO 2
19
“TESTE
Avalie suas chances de obter um emprego.
Existem vários fatores que fazem uma pessoa ter maior ou menor facilidade para encontrar um
bom emprego. Assinale o número de pontos que você tem em cada fator e some tudo no final
para obter sua pontuação no teste.
CURSOS COMPLEMENTARES
Você fez...
• pós-graduação lato-sensu;
• mestrado;
• doutorado;
• um curso de especialização.
CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA
Seu domínio é...
• bom – 15 pontos
• médio – 8 pontos
• ruim – zero
20 FORMAÇÃO ACADÊMICA
Você completou...
• até o ensino médio – 40 pontos
• até a faculdade – 60 pontos
INGLÊS
Sua fluência é...
• boa – 15 pontos
• média – 8 pontos
• ruim – zero
Caso você fale uma terceira língua, acrescente 20 pontos se tem um bom domínio dela, ou 10
pontos, se tem um domínio regular.
Sua imagem perante os colegas de trabalho é...
• boa – 30 pontos
• média – 15 pontos
• ruim – zero
Seus conhecimentos técnicos dentro da profissão...
• bons – 25 pontos
GABARITO
• médios – 13 pontos
• ruins – zero”
47. UnB-DF Julgue se os itens a seguir apresentam, por meio de estruturas gramaticalmen-
te corretas, informações coerentes com o teste do texto.
( ) quem tiver cursos complementares de pós-graduação será menos valorizado no
mercado de trabalho.
( ) Conhecimentos de inglês são importantes, mas se forem substituídos por outro
idioma – como, por exemplo, espanhol – a valorização será maior.
( ) Todo candidato que tiver conhecimentos técnicos ruins e domínio de informática
médio terá “pontuação no teste” inferior a dez.
( ) A pontuação atribuída a uma boa imagem perante os colegas de trabalho corres-
ponde: a de um curso de mestrado ou a de uma boa fluência em inglês acrescida da
IMPRIMIR
“Às vezes, gosto de viabilizar o Universo como a superfície de uma lagoa, cheia de vitórias-
régias, as belas plantas flutuantes que aparecem em bandos, arquipélagos de ilhas verdes de
tamanhos e formas variados. Cada planta é uma galáxia, e cada grupo de plantas é um agregado
de galáxias. Claro, esse é um modelo bidimensional do Universo, pois estou me restringindo a
visualizar a superfície da lagoa. Uma outra diferença importante é que o Universo está em expan-
são, as distâncias entre galáxias e seus aglomerados, sempre aumentando, enquanto, em geral,
lagoas não costumam estar em expansão. De qualquer forma, a imagem vale, senão pela sua
precisão, pelo seu poder evocativo.”
GLEISER, Marcelo. “As maiores estruturas do Universo”.
In: Folha de S. Paulo, 27 ago. 2000. p. 29. Mais!
50. Unifor-CE
A terra em si é de muitos bons ares. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, é só estimular o turismo. Hotéis não há muitos, mas os poucos que
existem são confortáveis, especialmente o que nos foi oferecido. E que não houvesse mais que
uma pousada, isso bastaria.”
SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo. 17/05/99.
a) O poema não se refere à obra Macunaíma, de Mário de Andrade; é tão somente uma
brincadeira que o poeta faz, dentro do universo irreverente da poesia marginal.
b) O poema refere-se à obra Macunaíma, recuperando o episódio em que o herói come
carne da perna de Curupira.
c) O título do poema está na 1ª. pessoa do plural, enquanto o poema em sua totalidade
está escrito na 1ª. pessoa do singular. Considerando que o sujeito lírico expõe senti-
mentos que poderiam ser nossos o título do poema não está inadequado.
d) O poema sugere que o “gorila”, metáfora de uma situação ou de um ente abominável,
22 tem-nos espoliado bens físicos e espirituais: a capacidade de andar, escrever, ouvir,
pensar e sentir.
Texto 1
“Se um certo homem vem a ter cem ovelhas e uma delas se perder, não deixará ele as noventa
e nove sobre os montes e irá à procura daquela que se perdeu? E, se por acaso a encontrar,
certamente vos digo que se alegrará mais com ela do que com as noventa e nove que não se
perderam. Do mesmo modo, não é algo desejável para meu Pai, que está no céu, que pereça um
destes pequenos.”
Tradução do Novo Mundo das Sagradas Escrituras. Mateus 18:12.
Texto 2
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
GABARITO
52. F.M. Triângulo Mineiro-MG A idéia do Texto 1, à qual Gregório de Matos recorre,
IMPRIMIR
corresponde à:
a) preocupação de Deus com todos os que seguem os seus ensinamentos;
b) ira que Deus mostra em relação aos que pecam e deixam de seguir o caminho divino;
c) expiação dos pecados para aqueles que ferem os ensinamentos do Criador;
d) exaltação da sabedoria de Deus, que exclui da salvação os que se desviam do santo caminho;
e) preocupação especial de Deus com os que pecam e desviam-se do caminho divino.
54. F.M. Triângulo Mineiro-MG Pode-se entender, do texto 2, que Gregório Matos:
a) reconhece seus pecados, mas não se arrepende deles, razão pela qual acredita que não
será salvo;
b) conversa com o Senhor, explicando-lhe que é uma ovelha tão importante quanto as
demais e, por isso, merece a salvação;
c) suplica pela salvação divina, pois está arrependido de todos os pecados que cometeu
durante a sua vida;
d) argumenta, chantageando o Senhor, pois, se Ele não o salvar entrará em contradição
55. Univali-SC
Entre tantas datas comemorativas, algumas passam quase em branco e outras são exaustiva-
mente lembradas. O Dia do Museu, comemorado hoje, talvez não precise de uma grande festa
nacional, mas pode servir de momento de reflexão sobre a existência dessas instituições surgidas
na antigüidade, “para conservar, estudar, valorizar pelos mais diversos modos, e sobretudo expor
para deleite e educação do público, coleções de interesse artístico, histórico e técnico”, conforme
a definição do dicionário Aurélio. Santa Catarina possui cerca de 100 museus, de acordo com um
levantamento da Gerência de Organização de Museus da Fundação Catarinense de Cultura. Eles
estão espalhados por pelos menos 50 cidades.
A palavra museu, vem do grego “mouseon”, que significa templo de musas. E as musas esco-
lhidas nos municípios catarinenses são as mais variadas. Muitos museus são dedicados à história
de cidade na qual estão sediados. Mas há também os arqueológicos, antropológicos, de artes, de
armas, erguidos em homenagem à cerveja, ao vinho ou aos insetos, os religiosos, ecológicos,
GABARITO
oceanográficos, os que reverenciam a colonização ou profissões, entre tantos outros que chegam
a impressionar pela variedade de temas científicos e culturais.”
SILVA, Marco Aurélio. Jornal de Santa Catarina, 18/05/00.
Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro Vaz de Caminha descreve como foi o
contato entre os portugueses e os tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 1500: “O
Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés de uma alcatifa por
estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, muito grande, ao pescoço (...) Acenderam-se
tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a
ninguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em
direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E
também olhou para um castiçal de prata, e assim mesmo acenava para a terra, e novamente
para o castiçal, como se lá também houvesse prata! (...) Viu um deles umas contas de rosário,
brancas; fez sinal que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço, e depois
tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenou para a terra e novamente para as contas e
para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido,
por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não
queríamos nós entender, por que não lho havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem
lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de
esconder suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam raspadas
e feitas. O Capitão mandou pôr por baixo de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-
24 se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e, consentindo, aconchegaram-se
e adormeceram.”
COLEÇÃO BRASIL 500 ANOS. Fasc. I, Abril, SP, 1999.
Vocabulário:
Alcatifa – tapete, carpete.
Fanadas – murchas.
Coxim – almofada que serve de assento.
portuguesa.
08. Os tupiniquins ficaram constrangidos com a presença dos portugueses e logo aban-
donaram o navio.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“A história oficial tem sido contada do ponto de vista dos dominadores e não dos dominados.
Essa perspectiva se inverte na entrevista abaixo, publicada na revista Isto é (21/7/99, p. 7-11), em
que o índio tapuia Kaká Werá Jecupe analisa os 500 anos do descobrimento do Brasil, sob a
ótica dos que habitavam o Novo Mundo quando os colonizadores europeus aqui chegaram, e fala
do seu livro A terra dos mil povos. Apresentamos, a seguir, trechos dessa entrevista.
ISTOÉ - O Brasil está se preparando para comemorar seus 500 anos. Para os povos indígenas,
são anos de descoberta ou de invasão?
Kaká - De desencontro. Desencontro que provocou e continua provocando situações gravíssi-
mas. A realidade atual indígena não é fácil. Ainda hoje, em grandes áreas do País, é na base do
tiro. Os interesses que provocam essas ações continuam os mesmos interesses econômicos: Hoje
há um elemento a mais que são as indústrias farmacêuticas multinacionais que estão praticando a
biopirataria, roubando todo o conhecimento ancestral que os povos indígenas detêm a respeito
de ervas medicinais.
ISTOÉ - E qual é a razão desse desencontro?
Kaká - A semente desse desencontro está na sociedade que tem na sua estrutura de cultura a
questão do ter e encontrou uma cultura aqui voltada para o ser.
ISTOÉ - Os europeus chegaram trazendo o progresso, trataram aqui como primitivos. Como
você pensa essa relação?
Kaká - Para quem fundamenta a sua cultura no teor, a noção de progresso está a ver ao seu
redor o acúmulo de bens materiais. A noção de progresso dos indígenas está em desenvolver a
25 sua capacidade criativa, a sua expressão no mundo. É preciso que a civilização olhe para os índios
com menos prepotência, até para perceber que ela está em colapso. (...)
ISTOÉ - Nesses 500 anos, com o desaparecimento de centenas de etnias, qual foi o maior
patrimônio que o Brasil já perdeu?
Kaká - O patrimônio da sabedoria. O brasileiro não sabe da sua própria cultura. Tem todo um
modelo insistindo no imaginário que vê o índio como um pobre coitado. Esses 500 anos oferecem
a possibilidade de rever as suas raízes, ter a percepção desse patrimônio.
ISTOÉ - Há um trecho em seu livro, A terra dos mil povos, em que você escreve: “De acordo com
a nossa tradição, uma palavra pode proteger ou destruir uma pessoa. Uma palavra na boca é
como uma flecha no arco.” O que significa exatamente a palavra para o índio?
Kaká - Para o tupi-guarani, ser e linguagem são uma coisa só. A palavra tupuy designa ser. A
própria palavra tupi significa em pé. Nosso povo enxerga o ser como um som, um tom de uma
grande música cósmica, regida por um grande espírito criador, o qual chamamos de Namandu-ru-
etê, ou Tupã, que significa o som que se expande. Um dos nomes da alma é neeng, que também
significa fala. Um pajé é aquele que emite neeng-porã, aquele que emite belas palavras. Não no
sentido de retórica. O pajé é aquele que fala com o coração. Porque fala e alma são uma coisa só.
É por isso que os guaraniscayowas, por ilusão dessas relações com os brancos, preferem recolher
a sua palavra-alma. Se matam enforcados (como vem acontecendo há cerca de dez anos, em
Dourados, em Mato Grosso do Sul) porque a garganta é a morada do ser. Por aí você pode ver que
GABARITO
58. UFMS Marque a(s) proposição(ões) verdadeira(s), de acordo com os trechos da entre-
vista que você acabou de ler.
01. Para Kaká Jecupe, a tensão entre índios e brancos é um problema deste final de
século, motivado pelo acirramento de interesses econômicos.
02. A biopirataria mencionada na entrevista consiste no roubo de ervas medicinais indí-
genas pelas indústrias farmacêuticas multinacionais.
04. A base do desencontro entre índios e brancos está nos valores assumidos por cada
uma dessas culturas, que são respectivamente o ter e o ser.
08. A noção do progresso relacionada ao ser desloca a questão do acúmulo de bens
materiais para a do aprimoramento da criatividade.
IMPRIMIR
16. Na opinião do escritor tapuia, ver o índio de forma menos prepotente levaria a civi-
lização atual a voltar o olhar sobre si mesma para avaliar sua própria situação.
32. A representação do índio como “pobre coitado” é um dos estereótipos cultivados
pelo imaginário nacional.
64. Os 500 anos de Brasil significam, para as etnias indígenas desaparecidas, a oportuni-
dade de resgatar sua raízes culturais dilapidadas pelo progresso.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
60. UFMS Os aspectos apontados, a seguir, podem ser encontrados em “Quyquyho”, exceto:
01. menção à origem comum das tribos Tupi e Guarani.
02. alusão ao deslocamento geográfico das duas tribos, provocado pela discórdia.
04. oposição índio feliz, nos primeiros tempos, versus índio sofredor, a partir da rela-
ção com o branco.
08. noção que a terra pertence aos indígenas, pois a eles foi legada.
16. sugestão de uma relação harmoniosa entre a terra e o índio, ilustrada pela aglutina-
ção dos termos índio e América.
32. presença de um forte sentimento ufanista.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
61. UFMS Reconheça abaixo o(s) item(ns) que representa(m) pontos comuns entre os tex-
tos 1 (entrevista) e 2 (letra de música).
IMPRIMIR
“Natal 1961
“Certo milionário brasileiro foi traído pela esposa. Quis gritar, mas a infiel disse-lhe sem medo:
– “Eu não amo você, nem você a mim. Não temos nenhum amor a trair”. O marido
baixou a cabeça. Doeu-lhe, porém, o escândalo. Resolveu viajar para a China, certo de que
a distância é o esquecimento. Primeiro, andou em Hong Kong. Um dia, apanhou o automó-
vel e correu como um louco. Foi parar quase na fronteira com a China. Desce e percorre, a
pé, uma aldeia miserável. Viu, por toda a parte, as faces escavadas da fome. Até que entra
na primeira porta. Tinha sede e queria beber. Olhou aquela miséria abjeta. E, súbito, vê
surgir, como num milagre, uma menina linda, linda. Aquela beleza absurda, no meio de
sordidez tamanha, parecia um delírio. O amor começou ali. Um amor que não tinha fim,
nem princípio, que começara muito antes e continuaria muito depois. Não houve uma pala-
vra entre os dois, nunca. Um não conhecia a língua do outro. Mas, pouco a pouco, o brasi-
leiro foi percebendo esta verdade: – são as palavras que separam. Durou um ano o amor
sem palavras. Os dois formavam um maravilhoso ser único. Até que, de repente, o brasileiro
teve que voltar para o Brasil. Foi também um adeus sem palavras. Quando embarcou, ele a
viu num junco que queria seguir o navio eternamente. Ele ficou muito tempo olhando.
Depois não viu mais o junco. A menina não voltou. Morreu só, tão só. Passou de um silêncio
a outro silêncio mais profundo.”
RODRIGUES, Nelson. A cabra vadia: novas confissões.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
66. UERJ Há uma contradição aparente entre as passagens “um amor que não tinha fim” e
28 “durou um ano o amor sem palavras”.
Essa aparente contradição se desfaz se procurarmos interpretar o texto relacionando-o
aos seguintes versos da poesia brasileira:
a) “quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero” (Cacaso).
b) “Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure” (Vinícius de Morais).
c) “e se te fujo é que te adoro louco
és bela – eu moço; tens amor – eu medo! ...” (Casimiro de Abreu).
d) “não é pois todo amor alvo divino,
e mais aguda seta que o destino?” (Carlos Drummond de Andrade).
a) “Toda traição envolve outro amor, ora, eu amo outro; logo, eu não amo você”.
b) “Só se trai a quem se ama; ora, eu não te amava nem você me amava; logo, eu não te
trai”.
c) “Na dívida entre o amor e a traição eu escolhi, como mulher, o amor; logo, você não
se deve sentir traído”.
d) “Como você não me amava nem eu a você, ninguém tem culpa dessa traição; logo,
cada um deve seguir a sua vida”.
68. UERJ O pequeno conto de Nelson Rodrigues narra o improvável encontro entre um
milionário brasileiro e uma menina miserável do interior da China.
O caráter improvável desse encontro pode ser lido como uma metonímia que tem função
IMPRIMIR
70. Univali-SC
“Agonia pública
Na cama, de olhos semicerrados, a boca aberta no esforço desesperado por ar, a cabeça sem
cabelos, os olhos salientes pela magreza do doente terminal. No colo dele, uma fotografia tirada
apenas dois meses antes daquele momento final. Na imagem, um homem robusto, musculoso e
de farta cabeleira loira aparece com o filho pequeno nos braços. A divulgação das fotos chocantes
foi o último desejo do moribundo, Bryan Lee Curtis, um americano de 34 anos devastado pelo
câncer nos pulmões. O motivo para tornar pública a própria agonia foi a esperança de servir de
alerta sobre os malefícios do cigarro. Enquanto agonizava, em 3 de junho, sua mãe ligou para o
St. Petersburg Times, jornal da cidade de St. Petersburg, na Flórida, pedindo a presença de um
fotógrafo. Às 11h56, Bryan morreu em casa, ao lado da mãe, da mulher, Bobbie, e do filho Bryan
29 Jr., de 2 anos. Em poucos dias, o retrato de sua morte espalhou-se pelo mundo. (...)”
Revista Veja, 30 de junho de 1999.
71. Univali-SC
“A reconstrução de Anita
Ana Maria de Jesus Ribeiro mudou de nome e carimbou seu passaporte para a História aos 18
anos, quando abandonou o primeiro marido, um sapateiro, para embarcar no navio comandado
pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibáldi (1807–1882). Virou Anita. Dez anos depois, em 4 de
agosto de 1849 – há exatos 150 anos –, com a cabeça a prêmio e perseguida pelo Exército austríaco,
GABARITO
morreu nos braços de Garibáldi, numa fazenda em Mandriole, 400 quilômetros ao nordeste de
Roma, na Itália. Lá, é venerada como heroína da unificação. Mas, no Brasil, onde nasceu e combateu
ao lado de rebeldes republicanos na Revolução Farroupilha (1835–1845), é quase desconhecida.
Tanto que só passou a existir, oficialmente, há três meses. Só no último dia 11 de maio, o cartório
de Laguna, em Santa Catarina, por iniciativa da Câmara Municipal, expediu o chamado mandado de
registro de nascimento tardio. O documento afirma que Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em
Laguna, em 30 de agosto de 1821. Ninguém sabe se a data e o local estão corretos. Naquela época
não existia certidão de nascimento e o chamado “assento de batismo” jamais foi encontrado.”
MARKUN, Paulo. Superinteressante, agosto de 1999.
(...) Ele lecionava lógica de segunda a sábado para uma turma, digamos, efervescente. Aborre-
cido com o mau desempenho de seus discípulos, um dia perdeu a paciência: “A partir de agora,
vocês terão uma prova toda semana”, anunciou peremptoriamente. E ressaltou: “Como na vida o
tempo é escasso e bem determinado, eu só avisarei de véspera que o teste será realizado. Assim,
os senhores terão no máximo 24 horas para se preparar, e nada mais”. Assustados, os jovens se
remexeram em suas carteiras. Um deles, porém, manteve a impassividade de quem tinha a certeza
de ter encontrado uma brecha lógica.
Depois de esperar que o evidente mau humor do mestre passasse, o jovem ponderou: “Profes-
sor, rigoroso, porém justo e lógico como o senhor tem sido, quero acreditar que nunca poderá nos
dar tal prova”. Antes que todos saíssem do estado de curiosidade e espanto, emendou. “O se-
nhor, para ser coerente, nunca poderá reservar o sábado para nos testar, pois, como ele é o último
dia com aulas na semana, ao terminarmos as aulas da quinta-feira e percebermos que não nos
avisaram da prova da sexta-feira, então saberemos com 48 horas de antecedência que ela só
poderá ser no sábado, contrariando sua própria norma de termos no máximo um dia de preparo”.
“Parece-me justo”, afirmou o professor, que podia ser rigoroso mas não impermeável a um bom
30 argumento.
O estudante, no entanto, ainda não tinha terminado. “Se o senhor concorda, então, que o
sábado está descartado, isso significa que sexta-feira é o último dia para aplicar o teste”, racioci-
nou. “Assim, ao terminar a nossa aula de quarta-feira, se o senhor não nos avisar do teste na
quinta, logo descobriremos, com 48 horas disponíveis, que a prova será na sexta-feira, contrarian-
do mais uma vez a regra imposta”.
Não foi necessário prosseguir. O mestre percebeu que havia caído numa armadilha da lógica ao
formular uma regra impossível de ser coerentemente seguida. Pelo mesmo critério, ficariam preju-
dicados os demais dias da semana. (...)”
Luiz Barco.
e) chamar a atenção para a lógica como armadilha, portanto, não deve ser usada em
todos os casos.
73. Unb-DF O texto poético pode servir de base ao texto publicitário; porém, às vezes, é
este que fundamenta aquele. Relacionando essa observação ao texto acima, julgue os
itens que se seguem.
( ) O texto é uma paródia da embalagem original de um produto.
( ) O modo como foi desenhada a letra inicial de “Clichetes” permite a leitura musi-
cal, financeira e política da mensagem.
( ) No texto, “MASCARAR” está para mascar assim como “MENTAL” está para
menta.
( ) Esse é um texto característico da literatura que se propagou no Brasil a partir de
IMPRIMIR
“À IMPROPRIEDADE
75. UFMT
( ) Lendo somente as palavras em negrito, pode-se perceber que a imagem de
vida do eu lírico permanece inalterada mesmo com a proximidade do século
vinte e um.
( ) No texto, predomina a narração com a manutenção da unidade temática.
( ) A linguagem do texto é marcada pela logicidade e linearidade.
( ) O texto ressalta a uniformidade da formação cultural brasileira: branca, européia e cristã.
76. UFMT
IMPRIMIR
“Bem quisera ter mais intimidade com ela, falar-lhe de minhas dúvidas, de minhas fraquezas, de
meus receios. Mas somos nesta casa uma família de estranhos. Assalta-me freqüentemente a
impressão de que vivemos num alojamento de emigrantes, que só a língua têm em comum.
Revolto-me contra mim mesmo, pois suponho ser em parte o causador desse mal-estar. Minha
natureza cria embaraços à aproximação de uns aos outros. Vivem constrangidos, sem liberdade,
como que em presença de um inválido.”
32 Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares
de assuntos.
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as
letras se reunindo com o maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão
dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda
natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O
mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no
espelho (infiel) do dicionário.
(...)
Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o
papel de sinaizinhos pretos. Conclui que não há assunto, quer dizer: que não há para você, por-
que ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não
corta na verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira assuntan-
do, assuntando. Então hoje não tem crônica.”
Carlos Drummond de Andrade.
II. Não basta haver variedade de assunto; escrever exige predisposição e inspiração.
III. O escritor empenha-se em produzir textos de qualidade superior à daqueles escritos
por simples falantes da Língua.
Está correto, em relação ao texto, o que se afirma em:
a) somente II; d) somente II e III;
b) somente I e II; e) I, II e III.
c) somente I e III;
na escrita;
c) a indisposição para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos é própria das
pessoas casmurras;
d) a falta, bem como a abundância de assunto, depende das condições intelectuais da-
quele que escreve;
e) letras e escritor embaralham-se no momento de passarem a expressão das idéias para
o papel.
“Os Jardins
Sempre olhei para os jardins com doçura e gratidão. Eles são as minhas aldeias. Tão sos-
segados! Só nos jardins há amores-perfeitos. Aquele jardim era meu amigo. Tinha uma
árvore, um jardineiro risonho, mas triste, com qualquer coisa de gato e de mulher. E tinha
canteiros de rosas. Era um Jardim sereno. Sábado. Quem pode vai para fora. Os outros
ficam aqui mesmo. Imagine o campo, logo mais. A noite caindo sem desastres. O cheiro de
terra. Uma voz de água no silêncio. Ah! dormir com o sentimento de pôr, nos olhos e nas
33 mãos, amanhã, bem cedo a luz que desce de um céu imenso perdido, luz cheia de sombras
de asas. Lembro-me dela. Ela pousa, primeiro, nas árvores, como se dissesse – Bom-dia!
Chega, depois até a gente tão simples, tão igual, como se convidasse – Não quer andar?
Este desejo de viver no campo, que enche de ar refrigerante os meus sentimentos, não veio
da cidade, com certeza. Veio, talvez, do tempo. Hoje, “ir para fora” tem um sentido mais
libertador. Que bom ver outra vida! Que bom ouvir a outra face do disco!... É preciso gostar
da vida. A vida arranja tudo pelo melhor, às vezes na realidade. Às vezes na imaginação,
realidade de uso interno.”
Álvaro Moreyra.
81. Cesgranrio “Eles são as minhas aldeias. Tão sossegados! Só nos jardins há amores-
perfeitos.”
No texto, as palavras destacadas conotam, respectivamente:
a) esconderijo e flor silvestre; d) proteção e felicidade;
b) lugarejo e beleza natural; e) segurança e incerteza.
c) solução e realidade;
corresponde, semanticamente, a:
a) meio arredio e misterioso; d) bastante descrente e desiludido;
b) muito arredio e pouco confiável; e) com certa melancolia e pouca sinceridade.
c) pouco desconfiado e muito observador;
83. Cesgranrio O texto estrutura-se com períodos curtos. Semanticamente, essa construção
caracteriza a:
a) realidade e a expressão dos anseios do narrador;
b) narração e a relação realidade-imaginação;
c) sensibilidade e o contraste do sentimento com a razão;
d) fantasia e a irrealização pessoal do narrador;
IMPRIMIR
86. Univali-SC
“Atenção ao estresse!
Mas será que isso leva ao estresse? Estatísticas confiáveis dizem que pelo menos 30% dos
brasileiros sofrem de estresse, uma das tantas doenças modernas. A psicóloga Marilda Lipp afir-
ma: “Sob tensão pesada, o ser humano rende maravilhosamente durante algum tempo. Depois
capota”.
Uns dizem que o culpado é o trabalho. Será que é mesmo? Será que não é o resultado de uma
GABARITO
certa maneira de viver? O homem, afirma Aldo Colombo, trocou o dia pela noite, aboliu o Domin-
go, inventou a Internet, o celular..., e não desliga mais, é uma máquina nunca desligada: isto
provoca circuito e, por vezes, desliga mesmo!
O homem desaprendeu a viver; não sabe mais distribuir corretamente as 24 horas, fazendo uma
coisa de cada vez, mantendo assim o humor e a alegria de viver. Os pobres humanos que estão no
limiar do terceiro milênio devem reaprender a viver para não prepararem, para o Terceiro Milênio,
uma sociedade totalmente estressada. É mais um desafio!”
Missão Jovem, agosto de 1999.
Observe as afirmações:
I. 30% dos brasileiros sofrem de estresse.
II. O estresse é uma doença moderna.
III. A culpa para o estresse é não saber fazer uma coisa de cada vez.
IMPRIMIR
88. Univali-SC
35
“No antigo Egito, o gato foi honrado e enaltecido. Sendo considerado como um animal santo.
Nesta mesma época, a gata transformou-se na representação da deusa Bastet, fêmea do deus sol
Rá. (...) Na Europa, o gato se desenvolveu com as conquistas romanas. Ele foi admirado por sua
beleza e dupla personalidade (ora um selvagem independente, ora um animal doce e afável), e
apreciado ainda no século XI quando o rato negro invadiu a Europa. No século XIII desenvolveram-
se as superstições e o gato passou de criatura adorada a infernal, associada aos cultos pagãos e à
feitiçaria. A igreja lhe virou as costas. (...) No século XVIII ele voltou majestoso e em perfeito
acordo com os poetas, pintores e escritores que prestam homenagem à sua graça e à beleza de
seu corpo.”
Revista DC – Diário Catarinense – 25 de abril de 1999.
89. UFMT
( ) Ações corriqueiras são usadas no texto (estrofes 5 e 6) com intenção de apontar as
alterações provocadas pela chegada do novo século.
( ) Os sentidos das estrofes 6 e 7 contradizem a postura revelada até então pelo eu
lírico de atribuir desimportância à mudança de século.
IMPRIMIR
( ) Na estrofe 6, o verso Com os pés no século vinte e um revela o jogo feito ao longo
do texto entre mudanças e não-mudanças pelo passar do século.
( ) Uma leitura possível dos versos Era um filme domingo/Penas do paraíso volta-se
aos filmes vistos aos domingos que versavam sobre a dualidade sofrimento e feli-
cidade.
( ) Na estrofe 8, percebe-se a preocupação do produtor do texto em registrar o sentido
literal das palavras e expressões.
38 de lavradores
39 de pastores
40 de mães criando filhos
41 de pais ensinando meninos
42 de padres benzendo afilhados
43 de mestres guiando aprendizes
44 de irmãos ajudando irmãos mais moços
45 de lavadeiras lavando
46 de pedreiros edificando
47 de doutores curando
48 de cozinheiros cozinhando
49 de vaqueiros tirando leite das vacas chamadas comadres de homens.
50 Mãos brasileiras
51 brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
IMPRIMIR
52 tropicais
53 sindicais
54 fraternais.
55 Eu ouço as vozes
56 eu vejo as cores
57 eu sinto os passos
58 desse Brasil que vem aí.”
92. UFGO
repetição: “Pobres fibras, pobres plantas.” e “Pobres larvas, pobre substância. Po-
bre seda.” - que revela o sentimento de compaixão do narrador.
( ) a metalinguagem é o processo que o narrador utiliza quando descreve o linho e a
seda; o seu emprego propicia a expansão da narrativa.
“O menino e o jacaré
Uma piada que circulou por aqui nos últimos dias dá a medida do engajamento político-ideoló-
gico dos portugueses. Conta-se que um redator do Diário estava visitando o zoológico quando viu
um menino cair num lago onde havia um jacaré. Imediatamente imaginou a manchete:
‘Administração incompetente dos socialistas de Mário Soares provoca morte de miúdo no
parque.’
De repente, porém, um cidadão arranca a camisa e atira-se na água.
O redator imediatamente recriou a manchete:
‘Camarada intrépido salva miúdo que ia ser comido por jacaré’.
Infelizmente, para o redator do Diário, o camarada intrépido, entrevistado, revelou-se salazaris-
ta. A manchete mudou para:
‘Fascista desumano tira alimento de jacaré faminto.”
Isto é, 11/02/1981, p.15.
93. UFMT
( ) O humor contido no texto apresenta um aspecto caricatural.
( ) Das três manchetes criadas pelo redator, somente a primeira mantém relação de
sentido com um contexto político português.
38 ( ) Na terceira manchete, há uma intencional desconsideração pela vida da criança.
( ) A referência “Isto é, 11/02/81, p. 15” torna ambíguo o sentido da palavra aqui na
primeira linha.
( ) Há no texto marcas de diferenças lexicais entre o português do Brasil e o de Portugal.
( ) O uso dos dois pontos, no texto, serve para introduzir uma explicação.
94. UFSE-PSS
João Coqueiro presenciara tudo aquilo, grudado a um canto da janela, mordendo os nós da
mão, os olhos injetados, o sangue a saltar-lhe nas veias.
— Oh! Era demais, pensava ele desesperado. — Era demais tanta injúria! — Se Amâncio esti-
vesse ali, naquela ocasião, por Deus que o estrangulava!”
AZEVEDO, Aluísio. Casa de Pensão.
Com base no texto, assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação corre-
ta e como falsas aquelas em que isso não ocorre.
( ) O trecho apresenta uma estrutura narrativa, pois indica situações diferentes, com
várias personagens e as alterações decorrentes dos fatos apontados.
( ) Confere vivacidade e veracidade à afirmação do autor em “vozeando furiosos con-
tra semelhante berraria” o uso do discurso direto que se segue a ela.
( ) “Quem mora junto ao chiqueiro sente o fedor da lama!” – a frase está empregada
IMPRIMIR
“O avestruz está em alta. A fazenda Chalé da Serra, no município de Simião Dias, interior de
Sergipe, sempre teve como carro-chefe a criação de gado. Mas, nos últimos cinco anos, bois e
vacas começaram a dividir espaço com exóticos exemplares de um novo investimento: a estrutio-
cultura (é assim que se chama a criação de avestruzes). Já são 800 animais, cujo preço varia de
1.500 reais, o filhote, a 8.000 reais, o adulto – dezesseis vezes mais que o preço de uma vaca.
Compridos e desengonçados, os animais são um negócio de altíssimo rendimento. Uma fêmea
começa a produzir aos 3 anos e é tratada apenas com capim e ração à base de soja e milho. Até
vinte avestruzes podem ser criados no espaço de um hectare, área ocupada por um único boi na
pecuária extensiva. Além disso, cada fêmea gera em média quinze filhotes por ano, número idên-
tico ao de toda a vida produtiva de uma vaca – e o período de fertilidade de um avestruz é superior
a trinta anos. Nascido de um ovo que pesa aproximadamente 1,5 quilo, o avestruz atinge o peso
de abate, em torno de 110 quilos, no prazo de doze meses.”
Adaptado, Veja, 18 out. 2000, p. 77.
Avestruz. Ave estrutioniforme, com seis espécies conhecidas. Tem as asas atrofiadas, apenas
dois dedos em cada pé e é onívora; vive em zonas semidesérticas, na Arábia e na África. Atual-
mente é a maior das aves.
Com base no texto, assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação corre-
ta e como falsas aquelas em que isso não ocorre.
( ) A função da linguagem, em ambos os textos, é a mesma: predominantemente referencial.
39 ( ) O segundo texto, parte de um verbete de dicionário, é eminentemente descritivo.
( ) Os dois segmentos introduzidos por um travessão são exemplos de oralidade, já
que correspondem a explicações inseridas pelo autor do texto.
( ) Negócio e fêmea são palavras que recebem acento gráfico pela mesma razão gramatical.
( ) A fertilidade de um avestruz é, em muito, superior a de uma vaca. – Não é necessá-
rio o emprego do sinal de crase na palavra em negrito.
96. U. Potiguar-RN
“Uma galinha
Era uma galinha de domingo. Estava viva ainda porque não passava de nove horas da manhã.
Tinha a aparência de estar calma, pois desde o sábado se encolhera num canto da cozinha.
Foi uma surpresa quando os elementos da casa viram a galinha abrir as asas de curto vôo e
alcançar a murada do terraço e fugir vacilante para a liberdade.
A cozinheira deu um grito e o dono da casa levado pela necessidade de fazer esporadicamente
algum esporte e de almoçar começa a captura da galinha.
O animal estava sozinho no mundo, fugindo sem saber pra onde. Até que finalmente foi alcan-
GABARITO
çado: entretanto logo que foi levado de volta para a cozinha põe um ovo. Uma pequena menina
nota o fato e começa a gritar:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer nosso bem!
Diante do fato novo, todos rodearam-na com uma atenção especial, a menina prometia nunca
mais comer galinha, caso aquela fosse morta, depois do acontecido. A mãe é vencida pela filha e
a galinha foi deixada viver.
Entretanto, passadas algumas semanas, já esquecidos do fato, a família, indiferente, mata e
come a galinha.”
desvendam.
b) Perfeito domínio do Português arcaico e contemporâneo.
c) A tendência regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética uni-
versal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico.
d) Mostra a personagem disposta numa determinada situação cotidiana que se prepara
para um evento pressentido até ocorrer o desfecho, no qual se considera a situação da
vida da personagem, após o evento.
TEXTO 1
“Olhava eu o meu avô como se fosse ele o engenho. A grandeza da terra era a sua
grandeza. Fixara-se em mim a certeza de que o mundo inteiro estava ali dentro. Não podia
haver nada que não fosse do meu avô. Lá ia o gado para o pastoreador, e era dele; lá saíam
os carros-de-boi a gemer pela estrada ao peso das sacas de lã ou dos sacos de açúcar, e
tudo era dele; lá estavam as negras da cozinha, os moleques da estrebaria, os trabalhadores
do eito, e tudo era dele. O sol nascia, as águas do céu se derramavam na terra, o rio corria,
e tudo era dele. Sim, tudo era do meu avô, o velho Bubu, de corpo alto, de barbas, de olhos
miúdos, de cacete na mão. O seu grito estrondava até os confins, os cabras do eito lhe
tiravam o chapéu, o Dr. José Maria mandava buscar lenha para a sua cozinha no Corredor,
e a água boa e doce nas suas vertentes. Tudo era do meu avô Bubu, o “Velho” da boca dos
trabalhadores, o Cazuza da velha Janoca, o papai da Tia Maria, o meu pai da Tia Iaiá. A
minha impressão firme era de que nada havia além dos limites do Corredor. Chegavam de
longe portadores de outros engenhos. Ouvia apitar o trem na linha de ferro. Apesar de
tudo, só havia de concreto mesmo o Engenho Corredor. (...)”
LINS DO REGO, José. “Meus verdes anos”. In: Ficção completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976.
40
TEXTO 2
“A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coronel de patente, do que tenho honra e
faço alarde. Herdei do meu avô Simeão terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto
do mais fino. Leio no corrente da vista e até uns latins arranhei em tempos verdes da infância,
com uns padres-mestres a dez tostões por mês. Digo, modéstia de lado, que já discuti e joguei
no assoalho do Foro mais de um doutor formado. Mas disso não faço glória, pois sou sujeito
lavado de vaidade, mimoso no trato, de palavra educada. Já morreu o antigamente em que
Ponciano mandava saber nos ermos se havia um caso de lobisomem a sanar ou pronta justiça
a ministrar. Só de uma regalia não abri mão nesses anos todos de pasto e vento: a de falar
alto, sem freio nos dentes, sem medir consideração, seja em compartimento do governo, seja
em sala de desembargador. Trato as partes no macio, em jeito de moça. Se não recebo corte-
sia de igual porte, abro o peito:
– Seu filho da égua, que pensa que é?
Nos currais do Sobradinho, no debaixo do capotão de meu avô, passei os anos de pequenice,
que pai e mãe perdi no gosto do primeiro leite. Como fosse dado a fazer garatujações e desabu-
sado de boca, lá num inverno dos antigos, Simeão coçou a cabeça e estipulou que o neto devia ser
doutor de lei:
GABARITO
– Esse menino tem todo o sintoma do povo da política. É invencioneiro e linguarudo. (...)”
CARVALHO, C. J. O coronel e o lobisomem.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.
98. UERJ Estabeleça uma comparação entre os textos quanto ao tratamento dado ao tema.
99. UERJ Transcreva a passagem do texto em que o personagem-narrador informa que fi-
cou órfão.
IMPRIMIR
As versões modernas para a luxúria, a inveja, o orgulho, a ira, a avareza, a preguiça e a gula.
Os setes pecados capitais do cristianismo – inveja, avareza, gula, preguiça, ira, orgulho e luxúria
– adquiriram novas versões neste final de século. A maioria movida a compulsões por trabalho,
consumo, sucesso, prazeres e lucro, valores de uma sociedade que trocou a existência natural pelo
acúmulo de sensações e de bens materiais. (...)
O psicanalista Eduardo Losicer, um dos membros do Aspas (Associação de Pesquisadores e
Analistas da Subjetividade), que está à frente da pesquisa sobre as novas psicopatologias, explica
que o indivíduo contemporâneo obedece essencialmente a ordens externas, enquanto suas de-
mandas internas caem no vazio e dão origem às compulsões:
– O paraíso atual é obrigatório. Não há mais a moralidade do pecado, na qual o pecador vivia
um conflito interno entre ceder ou não à tentação. Não há possibilidade de escolha entre o céu e
o inferno. Vivemos sob a moralidade dos mandados. São ordens que devem ser obedecidas, sob
pena de exclusão do sistema. Esta é a ameaça. Vivemos hoje como se cada indivíduo fosse apenas
um conjunto de leis, um superego.
(...) Os indivíduos contemporâneos vêm sofrendo de ausência cada vez maior de vida interior.
– Este vazio na alma dá origem a condutas compulsivas para preencher este vazio afetivo com
dinheiro, roupas, trabalho, imagens de jornais, cinema e TV, bebida ou drogas pesadas. É preciso
preencher um vazio existencial e afetivo.
Para o antigo pecado capital da avareza, temos hoje o seu avesso: o consumismo desenfreado
e compulsivo do perdulário contemporâneo, para quem o que importa não é ser alguém, mas ter
41 tudo e, se possível, todos à sua volta. A criativa preguiça, tão elogiada pelos defensores da vida
contemplativa, prazerosa e lúdica, transformou-se em mania de trabalho. O pecado da luxúria,
que levava homens e mulheres a pensar ou a fazer sexo em excesso, é hoje um hábito do telespec-
tador: o voyeurismo. Quem tem ódio do Governo, do time rival ou do parceiro que lhe deu um
fora debocha, ironiza e ridiculariza estes desafetos. Já não há mais lugar para a ira. O orgulho está
em baixa. Pouca gente se orgulha de si mesmo ou da vida que leva (...) todo mundo sabe que hoje
em dia é fundamental se autopromover. Não resistir ao apelo de uma caixa de bombons importa-
dos... Este era o pecado da gula, praticamente superado por uma legião de mulheres que buscam
um corpo cada vez mais magro e mais jovem. A aparência do bom moço, adotada por ídolos do
esporte, executivos de empresas e apresentadores de TV, encobre um sujeito dissimulado que
cumpre um papel preestabelecido. É a nova versão do invejoso, que já não deseja ser o outro, mas
algo imaginário e, portanto, irreal.”
CEZIMBRA, Márcia - O Globo, 16/05/99.
do suas conclusões;
d) refletir sobre a natureza do código lingüístico, bem como sobre sua relevância na
caracterização do homem do século XXI;
e) elaborar uma mensagem rica em musicalidade e figuras de linguagem.
102. UFR-RJ Os valores dos indivíduos contemporâneos, segundo o texto, estão sendo de-
terminados pelo(a):
a) conflito interno entre ceder ou não à tentação;
b) compulsão cada vez maior pela vida interior;
c) Associação de Pesquisadores e Analistas da Subjetividade;
d) determinação de alcançar o paraíso celeste;
e) sensação de um vazio existencial e afetivo.
IMPRIMIR
103. UFR-RJ A pesquisa do psicanalista Eduardo Losicer, à qual o artigo se refere, atesta que:
a) o homem contemporâneo se empenha em mudar os valores do século passado;
b) a grande ameaça da sociedade está na subversão dos valores individuais;
c) a punição da modernidade é a exclusão do sistema, equivalente ao inferno;
d) a modernidade se caracteriza por ser um paraíso, sem noção de valores materiais;
e) as novas versões para os sete pecados capitais apenas se explicam no campo do ima-
ginário.
É hora do recreio e um bando de meninos atravessa correndo o gramado. José tropeça, machu-
ca o joelho e começa a chorar, mas os outros continuam a correr – menos Roberto, que pára.
Enquanto diminuem os soluços de José, Roberto curva-se e massageia o próprio joelho, gritando:
– Eu também machuquei o joelho!
Roberto possui uma inteligência interpessoal exemplar. Parece que é extraordinariamente capaz
de reconhecer os sentimentos dos coleguinhas de brincadeiras e de estabelecer rápidas e suaves
ligações com eles. Só ele notou a situação de dor de José, e só ele tentou oferecer algum consolo,
ainda que o máximo que pudesse fazer fosse esfregar o próprio joelho. Esse pequeno gesto revela
um talento para o relacionamento, uma aptidão emocional essencial para a preservação de rela-
cionamentos estreitos, seja no casamento, com amigos ou numa parceria comercial. Essas apti-
dões em pré-escolares são os botões de talentos que desabrocham pela vida afora.”
Fragmento retirado, e adaptado, do texto “Rudimentos em Inteligência
Social”, inserido no Capítulo “A Arte de Viver em Sociedade”,
do livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, p. 131.
105. Univali-SC
“Guerra ao preconceito
Psicóloga diz que sociedade precisa respeitar os gays.
Mesmo que não concorde com eles.
GABARITO
Presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a paulista Ana Bock é autora da resolução que
proíbe os psicólogos brasileiros de tratar a homossexualidade como doença. Não se trata de uma
medida isolada. ’O homossexualismo é apenas um dos assuntos que vamos atacar‘, diz. Seu objetivo
é envolver os psicólogos numa espécie de compromisso com o bem-estar da sociedade e com os
direitos humanos. Ela está começando a sentir as conseqüências do vespeiro em que está se meten-
do. Desde que um deputado distrital de Brasília propôs a criação de banheiros separados para ho-
mossexuais (o primeiro deles será inaugurado no próximo mês numa cidade-satélite), Ana Bock tem
sido convocada pelas rádios para explicar como e por que isso está ocorrendo na capital da Repúbli-
ca. ’É tão absurdo quanto querer criar banheiros especiais para deputados‘, protesta a psicóloga.”
Veja, 26 de abril de 2000.
“Era esse dia domingo do Espírito Santo. Como todos sabem, a festa do Espírito Santo é uma das
festas prediletas do povo fluminense. Hoje, mesmo que se vão perdendo certos hábitos, uns bons, outros
maus, ainda essa festa é motivo de grande agitação; longe porém está o que agora se passa daquilo que
se passava nos tempos a que temos feito remontar os leitores. A festa não começava no domingo
marcado pela folhinha, começava muito antes, nove dias, cremos, para que tivessem lugar as novenas”.
Extraído de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto abaixo e julgue os itens das questões 107 a 109.
“A disciplina do amor
Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias,
pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da
tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu
passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam
43 faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para
logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro desistiu de
esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a
orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que
anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então,
disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu ponto de espera. O jovem
morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram
prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso
assumido, todos os dias. Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram esquecen-
do do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para
outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o
jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro
está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.”
Lygia Fagundes Telles.
107. UFMT
( ) O artigo indefinido, nas expressões “um jovem” e “um cachorro”, introduz as per-
sonagens na narrativa.
GABARITO
“A Janela e o Menino
(Resumo dos anos mais antigos do passado)
A casa tinha um jardim e três janelas que davam para a rua. Duas ficavam fechadas, só se
abriam aos domingos, ou em dias especiais. A outra dava para um aposento que era uma espécie
de hall, não era sombrio como a outra sala que só se abria quando havia visitas, ou quando
alguma coisa de extraordinário acontecia no mundo ou dentro da própria casa.
O menino descobriu a janela e a escolheu como seu lugar predileto. Podia ficar ali, era uma
forma de estar metade protegido pela casa, metade envolvido com o mundo. Pelas manhãs, via
passar o leiteiro, o homem que afiava tesouras e facas, os outros meninos que iam para a escola
levando merendeiras – ele invejava as merendeiras dos outros meninos, imaginava o que elas
continham. Um dia, quando crescesse, levaria sempre uma merendeira consigo.
Ao meio-dia, passava a leprosa que pedia esmolas. Tinha um lenço encardido em volta do rosto,
escondendo o nariz deformado. O menino tinha pavor da leprosa, mas ficava fascinado pela
pontualidade com que ela ia ao portão e apanhava a moedinha que o pai sempre deixava para ela,
numa reentrância da grade.
À tarde, passava o sorveteiro. À noite, quando todos começavam a ir para a cama, passava o
moleque vendendo amendoim torradinho, a lata que servia de fogareiro despejando fagulhas,
como as estrelinhas de São João.
Era da janela que o menino via o mundo e dele participava sem se contaminar. O menino
gostava, mas tinha medo da rua, do bonde que cortara a perna do seu Almeida, do homem que
deu um tiro na mulher que o traíra, da carrocinha de cachorro, dos mascarados do Carnaval.
44 Da janela, ele sabia de tudo, mas nada tinha a ver com ele. Como a baratinha que encontrou o
dinheiro e foi para a janela, ele gostava de ficar ali, vendo a vida passar.
Um dia o menino cresceu, mas continuou na janela, esperando a hora em que avisassem que
era tarde e o chamassem para dentro.”
CONY, Carlos Heitor. In: Os anos mais antigos do passado – crônicas.
3. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1999. p. 250-1.
45 114. Unifor-CE
I. O texto deixa em aberto a questão da integração entre formação técnica e formação
humanística.
II. As condições oferecidas pelas escolas técnicas não correspondem às expectativas do
estudante.
III. O avanço atual da tecnologia explica o especial interesse do estudante pelas escolas
técnicas.
A respeito dos enunciados acima, está de acordo com o texto o que se afirma somente
em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
GABARITO
“Brito, em seu depoimento, disse que recebeu autorização de Pitta para responder às reporta-
gens que tratavam da não aplicação dos 30% em Educação, mas apontou o então chefe da
Assessoria de Imprensa da Prefeitura, Henrique Nunes, como autor da nota. Nunes teria ditado o
texto para Brito que, apesar de subscrevê-lo, não interessou-se em saber onde seria publicado,
nem quanto custaria. ’Eu não sabia de que maneira isso seria feito‘, disse Brito ao juiz. ’E desco-
nhecia que a resposta implicaria gastos públicos.‘”
O Estado de S. Paulo, 30/1/98, C1.
Há quem afirme que a atual geração de filhos vem recebendo dos pais uma educação mais
conservadora do que estes receberam dos avós.
Pais e educadores estão redescobrindo a dimensão educativa de uma palavra antipática e ne-
cessária: não!
Ainda é recente o grito de libertação: É proibido proibir! No entanto, hoje, existe quase um
consenso: é preciso proibir. Os jovens libertários da década de 70, que pregavam o amor livre, os
trajes nem sempre asseados, a desobediência civil e o consumo de drogas, são pais que optam por
uma educação mais conservadora.
São estes pais que reclamam dos filhos: eles não aceitam ouvir um “não”, estão sempre de mau
humor, são agressivos, não sabem o que querem, passam horas falando ao telefone ou na Inter-
net, estão sempre desafiando os limites...
Os filhos, por sua vez, reclamam dos pais: os pais não confiam neles, só sabem dar broncas e
impor regras, implicam com sua maneira de falar, de trajar e com suas amizades, só vêem o erro e
não os acertos, não entendem seus problemas e tratamos como crianças diante dos amigos.
GABARITO
Educação – ontem, hoje e sempre – implica conjugar liberdade e responsabilidade. Implica amor
e firmeza. Quando apenas um dos termos vale, criam-se distorções. Educar é trazer para fora as
possibilidades existentes na criança e no adolescente. Educar é ensinar que existem limites, horá-
rios e deveres.
Educar é também conceder liberdade, para que o jovem forme seu caráter e suas convic-
ções. Mas isto deve ser progressivo. Porque experientes, os pais conhecem os erros que eles
mesmos cometeram e querem evitar que isso aconteça aos filhos. Educar é, sobretudo, exer-
citar o diálogo.”
Missão Jovem, agosto de 1999.
“O coelho e o cachorro
(fragmento)
De vez em quando surgem umas histórias que todos que contam juram ser verdade e até dizem
que têm um primo que conheceu a vizinha da sobrinha da pessoa com a qual aconteceu. A mais
célebre é aquela do sapatinho vermelho da sogra que desliza debaixo do banco do carro. Lem-
brou?
Agora pintou uma nova. Simplesmente genial. Quem me contou garante que aconteceu na
Granja Viana, bairro de classe média alta em São Paulo, na semana passada.
Eram dois vizinhos. O primeiro vizinho comprou um coelhinho para os filhos. Os filhos do outro
vizinho pediram um bicho para o pai. O doido comprou um pastor alemão.
Papo de vizinho:
– Mas ele vai comer o meu coelho.
– De jeito nenhum. Imagina. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, pegar amizade. Enten-
do de bicho. Problema nenhum.
E parece que o dono do cachorro tinha razão. Juntos cresceram e amigos ficaram.
Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças, felizes.
Eis que o dono do coelho foi passar o final de semana na praia com a família e o coelho ficou
sozinho. Isso na sexta-feira. No domingo, de tardinha, o dono do cachorro e a família tomavam
um lanche, quando entra o pastor alemão na cozinha. Pasmo.
Trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, arrebentado, sujo de terra e, é claro, morto.
O cachorro é o herói. O bandido é o dono do cachorro. O ser humano. Sim, nós mesmos, que
não pensamos duas vezes. Para nós o cachorro é o irracional, o assassino confesso. E o homem
continua achando que um banho, um secador de cabelos e um perfume disfarçam a hipocrisia, o
animal desconfiado que tem dentro de nós.
Julgamos os outros pela aparência, mesmo que tenhamos que deixar esta aparência como
melhor nos convier. Maquiada.
Coitado do cachorro. Coitado do dono do cachorro. Coitados de nós, animais racionais.”
PRATA, Mário. Isto é, 22/04/98.
120. U.E. Norte Fluminense-RJ O texto de Mário Prata nos conta uma história em tom de
fábula. Nas fábulas, costuma haver um final moralizante.
a) Identifique, no texto, o critério de julgamento utilizado pelos seres humanos.
b) Transcreva dos três últimos parágrafos do texto uma frase completa que justifique a
resposta anterior.
Excerto (de texto que trata da mudança de localização do Palácio dos Bandeirantes) para
a questão 122:
48 “É uma parceria que implica da mudança de zoneamento, reforma de prédios, incentivos fiscais
para quem recupera patrimônio tombado, até cuidar de meninos de rua ou dos jardins.”
O Estado de S. Paulo, 16/05/99, p. 3-18.
123. Univali-SC
“Ordem na malhação
Professor de ginástica costuma ser daquelas pessoas eternamente bem-humoradas, com uma
disposição que parece não terminar nunca e ter sempre à mão – com justificativas científicas – a
série ideal de exercícios para deixar o corpo do aluno próximo da perfeição. O bom-humor e a
disposição podem ser autênticos, mas o conhecimento adequado para preparar a receita da ma-
lhação não necessariamente. Deveria ser o requisito básico, mas centenas de jovens belos e mus-
GABARITO
culosos que comandam animadíssimas aulas nas academias nunca passaram nem perto de uma
faculdade de Educação Física, onde deveriam ter aprendido o que ensinam. A partir deste mês, no
entanto, os Conselhos Regionais e Federal de Educação Física prometem acabar com essa espécie
de professor de fachada. As entidades colocarão em prática a lei, de 1998, que regulamenta a
profissão (só agora, depois de anos, os conselhos estão preparados para fiscalizar sua aplicação).
Ela estabelece que só poderá trabalhar na área aquele que for registrado no conselho e, portanto,
formado em Educação Física. A abrangência da legislação vai além dos limites da academia. A lei
vale para clínicas, hotéis, clubes e até condomínios, que serão obrigados a registrar o profissional
como funcionário. Mais. Todos os estabelecimentos que tiverem como principal atividade a edu-
cação física deverão ser registrados no conselho.”
Isto é, 22 de março de 2000.
a) Depois de dois anos, os conselhos estão preparados para fiscalizar a aplicação da lei.
b) Bom-humor é uma das características de todos os professores de Educação Física.
c) Há tanta autenticidade na disposição e no bom-humor como no conhecimento para a
malhação.
d) Conselhos Regionais de Educação Física prometem acabar com a ginástica como ati-
vidade profissional.
e) Nova lei regulamenta a profissão de professor de Educação Física.
“A formiga e a cigarra
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formigui-
nha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada
do Sol, da brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os amigos ao final do expediente de
trabalho, tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”.
Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não
desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu
para valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir. Então, passados alguns dias, come-
çou a esfriar. Era o inverno que estava começando. A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e
aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca.
Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de
uma Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:
— Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha toca?
— Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e
comprar esta Ferrari?
— Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou
da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga
deseja algo de lá?
—Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O
CARREGUE!
MORAL DA HISTÓRIA: Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho
em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine.”
49
Fábula de La Fontaine reelaborada. http://www.geocities.com/soho/Atrium/8069/Fabulas/fabula2.html (com adaptações).
“Atenção ao Sábado
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e
alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de
manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em
mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar
cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um
homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos
tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado
era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não? No Rio
de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se
abre em rosa: o carro freia de súbito e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo
que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Então eu não digo nada,
aparentemente submissa. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo
IMPRIMIR
de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu quero dizer.”
LISPECTOR, Clarice. Os melhores contos de Clarice Lispector. Seleção de Walnice Galvão, São Paulo, Global, 1997.
125. UFMT
( ) A apresentação das ações respeita uma ordem cronológica e espacial.
( ) São claros os limites entre eventos vividos e a reflexão sobre eles.
( ) A personagem é caracterizada por traços realistas visando retratar a realidade brasileira.
( ) A modalidade discursiva utilizada é o monólogo interior.
“Eiros
A leitora Elza Marques Marins me escreve uma carta divertida estanhando que “brasileiro” seja
o único adjetivo pátrio conhecido em “eiro” que, segundo ela, é um sufixo pouco nobre. Existem
suecos, ingleses e brasileiros, como existem médicos, terapeutas e curandeiros. (...)
É a diferença entre jornalista e jornaleiro ou entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou seres-
teiro. Há o importador e há o muambeiro. “Se você começou como padeiro, açougueiro ou carvoeiro” –
escreve Elza – “as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, grande investidor ou
latifundiário, a não ser que se dê o trabalho de ser político antes”. Aliás, há políticos e politiqueiros. (...)”
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Jornal do Brasil, 7/10/95.
126. UFMT
( ) Segundo a leitora, alguns morfemas funcionariam como indicadores de status.
( ) O jornalista apresenta argumentos que contrariam a hipótese levantada pela leitora.
( ) De acordo com o texto, suecos e ingleses estão para médicos e terapeutas, assim
como brasileiros estão para curandeiros.
( ) A teoria da leitora ganharia força, caso se recorresse ao par banqueiro/bancário.
( ) Na opinião da leitora de Veríssimo, o ciclo da pobreza poderia ser rompido por
meio da carreira política.
130. Uneb-BA Este exercício, refere-se também ao texto “A Janela e o Menino” (das ques-
51 tões de 110 a 113).
Relacionando-se as situações vividas pelo menino do texto de Carlos Heitor Cony e pelo
eu-lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga, constata-se que:
a) ambos se sentem aprisionados e tristes;
b) os dois se mostram desiludidos em face da impossibilidade de amar;
c) um e outro sofrem pela incapacidade de romper as barreiras que os isolam do mundo;
d) a condição do menino é fruto de sua opção existencial, enquanto a do sujeito poético
é resultado de uma imposição circunstancial;
e) o menino vivencia uma experiência de opressão social; já o eu-lírico se sente subjuga-
do pela tirania do amor.
IMPRIMIR
“Cartas de leitores
Já conhecemos nossos governantes e políticos, suas índoles, seus defeitos, suas capacidades
limitadas para soluções e amplas para confusões. Só não conhecíamos ainda nossos manifestan-
tes, se é que assim se pode dizer. Nada justifica a agressão física, seja qual for a manifestação, seja
quem for o agredido ou o agressor. Nada justificará, jamais, a agressão sofrida pelo governador
Mário Covas, por mais digna que fosse a manifestação. O que causa espanto é que se tratava de
uma manifestação de professores. É esse o papel de um educador?”
ÁVILA, Marcelo Maciel. O Globo.03/06/2000.
“O país está chocado com as agressões que os representantes do povo estão sofrendo. As
autoridades e a imprensa nacional têm-se manifestado severamente contra esses atos. Primeiro
foi uma paulada no governador de São Paulo, depois um ovo no ministro da saúde e, em 1º de
junho, outro ataque ao governador Mário Covas. O vice-presidente da república disse que o go-
vernador merece respeito. Concordo. Mas os demais cidadãos brasileiros não merecem? O minis-
tro da justiça cobrou punição judicial para os agressores, afirmando que a última manifestação
transpusera os limites do tolerável. E a situação de extrema violência que nós, cariocas, estamos
vivendo? Quando o ministro vai achar que foram transpostos os limites do tolerável?”
COSTA DA SILVA, Arthur. O Globo.03/06/2000.
131. UERJ As duas cartas acima são de leitores expressando suas opiniões sobre o episódio
52 de agressão ao governador de São Paulo em manifestação de professores em greve. O
veículo de publicação das cartas – o jornal – impõe um limite de espaço para os textos.
Em função desse limite de espaço, os dois textos apresentam como traço comum:
a) combate a pontos de vista de outros leitores;
b) construção de comprovações por meio de silogismos;
c) expressão de opinião sem fundamentos desenvolvidos;
d) escolha de assunto segundo o interesse do editor do jornal.
132. UERJ Em geral, esse tipo de carta no jornal busca convencer os leitores de um dado
ponto de vista.
Por causa dessa intenção, é possível verificar que ambas as cartas transcritas se caracte-
rizam por:
a) finalizar com perguntas retóricas para expressar sua argumentação;
b) iniciar com considerações gerais para contestar opiniões muito difundidas;
c) utilizar orações de estruturação negativa para defender a posição de outros;
GABARITO
133. UERJ O fragmento que expõe a tese de cada uma das cartas, respectivamente, pode ser
identificado em:
a) “Já conhecemos nossos governantes” / “Quando o ministro vai achar que foram trans-
postos os limites do tolerável?”
b) “Só não conhecíamos ainda nossos manifestantes” / “a última manifestação transpu-
sera os limites do tolerável.”
c) “Nada justifica a agressão física” / “Mas os demais cidadãos brasileiros não merecem?”
d) “É esse o papel de um educador” / “Primeiro foi uma paulada no governador de São
Paulo.”
IMPRIMIR
134. UERJ Pela leitura da carta de Arthur Costa da Silva, é possível afirmar que as perguntas
nela presentes têm o seguinte significado:
a) questionar as atitudes dos políticos brasileiros;
b) apontar falhas no discurso de autoridades brasileiras;
c) propor uma reflexão acerca da atitude dos agressores;
d) mostrar solidariedade ao comportamento dos manifestantes.
mos, noite após noite, a realidade desfilar nos ilusórios devaneios de uma telenovela.
Feliz homem novo. Feliz mulher nova.”
Frei Beto. O Globo, 01 de janeiro de 1998. p. 7.
135. UFR-RJ Pode-se afirmar que o autor do texto “Ano Novo, uma vida nova” propõe à
sociedade uma renovação:
a) política e material;
b) social e econômica;
c) existencial e política;
d) pessoal e financeira;
e) política e econômica.
IMPRIMIR
136. UFR-RJ O texto é uma dissertação argumentativa que parte da tese de que:
a) o homem busca o progresso espiritual, mas se esquece do material;
b) a sociedade tem buscado a espiritualidade no fim do segundo milênio;
c) a sociedade deveria procurar “nascer de novo” num plano espiritual;
d) o homem tem buscado a renovação política com base na democracia;
e) o homem busca a plenitude, mas está condicionado às limitações materiais.
138. UFF-RJ “Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,
como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas som-
bras?...”
Os dois pontos e o recurso gráfico do itálico no trecho acima permitem-nos a seguinte
interpretação da frase “Aí vindes outra vez, inquietas sombras?...”:
a) Indica a citação da obra “Fausto” escrita pelo poeta do trem.
b) Refere-se a um desabafo proferido pelo narrador, ao se libertar de memórias antigas.
c) Corresponde a uma explicação sobre o valor de uma narração literária.
d) Trata-se de um meio de o poeta do trem se libertar da lembrança de outro poeta.
e) Trata-se de uma citação de frase empregada anteriormente em obra literária.
54 139. Cefet-PR Leia o seguinte trecho, extraído de Machado de Assis, e depois responda:
“Há dessas lutas terríveis na alma de um homem. Não, ninguém sabe o que se passa no interior
de um sobrinho, tendo de chorar a morte de um tio e receber-lhe a herança. Oh, contraste maldi-
to! Aparentemente tudo se recomporia, desistindo o sobrinho do dinheiro herdado; ah! mas
então seria chorar duas coisas: o tio e o dinheiro.”
140. Univali-SC
GABARITO
“Volta às aulas
(...) Ensinar a pensar também não é tão fácil assim. Não é um curso de lógica nem uma questão
de formar uma visão crítica do mundo, achando que isso resolve a questão. Sair criticando o
mundo, contestando as teorias do passado forma uma geração de contestadores que nada cons-
trói, que nada sugere.
Minha recomendação ao jovem de hoje é para que se concentre em uma das competências
mais importantes para o mundo moderno: aprender a pensar e a tomar decisões.”
Stephen Kanitz, Veja, 16 de fevereiro de 2000.
III. Aprender a pensar e a tomar decisões é uma das competências mais importantes para
o mundo moderno.
Está de acordo com o texto a alternativa:
a) I e II são corretas; d) somente a III é correta;
b) somente a II é correta; e) II e III são corretas.
c) somente a I é correta;
142. Univali-SC
‘Diferente do que muitas pessoas pensam, marketing pessoal não é tentar passar uma boa
imagem daquilo que você não é, mas passar bem uma imagem daquilo que você realmente é’,
afirma o gerente de marketing da Karsten e professor do Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial de Santa Catarina (SENAC), Nelson Marinho Teixeira.
Segundo ele, isso seria uma tarefa fácil se as pessoas não ficassem tentando imitar o modelo de
outras pessoas, e tentassem descobrir as suas virtudes. ‘Cada um deve investir naquilo que faz e
que os outros não fazem’, argumenta. ‘Se pensarmos bem, veremos que a vida é mais simples do
que nós a encaramos e, muitas vezes, gastamos muito tempo em busca de sermos o que não
podemos ser’. (...)”
AVENDANO, Jaime, Jornal de Santa Catarina, 19 e 20 de setembro de 1999.
“A importância do conto popular em nossa cultura é tão forte que precisamos ter muito claro o
que se deve entender por popular, quando se trata de estudar gêneros literários.
Geralmente se entende por popular um tipo de criação rústica, caracterizada pela simplicidade
e pobreza expressiva. Talvez você mesmo pense assim. Mas, veja bem, se assim fosse, como se
justificaria a influência que a tradição popular exerceu e continua exercendo sobre a literatura e as
outras manifestações artísticas e culturais, inclusive aquelas de caráter eminentemente técnico?
Se este legado existe, é porque a cultura popular é algo muito mais rico do que podemos imagi-
nar.
Popular é, portanto, uma manifestação cultural de caráter universal, nascida de modo espontâ-
neo e totalmente indiferente a tudo que seja imposto pela cultura oficial. Também não pode ser
entendido como sinônimo de regional, pois isto eliminaria a tendência universalizante das mani-
festações populares. Quer dizer, as criações populares não conhecem normas nem limites. Elas
estão acima de qualquer tipo de aprovação social.
O conto popular, embora tenha um caráter universal, seja uma criação coletiva e tenha vivido
muito tempo graças à transmissão oral, apresenta um modo narrativo que o singulariza diante de
outros tipos de narrativas. Com isso, é possível dizer que o conto popular é um gênero narrativo
que desenvolve traços que se repetem em histórias criadas nos mais variados locais e épocas. Suas
características composicionais não conhecem fronteiras de tempo nem de lugar.”
56 MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo, Scipione, 1994. p. 28.
144. UFMS O termo popular, tal como aparece no texto, pode ser associado à(s) seguinte(s)
características(s):
01. indiferença às imposições da cultura oficial;
02. tendência à universalização;
GABARITO
57 como cidadãos mas como pessoas’ e, conseqüentemente, deve-se garantir ‘simultaneamente tanto
o respeito às liberdades políticas e do espírito, como a realização dos postulados da justiça soci-
al’.”
146. I.E. Superior de Brasília-DF Julgue os itens a seguir, de acordo com a leitura, com-
preensão e interpretação textuais.
( ) A Organização dos Estados Americanos foi criada especificamente para proteger
os direitos fundamentais do homem.
( ) A concessão dos direitos civis à mulher enquadra-se no âmbito dos direitos humanos.
( ) As obrigações do Estado não se limitam ao campo da cidadania.
( ) O preconceito sexual ou religioso enquadra-se no campo das liberdades políticas.
( ) Infere-se do texto que os direitos da mulher estão dissociados dos direitos do homem.
INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto a seguir e julgue os itens das questões 147 e 148:
“Invasão de língua estrangeira tem várias razões. Uma é o prestígio. O inglês avançou nas nossas
fronteiras porque é falado pela maior potência do planeta, que vende como ninguém sua música,
GABARITO
seu cinema, sua televisão, sua literatura, sua tecnologia e o american way of life. Outra é a recepti-
vidade. Nós, já dizia Gláuber Rocha, temos complexo de vira-lata. O que vem de fora é melhor.
(...) Hoje aportuguesamos termos que nem sonhavam figurar no Aurélio. A informática serve de
exemplo. Deletar tomou a vez do velho apagar. Printar expulsou o imprimir. Startar cassou o
começar. É isso. Quem não aderiu se tornou out. Que corra atrás do prejuízo. Peça help. E vire in.“
SQUARISI, Dad. Revista Exame, 18 de nov. 1998, p. 170.
148. UFMT
( ) O aportuguesamento do vocabulário da informática em deletar, printar e startar é
meramente semântico.
( ) As expressões “se tornou out” e “vire in” significam respectivamente “estar por
fora” e “ficar por dentro”.
( ) O léxico do português brasileiro tem sido ampliado pela entrada e acomodação de
estrangeirismos.
Texto I
“Capítulo CVII (em que se declara que bicho é o que se chama preguiça):
Nestes matos se cria um animal mui estranho, a que os índios chamam “aí”, e os portugueses
preguiça, nome certo mui acomodado a este animal, pois não há fome, calma, frio, água, fogo,
nem outro perigo que veja diante, que o faça mover uma hora mais que outra; (...) e são estes
animais tão vagarosos que posto um ao pé de uma árvore, não chega ao meio dela desde pela
manhã até as vésperas.”
SOUSA, Gabriel S. de. Tratado Descritivo do Brasil, 1587.
Texto II
“Festa da Raça
150. Uneb-BA
GABARITO
Texto I
“A um vigário de certa
freguesia, conhecido por ser muito ambicioso
o que o provérbio tantas vezes canta, Valha-vos; mas quem digo que vos valha?
que quem ousadamente se adianta Valha-vos ser um zote, e um canalha:
em vez de tosquear fica em pêlo? mixelo hoje de chispo,
Intentastes sangrar toda a comarca, ontem um passa-aqui do Arcebispo! (...)”
mas ela vos sangrou na veia d’arca,
MATOS, Gregório de. In: Senhora Dona Bahia – Poesia Satírica de Gregório de Matos.
Org. MENDES, Gleise F. Salvador: EDUFBA, 1996. p. 171-2.
Texto III
“ENCOURADO, de costas, grande grito, com o braço ocultando os olhos.
Quem é? É Manuel?
MANUEL
Sim, é Manuel, o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem-se todos, pois vão ser julgados.
JOÃO GRILO
Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma
grande figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me
engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel.
MANUEL
Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus,
de Senhor, de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode
se persuadir de que sou somente homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus.
GABARITO
JOÃO GRILO
Aquele Jesus a quem chamavam Cristo?
JESUS
A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê?
JOÃO GRILO
Porque... não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos
queimado.
BISPO
Cale-se, atrevido.
MANUEL
Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você foi um bispo indigno de
minha Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo já passou. Muita oportunidade teve de
exercer sua autoridade, santificando-se através dela. Sua obrigação era ser humilde, porque quan-
IMPRIMIR
to mais alta é a função, mais generosidade e virtude requer. Que direito tem você de repreender
João porque falou comigo com certa intimidade? João foi um pobre em vida e provou sua since-
ridade exibindo seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa admi-
ração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou.”
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 9 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972. p. 146-8.
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois,
60 senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia
é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas
que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando,
semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo,
como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de
idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os
amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos cam-
pos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas
crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita
vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior, é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida
antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu
muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira.
Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar,
jardinar e ler; como bem e não durmo mal.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me
escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças
necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos subúrbios menos seca que as memórias do
padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas
GABARITO
como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-
me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da
pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,
como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras ?...”
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar 1971, v. 1, p. 810-11.
151. UFF-RJ “A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos
que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de
memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira.”
Em relação à posição do narrador, expressa no fragmento acima, conclui-se que:
a) A narrativa é feita a partir das mesmas idéias sobre si que o narrador possuía no mo-
mento mesmo em que os episódios da vida antiga ocorreram.
b) O narrador aspira a uma reconstrução textual do passado, ignorando o ponto de vista
IMPRIMIR
153. UFF-RJ O narrador do texto pouco aparece e menos fala, não tem amigos de longa data,
e tenta, com certo humor, “atar as duas pontas da vida”, em sua narrativa.
Assinale a Opção em que, através de outra linguagem – o cartum –, percebe-se um certo
humor semelhante ao que constitui o texto de Machado de Assis, sobretudo no seguinte
trecho:
“Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que
61 perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante
à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz
nas autópsias; o interno não agüenta tinta.”
a)
b)
c)
GABARITO
d)
e)
IMPRIMIR
Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos
beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de
pau, que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio
e os dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua
própria cor e metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques. Ali
andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos,
compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras
que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.
Esta terra, Senhor me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até a outra ponta que
contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem
62 vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras,
delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.
De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber
que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos Porém a terra em
si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste
tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo, por bem das águas que tem.”
Carta de Pero Vaz de Caminha in: ROBERTO, Paulo Pereira (org.)
Os três únicos testemunhos do descobrimento do Brasil.
Rio de Janeiro: Lacerda, 1999, p 39-40.
Vocabulário:
1. “espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha”:
associação de imagem com a tampa de um vasilhame de couro, para transportar água ou vinho,
que recebia o nome de “espelho” por ser feita de madeira polida.
2. “tintura preta, a modos de azulada”: é uma tintura feita com o sumo do fruto jenipapo.
3. “escaques”: quadrados de cores alternadas como os do tabuleiro de xadrez.
4. “parma”: lisa como a palma da mão.
GABARITO
154. UFF-RJ Assinale o fragmento que representa uma retomada modernista da Carta de
Pero Vaz de Caminha.
a) “O Novo Mundo nos músculos / Sente a seiva do porvir”. (Castro Alves).
b) “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá” (Gonçalves Dias).
c) “A terra é mui graciosa / Tão fértil eu nunca vi.” (Murilo Mendes).
d) “Irás a divertir-te na floresta, / sustentada, Marília, no meu braço” (Tomás Antônio
Gonzaga)
e) “Todos cantam sua terra / Também vou cantar a minha” (Casimiro de Abreu).
IMPRIMIR
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
5 E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
10 E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
15 as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
63 Que de nós as muito olharmos
20 Não tínhamos nenhuma vergonha”
ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 80.
156. U.F. Pelotas-RS Na imprensa brasileira, por ocasião das eleições de 1994, a UNICEF e a
Fundação Odebrecht, sob o título “Você acha normal que uma criança carente fracasse na esco-
la? Nós não.”, advertem os eleitores a respeito do cuidado com a escolha dos seus candidatos.
“Os altos índices de repetência escolar só não são mais perversos que o conformismo de nossa
sociedade com esse absurdo que está presente, de modo significativo, entre as classes sociais mais
ricas e, de modo esmagador, entre as classes mais pobres.
A verdade é que o fracasso na escola passou a ser encarado de forma tão natural que agora já
GABARITO
faz parte da nossa cultura, de forma tão natural quanto a chuva, o sol, o calor e o frio. (...)
O pior é que a responsabilidade da cultura da repetência é atribuída, via-de-regra, quase sempre às
duas grandes vítimas desse monstrengo caótico que virou o ensino brasileiro: a criança e o professor. (...)
A vontade política e a criatividade do povo comprovam, em algumas experiências, que é possí-
vel o Brasil mudar esse quadro.
Estamos às vésperas de uma eleição e o nosso voto pode contribuir decisivamente para que a
escola volte a ser a grande solução do Brasil e deixe de ser apenas mais um problema.”
global, por “como o fracasso na escola passou a ser encarado de forma muito natural,
agora já faz parte de nossa cultura”.
c) A expressão “duas grandes vítimas desse monstrengo caótico” remete a termos poste-
riores a ela.
d) As expressões “volte a ser” e “deixe de ser” levam, respectivamente, à dedução de que
a escola já foi a grande solução do Brasil e de que há necessidade de que não seja mais
um problema.
e) O conformismo de nossa sociedade é menos perverso que os altos índices de repetên-
cia escolar.
“Gênio da selva
Apetite favorece a inteligência
Quando se fala em bicho inteligente, a primeira palavra que vem à cabeça é o chimpanzé. Não
é para menos. Parente mais próximo do homem, esse macaco africano consegue aprender por
observação, usar ferramentas e se reconhecer no espelho.
Os macacos-pregos pertencem a um grupo menos evoluído de primatas, o dos macacos do
Novo Mundo. Apesar da distância, são muito mais parecidos com seus primos de terceiro grau da
África do que com seus conterrâneos, como o macaco-aranha e o muriqui. “Eles podem andar
sobre duas patas e também são perfeitamente capazes de aprender por observação”, ressalta o
etólogo Eduardo Ottoni, da Universidade de São Paulo.
As razões desse desenvolvimento cognitivo só começaram a ser compreendidas muito recente-
mente. Duas delas são fisiológicas. A primeira é o tamanho do cérebro, proporcionalmente maior
nesses micos do que nos outros macacos americanos. A outra é o chamado polegar pseudo-
opositor, que dá uma destreza enorme ao animal. Ele consegue pescar, abrir latas e frutas e
escavar a terra movido pelo ímpeto de encontrar comida.
64 O apetite insaciável, aliás, é marca registrada dos espertos macacos-prego. Onívoros de carteiri-
nha, eles são capazes de procurar comida nos lugares mais improváveis. Para comer coquinhos,
seu prato preferido, usam uma ferramenta: ajeitam o fruto cuidadosamente numa pedra e jogam
uma outra em cima, com força. Se não houver frutas nem insetos à mão, eles mudam a dieta e
podem atacar plantações ou mesmo assaltar casas.
Foi isso o que aconteceu em Fernandópolis, interior de São Paulo, em fevereiro de 1999. A
população da cidade entrou em pânico com uma misteriosa quadrilha que aproveitava a ausência
dos moradores para roubar comida. O caso foi resolvido em março, quando a Polícia Florestal
prendeu, em flagrante, um bando bem organizado de 55 micos assaltantes. Os coitados haviam
sido soltos numa mata na vizinhança da cidade, depois que o zoológico municipal fechou, e
estavam com fome. Tiveram de apelar para o crime.
A sociedade dos micos também é mais democrática que a média. Os outros primatas normal-
mente se organizam em torno de um macho dominante que controla o abastecimento do grupo.
Entre os macacos-prego o poder é diluído. “Não existe um único líder no bando. As chefias são
formadas por até três animais”, diz Eduardo Ottoni. Os mandachuvas dividem a própria comida
com os seus subordinados. “São os únicos, além do homem e do chimpanzé, capazes de partilhar
alimento”, observa Ottoni.
Sem precisar disputar o coquinho de cada dia a mordidas, sobra tempo para atividades sociais e
para cultivar amizades. Com relações tão complexas, o macaco-prego só podia mesmo ser um
GABARITO
de poder e liderança.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Maria Maria
159. AEU-DF
Julgue os itens abaixo, em relação à compreensão e à interpretação do texto.
( ) Machado de Assis, em seu texto, propõe a mediação, por intermédio dos escritores,
entre a tradição e a modernidade.
( ) Conquanto reconheça a necessidade de atualização da língua, o autor se opõe à
IMPRIMIR
161. UnB-DF
“Um grupo de alunos de uma escola de propaganda e marketing recebeu a tarefa de criar
textos publicitários a partir de fragmentos de textos da literatura brasileira. Para isso, o grupo
escolheu fragmentos que apresentam temáticas e enfoques diferenciados da realidade sociocul-
tural, econômica ou política nacional, identificados abaixo.”
Fragmento I
Procuremos, porém, neste intricado caldeamento a miragem fugitiva de uma sub-raça, efêmera
talvez. Inaptos para discriminar as nossas raças nascentes, acolhamo-nos ao nosso assunto. Defi-
namos rapidamente os antecedentes históricos do jagunço.
Ante o que vimos a formação brasileira do norte é mui diversa da do sul. As circunstâncias
66 históricas, em grande parte oriundas das circunstâncias físicas, originaram diferenças iniciais no
enlace das raças, prolongando-as até ao nosso tempo.
A marcha do povoamento, do Maranhão à Bahia, revela-as.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa. vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 162.
Fragmento II
“Quadrante que assim viemos, por esses lugares, que o nome não se soubesse. Até, até. A
estrada de todos os cotovelos. Sertão, - se diz - o senhor querendo se procurar, nunca não encon-
tra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem. Mas, aonde lá, era o sertão
churro, o próprio, o mesmo. Ia fazendo receios, perfazendo indagação. Descemos por umas gro-
tas, no meio de serras de parte-vento e suas mães árvores.”
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Apud SANTOS, Volnir e Adão E. Carvalho. Literatura brasileira. 3ª ed. porto Alegre:
Sulina. 1997. p. 158.
Fragmento III
“E se eu lhe disser que vossa História está toda escrita, em magnífico resumo, na face e nas
vidas das gentes que hoje se acham no réveillon do Comercial? E se eu vos assegurar que neste
clube se agita uma espécie de microcosmo do Rio Grande? (...) Ali estão dois representantes do clã
pastoril, os senhores de terras e gados, muitos deles descendentes dos primeiros sesmeiros...”
VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o vento. Apud Sergius Gonzaga.
Manual de literatura brasileira, 5ª. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1989. p. 227.
GABARITO
Fragmento IV
“Agora estamos fartos de aventuras exóticas e mesmo de adjetivos clássicos e é possível dizer que este
foi o último aventureiro exótico da planície. Um aventureiro que assistiu às notas de mil réis acenderem os
charutos e confirmou de cabeça que a lenda requentou. Depois dele: o turismo multinacional.”
SOUZA, Márcio. Galvez, o imperador do Acre. 12ª ed. Rio de Janeiro: Marco Zero. 1984. p. 13.
Fragmento V
“E mais! Um país de povo alegre, festeiro, que dribla todas as dificuldades com o célebre jeiti-
nho, um país feliz! E mais! Um povo que nunca enfrentou guerras, nem pestes, nem vulcões, nem
terremotos, nem furacões, nem lutas fratricidas. E mais! Um povo que convive em amenidade e
cortesia, um povo prestativo, de coração bondoso, em que todas as cores e raças se misturam
livremente, pois desconhece o preconceito racial, visto que aqui o preconceito é econômico.”
RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Record. 1984. p. 626.
IMPRIMIR
Em cada um dos itens seguintes, julgue se o(s) fragmento(s) acima poderia(m) subsidiar
a elaboração de um texto publicitário com a temática apresentada abaixo.
( ) fragmento II ( ) fragmento V ( ) fragmento I e III ( ) fragmento II e IV
– integração nacional, pela abertura de rodovias.
– divulgação de qualidades do país com vistas à atração de turistas para a festa de
comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil.
– valorização das idiossincrasias regionais.
– lançamento de uma fábrica brasileira de cigarros.
Por essas e outras é que é mesmo um equívoco esta querela, ressuscitada a cada geração, entre
novos e velhos.
Quanto a mim, jamais fiz distinção entre uns e outros. Há uns que são legítimos e outros que
são falsificados. Tanto de um como de outro grupo etário.
Porque na verdade a sandice não constituiu privilégio de ninguém, estando equitativamente
distribuída entre novos e velhos, em prol do equilíbrio universal.
E, além de tudo, os novos significam muito mais do que simples herdeiros: embora sem saber,
embora sem querer, são por natureza os nossos filhos naturais.”
163. AEU-DF-Modificada
Julgue os itens abaixo, em relação à compreensão e à interpretação do texto.
( ) Para Mário Quintana, apesar de equivocada, é latente a contenda entre novos e
velhos poetas.
IMPRIMIR
Texto I
“Fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha
... a terra em si, é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho,
porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas.
De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que
tem.”
Texto II
“Carta de Pero Vaz
(Murilo Mendes)
A terra é mui graciosa, Tem macaco até demais.
Tão fértil eu nunca vi. Diamantes tem à vontade,
A gente vai passear, Esmeralda é para os trouxas.
No chão espeta um caniço, Reforçai, Senhor, a arca,
No dia seguinte nasce Cruzados não faltarão,
Bengala de castão de oiro. Vossa perna encanareis,
Tem goiabas, melancias, Salvo o devido respeito.
Banana que nem chuchu. Ficarei muito saudoso
Quanto aos bichos, tem-nos muitos, Se for embora daqui.”
164. UFPB-PSS Após a leitura dos textos I e II, verifica-se que Murilo Mendes ironiza a
exaltação da terra feita por Caminha. Essa ironia é traduzida claramente pelo(s) verso(s):
a) A terra é mui graciosa, c) Tem goiabas, melancias,
Tão fértil eu nunca vi. Banana que nem chuchu.
b) No chão espeta um caniço, d) Diamantes tem à vontade,
No dia seguinte nasce e) Quanto aos bichos, tem-nos muitos,
Bengala de castão de oiro.
165. UFPB-PSS A intertextualidade é a relação que ocorre entre dois ou mais textos. Essa
relação pode dar-se em forma de paráfrase ou de paródia. O corpo do texto é uma pará-
frase da Carta de Caminha pois:
I. apesar da leve mudança no estilo, confirma a visão de Caminha sobre a terra desco-
IMPRIMIR
berta;
II. faz críticas explícitas ao aspecto ufanista da Carta;
III. mantém o mesmo olhar positivo de Caminha sobre o futuro da terra brasileira;
IV. embora escrita no mesmo estilo, critica de modo disfarçado a visão de Caminha so-
bre a terra descoberta.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
a) I, II e III. b) I e III. c) I. d) II e IV. e) III e IV.
“É próprio da natureza humana olhar o passado com melancolia, como se o bom e o interes-
sante não tivessem presente, nem futuro. Nessa operação mental, até o ruim de outrora ganha
uma aura mágica, como demonstram os relatos das décadas de 60 e 70. Em suas reminiscências,
a passagem do saudosismo para a mitificação é instantânea.”
167. Unifor-CE
I. Os relatos das décadas de 60 e 70 limitam-se a um registro dos fatos sociais mais notáveis.
II. Existe um tipo de operação mental capaz de transfigurar os acontecimentos do passado.
III. Entre o saudosismo e a mitificação não há distância.
A respeito dos enunciados acima, está correto o que se afirma somente em:
69 a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.
170. Unifenas
GABARITO
“O Relógio
Diante de coisa tão doída Ser é apenas uma face
conservemo-nos serenos. Do não ser, e não do ser.
Cada minuto de vida Desde o instante em que se nasce
Nunca é mais, é sempre menos. já se começa a morrer.”
Cassiano Ricardo.
“Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de
começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que
tomei foram inutilizadas e, assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais
difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas
forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como
adiante se verá. Também me afligiu a idéia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os
nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro
uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verda-
deira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras
contestáveis e obliteradas?
Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim, os hábitos de um decênio de arrocho, me
impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de
arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos-de-fé. Em
geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas,
e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não have-
rem forjado coisas excelentes por falta de liberdade – talvez ingênuo recurso de justificar
inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sinta-
xe e acabamos às voltas com a delegacia de Ordem Política e Social, mas nos estreitos limites
a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível achar-
mos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores de sus-
tentáculos dela, indulgentes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinam-
bá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes,
70 ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o
desejo de entregar-nos a esse exercício.”
Graciliano Ramos.
171. Unifor-CE O autor enumera razões que justificam um silêncio de dez anos. Entre elas,
é incorreta:
a) existia uma censura prévia, que o impediria de publicar seu livro, caso o escrevesse;
b) julgava-se incapaz de colocar num livro os acontecimentos que vivenciara;
c) sentia-se desautorizado a relatar fatos sobre pessoas reais e identificá-las por seu ver-
dadeiro nome;
d) perdera as anotações que havia feito, com intenção de dar veracidade aos fatos;
e) tencionava prender-se aos fatos, como realmente haviam ocorrido, sem romanceá-los.
173. Unifor-CE O autor situa num mesmo plano, como limites à liberdade de expressão,
principalmente escrita:
IMPRIMIR
Marido apaixonado desconfia que a mulher, linda, o trai com um amigo. A mulher é honesta, o
amigo é sincero, mas o marido só enxerga à sua volta indícios da traição inexistente. Por fim, trans-
tornado, mata a mulher e se mata. A tragédia, no seu cruel desenrolar, é velha como o mundo.
Assim foi descrita magistralmente por William Shakespeare, no século XVII, no texto em que Otelo,
o general mouro, mata a doce Desdêmona. Antes dele e depois dele, homens e mulheres mataram
(e matam) pelo mesmo motivo: o ciúme, um sentimento insano, paranóico, doente, insuportável
para quem sente e doído, perigoso, para quem é alvo dele. A morte é uma atitude extrema, mas as
tragédias clássicas acabam sendo a melhor tradução para a força destruidora e devastadora desse
sentimento. A realidade, o verniz civilizatório ou, simplesmente, a sobrevivência do bom senso mes-
mo que o cotovelo doa colocam freios em boa parte das pessoas que dele sofrem – por isso, e só por
IMPRIMIR
isso, as ruas não estão coalhadas de corpos adúlteros ou apaixonados desprezados. (...)”
Veja: 14/06/2000.
“(minuano)
A chuva escorre na vidraça: na rua o vento uiva.
E geme, na árvore dobrada.
Lembrança – o vento pertence ao campo.
Uma rês geme, vagabunda, gotejante: o vento a corta, como faca.
Estranha faca: gelo e água.
O vento nasce e morre no horizonte: o mundo é redondo.
E no entanto o tempo passa:
Do campo, o vento chega arrefecido na cidade.
Protegido no copo de conhaque, divirto-me como os desenhos abstratos Que desenha em
gotas na vidraça.
E no entanto o vento uiva, mesmo na cidade: tem presente seu passado. Mais estranho: o
mundo é redondo, o vento nasce e morre no horizonte;
72 E sempre prossegue rumo ao norte.”
Flávio Aguiar.
179. USU-RJ Marque a opção que apresenta a palavra que primeiro marca o tempo no poema:
a) chuva. b) lembrança. c) vento. d) nasce. e) passa.
180. Univali-SC
As boas iniciativas que transformam o ritual de entrada na faculdade num momento feliz.
GABARITO
Há caminhos suaves para abolir o trote violento. Em todo o país começa a vir à tona uma série de
boas idéias que pode transformar o ritual de entrada na universidade um momento agradável – e
não em festivais de estupidez. Há 15 dias, alunos do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da
Universidade Veiga de Almeida, do Rio de Janeiro, levam os calouros para a rua e, unidos, promove-
ram o “trote solidário”. Ninguém precisou pedir dinheiro na esquina ou teve os cabelos pintados.
Para participar da festa, os calouros só precisaram levar 1 quilo de alimento não perecível. Arre-
cadou-se mais de 200 quilos, que serão doados para obras sociais. (...) A solução encontrada pela
UERJ foi transformar o trote em atividade cívica. Em vez de cumprir tarefas vexatórias, os calouros
ensinaram crianças de favelas a escovar dentes, como fizeram os alunos de Odontologia no ano
passado, ou recolher lixo nas praias, tarefa dos novatos de Oceanografia.
Em outros estados há iniciativas de trote solidário semelhantes ao da UERJ. Escolas como a FGV, a
Faculdade de Economia e Administração (FEA) e a PUC, todas de São Paulo, transformaram a recepção
em coleta de sangue. O hemocentro de São Paulo recebeu, no início do ano, 3.427 bolsas de sangue.”
VIEIRA, Marceu - Época, 26 de abril de 1999.
IMPRIMIR
“... são apresentadoras dos programas infantis, destinados às crianças. São apresentadoras
medíocres interessadas apenas em ensinar a dança da bundinha, a dança da garrafa, essas coisas
constrangedoras para um país que se diz sério e pretende crescer a começar por sua infância.
Então fica assim: de um lado, a grande legião de crianças abandonadas à própria sorte neste país
absurdo; e, de outro lado, as outras crianças que têm casa, têm família, que ficam diante da
televisão vendo as representantes da inconseqüência nesse vale-tudo sombrio.”
Revista Caros Amigos - março de 1999.
Lygia – texto de Álvaro de Alves de Faria.
182. UnB-DF Julgue os itens que se seguem, a respeito da organização das idéias do texto.
( ) O texto “ainda que” confere à oração subordinada uma idéia de conseqüência e
admite ser corretamente substituído por já que.
( ) Na linha 4, o termo “muito”, que intensifica “poucos” e “poucas”, é uma palavra
invariável quanto a gênero e número.
GABARITO
“Confissões de Gisele Bündchen para o editor-chefe da revista Ícaro Brasil, Mac Margo-
lis, no Bubby’s, em Nova York
IMPRIMIR
Trabalho e prazer. No começo eu confesso que trabalhava mais pelo dinheiro. Com o tempo,
comecei a levar o trabalho numa boa. Num dia, você tem que ser sexy, no outro, ingênua e,
depois, maluquete. Hoje uma soldada na guerra, amanhã uma perua no shopping. É como vida
de atriz, só que o palco é a capa da revista, a passarela.
E depois? Daqui a cinco anos, penso em cair fora. Não quero trabalhar para sempre. Quero
voltar ao Brasil, casar, ter filhos e uma fazenda. Quero aprender com a indústria da moda, não me
destruir com ela.”
Ícaro Brasil, 1/2000 (com adaptações).
“O trecho abaixo foi retirado dos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – ENSINO MÉDIO (Brasí-
lia, DF: Ministério da Educação. 1999, p. 133-4). Leia-o, com atenção, e responda à questão proposta.
Qualquer inovação tecnológica traz certo desconforto àqueles que, apesar de conviverem com
ela, ainda não a entendem. As tecnologias não são apenas produtos de mercado, mas produtos
de práticas sociais. Seus padrões são arquitetados simbolicamente como conteúdos sociais, para
depois haver uma adaptação mercadológica.
As tecnologias da comunicação e informação não podem ser reduzidas a máquinas; resultam de
74 processos sociais e negociações que se tornam concretas. Elas fazem parte da vida das pessoas; não
invadem a vida das pessoas. A organização de seus gêneros, formatos e recursos procura reproduzir as
dimensões da vida no mundo moderno, o tempo, o espaço, o movimento: o mundo plural hoje vivido.
Novos modos de sentir, pensar, viver e ser, construídos historicamente, se mostram nos proces-
sos comunicativos derivados das necessidades sociais.
Cabe à escola o esclarecimento das relações existentes, a indagação de suas fontes, a consciên-
cia de sua existência, o reconhecimento de suas possibilidades, a democratização de seus usos.”
185. UFGO Leia a mensagem publicitária abaixo, publicada em O Popular, em 1º ago. 1999.
“Faz parte de nossa tradição tomar mate. Chimarrão é o mate cevado, sem açúcar, regado a água
quente. Tereré é o refresco, bem gelado. De acordo com o clima, passa-se do chimarrão ao tereré.
Para tomar mate é necessário adquirir-se uma cuia, morena e matuta, uma bomba ou bombilha
e a erva moída, tudo semelhante a “um coração verde com uma artéria de prata”, conforme
186. UFMS Marque a(s) alternativa(s) que NÃO está(ão) de acordo com o texto.
01. O mate é o principal ingrediente tanto do chimarrão quanto do tereré.
02. As duas bebidas – o chimarrão e o tereré – são tomadas sempre durante o dia, com
sol forte e poeira envolvendo tudo.
GABARITO
04. Os serviços de uma bugra para “carregar mate” são indispensáveis, senão a erva
pode azedar.
08. A expressão na hora do quiriri, tal como aparece no 6º (sexto) parágrafo, pode ser
associada à chegada da noite.
16. O uso de palavras ou expressões em guarani faz parte de um ritual mágico inerente à
tradição.
32. O que importa realmente para quem toma mate não são as condições atmosféricas,
mas o espírito de serenidade e união que se cria entre os participantes.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
Leia os textos que seguem. Eles servirão de base para as questões 188 e 189:
Texto I
“(...)
Esse negócio de língua estrangeira em país colonizado é fogo. A começar que a nossa língua
oficial, o português, nós a recebemos do colonizador luso, o que foi uma bênção. Imagina se,
como na África, nós tivéssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, então, se fosse
realidade a falada “língua geral” dos índios, que alguns tentaram, mas jamais conseguiram impor
como língua oficial do brasileiro. Mesmo porque as tribos indígenas que povoaram e ainda rema-
nescem pelos sertões, cada uma fala o seu dialeto; o pataxó, por exemplo, não tem nada a ver
com o falar dos amazônicos; pelo menos é o que informam os especialistas.
Mas, deixando de lado os índios que nós, pelo menos, pretendemos ser, falemos de nós, os
76 brasileiros, com o nosso português adaptado a estas latitudes e língua oficial dos nossos vários
milhões de nativos. Pois aqui no Brasil, se você for a fundo no assunto, toma um susto. Pegue um
jornal, por exemplo: é todo recheado de inglês, como um peru de farofa. Nas páginas dedicadas
ao show business, que não se pode traduzir literalmente por “arte teatral”, tem significação mais
extensa, inclui as apresentações em várias espécies de salas, ou até na rua, tudo é show. E o leitor
do noticiário, se não for escolado no papo, a todo instante tropeça e se engasga com rap, punk,
funk, soap-opera, etc., etc. Cantor de forró do Ceará, do Recife ou Bahia só se apresenta com seu
song book, onde as melodias podem ser originalmente nativas, mas têm como palavras-chave
esse inglês bastardo que eles inventaram e não se sabe se nem os próprios americanos entendem.
No esporte é a mesma coisa, ou pior. Já que os nossos esportes foram importados (até a palavra
que os representa – sport – é inglesa). O meu querido ministro Pelé tenta descaracterizar o neolo-
gismo, chamando-o de ‘desporto’. Mas não pega.
Verdade que o jornalismo esportivo procura aclimatar o dialeto, traduzindo como pode os no-
mes importados – goal keeper já é goleiro, back é beque, e há traduções já não tão assimiladas
que ninguém diz mais senão “centroavante”, “meio-de-campo”, etc. Engraçado nós sermos um
país tão apaixonado por esporte, especialmente o futebol (não mais foot-ball), e nunca fomos
capazes de inventar nenhuma modalidade de peleja esportiva. Os índios têm lá os jogos deles,
mas devem ser chatos ou difíceis, já que a gente não os conhece nem de nome. Ficamos nas
adaptações tipo “futevôlei”, que, pelo menos, é engraçado.”
GABARITO
Rachel de Queiroz.
Texto II
190. UFSE
191. U. Salvador-BA
192. Uneb-BA
Texto I
“O sujeito fez sinal aos dois urbanos, que o acompanharam logo, e encaminharam-se todos
para o interior da casa. Botelho, à frente deles, ensinava-lhes o caminho. João Romão ia atrás,
pálido, com as mãos cruzadas nas costas.
Atravessaram o armazém, depois um pequeno corredor que dava para um pátio calçado, e
chegaram finalmente à cozinha. Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de
cócaras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela
aquele grupo sinistro.
Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o
corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de
quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria
IMPRIMIR
era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.
Os polícias, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza, então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.”
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de
sangue.”
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: FTD, 1993. p. 229-30.
193. UFPE
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 9ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.
“Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
194. U.F. Juiz de Fora-MG Assinale o verso que melhor o explica o título do poema:
a) “Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.”
b) “Noventa por cento de ferro nas calçadas.”
c) “este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval.”
d) “de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.”
195. U.F. Juiz de Fora-MG Assinale a alternativa que melhor expressa uma relação de causa
e conseqüência:
a) “Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.”
b) “Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!”
c) “Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”
GABARITO
197. PUC-RJ
Texto 1:
IMPRIMIR
“Já era tarde. Augusto amava deveras, e pela primeira vez em sua vida; e o amor, mais forte que
seu espírito, exercia nele um poder absoluto e invencível. Ora, não há idéias mais livres que as do
preso; e, pois, o nosso encarcerado estudante soltou as velas da barquinha de sua alma, que voou,
atrevida, por esse mar imenso da imaginação; então começou a criar mil sublimes quadros e em
todos eles lá aparecia a encantadora Moreninha, toda cheia de encantos e graças.
Viu-a, com seu vestido branco, esperando-o em cima do rochedo, viu-a chorar por ver que ele
não chegava, e suas lágrimas queimavam-lhe o coração.”
MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: Ática. 1997 p. 125.
Em ambos os textos, percebe-se a utilização de uma mesma temática mas com tratamen-
tos distintos. Explique, com suas próprias palavras, a concepção de amor presente nos
textos de Joaquim Manuel de Macedo e de Carlos Drummond de Andrade.
“Campo de Flores
Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus – ou foi talvez o Diabo – deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.
5 Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
80 Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.
Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
10 e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.
Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
15 imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer um vinho
20 ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.
E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
GABARITO
revelar amador.
32. “desgovernados” e “triunfantes” expressam estados de espírito experimentados pe-
los que amam.
64. “há que” indica possibilidade com relação à declaração anterior.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Tem coisa que se a gente que é uma das mais avançadas empresas de energia elétrica do
mundo não fala, ninguém fala.”
“Porque, no país do ‘homem cordial’, somos tão atabalhoados na etiqueta do celular? A mes-
82 ma pessoa que faz gentilezas e rapapés palra no aparelho diante de um grupo de amigos ou
clientes.”
Revista Veja, de 19/04/2000.
po de amigos ou clientes.”
e) “Por que, no país do ‘homem cordial’, ficamos tão perplexos na etiqueta do celular? A
mesma pessoa que faz gentilezas e lisonjas palavreia no aparelho diante de um grupo
de amigos ou clientes.”
204. Uniube-MG
“Um dos critérios básicos dos conquistadores europeus para se imporem sobre os colonizados foi
forçar o uso de sua língua. A língua materna é o bem mais caro a que um povo livre pode aspirar.
No caso do Brasil, nestes tempos neoliberais, vemos esse bem ser atingido em seu âmago, com a
proliferação das formas da língua inglesa imperando sobre as coisas mais simples do nosso dia-a-dia.”
IMPRIMIR
Texto 1
“A burguesia fede!
A burguesia quer ficar rica!
(...)
A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelo de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
Quer ir em Nova Iorque fazer compras.”
Burguesia, de G. Israel/Cazuza/E. Neves. In: Burguesia, LP 838 448-1, PolyGram, 1989.
Texto 2
“Você não faria a menor falta
206. F.M. Triângulo Mineiro-MG A idéia de falta de autenticidade à burguesia pode ser
comprovada pelo seguinte verso do texto 1:
a) “A burguesia fede!”
b) “Com suas perucas de cabelo de boneca.”
c) [A burguesia] “Quer ir em Nova Iorque fazer compras.”
IMPRIMIR
“Nunca esteve tão bom para nós, mulheres. Nem tão difícil.
Os salários não são iguais, as creches continuam insuficientes, o sexo é uma confusão total
entre o agir e o sentir, o trabalho é complicadíssimo em termos psíquicos para a mulher: fonte de
culpa e medos. Nunca foi tão difícil. Muito está colocado, mas tudo está por fazer. Esta é uma
hora para se parar e pensar.
Pensar pelo que brigamos até agora, o que conseguimos, onde fomos usadas pelo sistema, o
que deu errado, o que fazer de agora em diante. Sinto que existe todo um trabalho a ser feito de
conscientização feminina – pois o que se passa no Piauí não é o mesmo das grandes capitais – já
que as lutas não serão primordialmente mais no nível do “queremos”, “exigimos”, das passeatas,
mas da prática do obter e do ser. É uma luta mais intimista de um lado, fora dos jornais, mais
difusa na realidade.
A luta de base, de formiguinha, onde o confrontamento não será mais com a polícia e o gover-
no somente, mas basicamente com os companheiros de trabalho, amigos e marido.”
SUPLICY, Marta. Reflexões sobre o cotidiano. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1986. p. 124-5.
208. UFF-RJ Assinale a opção que transcreve a passagem do texto, cujo sentido correspon-
de ao fragmento de Marina Colasanti:
“Culpadas estão quase todas as que trabalham. Porque não estão em casa, onde sempre lhes
disseram que deveriam estar. Porque não estão coladas nos filhos. Porque não estão à disposição
dos maridos. Porque, cumprindo a sua vida, não se sentem cumprindo à perfeição aquelas que
são consideradas suas atribuições primordiais.”
COLASANTI, Marina. Mulher daqui pra frente. São Paulo: Linoart, 1981.
As questões 209 e 210 referem-se ao texto “Natal 1961”, abordado nas questões de 62 a 64.
212. Unifor-CE Muitas vezes, no campo da concordância, opera-se uma integração entre os
mecanismos gramaticais da Língua e a significação de palavras e expressões. Desse fato
resulta a substituição da concordância formal pela concordância ideológica. Denomina-
se silepse esse tipo de concordância.
Assinale a alternativa que contém silepse.
a) Alguém, participou do concurso e espera ser aprovado.
b) Vossa Senhoria demonstra ser a mais preparada das concorrentes.
c) Fomos ouvidos com atenção, o que nos deixa agradecidos.
85 d) Todos farão o possível para que as realizações correspondam à esperança geral.
e) Os escritores não desconhecemos as dificuldades daquele que escreve.
213. Unifor-CE O segmento em que uma metáfora está explicitada em outra metáfora é:
a) A vida estoura em bombas como também em dádivas de toda natureza.
b) O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália.
c) Não corta na verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida.
d) Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos.
e) Purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
“Eis uma definição ampla de tempo, extraída do Oxford English Dictionary: ‘Uma extensão
finita de uma existência contínua’. O lapso de tempo corresponde à expectativa média de vida
GABARITO
entre as mulheres (79 anos), por exemplo, ou do mosquito Anopheles (de 7 a 10 dias). ‘Uma das
primeiras coisas de que tomamos consciência quando nos tornamos conscientes é a passagem do
tempo’, diz David Ewing Duncan, autor de um livro sobre a evolução dos calendários. ‘A razão é
simples: nascemos e depois morremos, somos seres lineares.’ E cedo cedo incorporamos a cons-
ciência do tempo em nossa vida e em nossa cultura. Nosso linguajar cotidiano está cheio disto:
tempo de vida, bons tempos, maus tempos, há muito tempo que não o vejo, o tempo trabalha a
nosso favor, parece que foi ontem.”
Pode-se observar, da leitura do fragmento acima, a presença de algumas das muitas ex-
pressões lingüísticas nas quais o fator tempo aparece. É possível afirmar, com base nas
expressões suscitadas nas três últimas linhas do trecho, que:
a) “tempo de vida” e “o tempo trabalha a nosso favor” estão, ambas, no sentido denota-
tivo.
IMPRIMIR
b) “há muito tempo que não o vejo” e “parece que foi ontem” estão, ambas, no sentido
conotativo.
c) “bons tempos” está no sentido denotativo e “parece que foi ontem” no sentido conota-
tivo.
d) “tempo de vida” está no sentido conotativo e “maus tempos” no sentido denotativo.
e) “há muito tempo que não vejo” está no sentido denotativo e “bons tempos” no sentido
conotativo.
216. UFF-RJ
“Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a
prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los; purgai a sua alma
de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz.
Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão, fazendo-a crer que é rainha,
quando nada mais é que a escrava dos vossos caprichos. Não façais dela a mulher da Bíblia; a
mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela; nem muito menos a mulher da Idade
Média: da qual estamos todas tão distantes que não poder-nos-ia servir de modelo; mas a mulher
que deve progredir com o século dezenove, ao lado do homem, rumo à regeneração dos povos.
GABARITO
Guarde-se bem o homem de ter a mulher para seu joguete, ou sua escrava; trate-a como uma
companheira da sua vida, devendo ela participar de suas alegres e tristes aventuras; considere-a
desde o berço até seu leito de morte, como aquela que exerce uma influência real sobre o destino
dele, e por conseguinte sobre o destino das nações; dedique-lhe, por último, uma educação como
exige a grande tarefa que ela deve cumprir na sociedade como o benéfico ascendente do coração;
e a mulher será como deve ser, filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente
mãe.”
FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. Florianópolis / Santa Cruz:
Ed. Mulheres / Ed. da UNISC, 1997 p. 115-7.
A condição indispensável para que ocorra uma mudança no papel que a mulher exerce
como “filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe”, de
acordo com o texto, é:
IMPRIMIR
a) o homem exercer uma influência real sobre o destino dela e sobre o destino das na-
ções;
b) o homem guardar-se de tratá-la como companheira da sua vida, joguete ou escrava;
c) o homem vê-la como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dela;
d) o homem evitar vê-la como objeto e procurar tê-la como sua companheira de vida;
e) o homem ser a fonte das alegrias e desventuras dela, desde o berço até o leito de
morte.
“Antes de tudo a atenção médica como uma forma de relação entre pessoas é provida do
atributo mágico da afeição pela condição humana, prenhe de respeito e carinho pelo semelhante,
e repousa no preceito basilar do cristianismo: ‘ama a teu próximo como a ti mesmo’.”
Jornal do Conselho Federal de Medicina. Setembro/99.
87 218. Cesgranrio
melha é a última onda de luz que consegue cruzar a atmosfera e nos atingir, por isso o astro-rei
fica vermelho no pôr-do-sol. Por fim, o céu fica preto com a ausência de luz: não chega mais
nenhuma cor e nem se vê mais nenhum espalhamento, pois o Sol está abaixo do horizonte.”
Superinteressante - 1997.
“Falando em leitura...
Falando em leitura, podemos ter em mente alguém lendo jornal, revista, folheto, mas o mais
comum é pensarmos em leitura de livros. E quando se diz que uma pessoa gosta de ler, ‘vive
lendo’, talvez seja rato de biblioteca ou consumidor de romances, histórias em quadrinhos, foto-
novelas. (...) Sem dúvida, o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como
decodificador da letra. Bastará porém decifrar palavras para acontecer a leitura? Como explica-
ríamos as expressões de uso corrente ‘fazer a leitura’ de um gesto, de uma situação; ‘ler o olhar de
alguém’, ‘ler o tempo’; ‘ler o espaço’, indicando que o ato de ler vai além da escrita?
Se alguém na rua me dá um encontrão, minha reação pode ser de mero desagrado, diante de
uma batida casual, ou de franca defesa, diante de um empurrão proposital. Minha resposta a esse
incidente revela meu modo de lê-lo. Outra coisa: às vezes passamos anos vendo objetos comuns,
um vaso, um cinzeiro, sem jamais tê-los de fato enxergado; limitamo-los à sua função decorativa
ou utilitária. Um dia, por motivos os mais diversos, nos encontramos diante de um deles como se
fosse algo totalmente novo. O formato, a cor, a figura que representa, seu conteúdo passam a ter
sentido, melhor, a fazer sentido para nós.
Só então se estabeleceu uma ligação efetiva entre nós e esse objeto. E consideramos sua beleza
ou feiura, o ridículo ou adequação ao ambiente em que se encontra, o material e as partes que o
compõem. (...)
(...) Será assim também que acontece com a leitura de um texto escrito?
Com freqüência nos contentamos, por economia ou preguiça, em ler superficialmente, ‘passar
os olhos’, como se diz. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto mecânico
88 de decifrar os sinais. Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a uma experiência, uma
fantasia, uma necessidade nossa.
Reagimos assim ao que não nos interessa no momento. Um discurso político, uma conversa,
uma língua estrangeira, uma aula expositiva, um quadro, uma peça musical, um livro. Sentimo-
nos isolados do processo de comunicação que essas mensagens instauram – desligados. E a ten-
dência natural é ignorá-las ou rejeitá-las como nada tendo a ver com a gente. Se o texto é visual,
ficamos cegos a ele, ainda que nossos olhos continuem a fixar os sinais gráficos, as imagens. Se é
sonoro, surdos. Quer dizer: não o lemos, não o compreendemos, impossível dar-lhe sentido por-
que ele diz muito pouco ou nada para nós.
Por essas razões, ao começarmos a pensar a questão da leitura, fica um mote que agradeço a
Paulo Freire:
‘a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade
da leitura daquele’.“
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo, Ática. p. 7-10.
219. UFR-RJ Partindo-se das reflexões da autora, pode-se concluir que o ato de ler é, em
última análise, um:
a) gesto mecânico de decifrar sinais;
GABARITO
220. UFR-RJ “Ler não é uma atividade restrita ao ato de decifrar um código escrito. Ler é
interpretar. Neste sentido, a leitura é uma atividade que se constrói através de um diálogo
entre quem lê e o que é lido.”
Pode-se dizer que a afirmativa acima, em relação ao texto, está:
a) certa, pois a autora afirma que o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita;
b) errada, pois, para a autora, basta que se decifrem as palavras para acontercer a leitura;
IMPRIMIR
c) certa, pois, para a autora, o leitor é visto como um decifrador da letra se contenta em
ler superficialmente;
d) errada, pois, para a autora, só podemos ler textos escritos e esses textos precisam ter
uma relação direta com a nossa realidade;
e) certa, pois, para a autora, ainda que o indivíduo não saiba decodificar a escrita, ele
pode ser considerado leitor, na medida em que interpreta o que observa.
222. UERJ A escolha da figura humana no primeiro plano busca provocar no espectador a
seguinte atitude:
a) questionar a opção pelo tema; c) surpreender-se com o gesto do menino;
b) admirar a composição com o fundo; d) refletir sobre o desamparo da criança.
223. UERJ O fotógrafo, ao enquadrar o trem parado ao fundo, onde os refugiados se encon-
travam instalados, ressalta o contraste entre:
a) o metal e a terra; c) o progresso e a guerra;
b) o real e o imaginário; d) a infância e o mundo adulto.
GABARITO
IMPRIMIR
INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO I
1. V – F – V – V – F – F 49. 01
2. V – F – V – F 50. e
3. b 51. a
1 4. c
5. c
52. e
53. c
6. e 54. d
7. c 55. d
8. V – V – F – V 56. c
9. 54 57. 07
10. b 58. 56
11. b 59. 28
12. b 60. 34
13. b 61. 25
14. c 62. b
15. F – V – F – F – V – V 63. c
GABARITO
16. V – V – V – F – F 64. a
17. V – F – V – F – F 65. d
18. a 66. b
19. a 67. b
20. b 68. d
21. b 69. c
22. d 70. 05
23. c 71. c
24. b 72. d
25. a 73. V – V – V – F
26. c 74. V – V – V – F
27. V – V – F – F – V 75. V – F – F – F
28. V – V – F – F – F 76. F – V – V – V
29. b 77. a
30. b 78. b
31. c 79. e
32. b 80. a
33. a 81. d
34. d 82. a
35. c 83. e
36. V – V – F – V 84. b
37. F – V – V – V 85. d
38. V – F – F 86. b
39. a 87. b
40. c 88. e
41. 56 89. V – V – F – F – V
IMPRIMIR
42. d 90. V – V – F – V – F
43. d 91. V – V – F – V – F
44. c 92. V – V – F – V
45. b 93. V – F – V – F – V – F
46. c 94. V – V – F – F – V
47. F – F – F – V 95. V – V – F – V – F
48. 02 96. d
117. b
118. d
119. a) Narrativa.
b) O(s) dono(s) do cachorro.
- ou
O ser humano.
120. a) Julgamento pela aparência.
b) Uma dentre as frases:
• E o homem continua achando que um banho, um secador de cabelos e um perfume
disfarçam a hipocrisia, o animal desconfiado que tem dentro de nós.
• Julgamos os outros pela aparência, mesmo que tenhamos que deixar esta aparência
como melhor nos convier.
• Maquiada.
121. a) Agora surgiu uma nova.
- ou
Agora apareceu uma nova.
b) Uma dentre as reescrituras:
• As crianças enterram-no no fundo do quintal.
• As crianças o enterraram no fundo do quintal.
• As crianças enterraram o coelho no fundo do quintal.
122. a
123. c
124. V – F – V – V – V
125. F – F – F – V
126. V – F – V – F – V
IMPRIMIR
127. d
128. a
129. d
130. d
131. c
132. a
133. c
134. b
163. V – F – V – F – V 201. 04
164. b 202. c
165. c 203. b
166. c 204. a
167. e 205. e
168. c 206. b
169. a 207. a
170. a 208. d
171. b 209. e
172. e 210. d
173. a 211. e
174. e 212. c
175. a 213. e
176. b 214. d
177. a 215. a
178. e 216. d
179. b 217. b
180. d 218. c
181. d 219. c
182. F – V – V – F – F 220. e
183. V – F – V – F 221. a
184. 08 222. d
185. V – F – F – V 223. c
186. 22
IMPRIMIR
FUNÇ Õ E S DA
L IN G U A G E M E
L IN G U A G E M
F IG U R A D A
Texto para a questão 1.
“Desacordo no Acordo
1 Não esqueça dizer que, em 1888, uma questão grave e gravíssima os fez concordar também,
ainda que por diversa razão. A data explica o fato: foi a emancipação dos escravos. Estavam então
longe um do outro, mas a opinião uniu-os.
A diferença única entre eles dizia respeito à significação da reforma, que para Pedro era um ato
de justiça, e para Paulo era o início da revolução. Ele mesmo o disse, concluindo um discurso em
S. Paulo, no dia 20 de maio: “A abolição é a aurora da liberdade; esperemos o sol; emancipando
o preto, resta emancipar o branco.”
Natividade ficou atônita quando leu isto; pegou da pena e escreveu uma carta longa e mater-
nal. Paulo respondeu com trinta mil expressões de ternura, declarando no fim que tudo lhe pode-
ria sacrificar, inclusive a vida e até a honra; as opiniões é que não.
‘Não, mamãe; as opiniões é que não.’
— As opiniões é que não, repetiu Natividade acabando de ler a carta.
Natividade não acabava de entender os sentimentos do filho, ela que sacrificara as opiniões aos
princípios, como no caso de Aires, e continuou a viver sem mácula. Como então não sacrificar?...
Não achava explicação. Relia a frase da carta e a do discurso e tinha medo de o ver perder a
carreira política, se era a política que o faria grande homem. ‘Emancipado o preto, resta emanci-
par o branco’, era uma ameaça ao imperador e ao império.
Não atinou... Nem sempre as mães atinam. Não atinou que a frase do discurso não era pro-
priamente do filho; não era de ninguém. Alguém a proferiu um dia, discurso ou conversa, em
GABARITO
gazeta ou em viagem de terra ou de mar. Outrem a repetiu, até que muita gente a fez sua. Era
nova, era enérgica, era expressiva, ficou sendo patrimônio comum.
Há frases assim felizes. Nascem modestamente, como a gente pobre; quando menos pensam,
estão governando o mundo, à semelhança das idéias. As próprias idéias nem sempre conservam o
nome do pai; muitas aparecem órfãs, nascidas de nada e de ninguém. Cada um pega delas, verte-
as como pode, e vai levá-las à feira, onde todos as têm por suas.”
Esaú e Jacó. Cap. 37, pág 59 – 60.
“preto e branco.”
( ) “Trinta mil expressões de ternura”, caracteriza um hipérbato.
( ) “– As opiniões é que não, repetiu Natividade...” ilustra um discurso indireto.
( ) Atinar, conforme o dicionário Aurélio, significa: “descobrir pelo tino, pelo ra-
ciocínio, por conjetura ou por indício; acertar com; dar com; achar. “Essas defi-
nições encaixam-se perfeitamente à interpretação que Natividade deu ao contex-
to e à frase.
“Sem data
Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir
para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo.
‘Lá estão eles’, disse comigo.
Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro.
Aguiar estava encostado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda,
tinha os braços cruzados à cinta. Hesitei entre ir adiante ou desandar o caminho; continuei parado
alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na
atitude uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser
risonhos e mal se podiam consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos.”
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. In: Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1989.
“A Paz
1. Vieram famintos,
Desnudos,
Cansados.
Alforjes vazios,
5. Os olhos opacos,
Sentaram-se à mesa.
Vieram vestidos
De linho,
De seda.
10. Alforjes tão cheios
Os olhos tão ávidos,
Sentaram-se à mesa.
E ele chegou.
Na branca toalha,
15. Ao longo estendida,
Nem vinho, nem peixe,
Nem água, nem pão.
Olhou-os nos olhos,
3 Sentiu-lhes a fome,
20. Sentiu-lhes o frio,
Chamou-os meus filhos,
Serviu-lhes a paz.”
Neusa Peçanha.
“O sistema circulatório sangüíneo é um vasto e complexo circuito de vasos que tem como peça
principal o coração, pois é do seu trabalho que resulta a força propulsora que impulsiona o sangue
através de toda a rede vascular.”
“Esparadrapo
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Esparadrapo”, por exemplo. Quem
quebrou a cara fica mesmo com cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre
sentido, que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, ‘incunábulo*’.”
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro, Globo 1987 p. 83.
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu: berço] Adj. 1 – Diz-se do livro impresso até o ano de
1500./S.m. 2 – Começo, origem.
6. UFR-RJ A expressão “quebrar a cara” é largamente empregada na língua portuguesa com
sentido conotativo. O vocábulo que melhor traduz o emprego conotativo dessa expressão é:
a) fracassar; d) desanimar;
b) machucar-se; e) destruir.
c) desistir;
7. UFMS O texto literário utiliza a língua de maneira criativa e original; por isso, muitas
vezes, uma leitura nos surpreende, pois certas palavras e expressões apresentam signifi-
cados novos ou fora do comum, e devem ser entendidas no contexto em que se encon-
tram, sob pena de a compreensão do texto como um todo ficar prejudicada. Nesse senti-
do, a expressão fora às nuvens, na 1ª linha, indica que o Major ficara:
GABARITO
a) indiferente. d) enfurecido.
b) eufórico. e) meditativo.
c) envaidecido.
“Prodígio de humor e ironia, isento de qualquer traço idealizante, no romance não há lugar
para as tintas sentimentais e heróicas nem para o abuso de peripécias inverossímeis, tão do gosto
do romance romântico da época...”
WALDMAN, Berta. O romântico fruto de uma pisadela e de um beliscão,
em Memórias de um Sargento de Milícias, ed. citada.
IMPRIMIR
Indique a opção, cuja frase, retirada do texto acima, se vale do sentido como conotativo
da linguagem:
a) Este edifício tem como alicerce a vontade férrea de nossa gente...
b) Esta base, cremos, foi a formação moral herdada de nossos fundadores...
c) ... tem especial relevância a existência da imprensa livre...
d) ... onde cada um pudesse ter de acordo com suas capacidades e segundo suas necessi-
5 dades.
e) A continuação do exercício desta prática jornalística, da difusão da informação de
interesse público, de qualidade e com profunda afinidade com a realidade...
10. U. Alfenas-MG
11. PUC-PR Considerando apenas o sentido próprio, denotativo, e não o sentido figurado,
IMPRIMIR
( ) Os “solecismos” de que nos fala no texto, são os erros de grafia e de pronúncia das
palavras.
( ) “Divergência” não implica diferentes posturas diante do tema abordado por Ma-
chado.
( ) Por “no século de quinhentos”, entendemos os anos de mil e quinhentos.
( ) A expressão “ganham direito de cidade” alude à irrefutável inserção de novos ter-
mos na língua e sua conseqüente aceitação por parte de todos que a utilizam.
( ) Há silepse de pessoa em “nem tudo temos os modernos”.
GABARITO
13. UFF-RJ Assinale a opção em que os elementos grifados nos trechos a seguir exemplifi-
cam a figura de linguagem apresentada.
a) Paronomásia é o emprego de palavras semelhantes no som, porém de sentido diferen-
te. / “Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa.”
b) Eufemismo é uma substituição de um termo, pela qual se pode evitar usar expressões
mais diretas ou chocantes, para referir-se a determinados fatos. / “Os amigos que me
restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos
santos.”
c) Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de
membros da mesma frase, ou de dois ou mais versos. / “Ora, como tudo cansa, esta
monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar e 1embrou-me escrever um
livro.”
d) Metonímia é a designação de um objeto por palavra designativa de outro objeto que
IMPRIMIR
tem com o primeiro uma relação. / “O que aqui está é, mal comparando, semelhante à
pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo,
como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta.”
e) Onomatopéia é o emprego de palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa
significada. / “Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a
dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pe-
gasse da pena e contasse alguns.”
“Atenção ao Sábado
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e
alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de
manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em
mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar
cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um
homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos
tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado
era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não? No Rio
de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se
abre em rosa: o carro freia de súbito e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo
que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Então eu não digo nada,
aparentemente submissa. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo
de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu quero dizer.”
LISPECTOR, Clarice. Os melhores contos de Clarice Lispector. Seleção de Walnice Galvão, São Paulo, Global, 1997.
15. Univali-SC
“Paciência
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência”
Lenine.
GABARITO
16. F.M. Itajubá-MG “Motivos de alegria e de tristeza” – “... trancados na ilha do nosso
egoísmo”. Reconheça as figuras de linguagem que aparecem nestas duas frases.
a) ironia e hipérbole.
b) eclipse e paralelo.
c) antítese e metáfora.
d) ênfase e comparação.
e) contraste e alusão.
18. UFMS A conotação ocorre quando as palavras ganham, no texto em que estão inseri-
das, um outro sentido que se acrescenta ao seu sentido primeiro (sentido denotativo,
próprio, habitual). Sendo assim, identifique, entre os trechos abaixo, retirados do texto
de Raquel Noveira, aquele(s) em que há presença de conotação.
“Faz parte de nossa tradição tomar mate. Chimarrão é o mate cevado, sem açúcar, regado a água
quente. Tereré é o refresco, bem gelado. De acordo com o clima, passa-se do chimarrão ao tereré.
Para tomar mate é necessário adquirir-se uma cuia, morena e matuta, uma bomba ou bombilha
e a erva moída, tudo semelhante a ‘um coração verde com uma artéria de prata’, conforme
poema do gaúcho Aparício Silva Rillo.
O ideal é tomá-lo numa grande roda, sob um laranjal.
GABARITO
Se houver os serviços de alguma bugra para ‘carregar mate’, ótimo. ‘Carregar mate’ significa
alguém ficar segurando a chaleira, passar a cuia de uma mão para a outra, de uma boca para a
outra, respeitando a vez de cada um, a animação da prosa e o ritmo dos sorvos. Levar a chaleira lá
dentro para esquentar de novo quando a água começar a esfriar, para não azedar o mate.
É bom que haja no céu um sol bem vermelho e uma poeira cor-de-tijolo envolvendo tudo.
Se for na hora do quiriri e algumas estrelas perfurarem a tarde com suas pontas de lata, a
conversa será mais lenta.
Se alguém falar alguma frase, alguma palavra em guarani, como chê-kambá ou cunhataí, dará
mais sabor à erva.
Importante mesmo é que haja um clima de comunhão, de cachimbo da paz, tudo muito morno
e quente. (...)”
NOVEIRA, Raquel. O arado e a estrela. Campo Grande, Ed. UCDB, 1996. p. 23.
IMPRIMIR
20. Univali-SC Indique o item em que a figura de linguagem existente nas manchetes, reti-
radas de revistas de circulação nacional, está denominada corretamente entre parênteses:
a) “O pai do ciberespaço” – Isto é, 14/04/99 (PLEONASMO).
b) “A supermoeda murchou“ – Veja, 27/01/99 (METONÍMIA).
c) “A canoa furada dos impostos” – Veja, 30/06/99 (METÁFORA).
d) “Um passado escrito por pólen e lascas de madeira” – Superinteressante, agosto/99
(ANTÍTESE).
e) “O gigante e os anões” – Superinteressante, agosto/99 (PROSOPOPÉIA).
“...............
Dois homens tramando um assalto.
9 – Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho.
Engrossou, enche o cara de chumbo. Pra arejá.
– Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá.
– Tá com o berro aí?
– Tá na mão.
Apareceu um guarda.
– Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
– Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela feno-
menologia de Feurbach.
– Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18...
O guarda se afasta.
– O berro, tá recheado?
– Tá.
– Então vamlá.”
Luís Fernando Veríssimo.
GABARITO
22. UEMS A expressão “Tu traz o berro que nóis vemo rendê o caixa bonitinho”, poderia
ser substituída, sem mudar o sentido, em linguagem formal, por:
a) Você traz o revólver que nós vamos dominar o caixa bonito.
b) Me traga o revólver que nós vamos dominar facilmente o caixa.
c) Tu trazes o revólver que vais dominar o caixa.
d) Traga-me o revólver que vamos dominar de maneira bela o caixa.
e) Traga o revólver que vamos dominar facilmente o caixa.
24. U. Alfenas-MG
Na composição do excerto, o poeta emprega termos figurados por falta de palavras mais
apropriadas. A figura de linguagem em questão é a:
a) catacrese.
b) sinestesia.
c) metáfora.
10 d) metonímia.
e) perífrase.
“Happy End
o meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente”
GABARITO
26. UFR-RJ No fragmento “que bom passar a mão no som da percalina” percebe-se:
a) a correlação entre o sentido próprio e o sentido figurado das palavras;
b) relação de termos que consiste no uso do todo pela parte;
c) suavização de uma idéia através da substituição de uma palavra;
d) relação entre percepção de sentidos diferentes;
e) emprego de termos que se referem a conceitos contrários.
“Mestre do Coro
Quem te ensinô essa mandinga?
- Foi o nego de sinhá.
O nego custô dinhero,
dinhero custô ganhá,
Camarado.
Coro
Cai, cai, Catarina,
sarta de má, vem vê Dalina.
Mestre do Coro
Amanhã é dia santo,
dia de corpo de Deus
Quem tem roupa vai na missa,
quem não tem faz como eu.”
“O samba do Ernesto
O Arnesto nos convidô prum samba
Ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemos com uma baita duma reiva
Da otra vez nóis num vai mais
Nóis num semos tatu
GABARITO
28. UFMT
IMPRIMIR
“Cumprida a obrigação, Fabiano levantou-se com a consciência tranqüila e marchou para casa.
Chegou-se à beira do rio. A areia fofa cansava-o, mas ali, na lama seca, as alpercatas dele faziam
chape-chape, os badalos dos chocalhos que lhe pesavam no ombro, pendurados em correias,
batiam surdos.”
RAMOS, Graciliano, Vidas secas.
Observando-se, neste excerto de Vidas secas, a linguagem do autor, pode-se afirmar que
a expressão grifada é uma figura de linguagem denominada:
a) onomatopéia.
b) pleonasmo.
c) aliteração.
d) eufemismo.
12
GABARITO
32. UFGO Uma característica importante das línguas é o fato de que elas não são uniformes
nem estáticas. Fatores como região, classe social, idade, entre outros, explicam suas
variações.
Tendo em vista o comentário que você acabou de ler e as particularidades lingüísticas do
trecho de Macunaíma, julgue os itens.
( ) A construção “dá caça pra mim comer” é típica da linguagem oral, representado,
13 portanto, uma variação de “dê-me caça para eu comer”, própria da norma padrão.
( ) O emprego de palavras como “rapaiz” e “faiz”revela variação no nível dos sons,
indicando pronúncia de um falante, no caso o Currupira, que utiliza a variedade
padrão língua.
( ) Em “por causa dele ter sido malévolo”, ocorreu uma variação no nível sintático,
uma vez que esse enunciado, na norma padrão, corresponde a “por causa de ele ter
sido malévolo”.
( ) O enunciado “Tu não é mais curumi”, apesar de ser um exemplo de falar informal,
está de acordo com a língua padrão, como se pode verificar pela concordância
verbal.
e) “Que bom ver outra vida! Que bom ouvir a outra face do disco!” – anástrofe.
FUNÇ Õ E S DA
L IN G U A G E M E
L IN G U A G E M
1 F IG U R A D A
1. V–V–F–F–F 18. 18
2. c 19. b
3. d 20. a
4. V–V–V–V–V 21. b
5. a 22. e
6. a 23. e
7. d 24. a
8. c 25. a
GABARITO
9. d 26. d
10. c 27. V–F–V
11. d 28. F–V–V–F
12. F–F–V–V–V 29. a
13. b 30. c
14. F–V–V 31. a
15. c 32. V – F –V – F
16. c 33. c
17. V–V–F–V–V 34. c
IMPRIMIR
V O C A B U L Á R IO
1. UFRN-Adaptada Essas previsões podem parecer ousadas, mas, no fundo, são até con-
servadoras”
Assinale a opção em que o vocábulo traduz o sentido de ousadas:
a) audaciosas.
b) magníficas.
c) impulsivas.
d) duvidosas.
2. Unifor-CE Assinale a alternativa em que se substitui uma frase por outra de sentido
equivalente.
3. Emescam-ES
Excerto de “Memória de um Dinossauro”, de Frei Betto. A Gazeta, Vitória, 08. set. 98 p. 05.
Um dos itens abaixo apresenta explicação inadequada de alguns termos usados no texto;
isso ocorre em:
a) “suficiente discernimento” – necessária competência para avaliar ou julgar com bom
senso;
b) “insistência pirralha” – teima persistente da criança;
c) “embotelhada em danças” – especialista em danças;
d) “ritmo da esquizofrenia” – ritmo que revela psicopatias e distúrbios mentais;
e) “indigência intelectual e espiritual” – pobreza de cultura e de espírito.
4. UFF-RJ No fragmento “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar
IMPRIMIR
Os sinônimos que poderiam ser utilizados para substituir as palavras destacadas no texto
encontram-se, respectivamente, na opção:
a) impressão / descrente / fantasia;
b) equívoco / duvidoso / infelicidade;
c) incerteza / seco / irrealização;
d) indeterminação / cego / quimera;
e) que tem dois sentidos / que não crê / felicidade.
2 6. Unifor-CE Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as
lacunas das frases apresentadas.
Sem ..............., a criança ............... os comandos do jogo eletrônico, em que ...............
eram perseguidos.
a) hesitar – compulçava –animaizinhos
b) hesitar – compulsava – animaisinhos
c) hesitar – compulsava – animaizinhos
d) exitar – compulsava – animaisinhos
e) exitar – compulçava – animaizinhos
7. Unifor-CE Uma sociedade ............... é aquela em que os ............... têm ............... dos
problemas que atingem todos aqueles que a compõem.
As lacunas serão corretamente preenchidas com:
a) armonioza – previlegiados – consciência
b) armoniosa – privilegiados – conciência
c) harmonioza – privilegiados – conciência
GABARITO
8. U.F. Juiz de Fora-MG “...Sou adepto do voto inútil! Vote inútil!!!” (Luiz Eurípedes
Massiére)
Um significado alternativo para a palavra acima destacada é:
a) partidário.
b) contrário.
c) representante.
d) rebelde.
negrito não está adequadamente interpretada de acordo com seu sentido no texto.
a) “Para se restringir a compreensão das mensagens a uns poucos detentores do código
lingüístico...” = limitar.
b) “O uso correto do idioma não é um refinamento...” = requinte.
c) “Porém, o oficialismo deveria, pelo menos, abster-se de usar estrangeirismos para
evitar o ridículo de ser brega...” = impedir.
d) “Não se trata de xenofobia.” = aversão a coisas estrangeiras.
“A referência a Xuxa, além de providencial, é pertinente. Ela é pioneira nesse fenômeno, tão
característico do Brasil de hoje, que é a erotização das crianças. Faz anos que, consciente ou
inconscientemente, lhes dá aulas de sedução. Outras a seguiram na TV, entre louras que a imitam
e reboladoras profissionais, mas Xuxa detém a palma do pioneirismo. Merece ser considerada um
símbolo da permissividade da televisão brasileira.”
Veja, 18/08/1999.
12. Unifor-CE O vocábulo em negrito está corretamente substituído por outro, sem prejuí-
zo do sentido original, em:
a) a influência do povo é decisiva = prejudicial.
b) não lhe inseriu riquezas novas = descobriu.
c) a receber e dar curso a tudo = ensinar.
d) depurando a linguagem = purificando.
e) se isto é um fato incontestável = divergente.
a) naquela ocasião.
b) nesse caso.
c) além disso.
d) nesse tempo.
e) naquele lugar.
14. PUC-RJ-Adaptada
“Se além das prendas (...), D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agrade-
cia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência...”
Machado de Assis.
IMPRIMIR
As expressões abaixo estão dicionarizadas como acepções possíveis para preterir. Qual
delas melhor poderia substituir o verbo no contexto em que é empregado no texto?
a) ultrapassar.
b) omitir.
c) deixar de parte.
d) ir além de.
e) ser ilegalmente promovido.
17. Uniube-MG “Se pintar um clima, você pode caprichar no estilo, descolar um gato e
curtir um papo legal.”
Considerando-se a variedade lingüística que se pretendeu reproduzir nessa frase, é corre-
to afirmar que a expressão proveniente de variedade diversa é:
4 a) pintar um clima;
b) caprichar no estilo;
c) descolar um gato;
d) curtir um papo legal.
18. Univali-SC
“Notas de um Nobel
A julgar pelas últimas declarações do escritor português José Saramago, o Prêmio Nobel de
Literatura que lhe foi atribuído em 1998 tornou-se um fardo difícil de ser carregado. Saramago
reclama de falta de tempo para escrever. Hoje ele é uma espécie de arauto da língua portuguesa
que percorre os quatro cantos do mundo propagandeando o idioma de Camões.
Os recém-lançados Cadernos de Lanzarote II, segundo volume de seus diários, vão de 1996 a
1997 e mostra um Saramago andarilho, que deixa seu lar em Lanzarote, uma das Ilhas Canárias,
dá voltas pela Europa, circula no Brasil e ainda tem tempo de salpicar as páginas de seu diário com
observações perspicazes e poéticas.
Para quem conhece os romances de Saramago, o estilo pode parecer frugal. Mas é aquele tipo
de simplicidade que só alguém que pensa e escreve bem sabe fazer. Não faltam ao escritor o senso
GABARITO
22. U.E. Maringá-PR Assinale a(s) alternativa(s) em que as palavras em destaque podem
ser substituídas pelas palavras que estão em itálico, respectivamente.
01. “A conclusão da primeira etapa de decodificação do genoma humano...” – o epílogo
– leitura.
02. “A complicação é que se desconhecem quantas casas e edifícios existem de fato na
metrópole e qual a função de cada um dos imóveis.” – o obstáculo – ignoram.
04. “As estimativas variam de 38.000 a 120.000” – as avaliações.
08. “As poderosas máquinas da Celera Genomics e do Projeto Genoma Humano orde-
naram as seqüências de letras...” – prostraram – as apreensões.
16. “Identificar os genes será uma tarefa árdua e mais complexa do que foi decifrar o
próprio genoma.” – um trabalho – desviar.
GABARITO
32. “...os geneticistas ainda são incapazes de encontrar a padaria ou a delegacia de po-
lícia no complexo DNA do ser humano.” – hábeis – no elucidado.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
parecesse.
d) “...Félix achara um modo de conciliar umas e outras, amando sem casar.” = harmo-
nizar.
V O C A B U L Á R IO
1. b 13. a
2. c 14. c
3. c 15. a
4. d 16. c
1 5. e 17. b
6. c 18. a
7. e 19. b
8. a 20. c
9. c 21. a
10. F-F- F-V-F-V 22. 01
11. d 23. b
12. d 24. e
GABARITO
IMPRIMIR
F O N O L O G IA , A C E N T U A Ç Ã O
O R T O G R A F IA E F O R M A Ç Ã O
D A S P A L AV R A S
1. UFMT Leia o texto de Lourenço Diaféria e julgue os itens a seguir. Use V, para os itens
verdadeiros, e F, para os falsos.
3. Unifor-CE
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5. FGV-SP A palavra língua está corretamente escrita com acento agudo e sem trema.
Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam também corretamente grafadas.
a) Ambigüidade, guaraná, Anhanguera, tranqüilo, aguei, adquiri, distingui.
b) Anbiguidade, güaraná, Anhangüera, tranquilo, agüei, adqüiri, distingüi.
c) Ambigüidade, guaraná, Anhanguera, tranquilo, aguei, adquiri, distingui.
d) Ambiguidade, güaraná, Anhangüera, tranqüilo, agüei, adqüiri, distingüi.
e) Ambigüidade, guaraná, Anhangüera, tranqüilo, agüei, adquiri, distingui.
“Ele domina a número cinco, atenção, vai marcar, dá de chaleira... É goooool, sensacional!”
Se essa fala fosse transcrita em nível coloquial, algumas palavras sofreriam alterações, como:
marcar → marcá
chaleira → chalera
sensacional → sensacionau
Analise as afirmações relacionadas com essas alterações fonéticas.
I. Em marcá, houve queda de consoante final e deslocamento da sílaba tônica.
II. Em chalera, houve simplificação de um ditongo decrescente em vogal simples.
III. Em sensacionau, houve substituição da consoante final por semivogal, formando um
IMPRIMIR
ditongo crescente.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
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INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto e julgue os itens da questão 9.
9. UFMT
( ) A fábrica de canetas Parker explorou o fenômeno, da globalização lingüística, cul-
tural e econômica para lançar seu produto no mercado brasileiro.
( ) As palavras estrangeiras funcionam, no texto, como argumentos a favor da simpli-
cidade do produto anunciado.
3 ( ) As palavras gracias, tutto e monde são formadas a partir de radicais presentes nas
palavras correspondentes do português.
( ) O fato de o espanhol, o italiano e o francês, assim como o português, serem línguas
neo-latinas facilita a compreensão da mensagem pela propaganda.
( ) O sentido de money e come on é evidente no texto, porque a língua inglesa é tam-
bém uma língua neo-latina.
( ) Na Babel global, recriada por esse texto, a confusão de línguas também impede a
comunicação.
10. UEPI Marcar a opção em que o segmento em negrito não forma dígrafo.
a) qualquer; d) velho;
b) adivinhar; e) recorria.
c) confessar;
11. FGV-SP Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam corretamente grafadas.
a) Empolgação, através, extrangeiro, despercebido, auto-falante.
b) Eletricista, asterístico, celebral, frustado, beneficiente.
GABARITO
13. U. Alfenas-MG O acento gráfico em “conferência” tem a regra de emprego assim ex-
pressa:
a) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em a(s).
b) Acentuam-se as palavras proparoxítonas terminadas em ditongo crescente.
c) Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s).
d) Acentuam-se todas as palavras paroxítonas.
e) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente.
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14. Uniube-MG São acentuadas de acordo com a mesma regra de acentuação gráfica, as
palavras da alternativa:
a) língua, obrigatório, influência.
b) filológica, necessária, lingüística.
c) português, aliás, país.
d) óbvio, úteis, alguém.
17. U.E. Ponta Grossa-PR Tendo em vista a acentuação gráfica e a separação silábica dos
vocábulos, assinale o que for correto.
01. São acentuados graficamente os vocábulos “só”, “é” e “dá” porque devem ser acen-
tuados todos os monossílabos tônicos terminados em a, e e o.
02. Os vocábulos “macaco”, “primata” e “apetite” não recebem acento gráfico porque
não se acentuam os paroxítonos terminados em o, a e e.
04. O vocábulo “muriqui” não é acentuado pois não levam acento gráfico os oxítonos
terminados em i.
08. O vocábulo “observação” tem quatro sílabas.
GABARITO
18. Unifor-CE Assinale a alternativa em que os dois vocábulos obedecem à mesma regra de
acentuação gráfica do vocábulo várzea.
a) cândido – armário;
b) exímio – vírus;
c) supérfluo – incêndio;
d) incluído – sandália;
e) límpido – vôo.
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19. U. Alfenas-MG “Fernando Henrique fez a defesa dos países em risco”. O sufixo ESA,
usado nessa palavra em negrito na citação acima, completará corretamente a grafia de:
a) bel...............
b) cert...............
c) calabr...............
d) viuv...............
e) estranh...............
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20. UEMS Leia o texto de Rachel de Queiroz e, depois, assinale a alternativa correta.
“(...) Esse negócio de língua estrangeira em país colonizado é fogo. A começar que a nossa
língua oficial, o português, nós a recebemos do colonizador luso, o que foi uma bênção. Imagina
se, como na África, nós tivéssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, então, se fosse
realidade a falada ‘língua geral’ dos índios, que alguns tentaram, mas jamais conseguiram impor
como língua oficial do brasileiro. Mesmo porque as tribos indígenas que povoaram e ainda rema-
nescem pelos sertões, cada uma fala o seu dialeto; o pataxó, por exemplo, não tem nada a ver
com o falar dos amazônicos; pelo menos é o que informam os especialistas.
Mas, deixando de lado os índios que nós, pelo menos, pretendemos ser, falemos de nós, os
brasileiros, com o nosso português adaptado a estas latitudes e língua oficial dos nossos vários
milhões de nativos. Pois aqui no Brasil, se você for a fundo no assunto, toma um susto. Pegue um
jornal, por exemplo: é todo recheado de inglês, como um peru de farofa. Nas páginas dedicadas
ao show business, que não se pode traduzir literalmente por ‘arte teatral’, tem significação mais
extensa, inclui as apresentações em várias espécies de salas, ou até na rua, tudo é show. E o leitor
do noticiário, se não for escolado no papo, a todo instante tropeça e se engasga com rap, punk,
funk, soap-opera, etc., etc. Cantor de forró do Ceará, do Recife ou Bahia só se apresenta com seu
song book, onde as melodias podem ser originalmente nativas, mas têm como palavras-chave
esse inglês bastardo que eles inventaram e não se sabe se nem os próprios americanos entendem.
No esporte é a mesma coisa, ou pior. Já que os nossos esportes foram importados (até a palavra
que os representa – sport – é inglesa). O meu querido ministro Pelé tenta descaracterizar o neolo-
gismo, chamando-o de ‘desporto’. Mas não pega.
Verdade que o jornalismo esportivo procura aclimatar o dialeto, traduzindo como pode os no-
5 mes importados – goal keeper já é goleiro, back é beque, e há traduções já não tão assimiladas
que ninguém diz mais senão ‘centroavante’, ‘meio-de-campo’, etc. Engraçado nós sermos um
país tão apaixonado por esporte, especialmente o futebol (não mais foot-ball), e nunca fomos
capazes de inventar nenhuma modalidade de peleja esportiva. Os índios têm lá os jogos deles,
mas devem ser chatos ou difíceis, já que a gente não os conhece nem de nome. Ficamos nas
adaptações tipo ‘futevôlei’, que, pelo menos, é engraçado.”
Rachel de Queiroz.
Palavras como show, rap, funk e hot dog, hamburger, milk shake:
a) São estrangeirismos que, segundo a gramática normativa, são termos necessários que
assumem forma da língua portuguesa e podem ser usados quando necessários.
b) Atestam a pobreza lingüística da língua portuguesa, incapaz de formar palavras para
designar aqueles elementos.
c) São anglicismos que poderiam muito bem ser excluídos da língua que falamos.
Correio do Estado 21/05/2000.
d) São galicismos que poderiam muito bem ser excluídos da língua que falamos.
e) São estrangeirismos e por isso não contribuem para a boa linguagem.
GABARITO
21. Unifor-CE Assinale a alternativa em que os dois vocábulos obedecem à mesma regra de
acentuação gráfica do vocábulo ignorância.
a) sacrário – difícil; d) tórax – ingênuo;
b) ônibus – ígneo; e) convênio – válido.
c) colégio – sério;
22. F.I. de Vitória-ES Assinale a opção em que se fez, entre as expressões entre parênteses,
a escolha inadequada para o preenchimento da lacuna:
a) O Brasil perdia para Camarões nas Olimpíadas. Todos pensaram que ele fosse ...............
o placar, mas Camarões venceu.
(inverter – reverter) expressão escolhida: reverter.
b) Há gente que pretende ............... as drogas mais leves, como a maconha.
IMPRIMIR
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23. U.F. Santa Maria-RS Em qual alternativa os pares de palavras não seguem a mesma
regra de acentuação?
a) “pátria” – “próprio”. d) “só” – “três”.
b) “Até” – “propôs”. e) “áreas” – “Mário”.
c) “espécie” – “idéias”.
24. FUVEST-SP
26. UFMT Para julgar os itens que seguem, leia o texto “Eiros”.
Use V, para as verdadeiras, e F, para os falsos.
“Eiros
A leitora Elza Marques Marins me escreve uma carta divertida estranhando que ‘brasileiro’ seja
o único adjetivo pátrio conhecido em ‘eiro’ que, segundo ela, é um sufixo pouco nobre. Existem
suecos, ingleses e brasileiros, como existem médicos, terapeutas e curandeiros. (...)
É a diferença entre jornalista e jornaleiro ou entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou
seresteiro. Há o importador e há o muambeiro. ‘Se você começou como padeiro, açougueiro ou
carvoeiro’ – escreve Elza – ‘as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, gran-
IMPRIMIR
de investidor ou latifundiário, a não ser que se dê o trabalho de ser político antes’. Aliás, há
políticos e politiqueiros. (...)”
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Jornal do Brasil, 7/10/95.
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27. Unifor-CE A série em que se observa a mesma regra de acentuação da palavra em ne-
grito no segmento “uma escolta de professores e funcionários” é:
a) contemporânea – provável – contrário;
b) artística – compreensível – contemporânea;
c) obrigatória – contrário – circunstâncias;
d) provável – várias – obrigatória;
e) compreensível – artístico – várias.
29. Unifor-CE Todas as palavras estão acentuadas pela mesma razão que justifica o acento
no vocábulo influência, em:
a) América, também e incontestável;
b) aceitável, domínio e até;
c) princípio, línguas e contrário;
d) lêem, clássicos e século;
7 e) porém, insuportável e dúvida.
32. U.F. Santa Maria-RS Assinale a alternativa cujas palavras devem ser acentuadas, res-
pectivamente, pelas mesmas regras de “possível”, “memória” e “atrás”.
a) fácil – vôlei – caí.
b) hífen – apóia – além.
c) caráter – cárie – até.
d) difícil – idéia – vocês.
e) vírus – fáceis – país.
II. A palavra possuído recebe o acento gráfico pela mesma regra de aí.
III. Se fosse retirado o acento gráfico das palavras várias, pública e está, ocorreria mu-
dança de significado e de classe.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas I e III.
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34. Unifor-CE A mesma regra de acentuação da palavra infância observa-se em:
a) indivíduo. d) público.
b) econômico. e) flâmula.
c) tênis.
35. U. Alfenas-MG A alternativa em que todas as palavras devem ser acentuadas grafica-
mente é:
a) pudico, bimano, flacido;
b) rubrica, erudito, ingreme;
c) prototipo, antifrase, interim;
d) ureter, tulipa, Hungria;
e) latex, crisantemo, cartomancia.
36. Cefet-PR Os textos publicitários abaixo foram retirados da Folha de São Paulo, de
19/09/2000. Assinale aquele que apresenta erro segundo a norma culta.
a) Existem coisas que o dinheiro não compra. Mas a gente promete não falar delas.
(Revista Forbes)
b) Espaço de sobra para esticar as pernas. Motor de sobra para esticar o pé. (Audi)
c) Chegou o Renault Clio Sedan. Quando mais longe for, melhor. (Renault)
d) Ele faz dois anos e nós a diferença. (Publicidade do Toyota Corolla feita pela Savoy
8 Sul e Motors Shopping)
e) Para conquistar você cada vez mais, a Hertz não para de conquistar o Brasil. (Hertz –
Locadora de Veículos)
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41. UFSE-PSS Analise se é V (verdadeiro) ou F (falso):
( ) Na palavra pecuária encontram-se, em seqüência, um hiato e um ditongo oral cres-
cente.
( ) A correta separação das sílabas das palavras período e dezesseis é pe-río-do e de-
zes-seis.
( ) Nas palavras hectare e filhote há em comum um encontro consonantal.
( ) Assessórios feitos de couro de avestruz atingem preços exorbitantes –Todas as
palavras assinaladas estão corretamente grafadas.
( ) Abate é exemplo de derivação regressiva.
42. FUVEST-SP
“A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles,
coisicas diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. Aos
tantos, não parava, andorinhava, espiava agora — o xixixi e o empapar-se da paisagem — as pesta-
nas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê, pelos entrefios: — ‘Tanto chove, que me gela!’”
ROSA, Guimarães. “Partida do audaz navegante”, Primeiras estórias.
43. U. Alfenas-MG-Adaptada “Formas variantes são as palavras que com a mesma signi-
ficação, admitem grafia ou pronúncia distintas.” De acordo com essa definição, qual é a
palavra que admite forma variante?
a) cotidiana.
b) este.
c) trabalho.
d) país.
e) prática.
44. PUC-RS-Modificada
I. As palavras “caubói”, em “peão de boiadeiro virou caubói”, e “butique”, em “apeli-
dados de peões de butique”, apresentam-se de acordo com os padrões fonéticos e
gráficos da língua portuguesa.
II. Se a palavra “jeans”, do trecho “enfiados em calças jeans”, fosse adaptada ao portu-
GABARITO
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46. U.F. Santa Maria-RS-Modificada Assinale a alternativa em que a palavra em itálico
foi corretamente grafada:
a) Porquê, com a abertura da nossa economia, não aproveitaram para importar outro
povo?
b) Com a abertura da nossa economia, por quê não aproveitaram para importar outro
povo?
c) Com a abertura da nossa economia, não aproveitaram para importar outro povo. Por
quê?
d) Não entendi o porque de não importarem outro povo, com a abertura da nossa eco-
nomia.
e) As razões porque não importaram outro povo, com a abertura da nossa economia, são
desconhecidas para mim.
47. U. Alfenas-MG O substantivo derivado dos seguintes verbos que tem grafia diferente
dos demais é:
a) reter.
b) deter.
c) trair.
d) conseguir.
e) ceder.
b) desconhecida.
c) pirogravura.
d) domingueira.
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53. U.E. Ponta Grossa-PR Quanto à formação de vocábulos, é certo que:
01. o prefixo indica negação nos vocábulos “impossíveis” e “inimaginados”;
02. o substantivo “fundação” é formado por sufixação a partir do verbo “fundar”;
04. “parisiense” é vocábulo composto formado por justaposição;
08. “simultaneamente” é vocábulo formado por parassíntese a partir de um adjetivo na
forma feminina;
16. “glamourizou” é forma de pretérito perfeito de um verbo criado por derivação sufi-
xal a partir de um estrangeirismo.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
54. UFRS Abaixo são feitas três afirmações sobre formação de palavras:
I. As palavras justificável e admirável são adjetivos formados a partir de verbos.
II. As palavras irracionais e indispensáveis apresentam o mesmo prefixo.
III. Nas palavras mental e sexual, o sufixo utilizado forma adjetivos a partir de substan-
tivos.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
11 e) I, II e III.
55. U.F. Juiz de Fora-MG Marque a alternativa em que os elementos destacados, nas duas
palavras, possuam o mesmo significado de (in-) em: “Talvez até seja politicamente in-
correto dizer...”.
a) inexpressiva – exportados.
b) injusto – descomunal.
c) recolocava – reconhecemos.
d) preconceitos – descabidas.
57. Unifor-CE Assinale a alternativa em que não ocorrem, respectivamente, um radical la-
tino e um radical grego.
a) altiplano – acrobata;
b) psicultura – ictiologia;
c) multiforme – policromo;
d) dissílabo – bisavô;
e) filosofia – dicotomia.
IMPRIMIR
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59. U.F. Pelotas-RS-Modificada Assinale a alternativa correta, sob todos os pontos de vista.
a) “Hidrelétrica” relaciona-se com “hidratante”, embora essas palavras tenham o mesmo
elemento de composição.
b) “Termelétrica” relaciona-se com “termologia”, ainda que as duas palavras remetam à
idéia de calor.
c) “Energia” relaciona-se com “alergia”, porque ambas as palavras representam uma
ação, uma força, seja dentro de (en), seja contra alguma coisa (al).
d) “Megawatt” relaciona-se com “megalomania”, apesar de o elemento em comum sig-
nificar “grande”.
e) “Fotovoltaica” relaciona-se com “fotossíntese”, pois ambas as palavras remetem à
energia da luz, representada pelo elemento “foto”.
60. U.E. Ponta Grossa-PR Analisou-se corretamente a formação dos vocábulos em:
01. macaco-prego – substantivo composto formado pela justaposição de duas bases no-
minais;
02. recentemente – advérbio formado por sufixação a partir de um adjetivo;
04. destreza – substantivo formado por derivação sufixal com base em adjetivo;
08. mandachuvas – substantivo composto formado pela junção de uma base verbal a
uma nominal;
16. relações – substantivo formado por derivação pelo acréscimo do prefixo re- a um radical.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
12
61. PUC-RJ Assinale a alternativa em que todos os itens são formados a partir de um verbo.
a) sentimento, ventania, extinção, mofino;
b) resistência, regressar, cerebral, preocupação;
c) facilidade, pacificar, regularmente, alimentício;
d) fumaça, intimidade, prática, inexplorado;
e) explicável, sabedor, sofrimento, contemplação.
63. Unifor-CE Assinale a alternativa em que os três vocábulos são cognatos de tributário.
a) tribunal – tributador – tribal; d) tributo – tributar – tributável;
b) tribuna – contribuição – tributal; e) atribulação – atribular – atribulado.
GABARITO
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66. PUC-PR Na palavra infelizmente temos três partes com um significado próprio: in,
feliz e mente. Assinale a alternativa em que todos os elementos constituem partes signi-
ficativas da palavra desigualdades:
a) de – si – gual – da – des.
b) des – igual – dade – s.
c) desi – gual – da – des.
d) des – i – gual – da – des.
e) desigual – dades.
67. Cefet-RJ Em “Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até
então, mumumudos.”, a palavra destacada é um:
a) neologismo, obtido pela repetição de um elemento morfológico, agregado à base um
novo sentido, em relação icônica com o determinado;
b) arcaísmo, criação de intensa produtividade neste tipo de texto em que predomina a
informalidade;
c) neologismo, o que prova que os falantes da língua portuguesa, principalmente os ser-
tanejos, são conservadores;
d) arcaísmo, de relevante valor expressivo, muito usado pelo autor para mostrar a força
inovadora da língua portuguesa;
e) arcaísmo, uso típico da região sertaneja, que se caracteriza pela facilidade de invenção
13 de palavras novas.
68. U. Alfenas Assinale a palavra cujo significado do radical não corresponde ao do vocá-
bulo “PATRIMÔNIO”.
a) paterno.
b) apadrinhar.
c) padronizar.
d) padroeiro.
e) padre.
69. UFPE Assinale a série de palavras cujos prefixos indicam negação, como em ‘ilógico’.
a) inaproveitável –irremovível – irromper;
b) invalidar – inativo – ingerir;
c) irrestrito – improfícuo – imberbe;
d) ateu – incoercível – imerso;
e) incriminar – imiscuir – imanente.
GABARITO
71. U.F. Santa Maria-RS Nas palavras “intocado” e “irreconhecível”, há prefixos com o
mesmo sentido.
IMPRIMIR
Em qual das alternativas a seguir as duas palavras apresentam os prefixos com esse mes-
mo sentido?
a) incluir – irregular.
b) irreal – influir.
c) impuro – ilícito.
d) irradiar – imigrar.
e) inflamar – irretocável.
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72. U.F. Santa Maria-RS Na palavra “chaleira”, houve a intercalação de uma consoante
entre a raiz “chá” e o sufixo “eira”. O sufixo tem o sentido de “lugar que contém”.
Identifique a palavra que passou pelo mesmo processo de formação.
a) cafeteira. d) brasileira.
b) poeira. e) cabeleira.
c) laranjeira.
73. UFR-RJ-Adaptada
“aporrinhado devendo
prestação mais prestação
da casa que não comprei
mas compraram para mim.
Me firmo, triste e chateado
desfavelado”
Carlos Drummond de Andrade.
74. UFR-RJ O prefixo da palavra em negrito na oração “ao transpor a porta para a rua...”
tem, respectivamente, o significado de:
a) movimento através de;
b) movimento em torno;
c) posição além do limite;
d) movimento para além de;
e) movimento intermitente.
75. Uneb-BA Com referência ao termo “rerregulação”, pode-se afirmar que foi criado atra-
vés da utilização de:
a) prefixo que indica negação;
b) sufixo que expressa intensidade;
c) prefixo e sufixo que denotam ação momentânea;
d) prefixo e sufixo que exprimem ação freqüentativa;
GABARITO
76. UFR-RJ “Sentimo-nos isolados do processo de comunicação que essas mensagens ins-
tauram – desligados.”
O mesmo processo de formação da palavra desligados ocorre em:
a) superficialmente. d) impossível.
b) enxergado. e) consumidor.
c) amamenta.
77. UFF-RJ “A conversão de substantivos em adjetivos, isto é, tomar uma palavra designa-
dora (substantivo) e usá-la como caracterizadora (adjetivo), constitui um procedimento
comum em língua portuguesa.”
IMPRIMIR
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LÍNGUA PORTUGUESA
F O N O L O G IA , A C E N T U A Ç Ã O
O R T O G R A F IA E F O R M A Ç Ã O
D A S P A L AV R A S
1. V–V–V 21. c
1 2. a 22. c
3. a 23. c
4. c 24. c
5. e 25. 26
6. a 26. F – F – F
7. 105 27. c
8. e 28. e
9. V–F–V–V–F–F 29. a
10. b 30. d
11. c 31. e
12. b 32. b
GABARITO
13. e 33. d
14. a 34. a
15. 54 35. c
16. b 36. e
17. 23 37. a
18. c 38. b
19. c 39. d
20. a 40. d
41. V – F – F – V – V
42. a) Nem sempre os diminutivos traduzem apenas uma idéia de pequenez (valor objetivo).
Eles podem traduzir a idéia de intensidade (“Os dois estavam agarradinhos”), podem ter
um sentido pejorativo (“Que novelinha mais boba!”) ou ainda, como é o caso, transmitir
afetividade (valor subjetivo). O valor subjetivo se soma ao objetivo.
b) “Andorinhava” é um verbo criado a partir de um substantivo. Trata-se de um pro-
cesso neológico conhecido como derivação imprópria, ou seja, a palavra mudou de
classe gramatical (andorinha > andorinhar). No texto, significa que Brejeirinha ti-
nha, em um dado momento, um comportamento semelhante ao do pássaro andori-
nha, sendo tão pequena, dinâmica, ligeira e perspicaz como uma andorinha, espian-
do até “pelos entrefios”.
43. a
44. e
45. b
46. c
47. d
IMPRIMIR
48. e
49. Lobisomem : composição por aglutinação.
Linguarudo: derivação sufixal.
50. d
51. e
52. e
53. 19
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54. e 66. b
55. b 67. a
56. b 68. c
57. d 69. c
58. a 70. a
59. e 71. c
60. 31 72. a
61. e 73. d
62. d 74. d
63. c 75. e
64. c 76. d
65. 09 77. c
2
GABARITO
IMPRIMIR
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LÍNGUA PORTUGUESA
A R T IG O S ,
S U B S T A N T IV O S ,
A D JE T IV O S , V E R B O S
E A D V É R B IO S
Texto para a questão 1:
“O desenvolvimento das telecomunicações entra em nova fase, que alguns técnicos denomi-
nam como a da rerregulação.”
2 4. UERJ “Flexão é o processo de fazer variar um vocábulo, em sua estrutura interna, para
nele expressar dadas categorias gramaticais como gênero e número.”
A partir desse conceito, a palavra sublinhada que admite flexão de gênero é:
a) “Fez-se de triste o que se fez amante” (Vinícius de Moraes).
b) “Paisagens da minha terra,/ Onde o rouxinol não canta.” (Manuel Bandeira).
c) “Sou um homem comum/ de carne e de memória/ de osso e de esquecimento” (Ferrei-
ra Gullar).
d) “Meu amigo, vamos cantar,/ vamos chorar de mansinho/ e ouvir muita vitrola” (Car-
los Drummond de Andrade).
( ) As palavras mal e mau, em várias regiões do país, são pronunciadas de igual modo,
mas o uso, em termos de sentido, é sempre diferente.
( ) A oração Você vai ao cinema (verso 19) equivale a Vai-se ao cinema, pois a forma
de tratamento você, nessa estrofe, tem sentido indeterminado, não-específico.
( ) A regência verbal em Você vai ao cinema, segundo a gramática normativa do por-
tuguês culto, está incorreta, pois o verbo ir tem a mesma regência do verbo chegar
em chego na barra do céu (verso 12).
IMPRIMIR
9. U.F. Juiz de Fora-MG Em “Como dizem que Bergaman é um gênio com um gênio
violento e difícil”, as duas ocorrências do termo “gênio” apresentam, respectiva-
mente:
a) formas diferentes e o mesmo significado;
b) formas e significados diferentes;
c) a mesma forma e o mesmo significado;
d) a mesma forma e diferentes significados.
O plural da palavra em negrito em cada uma das frases abaixo se faz de modo idêntico ao
de recém-adquirida em:
a) Havia um cofre boca-de-lobo numa das salas da velha casa.
b) Um abaixo-assinado solicitava ao proprietário do terreno que não derrubasse as
árvores.
c) Naquele sítio havia uma antiga árvore-mãe, cujas sementes deram início a este
bosque.
d) O pássaro-preto costuma alimentar-se das sementes encontradas em roças.
e) Uma árvore carregada de folhas e frutos constitui uma obra-prima da natureza.
11. UFF-RJ Na flexão dos diminutivos, o uso coloquial, com freqüência, se diferencia do
uso prescrito pela gramática normativa.
Assinale o par de palavras em que os dois usos ocorrem:
a) colherzinhas – florzinhas.
b) mulherzinhas – coraçõezinhos.
c) florezinhas – mulherezinhas.
4 d) mulherzinhas – coraçãozinhos.
e) colherezinhas – floreszinhas.
b) apenas II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
13. PUC-PR-Modificada
“Podia ser roteiro de filme, uma versão nordestina para o Paciente Inglês, onde o aviador sobre-
vive à queda.”
Trecho do texto “O Paciente Mosoró” de Adriane Araújo. Isto é, 24/11/1999.
A expressão paciente inglês do trecho é formada por duas palavras que são, respectiva-
IMPRIMIR
mente:
a) adjetivo e substantivo.
b) adjetivo e adjetivo.
c) substantivo e adjetivo.
d) substantivo e substantivo.
e) particípio e substantivo.
16. Unifor-CE As lacunas da frase “Os ............... procuram ...............” estão corretamente
preenchidas em:
a) alunos-educandos – escola-modelos
b) aluno-educandos – escolas-modelos
c) alunos-educando – escolas-modelo
d) alunos-educandos – escolas-modelo
e) alunos-educando – escolas-modelos
17. UERJ
18. FEI-SP Observe o texto: “Se as pedras da mesma casa em que viveis, desde os telhados
até os alicerces estão chovendo os suores dos jornaleiros”. O substantivo em destaque
IMPRIMIR
21. UFMT Esta pergunta refere-se ao texto “Tão novo e já pendurou as chuteiras”. Use V,
para assinalar os itens verdadeiros, e F, para os falsos.
“Fofas vingadas
Governo inglês faz campanha contra magreza excessiva
Têm os governos o direito de determinar quem é magro, quem é gordo e, acima de tudo,
quem deve sair nas páginas das revistas? Não têm, claro, principalmente em democracias soli-
díssimas como a inglesa. Mas, que estão tentando dar um jeitinho, estão. Incitadas pelo gover-
no trabalhista, as revistas de moda inglesas concordaram na semana passada em criar um
código de conduta destinado a promover a exibição de modelos de pesos e alturas variados em
seus ensaios fotográficos. Tradução: menos modelos e atrizes de biotipos esbeltíssimos, que
ditam o padrão de beleza de nossos tempos, e mais silhuetas, digamos, normais. Quem quiser
que acredite que vai funcionar. A ‘patrulha da gordura’ foi criada, muito a contragosto por
parte das revistas, depois de uma reunião promovida pela ministra para Mulheres da Inglaterra,
Tessa Jowell, sob o impacto do alerta dado no mês passado pela Associação Médica Britânica:
pela primeira vez, um estudo científico relacionou o aumento dos distúrbios alimentares (ano-
rexia e bulimia, doenças que em casos extremos podem ser letais) com a busca incessante das
adolescentes por um corpinho de sílfide, como os que vêem nas passarelas e fotos de moda.
“Vamos esmagar as imagens estereotipadas das mulheres na mídia”, convocou uma entusias-
mada ministra.
Da reunião em Londres participaram produtores de moda, jornalistas, representantes de agên-
cias de modelos e um seleto grupinho de adolescentes normais. Todas reclamaram da figura
‘impossível’ das modelos — impossível para elas, e para a imensa maioria das mortais, já que
toda altíssima e magérrima que se preza nasceu assim e assim continuará pelo resto de seus
7 dias, independentemente dos hambúrgueres que consuma. Também apontaram a falta, nas
butiques, de tamanhos acima de 40, no máximo 42. A ministra Tessa, ato contínuo, fez um
apelo à indústria de vestuário para que conserte a situação. Nesse departamento, a Inglaterra
contaria com a companhia, logo de quem, da Argentina. Na quinta-feira, o Senado argentino
aprovou um projeto de lei que obriga as fábricas a fazer roupas em ‘tamanhos verdadeiros’.
Embalada em sua cruzada, a ministra inglesa pediu à comissão que fiscaliza a televisão britânica
que vigie ‘o grau de diversidade de formas das mulheres nos programas de TV’. Ou seja: dê
menos destaque a silhuetas, como a de Victoria Adams, a spice girl que emagreceu 7 quilos
(confessados) e, seca como uva passa, sob suspeita de anorexia, é convidada para desfilar e
posar em editoriais de moda.
Previsivelmente, a intervenção oficial animou o eterno debate ideológico.
Do lado das gordinhas está a nova esquerda do governo Tony Blair. Por birra, alinhou-se à
facção das magérrimas, quem diria, a direita, na voz de Theresa May, que ocupa cargo equiva-
lente ao de Tessa no fictício gabinete conservador, para quem tudo não passa de ‘loucura
politicamente correta’. Todas as medidas inglesas têm aplicação voluntária. Difícil dar certo, até
porque, desde que moda é moda, as altas e magras são insubstituíveis na frente das câmeras.
‘A foto sempre engorda um pouco, e por isso a magra fotografa melhor. E não adianta a
menina perder 20 quilos. Tem de ser naturalmente magra’, atesta o fotógrafo paulistano André
GABARITO
Schiliró.”
Veja, 28/06/2000.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
24. Emescam–ES A relação de equivalência de sentido entre as expressões não está ade-
quada em:
a) dor no abdome – dor abdominal;
b) nervo da audição – nervo auditivo;
c) xampu de capelo – xampu capilar;
d) água de rio – água pluvial;
8 e) monumento de rocha – monumento rupestre.
25. U.E. Ponta Grossa-PR Os substantivos abstratos designam ação, sensação, estado ou
qualidade dos seres. São substantivos abstratos os elementos itálicos em:
01. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria.
02. É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento.
04. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura.
08. Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita
delicadeza.
16. E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana
uma droga.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
26. FUVEST-SP
“As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em
GABARITO
“O diário de P.C.S.
01/01/2000 - Las Vegas
(...)
21h30 - Restaurante chinês.
1 biscoito da sorte
3 colheres de sopa de arroz frito
2 camarões com alho
1 um pedaço de peixe frito
1 buquê de brócolis (Adorei, comi super bem!)
Nunca tinha estado num restaurante chinês.
Estava com muito apetite! Hoje percebi quanto
tempo deixei de viver, de aproveitar a vida.
Não só por não ter me permitido comer,
mas (por causa) de todo o ritual que envolve
uma refeição: conversar, rir, comunicar-se,
apreciar a música, o lugar. É como se eu
estivesse congelada. Foi maravilhoso!”
9 27. UFGO Considerando-se a importância da escolha das expressões verbais para a cons-
trução do sentido do texto, pode-se afirmar que:
( ) em suas duas primeiras orações, as formas verbais “tinha estado” e “estava” indi-
cam fatos situados no mesmo momento, pois ambas pertencem a tempos verbais
do passado.
( ) a forma verbal “estava” indica um momento anterior àquele expresso pela forma
verbal “percebi”.
( ) em “É como se eu estivesse congelada”, é possível substituir a forma verbo ser de
“é” para “era”, sem que a idéia básica do período seja modificada.
( ) o uso do subjuntivo no final do texto deve-se ao caráter de certeza, de verdade do
processo expresso pelo verbo.
28. Unifor-CE Há analogia de sentido entre a frase “Pesem em torno de uma tonelada” e
“Pesem:
a) apenas uma tonelada”.
b) justo uma tonelada”.
c) aproximadamente uma tonelada”.
GABARITO
A palavra até, no texto de Carlos Drummond de Andrade, tem o mesmo valor semântico
que em:
a) O marinheiro chegou até o porto ao amanhecer.
b) A polícia, até agora, não conseguiu capturar os fugitivos.
c) As apurações estaduais foram suspensas até segunda ordem.
d) Saveiro Geração III. Resiste a tudo, até a você.
e) 12 até 18 dias sem juros no cheque especial. Tarifas que podem chegar a zero.
32. FUVEST-SP A única frase em que as formas verbais estão corretamente empregadas é:
a) Especialistas temem que órgãos de outras espécies podem transmitir vírus perigosos.
b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo de ajuste fiscal imediato, o Brasil
10 ainda estará muito longe de tornar-se um participante ativo do jogo mundial.
c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do mesmo partido, embora nenhum fará
a sociedade em que eu acredito.
d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e só não causará problema se o suprir
de carne e o manter na jaula.
e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da criação, mas dizê-lo por completo
equivalia a um sacrilégio, ao pecado de saber mais do que nos convinha.
33. UFPI Marque a alternativa que substitui corretamente a locução adjetiva por um ad-
vérbio.
a) com verdade – sinceramente;
b) como amante – adulteramente;
c) com liberdade – libertinamente;
d) sem mistério – enigmaticamente;
e) sem virtude – desvirtuadamente.
GABARITO
34. Uniube-MG-Adaptada
O advérbio talvez nos versos, pode ser substituído, sem perda de sentido, por:
a) embora.
b) não obstante.
c) ainda que.
d) pode ser que.
35. FUVEST-SP
a) “Se eu não tivesse atento e olhado o rótulo, o paciente teria morrido”, declarou o
IMPRIMIR
médico.
Reescreva a frase acima, corrigindo a impropriedade gramatical que nela ocorre.
b) A econologia, combinação de princípos da economia, sociologia e ecologia, é defen-
dida por ambientalistas como maneira de se viabilizarem formas alternativas de de-
senvolvimento.
Reescreva a frase acima, transpondo-a para a voz ativa.
37. UFRS-Modificada
“Os testes de QI, um dos antigos parâmetros usados para medir a inteligência, já não servem
mais para avaliar a capacidade cerebral de uma pessoa.”
38. U. Potiguar-RN
“O único jornal que pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber é de
minha propriedade.”
Utilizando-se o advérbio “só”, aponte a opção que ainda mantém o mesmo sentido da
oração acima:
a) Só um jornal pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber: o de
minha propriedade.
b) O único jornal que só pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de
saber é de minha propriedade.
c) O único jornal que pode oferecer ao público só as notícias que todos gostariam de
saber é de minha propriedade.
GABARITO
d) O único jornal que pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber
é só de minha propriedade.
40. PUC-RJ Assinale a alternativa em que o termo em negrito é um advérbio que marca
claramente uma opinião:
IMPRIMIR
42. UFMA Considere o seguinte trecho “A favela invisível se debruça sobre o Rio”, do
articulista Marcos Sá Corrêa:
“...Brotou nos morros cariocas franquias de supérfluos, como a De Plá, que vende e revela
material fotográfico para amadores. São inumeráveis as academias de ginástica, as locadoras de
vídeo e os cursos de informática. Há lugares carentes que necessitam até de vagas para auto-
móveis.”
Revista Época, de 24/01/2000.
12 Assinale a alternativa em que o termo em negrito aparece com o mesmo sentido empre-
gado no texto acima:
a) Até que ponto poderemos aceitar tal proposta?
b) Pensando nisso, até que poderíamos programar um passeio para este final de semana.
c) Fui até o hotel para encontrá-lo, mas ele já havia saído.
d) “Até Madonna quis interpretar o papel de Frida Kahlo no cinema.”
e) Até que enfim o governo reconheceu o direito dos manisfestantes.
43. PUC/Campinas-SP
“Naquele exato momento, sentiu o peso da responsabilidade. Sabia que o pai o chamara para
aquela conversa com a intenção de saber dele o que pretendia fazer da vida, passados os primei-
ros dias de euforia pela conclusão do curso. Feita a pergunta, de modo claro e objetivo, só conse-
guiu responder que começaria o mais breve possível a ladainha das entrevistas que tinha marcado
nas clínicas que visitara há meses.”
GABARITO
Os verbos que indicam corretamente a sucessão cronológica dos fatos narrados são,
NESSA ORDEM,
a) sabia – sentiu – chamara.
b) pretendia – sentiu – sabia.
c) tinha marcado – sentiu – visitara.
d) chamara – sentiu – começaria.
e) conseguiu responder – sentiu – tinha marcado.
44. FGV-SP Assinale a alternativa em que não haja erro de conjugação de verbo.
a) Em pouco mais de três meses, a lesão do jogador poderá estar curada, se ele manter
adequadamente o tratamento.
b) O moderador interviu assim que ficou a par dos problemas técnicos.
IMPRIMIR
c) Se a Patrícia previr tempo seco para o litoral, haveremos de descer a serra antes de o
sol nascer.
d) Leocádia estava terrivelmente irritada. Tinha ganas de dizer a Alberto tudo o que ele
merecia; mas se deteu, esperando oportunidade melhor.
e) Quando o negociador propor uma saída honrosa, será o momento de todos o aplau-
dirmos.
46. ITA-SP Os versos abaixo são da letra da música Cobra, de Rita Lee e Roberto de Carvalho:
13 sujeito verbal.
d) o sujeito verbal (3ª pessoa) mantém-se o mesmo, portanto o emprego está adequado.
e) o primeiro verbo no imperativo negativo opõe-se ao segundo verbo que se encontra no
presente do indicativo.
“As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Olivei-
ra, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as
tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado,
coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo
encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que
sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente.”
QUEIRÓS, Eça de. A ilustre Casa de Ramires.
47. FUVEST-SP A correlação de tempos que, neste texto, se verifica entre as formas verbais
existia, descortinassem e comentasse, mantém-se apenas em:
a) não existe; não descortinem; não comente.
GABARITO
O Estado de S. Paulo,
14 de abril de 2001.
48. FGV-SP Observando os três primeiros quadrinhos, pode-se perceber que, no diálogo
entre Calvin e sua mãe, uma das formas verbais não condiz com as demais. Trata-se de:
a) Ides. d) Pretendes.
b) Tenhais. e) Segui.
c) Julgais.
50. UERJ
“Os aliados não querem romper o namoro com o FHC – querem é namorar mais.”
Veja, 18/08/1999.
“Especialistas contestam argumento do governo de que privatização não estaria sujeita à regra
que prevê isonomia entre os candidatos”
“Um alimento em pó incolor (...) poderá ser modificado para ter o sabor que se deseje.”
Para se manter a correspondência temporal no período, a forma verbal deseje deverá ser
substituída por:
a) desejasse; c) desejará;
b) desejar; d) desejaria.
55. UFSE-Adaptada
“E não adianta a menina perder 20 quilos. Tem de ser naturalmente magra (...)”
62. Emescam-ES As lacunas de : “Os médicos sempre ............... a João que se ............... do
cigarro e do álcool; ele, porém, mesmo que se ............... a seguir o conselho, eventual-
mente ................ a fumar e a beber.” serão adequadamente preenchidas com:
a) solicitam – abstenha – dispunha – volta
b) solicitaram – abstivesse – dispusesse – voltava
c) solicitam – abstém – disposse – voltava
d) solicitam – abstivesse – disponha – volta
e) solicitavam – abstesse – disposse – voltava
“Se seguirmos Freud, admitiremos que o desejo de destruição do outro só não é posto em
prática por repressão.”
“Até algum tempo atrás, imaginava-se que um cérebro jovem (...) fosse muito mais poderoso e
criativo do que um outro já maduro e desgastado pela idade.”
Assinale a alternativa que substitui a forma verbal fosse, sem acarretar mudança no sig-
17 nificado da frase.
a) pudesse ser.
b) tivesse sido.
c) teria sido.
d) possa ser.
e) tenha sido.
66. UFSE Um verbete de dicionário registra exemplos de uso correto do verbo desconfiar,
empregado com o sentido de não ter confiança, duvidar. “É prudente desconfiar de quem
é desconfiado”, “Mas convém que Gaspar não desconfie absolutamente destes nossos
projetos.”
Considerando-se o verbete, o segmento em negrito na frase “Uma série de denúncias
relativamente recentes escancarou o que muitos já desconfiavam...”
a) está correto, pois o emprego do verbo desconfiar está de acordo com os exemplos.
b) deve ser substituído por “aquilo de que”, para apresentar correção.
c) está correto, pois trata-se de outro sentido do verbo desconfiar.
GABARITO
67. UFPB-PSS Levando-se em conta a norma culta da língua, verifica-se erro em:
a) “... um número sem fim de animais...”
b) “Ainda não haviam louras, nem surfistas, nem mulatas...”
c) “Árvores gigantescas e multidões de palmeiras formavam o imenso verde da futura
bandeira.”
d) “Era assim o Brasil de Cabral, já quinhentos anos passados.”
e) “..., quando for a vez desses meninos?”.
68. UFR-RJ A alternativa em que está correta a classificação do verbo dar quanto à predi-
IMPRIMIR
cação é:
a) Dei com os dois velhos sentados. – transitivo direto.
b) Os jornais não deram a notícia. – transitivo indireto.
c) O relógio deu onze horas. – transitivo direto e indireto.
d) Quem dá aos pobres empresta a Deus. – intransitivo.
e) Esse dinheiro não dá. – intransitivo.
Os empregos do verbo ler nos versos acima permite classificá-los, respectivamente, como:
a) transitivo direto e intransitivo;
b) transitivo direto e transitivo indireto;
c) transitivo indireto e verbo de ligação;
d) intransitivo e transitivo indireto;
e) verbo de ligação e transitivo direto.
70. PUC-PR
“O pai havia partido sem deixar nenhum recado ao filho, o que deixou sua mãe extremamente
preocupada.”
Considerando o que está dito no enunciado acima, assinale a alternativa que contém uma
afirmação falsa:
a) As formas verbais havia partido e deixou expressam ações simultâneas.
18 b) A forma verbal havia partido expressa uma ação anterior à forma verbal deixou.
c) O enunciado é composto de duas orações que encerram uma relação de causa e conse-
qüência.
d) A forma verbal havia partido pode ser substituída por partira sem que, com isso, haja
prejuízo do significado.
e) Há, no enunciado, uma ambigüidade gerada pela locução sua mãe.
71. PUC-RS-Modificada
De acordo com o sentido que tem no trecho “Há basicamente três tipos de alunos: (...), os
auditivos (que prestam mais atenção no que vêem)...”, a palavra “vêem” é empregada
com o mesmo valor em:
a) Não consigo concordar com isso, porque vejo a questão de outra maneira.
b) Eles se calaram porque viram que a discussão não levaria a nada.
c) Vê se não te esqueces do livro – advertiu o jovem.
d) Os alunos foram à biblioteca ver se encontravam o livro indicado.
e) Os alunos viram o professor chegar e dirigir-se à secretaria da escola.
GABARITO
73. Unifor-CE Os videogames são projetados para que o jovem fique excitado...
Outra forma verbal, equivalente a em negrito acima, está na alternativa:
a) projetam-se; d) tinham projetado;
b) projetam; e) vão projetar-se.
c) é projetado;
IMPRIMIR
“Para nós durante a ditadura, o futuro, como tantos brasileiros, estava apenas exilado tempora-
riamente: ele voltaria nos braços da democracia restabelecida. Pensávamos, naqueles tristes mo-
mentos, que, derrubado o muro da ditadura, ............... de novo a estrada interrompida, ao longo
da qual todos os problemas seriam resolvidos. Não sabíamos que o país ............... a inocência,
para sempre. Se tivéssemos prestado mais atenção à história da Colônia, do Império da República
Velha, ............... que o Brasil nunca foi muito diferente do que hoje é.”
Assinale a alternativa com as formas verbais que preenchem as lacunas de acordo com a
norma padrão.
a) encontraríamos – perdera – viríamos
b) encontrássemos – perdeu – veríamos
c) íamos encontrar – tinha perdido – havíamos visto
d) encontraríamos – havia perdido – teríamos visto
e) encontrássemos – perderia – viríamos
78. U.E. Ponta Grossa-PR Escolha as estruturas aceitáveis considerando a perfeita corre-
lação entre os tempos verbais.
01. Se tivessem registrado a infância da aviação, os fotógrafos a popularizaram.
GABARITO
02. Quando os fotógrafos tiverem registrado a infância da aviação, eles a tinham popula-
rizado.
04. Quando os fotógrafos registraram a infância da aviação, eles a popularizaram.
08. Quando registrarem a infância da aviação, os fotógrafos a popularizarão.
16. Se os fotógrafos tivessem registrado a infância da aviação, eles a teriam popularizado.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
79. Unifor-CE
A forma verbal da frase acima está corretamente substituída por outra, gramaticalmente
equivalente, em:
a) Os clássicos não são muito lidos no Brasil.
b) No Brasil nunca se leu muitos os clássicos.
c) Pouco se lê os clássicos no Brasil.
d) Não é muito o que se lê dos clássicos no Brasil.
e) Não se faz a leitura dos clássicos no Brasil.
81. UFRJ ...“Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens segredava-me sempre:
‘Quem sabe?...’ (versos 14 a 17)
“o menino
às vezes
segreda-me baixinho
‘Titio, quem sabe?...’” (versos 27 a 30)
Observando o emprego dos tempos verbais nos vocábulos sublinhados acima, explique o
que é a infância na concepção do poema.
82. Unifor-CE “... insultuoso é que ela o seja apenas para alguns.”
IMPRIMIR
Nas frases abaixo, as formas verbais em negrito estão corretamente transpostas para o
mesmo tempo e modo da forma em negrito acima, exceto em:
a) Meu amigo não gosta de que o chamem de boa-vida.
b) Espera-se que ele passe a vida lutando por seus ideais.
c) A melhor sociedade deve ser aquela em que todos tenham vida boa.
d) Não me admira que eles queiram morar em belas cidades.
e) Deve ser sempre louvado alguém que sofre com os problemas alheios.
“Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre (...) ponha a saia mais
leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e
escove a alma com leves fricções de esperança.”
Carlos Drummond de Andrade.
84. UFR-RJ No verso “Você sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta
listada?”, o presente do indicativo, nas formas destacadas, foi empregado para expressar
ações:
a) presentes e simultâneas ao momento da fala;
b) presentes e posteriores ao momento da fala;
c) passadas mas que têm validade permanente;
d) que vão se realizar num futuro bem próximo;
21 e) passadas que negam o aspecto durativo do verbo.
85. U.E. Ponta Grossa-PR Marque as alternativas corretas, tendo em vista o emprego de
verbos.
01. O verbo usado em “As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as
páginas dos jornais” assumiria, na voz passiva, a forma “eram invadidas”.
02. Com o verbo na voz ativa, a frase “Cada proeza dos aviadores era narrada em deta-
lhe” ficaria “Narrava-se em detalhe cada proeza dos aviadores”.
04. A forma verbal simples empregada em “Paris virara a capital mundial da aviação
desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898”, corresponde à forma compos-
ta “havia virado” ou “tinha virado”.
08. Em “Voar era um ideal delirante e dândi”, “voar” está empregado em função subs-
tantiva.
16. Em “Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris – voar”, o
verbo haver foi empregado no pretérito perfeito do indicativo, com o sentido de
existir.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
GABARITO
passado.
A seguir, assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta:
a) II, IV, I.
b) I, III, IV.
c) I, II, IV.
d) II, I, III.
Observe, na frase acima, a seqüência dos tempos verbais em negrito, que está correta-
mente reproduzida nas formas:
a) pôde – pode; d) tinha – tem;
b) era – são; e) exigiam – exigem.
c) obteve – obtenha;
88. UFR-RJ-Adaptada
“Ano novo de eleições. Olhemos a cidade. As obras que beneficiam certas empresas trazem
proveito à maioria da população?”
Tendo em vista o contexto que envolve a frase “Olhemos a cidade”, pode-se afirmar que
o uso da forma verbal destacada expressa uma:
a) ordem. d) certeza.
b) reflexão. e) solicitação.
c) sugestão.
90. UERJ A seqüência das construções verbais em negrito retrata uma mudança na partici-
pação do “eu” que se expressa no texto.
Descreva essa mudança.
91. Unifor-CE
“De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o norte, e
engrossando com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois
se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.
Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rio das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra
GABARITO
92. Uniube-MG Assinale a alternativa em que o emprego do tempo verbal não está adequa-
damente explicado.
IMPRIMIR
a) “Pelo Natal estarei aí, com minha secretária Eunice.” – O futuro do presente está
sendo utilizado para indicar um fato provável, posterior ao momento em que se fala.
b) “Se não zelássemos por nós, quem zelaria por este pobre povo?” – O futuro do preté-
rito está sendo utilizado para indicar surpresa e indignação.
c) “(...) como bem o sabiam os romanos (...)” – O pretérito imperfeito do indicativo está
sendo utilizado para indicar um fato passado não concluído.
d) “(...) o povo é ignorante.” – O presente do indicativo está sendo utilizado para indicar
uma verdade científica.
94. U.F. Uberlândia-MG Assinale a única alternativa que não pode ser passada para a voz
passiva:
a) “Virou praga o uso indevido do gerúndio.”
b) “...ninguém supera a televisão...”
c) “Talvez apenas desconheçam a própria língua.”
d) “...uma escola escreve ‘College’ ao lado de sua marca...“
95. U.F. Uberlândia-MG Assinale a única alternativa que não admite passagem para a voz
passiva:
a) “essa liberdade só pode funcionar se submetida a intensa supervisão da comunidade
científica...”
b) “(...) a experiência provaria que o câncer pode se tornar uma doença contagiosa...”
c) “(...) a manipulação genética de alimentos e animais não poderá gerar efeitos danosos
à nossa saúde...”
A R T IG O S ,
S U B S T A N T IV O S ,
A D JE T IV O S , V E R B O S
1 E A D V É R B IO S
1. V–V–V–V–F 18. c
2. c 19. c
3. e 20. c
4. d 21. V–F–V–V
5. a 22. e
6. d 23. d
7. e 24. d
8. V–V–F 25. a
GABARITO
9. d 26. b
10. b 27. F–V–V–F
11. d 28. c
12. c 29. b
13. c 30. c
14. a 31. d
15. 13 32. e
16. d 33. d
17. d 34. d
35. a) “Se eu não estivesse atento e não tivesse olhado o rótulo, o paciente teria morrido,
declarou o médico.”
b) Ambientalistas defendem a econologia, combinação de princípos da economia, socio-
logia e ecologia, como uma maneira de viabilizarem formas alternativas de desenvolvi-
mento.
36. d
37. a
38. a
39. Vier, dispuser, vir, se mantenha, satisfizer.
40. d
41. b
42. d
43. a
IMPRIMIR
44. c
45. e
46. c
47. a
48. d
49. d
2 63.
64.
c
b
78.
79.
28
a
80. O emprego dos parênteses revela que, no verso 13, o eu-lírico faz um comentário (ou dá
uma explicação) sobre o passado, do qual se distancia.
81. A partir do emprego dos tempos verbais, verifica-se que, na concepção do poema, a
infância é um estado permanente no eu-lírico.
82. e
83. b
84. c
85. 15
86. c
GABARITO
87. a
88. c
89. Onde avanço: voz ativa;
me dou: voz reflexiva;
o que é sugado ao mim de mim: voz passiva.
90. Em avanço o “eu” é agente, em me dou é agente e paciente, em o que é sugado ao mim de
mim é apenas o lugar em que a ação acontece.
91. c
92. a
93. b
94. a
95. a
96. a
IMPRIMIR
PRONO M E S
1. I.E. Superior de Brasília-DF Após ter lido atentamente o texto “A Nona Conferência
Internacional Americana e os Direitos Humanos”, julgue os itens a seguir segundo os
critérios da morfologia. Use V, para os verdadeiros, e F, para os falsos.
( ) Os verbos existentes no trecho que vai de “Os Estados... até ...desses direitos.”
estão flexionados no mesmo tempo, modo e pessoa.
( ) Por equívoco do redator, falta o hífen em “interamericano”.
( ) As duas ocorrências do pronome se classificam-se da mesma forma.
( ) Em que e na qual são pronomes relativos.
( ) Em “da possibilidade de que as leis de cada um possam ampliar esses direitos” é
possível permutar-se a expressão destacada pela contração das.
III. foi usada como recurso obrigatório por se tratar de dois pronomes.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas II é verdadeira.
c) Apenas III é verdadeira.
d) I e II são verdadeiras.
e) I e III são verdadeiras.
6. Univali-SC
GABARITO
7. PUC-PR-Modificada Observe:
“Solução
Você que muitas vezes pegou este anúncio e nunca teve tempo para ler com mais atenção,
faça isso agora, a PROFa. BETE mora no endereço abaixo a muitos anos, você é testemunha
disto. Porquê? Ela tem um trabalho honesto e certeiro, não é uma novata na sua especialida-
de (cientista em grafologia e astrologia) é a mais célebre da América do Sul. Não fique na
dúvida, faça uma consulta, você vai compreender porque ela é a mais célebre da América do
Sul. Leitor, muitas vezes a gente sofre sem ter necessidade, ou até mesmo por não acreditar,
mas o mal existe e a solução do mal também e as vezes a cura está perto e a gente não vê, ou
o próprio mal não deixa. Muitas vezes, um problema que para muitos é um problemão, com
a PROFa. BETE é resolvido em uma simples consulta de poucos minutos. Comprove estimado
leitor, estás desiludido, desanimado, desorientado, tens caso íntimo à resolver, muita inveja,
mau olhado no amor, nos negócios, no seu trabalho, tens amor não correspondido ou rompi-
do, fazer voltar alguém em sua companhia, em qualquer assunto que lhe preocupe. Muitas
vezes não acha solução. É por que é um mal espiritual latente e você não sabe. Tire um tempo
para você mesmo e faça uma consulta com a PROFa. BETE.
Joga-se búzios e tarô
Avenida Jabaquara, 817”.
3
8. FUVEST-SP “/…/ estás desiludido, desanimado, desorientado, tens caso íntimo à
resolver, muita inveja, mau olhado no amor, nos negócios, no seu trabalho, tens amor
não correspondido ou rompido, fazer voltar alguém em sua companhia, em qualquer
assunto que lhe preocupe.”
Observando-se apenas o correto uso dos pronomes, deve-se substituir as palavras
grifadas, respectivamente, por
a) teu; tua; lhes.
b) teu; vossa; os.
c) teu; tua; te.
d) vosso; vossa; te.
e) vosso; tua; o.
9. UFGO
A. Toda a gente voltou da ilha com o baile na cabeça, muita sonhou com ele, algu-
GABARITO
11. U. Potiguar-RN Em um dos versos acima, um pronome substitui toda uma oração. Apon-
te-o:
a) que.
b) me.
c) o.
4 d) te.
12. U. Potiguar-RN Em um dos versos acima, um pronome pessoal oblíquo está substituin-
do um pronome possessivo. Aponte-o:
a) te.
b) me.
c) o.
d) que.
13. U.F. Uberlândia-MG Todas as alternativas abaixo podem ser preenchidas por cujo(a),
exceto:
a) “Lalau não demorou muito. (...) Vinha um pouco esbaforida, voando-lhe os cabelos,
............... eram curtinhos e em cachos...” (M. de Assis)
b) “A casa ............... lugar e direção não é preciso dizer, tinha entre o povo o nome de
Casa Velha...” (M. de Assis)
c) “Não estava contente comigo. Tinha-me deixado resvalar a uma promessa inconside-
GABARITO
c) “pois o que se passa no Piauí não é o mesmo das grandes capitais –”/ pois o que passa-
se no Piauí não é o mesmo das grandes capitais;
d) “purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal
abre os olhos à luz.”/ purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que
acha-se rodeada mal abre os olhos à luz;
e) “a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela;”/ a mulher de hoje em
dia pode se sair melhor do que aquela.
“... Stingo descobre as verdades escondidas sobre as quais eles estão encobrindo...”.
Esse trecho se torna adequado à norma culta se a expressão em destaque for substituída
por:
a) onde.
b) que.
c) cujas.
d) das quais.
e) entre as quais.
16. Univali-SC Assinale, dentre as frases a seguir, retiradas de jornais de circulação regio-
nal, a que está de acordo com as normas da Língua Portuguesa.
a) É outra daquelas questões onde não é certo optar por uma alternativa, excluindo a
outra.
b) Além dos efeitos sociais e econômicos referidos, um plano de retomada da indústria
de construção fere uma carência objetiva do país, onde há necessidade de milhões de
casas...
c) Um reflexo na pupila (menina dos olhos), em um recém-nascido poderá revelar pro-
blemas na retina, tumores intra-oculares, ou até catarata congênita onde realizar-se-á
5 cirurgia o mais breve possível.
d) A surpresa aconteceu na sétima prova, onde houve a divergência sobre a terceira cida-
de mais antiga do país.
e) Participaram todos os 540 alunos distribuídos em 8 equipes, onde se buscou equilibrar
a força, unindo os alunos maiores com os menores.
17. FEI-SP Em “as paredes vejo-as”, os termos em destaque são classificados respectiva-
mente como:
a) artigo definido e pronome pessoal do caso reto.
b) artigo definido e pronome demonstrativo.
c) artigo definido e pronome pessoal do caso oblíquo.
d) pronome pessoal e artigo definido.
e) preposição e pronome pessoal do caso oblíquo.
18. FGV-SP A propósito do segmento de frase “Ser-me-ia impossível descobrir entre mim e
elas pontos de identificação…”, atenda ao que se pede abaixo.
GABARITO
“Sem a reforma agrária não há como resolver a desnutrição desse povo brasileiro.”
“O grande mal desse povo brasileiro é ter nascido pobre.”
“Incontestável representante do bom gosto, a escritora e colunista Danuza Leão não tem vergo-
nha de aplaudir o Show do Milhão. (...) Da mesma franqueza de Danuza comunga o plubicitário
Roberto Justus. ‘A atração educa quem não teve acesso àquelas informações e diverte quem quer
testar seus conhecimentos’, argumenta.”
6 Telejornal. O Estado de S. Paulo. 03/09/2000, p. T8-T9.
Seguindo as convenções da norma culta, a oração destacada no texto pode ser substituída
por:
a) Quem não teve-lhe acesso.
b) Quem não as teve acesso.
c) Quem não teve-as acesso.
d) Quem não teve acesso a elas.
e) Quem não teve-lhes acesso.
22. F.M. Triângulo Mineiro-MG Una as frases por um pronome relativo e assinale a alter-
nativa correta, de acordo com a norma culta.
“A Lagoa Rodrigo de Freitas já havia chamado a atenção de D. Pedro II. As águas da
Lagoa continuam malcheirosas.”
a) D. Pedro II já havia chamado a atenção para as águas malcheirosas da Lagoa Rodrigo
de Freitas.
b) A Lagoa Rodrigo de Freitas, cujas águas continuam malcheirosas, já havia chamado a
GABARITO
23. PUC-PR-Modificada
“O pai havia partido sem deixar nenhum recado ao filho, o que deixou sua mãe extremamente
preocupada”.
IMPRIMIR
Considerando o trecho acima, pode-se afirmar que a expressão o que tem como antece-
dente os termos:
a) O pai;
b) havia partido;
c) ao filho;
d) nenhum recado;
e) toda a parte do enunciado que antecede à própria expressão o que.
25. FUVEST-SP
“‘As pessoas ficam zoando, falando que a gente não conseguiria entrar em mais nada, por isso
vamos prestar Letras’, diz a candidata ao vestibular. Entre os motivos que a ligaram à carreira estão
o gosto por literatura e inglês, que estuda há oito anos.”
Adaptado da Folha de S. Paulo, 22/10/00.
No trecho que não está entre aspas ocorre um desvio em relação à norma culta. Reescre-
va o trecho, fazendo a correção necessária.
26. PUC/Campinas-SP
“No centro da Convenção sobre Mudança Climática esteve o reconhecimento de que o planeta
7 pode passar por mudanças catastróficas no próximo século, com o agravamento do efeito estufa.
A delegação brasileira na reunião de Buenos Aires, onde se deu o encontro, assim como em
Kyoto, foi chefiada pelo ministro da Ciência e Tecnologia. Ela teve um papel destacado no Japão,
ao apresentar proposta que desembocou no “mecanismo de desenvovimento limpo” (MDL), ques-
tão central na pauta na Argentina.”
27. UFMT-Adaptada Julgue as afirmações a seguir. Use V, para assinalar os itens verda-
deiros, e F, para os itens falsos.
( ) Substituindo o pronome lhe por dele na oração Ousou o escrevente namorar-lhe a
filha, as duas formas pronominais funcionam como objeto indireto.
GABARITO
28. U. Potiguar-RN Os trechos que seguem mostram que certas construções típicas do por-
tuguês falado, são utilizadas na modalidade escrita, exceto um deles. Aponte-o:
a) Procure preocupar-se com os problemas que você tem maior dificuldade.
b) Uma escola, onde na frente havia uma lanchonete, deverá ser totalmente reformada.
c) Sempre me pareceu muito severo aquele diretor sob cujas ordens trabalhei muitos anos.
d) Consideramos propícia a escolha do momento dele falar.
IMPRIMIR
29. U. Alfenas-MG Assinale a opção onde o pronome pessoal está empregado incorretamente.
a) Para mim, cumprimentá-la seria uma ofensa.
b) Entre eu e ela já não há mais nada.
c) Viram-nos, mas não os chamaram.
d) Permitiu-lhe, a ele, fazer a ronda.
e) Aquele era o carro para mim; comprá-lo com que dinheiro?
31. Univali-SC Identifique a opção correta quanto à colocação pronominal nos trechos reti-
rados de jornais de circulação regional:
a) Que todo pai sinta-se imensamente feliz na comemoração de seu dia.
b) Por que todos os dias perdem-se tantos blocos de notas fiscais em Blumenau?
c) Preserve-a a todo custo. Não esqueça que para seu filho você é o maior herói.
d) O “Bem” do título acima, se expressa pela existência de postos de trabalho na quanti-
dade e qualidade requeridos por uma população... .
8 e) ... utilizando a imagem do “Zé Carioca” e outras, que mostram-nos menores e menos
capazes.
32. PUC/Campinas-SP Observe a seguinte passagem do texto: “‘Pare aí’, me diz você. ‘O
escrevente escreve antes, o leitor lê depois.’ ‘Não!’ lhe respondo, ‘Não consigo escrever
sem pensar você por perto, espiando o que escrevo.’” Nela, o autor, utilizando o discurso
direto, apresenta um diálogo imaginário entre o autor e seu leitor, introduzindo a lingua-
gem oral no texto escrito. Por essa razão,
a) os pronomes oblíquos átonos foram colocados depois do verbo.
b) os pronomes oblíquos átonos são enclíticos.
c) os pronomes oblíquos átonos não foram utlizados no diálogo.
d) os pronomes oblíquos átonos são proclíticos.
e) os pronomes oblíquos átonos são mesoclíticos.
( ) A norma gramatical contrariada em Para mim brincar é Não se deve usar prono-
me pessoal da forma oblíqua na função sujeito.
( ) A norma gramatical contrariada em Me dá um cigarro é Não se deve iniciar um
período com pronome oblíquo átono.
34. UFSE
dentes, obtém-se:
a) encher-lhes – debaixo dela – dando-os de comer;
b) encher-lhes – debaixo a ela – dando-lhes de comer;
c) enchê-los – debaixo dela – dando-lhes de comer;
d) enchê-los – debaixo a ela – dando-os de comer;
e) encher-los – debaixo dela – dando de comê-los.
“Não digo com isto que um e outro dos gêmeos não soubessem agredir e dissimular, a diferen-
ça é que cada um sabia melhor o seu gosto, coisa tão óbvia que custa escrever.”
In: ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: Editora Mérito, 1962. p. 78.
GABARITO
39. UEMS Ao comparar as diversas cidades do mundo com a cidade do Rio de Janeiro,
defendia com ardume e paixão a beleza... sobre cada uma...
a) dessa – daquelas.
b) daquelas – destas.
c) destas – dessa.
d) desta – daquelas.
e) desta – dessas.
IMPRIMIR
40. UFPB-PSS No verso “Ao coração que sofre, separado...”, o vocábulo que refere-se ao
termo antecedente. Observa-se esta mesma relação em:
a) “Não me basta saber que sou amado.”
b) “...no exílio em que a chorar me vejo.”
c) “Não há que a terra pelo céu trocar.”
d) “Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza.”
e) “Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras...”
42. UFF-RJ Assinale a opção em que a reformulação da frase abaixo apresenta um empre-
go de pronome não compatível com o uso formal da língua:
“E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
águas que tem.”
a) E em tal maneira é graciosa que, se a quisermos aproveitar, dar-se-á nela tudo por
causa das águas que tem.
b) E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, dar-se-á nela tudo, por bem
das águas que tem.
c) E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, tudo nela se dará, por causa
10 das águas que tem.
d) E em tal maneira é graciosa que, ao querer-se aproveitá-la, tudo dar-se-á nela, por bem
das águas que tem.
e) E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitar ela, tudo dar-se-á por bem das
águas que tem.
44. UFSC Observe o período abaixo e assinale a(s) proposição(ões) em que ele foi reescrito
GABARITO
corretamente.
“— Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te
tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
01. — Os homens esqueceram dessa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esque-
cer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
02. — Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deves esquecê-
la. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
04. — Disse a raposa: —Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer.
IMPRIMIR
08. — Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que você cativa. Os homens
esqueceram-se essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer.
16. — Os homens esqueceram essa verdade: tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecê-la.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Alguns cientistas já se preocupam em garantir que os robôs do futuro tragam em seus progra-
mas, em todos eles, um ‘chip’ da bondade que os impeça de fazer mal aos homens...”
47. UFR-RJ “...fica um mote que agradeço a Paulo Freire: ‘a leitura do mundo parece sem-
11 pre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele’”
Uma das funções dos pronomes demonstrativos é retomar, dentro de um enunciado, ele-
mentos anteriormente citados. A análise do fragmento acima revela que os demonstrati-
vos esta e aquele referem-se, respectivamente, aos vocábulos:
a) palavra e mote.
b) leitura e mote.
c) palavra e mundo.
d) leitura e daquele.
e) continuidade e mundo.
48. Univali-SC Ao ler jornais de circulação regional, percebe-se, algumas vezes, a incorre-
ção no emprego do pronome oblíquo átono. Dentre as frases a seguir, assinale aquela em
que o pronome foi empregado adequadamente.
a) A ativação desse setor da economia, conhecido por seus efeitos rápidos na área de
emprego e por seu contágio imediato sobre áreas de indústria e de serviços, se apro-
veitará dos atuais sinais de aquecimento da atividade econômica.
GABARITO
49. UEMS
I. O lugar...moro é muito pacato.
II. Esse foi o número...gostei menos.
IMPRIMIR
51. UFR-RJ
“O Padeiro (fragmento)
(Rubem Braga)
Tomo meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me
lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta
do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gri-
tando:
– Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?
‘Então você não é ninguém?’.
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontece-
ra bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou uma pessoa qualquer, e
ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera
dizer para dentro: ‘Não é ninguém, não senhora, é o padeiro’. Assim ficara sabendo que não era
ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo.”
In: Ai de ti, Copacabana, 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964, pp. 44, 45.
GABARITO
52. UFRJ
a) Que sentido assume o pronome indefinido ninguém no texto?
b) Quando esse pronome indefinido é usado na função sintática de sujeito, a dupla nega-
ção pode ou não ocorrer. Justifique essa afirmativa, exemplificando-a.
53. U.E. Londrina-PR Assinale a alternativa que está estruturada de acordo com a norma
culta.
a) Originárias da África do Sul, as abelhas africanas são agressivas, cuja criação é feita
geralmente em apiários.
b) As agressivas abelhas africanas, cuja criação é feita geralmente em apiários, são origi-
nárias da África do Sul.
IMPRIMIR
“Música
Uma coisa triste no fundo da sala.
Me disseram que era Chopin.
A mulher de braços redondos que nem coxas
martelava na dentadura dura
sob o lustre complacente.
Eu considerei as contas que era preciso pagar,
os passos que era preciso dar,
as dificuldades…
Enquadrei o Chopin na minha tristeza
meus cuidados voaram como borboletas.”
ANDRADE, Carlos Drummond de.
Alguma Poesia.
54. FATEC-SP O tratamento poético da linguagem apresenta, por vezs, certas possibilida-
des que a norma gramatical não admite ou não recomenda; é possível afirmar que, no
poema Música, é exemplo disso:
13 a) “Me disseram que era Chopin”.
b) “dentadura dura”.
c) “enquadrei o Chopin”.
d) “que era preciso pagar”.
e) “braços redondos”.
56. UFRJ
Vimos que, no texto da questão 52, Rubem Braga fez uso expressivo do indefinido
ninguém. Diga com que sentido o mesmo termo é usado por Machado de Assis no
texto acima, relacionando tal significado com um posicionamento marcante na obra do
autor.
“O impossível carinho
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
– Eu soubesse repor–
No coração despedaçado
As mais puras alegrias da tua infância!”
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 9ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1982. p. 118.
O poema de Bandeira constrói-se com base na relação entre o eu-lírico e seu interlocutor.
A existência desse interlocutor é evidenciada em vocábulos que pertencem a duas dife-
rentes classes gramaticais.
a) Identifique essas duas classes gramaticais.
b) Diga que traço gramatical comum aos vocábulos indica a presença do interlocutor.
14
GABARITO
IMPRIMIR
PRONO M E S
1. F–F–V–V–F
2. d
3. d
4. b
1 5. d
6. b
7. b
8. c
9. F–V–F–V
10. c
11. a
12. d
13. a
14. e
15. b
16. b
GABARITO
17. c
18. a) Só se emprega o pronome pessoal do caso reto eu na função de sujeito. O pronome em
questão possui função completiva, sendo regido pela preposição entre; desta forma, está
correto o uso do pronome mim, pronome pessoal do caso oblíquo.
b) Na função completiva, que é o caso, o pronome adequado da 2ª pessoa do singular a
ser empregado é o ti.
19. F–F–V–V
20. d
21. d
22. b
23. c
24. c
25. A fim de desfazer o desvio em relação à norma culta, pode-se reescrever o trecho da
seguinte forma: Entre os motivos que a ligaram à carreira está o gosto por inglês, que
estuda há oito anos, e por literatura.
26. b
27. F–V–F
28. c
29. c
30. e
31. c
32. d
33. V–V
IMPRIMIR
34. c
35. a
36. c
37. c
38. Em “a fruta”, o a é artigo definido feminino e em “a ia buscar”, a é pronome pessoal do
caso oblíquo (retomando fruta).
39. d
NO Ç ÕE S D E
L IT E R A T U R A
Texto para as questões 1 a 3.
1 6 Não usar colarinho duro. A fala de furnas brenhentas de Mário-pega-sapo era na rua. Por
isso as crianças e as putas no jardim o entendiam.
7 Nos versos mais transparentes enfiar pregos sujos, teréns de rua e de música, cisco de
olho, moscas de pensão...
8 Aprender a capinar com enxada cega.
9 Nos dias de lazer compor um muro podre para os caramujos.
10 Deixar os substantivos passarem anos no esterco, deitados de barriga, até que eles possam
carrear para o poema um gosto de chão – como cabelos desfeitos no chão – ou como uma
bule de Braque – áspero de ferrugem, mistura de azuis e ouro – um amarelo grosso de
ouro da terra, carvão de folhas.
11 Jogar pedrinhas nim moscas...”
BARROS, Manoel de. Matéria de Poesias, 3 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1999.
1. UFMS Esse poema é uma espécie de manifesto, uma tomada de posição ante o fazer
poético; propõe que a palavra seja descarregada de seus significados já prontos, automati-
zados, portanto. Nessa concepção, o verso 10 ressalta que na poesia a palavra deve ser:
a) exata. d) vaga.
b) impermeável. e) cristalina.
c) fecunda.
GABARITO
2. UFMS O poema cita Rimbaud, poeta francês do século passado, e Carlitos, personagem
dos filmes de Charles Chaplin. “Perder a inteligência das coisas para vê-las”, de acordo
com o texto de Manuel de Barros é olhar as coisas:
a) em seu significado mais moderno.
b) com objetividade, deixando de lado o sujeito que olha.
c) recusando seu invólucro utilitário.
d) pelo ponto de vista do especialista.
e) sem se preocupar com sua carga simbólica.
3. UFMS “Mesmo sem fome, comer as botas” é uma referência a Carlitos que, em um
filme, com fome, isolado na neve e não tendo com que se alimentar, cozinhou as botas e
as comeu, até os cadarços. A expressão mesmo sem fome muda a situação. Se conside-
IMPRIMIR
ramos o poema uma espécie de “conselho a um aprendiz de poeta”, o verso citado propõe
que, em favor da poesia, é necessário:
a) duvidar das imagens carregadas de sugestões.
b) apropriar-se de realidades aparentemente estéreis.
c) sofrer privações materiais.
d) alimentar-se bem para ter boas idéias.
e) isolar-se do resto da humanidade.
5. UFPI Na seqüência “... não cante / O humano coração com mais verdade...”, existe:
a) a surpresa de se ver amando tanto;
b) a sensação de que o amor é indescritível;
c) a pretensão de cantar como ninguém o amor;
GABARITO
“POÉTICA
1
Que é Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.
2
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.”
RICARDO, Cassiano. Jeremias Sem-Chorar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.
9. UERJ O eu-lírico no texto de Cassiano Ricardo expressa uma definição sobre a elabo-
ração da poesia.
Essa definição é semelhante ao conteúdo do seguinte fragmento:
a) “Como varia o vento – o céu – o dia, / Como estrelas e nuvens e mulheres, / Pela regra
geral de todos seres, / Minha lira também seus tons varia, / e sem fazer esforço ou
maravilha.” (Álvares de Azevedo).
b) “O artista intelectual sabe que o trabalho é a fonte da criação e que a uma maior
quantidade de trabalho corresponderá uma maior densidade de riquezas.” (João Ca-
bral de Melo Neto).
c) “[Minhas poesias] não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas
em épocas diversas – debaixo de céu diverso – e sob a influência de impressões mo-
mentâneas.” (Gonçalves Dias).
d) “Um dia (...) tive saudades da casa paterna e chorei. As lágrimas correram e fiz os
primeiros versos da minha vida, que intitulei – As Ave-Maria – a saudade havia sido a
GABARITO
10. UFRS Leia as estrofes abaixo, de Vinícius de Moraes, e a afirmação que as segue.
Por meio de versos ............... em que é perceptível um lirismo ..............., típico de sua
poesia, Vinícius de Moraes aproxima a mulher e a lua, fundindo-as, em alguns momen-
tos, como acontece no verso de número ............... .
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a) octossílabos – amoroso – 06 d) octossílabos – despojado – 07
b) heptassílabos – social – 07 e) decassílabos – sensual – 06
c) decassílabos – moralizante – 08
12. UnB-DF
13. Uneb-BA
14. Uneb-BA
15. Uneb-BA
“Um dia saí para o meu passeio habitual quando ele, o pedinte, surgiu inesperadamente. Infer-
no, como foi que ele descobriu o meu endereço? ‘Doutor, não me abandone!’ Sua voz era de
mágoa e ressentimento. ‘Só tenho o senhor no mundo, não faça isso de novo comigo, estou
precisando de um dinheiro, esta é a última vez, eu juro!’ – e ele encostou o seu corpo bem junto
ao meu, enquanto caminhávamos, e eu podia sentir o seu hálito azedo e podre de faminto. Ele era
mais alto do que eu, forte e ameaçador.
Fui na direção da minha casa, ele me acompanhando, o rosto fixo virado para o meu, me
vigiando curioso, desconfiado, implacável, até que chegamos na minha casa. Eu disse, ‘espere
aqui’.
IMPRIMIR
Fechei a porta, fui ao meu quarto. Voltei, abri a porta e ele ao me ver disse ‘não faça isso,
doutor, só tenho o senhor no mundo’. Não acabou de falar, ou se falou eu não ouvi, com o
barulho do tiro. Ele caiu no chão, então vi que era um menino franzino, de espinhas no rosto, e
de uma palidez tão grande que nem mesmo o sangue, que foi cobrindo a sua face, conseguia
esconder.”
FONSECA, Rubem. Feliz ano novo. 2. ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 90.
“Boa-Vida estendeu a mão numa saudação quando ela falou em Omolu, o deus da bexiga. A
tarde caía. Um homem comprou cocada. As luzes se acenderam de repente. A negra se levantou,
Boa-Vida ajudou a que ela botasse o tabuleiro na cabeça. Ao longe, Pirulito apontava com o
Querido-de-Deus. Pedro Bala olhou mais uma vez os homens que nas docas carregavam fardos
para o navio holandês. Nas largas costas negras e mestiças brilhavam gotas de suor. Os pescoços
musculosos iam curvados sob os fardos. E os guindastes rodavam ruidosamente. Um dia iria fazer
uma greve como seu pai... Lutar pelo direito... Um dia um homem assim como João de Adão
poderia contar a outros meninos na porta das docas a sua história, como contavam a de seu pai.
Seus olhos tinham um intenso brilho na noite recém-chegada.”
AMADO, Jorge. Capitães da areia. 85. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 79.
17. Uneb-BA
“– Não esqueci de nada..., recomeçou a mãe, quando uma freada súbita do carro lançou-as
uma contra a outra e fez despencarem as malas. Ah! ah!, exclamou a mãe como a um desastre
irremediável, ah! dizia balançando a cabeça em surpresa, de repente envelhecida e pobre. E
Catarina?
Catarina olhava a mãe, e a mãe olhava a filha, e também a Catarina acontecera um desastre?
seus olhos piscaram surpreendidos, ela ajeitava depressa as malas, a bolsa, procurando o mais
rapidamente possível remediar a catástrofe.”
LISPECTOR, Clarice. Laços e família: contos. 12. ed.
“(...) Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num
momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá
sido uma perda irreparável? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se ele
existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a
hora exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de
bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a forma dos montes
verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? Essas
coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá-las no esquecimento:
valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porém, conservaram-se, cresceram,
associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Levianda-
de. (...) Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que
julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto, mas espero que
não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade. (...)”
RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, 1984.
GABARITO
18. UERJ O fragmento transcrito expressa uma reflexão do autor-narrador quanto à escrita
de seu livro contanto a experiência que viveu como preso político, durante o Estado
Novo.
No que diz respeito às relações entre escrita literária e realidade, é possível depreender,
da leitura do texto, a seguinte característica da literatura:
a) revela ao leitor vivências humanas concretas e reais;
b) representa uma conscientização do artista sobre a realidade;
c) dispensa elementos da realidade social exterior à arte literária;
d) constitui uma interpretação de dados da realidade conhecida.
19. UERJ Por causa da perda das anotações, relatada pelo narrador, o texto é impregnado
IMPRIMIR
7 7
8
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
9 Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
10 A que dava ocasião minha brandura,
11 Nunca pude fugir ao cego engano:
12 Vós, que ostentais a condição mais dura,
13 Temei, penhas, temei; que amor tirano,
14 Onde há mais resistência, mais se apura.”
Vocabulário:
penhas – penhascos
b) nota-se, nos versos 9 e 11, a presença de antítese, o que mostra a influência do Barro-
co na lírica do poeta mineiro;
c) o sujeito lírico, nos versos 12, 13 e 14, dirige-se aos penhascos, um elemento típico da
paisagem mineira, que representa seu berço;
d) o sujeito lírico se compara aos penhascos de Minas, pois é tão duro e resistente quanto
eles;
e) o sujeito lírico usa as pedras como símbolo do amor à pátria e como seu próprio
símbolo, pois é tão duro quanto elas.
22. U.F. Santa Maria-RS Esse poema árcade é um soneto que apresenta:
a) os quartetos com rima alternada;
IMPRIMIR
Texto I
“VIII
O pobre leito meu desfeito ainda
A febre aponta da noturna insônia.
Aqui lânguido à noite debati-me
Em vãos delírios anelando um beijo...
E a donzela ideal nos róseos lábios,
No doce berço do moreno seio
Minha vida embalou estremecendo...
Foram sonhos contudo. A minha vida
Se esgota em ilusões. E quando a fada
Que diviniza meu pensar ardente
Um instante em seus braços me descansa
E roça a medo em meus ardentes lábios
Um beijo que de amor me turva os olhos,
Me ateia o sangue, me enlanguece a fronte,
Um espírito negro me desperta,
O encanto do meu sonho se evapora
E das nuvens de nacar da ventura
Texto II
“Doce Mistério
Eu não sei de onde vem
Esse amor que chega e domina
Viva luz a brilhar,
Nesse olhar que o meu ilumina
Vou flutuando na paixão
Não, não sei aonde vou chegar
Que será essa ilusão
Que eu vivo a buscar
Diz pra mim se é você
Esse alguém que eu tanto quero
Eu preciso descobrir
Se é você meu doce mistério de amor
O que eu quero é viver você
GABARITO
23. UFMT
( ) Figura central da 2ª geração romântica, Álvares de Azevedo apresenta, nesse texto,
exemplo da tendência mórbida desse movimento.
( ) No texto I, a figura feminina se constrói entre dois pólos, o da virgindade idealiza-
da e o da projeção da sensualidade do “eu-lírico”.
( ) Esse caráter de duplicidade é incomum na produção da geração “mal-do-século”.
( ) São características do “eu-lírico” do texto I a realização pelo sonho e a inadaptação
IMPRIMIR
à realidade.
24. UFMT
( ) Os dois textos apresentam temática comum: a busca da realização amorosa.
( ) O “eu-lírico” do texto II projeta sua passividade, colocando-se como sujeito sub-
misso em seu desejo de amor.
( ) A mulher do texto II é apresentada por meio de seus atributos físicos.
26. UFMT
( ) Quanto à métrica, os dois poemas são decassílabos.
( ) Em ambos, ocorrem rimas pobres organizadas irregularmente.
( ) Nos textos I e II, cada estrofe é independente nos planos semântico e sintático.
( ) Neles, há ocorrência de inversão sintática, frases em ordem indireta.
Questões de 27 a 29.
“A Ausente
Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
“Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
– Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
– Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listada?
A moça se lembrava:
– A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
– Antônia, você parece uma lagarta listada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
10 O rapaz concluiu:
– Antônia, você é engraçada! Você parece louca.”
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio, José Olympio, 1979.
“Porque minhas tranças estavam macias e lustrosas, a pele de meu rosto sabia a fruta veludosa,
fresca e furta-cor, deitei-me naquele dia sob a telha de vidro da gaiola, na longa rede cheirosa de
sabão preto feito em casa mesmo. Foi esse o início de um destino esquerdo, que me marcou a testa
a fogo e me fez arrastar uma banda do coração como um toco de carne empedrado pela vida afora.
Daí mais um pouco fui embranquecendo os fios do cabelo da fronte, e meus olhos acharam por bem
esburacarem-se parecendo por fim a dois lagos meio verdes meio azuis, esfumaçados pela neblina
IMPRIMIR
que saía da chaminé daquela casa onde, à beira do fogão encostei meu umbigo temperando as
sopas dos meninos e pondo o leite pra ferver, porque desde cedo me secaram as tetas e o jeito era
recorrer ao leite das cabras do quintalão de pedras e, também, porque minha bisavó, que ainda
falava e orava com um fio da voz e se cobria num canto do quarto escuro, como uma mancha no
ermo, dizia e repetia que crianças de dentes fortes e olhos devem beber leite de cabra já que as mães
se secam muito cedo, põe dentro e fora de tanto arrancarem pedacinhos de carne e sustança do
suco de ossos e sangue para sovar o dia do marido que vem chegando, levantando a voz como se
nascesse rei e o bando de filhos seus primeiros súditos.”
33. U. Católica-GO
( ) Pela leitura do texto, é correto afirmar que a personagem, embora incapaz de modi-
ficar uma situação socialmente imposta às mulheres, não se mostra tão conformada
como a avó, que ainda demonstra sua submissão ao homem.
( ) De acordo com o texto, a vida de sofrimento iniciou-se com o casamento, que
ocorreu porque a personagem era jovem e bela.
( ) A personagem demonstra que, apesar de trabalhar muito, cuidar dos filhos e dos
afazeres domésticos, continuava a ser uma pessoa vaidosa, e que se preocupava em
tingir os cabelos com tons mais claros, pois afirma: “Daí mais um pouco fui em-
branquecendo os fios do cabelo da fronte...”
( ) Na frase “... porque me secaram as tetas...” considerando-se o contexto, o verbo
secaram usado na terceira pessoa do plural pode estar relacionado e, portanto, ter
GABARITO
e me livre de ti em paralelo.
E eu quero? É Sísifo o meu modelo, merda:
Amo o poema assim como ele ama a pedra.”
NEVES, Reinaldo Santos. In: Muito Soneto por nada.
Vitória: Cultural, 1998, p. 58.
35. F.I. Vitória-ES Pode-se afirmar a respeito do texto acima, com exceção de:
a) é literário, pela linguagem coloquial e referencial;
b) não é literário, pela presença de termos chulos, vulgares;
c) é literário, pelo trabalho estético e jogo verbal estabelecido;
d) não é literário, pois não é prosa nem poesia;
e) é um misto de literário e não literário, próprio do texto contemporâneo.
IMPRIMIR
36. F.I. Vitória-ES Quanto ao gênero e modalidade literária, só é possível afirmar sobre o
texto acima:
a) é lírico, construído em prosa poética;
b) é narrativo, um poema épico;
c) é dramático, pela intensidade do sentimento do eu poético;
d) é lírico, um soneto de versos, predominantemente, decassílabos;
e) não é um soneto, pois os versos não estão distribuídos em tercetos e quartetos.
13 11
12
eu quero é ir-me embora
eu quero é dar o fora (...)”
Caetano Veloso.
38. UnB-DF
GABARITO
“A moenda
Na remansosa paz da rústica moenda,
À luz quente do sol e à fria luz do luar,
Vive como a expiar uma culpa tremenda,
O engenho de madeira a gemer e a chorar.
Ringe e range, rouquenha, a rígida moenda;
E ringindo e rangendo, a cana a triturar
Parece que tem alma adivinha e desvenda
A ruína, a dor, o mal que vai, talvez, causar...”
Da Costa e Silva. Poemas.
“A Transação
Vaguei pelas ruas e recolhi-me às nove horas. Não podendo dormir, atirei-me a ler e escrever. Às
onze horas estava arrependido de não ter ido ao teatro, consultei o relógio, quis vestir-me, e sair.
Julguei, porém, que chegaria tarde; demais, era dar prova de fraqueza. Evidentemente, Virgília
começava a aborrecer-se de mim, pensava eu. E esta idéia fez-me sucessivamente desesperado e
frio, disposto a esquecê-la e a matá-la. Via-a dali mesmo, reclinada no camarote, com os seus
magníficos braços nus, – braços que eram meus, – fascinando os olhos de todos, com vestido
soberbo que havia de ter, o colo de leite, os cabelos postos em à maneira do tempo, e os brilhan-
tes, menos luzidios que os olhos dela... Via-a assim, e doía-me que a vissem outros. Depois,
começava a despi-la, a pôr de lado as jóias e sedas, a despenteá-la com as minhas mãos sôfregas
e lascivas, a torná-la, – não sei se mais bela, se mais natural, – torná-la minha, somente minha,
unicamente minha.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 18 ed. São Paulo: Ática, 1992, p. 96.
“Biblioteca verde
1 Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras de Célebres.
São só 24 volumes encadernados
em percalina verde.
Meu filho, é livro demais para uma criança.
5 Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.
Quando crescer eu compro. Agora não.
Papai me compra agora. É em percalina verde,
só 24 volumes. Compra, compra, compra.
Fica quieto, menino, eu vou comprar.
10 Chega cheirando a papel novo, mata
de pinheiros toda verde. Sou
o mais rico menino destas redondezas.
(Orgulho, não; inveja de mim mesmo.)
GABARITO
42. UFR-RJ O recurso gramatical utilizado pelo autor para reproduzir um diálogo pode ser
demonstrado através:
a) do emprego de verbos irregulares.
b) das construções com uso de vocativos.
c) da predominância de orações coordenadas.
d) do emprego de verbos no modo imperativo.
e) do uso do pronome oblíquo na primeira pessoa do singular.
43. U.F. Santa Maria-RS Observe a postura do narrador no seguinte fragmento de Dom
Casmurro, de Machado de Assis:
Tudo isto é obscuro, dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que perturbava assim a adolescên-
cia de um pobre seminarista. Não fosse ele, e este livro seria talvez uma simples prática paroquial,
se eu fosse padre, ou uma pastoral, se bispo, ou uma encíclica47, se papa, como me recomendara
tio Cosme. ‘Anda lá, meu rapaz, volta-me papa!’ Ah! por que não cumpri esse desejo? Depois de
Napoleão, tenente e imperador, todos os destinos estão neste século.”
Vocabulário:
47
Encíclica – Carta solene dirigida pelo Papa ao clero do mundo católico ou unicamente aos bispos
de uma nação. (N.E.)
“2ª Ladainha
1 Por que o raciocínio,
os músculos, os ossos?
A automação, ócio dourado,
4 O cérebro eletrônico, o músculo
mecânico
mais fáceis que um sorriso.
7 Por que o coração?
O de metal não tornará o homem
mais cordial,
10 dando-lhe um ritmo estracorporal?
Por que levantar o braço
para colher o fruto?
13 A máquina o fará por nós.
Por que labutar no campo, na cidade?
A máquina o fará por nós.
16 Por que pensar, imaginar?
A máquina o fará por nós.
Por que fazer um poema?
44. UnB-DF
“Ladainha (a-í) (Do grego litaneia, pelo lat. litania) S.f.1. Oração formada por uma série de
invocações curtas e respostas repetidas.
2. Fig. Relação, narração, discurso, ou conversa longa e fastidiosa; lengalenga, cantilena. Bras.
Cap. Canto do ritual de abertura de uma roda de capoeira. (Sin. (ant.) nesta acepção: reza da
capoeira.)”
45. UnB-DF
Acerca das idéias do texto, julgue os itens seguintes.
( ) Ao longo do poema, o autor vai associando partes da anatomia humana aos siste-
mas fisiológicos por ela dinamizados, da seguinte forma: primeira estrofe, sistema
neurovegetativo; segunda, sistema circulatório; terceira, sistemas motor, digestivo
IMPRIMIR
“Luísa
Rua
espada nua
bóia no céu
imensa e amarela
tão redonda, a lua
como flutua
vem navegando o azul do firmamento
e, no silêncio, lento
um trovador cheio de estrelas
escuta, agora, a canção que eu fiz
pra te esquecer, Luísa
eu sou apenas um pobre amador apaixonado
um aprendiz do teu amor
acorda, amor
que eu sei que embaixo desta neve mora um coração.
Vem cá, Luísa
me dá tua mão
“O relógio
1
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula, se
ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quebradiço da forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
18 e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a agente às vezes canta
para sentir-se existente.
2
O que eles cantam, se pássaros, é
diferente de todos:
cantam numa linha baixa,
com voz de pássaro rouco;
desconhecem as variantes
e o estilo numeroso
dos pássaros que sabemos, estejam
presos ou soltos;
GABARITO
Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta em relação ao
que se observa no trecho acima e como falsas aquelas em que isso não ocorre.
( ) Em ambas as estrofes predominam tanto aspectos descritivos quanto líricos.
( ) A linguagem é poética, quer dizer, seu foco principal está na mensagem que é
transmitida.
( ) Na 2ª estrofe encontram-se metáfora (3º e 4º versos) e antítese (5º verso).
IMPRIMIR
( ) Quanto à posição da sílaba tônica, esses versos são graves e redondilha maior é
o nome dado a eles, considerando-se o número de sílabas em cada verso.
( ) As estrofes acima comprovam que o poema de onde eles foram extraídos é uma
obra do Arcadismo brasileiro, em função de seu assunto e da linguagem despo-
jada, em ordem direta.
“Homem comum
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o guarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons,
defuntas alegrias flores passarinhos
20 facho da tarde luminosa
nomes que já nem sei
bocas bafos bacias
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo
melhor.”
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1987. p. 229.
GABARITO
50. U. Santa Úrsula-RJ Para alargar e definir a imagem de “homem comum”, o autor não
se utiliza:
a) de comparações;
b) do efeito dos adjetivos;
c) da construção de versos livres;
d) da força dos verbos;
e) da beleza dos substantivos saudosistas.
51. U. Santa Úrsula-RJ Nos últimos 5 versos, o poeta faz um hino de louvor a:
a) sermos pessoas comuns, do dia-a-dia;
IMPRIMIR
“Interpretação
As palavras aí estão, uma por uma:
porém minha alma sabe mais.
De muito inverossímil se perfuma
o lábio fatigado de ais.
Falai! que estou distante e distraída,
com meu tédio sem voz.
Falai! meu mundo é feito de outra vida.
Talvez nós não sejamos nós.”
MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1977, p. 256.
01. O eu-lírico volta-se para dentro de si mesmo, promovendo uma espécie de auto-
sondagem no domínio do mundo interior. Pode-se dizer que, no poema, existe uma
intenção de busca da verdade subjetiva, daquilo que não pode ser observado no mun-
do exterior.
02. Nos dois primeiros versos, há uma constatação de que a linguagem não é um instru-
mento suficiente para expressar aquilo que habita o universo interior do eu-lírico.
21 Esta insuficiência sugere que a vida humana marca-se, por vezes, pela incomunica-
bilidade e, conseqüentemente, pelo isolacionismo e pela solidão – aspectos que ca-
racterizam o sentido deste poema.
04. Os versos “De muito inverossímil se perfuma / o lábio fatigado de ais” fazem refe-
rência à própria criação artística. A arte pode ser “inverossímil”, ou seja, ela se per-
mite dizer “inverdades”. O poeta pode criar mundos e fingir sentimentos – o que fica
evidenciado na expressão “lábio fatigado de ais”.
08. Percebe-se, no poema, a existência de dois universos: o da exterioridade, representa-
do por expressões como “palavras” e “Falai!”, e o da interioridade, revelado em
expressões como “alma” e “tédio sem voz”. Há, portanto, nesse poema, um “eu”
bipartido entre dois mundos e que se reconhece como ser diferenciado dos demais
seres, quando afirma: “meu mundo é feito de outra vida”.
16. O verso “Falai! que estou distante e distraída”, indica o desrespeito do eu-lírico
para com as outras pessoas. O eu-lírico experimenta uma introspecção tão imensa
que, mesmo chamando o interlocutor pelo tratamento cerimonioso “vós”, trata-o
com desdém, revelando seu egoísmo e seu desinteresse para com as necessidades
GABARITO
do “outro”.
32. O verso “Talvez nós não sejamos nós” revela o estado de total conflito em que se
encontra o eu-lírico. Isso porque, profundamente interiorizado, o eu-lírico só pode-
ria falar sobre si mesmo e não sobre “nós”. O último verso indica, portanto, o delírio,
a perda da percepção dos limites da realidade, que são conseqüências diretas do
processo de introspecção do “eu”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
IMPRIMIR
“O Colocador de Pronomes
Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo dum cartório. Escrevente. Vinte e
três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz
no Itaoquense, com bastante sucesso.
Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a
filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa, Laurinha, do escrevente, então nos
dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e
um tanto aluada.
Triburtino não era homem de brincadeiras. Esgüelara um vereador oposicionista em plena sessão da
câmara, e desd’aí transformou-se no tutu da terra. Toda a gente lhe tinha um vago medo; mas o amor,
que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados, nem tufos de cabelos no nariz.
Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à
moda velha, já se vê, que nesse tempo não existia a gostosura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa,
troca de olhares, diálogos de flores – o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de
lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dias de
folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
Acorda, donzela...
sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.
Aqui se estrepou...
Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticên-
cias:
Anjo adorado!
Amo-lhe! ...
22 ...
Para abrir o jogo, bastava esse movimento de peão.
Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho
carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto – para umas certidõezinhas,
explicou.
Apesar disso, o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
Não lhe erravam os pressentimentos. Mal o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório,
fechou a carranca e disse:
— A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não
permitirei nunca, – nunca, ouviu? que contra ela se cometa o menor deslize.
Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro um bilhetinho cor-de-rosa, desdobrou-o.
— É sua esta peça de flagrante delito?
O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
— Muito bem! continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de
o declarar... Pois agora...
O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua,
sondando uma retirada estratégica.
— ... é casar! concluiu de improviso o vingativo pai.
O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e
GABARITO
O escrevente, vencido, derrubou a cabeça, com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silen-
ciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu
a boa lição da sua gramática matrimonial.
— Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa – quem fala, e neste caso vassuncê; da
segunda pessoa – a quem se fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa – de quem se fala, e neste
caso Maria do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha!”
LOBATO, Monteiro. O Colocador de pronomes. In: Contos pesados. Urupês, Negrinha e O macaco que se fez homem. São
Paulo: Editora Nacional, 1940.
54. UFMT
( ) A intercalação do parágrafo descritivo entre “Pois agora... e... é casar!” , interrom-
pendo o fluxo da narrativa, é um recurso usado pelo narrador para recriar a ansieda-
de do escrevente e para produzir um efeito de suspense.
( ) Nessa narrativa, a seqüência temporal é interrompida pelas constantes evocações
da memória das personagens.
( ) O narrador pode ser classificado como objetivo ou neutro, pois apresenta persona-
gens e acontecimentos sem manifestar opinião.
( ) O narrador é contemporâneo dos acontecimentos e os relata à medida em que vão
ocorrendo.
55. UFMT
23 ( ) No trecho Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma, as frases
nominais são usadas para compor o perfil da personagem.
( ) No trecho sapecado a medo num velho pinho de empréstimo, há um exemplo de
metonímia.
( ) As expressões pai duns acrósticos e quando o frechou venenosa seta de cupido
são casos de metáfora.
( ) O adjetivo celestial descreve objetivamente o aspecto sublime e superior da lingua-
gem e do conteúdo do bilhetinho.
( ) O uso da letra maiúscula na forma Ela sugere o endeusamento da mulher amada.
56. UFMT
( ) Monteiro Lobato usa a forma frechou para transgredir as normas ortográficas, com
o intuito de criar uma escrita brasileira.
( ) A forma frechou é uma variante ortográfica de flechou, ambas dicionarizadas.
( ) A substituição de (l) por (r) é um fenômeno comum no português não-padrão,
produzindo formas como ingreis, craru, parma, sar.
( ) A troca de (l) por (r) é a troca de uma consoante lateral por consoante vibrante.
GABARITO
“Construção
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado.”
SUASSANA, Ariano. Farsa da Boa Preguiça. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979.
59. UFMT
( ) O texto defende a idéia de que o valor do ócio é superior ao do trabalho.
( ) O narrador utiliza-se do discurso direto para registrar a fala espontânea das perso-
nagens.
( ) Há indicações, no texto, de que as personagens pertencem à elite burguesa.
a) O verso 24 faz referência ao eu-lírico; o verso 20, à pessoa amada; o verso 27, ao rival
de Jatir.
b) É registrada a passagem do tempo na natureza: desde a noite até a manhã seguinte.
c) O poema é todo escrito em versos brancos e pode ser classificado como poesia
simbolista.
d) O eu-lírico é masculino e espera a sua amada, que não chega.
e) A natureza, no poema, não desempenha nenhuma função específica.
IMPRIMIR
lavrava com intensidade...” e em “Sua mãe lhe servirá de túmulo”, os termos gri-
fados exemplificam metáforas.
( ) O texto apresentado enquadra-se como narrativo-descritivo.
( ) Nos trechos: “– Queres acompanhar teu filho, Maria, e abandonar-me só neste
mundo. Vive por mim!” e em: “O dia se passou, na cruel agonia que só compreen-
dem aqueles...”, a palavra “só” tem equivalente função morfológica em ambas as
situações.
“O Horácio prepara o cafezinho. Desde que o governo suspendeu a verba pra o cafezinho, que
este é custeado pelos funcionários. Custa um tostão. Naziazeno não quer café. Já tomou um há
pouco.
Ele se dirige para a sua carteira. Na sala, pequena, trabalham mais dois: o primeiro escriturário
e o datilógrafo.
Ambos muito quietos. O primeiro escriturário confere contas. É um serviço que faz há muito
tempo. Dispõe de grande prática. Faz cálculos, usa tinta encarnada, bate muitos carimbos. De-
pois, quando tem já um grupo de contas respeitável, ergue-se e repassa-as uma a uma (com todas
as suas ‘primeiras’, ‘segundas’ e ‘terceiras vias’ nos dedos – que ele a cada passo molha nos lábios
com um certo ruído. O datilógrafo, quando não está ‘batendo’, lê um livro, aberto dentro da
gavetinha ao lado.
Naziazeno interroga o datilógrafo:
— O diretor saiu?
O funcionário levanta os olhos do livro, relanceia-os lentamente pela janela, pousa-os no escri-
turário:
— Está na Secretaria – responde este, sem interromper a conferência das contas.
‘— O Cipriano certamente foi buscá-lo. Não tarda, estará aí ’ – conjetura mentalmente
Naziazeno.
O trabalho de Naziazeno é monótono: consiste em copiar num grande livro cheio de ‘grades’
certos papéis, em forma de faturas. É preciso antes submetê-los a uma conferência, ver se as
operações de cálculo estão certas. São ‘notas’ de consumo de materiais, há sempre multiplicações
27 e adições a fazer. O serviço, porém, não exige pressa, não necessita ‘estar em dia’. –Naziazeno
‘leva um atraso’ de uns bons dez meses.
Ele hoje não tem ‘assento’ pra um serviço desses. É preciso classificar as notas, dispô-las por
ordem cronológica e pelas várias ‘verbas’, calcular; depois então ‘lançá-las’ com capricho, ‘puxar’
cuidadosamente as somas... Ele já se ‘refugiou’ nesse trabalho em outras ocasiões. Era então uma
simples contrariedade a esquecer... uma preterição... injustiça ou grosseria dos homens... Mesmo
assim, quando, nesses momentos, se surpreendia ‘entusiasmado’ nesse trabalho, ordenado e
sistemático como ‘um jogo de armar’, não era raro vir-lhe um remorso, uma acusação contra si
mesmo, contra esse espírito inferior de esquecer prontamente, de ‘achar’ no ambiente aspectos
compensadores, quadros risonhos... Todos aqueles indivíduos que lhe pareciam realizar o tipo
médio normal eram obstinados, emperrados, não tinham, não, essa compreensão inteligente e
leviana das coisas...”
MACHADO, Dyonelio. Os ratos. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1992, p. 26-7.
traordinário por seus feitos, seu valor ou sua magnanimidade, mas por sua medio-
cridade, seu anonimato e sua alienação.
( ) Muitas das aspas utilizadas no texto revelam a intenção do narrador de ironizar a
atividade pelo uso do jargão burocrático ou de destacar um segundo sentido para as
expressões utilizadas.
( ) O último parágrafo do texto revela um conceito de trabalho como momento de
evasão dos problemas individuais.
( ) O texto é construído pelo foco de um narrador onisciente, que penetra na mente da
personagem, decifrando-lhe pensamentos, lembranças, sentimentos e sensações.
IMPRIMIR
NO Ç ÕE S D E
L IT E R A T U R A
1. c 32. V–F–F–V–V–F
2. c 33. V–V–F–V–F–F
1 3. b 34. V–V–V–F–F
4. b 35. c
5. c 36. d
6. c 37. a
7. d 38. V–V–F–F–V
8. c 39. F–V–V–F–F
9. b 40. c
10. e 41. b
11. e 42. b
12. V–F–F–V 43. d
13. a 44. V–V–V–V
GABARITO
L IT E R A T U R A N O
P E R ÍO D O C O L O N IA L
1. U. Potiguar-RN A carta escrita pelo Padre Manuel da Nóbrega, notificando a chegada
da primeira missão jesuítica, por ele chefiada, em 1549, inaugura que tipo de literatura
no Brasil?
a) Hábitos da cultura européia.
b) A das relações estabelecidas entre os românticos.
c) Informativa dos jesuítas no Brasil.
d) A das influências que Luís de Camões exerce sobre os escritores de Língua Portuguesa.
2. UFBA A idéia do trecho transcrito de A Carta de Pero Vaz de Caminha está devidamen-
1 te indicada em:
01. “E uma daquelas moças era toda tingida (...) tão graciosa, que a muitas mulheres de
nossa terra, vendo-lhes tais feições, provocaria vergonha” – Idealização da mulher
indígena.
02. “No domingo de Páscoa, pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e
pregação naquele ilhéu (...) Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu e dentro dele
foi levantado um altar muito bem preparado.” – Difusão do cristianismo.
04. “melhor e muito melhor informação da terra dariam dois homens dentre os degreda-
dos que aqui fossem deixados, do que eles dariam se os levassem, por ser gente que
ninguém entende. Nem certamente eles aprenderiam a falar como nós” – Domina-
ção lingüística.
08. “O velho falou enquanto o Capitão estava com ele, diante de nós; mas ninguém o
entendia e nem ele a nós, por mais pergunta que lhe fizéssemos com respeito a ouro,
porque desejávamos saber se o havia na terra.” – Interesse mercantil.
16. “Andamos por ali vendo o ribeirão o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele
há muitas palmeiras, não muito altas, de muito bons palmitos. Colhemos e comemos
muitos deles.” – Visão paradisíaca.
GABARITO
32. “eles passavam de uma confraternização a um retraimento, como pardais, com medo
do cevadoiro. Ninguém não lhe deve falar de rijo, porque então logo se esquivam” –
Animosidade inter-racial.
64. “Aqueles outros, que estiveram sempre presentes à pregação, estavam assim como
nós olhando para o nosso pregador. E aquele de quem falei antes, chamava alguns
para que viessem até ali.” – Submissão religiosa.
CASTRO, Sílvio. O descobrimento do Brasil: A Carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L & PM. 1997. p. 83, 85, 87, 88 e 96.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
3. UFSE Nas manifestações literárias dos dois primeiros séculos de nossa história podem
estar presentes as seguintes características:
IMPRIMIR
6. UFSE Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como
falsas aquelas em que isso não ocorre.
( ) Na época colonial, como os escritores tinham a formação cultural da metrópole, as
manifestações literárias foram marcadas pela necessidade de se libertarem dessas
2 raízes culturais e criarem uma literatura de acordo com a realidade brasileira.
( ) No Barroco brasileiro observa-se a consciência de que a vida é efêmera, o que se
traduz num problema para os poetas: gozar intensamente as delícias da vida terrena
e, ao mesmo tempo, buscar a espiritualidade, o perdão divino.
( ) Encontra-se nos Sermões do Padre Antônio Vieira a tendência conceptista do Bar-
roco, que se manifesta na preocupação com o conteúdo e o desdobramento das
idéias por meio do jogo de contrastes.
( ) Na poesia arcádica observa-se, apesar da linguagem rebuscada, plena de inversões
e de figuras, a imitação dos modelos greco-latinos e o ideal de uma vida simples,
junto à natureza.
( ) Parte da obra do Pe. José de Anchieta insere-se no objetivo geral da literatura dos
jesuítas: informar aos superiores da Companhia de Jesus a situação geral do Brasil-
colônia, o andamento e as condições da obra de catequese, com as dificuldades e os
sucessos. Mas ao mesmo tempo, outra parte se destaca desse conjunto, porque se
reveste em muitos casos de verdadeiro valor literário.
7. Uneb-BA
GABARITO
Na estrofe acima, dirige-se o poeta à sua amada Babu, valendo-se de antíteses (“contra
mim” / “para mim”, “alta desgraça” / “alta ventura”), procedimento que costuma estrutu-
rar os poemas realizados nesse estilo de época, ou seja, o estilo:
a) barroco, adotado por Gregório de Matos nesses versos satíricos;
b) neoclássico, adotado por Gregório de Matos nesses versos líricos;
c) barroco, adotado por Gregório de Matos nesses versos líricos;
d) barroco, adotado por Cláudio Manuel da Costa nesses versos paródicos;
e) neoclássico, adotado por Cláudio Manuel da Costa nesses versos paródicos.
GABARITO
10. UFPB-PSS
sição.
08. A estrutura formal dos tercetos organiza-se em perguntas e respostas, enquanto o
conteúdo, ao longo do poema, desenvolve-se em pares de estrofes, com fatos e co-
mentário.
16. As respostas, nos tercetos, são retomadas e confirmadas nas conclusões dos quar-
tetos.
32. O ritmo do poema, nos tercetos, é marcado, em cada verso, por rimas internas.
64. A expressão “povo néscio, e sandeu”, nesse contexto, é uma alusão aos portugueses
e seus descendentes, que então viviam na cidade de Salvador.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
IMPRIMIR
“Já rompe, Nise, a matutina aurora que avultado prazer tanto melhora?
o negro manto, com que a noite escura, Só minha alma em fatal melancolia,
sufocando do sol a face pura, por te não ver, Nise adorada
tinha escondido a chama brilhadora. não sabe inda, que coisa é alegria,
Que alegre, que suave, que sonora, E a suavidade do prazer trocada,
aquela fontezinha aqui murmura! tanto mais aborrece a luz do dia,
E nestes campos cheios de verdura; quanto a sombra da noite mais lhe agrada.”
COSTA, Cláudio Manuel da.
5 III. Na obra de Gregório de Matos, os temas históricos e os detalhes de época são mais
visíveis na poesia satírica do que na lírica.
Está correto o que afirma em:
a) I, somente; d) II e III, somente;
b) I e II, somente; e) I, II e III.
c) I e III, somente;
16. UFSE
L IT E R A T U R A N O
P E R ÍO D O C O L O N IA L
1. c
2. 62
3. d
1 4. b
5. d
6. F – V – V – F – V
7. d
8. V – F – V – F – F – F – V
9. c
10. d
11. 58
12. d
13. b
14. d
GABARITO
15. c
16. b
IMPRIMIR
H U M A N IS M O ,
Q U IN H E N T IS M O ,
B A R R O C O E A R C A D IS M O
Texto para as questões 1 e 2:
“Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza
a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei
também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem
contar e falar – o saiba fazer pior que todos.
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que
1 contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem
vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras,
delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.
De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os
de Entre-Doiro-e-Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruito que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve
ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar
suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo
cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.
Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha,
nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse
GABARITO
inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. E
com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e
legumes comemos.
E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco
me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha.”
CORTESÃO, Jaime. A carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro:
Livros de Portugal 1943. p. 199-241. Coleção Clássicos e Contemporâneos.
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
“CARTA
(Pero Vaz de Caminha)
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que
contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanho, que haver nela, bem
vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes longas barreiras,
umas vermelhas e outras brancas; e a terra de cima, toda chã e muito cheia de grandes arvore-
dos. De ponta a ponta, é toda a praia muito chã e muito formosa. Pelo sertão, nos pareceu vista
do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver, senão terra e arvoredos -
terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou
outra coisa de metal ou ferro, nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares
frescos e temperados como o de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo de agora assim os
achávamos como os de lá. Águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo
a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que
dela se pode tirar, parece-me que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que
Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa alteza aqui esta
pousada para esta navegação de Calicute bastava; quanto mais disposição para se nela cumprir
e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando da nossa fé! E desta maneira,
dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me
perdoe, porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. É pois que,
Senhor, é certo que tanto neste cargo que me elevo como em outra qualquer coisa que de
Vossos serviços for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me
3 fazer singular mercê, mande vir a ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro - o que d’Ela
receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de
1500.”
7. AUE-DF Julgue os itens que seguem, em relação à teoria literária e aos estilos de época
na Literatura Brasileira.
( ) Este texto, por se tratar de uma missiva, tem característica oratórias.
( ) A Carta, de Pero Vaz de Caminha, é o primeiro de uma série de textos no nosso
primeiro século, que constituem a “Literatura de Informação” do Brasil.
( ) As constantes inversões e a sintaxe rebuscada da Carta é uma característica da litera-
tura clássica do período, quase já uma transição do Renascimento para o Barroco.
( ) Ainda dentro do Humanismo renascentista, que tinha o homem no centro de tudo,
vemos a preocupação de Caminha com o silvícola brasileiro e a preservação de sua
cultura.
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Texto I Texto II
“Vivos olhos, e faces cor-de-rosa, “O seu semblante é redondo,
Com crespos fios de ouro: Sobrancelhas arqueadas,
Meus olhos se vêem graças e loureiros.” Negros e finos cabelos,
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”. Carnes de neve formadas.”
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”.
Texto III
“Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamo vapora.”
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”.
A pastora Marília, conforme é apresentada nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece
de unidade de enfoques; ora é descrita como tendo cabelos negros, ora loiros. A oscila-
ção que se observa nas descrições de Marília permite ao leitor concluir que:
a) Embora Marília corresponda a um ser real, Maria Dorotéia, ligado à vida do poeta, ele
é, antes de tudo, uma idealização poética. As descrições apenas atendem à idealização
da mulher, exigida pelas convenções neoclássicas.
b) O autor das liras está preocupado com a coerência dessas descrições, com o padrão
poético realizado em cada composição, por isso a amada do poeta deixa de ser associada
4 à figura convencional da pastora.
c) O sujeito lírico, caracterizado como pastor, descreve sua amada, a pastora Marília, na
atmosfera atormentada dos conflitos da paixão, fugindo às convenções bucólicas e
pastoris do Arcadismo.
d) Apesar de o autor invocar a pastora Marília, suas liras são destinadas a afirmar a
dignidade e a valia do pastor Dirceu. As descrições mostram a intenção do autor em
não revelar o objeto de seu amor.
( ) A expressão “pelo miúdo” poderia, sem equívoco semântico, ser substituída por
detalhadamente.
11. Cefet-RJ
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estima nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas
vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (...) Porém a
terra em si é de muito bons ares, (...). E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-
se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
b) das “Cartas” dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos.
c) da “Carta” de Pero Vaz de Caminha a El-Rey D. Manuel, referindo-se ao descobri-
mento de uma nova terra e às primeiras impressões do aborígene.
d) da “Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil”, do jesuíta Fernão Cardim.
e) do “Diário de Navegações”, de Pero Lopes de Souza, escrivão do primeiro coloniza-
dor, o de Martim Afonso de Souza.
13. U.F. Santa Maria-RS A respeito da poesia de Gregório de Matos, assinale a alternativa
incorreta.
a) Tematiza motivos de Minas Gerais, onde o poeta viveu.
b) A lírica religiosa apresenta culpa pelo pecado cometido.
c) As composições satíricas atacam governantes da colônia.
GABARITO
14. UFRS Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre os dois
grandes nomes do barroco brasileiro.
( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os
valores mundanos, exemplificando as tensões do seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens des-
dobradas em numerosos exemplos que visam a enfatizar o conteúdo da pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacer-
bados sentimentos patrióticos expressos em linguagem barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira
IMPRIMIR
“Inês:
Andar! Pero Marques seja!
Quero tomar por esposo
quem se tenha por ditoso
de cada vez que me veja.
Por usar de siso mero,
asno que leve quero,
e não cavalo folão;
antes lebre que leão,
antes lavrador que Nero.
Pero:
I onde quiserdes ir
vinde quando quiserdes vir,
estai quando quiserdes estar.
Com que podeis vós folgar
que eu não deva consentir?”
(nota: folão, no caso, significa “bravo”, “fogoso”)
6 a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita casar-se com Pero Marques, após o
malogrado matrimônio com o escudeiro. Há um trecho nessa fala que se relaciona
literalmente com o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o pormenor da cena final
da peça que ele está antecipando?
b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma atitude contrária a uma característica atri-
buída ao seu primeiro marido. Qual é essa característica?
c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de Inês, explique por que essa peça de
Gil Vicente pode ser considerada uma sátira moral.
16. F.I. Viória-ES –“Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade!...
A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com
as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu discordo,
mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a
Deus com a vontade”.
O fragmento é próprio do estilo:
a) medieval, por sua religiosidade;
GABARITO
19. U.E. Ponta Grossa-PR O termo Barroco denominou manifestações artísticas dos anos
1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e
arquitetura da época. Entre as vozes do Barroco brasileiro figuram:
01. Cláudio Manuel da Costa 08. Tomás Antônio Gonzaga
02. Gregório de Matos 16. Padre Antônio Vieira
04. Manuel Botelho de Oliveira
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
7
20. F.M. Itajubá-MG Na fase quase inicial de nossa literatura, uma nova tendência, de
traços bem definidos, fazendo ressaltar ..............., bem como aspirações religiosas, e que
se convencionou chamar de ..............., tem como representante maior no Brasil o poeta
baiano ............... . Marque a opção que preenche adequadamente o enunciado.
a) Sonhos – Romantismo – Bento Teixeira.
b) Figuras – Dadaísmo – Emiliano Perneta.
c) Contraste – Barroco – Gregório de Matos.
d) Silepses – Parnasianismo – Castro Alves.
e) A métrica – Concretismo – Caetano Veloso.
21. F.M. Triângulo Mineiro-MG Sobre Gregório de Matos, é correto afirmar que:
a) se insere no Arcadismo brasileiro, ao qual imprimiu características barrocas, por ser
um poeta de transição;
b) pertenceu ao Barroco brasileiro e tematizou, sobretudo, a natureza mineira;
GABARITO
22. U.F. Santa Maria-RS O poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, é uma:
a) composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, no Uruguai,
contra o exército espanhol, sediado lá para pôr em prática o Tratado de Madri;
b) das obras mais importantes do Arcadismo no Brasil, pois foi a precursora das Obras
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24. FUVEST-SP Em Os Lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a
abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poe-
ma épico.
1) “A uma freira, que satirizando a delgada fisionomia do poeta lhe chamou “Pica-flor”
Décima
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta saber,
se no nome que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
9 Sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.
Vocabulário:
pica-flor – beija-flor, passarinho.
décima – composição poética de 10 versos.
pelos versos 3, 4, 5 e 6.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“As águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-
me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
alcançar.”
11
A crítica a personagens baianas com influência nos meios políticos pode também ser
GABARITO
30. U.F. Santa Maria-RS O Quinhentismo, enquanto manifestação literária, pode ser defi-
nido como uma época em que:
I. não se pode falar, ainda, na existência de uma literatura brasileira, pois a cultura
portuguesa estabelecia as formas de pensamento e expressão para os escritores na
colônia;
II. se pode falar na existência de uma literatura brasileira porque, ao descreverem o
Brasil, os textos mostram um forte instinto de nacionalidade, na medida em que to-
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32. UFRS Leia o texto abaixo, extraído da Carta de Pero Vaz de Caminha.
“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de
ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa* por estrado. (...) Entraram. Mas não fizeram sinal
GABARITO
de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e
começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia
ouro. (...) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com
elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo
para as contas e para o colar do capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.”
Vocabulário: *alcatifa – tapete.
III. No trecho selecionado, Caminha sugere uma prática que viria a se tornar corrente nas
relações entre portugueses e selvícolas: o escambo (a permuta) de produtos da terra
por artigos manufaturados europeus.
Quais estão corretas:
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas I e II.
1) “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-
á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece
que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
lançar. E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, isso
bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a
saber, acrescentamento da nossa santa fé.”
Vocabulário:
A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 5. ed. São Paulo, Moderna, 1998.
2) “À Santa Inês
Cordeirinha linda,
Como folga o povo
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
De Jesus querida,
Vossa santa vinda
O diabo espanta.
Por isso vos canta,
Com prazer, o povo,
GABARITO
Vocabulário:
folgar: alegrar.
lume: luz, orientação.
ANCHIETA, José de. Poesia. In: TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 5. ed. São Paulo, Moderna, 1998.
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O poema
I. mantém uma estrutura formal e rítmica regular.
II. enfatiza as idéias opostas.
IMPRIMIR
“Eles não usam barba, elas têm cabelos compridos e tranças. Esguios, alimentados a peixe
moqueado com biju, mingau de amendoim e frutas. Falam baixo, dormem cedo e só têm uma
conversa: índio. É a tribo dos brancos composta de cientistas sociais, médicos, pedagogos, enfer-
meiras, biólogas e engenheiros agrônomos, vindos de diversas regiões brasileiras. Boa parte da
engenhosa engenharia social e cultural que mantém o Parque do Xingu funcionando em harmo-
nia se deve ao trabalho desses especialistas.
O foco agora é preparar os índios para o inevitável confronto com a civilização que um dia
ocorrerá. As cidadezinhas vizinhas do parque vão transformar-se em municípios de porte médio, a
urbanização baterá às portas da reserva. Os moradores do parque, cada vez mais, dependerão de
produtos fabricados pelo branco. Em todos os momentos da humanidade, sempre que o choque
ocorreu, o mais forte sobrepujou o mais fraco. Quase sempre de forma violenta. Neste canto do
Brasil, um punhado de brancos está conseguindo driblar essa inevitabilidade. Procuram transfor-
15 mar o abraço sufocante em um caminhar de mãos dadas de culturas tão diferentes.”
FERRAZ, Silvio. Do Xingu. In: Veja, 30 de junho de 1999.
Relacione o texto com a carta de Pero Vaz de Caminha e indique se são verdadeiras (V) ou falsas
(F) as seguintes afirmativas quanto à preocupação do homem branco em relação ao índio:
( ) O texto tem o mesmo objetivo da carta, pois ambos destacam, várias vezes, que o
rei de Portugal deveria cuidar da salvação dos índios.
( ) O texto tem o mesmo objetivo que a carta de Caminha, na medida em que tanto a
“tribo de brancos” quanto o escrivão da esquadra de Cabral mostram preocupação
com os índios do Xingu.
( ) O texto não tem o mesmo objetivo da carta pois Caminha, ao destacar que o rei
deveria cuidar da salvação dos índios, usa “salvação” no sentido religioso, de con-
verter o índio à fé católica, ou seja, no sentido de salvação da alma.
A seqüência correta é:
a) F – F – V. b) V – V – F. c) F – V – F. d) V – F – V. e) F – V – V.
Leia o seguinte fragmento do “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as
GABARITO
37. U.F. Santa Maria-RS O texto relaciona-se à invasão holandesa no Brasil, em 1640;
nele, o orador:
a) considera os holandeses hereges e violentos com aqueles que não fossem seus compatriotas;
b) dirige-se a Deus e prevê o esvaziamento da religião católica, caso o Brasil fosse entre-
IMPRIMIR
39. U.E. Londrina-PR O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em
que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasio-
nando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentris-
mo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:
a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,
Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá.
(Gregório de Matos)
b) Temerária, soberba, confiada,
Por altiva, por densa, por lustrosa,
A exaltação, a névoa, a mariposa,
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.
16 (Botelho de Oliveira)
c) Fábio, que pouco entendes de finezas!
Quem faz só o que pode a pouco obriga:
Quem contra os impossíveis se afadiga,
A esse cede amor em mil ternezas.
(Gregório de Matos)
d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,
Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.
(Botelho de Oliveira)
e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
GABARITO
40. UFRS Assinale a afirmativa incorreta em relação à obra O Uraguai, de Basílio da Gama.
a) O poema narra a expedição de Gomes Freire de Andrada, Governador do Rio de Ja-
neiro, às missões jesuíticas espanholas da banda oriental do rio Uruguai.
b) O Uraguai segue os padrões estéticos dos poemas épicos da tradição ocidental, como
a Odisséia, a Eneida e Os Lusíadas.
c) Basílio da Gama expressa uma visão européia em relação aos indígenas, acentuando
seu caráter bárbaro, incapaz de sentimentos nobres e humanitários.
d) Nas figuras de Cacambo e Sepé Tiaraju está representado o povo autóctone que defen-
IMPRIMIR
de o solo natal.
e) Lindóia, única figura feminina do poema, morre de amor após o desaparecimento de
seu amado Cacambo.
17
41. CEETPS-SP Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações
abaixo:
I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como Sol/
Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõem a figura da antítese.
II. Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, que são:
rimas ricas, interpoladas nas quadras (“A-B-A-B”) e alternadas nos tercetos (“A-
B-B-A”).
III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado,
ali, por “ignorância do mundo” e “qualquer dos bens”, por um lado, e por “constân-
cia”, “alegria” e “firmeza”, de outro.
A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:
a) somente I está correta.
b) somente II está correta.
c) somente III está correta.
d) somente I e III estão corretas.
GABARITO
42. CEETPS-SP Assinale a alternativa que aponta a afirmação correta a partir do que se lê
no texto.
a) O texto afirma que a alegria é encontrada em contínuas tristezas, devido ao desapon-
tamento sentido pelo poeta, diante do curso seguido pelas forças naturais, tais como o
findar do dia e o início da noite.
b) O alternar de dias e noites serve de expressão a um estranho desejo do poeta de que, na
tristeza, se desfrutem as alegrias e, nas sombras da noite, a formosura do dia.
c) O tema central do soneto de Gregório de Matos revela-se em sua última estrofe, e
pode ser definido como uma reflexão acerca da transitoriedade dos bens do mundo,
cuja última firmeza é a inconstância.
IMPRIMIR
“Como estamos na corte, onde das casas dos pequenos não se faz caso, nem têm nome de
casas, busquemos esta fé em alguma casa grande e dos grandes. Deus me guie.
(…) Entremos e vamos examinando o que virmos, parte por parte. Primeiro que tudo vejo cavalos,
liteiras e coches; vejo criados de diversos calibres, uns com libré, outros sem ela; vejo galas, vejo jóias,
vejo baixelas; as paredes vejo-as cobertas de ricos tapizes; das janelas vejo ao perto jardins, e ao
longe quintas; enfim, vejo todo o palácio e também o oratório; mas não vejo a fé. E por que não
aparece a fé nesta casa: eu o direi ao dono dela. Se o que vestem os lacaios e os pajens, e os socorros
do outro exército doméstico masculino e feminino depende do mercador que vos assiste, e no
princípio do ano lhe pagais com esperanças e no fim com desesperações, a risco de quebrar, como
se há de ver a fé na vossa família? Se as galas, as jóias e as baixelas, ou no Reino, ou fora dele, foram
adquiridas com tanta injustiça ou crueldade, que o ouro e a prata derretidos, e as sedas se se
espremeram, haviam de verter sangue, como se há de ver a fé nessa falsa riqueza? Se as pedras da
mesma casa em que viveis, desde os telhados até os alicerces estão chovendo os suores dos jornalei-
ros, a quem não fazíeis a féria, e, se queriam ir buscar a vida a outra parte, os prendíeis e obrigáveis
por força, como se há de ver a fé, nem sombra dela na vossa casa?”
Vocabulário:
libré: uniforme de criados de casas nobres
os socorros do outro exército doméstico: a vestimenta dos outros serviçais
jornaleiros: trabalhadores que recebiam pagamento ao final do dia
a quem não fazíeis a féria: a quem não concedíeis dias de folga
18
43. FEI-SP O autor do texto, Padre Vieira, pertence à escola literária conhecida como:
a) Baroco. d) Realismo.
b) Trovadorismo. e) Romantismo.
c) Arcadismo.
44. FEI-SP Não é característica da escola literária a que Padre Vieira pertence:
a) emprego freqüente de palavras que designam cores, perfumes e sensações táteis.
b) uso constante da metáfora e da antítese.
c) união de duas idéias contrárias em um único pensamento.
d) composição de cantigas de amor e cantigas de amigo.
e) utilização de muitas frases interrogativas.
47. FEI-SP Sobre o fragmento do sermão acima transcrito, é possível afirmar que:
a) o autor discorre sobre a inabalável fé da corte e da nobreza.
IMPRIMIR
b) Padre Vieira critica o povo por não ter a fé que os nobres possuem.
c) o autor conclui que não é possível encontrar a fé em uma casa onde se encontram
aqueles que exploram e maltratam os homens do povo.
d) o sermão é um elogio à corte pela maneira como trata os seus serviçais, dignificando-
os e humanizando as relações entre os nobres e o povo.
e) segundo o autor, a fé não tem qualquer relação com as ações desenvolvidas pelos
homens.
OLIVEIRA, Manuel Botelho de. Música do Parnasso. Rio de Janeiro: INL, 1953. Tomo I, p. 127-135.
GABARITO
H U M A N IS M O ,
Q U IN H E N T IS M O ,
B A R R O C O E A R C A D IS M O
1. V – F – V – F – F
1 2. F – F – F – V
3. a
4. e
5. e
6. F – V – F – V – F – F
7. F – V – F – F
8. a
9. a
10. F – F – V – V – V
11. c
GABARITO
12. a
13. e
14. c
15. a) Trata-se do seguinte trecho: “asno que me leve quero”. O marido de Inês, na cena final,
a leva em seus ombros para que atravesse o rio. Não sabe, mas o encontro com o ermi-
tão, para o qual ela se encaminha, é um encontro adúltero. Pero Marques se comporta
como um asno: por servir de montaria à mulher, colaborando, ingenuamente, para ser
traído por ela, e por não ter conhecimento dessa traição.
b) A característica contrária à do primeiro marido é o fato de que, em sua fala, Pero Mar-
ques diz dar plena liberdade à esposa. Seu primeiro marido era um repressor proibindo-
a de sair de casa até mesmo para ir a igreja.
c) A Farsa de Inês Pereira é considerada uma sátira moral porque reflete, na vida privada,
a decadente sociedade portuguesa. Pode-se dizer que Inês comporta-se maquiavelica-
mente (os fins justificam os meios), pois para conseguir uma vida folgada abandona
seus próprios ideais.
16. c
17. b
18. e
19. 18
20. c
21. c
22. b
23. a
24. b
IMPRIMIR
25. b
26. 04
27. d
28. e
29. d
30. c
31. a
R O M A N T IS M O
INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto a seguir e julgue os itens da questão 1.
“Portanto, ilustres e não ilustres representantes da crítica, não se constranjam. Censurem, pi-
quem, ou calem-se como lhes aprouver. Não alcançarão jamais que eu escreva neste meu Brasil
cousa que pareça vinda em conserva lá da outra banda, como a fruta que nos mandam em lata. (...)
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual
pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?”
ALENCAR, José de. Benção Paterna. In: Sonhos de Ouro. São Paulo: Melhoramentos, s.d.
1 1. UFMT
( ) Envolvidos pelo ideário político da independência, Alencar e outros escritores ro-
mânticos empenham-se na construção da nação brasileira, através da luta pela eman-
cipação da língua e da literatura nacionais.
( ) Na história da literatura brasileira, no percurso que vai do Romantismo ao Moder-
nismo, a bandeira da ruptura com o princípio da imitação aos clássicos é empunha-
da por todas as escolas literárias.
( ) No segundo parágrafo, Alencar opõe, metonimicamente, por meio das frutas, o
ambiente brasileiro ao ambiente europeu.
( ) O texto dá a entender que a língua se adapta ao meio para onde foi levada, mais
precisamente aos órgãos fonadores e à alma do povo que fala.
“Lira XXII
Nesta triste masmorra,
de um semi-vivo corpo sepultura,
inda, Marília, adoro
a tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata;
busca, extremoso, que eu assim resista
À dor imensa, que me cerca e mata.”
Tomás Antônio Gonzaga.
4. U.F. Juiz de Fora-MG Depois de ler comparativamente os dois textos acima, assinale a
alternativa inaceitável:
a) Em ambos os poemas o eu sucumbe e morre em conseqüência do sofrimento amo-
roso.
b) No poema de Gonzaga, a idéia funciona como uma tentativa racional de vencer a dor.
c) No poema de Álvares de Azevedo, a razão nada pode contra o sentimentalismo exa-
cerbado.
GABARITO
5. U.F. Juiz de Fora-MG Em que verso se encontra referência direta ao contexto histórico
biográfico?
a) “Que peno e morro de amorosas dores”.
b) “À dor imensa que me cerca e mata”.
c) “Nesta triste masmorra”.
d) “Se a ti ergui meus olhos suspirando”.
6. U.E. Ponta Grossa-PR A poesia romântica brasileira, em seus diversos momentos, apre-
senta como características:
IMPRIMIR
Instrução: Para responder à questão 7, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto.
I. Mostra a estreita convivência do poeta com a indiferença, com a fome e com a
morte.
II. Expressa a força do poeta através de sua capacidade de superar mesmo a morte.
III. Idealiza a função do poeta, uma vez que esta ultrapassa a condição humana.
IV. Pertence ao movimento literário denominado Romantismo.
GABARITO
7. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) I, II, III e IV.
8. PUC-RS O texto pode ser vinculado a uma tendência de expressão poética denomi-
nada:
a) subjetivismo.
IMPRIMIR
b) ufanismo.
c) nacionalismo.
d) futurismo.
e) condoreirismo.
11. Unifor-CE Nossos primeiros escritores nacionalistas – Gonçalves Dias e José de Alen-
car entre eles – voltaram seus olhos sobre nossas raízes históricas-culturais, buscando
nelas aspectos heróicos, dignos de alta expressão literária. É o que se pode verificar
quando se lêem, dos dois autores citados, respectivamente, as obras:
a) Senhora e Lira dos Vinte Anos;
b) Quincas Borba e Os Escravos;
c) Ressurreição e O Navio Negreiro;
d) O Mulato e Canção do Exílio;
e) I - Juca Pirama e O Guarani.
5
12. UFSE No período romântico brasileiro, os aspectos estéticos e os históricos ligaram-se
de modo especialmente estreito e original: entre nós, o Romantismo deu expressão à
consolidação da Independência, à afirmação de uma nova Nação e à busca das raízes
históricas e míticas de nossa cultura – características que se encontram amplamente:
a) na poesia de Gonçalves de Magalhães influenciada pela de Gonçalves Dias;
b) nos romances urbanos da primeira fase de Machado de Assis;
c) nos romances de costumes de Joaquim Manuel de Macedo;
d) na lírica confidencial de Álvares de Azevedo e de Casimiro de Abreu;
e) na ficção regionalista e indianista de José de Alencar.
13. U.F. Uberlândia-MG Existem diferenças básicas entre a paisagem retratada pelos árca-
des e a paisagem retratada pelos românticos.
Escolha a alternativa correta que define essas duas paisagens:
a) A paisagem romântica é amena e monótona e a paisagem árcade é sempre graciosa e
fulgurante.
b) A paisagem árcade é bucólica e a paisagem romântica é ainda mais bucólica, devido
aos exageros do eu-lírico.
GABARITO
lheres feiticeiras, sapos e jacarés sem conta: enfim, um gênesis americano, uma Ilídia
Brasileira, uma criação recriada.” (Gonçalves Dias).
d) “É certo que a civilização brasileira não está ligada ao elemento indiano nem dele
recebeu influxo algum; e isto basta para não ir buscar entre as tribos vencidas os
títulos da nossa personalidade literária.” (Machado de Assis).
e) “O maravilhoso, tão necessário à poesia, encontrar-se-á nos antigos costumes desses
povos [indígenas], como na força incompreensível de uma natureza constantemente
mutável em seus fenômenos.” (Ferdinand Denis).
“Uma das facetas do Romantismo é conceber o poeta como um gênio inspirado, dono de uma
sensibilidade extraordinária. Isso faz com que ele expresse suas idéias e emoções de uma forma
original e seja capaz de revelar realidades inacessíveis ao homem comum.”
6
Dos exemplos citados abaixo, identifique aquele(s) que expressa(m) a concepção acima.
I. “Meia-noite soou na floresta
No relógio de sino de pau;
E a velhinha, rainha da festa,
Se assentou sobre o grande jirau.”
(Bernardo Guimarães)
II. “Se é vate quem acesa a fantasia
Tem de divina luz na chama eterna;
Se é vate quem do mundo o movimento
Co’o movimento das canções governa;
(...)
Se é vate quem dos povos, quando fala,
As paixões vivifica, excita o pasmo.”
(Laurindo Rabelo)
GABARITO
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Neste excerto de O Guarani, o narrador caracteriza os diferentes tipos de amor que três
personagens masculinas do romance sentem por Ceci. Mantida a seqüência, os trechos
pontilhados serão preenchidos corretamente com os nomes de
a) Álvaro / Peri / D. Diogo.
b) Loredano / Álvaro / Peri.
c) Loredano / Peri / D. Diogo.
d) Álvaro / D. Diogo / Peri.
e) Loredano / D. Diogo / Peri.
18. UEMS Assinale a única alternativa verdadeira sobre José de Alencar e sua obra
Senhora:
a) ainda que considerando romântico, através da Senhora, Alencar revela traços realis-
7 tas; constrói uma personagem feminina sem tantas idealizações e já indica o caminho
da crítica social;
b) juntamente com Diva e Iracema, Senhora completa a série considerada de perfis fe-
mininos que o autor utiliza para a composição da crônica de costumes brasileiros;
c) O enredo de Senhora baseia-se na história de uma moça pobre, Lúcia Camargo que,
após ser abandonada por Fernando Seixas, recebe uma herança e vinga-se: “compra”
de volta o ambicioso noivo;
d) Fernando, após o casamento, vê-se desprezado e humilhado pela esposa; arrependido,
trabalha e consegue juntar os mil contos do dote para devolução, mas o casamento, já
comprometido, é desfeito;
e) Alencar, numa tentativa de representar por completo o Brasil, escreveu romances in-
dianistas e urbanos, porém nunca se valeu da composição regionalista e, assim, não
atingiu seu intento.
“Logo após a vitória, o cristão tornara às praias do mar, onde havia construído sua cabana e
GABARITO
onde o esperava a terna esposa. De novo sentiu em sua alma a sede do amor; e tremia de pensar
que Iracema houvesse partido, deixando ermo aquele sítio tão povoado outrora pela felicidade.
Como a seca várzea com a vinda do inverno reverdece e se matiza de flores, a formosa filha do
sertão com a volta do esposo reanimou-se; e sua beleza esmaltou-se de meigos e ternos sorrisos.
Outra vez sua graça encheu os olhos do cristão, e a alegria voltou a habitar em sua alma.
O cristão amou a filha do sertão como nos primeiros dias, quando parece que o tempo nunca
poderá estancar o coração. Mas breves sóis bastaram para murchar aquelas flores de uma alma
exilada da pátria.
O imbu, filho da serra, se nasce da várzea porque o vento ou as aves trouxeram a semente,
vinga, achando boa terra e fresca a sombra; talvez um dia cope a verde folhagem e enflore. Mas
basta um sopro do mar, para tudo murchar. As folhas lastram o chão; as flores, leva-as a brisa.
Como o imbu na várzea, era o coração do guerreiro branco na terra selvagem. A amizade e o
amor o acompanharam e fortaleceram durante algum tempo, mas agora longe de sua casa e de
seus irmãos, sentia-se no ermo. O amigo e a esposa não bastavam mais à sua existência, cheia de
IMPRIMIR
20. UFBA Com relação à linguagem, existe uma explicação adequada em:
01. A expressão “sede do amor” difere de sede de amor, já que a primeira dá idéia de
8 concretude, enquanto a segunda, de abstração do sentimento amoroso.
02. A comparação entre a várzea e a filha do sertão remete, respectivamente, à chegada
do inverno e à volta do esposo, ambas com função revitalizadora.
04. A oração “para murchar aquelas flores de uma alma exilada da pátria” exprime a
conseqüência da ação do tempo no estado de ânimo do guerreiro branco.
08. A comparação presente no primeiro período do penúltimo parágrafo, evidencia a
fragilidade do amor do guerreiro por sua pátria e a resistência do imbu na várzea.
16. O trecho “os já tão breves, agora longos sóis” contém idéias antitéticas que estão
relacionadas com a mudança de estado de espírito experimentada pelo cristão.
32. O termo “embalde” expressa a incerteza da realização da ação de “buscava”.
64. As palavras “diáfano” e “alvura” referem-se a um mesmo nome.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
O fragmento abaixo foi retirado do romance O Guarani. Leia-o com atenção e responda às
questões 24 a 27.
“O índio, antes de partir, circulou a alguma distância o lugar onde se achava Cecília, de uma
corda de pequenas fogueiras feitas de louro, de canela, urataí e outras árvores aromáticas.
Desta maneira tornava aquele retiro impenetrável; o rio de um lado, e do outro as chamas que
afugentariam os animais daninhos, e sobretudo os répteis; o fumo odorífero que se escapava das
fogueiras afastaria até mesmo os insetos. Peri não sofreria que uma vespa e uma mosca sequer
ofendesse a cútis de sua senhora, e sugasse uma gota desse sangue precioso; por isso tomara
todas essas precauções.”
GABARITO
24. FEI-SP O Guarani foi publicado em 1857 e na época gerou uma grande repercussão. O
autor desse romance é:
a) Machado de Assis.
b) Álvares de Azevedo.
c) José Lins do Rego.
d) José de Alencar.
e) Gonçalves Dias.
27. FEI-SP Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e trans-
formar certos personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”: pureza,
valentia e brio. Essa tendência é típica do:
a) romance urbano.
b) romance regionalista.
c) romance indianista.
d) poemas épicos.
e) poemas históricos.
28. UEMS
10 “Maldição
baudelaire macalé luiz melodia/ quanta maldição/ o meu coração não quer dinheiro/quer poe-
sia/ baudelaire e macalé luiz melodia/ rimbaud a missão/ poeta e ladrão/ escravo da paixão sem
guia/ edgar allan poe tua mão na pia/ lava com sabão/ tua solidão/ tão infinita quanto o dia/
vicentinho van gogh luiza erundina/ voltem pro sertão/ pra plantar feijão/ tulipas para a burguesia/
baudelaire macalé luiz melodia/ waly salomão/ itamar assumpção/ o resto é perfumaria”
BALEIRO, Zeca. In: Vô imbolá, 1999.
Em sua música “Maldição”, Zeca Baleiro menciona Edgar Allan Poe (grande influência
para muitos escritores brasileiros, especialmente para uma das gerações do Romantis-
mo). Uma das obras em que podemos observar tal influência é Noite na taverna e seu
autor foi um dos mais influenciados por Poe. Referimo-nos a:
a) Álvares de Azevedo.
b) Gonçalves Dias.
c) Casimiro de Abreu.
d) Castro Alves.
e) Olavo Bilac.
GABARITO
29. Uneb-BA
“Quando Seixas convenceu-se que não podia casar com Aurélia, revoltou-se contra si próprio.
Não se perdoava a imprudência de apaixonar-se por uma moça pobre e quase órfã, imprudência
a que pusera remate o pedido do casamento. O rompimento deste enlace irrefletido era para ele
uma coisa irremediável, fatal; mas o seu procedimento o indignava.
Aurélia percebeu imediatamente a mudança que se havia operado em seu noivo, e inquiriu do
motivo. Fernando disfarçou; a moça não insistiu; e até pareceu esquecer a sua observação.
Uma noite porém, em que Seixas se mostrara mais preocupado, na despedida ela disse-lhe:
— A sua promessa de casamento o está afligindo, Fernando; eu lha restituo. A mim basta-me o
seu amor, já lho disse uma vez; desde que mo deu, não lhe pedi nada mais.”
ALENCAR, José de. Senhora: perfil de mulher. São Paulo: FTD, 1992. p. 104-6.
IMPRIMIR
11 Valente serás.
Sê duro guerreiro
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.”
DIAS, Gonçalves. Poesia Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar Ltda., 1959, p. 372.
31. UFF-RJ O sofrimento amoroso é freqüente nas obras dos poetas românticos, como se
pode observar abaixo:
13 “Nasci no campo, e ao desprender-me das faixas infantis, ao saltar do berço, vi quase ao mesmo
tempo o céu e o mar, os campos e as matas. Não foi na cidade, onde se morre abafado, não; foi
ao ar livre, e, infante ainda, senti a brisa da praia brincar com meus cabelos e o vento da monta-
nha trazer-me de longe o perfume das florestas.
Que deliciosa vida aquela! Como eu corria por aqueles prados! Que colheita que fazia de flores!
Que destemido caçador de borboletas!
Ah! meus oito anos! Quem me dera tornar a tê-los!... Mas... nada, não queria, não; aos oito anos
ia eu para a escola, e confesso francamente que a palmatória não me deixou grandes saudades.”
ABREU, Casimiro de. Obras completas. Rio de Janeiro: Edição de Ouro, 1965. p. 203.
37. UFRJ O texto de Casimiro de Abreu apresenta um tema relevante no Romantismo: a infância.
A abordagem desse tema é integralmente feita de acordo com o padrão romântico na
literatura brasileira? Justifique a resposta, com suas palavras.
38. UFRJ Associado ao tema da infância, o texto de Casimiro de Abreu aborda ainda outro
tema significativo na literatura romântica: a relação entre o homem e a natureza.
Ao tratar desse tema, o texto segue o padrão literário romântico? Justifique a resposta,
com suas palavras.
GABARITO
39. UFPR Sobre o romance Senhora, de José de Alencar, é correto afirmar. Assinale V
(verdadeiro) ou F (falso).
( ) Ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Império, trata-se de caso de exceção na
ficção do autor, uma vez que o restante de sua obra romanesca é dedicado à reelabora-
ção das origens históricas do país ou à apresentação romântica de cenários regionais.
( ) Heroína romântica, Aurélia recusa-se a utilizar-se do dinheiro para alcançar seus
objetivos, servindo como porta-voz direta das críticas do autor aos valores burgueses.
( ) Em sua trajetória ao longo da narrativa, Fernando passa por uma transformação
que o redime de suas atitudes iniciais, oferecendo condições para um desfecho
feliz ao lado de Aurélia.
( ) Escrito na forma de um relato de memórias da protagonista, o romance apresenta
os fatos do enredo em ordem cronológica, iniciando-se a narrativa com as recorda-
ções da infância de Aurélia.
IMPRIMIR
( ) Até o final do romance, o autor consegue sustentar a atenção dos leitores, ocultan-
do habilmente as razões que levaram ao desentendimento entre os protagonistas.
( ) A escassez de detalhes descritivos e a incorporação de elementos da cultura popu-
lar são algumas das características fundamentais do estilo de Alencar, o que o opõe
aos autores da geração literária que sucedeu à sua.
( ) A transação que resulta no vínculo entre Aurélia e Fernando acaba por permitir que
outro casal, ligado por laços afetivos sinceros, mas divididos por razões econômi-
cas, possa encontrar sua felicidade.
42. UFMS Sobre o romance Inocência, de Visconde de Taunay, é correto afirmar que:
01. o pitoresco da paisagem sertaneja recebe especial atenção do narrador: os elemen-
tos da natureza são descritos minuciosamente, inclusive através de nomes científi-
GABARITO
cos em notas de rodapé, como também as relações do homem com essa mesma
natureza.
02. é um romance regionalista, de tendência sertanista, cuja linguagem possui os ele-
mentos necessários para a descrição da paisagem do interior brasileiro, além de ex-
plorar o conflito amoroso próprio da vertente romântica.
04. a austeridade do pai de Inocência é quebrada pela intensidade do amor que a filha
devota a Cirino, levando-o a acobertar a fuga dos amantes da ira de Manecão.
08. Tico, o anão que vigia Inocência o tempo todo, é um dos tipos humanos descritos por
Taunay que dá à narrativa um colorido especial.
16. Inocência é noiva de Manecão, por promessa de seu pai, Pereira. A jovem, no entan-
to, apaixona-se por Cirino, uma espécie de curandeiro ambulante que tenta salvá-la
da febre.
IMPRIMIR
15 44. Cefet-RJ
“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros do que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Scipione, 1994,. p. 10.
“Após a independência, século XIX, a nova nação ‘precisava ajustar-se aos padrões de moderni-
dade da época. (...) Havia a necessidade de auto-afirmação da Pátria que se formava.’”
NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998. p. 125.
No texto de José de Alencar, temos uma das formas significativas do nacionalismo, sin-
tetizado pelo:
GABARITO
a) realismo naturalista;
b) sentimentalismo realista;
c) romantismo indianista;
d) bucolismo neoclassicista;
e) nativismo modernista.
“(...) florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arca-
rias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os
dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa.
IMPRIMIR
No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de descrever estava deserto e inculto; a cidade
do Rio de Janeiro tinha-se fundado havia menos de meio século, e a civilização não tivera tempo
de penetrar o interior.
Entretanto, via-se à margem direta do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma
eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique. (...) A habi-
tação (...) pertencia a D. Antônio de Mariz, fidalgo português cota d’armas e um dos fundadores
da cidade do Rio de Janeiro.”
46. PUC-RS A obra em questão ............... o passado histórico por meio de uma visão
............... da ideologia dominante, como se pode observar, por exemplo, em relação ao
processo de ............... à cultura europeizada por que passa Peri.
a) rejeita – pessimista – adaptação
b) redimensiona – inovadora – rejeição
c) enaltece – ufanista – conformação
d) idealiza – conservadora – rejeição
e) recupera – comprometida – adaptação
“Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo
16 como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas… Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na
lira do gênio uma só corda; Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus
se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira. Basta de Shakespeare. Vem tu agora, Fantástico
alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus
romances Meu coração deleita-se… Contudo, Parece-me que vou perdendo o gosto, (…)”
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos.
48. UEMS
“O major tinha razão: o Leonardo não parecia ter nascido para emendas. Durante o primeiros
tempos de serviço tudo correu às mil maravilhas; só algum mal-intencionado poderia notar em
casa de Vidinha uma certa fartura desusada na despensa; mas isso não era coisa em que alguém
fizesse conta.”
Memórias de um sargento de milícias.
50. UFF-RJ Índice é tudo aquilo que indica ou denota uma qualidade ou característica es-
pecial. No texto, Gonçalves Dias afirma que “fizera-se o índice primeiro do que era a
história da colônia” porque aquela história:
a) seria produzida por pessoas moralmente condenáveis, que alegavam razões religiosas
para seus atos, mas que eram movidas pela ganância;
b) seria conduzida por personagens da mais alta idoneidade moral, que se dedicavam
intensamente à causa da conversão do indígena brasileiro;
c) seria arquitetada por colonos degradados, condenados à morte ou espíritos baixos,
que buscavam no Brasil a redenção de seus pecados;
GABARITO
d) seria derivada da cobiça disfarçada com pretextos da religião, que evitava o ataque
dos colonos degradados aos senhores da terra e à liberdade dos índios;
e) seria causada pelos condenados à morte, ou espíritos baixos e viciados que procura-
vam as florestas para se redimirem, convertendo os índios.
51. PUC-RS Além dos romances históricos e/ou indianistas, José de Alencar retratou, em
obras como ..............., contextos e temáticas urbanas, bem como criou romances de ten-
dência ............... . A preocupação em retratar a ............... do país através de temas nacio-
nais configura-se como um dos aspectos mais significativos do Romantismo brasileiro,
apesar do tom artificial de alguns romances.
a) A Moreninha – realista – desigualdade.
b) Senhora – abolicionista – simplicidade.
IMPRIMIR
53. FUVEST-SP
Neste excerto, o eu-lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas reve-
la, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu-lírico manifesta a
GABARITO
a) ironia romântica.
b) tendência romântica ao misticismo.
c) melancolia romântica.
d) aversão dos românticos à natureza.
e) fuga romântica para o sonho.
54. UFMS Com relação às Memórias de um Sargento de Milícias, é correto afirmar que:
01. uma das características da obra é a utilização da linguagem oral, característica das
classes de alta cultura e condição social confortável.
02. o personagem principal, Leonardo, é um anti-herói, um aventureiro, contrariando as
convenções literárias da época, o Romantismo, que previa heróis moralmente eleva-
dos, capazes de atos de bravura e coragem.
04. o narrador interrompe com freqüência a narrativa, comentando as ações dos personagens,
IMPRIMIR
Reflita sobre as tendências da poesia romântica indianista e assinale a alternativa que não
confirma a visão idealizada do poeta em relação ao indígena brasileiro:
a) O índio de Gonçalves Dias ganhou o tom dos valorosos cavaleiros medievais e reafir-
mou o sentimento nacionalista de nosso Romantismo.
GABARITO
57. UFMG Em relação ao poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, é incorreto afir-
mar que ele pertence:
a) ao projeto nacionalista romântico;
IMPRIMIR
Vocabulário:
Tapuia – identificação dada a tribos inimigas.
Condor – ave semelhante à águia.
Tapir – anta.
20 59. U.E. Ponta Grossa-PR Espumas flutuantes, de Castro Alves, é um conjunto de poemas
que apresentam:
01. exaltação da natureza;
02. linguagem coloquial;
04. expressão de ideais românticos;
08. imaginação criadora;
16. satanismo.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
21 “Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio onde crescia o coqueiro.
Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas entranhas; porém logo o choro infantil
inundou sua alma de júbilo. (...)
– Tu és Moacir, o nascido do meu sofrimento.”
ALENCAR, José de. Iracema.
62. U.F. Juiz de Fora-MG Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorreto afirmar que:
a) destaca o elemento indígena como a verdadeira origem do povo brasileiro;
b) o sentimento amoroso justifica as duras ações colonizadoras;
c) a linguagem é um misto de narração e descrição lírica;
d) é uma obra de teor nacionalista em que há uso da cor local.
63. U.F. Juiz de Fora-MG A partir do fragmento acima, e considerando a obra como um
todo, assinale a alternativa incorreta:
a) O amor entre Iracema e Martim desculpa simbolicamente a colonização, na perspec-
tiva do idealismo romântico.
b) Iracema entrega-se a Martim sem resistência, consciente da sua missão de gerar a
nova raça, o mestiço povo brasileiro.
GABARITO
c) A expressão “nascido do meu sofrimento” pode ser lida como índice da origem vio-
lenta da formação social brasileira.
d) Alencar justifica, a seu modo, a morte da terra virgem pela necessidade se implantar
nela uma civilização.
Assinale a alternativa que identifica, corretamente, autor, título da obra e período literá-
rio dos versos citados.
a) Álvares de Azevedo – Noite na Taverna – Romantismo.
b) Castro Alves – O Navio Negreiro – Romantismo.
c) Aluísio Azevedo – O Mulato – Naturalismo.
d) Álvares de Azevedo – Conde Lopo – Romantismo.
e) Castro Alves – Vozes d’África – Romantismo.
“Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um
último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos,
gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era
límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado
vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite...
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos
entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o:
era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez
lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados... Era uma defunta!... e aqueles traços
todos me lembravam uma idéia perdida... – era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja,
que, eu ignoro por quê, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão.
Pesava como chumbo...”
66. UFGO
Martins Pena foi o fundador da comédia de costumes do teatro brasileiro, da qual faz
parte a peça O Noviço.
Nessa obra, pode-se encontrar (Assinale V, para os itens verdadeiros, e F para os falsos)
( ) o predomínio da caricatura na concepção das personagens, baseada na exploração
de tipos sociais facilmente identificados, o que leva ao efeito cômico desejado.
( ) o Brasil Colonial como pano de fundo histórico-social, época em que a influência
jesuítica foi decisiva na política, na economia e principalmente na educação dos
jovens, direcionando-os para a vida religiosa.
( ) a utilização de recursos dramáticos considerados primários, como o esconderijo, o
disfarce e o erro de identificação, demonstrando a ingenuidade e a simplicidade
que permeiam a edificação da trama.
GABARITO
( ) uma vinculação nítida com o contexto romântico, uma vez que a resolução dos
conflitos se encaminha para o final feliz e a conseqüente realização amorosa dos
dois jovens e, ainda, a punição do violão, recursos ostensivamente colhidos nos
romances de folhetim da época.
67. Uniube-MG Marque (V) para as declarações que estão de acordo com o romance Se-
nhora, de José de Alencar e (F) para as que não se aplicam adequadamente ao romance:
( ) O autor coloca no centro do romance não mais um herói, mas um ser venal inferior
como é o caso de Seixas, que se casa pelo dote, em virtude da educação que recebera.
( ) Nesta obra, o equilíbrio, rompido temporariamente, acaba por restabelecer-se na
medida em que o autor arranja uma solene redenção fazendo Seixas resgatar-se na
segunda parte da história.
( ) Este romance testemunha que Alencar crê nas “razões do coração” e se seu mora-
IMPRIMIR
Nele estão contemplados temas recorrentes em sua poesia e na estética romântica, como:
01. a exaltação de sentimentos pessoais, com desespero e pessimismo;
02. a análise crítica e científica dos fenômenos sociais brasileiros;
23 04. o desajustamento do indivíduo ao meio social, que conduz à dor, à aflição e à busca
da solidão;
08. a valorização de elementos ligados à natureza, em poesia simples, pastoril, bucolica-
mente ingênua e inocente.
16. a morte como alívio para o “mal-do-século”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
69. PUC-SP
(…)
Fragmento II É ela! é ela! — repeti tremendo;
É ela! é ela! — murmurei tremendo, Mas cantou nesse instante uma coruja…
E o eco ao longe murmurou — é ela! Abri cioso a página secreta…
Eu a vi — minha fada aérea e pura — Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!”
A minha lavadeira na janela!
(…)
72. UFRS Leia o texto abaixo, extraído do romance Memórias de um Sargento de Milícias,
de Manuel Antônio de Almeida.
“Desta vez, porém, Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço, como este último
GABARITO
tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso, vieram de mãos
dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente não sabemos se se poderá aplicar com
razão ao Leonardo.”
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
R O M A N T IS M O
1. V–F–V–V 17. b
2. d 18. a
3. e 19. 23
4. a 20. 05
1 5.
6.
c
21
21. d
22. e
7. e 23. d
8. a 24. d
9. e 25. e
10. V–F–V–V–V 26. a
11. e 27. c
12. c 28. a
13. c 29. d
14. d 30. e
15. c 31. c
16. d 32. c
GABARITO
33. a
34. a) Como todo povo, o índio brasileiro também tem suas tradições, sua cultura, a qual
passa por diferentes estágios. Tais estágios são refletidos na mudança de nome do prota-
gonista: Jaguaré é o nome do caçador, Ubirajara é o nome do guerreiro e Jurandir é o
nome do hóspede.
b) As notas tratam da língua e dos costumes dos índios. Considerando-se que as notas
são objetivas e a narrativa é subjetiva, pode-se dizer que servem de complemento à nar-
rativa.
c) O ritual antropofágico é tratado sob a perspectiva indígena, e não européia. As notas
contribuem tratando o ritual, não com o preconceito europeu, mas com benevolência. O
romance confirma isso quando Pojucã pergunta se não é digno deste sacrifício, já que,
tendo sido derrotado no combate com Ubirajara, a escravidão causaria mais vergonha
que a própria morte.
35. 06
36. a
37. Não segue integralmente, pois, no último parágrafo, atribuem-se à infância traços nega-
tivos, que desmitificam sua imagem de passado idealizado a que se desejaria retornar.
38. Sim, segue, pois a relação entre o homem e a natureza é apresentada de forma idealizada,
já que, no texto, a natureza é lugar paradisíaco, de experiências positivas.
39. F–F–V–F–F–F–V
40. 50
41. c
42. 27
43. d
IMPRIMIR
44. c
45. c
46. a
47. a
48. e
49. b
2
GABARITO
IMPRIMIR
C L A S S IC IS M O
1. FUVEST-SP Em Os Lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em
comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a
abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poe-
ma épico.
3. PUC-SP
“Tu só, tu, puro amor, com força crua Estavas, linda Inês, posta em sossego,
Que os corações humanos tanto obriga, De teus anos colhendo doce fruito,
Deste causa à molesta morte sua, Naquele engano da alma ledo e cego,
GABARITO
Como se fora pérfida inimiga. Que a fortuna não deixa durar muito,
Se dizem fero Amor, que a sede tua Nos saudosos campos do Mondego,
Nem com lágrimas tristes se mitiga, De teus fermosos olhos nunca enxuito,
É porque queres, áspero e tirano, Aos montes ensinando e às ervinhas,
Tuas aras banhar em sangue humano. O nome que no peito escrito tinhas.”
C L A S S IC IS M O
1. b
2. e
3. a
1
GABARITO
IMPRIMIR
INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO II
1. UFMS Apresentamos, a seguir, dois trechos de uma reportagem publicada na revista Veja
(30/08/00, p. 86-7), em que João Gabriel de Lima discute o projeto de lei nº 1676, de
autoria do deputado Aldo Rebelo (PC do B, São Paulo), que proíbe o uso de palavras
estrangeiras. O texto traz a opinião do articulista de Veja.
Trecho 1:
1 “O projeto é fruto de uma idéia fora do lugar (mais uma): a de que o português falado no Brasil
estaria ameaçado de extinção, assim como o mico-leão-dourado e a arara-azul. Repete-se no
terreno do idioma a mesma lengalenga que se desenrola no campo da economia. A invasão do
inglês (o avanço do neoliberalismo) resultaria na derrocada da nossa inculta e bela língua (a em-
presa nacional). Para ilustrar essa tese, seus defensores sempre utilizam o mesmo e surrado exem-
plo: cartazes de lojas de shopping centers (ops, centros comerciais). Está certo que os abusos
beiram o ridículo. Entre eles, estampar nas vitrines “sale” e “50% off” em vez de “liquidação” e
“50% de desconto”. No entanto, multar um lojista por uma caipirice que depõe unicamente
contra ele próprio é um exagero. Seria mais ou menos como cobrar uma pena pecuniária (gostou
dessa, Rebelo?) de pagodeiros a cada erro de gramática que cometem.”
Trecho 2:
“Para os especialistas, o projeto mostra total ignorância do fenômeno lingüístico. ‘Um idioma
evolui quando entra em contato com outros, e só alguém que não entende nada do assunto pode
achar que é possível bloquear esse intercâmbio’, diz o professor John Robert Schmitz, americano
naturalizado brasileiro, que leciona Lingüística Aplicada na Universidade de Campinas. É normal
que uma língua se nutra de outras. Também é comum — e fato antigo — que os vocábulos a
atravessar fronteiras venham, em geral, de uma cultura dominante. Até o início do século XX, era
o francês o responsável pela maior parte das palavras ditas internacionais. Agora, essa primazia
GABARITO
pertence ao inglês. A tal ponto que nem os esforços da Academia Francesa de Letras impediram
que os conterrâneos de Gustave Flaubert adotassem o termo ‘week-end’ para fim de semana.”
“Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos
e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que
a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do
povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no
domínio do estilo e ganham direito de cidade.”
In: Crítica literária, p. 47.
3. UFMS
Todas as proposições a seguir, referentes aos trechos da questão 1, estão corretas, exceto:
(01) a evolução de um idioma, através do intercâmbio com outras línguas, é um processo
normal, que não se pode impedir.
(02) para os especialistas, projetos e atitudes como os de Aldo Rebelo revelam-se absur-
dos porque traduzem um desconhecimento completo sobre a língua portuguesa e
suas origens.
(04) os vocábulos de uma dada língua que se incorporam a outras originam-se sempre de
uma cultura dominante, o que pode ser observado desde tempos mais remotos.
(08) em A tal ponto que nem os esforços da Academia Francesa de Letras impediram que
GABARITO
Texto
Carlos Drummond de Andrade
“Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de
[aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os
[negócios,
Garanto que uma flor nasceu.
5. ITA-SP O texto a seguir foi publicado na seção “Cartas do leitor” da Folha de S. Paulo de
30/08/2000. Referida a um crime que teve repercussão na imprensa escrita e falada, esta
carta dá uma notável demonstração de machismo e desprezo pelas mulheres.
“A recente morte violenta de uma jornalista choca a todos porque, nesse fato, o assassino foge
ao perfil comum de tais tipos, mas certas situações que levam a isso estão aí, nos círculos milioná-
rios, meios artísticos, esportivos e de poder. Tudo porque o homem não aprende. Há milênios,
GABARITO
gosta de passar aos demais uma imagem de eterna juventude e virilidade, posando com fêmeas
muito mais jovens. Fingem acreditar que elas estão aí por amá-los. São poucas vezes atraídas pelo
seu intelecto, e muitas pela fama, poder e dinheiro. A durabilidade de tais ligações, no geral,
termina quando tal fêmea atinge seu objetivo. Pior ainda, quando essa fêmea mostra também
intelecto e capacidade de sobrevivência sem seu protetor. Duro, triste, real.”
ZANINI, Laércio. Garça, SP.
a) No texto acima, ocorrem vários termos de jargão técnico que remetem a diversas fases
do andamento de um processo no judiciário. Transcreva pelo menos três.
b) O que os termos “retificação” e “revisão” informam sobre a participação do juiz Marco
Aurélio de Mello no julgamento da questão?
c) Do que trata o artigo 20 da lei de Responsabilidade Fiscal? Responda, com base no
texto.
7. Fuvest-SP No texto, a expressão que sintetiza os efeitos da revolução operada pela infor-
mática é
a) “atropelaram o mundo”.
b) “tornaram as leis antiquadas”.
c) “reformularam a economia”.
d) “redefiniram os locais de trabalho”.
e) “desafiaram constituições”.
GABARITO
“Chega um momento que você pára de acreditar em príncipes encantados e passa a exigir
homens de verdade. Tem um momento que você percebe que não é você que não entra no
sapatinho de cristal. É o maldito sapatinho que não serve para você.”
Caras, 15/9/00.
10. UnB-DF Um anúncio publicitário tem por finalidade influenciar o público, estimulando-
o a adquirir um produto ou a contratar um serviço. Alguns anúncios são sabidamente
enganosos, pois ludibriam o cliente, que acaba comprando gato por lebre, e, por isso, são
proibidos pelo Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Há, entretanto, anúncios que
apresentam apenas informações verídicas. Todavia, mesmo um anúncio honesto pode apre-
sentar alguma impropriedade lingüística que comprometa a qualidade da mensagem trans-
mitida, ludibriando involuntariamente o consumidor. Tendo em vista essa observação, leia
o anúncio que se segue.
“O XYZ é o primeiro com airbags laterais na categoria. É o primeiro carro brasileiro com acoustic
parking system. Tem carroceria 100% galvanizada, 12 anos de garantia anticorrosão, freios ABS
de 5ª geração, ar-condicionado inteligente, motor com 5 válvulas por cilindro, direção hidráulica e
coluna de direção ajustável em altura e profundidade. E ainda foi considerado o carro mais seguro
GABARITO
do segmento pelo Clube do Automóvel. XYZ. O design é compacto. Mas a tecnologia é imensa.”
Época, nº 82, 13/12/99, p. 53 (com adaptações).
Com relação a esse anúncio, julgue os itens a seguir como verdadeiros ou falsos.
( ) O primeiro período do anúncio não apresentará alteração de sentido se for assim
reescrito: O XYZ é o primeiro na categoria e tem airbags laterais.
( ) Se o trecho “Tem carroceria 100% galvanizada” estivesse redigido como Tem 100% da
carroceria galvanizada, a mensagem do anúncio estaria preservada.
( ) O trecho “Tem carroceria 100% galvanizada, 12 anos de garantia anticorrosão” per-
mite dupla interpretação: ou todas as peças metálicas do XYZ têm 12 anos de garan-
tia anticorrosão ou apenas a carroceria a tem. Dessa forma, é possível considerar que
o anúncio poderá ludibriar o consumidor que der a ele a primeira interpretação.
IMPRIMIR
Texto 1
“Por isso, a empresa está informatizando todo o seu sistema, para resolver os pepinos em tempo.”
NP, 07.07.91, p. 2 F.35, apud DIAS, Ana Rosa Ferreira.
O discurso da violência — as marcas da oralidade no jornalismo popular. S. Paulo: editora EDUC/Cortez, 1996
Texto 2
“Os malacos tinham arrombado a escola Paradigma, que fica na mesma rua. Quando sacaram
que pintou sujeira, fugiram. Nessa hora, Christi estava tirando seu Santana da garagem. Os mala-
cos chegaram junto dela e mandaram-na passar as chaves.”
NP, 24.07.91, p. 6. F. 298, apud, op. cit.
Texto 3
“Liberado pelos médicos, o preso entrou no carro de polícia para voltar ao distrito. Aí, pintou
confusão. Segundo os soldados, o malaco tentou roubar o revólver de Antônio Carlos. Rolou uma
briga e Eudes sacou o berro, detonando três pipocos em Cícero. O cara morreu na hora.”
NP, 27.07.91, p. 5, F. 339, apud, op. cit.
GABARITO
Texto 4
“Um aviãozinho monomotor (de um motor só) caiu ontem de manhã na Baía da Guanabara…”
NP, 27.07.91, p. 4, F. 230, apud, op. cit.
13. U. Metodista-SP Assinale a alternativa que mais traduz o conceito de homem cordial no
texto.
a) o homem capaz de empreender encontros amistosos.
7 b) aquele que, pela gentileza de seus atos, está honestamente preocupado com as regras
sociais.
c) o homem perspicaz, híbrido e, por essa razão, intencionalmente incapaz de magoar os
outros.
d) um “camaleão social”, inteligente frente aos obstáculos impostos pelo cotidiano.
e) um “camaleão social” ironicamente analisado pela sua conduta.
14. PUC/Campinas-SP
“Na prática política, a palavra negociação associa-se ora ao requisito clássico da democracia,
que é a busca do ‘acordo entre partes’, ora ao fundamento mercantilista dos ‘negócios’, ou mes-
mo das ‘negociatas’. Vários políticos valem-se dessa duplicidade de significados: sendo, de fato,
espertos negociantes, justificam-se como hábeis negociadores.”
II. A tese defendida é a de que a acepção mercantilista do termo negociação pode ser
maliciosamente encoberta pela acepção democrática.
III. O tema é a prática da má política, e a tese é a de que as palavras deixam de ter sentido
por causa dessa prática.
Em relação ao texto, está correto o que vem afirmado em
a) II somente.
b) I e II somente.
c) I e III somente.
d) II e III somente.
e) I, II e III.
IMPRIMIR
Texto
“Quais são, mesmo, os afluentes do Amazonas?
Há pouco tempo faleceu um dos melhores professores que tive, Alfredo Steinbruch, que lecio-
nava Física no Julinho. Lembro muito bem a primeira aula que nos deu, e que foi cercada da maior
expectativa: como tinha fama de ralador, todos nós estávamos ansiosos. O professor Alfredo
entrou na sala, foi direto para o quadro e escreveu: Calor → dilatação. Assim mesmo: calor –
flechinha – dilatação. E todos nós imediatamente copiamos: calor – flechinha – dilatação.
Ele pousou o giz, olhou-nos e fez uma pergunta que nos deixou a todos perplexos. Perguntou
por que havíamos copiado aquilo.
Ninguém soube responder. O professor então passou o resto da aula explicando: é mais impor-
tante entender do que copiar.
Não sei como será a escola no futuro, mas de uma coisa estou seguro: a regra do professor
Steinbruch será mais válida do que nunca. Durante muito tempo, ensino foi sinônimo de informa-
ção: nomes, datas, batalhas, lugares. Coisas que os alunos copiavam, ou liam nos livros, e memo-
rizavam — porque aquilo caía no exame. Nada mais paradigmático a esse respeito do que a
lista de afluentes do Amazonas. Trata-se de um rio longo, e portanto cheio de afluentes. Era
preciso recitá-los de memória, os da margem esquerda e os da margem direita. Nós nunca tínha-
mos ido à Amazônia, nunca tínhamos visto os rios da região, mas sabíamos seus nomes. Por que
é um mistério que nunca esclareci.
Informação memorizada é algo que, daqui em diante, ficará cada vez mais por conta do compu-
tador. Não é preciso lembrar, é preciso saber como acessar. A memória do computador nos dará
8 todo tipo de informações.
O que o computador não nos ensinará é como entender as coisas. E também não nos ensinará
o valor das emoções. Nesse binômio, entendimento e emoção, está o objetivo maior da educação.
Exemplar, a esse respeito, é o ensino da literatura. A pergunta que, em geral, se faz a respeito de
um texto é: o que quis o autor dizer com isso? Pergunta difícil, para a qual o próprio escritor
muitas vezes não tem resposta. Eu perguntaria ao leitor, em primeiro lugar: o que sentiste lendo
esse texto? Em que ele aumentou a tua compreensão do mundo, da vida?
No futuro, os escolares saberão dos afluentes do Amazonas não recitando os nomes, mas indo
até lá, conhecendo como é o lugar, como vivem os habitantes da região. E aí os nomes surgirão
naturalmente. A propósito, como se chamam os afluentes da margem direita?”
Zero Hora, 26 set. 1999. Revista ZH.
15. U. F. Rio Grande-RS Assinale a alternativa cujo teor é incompatível com as idéias veicu-
ladas pela crônica.
a) No texto, é criticado o ensino que visa, basicamente, ao acúmulo de informações me-
morizadas.
b) Entre outras idéias, o texto aponta o computador como o grande mestre do futuro, ao
qual caberá a intransferível tarefa de educar gerações.
GABARITO
c) Nada é comparável.
d) Não há exemplo mais adequado.
e) Nenhuma informação memorizada é mais importante.
“Um dos traços marcantes do atual período histórico é (…) o papel verdadeiramente despótico
da informação. (…) As novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento
do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua
realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente
utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas da
informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofun-
dando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema
capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos
meios de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle.
O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em
lugar de esclarecer, confunde.”
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização.
20. Fuvest-SP Leia, a seguir, algumas afirmações críticas acerca do texto. Assinale, entre
elas, a incorreta.
a) O texto põe a nu os desdobramentos de um sistema de desigualdades marcado por
bloqueios e limitações sociais impostos a escravos recém-libertos.
b) A narradora descreve em seu diário a possibilidade de efetiva ascensão social propicia-
da pelo regime político do Império, no Brasil do século XIX.
c) Desvenda-se no discurso da menina narradora uma ótica de classe que parece apontar
para a idéia de que os pobres não sabem como usar o dinheiro.
d) As situações pitorescas de uma festa servem como pano de fundo às reflexões da narra-
dora sobre o desejo de propriedade da gente-livre recém-liberta e as dificuldades para
sua realização.
e) Observa-se uma mescla de compaixão e ironia no discurso da narradora, ao reconhecer
a festa popular como possibilidade imaginária de redefinição social pela superação
fantasiosa das barreiras advindas da escravidão.
GABARITO
21. Fuvest-SP “Eu gosto muito de todas as festas de Diamantina; mas quando são na Igreja
do Rosário, que é quase pegada à Chácara de vovó, eu gosto ainda mais.”
Nesse primeiro período do texto, as palavras “mas”, “quando” e “que” podem ser substitu-
ídas, respectivamente e sem prejuízo do sentido, por:
a) contudo; na época em que; as quais.
b) pois; caso; a qual.
c) porém; se; a qual.
d) entretanto; se; da qual.
e) porque; se; na qual.
IMPRIMIR
“A garota-propaganda, coitadinha!
Já passava das oito horas da manhã e a garota-propaganda dormia gostosamente sobre o seu
colchão Vulcaspuma, macio e confortável, que não enruga nem encolhe, facilmente removível e
lavável. Foi quando o relógio despertador começou a tilintar irritantemente. (Você nunca dará
corda num Mido).
A pobrezinha, que tivera de agüentar a cantada de um patrocinador de programa (Agência
Galo de Ouro — quem não anuncia se esconde) que prometera um cachê melhor, caso ela ficasse
efetiva na programação, levantou-se meio tonta. Fora dormir inda agorinha. Estremunhada, en-
trou no banheiro, colocou pasta de dentes na escova e pôs-se a escovar com força. Ah… que
agradável sensação de bem-estar!
Depois do banho, abriu a cortina do boxe, que parece linho mas é linholene, e foi até a cozinha
tomar um copo de leite. Tinha de estar pronta em seguida, para decorar páginas e páginas de
texto que apanhara na véspera, no departamento comercial da televisão. Abriu a geladeira de 7
pés, toda impermeável, com muito mais espaço interior e que você pode adquirir dando a sua
velha de entrada (a sua velha geladeira, naturalmente). Dentro não havia leite: — Não faz mal —
pensou. (Tudo que se faz com leite, com Pulvolaque se faz.)
O diabo é que também não tinha Pulvolaque. Procurou no armário uma lata daquele outro que
se dissolve sem bater, mas também não achou. Tomou então um cafezinho mesmo e correu ao
quarto para se vestir e arrumar o cômodo o mais depressa possível. Iria à cidade apanhar os textos
de uma outra agência que precisavam ser decorados até as três; além disso, tinha de almoçar com
um diretor de TV, a quem fingia aceitar a corte para poder ser escalada nos programas.
11 Arrumou as coisas assim na base do mais ou menos. Fechou o sofá-cama, um lindo móvel que
ocupa muito menos espaço em sua residência, e procurou o vestido verde que comprara no
Credifácil, onde você adquire agora e só começa a pagar muito depois. O vestido não estava no
armário. Lembrou-se então que o deixara na véspera dentro da pia, embebida na água com Rinso
e o diabo é que o vestido, como ficou dito, era verde. Se fosse branco, depois ficaria explicado
porque a roupa dela é muito mais branca do que a minha.
Eram onze e meia quando chegou à cidade, graças à carona que pegara. Saltou da camioneta
com tração dianteira e muito mais resistente, fez todas as coisas que precisava fazer em uma
velocidade espantosa e entregou-se ao suplício de almoçar com o diretor de TV.
Ali estão os dois escolhendo o menu. Ele pediu massa e perguntou se ela também queria (Aimo-
ré você conhece — pensou ela), mas preferiu outra coisa. Garota-propaganda não pode engordar.
Comeu rapidamente e aceitou o copo de leite que o garçom sugeriu. Afinal, não o tomara pela
manhã. Foi botar na boca e ver logo que era leite em pó, em pó, em pó…
Às três horas o programa das donas-de-casa. Às quatro, o teleteste que distribui brindes para
você. De 5 às 8, decorar outros textos, de 8 e meia às 10, tome de sorriso na frente da câmara, a
jurar que a liquidação anunciada era uma ma-ra-vi-lha. Aceite o meu conselho e vá verificar pes-
soalmente. Mas note bem. É só até o dia 30.
Quase meia-noite e ela tendo de dançar com ‘seu’ Pereira, do ‘Espetáculo Biscoiteste’. Um velho
chato, mas muito bonzinho. O diabo era aquele perfume que saía do cangote do seu par. Um
GABARITO
22. UnB-DF A partir da leitura compreensiva do texto, julgue os itens a seguir como verdadei-
ros ou falsos.
( ) A garota é chamada de “coitadinha” por ser vítima constante do assédio sexual dos
patrocinadores.
IMPRIMIR
”O novo livro de Ubaldo pode ser visto como um belo exercício de retórica. Utiliza-se de Itapa-
rica, da radioatividade natural e da história da ilha baiana para defender uma tese: a de que
homens e mulheres podem ser igualmente grandes em suas realizações e virtudes, mas não po-
dem escapar de seus pecadilhos e prevaricações, se se querem grandes.”
SEREZA, H. D. Caderno 2/Cultura. O Estado de S. Paulo, 16/7/2000.
24. Fuvest-SP No mesmo anúncio, a relação entre o texto verbal e a imagem fotográfica
caracteriza-se principalmente
a) pelo sarcasmo.
b) pelo sentimentalismo.
c) pela incoerência.
GABARITO
d) pelo humor.
e) pelo sensacionalismo.
25. Fuvest-SP Neste anúncio, a imagem fotográfica associa-se mais diretamente à palavra
sorria e à expressão
a) “mais de 300 salas VIP”.
b) “acumular e utilizar pontos”.
c) “Mais espaço entre as poltronas”.
d) “aeroportos no mundo todo”.
e) “programa de milhagens”.
IMPRIMIR
28. Fuvest-SP Segundo o texto, são vantagens de quem adquire o seguro anunciado:
GABARITO
29. Fuvest-SP A única alternativa em que aparece um trecho do texto que NÃO remete ao
campo semântico mais diretamente sugerido pela fotografia é
a) “o SOS Seguro Itaú é como um pediatra”.
b) “menos trabalho do que trocar um bebê”.
c) “equivalente a um pacote de fraldas descartáveis”.
d) “deixar essas coisas para amanhã”.
e) “alguém que não sabe nada sobre segurança”.
Quando lemos um texto, podemos fazer leituras com diferenciados graus de profundida-
de. O texto acima comporta leituras, dentre tantas outras possíveis, como as que seguem.
I. O texto refere-se a um acidente que envolveu a nova UTI Móvel da Polícia Rodoviá-
ria Federal e um ciclista, que morreu vítima do atropelamento; houve, em conseqüên-
cia do acidente, danos de pequeno valor no veículo. Em virtude do acontecimento, a
ambulância não será usada em serviço, mas as demais unidades da PRF estão em
condições de transportar feridos.
II. O texto foi construído para informar que a nova UTI Móvel da PRF ficou danificada
em acidente. Há muitas informações sobre a ambulância, mas da vítima não sabemos
sequer o nome: é apresentada apenas como ‘um ciclista’. A matéria não coloca a vida
GABARITO
A partir das informações do poema acima, julgue os seguintes itens como verdadeiros ou
falsos.
( ) Pode-se inferir que o texto foi, originalmente, uma propaganda encomendada para divul-
gar as qualidades do principal produto de uma fábrica de refrigerantes.
( ) O poema foi construído a partir de alterações semânticas decorrentes de inversões
fônicas de um grupo pequeno de fonemas.
( ) Os vocábulos “babe” (v.2), “caco” (v.5) e “cloaca” (v.7) têm em comum um sentido
15 negativo.
( ) Uma síntese possível do texto é Beba coca, babe cola e excrete caco pela cloaca.
32. Unioeste-PR
“O destino do Kursk
A informação é triste para os parentes dos marinheiros, mas, do ponto de vista ambiental,
o melhor a fazer com o Kursk é deixá-lo onde está: no fundo do oceano. A conclusão segue as
recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica e baseia-se em estudo realizado
com outros dejetos nucleares que repousam no fundo de mares árticos. A razão é simples. Desde
que não haja vazamento de radioatividade vindo dos reatores do Kursk, e os primeiros testes
apontam para isso, o ideal é não mexer na carcaça naufragada. Uma operação de resgate, além
de muito cara, é arriscada: o submarino pode rachar no processo, o que provocaria vazamento
perigoso para as pessoas envolvidas e para o meio ambiente.
A profundidade em que se encontra a embarcação, 108 metros, também é segura. Há lixo
nuclear suportável em águas bem mais rasas, a até 20 metros da superfície. Nesses lugares não
foram detectados traços perigosos de radiação.”
Fragmento de texto, retirado da Revista Veja, agosto de 2000, p. 52.
GABARITO
(64) O pronome isso retoma a idéia de que há vazamento de radiação vindo dos reatores
do Kursk.
“Idéias sustentáveis
A biodiversidade, as águas doces estão todas nas terras indígenas. Nós, os índios, que estamos
cuidando deste patrimônio ao longo do tempo, nunca tivemos a oportunidade de contar e de
compartilhar o que significa para nós esse patrimônio, em termos de vida. Em nossas aldeias, não
temos academia de ginástica. Tudo é feito de acordo com o movimento da noite, do dia e do
tempo. Lá não temos problema de emagrecer.
Lá, no meio do mato, lá, no canto das terras indígenas, há plantinhas e árvores grandes, para
que nós, os seres humanos, as olhemos e dali tiremos a água, o remédio, a alimentação e, princi-
palmente (o que às vezes vocês não percebem), a magia da vida, a magia de tentar entender este
Criador: o espírito da floresta, o espírito da sabedoria com quem os pajés podem conversar. Estes
podem compreender e transformar aquelas plantas no nosso sustento. Muitos pesquisadores já
foram a nossas aldeias, estudaram, copiaram e discutiram.
Queremos dizer isso a vocês, no sentido de mostrar que a ciência do homem branco precisa
conversar com a ciência indígena.”
MORIN, Edgard. Saberes globais e saberes locais — o olhar transdisciplinar. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (com adaptações).
33. UnB-DF Com referência às idéias do texto e sua relação com outras áreas do conhecimen-
to, julgue os itens que se seguem como verdadeiros ou falsos.
( ) O texto é narrado em primeira pessoa, pelo foco do silvícola, que não está nas terras
indígenas no momento da fala.
16 ( ) Infere-se do texto que viver de acordo com o movimento do dia e da noite deu origem
a academias de ginástica para emagrecer.
( ) Pelo segundo período do texto, é correto concluir que, na opinião do autor, quem
realmente precisa aprender com os indígenas é a “ciência do homem branco”.
( ) o culto do corpo são em mente sã, comum entre os vikings, contraria os hábitos das
colônias indígenas remanescentes no território nacional.
35. UnB-DF No que se refere às idéias do texto e sua vinculação com outras áreas do conhe-
cimento, julgue os itens que se seguem como verdadeiros ou falsos.
( ) Ao mencionar “a geração de energia”, o texto argumenta contrariamente ao princípio
da Física segundo o qual energia não pode ser criada, mas apenas transformada.
17 ( ) O termo “energizês” é uma criação vocabular formada a partir de energia para desig-
nar a linguagem técnica internacional do setor da Bolsa de Valores de São Paulo que
trata da economia de energia.
( ) As porcentagens no primeiro parágrafo permitem afirmar que, se em 1997 a população
brasileira era de 140 milhões de habitantes, havia chance de faltar energia para 7 mi-
lhões de pessoas; para uma população estimada em 167 milhões no final de 2000, a
falta deverá atingir 33,4 milhões de pessoas.
( ) As idéias do texto permitem inferir que os colapsos na geração de energia estão rela-
cionados ao consumo industrial.
36. UFRS Leia o trecho abaixo de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
“— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira
em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal
em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os
olhos de nem ser — se viu —, e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar.
Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara
GABARITO
de gente, cara de cão: determinaram — era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei
quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas…
Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente — depois,
então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão.”
“Muito do que se condena na televisão brasileira como sendo obtuso, reacionário ou malfeito é
apenas popular, demasiadamente popular. A televisão foi implantada no Brasil em 1950, mas
durante muito tempo aparelhos de TV foram privilégio das classes alta e média. No início da
década de 60, no interior do país, então predominantemente rural, apenas os mais ricos possuíam
um televisor.”
A respeito da forma de ordenação de idéias empregada pelo autor, é possível afirmar que
( ) prevalece, no fragmento, um tipo de ordenação muito utilizado nos textos jornalísti-
cos: a ordenação por contraste de conceitos.
( ) a ordenação por tempo e espaço favorece um raciocínio que opera com noções de
transformação e mudança, consideradas num certo período e em determinado lugar.
( ) o argumento de que, no Brasil, a televisão esteve associada a privilégio de classe é
18 demonstrado por meio de um tipo de ordenação: a enumeração de fatos.
( ) sobressai, no fragmento, a especificação de conceitos, já que o autor define a TV
como um meio de comunicação demasiadamente popular.
Veja, 11/10/98.
38. UFMT Com base no texto acima, julgue os itens que seguem como verdadeiros ou falsos:
( ) A propaganda defende a idéia de que a tecnologia é insuficiente para o homem ser feliz
na vida moderna.
( ) A tese que sustenta o texto é a de que a vida moderna propicia não só alta tecnologia
como também possibilidades de se fugir dela.
( ) A expressão “onde ninguém chegou” pode significar sucesso profissional.
( ) Os argumentos utilizados para convencer o leitor se baseiam nos atrativos da vida
moderna e não no objeto em si da propaganda.
( ) A palavra trilha refere-se unicamente a caminhos pouco percorridos.
IMPRIMIR
“Circuito fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de bar-
bear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para
cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis,
documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadei-
ras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e
poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátu-
la, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja,
xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memoran-
dos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos,
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, qua-
dro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa,
guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltro-
na, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova
de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e
papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigar-
ros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talhe-
res, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, des-
carga; pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.”
RAMOS, Ricardo. In: LADEIRA, J. de G. Contos brasileiros contemporâneos. São Paulo: Moderna, 1995, p. 71.
19 (01) Trata-se de um texto em prosa, marcado por uma das características fundamentais do
realismo do século XIX: o determinismo social, a explicação do comportamento hu-
mano baseada na idéia de que o homem é um produto do meio em que vive. Prova
disso é o fato de que importa menos a forma pela qual são construídos os elementos
da narrativa (personagem, espaço, tempo, etc.) do que a determinação que o persona-
gem principal sofre do meio social, no caso, exemplificado pelo escritório da agência
de publicidade em que trabalha e pela classe social a que pertence: a classe média.
(02) Trata-se de um texto em prosa, marcado por uma das características fundamentais da
arte moderna e contemporânea: a pesquisa de novas formas de expressão estética
criadas a partir do experimentalismo lingüístico. Prova disso é que todos os elemen-
tos da narrativa (personagem, espaço, tempo, etc.) são construídos a partir do uso
exclusivo de substantivos.
(04) Trata-se de um texto em prosa, marcado por uma das características fundamentais do
romantismo: a solidão do homem que, singular e diferenciado dos demais, não con-
segue adaptar-se à mediocridade que caracteriza a vida dos seus semelhantes. Prova
disso é que o que se destaca são os sentimentos do personagem, que exerce uma
função criativa, provavelmente artística, no isolamento de sua casa e do escritório da
GABARITO
agência de publicidade em que trabalha. Tal isolamento é necessário para que o per-
sonagem desenvolva suas idéias e realize as suas obras.
(08) Trata-se de um texto em prosa em que as ações e a situação dramática são reduzidas
ao contato com objetos do cotidiano, evidenciando que o personagem vive uma vida
tediosa e aborrecida, limitada à rotina da polaridade casa-trabalho, marcada pela so-
lidão e pelo automatismo. Prova disso é o fato de que as ações e a situação dramática,
construídas por meio do uso exclusivo de substantivos, convertem-se no seu contrá-
rio, evidenciando a passividade (não-ação) e a desumanização do personagem.
(16) Trata-se de um texto em prosa em que a construção do personagem não permite uma
universalização da experiência por ele vivida. Provas disso são, por exemplo, a falta
de nome próprio e de descrição física do personagem.
(32) As principais figuras de linguagem presentes no texto são a antítese e a metáfora.
Prova disso é o fato de que a primeira contrapõe a rotina massacrante do trabalho à
IMPRIMIR
Estado não ataca o problema, mas pode reservar votos para os defensores de tal projeto.”
Folha de S. Paulo, 05/09/99, Cad. 1, p. 2.
( ) a frase “Reservar cotas para estudantes… pode reservar votos para os defensores de
tal projeto” (último parágrafo) é sinônimo de democracia;
( ) falta vontade política para a solução de problemas cruciantes da sociedade brasileira,
pois os políticos só se interessam por soluções paliativas e que provocam impacto,
uma vez que são elas que lhes renderão votos nas urnas.
dos direitos do cidadão’, mas também ‘com a preocupação pelo destino dos homens e das
mulheres, considerados não como cidadãos mas como pessoas’ e, conseqüentemente, deve-se
garantir ‘simultaneamente tanto o respeito às liberdades políticas e do espírito, como a realiza-
ção dos postulados da justiça social’.”
“(…) Eu deixara o visitante falar, sem interrompê-lo. Nariz de Ferro, que era um anão, mas
tinha a postura de um gigante presunçoso, levantou-se e, virando sua enorme cabeça de cabelos
encarapinhados, exibiu o perfil para mim. Seu nariz imenso, de linhas perfeitas, era um pouco
mais negro do que o rosto.
‘Eu me preparei para enfrentar a adversidade. Estou acabando de escrever o Manual dos frustrados,
fodidos e oprimidos. Nele descrevo, minuciosa e sistematicamente, os métodos mais sujos e destruido-
res para se ir à forra de qualquer inimigo, seja ele quem for, forças armadas, imposto de renda, compa-
nhias de serviços públicos, companhias de cartões de crédito, bancos, a polícia, o proprietário senhorio,
a loja comercial, qualquer pessoa ou instituição que tem força e sacaneia os outros. Ensino a técnica
adequada para devassar, desmoralizar, arruinar, aniquilar, exterminar indivíduos e organizações odio-
sas, mostro como atacar saindo das sombras, como atormentar e destruir sem misericórdia. Pela sua
cara vejo que não gosta de mim’. (Esse livro, na verdade, nunca foi escrito. Nariz de Ferro gostava de
jactar-se não apenas das coisas que havia feito, mas também das que ainda pretendia fazer.)
‘Está enganado. Gosto das pessoas que não sabem qual é a verdadeira altura delas’, eu disse. (…)”
46. U.Católica-GO Considere a charge que segue e julgue as afirmativas como verdadeiras
ou falsas.
( ) A charge apresenta uma
Imagina, louro… Aqui diz que
situação de crítica ao ape- as pessoas que passam muito
go excessivo das pessoas tempo conectadas à Internet
acabam menosprezando seus
ao mundo virtual e um laços de amizade…
alerta em relação à utili-
GABARITO
( ) O emprego do acento grave em “conectadas à Internet” está adequado por ter a pala-
vra — “Internet” — sido considerada do gênero feminino em língua portuguesa.
( ) Em “Aqui diz que as pessoas que passam…”, o segundo “que” é pronome relativo e,
como pronome relativo, exerce função sintática na frase em que aparece.
47. UEMS
“Como o Brasil ganhou espaço no mundo dos negócios, nada mais natural que essas empre-
sas transfiram para o país alguns executivos da matriz. Para as companhias, essa transferência
representa um reforço na filial”.
48. UEMS Na passagem A Bahia recebeu uma recente onda de americanos por causa da
transferência da Ford, ‘roubada’ do Rio Grande do Sul. Podemos inferir que:
a) o governo da Bahia convenceu o governo do Rio Grande do Sul a deixar a Ford naquele
Estado.
b) o governo da Bahia ofereceu mais incentivos à Ford, por isso esta empresa instalou-se lá.
c) o governo da Bahia trapaceou o governo do Rio Grande do Sul.
d) o governo do Rio Grande do Sul não quis a Ford em seu estado.
GABARITO
e) o governo do Rio Grande do Sul não colocou guardas na Ford, por isso a Bahia roubou-
lhe esta empresa.
( ) Ali estavam impressas pegadas de répteis… → lajes cor-de-rosa usadas como calça-
mento na cidade.
( ) Lá ficaram gravados os únicos registros de dinossauros brasileiros… → rochas de
“Alguns cientistas já se preocupam em garantir que os robôs do futuro tragam em seus progra-
mas, em todos eles, um ‘chip’ da bondade que os impeça de fazer mal aos homens, assumindo,
assim, que não seja possível sequer desligá-los. Talvez estejam sonhando, como pensam alguns.
Talvez não.
GABARITO
“Um triste espetáculo é a alegria feroz com que os políticos e cidadãos que se dizem democra-
tas, os jornais, o rádio, a TV descrevem as dificuldades de Cuba, na alvoroçada esperança de uma
derrocada do seu regime. Parece que lhes dá prazer noticiar e comentar que falta alimento e
roupa, as máquinas agrícolas estão sendo puxadas por animais, a bicicleta substitui o automóvel.
Com certeza esperam que o regime odiado acabe na fome, na miséria e na desgraça coletiva, a
fim de pagar os sustos que deu.
Um dos pressupostos dessa atitude é que o socialismo não funciona. Provavelmente, para esses
críticos eufóricos o que funciona é a ‘democracia’ brasileira, que só pode ser mencionada entre
aspas, pois tem não apenas mantido, mas cultivado e agravado a miséria de um povo que, cinco
séculos depois do Descobrimento, não sabe ler, vive doente, sofre todas as privações e, portanto,
serve de boa massa para os demagogos elegerem quanto aventureiro consiga vender a sua dete-
26 riorada mercadoria política. Isso, quando as classes dominantes não resolvem salvar a pátria por
meio do singular instrumento ‘democrático’ que são os golpes mais ou menos militares.
Mas o fato é que (repita-se pela milésima vez) o regime cubano conseguiu o que nenhum outro
tinha conseguido na América Latina: tirar o povo da sujeição torpe e dar-lhe o sentimento da
própria dignidade, graças à aquisição dos requisitos indispensáveis — saúde, alimentação, relativa
equivalência de oportunidades, afastamento mínimo possível entre os salários mais altos e os mais
baixos. Note-se que isso não é uma vaga esperança: é uma realidade. E mesmo que o regime
cubano dure apenas o tempo de uma geração, ele terá mostrado que o socialismo é possível nesta
parte do mundo, permitindo uma vida de teor humano em contraste com a iniqüidade mantida
pelas oligarquias.”
CANDIDO, Antonio. Recortes.
53. Fuvest-SP Considerando-se o contexto em que aparece, a frase que está reconstruída de
modo a preservar seu sentido é:
a)“Um dos pressupostos dessa atitude é que o socialismo não funciona” = pressupõe-se
que essa atitude implique o funcionamento do socialismo.
b)“tirar o povo da sujeição torpe e dar-lhe o sentimento da própria dignidade” = livrar o
povo de quem o sujeita e fazê-lo crer na ilusão de que seja digno.
GABARITO
c)“permitindo uma vida de teor humano em contraste com a iniqüidade mantida pelas
oligarquias” = possibilitando uma vida menos humanitária, ao invés da opressão po-
lítica imposta pelas elites.
d)“na alvoroçada esperança de uma derrocada do seu regime” = em face da intuição de
que o regime está perdendo força.
e)“que só pode ser mencionada entre aspas” = cuja menção deve vir sempre ressalvada.
c) todos os que sentem prazer em derrotar o socialismo cubano, tendo em vista a influên-
cia que já exerce em nosso país.
d) os defensores de uma falsa democracia, que impede o povo de superar a opressão social
e política.
e) os cidadãos, políticos e jornalistas que se dizem democratas, mas se submetem a todo e
qualquer tipo de ditadura.
56. Fuvest-SP No terceiro parágrafo, estão articuladas numa relação de causa (I) e efeito (II)
as seguintes expressões:
a) I. dar-lhe o sentimento da própria dignidade; II. tirar o povo da sujeição torpe.
b) I. aquisição dos requisitos indispensáveis; II. dar-lhe o sentimento da própria dignida-
de.
c) I. terá mostrado que o socialismo é possível; II. mesmo que o regime cubano dure
apenas o tempo de uma geração.
27 d) I. a iniqüidade mantida pelas oligarquias; II. terá mostrado que o socialismo é possível.
e) I. tirar o povo da sujeição torpe: II. aquisição dos requisitos indispensáveis.
“Um amigo meu estava ofendido porque um jornal o chamou de boa-vida. Vejam que país, que
tempo, que situação! A vida deveria ser boa para toda gente; o que é insultuoso é que ela o seja
apenas para alguns.
‘Dinheiro é a coisa mais importante do mundo.’ Quem escreveu isso não foi nenhum de nossos
estimados agiotas. Foi um homem que a vida inteira viveu de seu trabalho, e se chamava Bernard
Shaw. Não era um cínico, mas um homem de vigorosa fé social, que passou a vida lutando, a seu
modo, para tornar melhor a sociedade em que vivia — e em certa medida o conseguiu. Ele nos
fala de alguns homens ricos:
‘Homens ricos ou aristocratas com um desenvolvido senso de vida — homens como Ruskin,
William Morris, Kropotkin — têm enormes apetites sociais... não se contentam com belas casas,
querem belas cidades... não se contentam com esposas cheias de diamantes e filhas em flor;
queixam-se porque a operária está mal vestida, a lavadeira cheira a gim, a costureira é anêmica, e
GABARITO
porque todo homem que encontram não é um amigo e toda mulher não é romance... sofrem com
a arquitetura da casa do vizinho...’
Esse ‘apetite social’ é raríssimo entre os nossos homens ricos; a não ser ‘social’ seja tomado
no sentido de ‘mundano’. E nossos homens de governo têm uma pasmosa desambição de
governar.”
Rubem Braga.
57. Unifor-CE A expressão “apetite social” significa, no texto, para alguns homens:
a) o usufruto de uma condição econômica bastante favorável, na posse de bens particula-
res e influência pessoal.
b) uma preocupação mais ampla, tendo em vista o bem da sociedade em geral, não apenas
o daqueles mais ricos.
c) a discrepância entre a visão que um escritor tem da vida em sociedade e a realidade
IMPRIMIR
60. Unifor-CE “Homens ricos ou aristocratas com um desenvolvido senso de vida têm enor-
mes apetites sociais...”
Essa afirmação estabelece, no texto, um paralelo positivo entre:
a) percepção das dificuldades de algumas camadas sociais e justiça social.
b) prestação de serviços básicos e trabalho intelectual.
c) senso estético de determinados grupos sociais e seu poder econômico.
d) relacionamento afetivo e condições socioeconômicas de preservá-lo.
e) propriedades particulares e vida familiar organizada.
IMPRIMIR
“Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não
senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma sema-
na: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite pela primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos:
a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corre-
dor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com
os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as
aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das primeiras brigas por causa do tempero na salada — o meu jeito de
querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas
murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Ne-
nhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha
para casa, Senhora, por favor.”
TREVISAN, Dalton.
In BOSI, A. (org.) O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 190.
“O Ferrageiro de Carmona
Um ferrageiro de Carmona
que me informava de um balcão:
‘Aquilo? É de ferro fundido,
foi a forma que fez, não a mão.
O poema mostra:
( ) o fazer poético como um processo racional, fundamentado em modelos preexis-
tentes.
( ) a relação criador-criatura enfocada sob uma perspectiva irônica.
( ) uma analogia entre o ofício do ferrageiro e o do poeta.
( ) a “flor” forjada como exemplo de obra de arte criativa.
IMPRIMIR
( ) a criação da poesia como um processo cuja marca é a fluência das palavras, sem
controle seletivo.
( ) a verossimilhança, o efeito de verdade na obra de arte, ligada à ação persuasiva do
artefato sobre o objeto natural.
( ) a ação de forjar ligada à marca da pessoalidade no processo criativo, contrapondo-se
ao plano do fundir, cuja marca é a ausência do sujeito.
“Os Músicos
Faz calor. Os grandes espelhos da parede vieram da Europa no fundo do porão; cristal puro. ‘Tua vó fez
risinhos e boquinhas, namorou dentro desse espelho’. Respondo: ‘Minha avó nunca viu esse espelho, ela
veio noutro porão’. Nesse instante chegam os músicos, três: piano, violino, bateria; o mais moço, o
pianista tem quarenta anos, mas é também o mais triste, um rosto de quem vai perder as últimas espe-
ranças, ainda tem um restinho mas sabe que vai perdê-las num dia de calor tocando os Contos dos
Bosques de Viena, enquanto lá embaixo as pessoas comem bebem suam sem ao menos por um instante
levantar os olhos para o balcão onde ele trabalha com os outros dois: Stein, no violino — cinqüenta e seis
anos, meio século atrás: espancado com uma vara fina, trancado no banheiro, privado de comida ‘nem
que eu morra você vai ser um grande concertista’ e quando Sara, sua mãe, morreu, ele tocou Strauss no
restaurante com o coração cheio de alegria — Elpídio na bateria, cinqüenta anos, mulato, coloca um
lenço no pescoço para proteger o colarinho, o gerente não gosta mas ele não pode mudar de camisa
todos os dias, tem oito filhos, se fosse rico — ‘fazia filho na mulher dos outros, mas sou pobre e faço na
minha mesmo’ — e todos começam, não exatamente ao mesmo tempo, a tocar a valsa da Viúva Alegre.
Na mesa ao lado está o sujeito que é casado com a Miss Brasil. Todas as mesas estão ocupadas. Os
garçons passam apressados carregando pratos e travessas. No ar, um grande borborinho.”
FONSECA, Rubem. Lúcia McCartney.
65. UFMA
“Toda essa história de carinho acaba quando boto as luvas. O único afeto que sinto pelos meus
adversários é antes de subir no ringue e depois de terminada a luta. Durante, só sinto vontade de
ganhar, vontade de vencer. O afeto antes é de boa sorte, que nada de mau aconteça. Depois da
luta, parabéns, continue.”
A alternativa que melhor expressa a idéia contida na fala do lutador de boxe Acelino —
GABARITO
d) Toda essa história de carinho acaba quando boto as luvas, embora o único afeto que
sinto pelos meus adversários seja antes de subir no ringue e depois de terminada a luta.
Durante a luta, sinto vontade de ganhar e vontade de vencer, já que o afeto antes é de
boa sorte e que nada de mau aconteça. Depois de terminada a luta, parabéns, continue.
e) Toda essa história de carinho acaba quando boto as lutas onde o único afeto que sinto
pelos meus adversários é antes de subir no ringue e depois de terminada a luta. Durante,
só sinto vontade de ganhar e vencer porque o afeto antes é de boa sorte, que nada de
mau aconteça. Depois da luta, parabéns, continue.
“Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas
como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia
horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos
pelados da caatinga rala.”
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
“A borboleta preta
NO DIA SEGUINTE, como eu estivesse a preparar-me para descer entrou no meu quarto uma
borboleta, tão negra como a outra, e muito maior do que ela. Lembrou-me o caso da véspera, e
ri-me; entrei logo a pensar na filha de D. Eusébia, no susto que tivera, e na dignidade que, apesar
dele, soube conservar. A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na
testa. Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça; e, porque eu a sacudisse de novo, saiu dali e veio parar
em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com que, uma
vez posta, começou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito. Dei
de ombros, saí do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achando-a ainda no mesmo lugar,
senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.
Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça. Apiedei-me; tomei-a na
palma da mão e fui depô-la no peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou dentro de alguns
segundos. Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.
GABARITO
— Também por que diabo não era ela azul? disse comigo.
E esta reflexão, — uma das mais profundas que se tem feito, desde a invenção das borboletas,
— me consolou do malefício, e me reconciliou comigo mesmo. Deixei-me estar a contemplar o
cadáver, com alguma simpatia, confesso. Imaginei que ela saíra do mato, almoçada e feliz. A
manhã era linda. Veio por ali fora, modesta e negra, espairecendo as suas borboletices, sob a
vasta cúpula de um céu azul, que é sempre azul, para todas as asas. Passa pela minha janela, entra
e dá comigo. Suponho que nunca teria visto um homem; não sabia, portanto, o que era o ho-
mem; descreveu infinitas voltas em torno do meu corpo, e viu que me movia, que tinha olhos,
braços, pernas, um ar divino, uma estatura colossal. Então disse consigo: ‘Este é provavelmente o
inventor das borboletas’. A idéia subjugou-a, aterrou-a; mas o medo, que é também sugestivo,
insinuou-lhe que o melhor modo de agradar ao seu criador era beijá-lo na testa, e beijou-me na
testa. Quando enxotada por mim, foi pousar na vidraça, viu dali o retrato de meu pai, e não é
impossível que descobrisse meia verdade, a saber, que estava ali o pai do inventor das borboletas,
e voou a pedir-lhe misericórdia.
IMPRIMIR
Pois um golpe de toalha rematou a aventura. Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria
das flores, nem a pompa das folhas verdes, contra uma toalha de rosto, dous palmos de linho cru.
Vejam como é bom ser superior às borboletas! Porque, é justo dizê-lo, se ela fosse azul, ou cor de
laranja, não teria mais segura a vida; não era impossível que eu a atravessasse com um alfinete,
para recreio dos olhos. Não era. Esta última idéia restitui-me a consolação; uni o dedo grande ao
polegar, despedi um piparote e o cadáver caiu no jardim. Era tempo; aí vinham já as próvidas
formigas… Não, volto à primeira idéia; creio que para ela era melhor ter nascido azul.”
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
“Eles sobraram
Os números do IBGE, o principal órgão de pesquisas sociais do país, mostram um retrato dramá-
tico da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo o Instituto, 36 milhões de brasileiros em
idade de trabalhar têm só o 1º grau completo ou nem isso. Essa população equivale a quase a
metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema. Para
garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com
34 algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a moderniza-
ção, já não precisam tanto de força física, que é o que eles têm a oferecer se não forem educados.
O rosto dessa gente apareceu quando o governo de São Paulo abriu inscrições, um mês atrás,
para as chamadas frentes de trabalho. A idéia era selecionar 50 000 pessoas para cumprir um
contrato de seis meses, recebendo salário mensal de 150 reais, cesta básica e seguro de acidentes
pessoais. Exigências: ter acima de 16 anos de idade e estar desempregado há mais de um ano.
Uma multidão de 460 000 pessoas lotou os locais de inscrição. Foram selecionados apenas os
chefes de famílias numerosas, os mais velhos e aqueles que estavam por mais tempo na fila do
desemprego. (...)
O Brasil ainda tem uma vantagem a oferecer a esses trabalhadores, por uma ironia do seu
passado recente. Durante mais de uma década, o governo abandonou estradas, viadutos, deixou
ruas se esburacarem. Assim que a economia voltar a crescer, isso tudo vai ser consertado e haverá
trabalho para essa massa de gente. O problema é saber durante quanto tempo eles poderão
sobreviver à custa desses serviços. E o desafio, para o país, é evitar que continue crescendo a
população de subtrabalhadores.”
VALENTINI, Cíntia. In: Veja, ano 32, n. 29, p. 105, 21 jul. 1999.
trabalho.
b) As dificuldades do trabalhador desqualificado, no Brasil, não serão sanadas a longo
prazo, uma vez que o trabalho físico tende a desaparecer.
c) A situação do trabalhador braçal, embora difícil, é alentadora, uma vez que ele sempre
pode contar com a economia informal.
d) A infra-estrutura deficiente do Brasil possibilitará trabalho constante, pelo menos na
área de construção civil.
e) Os problemas de mão-de-obra desqualificada — frutos da atual conjuntura econômica
do País — se resolverão definitivamente, assim que a economia brasileira voltar a cres-
cer.
72. F. Católica de Salvador-BA A partir da leitura do texto, pode-se inferir que o problema de
IMPRIMIR
e) desprezo.
75. U. F. São Carlos-SP O texto estrutura-se na oposição entre os Silva e as demais famílias.
Essa relação releva-se em
a) “vai mal em política” e “há de subir na política”.
b) “em todo lugar onde se trabalha” e “a gente de nossa família trabalha nas plantações de
mate”.
c) “vermelhinho da silva” e “sangue azul”.
d) “vala comum da miséria” e “vala comum da glória”.
e) “vermelho” e “vermelhinho da silva”.
IMPRIMIR
76. U. F. São Carlos-SP A oração faz tudo, em destaque no texto, assume a função de
a) resumir e comentar informações anteriores.
b) retomar e sintetizar informações anteriores.
c) expandir e explicar informações anteriores.
d) explicar e comentar informações anteriores.
e) retomar e explicar informações anteriores.
[limite,
não me compreendereis, irmão!”
LIMA, Jorge de. In: Poesia Completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 388-9.
O poema apresenta:
( ) a poesia como instrumento de redenção do homem.
( ) a palavra divina tornada vazia de significação para o homem.
( ) o poeta como reinventor da linguagem, construtor da palavra perene.
( ) o homem comum como elemento responsável pela perda do poder expressivo da
palavra no seu uso cotidiano.
( ) a linguagem poética, na sua universalidade, como promotora do entendimento entre
os homens.
IMPRIMIR
“Lisbon Revisited
Não: não quero nada,
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me
[enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica
[só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
37 Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário
[de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos,
[a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero
[ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
GABARITO
78. U. F. São Carlos-SP A penúltima estrofe do poema permite considerar que o eu-lírico
sente
a) uma saudade carinhosa da infância, pois em Lisboa ainda pode viver bons momentos.
IMPRIMIR
b) uma mágoa de Lisboa, pois lá passou uma infância vazia e sem sentimentos.
c) um medo de revisitar Lisboa, pois a cidade nunca lhe proporcionou boas lembranças.
d) uma mágoa de sua cidade (Lisboa), pois ela tirou-lhe todos os bons sentimentos.
e) uma saudade melancólica da infância, pois trata-se de uma época remota e irrecu-
perável.
38 c) ofendam
d) maltratem.
e) abandonem.
82. U. Salvador-BA
“Passava as noites em claro, metido no laranjal e procurando uma solução a tanta dificuldade;
atordoavam-no ainda aqueles dois assobios que não podia explicar e sobretudo aquela pedrada
tão bem dirigida, que por pouco talvez o houvesse estendido por terra.
Numa dessas noites de ansiedade, viu afinal reabrir-se a janela de Inocência.
A pobrezinha, abrasada também de amor, queria respirar o ar da noite e beber na viração do
sertão um pouco de tranqüilidade para sua alma não afeita ao tumultuar dos sentimentos que a
agitavam e, quem sabe? verificar se por aí não andava rondando aquele que no seio lhe inoculara
tamanho desassossego, ímpetos tão desconhecidos e violentos, superiores a todas as suas tenta-
tivas de resistência.
Cirino, rápido como uma seta, rápido como aquela pedra arrojada tão rigorosamente, achou-se
ao pé da janela e cobriu de beijos as mãos da sua amada.
GABARITO
Marque V para as afirmativas que podem ser comprovadas com o texto e F para as que não
podem.
IMPRIMIR
“Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos
e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos, é um erro igual ao de afirmar que
a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do
povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no
domínio do estilo e ganham direito de cidade.
Mas se isto é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me
parece aceitável a opinião que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que des-
troem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o
escritor não está obrigado a receber e a dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda
inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte de influência a este
respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão.
Feitas as exceções devidas, não se lêem muito os clássicos no Brasil. Entre as exceções, poderia
eu citar até alguns escritores cuja opinião é diversa da minha neste ponto, mas que sabem perfei-
tamente os clássicos. Em geral, porém, não se lêem, o que é um mal. Escrever como Azurara ou
Fernão Mendes seria hoje um anacronismo insuportável. Cada tempo tem seu estilo.”
Machado de Assis.
“Inventário
Povoam o escritório Aparentemente
vários utensílios peças quase iguais
uns bastante sóbrios às demais: os mesmos
outros indiscretos modos funcionais
Dois os indiscretos:
minhas duas mãos —
úlcera no estômago
da repartição
ALVIM, Francisco. Amostra Grátis. In: Poesias Reunidas (1968-1988). São Paulo: Duas Cidades, 1988.
a) De qual critério se serve o poeta para classificar as diferenças entre os “vários utensíli-
os” que “povoam o escritório”? Por que essa classificação destoa tanto da nossa per-
cepção habitual?
b) Como aparece a presença humana em meio ao ambiente da repartição?
GABARITO
87. Unicamp-SP Na coluna “De zero a dez”, de Rubem Tavares, publicada na revista Busi-
ness Travell, 34, no primeiro semestre de 2000, p. 13, encontram-se, entre outras, as se-
guintes notas, parcialmente adaptadas:
“Para os lunáticos que insistem em soltar balões de grande porte, causando incêndios e
sérios riscos à segurança dos vôos: segundo o Controle de Tráfego Aéreo, em 1998 foram regis-
tradas 99 ocorrências em Guarulhos. Em todo o ano passado foram registradas 33 ocorrências e,
neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31. As autoridades deveriam enquadrar os
responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por longos anos.”
“Não seria o caso de a Prefeitura pagar por cada nova pichação feita na cidade? É claro
que sim. Se todos entrassem com uma ação simultaneamente, com certeza o prefeito encontraria
novas atribuições para a Guarda Municipal. Vide sugestão na nota anterior que também poderia
IMPRIMIR
“Música
Uma coisa triste no fundo da sala.
Me disseram que era Chopin.
A mulher de braços redondos que nem coxas
martelava na dentadura dura
sob o lustre complacente.
Eu considerei as contas que era preciso pagar,
os passos que era preciso dar,
as dificuldades…
Enquadrei o Chopin na minha tristeza
e na dentadura amarela e preta
maus cuidados voaram como borboletas.”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia.
88. Fatec-SP A leitura de Música torna possível afirmar que a atenção do narrador
a) tem suas preocupações ordinárias postas de lado pela sensualidade da música e da pia-
nista de braços redondos.
41 b) se apega aos “passos que era preciso dar”, apesar dos apelos tristonhos que a música de
um piano lhe fazia do fundo da sala.
c) foi despertada pela relação material entre as teclas de um piano (“dentadura dura”) e
sua própria dentadura (“dentadura amarela e preta”).
d) é atraída pela música de um provável Chopin, que, apesar de triste, afasta o narrador de
suas preocupações cotidianas.
e) se fixa na tristeza e na solidão, levando-o ao desatino da existência, o que se constata
pela evocação de um “lustre complacente”.
89. Fatec-SP A expressão que mais claramente remete à liberação das preocupações do narra-
dor, sob o efeito da música de Chopin é:
a) “braços redondos que nem coxas”.
b) “sob o lustre complacente”.
c) “meus cuidados voaram como borboletas”.
d) “Enquadrei o Chopin na minha tristeza”.
e) “as dificuldades…”
GABARITO
90. UEPA
“É nesse aspecto que a histeria sobre a biopirataria na Amazônia corre o risco de não levar a
lugar nenhum. A existência de uma fronteira terrestre muito vasta para evitar contrabando, a
presença de turistas internacionais, estrangeiros residentes, estudantes e pesquisadores estrangei-
ros que vêm desenvolver pesquisas, professores e consultores, além do fluxo de brasileiros para o
exterior, impossibilitam qualquer aparato de fiscalização.”
42 Não apenas os consumidores se comportam como gostariam de ser vistos. Os cientistas sociais
que tentam mergulhar na realidade brasileira produzem teorias conforme imaginam que seus
colegas desejam. Prendem-se a modelos já preparados, usam linguagens especiais, para que os
outros pensem que eles têm o ar condicionado do saber academicamente oficial. Mesmo quan-
do se atrevem a desnudar o real, denunciar que o carro não tem ar condicionado e estamos todos
morrendo de calor, os cientistas tendem a não expor as idéias que pareçam romper com o como-
dismo teórico do consumismo de escolas estabelecidas. Temem abrir as janelas e demonstrar a
todos a incompetência de formulações, teorias e linguagens pouco acuradas. Sobretudo quando,
além de dúvidas, eles não têm teorias alternativas.
Mas um mergulho no caos da consciência coletiva brasileira dificilmente se faz se usamos o
escafandro das teorias formuladas para explicar, como se tivessem lógica, o caos e a irracionali-
dade. A realidade de um motorista suando para dar a impressão de que não sente calor não pode
ser explicada buscando uma lógica no seu comportamento, mas sim mostrando que por trás
deste há uma loucura geral. A teoria econômica diria que o consumidor obtém, com o carro e as
janelas fechadas, um nível de satisfação maior do que o grau de conforto das janelas abertas.
A inconseqüência não é apenas do consumidor. A teoria que se diz científica, trabalhando na
inconseqüência, influi na divulgação e na legitimação do absurdo.
Mergulhar na realidade do país exige um mergulho nas teorias que mais fortemente vêm in-
fluenciando a consciência dos brasileiros. Para tanto é preciso desvencilhar-se dos preconceitos, ten-
GABARITO
(02) A expressão “Tem que” remete a uma possibilidade remota de análise da realidade.
(04) A forma verbal “entender” tem o mesmo sentido de “Mergulhar”.
(08) A expressão “se ver pelos olhos dos outros” conota um falseamento da realidade
individual.
(16) O uso do “escafandro” sugere mascaramento do real objetivo do “mergulho” (1o des-
tacado).
(32) Os pontos de vista dos economistas e do autor coincidem com relação ao grau de
funcionalidade das “janelas fechadas” e “das janelas abertas”.
(64) A expressão “Para tanto” estabelece um relação de conseqüência com referência a “mer-
gulho” (2o destacado).
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
IMPRIMIR
“Durante sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal,
Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado,
costumava ficar horas aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira
em 1970, quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava
um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram pensadas com um racionalismo típico de
sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmílson, 53 anos, e Édson, 58, são médicos.”
Correio Popular. Campinas, 20/10/2000.
a) O que aconteceria com Leão se ele, efetivamente, ficasse aprimorando seus defeitos”?
Reescreva o trecho de maneira a eliminar o equívoco.
b) A expressão “por outro lado”, no início do segundo período, contribui para tornar o
trecho incoerente. Por quê?
c) Por que o emprego da palavra “racionalismo” é inadequado nessa passagem?
“Certos mitos são repetidos tantas e tantas vezes que muitos acabam se convencendo de que
eles são de fato verdadeiros. Um desses casos é o que envolve a palavra ‘saudade’, que seria uma
44 exclusividade mundial da língua portuguesa. Trata-se de uma grande e pretensiosa balela.
Todas as línguas do mundo exprimem com maior ou menor grau de complexidade todos os
sentimentos humanos. E seria uma grande pretensão acreditar que o sentimento que batizamos
de ‘saudade’ seja exclusivo dos povos lusófonos.
Embora línguas que nos são mais familiares como o inglês e o francês tenham de recorrer a mais
de uma expressão (seus equivalentes de ‘nostalgia’ e ‘falta’) para exprimir o que chamamos de
saudade em todas as circunstâncias, existem outros idiomas que o fazem de forma até mais
sintética que o português.
Em uma de suas colunas semanais nesta Folha, o professor Josué Machado lembrou pelo menos
dez equivalentes da palavra ‘saudade’. Os russos têm ‘tosca’; alemães, ‘Sehnsucht’; árabes, ‘shau-
ck’ e também ‘hanim’; armênios, ‘garod’; sérvios e croatas, ‘jal’; letões, ‘ilgas’; japoneses, ‘nat-
sukashi’; macedônios, ‘nedôstatok’; e húngaros, ‘sóvárgás’.
Pode-se ainda acrescentar a essa lista o ‘desiderium’ latino, o ‘póthos’ dos antigos gregos e
sabe-se lá quantas mais expressões equivalentes nas cerca de 6 mil línguas atualmente faladas no
planeta ou nas 10 mil que já existiram.
Ora, se até os cães demonstram sentir saudades de seus donos quando ficam separados por um
motivo qualquer, seria de um etnocentrismo digno de fazer inveja à Alemanha nazista acreditar
que esse sentimento é próprio apenas aos que falam português.
Desde que o homem é homem, ou talvez mesmo antes, ele sente saudade; desde que aprendeu
GABARITO
96. ITA-SP NÃO se pode afirmar que a noção do sentimento saudade no texto seja
a) atribuída exclusivamente ao ser humano.
b) uma prova de que a espécie humana é fruto da mutabilidade de espécies.
c) comum a todos os seres humanos, mas a maneira de expressá-lo é diferente.
d) comum a todos os seres humanos e remonta aos tempos antigos.
e) talvez anterior à razão.
I. “/…/ você não é completamente louco por aquele sujeito que chegou na sua casa /…/”.
II. “Porque quem é louco por alguém, não é louco de deixar essas coisas para amanhã”.
Quanto ao sentido que o vocábulo “louco” assume nas três ocorrências destacadas no
quadro acima, é correto afirmar que
a) em II, o segundo uso da palavra “louco” assume sentido negativo.
b) em I, a palavra “louco” pode ser substituída, sem prejuízo do sentido, por “delinqüente”.
45 c) nas três ocorrências, a palavra destacada tem o mesmo sentido.
d) em II, os usos da palavra “louco” assumem sentido oposto àquele verificado em I.
e) em II, a repetição da palavra “louco” é redundante, já que não acrescenta nenhum sen-
tido à frase.
100. Mackenzie-SP “A moça não era formosa, talvez nem tivesse graça; os cabelos caíam
despenteados, e as lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos.”
Assinale a alternativa correta em relação ao fragmento acima.
a) Formosa e graça são, sintaticamente, predicativos do sujeito moça.
b) Na estrutura sintática predomina a subordinação.
c) A anteposição do adjetivo despenteados ao verbo alteraria o sentido da oração.
d) O pronome oblíquo refere-se a lágrimas.
e) O ponto e vírgula estabelece a relação de concessão entre as orações.
103. Fuvest-SP Leia as seguintes manchetes de dois jornais paulistas, ambas do dia 15/5/
2000:
“A menina e a cantiga
1 … trarilarára… traríla…
2 A meninota esganiçada margirça com a sáia voejando por cima dos joelhos em nó vinha
3 meia dansando cantando no crepúsculo escuro. Batia compasso com a varinha na poeira da
4 calçada.
5 … trarilarára… traríla…
6 De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na
7 cabeça:
8 — Qué mi dá, vó?
9 — Naão.
10 … trarilarára… traríla…”
Mário de Andrade.
106. Mackenzie-SP Assinale a alternativa correta sobre o fragmento que vai da linha 2 à linha 3.
a) Revela-se poético, apesar de aproximar-se da prosa.
b) Expressa por meio de clichê o movimento dado à saia.
c) Apresenta erros de ortografia que impedem a clareza do texto.
d) Enriquece a descrição da menina por meio de prefixos ligados a nomes.
e) Tem a coerência prejudicada por falta de pontuação.
47
107. Mackenzie-SP A característica da poesia modernista que NÃO se encontra no texto é:
a) liberdade formal. d) linguagem coloquial.
b) sintaxe elíptica. e) ironia.
c) recriação de cena cotidiana.
“Sobre o sentar-/estar-no-mundo
Ondequer que certos homens se sentem por afetuoso e diplomata o estofado,
sentam poltrona, qualquer o assento. os ferem nós debaixo, senão pregos,
Sentam poltrona: ou tábua-de-latrina, e mesmo a tábua-de-latrina lhes nega
assento além de anatômico, ecumênico, o abaulado amigo, as curvas de afeto.
exemplo único de concepção universal, A vida toda, se sentam mal sentados,
onde cabe qualquer homem e a contento. e mesmo de pé algum assento os fere:
* eles levam em si os nós-senão-pregos,
Ondequer que certos homens se sentem nas nádegas da alma, em efes e erres.”
sentam bancos ferrenhos, de colégio; NETO, João Cabral de Melo. A educação pela pedra.
d) a reprodução programada permite que os pais escolham o filho que querem ter, mas
não o inverso.
112. Emescam-ES A frase que melhor sintetiza as idéias do texto acima encontra-se em:
a) Hoje, as crianças são levadas precocemente ao consumo, sem sonhos, sem afeto e sem
cultura.
b) Os adultos cedem facilmente aos desejos das crianças.
c) Os tempos modernos eliminam os sonhos da criança.
d) As crianças engordam muito porque ficam muito tempo em frente da tevê.
e) Atualmente as crianças não se preocupam com o futuro.
113. Emescam-ES Um dos itens abaixo apresenta explicação inadequada de alguns termos
49 usados no texto; isso ocorre em:
a) ‘suficiente discernimento’ – necessária competência para avaliar ou julgar com bom senso.
b) ‘insistência pirralha’ – teima persistente da criança.
c) ‘embotelhada em danças’ – especialista em danças.
d) ‘ritmo da esquizofrenia’ – ritmo que revela psicopatias e distúrbios mentais.
e) ‘indigência intelectual e espiritual’ – pobreza de cultura e de espírito.
114. Cesgranrio Analisando o texto, no seu sentido geral, podemos afirmar que se trata de
um texto psicológico porque:
a) mostra a solidão em que vive o narrador.
b) contrasta o modo de ser de Madalena com as ações do narrador.
c) retrata o conflito íntimo da personagem.
d) caracteriza o mundo exterior como hostil.
e) enfatiza as dificuldades de relacionamento da personagem com as pessoas que a cercam.
116. UFR-RJ
“O primeiro grande poeta que se firmou depois das estréias modernistas foi Carlos Drummond
de Andrade. Definindo-lhe lucidamente o caráter, disse Otto Maria Carpeaux da sua obra que,
‘expressão duma alma muito pessoal, é poesia objetiva.’ Parece-me que alma muito pessoal signi-
fica, no caso, a aguda percepção de um intervalo entre as convenções e a realidade; aquele hiato
entre o parecer e o ser dos homens e dos fatos que acaba virando matéria privilegiada do humor,
traço constante na poesia de Drummond”.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 494.
50
Segundo Bosi, em relação ao humor de Drummond pode-se afirmar que é um riso:
a) que assinala uma ruptura com a geração que o antecede.
b) escarnecedor, semelhante ao de Gregório de Matos.
c) irônico, distanciado e lúdico, atividade da razão.
d) tímido, sem qualquer reflexão, fruto da inspiração poética.
e) característico da primeira geração modernista, da qual fazia parte.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega
ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa
ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namo-
rar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim
pode não ter namorado. (...)
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra
junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas
olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para
parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de
sonhos ou musical da Metro. (...)
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando
IMPRIMIR
duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos
dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperan-
ça. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. (...)
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a
fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Enlou-cresça.”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguillar, 1982.
“Pode um escritor, em nome de sua arte, contrariar as regras da gramática? Essa é uma das
principais questões levantadas pelo poeta português Fernando Pessoa.
A língua existe para servir o indivíduo, e não para escravizá-lo, pensa o poeta. Sendo uma
51 aventura intelectual, o ato de grafar não deveria submeter-se à vontade unificadora do Estado,
assim como uma pessoa jamais deveria aceitar a imposição de uma religião que seu espírito recu-
sasse. Esse tipo de postura gerou um impasse. De um lado, ficam os gramáticos, impondo nor-
mas. De outro, os artistas, clamando por liberdade.
A resposta à questão inicial é simples. Os artistas da língua não passam para a posteridade
porque rompem com a norma, mas porque sabem tirar proveito da ruptura. A transgressão, para
ser bem-sucedida, deve possuir função estrutural. Tanto no texto como no comportamento. Ela
pode dar impressão de firmeza, de precisão, de ambigüidade, de ironia ou sugerir diversas coisas
ao mesmo tempo. Na maioria dos casos, indica novas propostas para o futuro.
Pela perspectiva dos artistas, os gramáticos não passam de meros guardiães de uma inutilidade
consagrada pelo poder constituído. Para eles, dominar a norma culta do idioma não excede, em
valor, o conhecimento do código de trânsito, por natureza convencional e efêmero: num dia, certa
rua dá mão; no outro, não dá; e, na próxima semana, pode ser que a mesma rua não exista.
Observa-se o mesmo nas normas da gramática, que variam conforme as convenções gerais de
cada época. Acontece que os artistas pretendem escrever para as gerações futuras.”
“Silogismo
Um salário-mínimo maior do que o que vão dar desarrumaria as contas públicas, compromete-
ria o programa de estabilização do Governo, quebraria a Previdência, inviabilizaria o país e prova-
velmente desmancharia o penteado do Malan. Quem prega um salário-mínimo maior o faz por
demagogia, oportunismo político ou desinformação. Sérios, sensatos, adultos e responsáveis são
os que defendem o reajuste possível, nas circunstâncias, mesmo reconhecendo que é pouco.
Como boa parte da população brasileira vive de um mínimo que não dá para viver e as circuns-
tâncias que o impedem de ser maior não vão mudar tão cedo, eis-nos num silogismo bárbaro: se
o país só sobrevive com mais da metade da sua população condenada a uma subvida perpétua,
estamos todos condenados a uma lógica do absurdo. Aqui o sério é temerário, o sensato é insen-
sato, o adulto é irreal e o responsável é criminoso. A nossa estabilidade e o nosso prestígio com a
comunidade financeira internacional se devem à tenacidade com que homens honrados e capa-
zes, resistindo a apelos emocionais, mantêm uma política econômica solidamente fundeada na
miséria alheia e uma admirável coerência baseada na fome dos outros. O país só é viável se
metade da sua população não for. (...)”
VERÍSSIMO. L. F. O Globo. 24/03/2000.
121. UERJ
silogismo. S. m. Lóg. Dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas,
Considerando essa definição, pode-se concluir que o silogismo a que se refere o título do
texto é encontrado em:
a) Boa parte da população sobrevive com apenas um salário-mínimo e o salário-mínimo
não dá para viver; então, há circunstâncias que impedem o salário de ser maior.
b) Precisamos manter nosso prestígio com a comunidade financeira internacional; temos
homens honrados e capazes; então, é preciso resistir a apelos emocionais da sociedade.
c) Um salário-mínimo maior prejudicaria o país; o salário-mínimo impõe miséria a grande
parte da população; então, o país necessita da miséria de grande parte da sua população.
d) O salário-mínimo não garante vida digna para a maioria da população; o salário não
aumenta mais por exigência do mercado internacional; então, é preciso alterar esse
modelo econômico.
foi ela, se não fosse assim, nem se daria ao trabalho de dizer nada, ou talvez até risse e pronto. Em
compensação, ao fazer um desenho muito bonito essa mesma criança irá proclamar: ‘Fiz sozinho,
ninguém me ajudou!’
Do mesmo modo, ao crescermos, queremos sempre ser livres para nos atribuir o mérito do que
realizamos, mas preferimos confessar-nos ‘escravos das circunstâncias’ quando nossos atos não
são exatamente gloriosos.”
SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
123. UERJ Ao trazer para seu texto a citação de outras falas — por meio do emprego das
aspas —, o autor obtém o seguinte efeito:
a) valoriza o argumento das outras falas.
b) delimita o que é defendido e o que é atacado.
c) identifica um embate como reforço do campo da sinceridade.
d) destaca a palavra dos outros como argumento de autoridade.
“A superfície do Brasil, incluindo lagos, rios e montanhas, é de 850 milhões de hectares. Mais
ou menos metade desta superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente apropriada ao uso
e ao desenvolvimento agrícola. Ora, actualmente, apenas uns 60 milhões desses hectares estão a
53 ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante (...) encontra-se em estado de improdutivida-
de, de abandono, sem fruto”.
José Saramago.
“Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo,
andar para cima e para baixo, à toa! Como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca”.
Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
125. PUC-RJ Leia o texto abaixo, em que se comenta o modo como o escritor alemão J. W.
Goethe e o físico inglês Isaac Newton compreenderam o fenômeno da cor.
“Goethe estava interessado nas condições necessárias para que o fenômeno das cores se mani-
feste. Para ele, não basta dizer que a cor surge da luz, mas como aparece junto à luz. Na verdade
já estava procurando distinguir as condições ou esferas mediante as quais o fenômeno da cor se
apresenta. Schopenhauer, continuando o caminho de Goethe, é o primeiro a distingui-las clara-
mente: ‘Do ponto de vista do sentido visual, luz e cores são fenômenos de consciência (sensações
e percepções) cujas condições são ocorrências fisiológicas na retina e no sistema nervoso, sendo
provocadas por sua vez por processos físicos.’ A identidade da cor varia de acordo com os critérios
estabelecidos para sua compreensão enquanto fenômeno de consciência, fenômeno na retina ou
fenômeno físico.
Newton, ao contrário de Goethe e Schopenhauer, preocupou-se somente em estabelecer os crité-
rios para a produção da cor enquanto fenômeno físico. Nesse aspecto, embora as críticas de Goethe
IMPRIMIR
se revelassem posteriormente inconseqüentes, o principal mérito de sua análise é ter mostrado que
a cor também existe como fenômeno que escapa à física. Assim, essas duas interpretações diversas
do fenômeno cromático não devem ser pensadas como necessariamente incompatíveis, mas como
pontos de vista que se baseiam em critérios, ou métodos de comparação, inteiramente distintos.”
GIANNOTTI, M. Prefácio à edição brasileira de A Doutrina das Cores, de GOETHE, J. W., São Paulo: Nova Alexandria, 1993.
“Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
127. UnB-DF
“Segunda-feirite aguda
João Ubaldo Ribeiro.
Trabalho desde os 17 anos — já lá se vão 41 do que começou como primaveras, chegou a
verões, já está em outonos e, logo, logo, se transmuta em invernos. Podia estar aposentado, mas
não só levantar a papelada me infunde pânico, como também não quero ser chamado de vaga-
bundo, especialmente por um ex-colega de magistério, se bem que ele próprio aposentado. Além
disso, como não está a meu alcance aspirar ao marajanato (sei que esta palavra não existe, mas
posso perfeitamente inventá-la, é necessária na atual conjuntura; e, se o ex-ministro Magri, dos
saudosos 30 mil dólares, pôde, eu também posso), aposentar-me provavelmente me levaria a ter
de estabelecer uma banca de camelô ou a pleitear uma vaguinha no Retiro dos Artistas, com base
em minha memorável participação nas peças do jardim de infância em Aracaju, onde certa feita
interpretei ‘Tatu subiu no pau’, sem muito sucesso, mas com inquestionável empenho. E manda a
ética que me recuse a recorrer a pretensas vantagens derivadas de relacionamentos pessoais, eis
que, se não me engabelam outra vez os neurônios carunchados, o ministro Ornélas ou foi meu
aluno ou quase foi — é o segundo ou terceiro ministro que foi meu aluno, fico um pouco melan-
cólico. E o dr. Antônio Carlos, eu também podia recorrer ao dr. Antônio Carlos, que me conhece
desde rapazinho (eu, não ele), sempre é afável comigo, morre de rir quando o crítico e, pondo a
mão no meu ombro, me chama de ‘ilustre representante da esquerda democrática’.
Não, não, nada disso. Nada de aposentadoria, nem de tentar facilitar a vida, procurando pistolões.
Ao trabalho. Não tenho queixa, mas a verdade é que, já depois de muito tempo trabalhando em
casa, com meus próprios horários e sem chefe ou patrão por perto, também padeço de segunda-
55 feirite que acomete todos os trabalhadores. Alguns, como sabemos, começam a ficar macambúzios
na hora em que ouvem a musiquinha de encerramento do Fantástico. Eu, apesar de não sofrer as
mesmas pressões que um trabalhador sujeito a horários e normas rígidas, começo na manhã da
própria segunda. Lá vêm outra semana, outra crônica, outros compromissos, outras chateações, lá
vem a segunda-feira, enfim. Quis muitas vezes descondicionar-me, argumentando comigo mesmo
que desfruto de certa liberdade, mas não adianta, a síndrome ataca de igual maneira. (…)”
O Globo, 5/7/99. Cad. Opinião, p. 7.
128. UFMS Na construção do sentido de um texto, o leitor competente deve saber ler nas
entrelinhas, a fim de recuperar o que não foi dito explicitamente, ou seja, deve ser capaz
de fazer inferências. Por exemplo, quando João Ubaldo diz “…se não me engabelam
outra vez os neurônios carunchados…”, quem lê deve ser capaz de inferir que a memória
do escritor já o traiu pelo menos uma vez antes. Com base nessas explicações, reconhe-
ça, entre as alternativas apresentadas abaixo, aquela(s) em que a inferência feita não se
sustenta a partir do fato mencionado.
(01) “Veja: uma revista tão boa que as notícias nem precisam ser ruins.” (Veja, 29/9/99, p. 103)
– Inf.: O leitor lê Veja porque a revista não traz notícias ruins.
(02)“Vinho Mercosul no mundo. Argentina em primeiro lugar e Brasil em terceiro são
GABARITO
131. UFMS Dentre os enunciados abaixo, identifique aquele(s) que seja(m) adequado(s) ao
texto lido.
(01)Sendo quase sexagenário, o escritor admite estar caminhando para o inverno da vida.
(02)O autor afirma que ainda não pediu aposentadoria apenas porque não tem condições
financeiras para se sustentar.
(04)Embora a peça “Tatu subiu no pau” tenha tido êxito de público, a performance do
menino João Ubaldo não foi das melhores.
(08)O direito de inventar palavras que o autor se atribui apóia-se no exemplo do ex-
ministro Magri, também ele inventor de palavras, e na necessidade da situação atual.
IMPRIMIR
(16)O escritor não admite recorrer a favores de ex-alunos ilustres, como o dr. Antônio
Carlos, pelo fato de obedecer a princípios éticos.
(32)A segunda-feirite ataca todos os trabalhadores já no final da noite de domingo.
(64)Pessoas que exercem determinadas profissões, como, por exemplo, a de escritor,
acabam sendo menos afetadas pela síndrome da segunda-feira do que os trabalhado-
res comuns, sujeitos a horários e normas rígidas.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Notícias da Califórnia
Aqui são quatro horas mais cedo, os dias estão azuis dignos de uma crônica de Rubem
Braga, faz calor mas não muito, de noite esfria, comem-se muita verdura e fruta, as frutas
são coloridas mas sem sabor, tudo aqui tem o mesmo gosto, a maçã tem gosto de melancia
que tem gosto de cereais que têm gosto de macarrão que tem gosto de waffle que tem
gosto de vinho de Napa Valley que tem gosto de graveto que tem gosto de pão que tem
gosto de ceasar salad que tem gosto de syrup que tem gosto de nescafé, a cidade é calmís-
sima, as ruas espalhadas, não há edifícios de mais de três andares, apenas alguns, a arqui-
tetura do medo, por causa dos terremotos, e as estruturas levíssimas, parece uma cidade de
papel onde tudo é florido e arrumado e limpo e vigiado, a polícia passa a cada instante, o
imigrante passa a cada instante, o chicano passa a cada instante, todo mundo de carro,
claro, (…) eles mesmos lavam o carro num posto de gasolina, pagam 1,75 dólar, as geladei-
ras são repletas de guloseimas, tudo aqui é em quantidades vertiginosas, o suco de laranja
(que tem gosto de beterraba que tem gosto de pastel) vem num galão, assim como o leite,
a massa de pizza vem num saco com sessenta, fomos a um mercadão de varejo, tudo era
apavorante, ameaçador, a garrafa de champagne era mais alta do que eu, o tubo de pasta
de dentes era maior do que um tênis do Shaquille O’Neal, o desodorante era maior do que
um pão de forma que era maior do que a presuntada que era maior do que um garrafão de
suco de tomate maior do que o vidrão de peanut butter, eu me sentia uma liliputiana no
país de Gulliver, (…) filmo o nascimento do Raphael, a nurse midwife chamada Joyce faz o
parto, em vez de dizer Push diz Purra! Purra! pois ouviu meu filho dizer, ‘Empurra!’ Fotogra-
57 fo até cansar de gastar os sessenta filmes do pacote, a mãe sofre dores atrozes e mia feito
um gatinho abandonado, corta o meu coração, o neném nasce e chora, ah, é lindo! He’s
pretty and pink diz a nurse, fazemos de noite uma ceia para comemorar o nascimento,
tomamos vinho e comemos bolo de nozes, hot-dogs e fumamos charutos e tudo nos em-
briaga de felicidade, um sentimento vitorioso, de eternidade, ouvindo música clássica de
um disco que o Raphael ganhou na maternidade given to over a million new parents in
hospitals across America, Smart Symphonies, classic music to help stimulate your baby’s
brain development, enquanto ouço vou também desenvolvendo o meu cérebro e aprenden-
do a aferir os encantamentos na máquina de um amigo, poeta.”
MIRANDA, Ana. Caros Amigos. nº 30. 9/99. p. 19 (com adaptações).
A partir do texto acima, de Ana Miranda, escritora brasileira, autora de Boca do Inferno,
entre outros romances, julgue os itens seguintes.
( ) A exemplo da tipologia textual, associada a Rubem Braga, o texto de Ana Miranda
classifica-se como crônica.
( ) Assim como Gregório de Matos Guerra fez uma crítica da sociedade baiana do sécu-
lo XVII, a autora faz uma crítica da sociedade californiana do século XX.
GABARITO
“Rondó de Efeito
Olhei pra ela com toda a força.
Disse que ela era boa.
Que ela era gostosa,
Que ela era bonita pra burro:
Não fez efeito.
Virei pirata:
Dei em cima dela de todas as maneiras,
Utilizei o bonde, o automóvel, o passeio a pé,
Falei de macumba, ofereci pó…
À toa: não fez efeito.
”ELES SOBRARAM
Os números do IBGE, o principal órgão de pesquisas sociais do país, mostram um retrato dramá-
tico da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo o Instituto, 36 milhões de brasileiros em
idade de trabalhar têm só o 1o grau completo ou nem isso. Essa população equivale a quase a
metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema. Para
garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com
algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a moderniza-
ção, já não precisam tanto de força física, que é o que eles têm a oferecer se não forem educados.
O Brasil ainda tem uma vantagem a oferecer a esses trabalhadores, por uma ironia de seu
passado recente. Durante mais de uma década, o governo abandonou estradas, viadutos, deixou
ruas se esburacarem. Assim que a economia voltar a crescer, isso tudo vai ser consertado e haverá
trabalho para essa massa de gente. O problema é saber durante quanto tempo eles poderão
sobreviver à custa desses serviços. E o desafio, para o país, é evitar que continue crescendo a
população de subtrabalhadores.“
VALENTINI, Cintia. Veja, 21 de julho, 1999. p. 105.
134. Fempar Segundo o texto, a principal causa do “retrato dramático da realidade do traba-
lhador brasileiro” é:
a) a existência de quase metade da população brasileira sem escolaridade mínima e, por
isso, subempregada.
59 b) o avanço da economia informal, única saída para os desempregados, mas que os deixa
desassistidos.
c) a modernização das empresas que, hoje, empregam menos trabalhadores com escola-
ridade mínima.
d) o desaquecimento da economia que não permite a contratação da força física do trabalhador.
e) o descompasso entre modernização e economia.
136. Fempar Pela essência do texto, a palavra que melhor traduz “enorme problema” é:
GABARITO
a) sobrevivência. d) educação.
b) desemprego. e) modernização.
c) globalização.
”Uma reflexão sobre o ensino de todo e qualquer conteúdo pode e deve ser feita de várias e
diferentes perspectivas: a perspectiva da própria ciência de que se recortou o conteúdo para consti-
tuir uma disciplina curricular; uma perspectiva psicológica, que considera os processos de aprendiza-
gem de um conteúdo específico; uma perspectiva política, que busca identificar os pressupostos
ideológicos que levam a instituir um certo conteúdo em disciplina curricular e que subjazem aos
objetivos e procedimentos de ensino dessa disciplina; uma perspectiva social, que considera as con-
dições sociais de produção de um determinado conhecimento, as condições sociais daqueles a quem
IMPRIMIR
se destina o ensino e daqueles encarregados de ensinar, o papel e função atribuídos pela sociedade
à instituição em que ensino e aprendizagem ocorrem, isto é, a escola; uma perspectiva cultural, que
relaciona a disciplina e seu conteúdo com as características, as expectativas, as necessidades do
grupo cultural a que se destina seu ensino; uma perspectiva histórica, que reconstrói os processos
por meio dos quais um certo conhecimento vai-se configurando como saber escolar e, conseqüen-
temente, vai-se constituindo em disciplina curricular, ao longo do tempo.“
SOARES, Magda. Concepções de linguagem e o ensino da língua portuguesa. Apud: BASTOS, Neusa (org.). Língua
portuguesa: história, perspectivas, ensino. São Paulo: Educ, 1998. p. 53.
138. U. F. Pelotas-RS
INSTRUÇÃO: Responder a questão com base nas afirmativas abaixo, sobre a forma
como as perspectivas são apresentadas.
139. U. F. Pelotas-RS
140. U. F. Pelotas-RS De acordo com o texto e seus conhecimentos, é possível afirmar que:
a) o pronome “isso” remete a uma expressão que aparece depois dele.
b) a palavra “fóssil”, na expressão “combustível fóssil”, tem, para os críticos do progra-
141. U. F. Pelotas-RS O título do texto — Um túnel no fim da luz – inverte uma expressão de
uso popular.
Assinale a alternativa com a frase que, contendo informações cientificamente corretas,
conduz a uma leitura oposta a essa expressão popular.
a) A inevitável falta de energia não virá de imediato, porque a Bolívia, país não limítrofe
com o Brasil, fornece uma quantidade significativa de gás natural.
GABARITO
142. Unioeste-PR Observe que a expressão essas inferências duvidosas retoma um recorte
textual anterior. Com base nessa afirmação, indique a(s) alternativa(s) incorreta(s).
62 01) As inferências duvidosas atribuídas a Lírio decorrem da sua pouca idade.
02) Se o psicólogo não conhecia Lírio, como podia estabelecer seu perfil negativo? Por
isso, as inferências são duvidosas.
04) As inferências são duvidosas porque alguns psicólogos condenam o uso da grafolo-
gia como técnica de avaliação.
08) As inferências são duvidosas porque o teste de caligrafia não é um dispositivo
científico.
16) As inferências não são duvidosas porque 30% das empresas grandes e médias usam
a grafologia para selecionar candidatos.
32) As inferências são duvidosas mediante o que está disposto na análise da letra de
Lírio.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
02) Lírio deve ter melhorado a forma de escrever, pois conseguiu emprego em um jornal
importante.
04) a denúncia sobre o Banco Marka, feita por Lírio, foi um sinal de audácia. Portanto, o
mesmo deve ter melhorado suas potencialidades como repórter após ter se submeti-
do ao teste da grafologia. Ou seja, procurou dar contornos mais adequados a sua
letra.
08) o êxito de Lírio comprova que a grafologia não é um método justo de avaliação.
16) as habilidades das pessoas para as mais diversas profissões não podem ser avaliadas
exclusivamente pelo tipo de letra.
32) o tipo de letra é um item que deve ser considerado somente durante a entrevista.
64) a forma como lírio escreve, muito pelo contrário, fez com que se sobressaísse a
ponto de ganhar menção honrosa no Prêmio Icatu de Jornalismo.
IMPRIMIR
“Nestes tempos ‘pré-milenares’, em que tudo se transforma tão rapidamente, o apetite das
pessoas por verdades e certezas mais permanentes vem atingindo níveis jamais vistos ou mesmo
previstos. O acesso fácil aos computadores e às telecomunicações criou uma aldeia global, onde a
troca de informação entre diferentes culturas e pessoas do mundo é mais fácil e barata do que era
em qualquer outro período da história humana.
Esse excesso de informação, ao mesmo tempo inspirador e aterrorizador, causa muita confusão
e estresse na cabeça das pessoas.
A tecnologia é muitas vezes percebida como uma espécie de monstro, capaz de curas milagro-
sas e de viagens interplanetárias, mas também de produzir armas que poderiam aniquilar a vida
na Terra.
Inevitavelmente, surgem teorias de conspirações clandestinas e o governo (em muitos casos,
merecidamente!) perde a sua credibilidade, enquanto uma intolerância generalizada ameaça po-
larizar ainda mais a sociedade. O resultado é uma sensação de pânico e abandono avidamente
explorada por oportunistas que se apresentam como a única alternativa em um ‘mundo louco’.
Com isso, observamos a proliferação de seitas da ‘Nova Era’, de várias superstições (gnomos,
anjos, fadas e outras criaturas fantásticas) e de pregadores da ‘verdade’. Observamos também o
crescimento do desprezo pela ciência e pelo que ela tem a dizer sobre o mundo.
A ciência é considerada a antítese da espiritualidade, uma atividade fria e manipuladora, dedi-
cada a tirar Deus das pessoas. Ou as pessoas de Deus.
Acredito que essa concepção completamente errônea do que é a ciência e de como ela funcio-
na seja a responsável por sua impopularidade, descontados os fãs, claro. Parte da culpa pertence,
63 sem dúvida, à comunidade científica: historicamente, poucos cientistas dedicaram parte do seu
tempo à divulgação, ao público, de suas idéias e descobertas. Essa situação está gradualmente se
transformando, mas muito ainda precisa ser feito, especialmente nos meios de comunicação de
maior penetração, como a televisão ou o cinema. O que ainda vemos, na maior parte desses
veículos, depende do sensacionalismo barato e de distorções da imagem do cientista ou de seu
trabalho.
Como, então, podemos reconciliar a ciência com o grande público, fazendo com que sua divul-
gação não traga, necessariamente, sua distorção? Vários livros de divulgação científica tiveram
sucesso por revelar uma conexão entre ciência e espiritualidade, como ‘O Tao da Física’ de Fritjot
Capra. A julgar por esses livros, a resposta deve revolver em torno de uma reconciliação entre
ciência e espiritualidade. Infelizmente, não creio que o caminho usado por esses autores revele a
espiritualidade da ciência de forma correta; não creio que a ciência esteja simplesmente redesco-
brindo ‘verdades’ descobertas através da meditação ou de uma conexão mística com o mundo,
como nas religiões orientais.
A espiritualidade da ciência não é encontrada através de comparações entre suas descobertas e
as práticas e ensinamentos de diversas religiões. Ela é encontrada na paixão com que os cientistas
devotam toda uma vida na tentativa de desvendar os mistérios do mundo à sua volta. Ela é
encontrada no próprio ato criativo, aquele momento de autotranscendência que desafia qualquer
explicação racional. Ela é encontrada em sua humanidade e na poesia que revela.
GABARITO
Enquanto a ciência tenta entender o ‘como’, deixando de lado o ‘porquê’, a religião aceita o
‘porquê’ baseada na fé, pouco se preocupando com o ‘como’. Certas questões são exclusivas da
ciência, enquanto outras pertencem somente à religião.
O fundamental é saber discernir os limites de ambas, suas diferentes missões e o simples fato de
elas serem necessárias para a nossa existência.”
GLEISER, Marcelo. Ciência e espiritualidade. In: Folha de S. Paulo. 18 jul. 1999, Caderno 5, Folha Mais. p. 12.
147. UFBA
“Da janela do meu quarto vi, iluminado pelo claro brilho da lua cheia, o carro de Ermê, com a capota
64 arriada, entrar lentamente pelo portão de pedra, subir o caminho ladeado de hortênsias e parar em
frente à alta casuarina que se erguia no centro do gramado. A brisa fresca da noite de maio punha em
desalinho os seus finos cabelos louros. Por instantes Ermê pareceu ouvir o som do vento na árvore;
depois olhou na direção da casa, como se soubesse que eu a estava observando, e passou o cachecol
em torno do pescoço, varada por um frio que não existia, a não ser dentro dela. Com um gesto
abrupto, acelerou o carro e partiu, agora resolutamente, em direção à casa. Desci para recebê-la.
Estou com medo, disse Ermê, não sei por que mas estou com medo. Acho que é esta casa, ela
é muito bonita mas é tão sombria!
Você está com medo é das tias, eu disse.
Levei Ermê para a Sala Pequena, onde as tias estavam. Elas ficaram impressionadas com a
beleza e a educação de Ermê, e trataram-na com muito carinho. Vi logo que Ermê havia recebido
a aprovação de todas. Será nesta noite mesmo, eu disse a tia Helena, avise às outras. Eu queria
terminar logo a minha missão.
……………………………………
Da janela do meu quarto vi que a madrugada começava a raiar. Vesti minha casaca, como
mandava o Decálogo, e esperei que me viessem chamar.
Na mesa grande do Salão de Banquetes, que eu nunca vira ser usado em toda minha vida, foi
cumprida a minha missão, com muita pompa e cerimônia. As luzes do imenso lustre estavam
todas acesas, fazendo brilhar os negros trajes a rigor que as tias e dona Maria Nunes usavam.
GABARITO
……………………………………
Quando engoli o primeiro bocado, tia Julieta, que me observava atentamente, sentada, como
as outras, em volta da mesa, retirou o Anel de seu dedo indicador, colocando-o no meu.”
FONSECA, Rubem. Nau Catrineta. In: Feliz ano novo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 129, 135 e 136.
“E se benzeu e disse que não precisava dizer aquilo. É que a situação mudou, diz o padre, não sei
se vosmecê vai poder levar o homem para Aracaju, porque lá está uma novidade de gente e uma
porção de jornais e dizem que quando vosmecê chegar vão lhe encher o couro e soltar o homem.
Não acredito que Antunes possa lhe sustentar. Ah, isso não, se Antunes não me sustenta, o que é
que me sustenta? Não sei, disse o padre, e enfiou as duas mãos pelo meio da batina, com as pernas
escarranchadas e ficou com a cabeça pendurada. Essa terra, diz ele depois de muito tempo, já foi
uma boa terra, porque havia mais homens e quem era homem não tinha de que temer. Hoje essa
terra não vale mais nada, não vale quase mais nada, está uma frouxidão e um homem não sabe de
quem depende e querem mudar tudo e nunca vai adiantar. Porque, se tiram os recursos do homem,
o que é que deixam com o homem? Nada. Uma vida, possa ser, e isso não é vida de homem, é um
enterro. Não sei, não sei, diz o padre, sacudindo a cabeça e fazendo um bico com a boca. Por que
vosmecê não some? Eu sumir, eu sumir? Como que eu posso sumir, se primeiro eu sou eu e fico aí
me vendo sempre, não posso sumir de mim e eu estando aí sempre estou, nunca que eu posso
sumir. Quem some é os outros, a gente nunca. (…) Quero ver esse bom em Aracaju que me diz que
eu não posso, porque eu sou Getúlio Santos Bezerra e igual a mim ainda não nasceu.”
RIBEIRO, João Ubaldo. Sargento Getúlio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. p. 83-4.
Com base no fragmento e no romance como um todo, é correto afirmar que Getúlio:
(01)cede aos apelos da Igreja e reafirma a sua religiosidade salvadora, diante de um
impasse de ordem política.
(02)tenta reatar o seu passado ao presente, com intermediação do padre, ao perceber que
65 está se distanciando do seu espaço de origem.
(04)tem um caráter de herói épico e simboliza uma cultura em processo de destruição.
(08)não consegue acompanhar a transformação por que passa o mundo, pois está imbu-
ído de valores relegados pelo processo civilizatório.
(16)simboliza o indivíduo que tem a violência como afirmação de sua identidade.
(32)mantém, com Ancrísio Antunes, uma relação de dependência econômica, que muda
por questões de ordem religiosa.
(64)age com determinação e rejeita imposições de qualquer natureza por valorizar sua
liberdade.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Vozes conhecidas
É assim como quem tomasse uma providência banal, nem merecedora de maior divulgação,
que o governo dos Estados Unidos decide criar um serviço oficial de notícias para combater rea-
GABARITO
ções da opinião pública, lá e no mundo, que se mostre contra intervenções militares e outras
operações do poder americano.
Temos o que esperar com apreensão, com maus pressentimentos mesmo.
Desde o genocídio que foi a guerra do Vietnã e, ainda mais acentuadamente, desde o esmore-
cer da Guerra Fria afinal extinta, a opinião pública tomou consciência da desumanidade implícita
nas intervenções militares e da costumeira falsidade de suas motivações. É possível que isso tenha
contido o ímpeto americano uma ou outra vez, mas não o inibiu: Panamá, Haiti, Granada, Iraque,
Iugoslávia, sem contar as muitas intervenções menos demonstradas.
A criação da nova agência — IPI, International Public Information — sugere projetos tendentes
a chocar a opinião pública e suscitar reações, muito mais do que aquelas intervenções militares
causadoras de algum amargor, mas não de conseqüências na política ou na sociedade dos Estados
Unidos. Nem da Europa, nos dois casos, Iraque e Iugoslávia, em que europeus se sujeitaram à
pressão para integrar-se às ações militares.
O caráter do serviço a ser feito pela IPI (o nome lembra, apropriadamente, a agência UPI, peça de
IMPRIMIR
destaque na engrenagem da Guerra Fria) já se denota nos setores do governo incumbidos por
Clinton de formulá-lo: CIA, FBI, Pentágono e Departamento de Estado. Os jornalistas que viveram as
redações no período da Guerra Fria, anterior à guerra do Vietnã, não vão ter surpresas com a IPI.
O principal tema do governo dos Estados Unidos é, agora, a América Latina, região que, depois
da Europa, mais sensibiliza a opinião pública americana. Quintal embora, é América ainda. Um
governo esperto tomaria precauções para que, passando do discurso à ação, não fizesse disso um
problema interno. Ainda mais com tão grande presença índio-latina em sua população.”
FREITAS, Janio de. Vozes conhecidas. In: Folha de S. Paulo. 17 ago. 1999. Caderno 1, p. 5.
150. U. Salvador-BA No segundo parágrafo, o autor faz uma declaração que é justificada, de
acordo com a sua visão, na afirmativa
a) As experiências passadas podem ser indícios de que os Estados Unidos querem anga-
riar solidariedade para novas intervenções militares.
b) O mundo caminha para um estado de guerra, conseqüente de um desequilíbrio de
forças entre países periféricos.
c) Os exemplos do Vietnã e da Guerra Fria são indicativos de quanto o futuro é incerto,
sem a criação de um “serviço oficial de notícias” sob controle americano.
d) A América Latina, por ser ainda um território de relações amistosas com outros con-
tinentes, tende a se manter afastada de conflitos ideológicos.
66 e) Os Estados Unidos vêm mudando as suas estratégias no sentido de reativar a Guerra Fria.
151. U. Salvador-BA A leitura do texto permite inferir que os jornalistas referidos no quinto
parágrafo “não vão ter surpresas com a IPI” porque
a) a tendência atual é de um futuro sem conflitos significativos para a imprensa mundial.
b) os vários órgãos de imprensa ligados ao jornalismo internacional estão mais voltados
para as questões latino-americanas.
c) o mundo globalizado não acredita haver possibilidade de conflitos de proporções alarmantes.
d) eles sabem das intenções da criação do IPI, em face de uma vivência com a prática da
ideologia americana.
e) todos conhecem a fundo a estrutura dos governos dos países latino-americanos no
contexto atual.
“Cidadãs do mundo
GABARITO
derna levarão a língua inglesa à liderança, o levantamento não deixa dúvida. ‘Neste fin-de-siècle
high tech, ainda é o clássico francês que causa frisson’, diz Corrêa da Costa, brincando com os
estrangeirismos. (…) Ainda no campo das surpresas, o vetusto latim persiste em terceiro lugar no
pódio dos idiomas mais presentes no mundo. Mas é bom notar que, se a maioria das palavras
globalizadas seguiu o rastro dos conquistadores, houve aquelas que andaram na contramão. É o
caso de ‘piranha’, globalizada a partir do tupi. Uma prova de que o reinado das palavras não
segue rigorosamente a lógica do poder político e econômico.”
DIEGUEZ, Consuelo. Veja, 22/03/2000.
154. UFPE A alternativa que corresponde à estratégia utilizada pelo autor na passagem desta-
cada é:
a) “Deus condenou os homens a falar diversas línguas.” O autor do comentário introduz
o tema a ser tratado com apoio de argumentos científicos.
GABARITO
b) “A julgar pelo livro Palavras sem Fronteira (…), alguns termos pelo menos escapa-
ram da ira divina.” O autor reitera sua crença no poder absoluto de Deus sobre todas
as palavras.
c) “Quem não entende o que é pizza, hambúrguer, iogurte ou caviar?” A pergunta do
autor constitui uma estratégia retórica para confirmar o argumento em questão.
d) “Ainda no campo das surpresas, o vetusto latim persiste em terceiro lugar no pódio
dos idiomas mais presentes no mundo.” O comentarista declara que as expectativas do
autor em relação a sua pesquisa se confirmaram.
e) “houve aquelas (palavras) que andaram na contramão. É o caso de “piranha”, glo-
balizada a partir do tupi.” O autor reitera argumento de que as palavras emigraram
conforme a rota dos colonizadores.
IMPRIMIR
68 do no paraíso. Para outros, no inferno. Todos concordam que estamos cruzando rapidamente a
fronteira do desconhecido. Computadores já ensaiam formas primitivas de pensamento autônomo.
Alguns cientistas já se preocupam em garantir que os robôs do futuro tragam em sua progra-
mação um chip da bondade que os impeça de fazer mal à humanidade. Assumem, assim, que não
nos será possível sequer desligá-los.
Talvez estejam apenas sonhando. Talvez não.”
[Adaptado de] Especial do Milênio (parte integrante da Veja, ano 31, n. 51, 23 dez. 1998, p. 126.)
156. UFRN Para alguns cientistas, o homem estará entrando no inferno quando os computa-
dores forem capazes de:
a) prejudicar os seres humanos.
GABARITO
Culposo, na linguagem do Direito, por exemplo em “crime culposo”, significa o que é resultante de imprudência,
negligência ou imperícia da pessoa, não do seu desejo de praticar um ato não legal.
159. UFSE Considerando-se o primeiro e o segundo parágrafos, é correto afirmar que o autor:
a) partilha da crença de que o esporte é comprovadamente útil para desenvolver nos
jovens valores como a disciplina e companheirismo.
b) demonstra uma certa reserva ao fato de existir nas escolas a disciplina Educação
Física.
c) deixa transparecer que sua defesa da proibição de os jovens freqüentarem campos de
futebol se deve ao fato de o esporte ter sido profissionalizado.
d) assinala que os educadores exaltam o valor educativo do esporte baseados numa hipó-
tese que nem sempre é comprovada na prática.
e) evidencia que os crimes recentemente cometidos no futebol chocam pelo seu inedi-
GABARITO
tismo.
d) afirma que receber comissão sobre a venda de jogadores é, “em termos penais, uma
falta bem menos grave do que a sonegação”.
e) avalia que o passe, contrato de vinculação exclusiva de um atleta profissional a um
clube, é anacrônico e absurdo.
162. UFSE … “olhando para o futebol, é inescapável a tese de que a prática esportiva não é
garantia do exercício da ética”.
Vista no contexto, esta frase significa que:
a) os jogadores de futebol deixam muito a desejar no que se refere a “bom comporta-
mento”, exemplificando a tese de que não há ética na vida nacional.
b) é inaceitável a tese de que esportistas nem sempre apresentam comportamento ético,
apesar do que se vê no futebol.
c) a atuação dos profissionais brasileiros do futebol comprova a idéia de que o esporte
nem sempre assegura a seus praticantes comportamentos desejáveis de um ponto de
vista moral.
70 d) o futebol mostra que a Educação Física defende valores éticos, por isso é inadmissível
que os jogadores não os garantam na prática.
e) é importante a defesa da idéia de que o esporte desenvolve valores úteis para a cidada-
nia, mesmo quando não se pode garantir sua eficácia entre os praticantes de futebol.
“Bons tempos aqueles em que espadas de pau e pistolas de plástico garantiam uma distância
saudável entre a inocência e a malícia. Desde que esses brinquedos foram substituídos por esco-
petas eletrônicas e inimigos que sangram, brincar passou a ser uma atividade passiva e solitária.
‘Em um videogame, o jovem vira um autômato que transforma impulsos visuais em movimentos
motores limitados’, diz o professor de Ciência da Computação Valdemar Setzer, que pesquisa
efeitos da informática no comportamento.
Para Setzer, os videogames induzem à passividade porque inibem a vontade: com movimentos
repetitivos e predefinidos, não se raciocina. Aliás, usar a cabeça só atrapalharia. É necessário ter
rapidez de reflexos para dar conta de atirar primeiro e nunca fazer perguntas.
‘Os videogames são projetados para que o jovem fique excitado a ponto de não ter de esforçar-
se para continuar jogando. Na verdade, ele precisa de empenho para parar’, diz o professor. O
GABARITO
pior é que isso pode levar a uma espiral sem fim, inclusive com o risco de vício. Ele vai se acostu-
mando a um certo padrão de excitação e, para provocar sensações mais intensas, precisa de jogos
cada vez mais violentos e cruéis. Assim, o jovem tende ao retraimento, isolando-se e trocando o
mundo real pelo virtual. Uma troca perigosa.
Atividades físicas e em grupo são um antídoto. As vantagens são tanto físicas quanto emocio-
nais. A diversão em grupo ensina o jovem a se relacionar.”
Adaptado de Superinteressante, junho/99, p. 32.
71 Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor,
me surpreendendo, assim, a escolher um pano colorido para amarrar no pescoço.
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher,
que mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta
coisa gelada? Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de
um pouco de evasão, meu trago de cachaça.
Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre?
A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite
escura, e isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barran-
ca, no meio do mato, e chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquen-
tamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca — foi um carinho ao
longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia
caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e
ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes distantes de animais noturnos.
………………………………………
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito,
não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas,
dizer coisas… Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a
terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.
GABARITO
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone
toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número… Para
que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver — sem nome,
nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.”
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro. s/d, p. 3267.
166. Uneb-BA “Um sonho de simplicidade”, para o narrador, seria ter uma vida:
a) ligada aos bens/riquezas materiais.
b) despojada, cuidando tão-somente de um viver filantrópico.
c) em que o relacionamento entre as pessoas atendesse a convenções.
d) em que a atividade física fosse intensa e servisse de bálsamo para a alma.
e) de evasão para um mundo de sonhos, em detrimento do mundo real.
168. Uneb-BA A alternativa cujo fragmento apresenta a mesma idéia do narrador no parágra-
fo final, é:
a) “Os livros são objetos transcendentes / Mas podemos amá-los do amor táctil”.
b) “Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso / (E, sem dúvida, sobretudo o verso) / É
o que pode lançar mundos no mundo”.
c) “Caminhando contra o vento / sem lenço, sem documento / No sol de quase dezembro
/ Eu vou”.
d) “Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Índios e padres e bichos, negros
e mulheres / E adolescente / Fazem o carnaval”.
e) “Sei que a arte é irmã da ciência / Ambas filhas de um Deus fugaz / Que faz num
momento e o mesmo momento desfaz”.
“Vida menor
A fuga do real,
ainda mais longe a fuga do feérico,
mais longe de tudo, a fuga de si mesmo,
a fuga da fuga, o exílio
sem água e palavra, a perda
voluntária de amor e memória,
o eco
já não correspondendo ao apelo, e este fundindo-se,
a mão tornando-se enorme e desaparecendo
desfigurada, todos os gestos afinal impossíveis,
senão inúteis, a desnecessidade do canto, a limpeza
da cor, nem braço a mover-se nem unha crescendo.
Não a morte, contudo.
GABARITO
elidido, domado.
Não o morto nem o eterno ou o divino,
apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente
e solitário vivo.
Isso eu procuro.”
ANDRADE Carlos Drummond de. In: Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1993, p. 234-5.
“A tecnologia pode fazer muito para atenuar os problemas decorrentes da poluição, mas o
aumento da população e a melhoria do nível de vida, sobretudo nas grandes cidades, os agrava e,
até o momento, parece estar levando a melhor. Contudo, o que vai salvar a humanidade da
bomba populacional é o efeito que o uso de melhores tecnologias tem no próprio aumento popu-
lacional. A razão pela qual a população nas sociedades rurais primitivas aumenta — o que ocorreu
até recentemente, e ainda ocorre em algumas regiões — é bem compreendida: nas zonas rurais
muitos filhos são a garantia de mais braços para ajudar na agricultura e uma forma de apoio aos
velhos quando não puderem mais trabalhar; como a mortalidade infantil, no passado, era muito
grande, ter muitos filhos era uma garantia para o futuro.
À medida que as sociedades se tornam mais ricas, o uso de máquinas na agricultura reduz a
necessidade de mão-de-obra; por conseguinte, a demanda por muitos filhos diminui e a ênfase
passa a ser melhor qualidade de vida para eles. Fatores culturais são também importantes. Um
número menor de filhos significa maior cuidado com cada um, melhor educação e melhores
expectativas de sobrevivência. Essas razões levaram à ‘transição demográfica’ que se iniciou há
mais de um século na Europa e estabilizou a taxa populacional nas nações mais ricas.
Contudo, a transição demográfica ainda não atingiu boa parte da Ásia, África e América Latina,
porque certas tarefas essenciais para a sobrevivência — tais como obter água potável, combustível
para cozinhar ou para aquecimento — utilizam o trabalho das crianças, tornando-as mão-de-obra
desejável. Além disso exigem das mulheres um esforço desnecessariamente grande, reduzindo
suas oportunidades de obter melhor educação, que levaria ao planejamento familiar.”
Trecho adaptado de GOLDEMBERG, José. O Estado de S. Paulo, 1/1/2000.
74 173. Unifor-CE De acordo com o texto, um dos resultados decorrentes do uso da tecnologia
tem sido:
a) o aumento da exploração da mão-de-obra infantil nas zonas rurais, principalmente.
b) a explosão populacional, especialmente nas grandes cidades, em vários países.
c) o controle da população nas regiões mais desenvolvidas do planeta.
d) a participação maior e mais efetiva das mulheres nas tarefas rotineiras da família.
e) o desenvolvimento acelerado de todas as regiões do globo, nos vários continentes.
para com o acervo dos museus; o resto dessa disposição vai ser pulverizado por todo um aparato
que sugere quais devem ser as atitudes e comportamentos adequados ao ambiente. Ao visitante
dos museus é transmitida a noção de que nesse local carregado de responsabilidade o melhor a
ser feito é observar ‘muito respeito’, ‘pouca conversa’ e lembrar que ‘esse é um lugar de contem-
plação’. Atitude semelhante à que se tem numa igreja, só que nesse caso esse conjunto de nor-
mas várias vai contribuir decisivamente para estabelecer preconceitos em relação à obra de arte
que dificilmente serão eliminados.”
SEGALL, Lasar. Um museu de portas abertas. Movimento n. 3, 1988, p. 31-2.
176. Unifor-CE
I. Os museus, no Brasil, vêm sendo pouco prestigiados, como instituição artístico-
cultural, pelos órgãos governamentais.
II. Professores e funcionários representam a classe que freqüenta de maneira regular e
voluntária os museus.
III. Não há espontaneidade de iniciativa em relação a visitas a museus no Brasil.
A respeito dos enunciados acima, está correto o que se afirma SOMENTE em:
a) I.
75 b) II.
c) III.
d) I e III.
e) II e III.
177. Unifor-CE A pouca simpatia de parte do estudante para com o acervo dos museus expli-
ca-se:
a) pela abundância de preconceitos em relação ao valor da obra de arte.
b) pelo fato de ser o museu um “lugar de contemplação”.
c) pelo excesso de tarefas impostas a partir de visitas aos museus.
d) pelo cunho de obrigatoriedade de que se revestem as visitas aos museus.
e) pela impressão de se sentir como se estivesse numa igreja.
GABARITO
178. Unifor-CE As aspas em “muito respeito”, “pouca conversa”, “esse é um lugar de con-
templação” estão empregadas para:
a) distinguir a citação do resto do contexto.
b) realçar ironicamente as metáforas.
c) acentuar o valor significativo das expressões no contexto.
d) eliminar qualquer tomada de posição do narrador.
e) fazer sobressair expressões pouco usuais.
IMPRIMIR
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma leitura correta do poema “Procura da
poesia”, de Carlos Drummond de Andrade:
a) O autor defende um lirismo subjetivo, intensamente elaborado, preocupado em exal-
tar os mais nobres sentimentos humanos.
b) Segundo o poeta, a poesia não deve limitar-se a uma temática voltada para os simples
acontecimentos da vida.
c) O autor defende a transcendência da poesia, superior à própria vida e à morte.
d) Para o autor, a poesia ultrapassa os limites do corpo e da própria vida cotidiana.
76 e) O poeta, em seu discurso metalingüístico, trata da essência da própria poesia.
“Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de
vir para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo.
‘Lá estão eles’, disse comigo.
Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos sentados, olhando um para o outro.
Aguiar estava encostado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda,
tinha os braços cruzados à cinta. Hesitei entre ir adiante ou desandar o caminho; continuei parado
alguns segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na
atitude uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser
risonhos e mal se podiam consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos.”
ASSIS, Machado. Memorial de Aires. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1989.
GABARITO
180. UFR-RJ No texto o narrador descreve o quadro formado pelo casal de velhos com:
a) impaciente ironia.
b) suavidade e melancolia.
c) desgosto e censura.
d) velado humorismo.
e) ceticismo e desesperança.
IMPRIMIR
“Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro.
Concordo com todas as opiniões emitidas e com as minhas em primeiríssimo lugar. Tenho para
mim que há dois referenciais literários para nos definir. De um lado, o produto daquilo que Gilber-
to Freyre chamou de casa-grande e senzala, o homem miscigenado, potente e tendendo a ser
feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter — como
queria o próprio Mário de Andrade.
Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos
com elas. Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina — e teremos como sempre a
intervençao soberana de Machado de Assis.
Um rapaz da platéia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa — outra coorde-
nada que nos ajuda a definir o brasileiro. Evidente que o universo de Rosa é sobretudo verbal, mas
o homem é causa e efeito do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o
homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da
senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua própria vereda mas sem esquecer o ressen-
timento social do qual se afastou e contra o qual procura lutar.
É também macunaímico, pois sem definição catalogada na escala de valores culturais oriundos
de sua formação racial. Nem por acaso um dos personagens mais importantes do mundo de Rosa
é uma mulher que se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói — ou heroína — sem nenhum
caráter.
Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de Andrade como a linha horizontal de
77 um ângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo. A imagem
geométrica pode ser forçada, mas foi a que me veio na hora — e acho que fui entendido.”
CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno. São Paulo, 21/04/2000, p. 12.
181. UFF-RJ Assinale a opção que apresenta a afirmativa adequada sobre a relação entre o
brasileiro de Guimarães Rosa, de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade explicitada
no texto I.
a) O homem de Guimarães Rosa, por ser um refugo da casa-grande e da senzala, tomou
sua própria vereda, afastando-se do convívio social apontado por Gilberto Freyre e
Mário de Andrade.
b) O brasileiro de Guimarães Rosa se opõe ao de Freyre por não ter lugar nem na casa-
grande, nem na senzala e se aproxima de Macunaíma por sua indefinição na escala de
valores culturais.
c) O homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade não apresenta nenhuma oposição
à concepção do brasileiro de Guimarães Rosa, apesar do ressentimento social que o
caracteriza.
GABARITO
d) O homem de Guimarães Rosa, por ser sobretudo uma criação verbal, torna-se um
refugo da casa-grande e da senzala, e uma antítese do brasileiro de Mário de Andrade.
e) O brasileiro de Guimarães Rosa se aproxima do de Freyre por sua exclusão social e se
distancia de Macunaíma por não ter definição na escala de valores culturais.
IMPRIMIR
“A estrela é o índio
Histórias de um Brasil com mais de 500 anos
Na contramão do vento que move
as comemorações dos 500 anos, uma
programação alternativa está deixan-
do de lado a caravela para se embre-
nhar no Brasil de antes de Cabral. E
está dando ao índio lugar de desta-
que na festa. As atividades incluem
encontros com integrantes de tribos
variadas, debates e uma exposição
com trabalhos do fotógrafo Sebasti-
ão Salgado e textos do poeta Thiago
de Mello. Desde o início da semana,
no foyer do Centro Cultural Banco do Brasil, crianças de diferentes idades vêm aprendendo histó-
ria e deixando preconceitos de lado com a ajuda de Thini-á — um índio de 29 anos, da tribo
fulni-ô, de Pernambuco, que abandonou a aldeia ainda menino após uma invasão de terra em
que perdeu vários parentes.
Do massacre nasceu o desejo de falar aos pequenos homens brancos — os ‘filhos da elite’,
como dizia — e impedir conflitos futuros. Há três anos Thini-á percorre escolas do Rio (…). Fala
das tribos e da memória de seus ancestrais, apresenta danças e ritos, mostra arcos, flechas e seduz
78 o público com a fala mansa e um ótimo humor. Agora, como centro dos 500 Anos de Resistência
das Populações Indígenas no Brasil, organizado pela Cineduc: Cinema e Educação, ele fala para
mais crianças e adultos. ‘As comemorações dos 500 anos, de certa forma, até expõem a cultura
indígena, mas de maneira muito romântica. Essa atividade pretende desmistificar isso e deixar
uma semente para que o contato com a cultura indígena continue e se torne corriqueiro’, diz
Ricardo Paes, coordenador do projeto. (…)”
SÁ, Fátima. Veja, 22/03/2000.
182. UERJ O subtítulo do texto — “Histórias de um Brasil com mais de 500 anos” — é
construído de modo a anunciar o caráter alternativo e mesmo crítico do evento que será
comentado.
O emprego da palavra ou expressão com essa finalidade está corretamente justificado em:
a) “Histórias”, no plural, revela que um discurso oficial, nem sempre verdadeiro, predo-
mina na sociedade.
b) “um”, referindo-se ao nome “Brasil”, demonstra que a indefinida identidade social do
país é formada pelo encontro de três raças.
c) “mais de”, antecedendo a expressão “500 anos”, contesta a prioridade dada à chegada
do colonizador para a constituição do Brasil.
GABARITO
d) “500 anos”, expressão ligada ao nome “Brasil”, indica a necessidade de uma reflexão
mais cuidadosa acerca de alguns dos marcos históricos do país.
183. UERJ Na construção “comemorações dos 500 anos”, a expressão sublinhada mantém
com o termo núcleo — “comemorações” — a mesma relação sintática verificada em:
a) “uma invasão de terra”.
b) “Brasil de antes de Cabral”.
c) “crianças de diferentes idades”.
d) “deixando preconceitos de lado”.
“À televisão
Teu boletim meteorológico
me diz aqui e agora
se chove ou se faz sol.
Para que ir lá fora?
A comida suculenta
que pões à minha frente
como-a toda com os olhos.
Aposentei os dentes.
186. UERJ Indique o tema geral do poema e explique como ele é abordado criticamente por
José Paulo Paes.
tante em que os refletores lhe incandescem a maquiagem. Nas festas de escolas primárias, os
alunos aprenderam a se apresentar para filmadoras e não mais para pais e mães. Sob o foco
automático, a criança já não enxerga o sorriso de orgulho ou de apreensão na face do pai; vê
apenas a handycam2 que mascara o seu rosto. Se a televisão é a arena da história contemporânea,
as câmaras de vídeo domésticas se tornaram o olhar autorizado da intimidade familiar (e de outras
intimidades nem tão familiares assim). Nas férias, o estranho fenômeno se generaliza, escancaran-
do em público o vazio em que existimos. O viajante já não é aquele que contempla o desconheci-
do, que se reserva a chance do inesperado, que vive, enfim. Protegido por sua máscara eletrônica,
que o poupa de estar exposto ao destino, ele apenas grava imagens, e normalmente muito rápi-
do, como quem ainda tem uma longa lista a cumprir. O turista é um apressado. Depois, claro,
jamais terá tempo de rever o que filmou. Continuará com pressa. De bom grado, ele substitui a
própria memória pela fita magnética, mas esta também logo se perderá numa estante empoeira-
da, guardando imagens sem nexo. São as imagens do espetáculo que não foi vivido, pois quem
poderia vivê-lo se ocupou em gravá-lo (ou em posar para a gravação). Ali jaz a vida que poderia ter
sido. Ali jaz o desejo que não se satisfez, pois entre ele e o turista havia um muro transparente, um
IMPRIMIR
vidro, uma câmara, essa engenhoca que reina soberana no espaço exíguo que separa o homem
de si mesmo.”
BUCCI, Eugênio. Veja, 03/12/1996.
1
camcorder – filmadora
2
handycam – filmadora de mão
“Poética
I
Que é a Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
80 por todos
os lados.
2
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.”
RICARDO, Cassiano. Jeremias Sem-Chorar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.
189. UERJ O eu-lírico no texto de Cassiano Ricardo expressa uma definição sobre a elabora-
ção da poesia. Essa definição é semelhante ao conteúdo do seguinte fragmento:
GABARITO
a) “Como varia o vento – o céu – o dia, / Como estrelas e nuvens e mulheres, / Pela regra
geral de todos seres, / Minha lira também seus tons varia, / e sem fazer esforço ou
maravilha.” (Álvares de Azevedo)
b) “O artista intelectual sabe que o trabalho é a fonte da criação e que a uma maior
quantidade de trabalho corresponderá uma maior densidade de riquezas.” (João Ca-
bral de Melo Neto)
c) “[Minhas poesias] não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas
em épocas diversas — debaixo de céu diverso — e sob a influência de impressões
momentâneas.” (Gonçalves Dias)
d) “Um dia (…) tive saudades da casa paterna e chorei. As lágrimas correram e fiz os
primeiros versos da minha vida, que intitulei — Às Ave-Maria: — a saudade havia
sido a minha primeira musa.” (Casimiro de Abreu)
IMPRIMIR
81 A miséria não bate mais à nossa porta; invade. Não estende a mão diante do vidro do carro;
arranca os relógios dos braços distraídos.
Acuada, a cidade passou de opressora a vítima dos morros. No Brasil de hoje, a riqueza é refém
da miséria.
A constituição do perfil da miséria no Brasil está diretamente relacionada com a crescente mo-
dernização do país.”
190. UFMG A partir da leitura desse texto, é CORRETO afirmar que ele tem por objetivo
a) criticar a ação governamental no trato com a miséria.
b) defender práticas de maior justiça social.
c) denunciar a culpa sentida pelas classes privilegiadas.
d) mostrar a evolução da situação de miséria no Brasil.
192. UFMG O último parágrafo do texto tem todas as seguintes funções, EXCETO
a) Ampliar o desenvolvimento das idéias.
b) Reafirmar as idéias da introdução.
c) Rearticular o parágrafo introdutório.
d) Reorganizar as idéias desenvolvidas no texto.
193. UFMG De acordo com o texto, a miséria no Brasil assume uma posição crescentemente
IMPRIMIR
agressiva.
Todas as seguintes passagens do texto comprovam essa afirmação, EXCETO
a) Com o tempo, a miséria conquistou os tubos de imagem dos aparelhos de TV.
b) Ela agora não pede; exige. Ela já não suplica; toma.
c) Ela passou a apresentar-se como um elemento da paisagem.
d) Logo a miséria estava batendo, suja, esfarrapada, no vidro de nosso carro.
“Troca de e-mails
THE NEW YORK TIMES
Seguem abaixo trechos das mensagens de e-mail trocadas na terça-feira e ontem entre o Vice-
Presidente Al Gore e o Governador George W. Bush, do Texas:
194. UERJ O vice-presidente Gore propõe em seu e-mail uma rejeição, de parte a parte, do
chamado “dinheiro fácil”, usado de maneira não regulamentada na veiculação de propa-
gandas eleitorais.
O tom da mensagem-réplica do governador Bush reflete basicamente as seguintes atitudes:
a) crítica e desconfiança pela indicação do democrata Gore à sucessão presidencial.
b) animosidade e distanciamento do processo de moralização da campanha eleitoral.
c) ceticismo e ironia no tocante à seriedade das palavras e intenções de seu oponente.
d) ressentimento e desdém quanto às instruções dadas por Gore ao Comitê Democrático.
195. UERJ O discurso político é marcado por estratégias de distanciamento que ressaltam a
autoridade do locutor, e por traços de solidariedade que buscam o envolvimento dos
IMPRIMIR
interlocutores.
Tais procedimentos retóricos são verificados em:
a) “Eu espero que o senhor interfira junto à Casa Branca…”
b) “Se o senhor estiver disposto a fazer a coisa certa, nós podemos mudar…”
c) “Eu darei o primeiro passo, pedindo ao Comitê Nacional Democrático…”
d) “Eu o felicito também, e anseio por uma campanha que trate das questões…”
“A revolução digital
Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o outro.
Disse ‘pareciam’, assim, com o verbo no passado, e já me explico: estão em processo de
separação.
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a
cada fim de tarde.
O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita parecia
condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as árvores.
83 Entram as nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda inexploradas. De concreto há apenas a impressão de que,
longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita.
E isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos
pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos devãos da memória; impressa, desperta o
cérebro, produzindo uma circulação de idéias que gera novos textos.
A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos, autores e leitores.
Podemos visitar as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca de corres-
pondências. Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um deles prometeu: ‘Man-
do-te uma carta qualquer dia desses’.
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto estaria
surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da descoberta do
papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto. Estamos virando uma página. Ou, por
outra, estamos pressionando a tecla ‘enter’.”
SOUZA, Josias de. A revolução digital. In: Folha de São Paulo, São Paulo, 6 de maio de 1996. Caderno Brasil, p. 2.
GABARITO
198. UFMG Com base na leitura feita, é CORRETO afirmar que o objetivo do texto é
IMPRIMIR
milhões de ‘desletrados’ que o censo identifica, mas também aqueles que, mesmo sabendo o abece-
dário, raramente fazem uso desse conhecimento. Por isso, é comum ver nas placas a expressão ‘vende-
se à praso’, em vez de ‘vende-se a prazo’; ou ‘meio-dia e meio’, em vez de como é mesmo?
O português de Portugal nunca será como o nosso. No Brasil, o idioma foi enriquecido por
expressões de origem indígena e pelas contribuições dos negros, europeus e orientais que para cá
vieram. Mesmo que documentalmente se utilize a mesma língua, no dia-a-dia o idioma falado
aqui nunca será completamente igual ao que se fala em Angola ou Macau, por exemplo.
Voltando à questão inicial, não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria. Os
intelectuais também o fazem, por querer ou por mera ignorância. E também nós outros, jornalis-
tas, afinal, herrar é umano, ops, errare humanum est. Ou será oeste?”
SANTOS, Jorge Fernando dos. Estado de Minas, Belo Horizonte, 10 jun. 1996. (Texto adaptado)
201. UFMG Em todas as seguintes passagens, o autor deixa transparecer idéias que ele mes-
IMPRIMIR
“Amor
A verdade é que devemos tudo aos amores infelizes, aos amores que não dão certo. A poesia se
faz antes ou depois do amor, ninguém jamais fez um bom poema durante um amor feliz. Pois se
o amor está tão bom, pra que interrompê-lo? O amor feliz não é assunto de poesia. Literatura é
quando o amor ainda não veio ou quando já acabou, literatura durante é mentira. Ou ela é
empolgação ou é remorso, revolta, saudade, tédio, divagação desesperada — enfim, tudo que dá
bom texto.
Desconfie de quem explica um estado de exaltação criativa dizendo que está amando. Algo
deve estar errado.
— Você está amando, mas ela não está correspondendo, é isso?
— Não, não. Ela também me ama. É maravilhoso.
— É maravilhoso, mas você sabe que não pode durar, é isso? Seu poema é sobre a transitorie-
dade de todas as coisas, sobre o efêmero, sobre o fim inevitável da felicidade num mundo em
que…
— Não! É sobre a felicidade sem fim!
— Não pode ser.
— Mas é. Acabei o poema e vou fazer uma canção. Depois, talvez, uma cantata. E estou pen-
sando num romance. Tudo inspirado no nosso amor. Não posso parar de criar. Estou transbordan-
do de amor e idéia. Crio dia e noite.
— E a mulher amada?
85 — Quem? Ah, ela. Bom, ela sabe que a atenção que não lhe dou, dou ao nosso amor perfeito.
Está explicado. Ele não canta a amada ou seu amor. Está fascinado por ele mesmo, amando. E
o poema certamente é ruim.
Porque o amor, para ser de verdade, tem de emburrecer. Só devem lhe ocorrer bobagens para
dizer ou escrever durante um caso de amor. Ou é kitch, de mau gosto, piegas ou copiado, ou não
é amor. Qualquer sinal de originalidade pode até ser suspeito.
— Esses seus versos para mim… Estão ótimos.
— Obrigado.
— Essas juras de amor, essas rimas, essa métrica… De onde você tirou tudo isso?
— Eu mesmo inventei. Pensando em você.
— Seu falso!
— O quê?
— Só deixando de pensar em mim por algumas horas você faria uma coisa assim pensando em
mim. Só tomando distância, escrevendo e reescrevendo, raciocinando e burilando, você faria isto.
Um verso plagiado do Vinícius eu entenderia. Um verso original, e bom desse jeito é traição. Só
não sendo sincero você seria tão inteligente!
— Mas…
— Não fale mais comigo.
GABARITO
Pronto. O amor acabou, agora você pode ser criativo sem remorso. Você está infeliz, mas con-
sole-se. Pense em como isso melhorará o seu estilo.”
Adap.: VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de São Paulo: 25/07/1999.
204. UERJ A característica do texto que mais contribui para causar no leitor a impressão de
uma transcrição exata do que foi dito é a seguinte:
a) utilização do discurso direto.
b) introdução sobre o assunto.
c) inclusão de Nota de Redação.
GABARITO
206. UERJ Damien Bancal rejeita a primeira hipótese indicada pelo entrevistador. Para justi-
ficar sua opinião, utiliza uma estratégia argumentativa dividida em três momentos:
1º – parte do princípio de que a hipótese do entrevistador seria válida;
IMPRIMIR
“DUAS CARTAS
Do deputado X à dona Eponina, sua esposa
Prezada Eponina.
Acusam-me de tantas coisas nos jornais (que fúteis engenhocas!)
que sinto-me no dever de informar-te da verdade, já que não posso
fazê-lo pessoalmente, indo à vossa fazenda, pela qual zelas com
tão justa severidade.
Aqui, em Brasília, só misérias. Opõem-se as gentes às coisas mais
honestas. Bem as compreendo — o povo é ignorante. Mas não
compreende ele as coisas do Brasil. Como sobreviveria ele se não o
tutelássemos? Como pais severos e indulgentes, que, na som-
bra, zelam por seus filhos?
Mas não é só em Brasília. No Rio houve grande gritaria por
causa do salário-moradia. Quanta injustiça! E quão profunda
incompreensão da vida! Se não zelássemos por nós, quem
zelaria por esse pobre povo? E só estando ao abrigo das
necessidades (e do mau tempo) é que poderemos, com
calma e sapiência, manipular os peões, os cavalos e as rai-
nhas deste grande país. (Pena que os bispos sejam tão renitentes.)
O que o povo quer é pão e circo, como bem o sabiam os romanos. Mas é que pão anda pela
87 hora da morte. Penso, às vezes — dado que sou a divagações patrióticas — como seria benéfico
ao país se instituíssemos, como na antigüidade, jogos de circo. Há tanta gente inútil pelas ruas!
Tantos criminosos nas prisões, onerando o erário. Tanto vagabundo bem nutrido e desocupado!
Se as puséssemos a lutar nos estádios, entre si e com animais selvagens — que sucesso seria! A
Espanha não tem suas touradas? Teríamos nossos new-gladiadores. Os turistas choveriam. Os
cofres públicos se encheriam e também os privados. Acho que nenhum patriota sincero se oporia
a esta medida tão salutar e higiênica.
Espero que tudo corra bem na fazenda. Conto com teu bom senso para tratar com severidade
os trabalhadores, sem deixar-te levar por pieguices.
Pelo Natal estarei aí, com minha secretária Eunice. Moça muito fina e prendada e que tanto me
ajuda por aqui.
Beijos carinhosos de seu
Gatão
207. U. Uberaba-MG O confronto dos dois textos permite-nos afirmar que o autor:
a) acha que os políticos são os tutores do povo.
b) tem grande admiração pelos macacos.
c) apresenta razões para o povo não acreditar em alguns políticos.
d) mostra D. Eponina e Elizabeth Christiansen como exemplos de mulheres.
“A Revista Ciência Hoje (volume 16, nº 94, set/out de 1993) promoveu e publicou um debate
sobre a causa e a cura das doenças mentais, do qual participaram profissionais ligados à psicaná-
lise, à psiquiatria e à psicofarmacologia. Reproduzimos abaixo a resposta de alguns dos participan-
tes à pergunta ‘há cura para doenças mentais?’
Jurandir Freire (psicanalista): ‘A cura, entendida como restabelecimento de um equilíbrio
prévio, é uma definição médica, e isso não existe na psiquiatria. A pessoa pode ter uma experiên-
cia psicopatológica e sair dela desejando um equilíbrio diferente do que tinha antes. Normalmen-
te, o que entendo por cura? É a abolição dos sintomas que vêm fazendo a pessoa sofrer e, em
seguida, a identificação com os próprios ideais, os propósitos de vida ou a busca de equilíbrio e a
satisfação efetiva. Nesse aspecto, há códigos psíquicos que são mais complicados de se atingirem;
outros, pouco menos. A resposta é sempre singularizada. Quanto à promessa do que podemos
fazer, posso ser taxativo. A gente melhora bastante o sofrimento das pessoas que estão atingidas
mentalmente. Com o arsenal que temos em neuroclínica, no plano institucional-hospitalar, no
atendimento individualizado, conseguimos muitas vezes favorecer a pessoa’.
Joel Birman (psicanalista): ‘Na psicanálise a cura é problemática por causa dessa idéia de
restauração do estado anterior ao acontecimento. No estado de perturbação, o sujeito perde sua
capacidade de produção de normas, tanto biológicas quanto psíquicas. A função do tratamento
GABARITO
nas perturbações psíquicas é restaurar uma certa plasticidade do sujeito, para que ele tenha nova-
mente a possibilidade de novas produções normativas. Tentamos fazer com que ele se torne mais
elástico, com maior capacidade de superação dos obstáculos que se impõem, tanto em nível
social quanto pessoal.’
Marcio Versiani (psiquiatra): ‘A ‘cura’, o restitutio ad integrum, na medicina como um todo,
apesar de todo o progresso atual, ainda é rara. Isso é particularmente válido para as doenças
crônicas, e a maioria dos transtornos mentais se enquadram nessa categoria. Contudo, se consi-
derarmos que, até a década de 70, a maior parte dos transtornos mentais resultava em importan-
tes graus de permanente incapacitação — e isso não é mais verdade —, há motivo para otimismo.
Nas depressões e nas diferentes formas de ansiedade, o avanço foi maior. Com o lítio e os antide-
pressores, obtêm-se remissões em dois terços dos casos. No terço restante, há graus variáveis de
melhora. Na esquizofrenia, o quadro, infelizmente, é mais sombrio — diferentes níveis de melhora
sim, mas raramente a recuperação total. Essas ‘curas’ ou graus de melhora significativos têm sido
obtidos graças à inserção da psiquiatria no modelo médico moderno. Resultados de pesquisa com
IMPRIMIR
212. U. Alfenas-MG “O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo
acrobacias. É mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho
vive em grupos e comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que são
ouvidos a quilômetros de distância. É assim que o golfinho pede ajuda quando está em
perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho aprende facilmente os truques
que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são aprisionados, treinados e
exibidos em espetáculos em todo o mundo”.
GABARITO
lembrar uma norma usada em Portugal: — palavras ou expressões em outros idiomas devem ser
acompanhadas da sua tradução. Não se trata de xenofobia. Além de ser essa uma forma de preser-
var a nacionalidade, expõe-se o quanto o uso abusivo desse recurso é ridículo, ao invés de culto.
Na França, admite-se termo estrangeiro se não houver, no francês, palavra com o mesmo significado.
Seria ótimo que todos os brasileiros falassem mais de uma língua; porém, resultado das posi-
ções educacionais adotadas ao longo de 500 anos, existem milhões de analfabetos de todas as
gerações e alguns semi-alfabetizados tentando-se passar por muito sabidos.
Ser universal faz parte da cidadania, assim como conhecer outras culturas, falar outras línguas,
respeitar as diferenças. Isto é completamente diferente de macaqueá-las.
É verdade que a norma-padrão, que somos obrigados a usar ao escrever, é cheia de regras que
muitas vezes não correspondem mais às necessidades expressivas dos falantes. Este texto pode
conter — certamente contém — erros, cometidos por distração ou ignorância, jamais no afã de
mostrar falsa cultura, doença que assola a mídia, o oficialismo, os novos ricos de nosso pobre Brasil.
IMPRIMIR
Mensagens, ‘para a base ou para o público’, devem primar por clareza e simplicidade. Fora
disso, o que existe é discurso balofo, que nada comunica a não ser a incompetência de quem o
faz. É o falar muito para dizer nada, é o enfeitar gralha com penas de pavão.
No caso dos órgãos públicos, a clareza, a simplicidade, a transparência, em discursos, corres-
pondências internas ou externas são exigência ética. A coisa pública é pública em qualquer gover-
no. Textos em código, jargão técnico ou coisa semelhante denotam falta de transparência o que,
nos dias de hoje, pode acabar em CPI, mesmo que esta acabe em pizza.”
In: InformANDES, março/2000.
91
GABARITO
IMPRIMIR
INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO II
1. 13
2. 18
3. 06
1 4. C
5. a) “A durabilidade de tais ligações, no geral, termina quando tal fêmea atinge seu objeti-
vo.” (Sendo que o objetivo em questão é a fama, o poder e o dinheiro.)
b) Segundo o autor da carta os homens deveriam tomar certo cuidado no que diz respeito
à astúcia e à ambição das mulheres, visto que a ambição leva as mulheres a aproximar-se
dos homens para conseguir fama, poder e dinheiro e, uma vez atingidos seus objetivos,
podem libertar-se do protetor.
c) A todos os seres humanos do sexo masculino.
6. a) Podem ser indicados os seguintes termos do vocabulário técnico de um processo judi-
ciário: “pedido de liminar”, “revisão promovida”, “retificação no voto” e “decisão do
STF”.
GABARITO
b) Informam que o juiz havia votado contra os interesses do governo, já que, após revisar e
retificar seu voto, este acabou sendo a favor do governo.
c) Segundo o texto, esse artigo “estabelece os limites de gastos com pessoal para os três
poderes”.
7. A 30. B
8. D 31. F-V-V-V
9. 17 32. 52
10. F-F-V-F 33. V-F-V-F
11. A 34. V-F-F-V
12. B 35. V-F-V-V
13. E 36. A
14. B 37. F-V-F-F
15. B 38. V-V-F-F-F
16. D 39. 74
17. C 40. V-V-F-F-V
18. D 41. V-V-V-V-V
19. C 42. V-V-F-F-V
20. B 43. F-V-V-F-V-V
21. C 44. V-F-V-V-F-V
22. F-V-V-F 45. V-V-V-V-F-V
23. A 46. V-F-V-F-V-V
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24. D 47. A
25. C 48. B
26. B 49. C
27. E 50. V-V-F-V-F-F-V
28. D 51. A
29. D 52. B
Essa classificação dos objetos destoa de nossa percepção habitual porque contrasta com a
impessoalidade com a qual os vemos. Pode-se notar no poema uma percepção de que a
poesia humaniza o espaço circundante, o qual é automatizado, impregnado por uma rotina
que impede uma visão mais humana da vida.
b) A presença humana se dá no poema por meio das mãos do eu lírico. Elas possuem um
poder transformador, visto que, embora aparentemente sigam as mesmas regras da rotina
de trabalho dos objetos que a circundam, podem interferir na realidade do ambiente em
que se encontram. Como as mãos são características humanas, pode-se dizer que no poe-
ma é destacada a importância do homem, que se sobressai na repartição, sendo o respon-
sável pela existência das coisas que o cercam e por sua presença aí, já que com elas se
relaciona.
87. a) Considerando-se os quatro meses de janeiro a abril, em que ocorreram 31 ocorrências,
e os doze meses do ano anterior, no qual ocorreram 33 ocorrências, entende-se que a
situação piorou muito, já que se prevêem 93 ocorrências para o ano atual.
b) O final da segunda nota sugere que os pichadores, tanto quanto os baloeiros, sejam
enquadrados como “responsáveis por crime inafiançável” e trancafiados “em presídios
por longos anos”.
88. D
89. C
90. A
91. 90
92. 74
93. 31
IMPRIMIR
103. E 114. C
104. E 115. B
105. B 116. C
106. A 117. B
107. E 118. D
108. D 119. B
109. E 120. C
110. A 121. C
111. B 122. C
112. A 123. B
113. C 124. A
125. Segundo o autor do texto, Newton interpreta a cor apenas enquanto fenômeno físico, ao
passo que Goethe e Schopenhauer consideram-na como um fenômeno que tem também
outras dimensões, que escapam à física.
126. B 139. D
127. F-F-F-F-F 140. D
128. 11 141. C
129. 41 142. 31
130. 48 143. 24
131. 09 144. A
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FIGURAS DE
LINGUAGEM
1. U. E. Maringá-PR
”FUTURO
Benefícios só para os filhos de nossos filhos
Ana Santa Cruz e Bia Barbosa
1 de 10% a 20% dos imóveis espalhados pelas ruas. A complicação é que se desconhecem quantas
casas e edifícios existem de fato na metrópole e qual a função de cada um dos imóveis. Ou seja,
por enquanto, os geneticistas ainda são incapazes de encontrar a padaria ou a delegacia de polí-
cia no complexo DNA do ser humano. Os estudiosos de biologia molecular sabem tão pouco
sobre o genoma humano que, apesar de o seqüenciamento já estar na internet à disposição de
todos, ninguém tem certeza sobre quantos são os genes do corpo. As estimativas variam de
38.000 a 120.000. Agora parece que são 50.000. ‘Nós temos o livro. Agora precisamos aprender
como lê-lo’, diz James Watson, cuja descoberta da estrutura do DNA em 1953 marca o início da
genética moderna. Ele foi ex-presidente do Projeto Genoma Humano. (...)
Identificar os genes será uma tarefa árdua e mais complexa do que foi decifrar o próprio
genoma. A principal razão: o processo não poderá contar com a preciosa ajuda dos computado-
res que foram usados até agora. As poderosas máquinas da Celera Genomics e do Projeto
Genoma Humano ordenaram as seqüências de letras e as estocaram num banco de dados, mas
são incapazes de apontar em quais regiões da fita de DNA estão os genes. ‘Será preciso colocar
o cérebro humano à frente desses computadores’, diz o geneticista Salmo Raskin, representante
do Projeto Genoma Humano no Brasil. ‘É a única forma de encontrarmos o ouro dentro do
palheiro genético.’ (...)
O Projeto Genoma é um desses raros momentos na História em que o conhecimento dá real-
mente um salto. Isso provavelmente será conhecido no tempo dos filhos de nossos filhos.“
Excerto do texto da Revista Veja, nº 27, 5 de julho de 2000. p. 118-20.
GABARITO
está pronto.
16) as autoras, em “os geneticistas ainda são incapazes de encontrar a padaria ou a delega-
cia de polícia no complexo DNA do ser humano”, usam uma metáfora para dizer que
os especialistas em genética ainda não conseguem identificar as funções dos genes no
corpo humano.
32) as autoras, visando dar mais expressividade aos fatos e coisas a que se referem, va-
lem-se de figuras de linguagem.
Assinale a alternativa que não pode significar uma das figuras de linguagem presentes no
trecho acima.
a) Antítese. b) Eufemismo. c) Metáfora. d) Paradoxo. e) Contraste.
3. Unipar
”PNEUMOTÓRAX
Febre, hemoptises, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira, que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três.
2 — Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire...
.....................................................................
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não, a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”
4. PUC-PR
“Apesar de morar nos Estados Unidos há dezessete anos, ser casado com uma americana e ter
dois filhos nascidos em San Diego, Califórnia, Joaquim Cruz preserva o cordão umbilical com o
GABARITO
seu Brasil. Não com o andar de cima de Brasília, às voltas com grampos e contas misteriosas no
exterior, mas com o andar de baixo da cidade-satélite de Taguatinga, onde seu pai, carpinteiro, foi
tentar a vida nos anos 60, vindo do Piauí. Ali, a garotada cresce descalça ainda hoje. Joaquim está
com 35 anos de idade, tem lugar cativo na história do esporte mundial, além de uma medalha de
ouro olímpico (com quebra de recorde) e outra de prata na gaveta. Mas não esquece o quanto um
par de tênis na hora certa, com o incentivo correto, pode tirar da rua um menino como o que ele
foi. Ele se lembra do primeiro tênis Conga, que ganhou do técnico Luís Alberto de Oliveira, como
muitos se lembram da primeira namorada.”
HARAZIM, Dorrit. O tênis do Joaquim. Veja, 2 dez. 1998.
Tomando como base o mesmo texto, assinale a alternativa que identifica a característica
que aproxima essa reportagem do discurso literário:
a) A transformação do atleta real, Joaquim Cruz, em herói, uma espécie de protetor dos
desvalidos.
IMPRIMIR
Texto 1
“‘Foi uma fatalidade’ ou ‘o elemento faleceu’ é como um policial, que atirou fatalmente em um
suspeito, se pronuncia, ante a imprensa. Tradução: ‘Deus tirou-lhe a vida’. ‘Eu só fiz o furo’.
E locutores de futebol driblam o erro do seu jogador preferido, que chutou uma bola para fora,
narrando: ‘O campo estreitou’ ou ‘o campo acabou’. (…).”
Texto 2
”Durante todo o século XX, a cultura brasileira oscilou entre a busca de uma identidade nacional e
GABARITO
Na última frase do texto, o autor usa as metáforas do galo e do nascer do sol para
representar, respectivamente:
a) Um grupo de pensadores – a manifestação da afetividade na história social do Brasil.
b) Os mestres mediúnicos – a integração do Brasil com o mundo.
c) Poetas e artistas – a revelação da identidade nacional.
d) Jorge Amado e Mário de Andrade – o projeto inconsciente do povo brasileiro.
e) A busca de identidade – os textos dos intelectuais brasileiros do século XX.
“Agosto 1964
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
Fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
Relógio de lilases, concretismo,
Neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista dos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
GABARITO
um poema
IMPRIMIR
uma bandeira”
GULLAR, Ferreira. In: Toda Poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 233.
5 que o eu-lírico afirma o adeus à ilusão juvenil de mudar o mundo, valorizando o que
há de bom nas experiências difíceis.
16) No que se refere à métrica, o poema apresenta os seguintes tipos de verso: redondi-
lha maior (versos 06, 14 e 19), redondilha menor (versos 02, 17), alexandrino (ver-
so 12). A presença de tais tipos de verso evidencia que o poema remete à poesia
popular por meio das redondilhas e se filia aos valores da estética barroca por meio
do verso alexandrino. A filiação ao Barroco torna-se, no poema, um modo de esta-
belecer uma comparação da situação atual do eu-lírico (agosto de 1964, ditadura
militar) com a situação de opressão política que o Brasil viveu, na condição de
colônia, sob o domínio de Portugal.
32) Trata-se de um poema de 04 estrofes irregulares quanto ao número de versos e que faz
uso de versos livres e brancos – elementos formais característicos da poesia moderna
e contemporânea. A utilização desse tipo de verso confere ao poema um caráter pro-
saico, voltado para a reflexão sobre o cotidiano banal e desprovido de ilusões vivido
pelo eu-lírico, que vê na criação poética uma via de enfrentamento e de crítica da
situação de opressão política.
10. UFSC Marque a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S) e dê, como resposta, a soma delas.
GABARITO
(01) Decorrem, em 1998, 90 anos da morte do escritor Machado de Assis, que atingiu o
posto de maior escritor brasileiro com os romances da segunda fase de sua vida.
(02) O Romantismo valoriza a emoção, a individualidade e a libertação de normas, bem
como a iniciativa e a capacidade criadora de cada indivíduo. No Brasil, coincide com
o processo de independência política e assume caráter nacionalista. São representan-
tes, na prosa, José de Alencar, Bernardo Guimarães e Joaquim Manuel de Macedo,
entre outros.
(04) A produção literária brasileira, no século XVI, limitou-se, essencialmente, às litera-
turas de viagem e jesuítica de caráter religioso.
(08) A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar.
IMPRIMIR
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que
consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O
nome desta figura de linguagem é:
a) metáfora. d) antítese.
b) aliteração. e) sinédoque.
c) eufemismo.
12. Ceetps-SP Denomina-se oxímoro ou paradoxo a figura que permite aproximar significa-
dos contrários numa mesma unidade de sentido. Essa figura traduz a oscilação da persona-
gem, dividida entre o desprendimento solidário e o interesse individual.
A alternativa em que se apresenta exemplo de paradoxo é
a) … aquele homem tinha má sorte! (…) E no entanto eu era feliz!
b) … sorriu por trás dos bigodões portugas, um sorriso desacostumado, não falou nada
felizmente.
6 c) … ele nem media a extensão do meu sacrifício! e a mão calosa apenas roçou por meus
cabelos cortados.
d) Aquele homem enorme com tantos filhos e uma mulher paralítica na cama! (…) De-
pois: o operário não era bem vestido como papai.
e) Bem que podia dar a menor, era tão feia mesmo, faltava uma das pontas (…) E eu tinha
que me desligar de uma delas, da menorzinha estragada, tão linda!
“A aposentada A. S., 68, tomou na semana passada uma decisão macabra em relação ao seu
futuro. Ela pegou o dinheiro de sua aposentadoria (um salário-mínimo) e comprou um caixão.
A. mora com a irmã, M. F., 70, que também é aposentada. Elas não têm parentes. A. diz que
está investindo no futuro. Sua irmã a apóia. A. também comprou a mortalha — roupa que quer
usar quando morrer. O caixão fica guardado na sala da casa.”
Aposentada compra caixão para o futuro. Folha de S. Paulo, 22/8/1992, adaptado.
14. ITA-SP Leia abaixo a tira de Luís Fernando Veríssimo, publicada no jornal O Estado de S.
Paulo de 16/7/2000, e explique como se dá o efeito cômico.
FAMÍLIA BRASIL
EU ESTAVA LENDO AS
NOTÍCIAS DO BRASIL
NO JORNAL E…
LAVA AS
MÃOS ANTES
DE VIR
PARA A
IMPRIMIR
MESA
velhas árvores, e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como os últimos afagos dados às
vítimas do momento do sacrifício. Dentro da mata penetrava o vento da manhã e nas folhas
passava brandamente, levantando um murmúrio baixo, humilde, que se escapava de todas as
árvores, como as queixas surdas dos moribundos.”
In: ARANHA, Graça. Obra completa. Rio de Janeiro: MEC-Instituto Nacional do Livro, 1969. p. 106-107.
16. Vunesp A metagoge, recurso expressivo bastante usado pelos escritores de todos os tem-
pos, consiste em atribuir atitudes, qualidades e sentimentos humanos a outros seres. No
trecho de Canaã encontramos tal procedimento, que reforça a dramaticidade dos fatos
narrados. De posse destas informações, indique uma passagem do último parágrafo do
texto em que ocorre esse recurso expressivo.
IMPRIMIR
“(…) e tudo ficou sob a guarda de Dona Plácida, suposta, e, a certos respeitos, verdadeira dona
da casa.
Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu.
Creio que chorava, a princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os
olhos para mim durante os primeiros dois meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às
vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava por ofendido, tratava-a com carinho e respeito;
forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança. Quando obtive a confiança, imaginei
uma história patética dos meus amores com Virgília, um caso anterior ao casamento, a resistência
do pai, a dureza do marido, e não sei que outros toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma
só página da novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. Ao cabo de seis
meses quem nos visse a todos três juntos diria que Dona Plácida era minha sogra.
Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, — os cinco contos achados em Botafogo, —
como um pão para a velhice. Dona Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais
deixou de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto.
Foi assim que lhe acabou o nojo.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
FIGURAS DE
LINGUAGEM
1. 58
1 2. B
3. E
4. B
5. D
6. A
7. A
8. C
9. 38
10. 39
11. D
GABARITO
12. D
13. a) “diz que está investindo no futuro.”
b) O efeito irônico se dá pelo fato de que A. considera um investimento comprar um
caixão. Considera-se como investimento aquilo que é positivo e, com o salário-mínimo
que o Brasil paga a seus aposentados, não há nada de positivo no futuro de um aposenta-
do, apenas a ausência de futuro, ou seja, a morte.
14. O efeito cômico reside na dupla possibilidade de interpretação da segunda fala, que são:
— A segunda personagem da tira exige que a primeira siga normas de higiene, especifica-
mente a de lavar as mãos antes da refeição, já que estavam sujas pela tinta do jornal.
Ou:
— As notícias do Brasil são sujas e, por ter tocado nelas, é preciso lavar as mãos.
15. B
16. O recurso expressivo da metagoge, ou prosopopéia, ou personificação, pode ser ilustrado
com a seguinte passagem do texto: “…levantando um murmúrio baixo e humilde, que se
escapava de todas as árvores, como as queixas surdas dos moribundos”, ou ainda com
“…mirava as velhas árvores, e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como os últi-
mos afagos dados às vítimas do momento do sacrifício”.
17. A
IMPRIMIR
PERÍODOS SIMPLES E
COMPOSTO
1. I.E.Superior de Brasília-DF
“A Paz
Vieram famintos,
Desnudos,
Cansados.
1 Alforjes vazios,
Os olhos opacos,
Sentaram-se à mesa.
Vieram vestidos
De linho,
De seda.
Alforjes tão cheios
Os olhos tão ávidos,
Sentaram-se à mesa.
E ele chegou.
Na branca toalha,
Ao longo estendida,
Nem vinho, nem peixe,
Nem água, nem pão.
Olhou-os nos olhos.
Sentiu-lhes a fome,
Sentiu-lhes o frio,
Chamou-os meus filhos,
Serviu-lhes a paz.”
GABARITO
Neusa Peçanha.
2. UFMT
( ) No período Toda a gente lhe tinha um vago medo; mas o amor (…) não receia sobre-
cenhos enfarruscados, nem tufos de cabelos no nariz, a segunda oração estabelece
IMPRIMIR
4. F. Católica de Salvador-BA
“Foram selecionados apenas os chefes de famílias numerosas”
No fragmento em destaque, a expressão em negrito:
a) exerce função subjetiva.
b) modifica o sentido do nome.
c) completa o sentido do verbo.
d) modifica o sentido do verbo.
e) complementa o sentido do nome.
6. UFSE
“Antes de calculares os lucros da seara”
A função sintática do termo grifado no verso acima se repete no termo também grifado
IMPRIMIR
em:
a) sempre brotando da árvore.
b) o pastor tocando a sua gaita.
c) que vais dar a tua noiva.
d) à procura dos ninhos escondidos.
e) ou secando nas pedras.
8. Cefet-RJ
“É com imenso prazer que entrego em suas mãos os Parâmetros1 Curriculares Nacionais de quinta
a oitava séries. Um trabalho que foi cuidadosamente elaborado e discutido com educadores de todo
o país para atualizar e dar um novo impulso2 à educação fundamental. Cumprimos, com este ato, a
obrigação3 de oferecer aos professores4 brasileiros as informações5 necessárias para a organização
do processo de ensino-aprendizagem e uma ajuda concreta para sua prática cotidiana.”
MEC.
3 a) “Parâmetros” (1).
b) “impulso” (2).
c) “obrigação” (3).
d) “professores” (4).
e) “informações” (5).
b) complemento nominal.
c) adjunto adverbial.
d) objeto indireto.
e) aposto.
11. U. Santa Úrsula-RJ Observe o seguinte trecho do poema “Homem comum”, de Ferreira
Gullar:
15. U.F. Santa Maria-RS O padrão frasal de “A reportagem esclarece um problema a seus
leitores” é o seguinte: sujeito + verbo + objeto direto + objeto indireto.
Assinale a alternativa em que ocorre o mesmo padrão oracional, sendo um dos termos
enriquecidos por um aposto.
a) Exame, uma conceituada revista, informa os leitores de questões nacionais relevantes.
b) Leitores, a revista está dedicada à discussão dos problemas brasileiros.
GABARITO
16. U.F. Santa Maria-RS “Da reunião em Londres participaram produtores de moda, jorna-
listas, representantes de agências de modelos e um seleto grupinho de adolescentes nor-
mais.”
Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações relacionadas ao período
em destaque.
( ) O verbo empregado na terceira pessoa do plural sinaliza a indeterminação do sujeito.
( ) Houve antecipação do objeto indireto do período como forma de realçá-lo.
IMPRIMIR
19. UFMT
( ) A regra “Quando o sujeito é expresso por número percentual ou fracionário, o verbo
concorda com o numeral” justifica as concordâncias verbais que ocorrem na 2ª parte
IMPRIMIR
do texto.
( ) A regência do verbo corresponder em …correspondem a 32% de todos os óbitos, na
3ª parte do texto, é a mesma que a gramática normativa indica para o verbo obedecer.
( ) A conjunção e, usada na primeira e na última frase, estabelece, em ambos os casos,
uma relação de explicação da oração anterior.
( ) A locução por problemas cardiovasculares expressa uma relação de causalidade nas
duas situações em que é usada (linhas 4 e 12).
21. UFF-RJ Assinale a opção em que o termo sublinhado não se vincula sintaticamente ao
substantivo que o antecede:
a) “esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis”
b) “Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão”
c) “a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela”
6 d) “quando nada mais é que a escrava dos vossos caprichos”
e) “trate-a como uma companheira da sua vida”
A seguir, assinale a seqüência correta que indica que a ação expressa na segunda
oração, em destaque, representa uma ação indesejável ou uma ameaça.
a) II e V
b) I e IV
c) II e III
d) III e IV
23. PUC-RJ Assinale a opção em que a oração sublinhada é uma oração adverbial com valor
de conseqüência.
a) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, sem que obtenha resultados mais eficazes.
IMPRIMIR
b) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, para obter resultados mais eficazes.
c) A psiquiatria tem repensado a noção de cura, obtendo, assim, resultados mais eficazes.
d) Como a psiquiatria tem repensado a noção de cura, tem obtido melhores resultados.
e) Sempre que a psiquiatria repensa a noção de cura, obtém resultados mais eficazes.
26. U. F. Uberlândia-MG “Ao se enviar uma carta através de alguém, imagina-se a pobre
pessoa, com uma carta atravessada no corpo.”
Assinale a alternativa que melhor corresponde ao trecho destacado acima.
a) Logo que se envia uma carta através de alguém…
b) Quando se envia uma carta através de alguém…
28. U. F. Juiz de Fora-MG No período “Vivemos ainda num ritmo de trabalho da época
industrial, quando a sociedade está na era dos serviços…”, a oração introduzida por “quan-
do” estabelece com a oração anterior uma relação semântica de:
GABARITO
a) causalidade.
b) concessividade.
c) condicionalidade.
d) anterioridade.
29. UFF-RJ “Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e
nós mudemos com elas.”
Assinale a opção em que, ao reescrever-se o fragmento acima, substituiu-se o conectivo
sublinhado por outro de valor condicional, fazendo-se alterações aceitáveis.
a) Fomos e seremos assim em nossa essência, porque as circunstâncias mudaram e nós
mudamos com elas.
IMPRIMIR
31. UFSC Assinale, dentre as proposições a seguir aquelas que apresentam correspondência
entre o(s) termo(s) sublinhado(s) e aquele que está entre parênteses e dê, como resposta, a
soma das proposições assinaladas.
(01) A nova Lei de Trânsito impõe aos motoristas novas regras. (objeto indireto)
(02) O processo foi-lhe favorável. (complemento nominal)
(04) A prova terminou muito cedo. (adjunto adverbial de intensidade)
(08) Dorme, cidade maldita, teu sono de escravidão. (aposto)
(16) Loja com nome estrangeiro paga mais imposto. (objeto direto)
(32) Estou certo de que ela passará nos exames (oração subordinada substantiva comple-
8 tiva nominal)
32. U. E. Londrina-PR “Como alguns moradores do vilarejo contam, muitos forasteiros per-
deram suas vidas tentando encontrar pedras preciosas.”
Em que alternativa a palavra como expressa a mesma relação de sentido que apresenta
acima?
a) O grande pacificador morreu como herói.
b) Como era um garoto muito peralta, acabou espatifando-se no chão.
c) Félix e o advogado encontraram-se ao amanhecer como haviam combinado ontem.
d) Como o céu estivesse recoberto de nuvens escuras, não fomos à praia.
e) O garoto voltou para a cidade como quem vai para a prisão.
33. U. E. Londrina-PR “Muitos resultados são imprevisíveis, mas os dados já obtidos, diz a
pesquisadora, ‘sem dúvida permitirão um desenvolvimento extraordinário, tanto na medi-
cina e na biotecnologia quanto na bioinformática’.”
GABARITO
35. Univali-SC
GABARITO
Assinale a alternativa que apresenta a correta relação de sentido que a oração “De acordo
com um estudo canadense feito com 34 casais” exerce no texto apresentado.
IMPRIMIR
a) Concessão.
b) Conformidade.
c) Proporção.
d) Conseqüência.
e) Condição.
37. FGV-SP Nos períodos abaixo, estão sublinhadas quatro orações subordinadas, na forma
reduzida.
Sendo o agregado homem de poucas palavras, entrou ele mudo e saiu calado.
Acabada a missa, o gerente do banco retornou a seu trabalho.
Conhecendo melhor a jovem, não a teria recomendado para o cargo.
Mesmo chorando a menina, seus lábios se abriram em amplo sorriso.
Assinale a alternativa que, na ordem, corresponda ao sentido das orações sublinhadas.
a) Embora o agregado fosse… / Depois que… / Porque conhecia… / Porque chorava…
b) Se o agregado fosse… / Porque a missa tinha acabado… / Embora conhecesse … /
10 Embora chorasse…
c) Porque o agregado era… / Quando a missa acabou… / Ainda que conhecesse… / Se
chorasse…
d) À medida que… / Quando a missa acabou… / Embora conhecesse… / Ainda que cho-
rasse…
e) Como o agregado era… / Logo que a missa acabou… / Se conhecesse… / Embora
chorasse…
38. Ceetps-SP Assinale a alternativa em que se encontra a oração subordinada grifada com o
mesmo valor semântico de “ao despedir-se do sol frio e gasto, o derradeiro homem há de
ter um relógio na algibeira”:
a) “sentado entre dous sacos, o da vida e o da morte, imaginava então um velho diabo”.
b) “porque o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nun-
ca”.
c) “quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal”.
GABARITO
39. FEI-SP Observe o trecho “(…) mas não vejo a fé. E por que não aparece a fé nesta casa?”
Os sujeitos dos verbos grifados são respectivamente:
a) sujeito inexistente e sujeito oculto.
b) sujeito composto e sujeito simples.
c) sujeito simples e sujeito composto.
d) sujeito simples e sujeito oculto.
e) sujeito oculto e sujeito simples.
IMPRIMIR
“A importância do conto popular em nossa cultura é tão forte que precisamos ter muito claro
o que se deve entender por popular, quando se trata de estudar gêneros literários.
Geralmente se entende por popular um tipo de criação rústica, caracterizada pela simplicidade
e pobreza expressiva. Talvez você mesmo pense assim. Mas, veja bem, se assim fosse, como se
justificaria a influência que a tradição popular exerceu e continua exercendo sobre a literatura e as
outras manifestações artísticas e culturais, inclusive aquelas de caráter eminentemente técnico?
Se este legado existe, é porque a cultura popular é algo muito mais rico do que podemos imagi-
nar.
Popular é, portanto, uma manifestação cultural de caráter universal, nascida de modo espon-
tâneo e totalmente indiferente a tudo que seja imposto pela cultura oficial. Também não pode ser
entendido como sinônimo de regional, pois isto eliminaria a tendência universalizante das mani-
festações populares. Quer dizer, as criações populares não conhecem normas nem limites. Elas
estão acima de qualquer tipo de aprovação social.
IMPRIMIR
O conto popular, embora tenha um caráter universal, seja uma criação coletiva e tenha vivido
muito tempo graças à transmissão oral, apresenta um modo narrativo que o singulariza diante de
outros tipos de narrativas. Com isso, é possível dizer que o conto popular é um gênero narrativo
que desenvolve traços que se repetem em histórias criadas nos mais variados locais e épocas. Suas
características composicionais não conhecem fronteiras de tempo nem de lugar.”
MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 28.
( ) A construção “eu não posso deixar de dizer” (verso 2) engloba três orações, porque
apresenta três verbos relacionados ao sujeito simples “eu”.
( ) A expressão “meu amigo” (verso 2), que está entre vírgulas, é um vocativo, ou seja,
refere-se às pessoas a quem o poeta se dirige.
( ) A oração “Que uma nova mudança em breve vai acontecer” (verso 3) classifica-se
subordinada objetiva direta, por exercer a função de objeto direto do verbo “dizer”
(verso 2).
GABARITO
( ) Aparecem quatro adjuntos adverbiais de tempo no quarto verso. São eles: “algum
tempo”, “jovem”, “novo” e “hoje”.
( ) O sujeito do verbo “precisamos” (verso 5) está oculto.
44. I.E.Superior de Brasília-DF Considere este período composto, extraído do livro Macu-
naíma, de Mário de Andrade, e julgue os itens quanto à organização das orações:
“Então a velha apeou do tapir e montou num cavalo gazeo — sarará que nunca prestou nem
prestará e seguiu.”
( ) O período é formado por cinco orações, dentre as quais, apenas duas são coor-
IMPRIMIR
O trecho abaixo foi retirado dos Parâmetros Curriculares Nacionais — Ensino Médio (Brasí-
lia, DF: Ministério da Educação, 1999, p. 133-4). Leia-o, com atenção, e responda às questões
propostas.
“Qualquer inovação tecnológica traz certo desconforto àqueles que, apesar de conviverem com
ela, ainda não a entendem. As tecnologias não são apenas produtos de mercado, mas produtos
de práticas sociais. Seus padrões são arquitetados simbolicamente como conteúdos sociais, para
depois haver uma adaptação mercadológica.
As tecnologias da comunicação e informação não podem ser reduzidas a máquinas; resultam
de processos sociais e negociações que se tornam concretas. Elas fazem parte da vida das pessoas;
não invadem a vida das pessoas. A organização de seus gêneros, formatos e recursos procura
reproduzir as dimensões da vida no mundo moderno, o tempo, o espaço, o movimento: o mundo
plural hoje vivido.
Novos modos de sentir, pensar, viver e ser, construídos historicamente, se mostram nos proces-
sos comunicativos derivados das necessidades sociais.
Cabe à escola o esclarecimento das relações existentes, a indagação de suas fontes, a consciên-
cia de sua existência, o reconhecimento de suas possibilidades, a democratização de seus usos.”
46. Unifor-CE Assinale a alternativa em que a oração sublinhada tem a mesma classificação
da sublinhada no período “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, é só
estimular o turismo.”
a) Os alunos dispuseram-se ao trabalho, tal qual o fizeram os professores.
b) O homem agiu com tanta integridade, que se tornou impossível seu desprestígio.
c) Muitos responderam ao inquérito, ainda que as condições para isso fossem precárias.
d) Despretensioso e paciente, o pai explicou que o filho cometera involuntariamente aque-
la falta.
e) Trata-se de uma portaria segundo a qual, satisfeitas as condições, será permitida a par-
ticipação dos alunos no campeonato.
IMPRIMIR
14 d) A adequação das cidades à nova realidade tornou-se uma necessidade urgente depois
que historicamente as cidades sempre foram geradoras de desenvolvimento mesmo sendo
centros industriais e comerciais, que concentram a prosperidade e o poder político,
tendo cada vez mais gente e menos emprego.
e) Como historicamente as cidades sempre foram geradoras de desenvolvimento, elas, as
cidades, têm cada vez mais gente e menos emprego, sendo centros industriais e comer-
ciais, que concentram a prosperidade e o poder político, onde sua adequação à nova
realidade tornou-se uma necessidade urgente.
48. Unifor-CE
No trecho “Deslocados por uma operação burocrática (...), a virgem e o carpinteiro José
aportam a Belém.” (Murilo Mendes), o emprego da forma “Deslocados...” deve ser enten-
dido como:
a) “Para que fossem deslocados...”
b) “Visto que fossem deslocados...”
c) “Depois que foram deslocados...”
GABARITO
49. U. Potiguar-RN
As pessoas, que nos maltratam, devem ser ignoradas, mesmo que essa atitude seja difícil.
Para que a oração grifada conserve seu sentido original, ela poderia ser redigida da seguin-
te forma:
a) ... desde que essa atitude seja difícil.
b) ... porque essa atitude é difícil.
c) ... a menos que essa atitude seja difícil.
d) ... por mais que essa atitude seja difícil.
IMPRIMIR
“TRANSAMARGURA
(...) Idealizada como um dos maiores símbolos da integração nacional, a Transamazônica co-
meçou a ser aberta há trinta anos, na condição de carro-chefe do projeto ‘Brasil Grande’, do
regime militar. (...). Em sintonia com o discurso ufanista da época, o governo prometia solene-
mente entregar ‘terra sem homens para homens sem terra’. Mais de um milhão de brasileiros
acabaram seduzidos pelas promessas redentoras daquela obra grandiosa, mas a estrada jamais
foi construída.”
Istoé, 11/10/2000.
52. UFPB
“... apesar de sua coragem indomável e de sua vontade poderosa, as forças estavam exaus-
tas.”
A idéia introduzida pela expressão sublinhada, no trecho acima, é mantida quando se
afirma que o personagem:
a) tinha coragem e as forças estavam exaustas.
b) tinha coragem e vontade para superar as forças exaustas.
GABARITO
55. Unifor-CE
“À medida que as sociedades se tornam mais ricas, o uso de máquinas na agricultura reduz
a necessidade de mão-de-obra; por conseguinte, a demanda por muitos filhos diminui...”
A frase destacada acima denota uma:
a) finalidade.
b) temporalidade.
c) condição.
d) proporcionalidade.
e) conseqüência.
16 56. UFF-RJ Os diversos tipos de relação sintática entre orações podem ser estabelecidos sem
conectivo explícito, através das formas de infinitivo, gerúndio ou particípio, como vemos
no seguinte exemplo:
“Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de Andrade como a linha horizontal de
um ângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo.”
Reconheça o tipo de relação sintática expressa pelo gerúndio sublinhado no período acima.
a) conclusão. d) mediação.
b) temporalidade. e) conformidade.
c) condicionalidade.
para exercerem cargos públicos, pois sendo colonizadas e subservientes — a preferência pelo
inglês não é gratuita — acabam por contribuir para que, no processo de globalização, entremos
completamente desqualificados, sem rosto, sem contribuição cultural...”
a) como. c) porque.
b) logo. d) então.
“Penso às vezes — dado que sou a divagações patrióticas — como seria benéfico ao país se
instituíssemos, como na antigüidade, jogos de circo.”
IMPRIMIR
Dando nova redação ao fragmento em destaque, sem alterar as relações semânticas nele
presentes, obtém-se:
a) conforme faço divagações patrióticas.
b) apesar de ter o costume de fazer divagações patrióticas.
c) embora tenha o costume de fazer divagações patrióticas.
d) porque tenho o costume de fazer divagações patrióticas.
60. Cefet-RJ Assinale a opção cuja expressão destacada tem valor sintático semelhante ao da
destacada em “ Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros do
que a asa da graúna.”
a) O cão que dorme na calçada acalmou-se, após a ventania.
b) Espiei os três cavaleiros, que permaneciam mudos sobre suas montarias.
c) Sinhá Vitória, que era a sofrida esposa de Fabiano, esticou o beiço, indicando vaga-
mente uma direção.
d) Marília, não perturbe o vaqueiro, porque ele precisa guardar o alheio gado.
e) Iracema tinha um desejo: que o guerreiro branco jamais retornasse à pátria.
61. UFR-RJ “... digo o que me pareceu...” Quanto à função sintática, os termos destacados
são, respectivamente:
17 a) objeto direto — objeto direto — objeto direto.
b) objeto direto — sujeito — objeto indireto.
c) sujeito — sujeito — complemento nominal.
d) objeto indireto — sujeito — objeto indireto.
e) adjunto adnominal — objeto indireto — objeto direto.
62. U. Uberaba-MG
No período “Hoje em dia, estamos sendo compelidos a consumir e, mesmo sem querer,
produzir nossas toneladas diárias de lixo”, a expressão em destaque estabelece uma relação de:
a) conclusão. c) condicionalidade.
b) causalidade. d) concessão.
“(...) só estando ao abrigo das necessidades (e do mau tempo) é que poderemos, com
calma e sapiência, manipular os peões, os cavalos e as rainhas deste grande país (...)”
65. U. E. Ponta Grossa-PR Considerando aspectos sintáticos dos períodos “Todo dia algum
biruta apresentava uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gra-
vidade e a prudência” e “A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do
desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução
inédito”, aponte as alternativas corretas.
01) Ambos os períodos são compostos.
02) O primeiro período se compõe de três orações coordenadas.
04) Os verbos empregados nas orações do primeiro período têm em comum o fato de
serem transitivos indiretos.
08) Na única oração que constitui o segundo período, o termo “tecnologia” funciona como
18 núcleo do sujeito simples.
16) No primeiro período, a conjunção “e”, empregada duas vezes, está separando orações
de igual valor e também termos de valor idêntico na mesma oração.
67. U. E. Ponta Grossa-PR Os períodos simples “Não existe um único líder no bando” e “As
GABARITO
chefias são formadas por até três animais” foram ligados passando a constituir um período
composto, sem prejuízo do sentido, em:
01) Não existe um único líder no bando, mas as chefias são formadas por até três animais.
02) As chefias são formadas por até três animais, de modo que não existe um único líder
no bando.
04) Não existe um único líder no bando e as chefias são formadas por até três animais.
08) Não existe um único líder no bando, embora as chefias sejam formadas por até três
animais.
16) Quando não existe um único líder no bando, as chefias são formadas por até três
animais.
IMPRIMIR
19 Está(ão) correta(s):
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) II e III.
69. U.F. Santa Maria-RS Classifique a oração introduzida pela palavra destacada em “Fi-
quei muito impressionada com a violência e a rivalidade que existe entre as tribos de
macacos”.
Identifique o período em que a palavra destacada introduz uma oração de mesma classifi-
cação.
a) Vi que a violência e a rivalidade existem entre as tribos de macacos.
b) Impressionou-me a informação que recebi sobre a violência e a rivalidade entre as
tribos de macacos.
c) A violência e a rivalidade são tão grandes entre as tribos de macacos que me impressi-
onei.
GABARITO
72. PUC-RJ “Contudo, se considerarmos que, até a década de 70, a maior parte dos transtor-
nos mentais resultava em importantes graus de permanente incapacitação — e isto não é
mais verdade —, há motivo para otimismo.” Assinale a alternativa correta.
a) O período contém uma oração adverbial de tempo.
b) O período contém uma oração objetiva indireta.
c) O período contém uma oração objetiva direta.
d) A oração principal do período é “e isto não é mais verdade”.
20 e) O período contém ao todo 5 orações.
73. PUC-RJ A oração reduzida no trecho “Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não
podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra…” encontra melhor paráfrase em:
a) malgrado os esforços de el-rei para que ficasse em Coimbra.
b) ainda que não pudesse el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra.
c) mas não pôde el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra.
d) para que el-rei não pudesse convencê-lo a ficar em Coimbra.
e) já que el-rei tentou convencê-lo a ficar em Coimbra.
75. U. Alfenas-MG
78. U. Uberaba-MG No trecho “Aqui, em Brasília, só misérias (…). Mas não é só em Brasí-
lia.”, a palavra mas está sendo empregada para indicar:
a) uma conclusão sobre argumento já apresentado.
b) uma conclusão contrária àquela já sugerida.
c) uma justificativa sobre argumento já apresentado.
d) um argumento a favor de uma mesma conclusão.
79. UFF-RJ
“Adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o signi-
ficado de um substantivo, qualquer que seja a função deste.”
GABARITO
Assinale a opção em que o termo sublinhado não exerce a função de adjunto adnominal.
a) “Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de
osso nos beiços.”
b) “E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos
de pau, que pareciam espelhos de borracha;”
c) “Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não
podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.”
d) “Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de
metal ou ferro; nem lho vimos.”
IMPRIMIR
e) “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem
das águas que tem.”
81. FEI-SP Observe o período: “ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos
frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião”. Assinale a alternativa que analise
corretamente a oração sublinhada:
a) oração coordenada sindética aditiva.
b) oração coordenada sindética adversativa.
c) oração subordinada substantiva objetiva direta.
d) oração subordinada adverbial temporal.
e) oração subordinada adjetiva explicativa.
22
82. FEI-SP Observe a oração: “alguns anos depois, a humanidade assistia atônita ao holo-
causto nuclear em Hiroshima e Nagasaki”. Assinale a alternativa que justifique correta-
mente a pontuação da oração:
a) ocorrência de um adjunto adverbial no início da oração.
b) ocorrência de vocativo.
c) ocorrência de aposto.
d) intercalação de uma oração subordinada adverbial.
e) intercalação de uma oração coordenada assindética.
83. FEI-SP Observe a oração: “Fabiano ia satisfeito”. O termo em destaque assume a função
de:
a) predicativo do sujeito.
b) objeto direto.
GABARITO
c) adjunto adverbial.
d) adjunto adnominal.
e) agente da passiva.
84. PUC/Campinas-SP “Conforme estava prestes a viajar para o exterior, não foi escolhida
para o papel, que era a mais indicada para representar aquele tipo de personagem.”
A frase acima está mal estruturada pelo uso inadequado das palavras assinaladas. Mantida
intacta a oração principal, alterações têm de ser feitas para que o texto adquira coerência.
Nesse caso, as palavras grifadas devem ser substituídas, respectivamente, por:
a) Assim que – ainda que.
IMPRIMIR
86. Fatec-SP Em “Dei de ombros, saí do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achan-
do-a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-
lhe e ela caiu”, a impressão de ação rápida e irrefletida deve-se, principalmente:
a) ao emprego de arcaísmos como “Dei de ombros”, “tornando lá” e “repelão dos nervos”.
23 b) ao arranjo das orações, predominantemente coordenadas e quase todas sem conjun-
ções.
c) a certas peculiaridades lingüísticas do texto, por exemplo “bati-lhe”.
d) ao uso de expressões como “repelão dos nervos” e “lancei mão”.
e) à utilização de orações adverbiais temporais reduzidas de gerúndio.
87. PUC-SP
entre o verbo faz e seu complemento verbal que a Senhora está longe de casa.
c) Em “Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, …” — a relação de subordinação
expressa a idéia de adição consecutiva.
d) Em “Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas
mastigando.” — a subordinação se dá entre o verbo sabe e seu sujeito representado pela
oração reduzida de infinitivo conversar com os outros.
e) Em “E comecei a sentir falta das primeiras brigas por causa do tempero na salada
— o meu jeito de querer bem.” — estabelece-se uma relação de condição — condi-
cionado.
IMPRIMIR
“Vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira.
O repórter Euclides viu muitas coisas na frente do combate.”
24 16. A frase “O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti” pode ser reescrita como “O
trigo, que é dourado, fará lembrar de ti”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“Essa é uma conquista deste século. Tem como marca a Semana de Arte Moderna de 1922, uma
espécie de grito de independência artística do país, cem anos depois da independência política.”
90. U.F. Santa Maria-RS Indique verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das alternativas
propostas.
( ) “Essa” é um pronome demonstrativo que retoma algo que foi expresso anterior-
mente e, na oração em que aparece, exerce a função sintática de sujeito.
( ) Não há necessidade de explicitar o sujeito no segundo período, o que o caracteriza
como uma oração sem sujeito.
( ) Para expressar uma definição pessoal da Semana de Arte Moderna, o autor utilizou
um aposto no segundo período.
GABARITO
A seqüência correta é:
a) V – V – F. d) V – F – F.
b) V – F – V. e) F – V – F.
c) F – V – V.
IMPRIMIR
O trecho que você leu faz parte de uma retrospectiva do século XX elaborada por jorna-
listas da revista Veja.
Analise as afirmativas que dizem respeito às expectativas criadas pela leitura do título,
do subtítulo e do primeiro período da reportagem.
I. O título utiliza o vocativo e o modo imperativo com a função de pôr em destaque o
destinatário da mensagem, estimulando-o a executar uma ação.
II. No título, foi usada a personificação ao se atribuir a um ser inanimado uma ação
própria do homem.
III. De acordo com o primeiro período, o artista brasileiro não precisa mais se preocupar
em seguir o ensinamento do dito popular “Não basta ser, é preciso parecer”.
Está(ão) correta(s):
25 a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) I, II e III.
GABARITO
IMPRIMIR
PERÍODOS SIMPLES E
COMPOSTO
91. A
PONTUAÇÃO
1. UnB-DF
“E dava-me mágoa essa inibição; as irmãs eram porém tão distantes, tão diferentes!”
IMPRIMIR
2. FGV-SP No texto, um termo deveria, de acordo com a norma culta, ter-se apresentado entre
vírgulas. Diga qual é esse termo e explique por que ele deveria ter vindo entre vírgulas.
4. UnB-DF
“A palavra e a publicidade
Hoje em dia, a publicidade tem sob sua responsabilidade o dicionário da linguagem universal.
Se ela, a publicidade, fosse Pinóquio, seu nariz daria várias voltas ao mundo.
‘Encontre a verdade’: a verdade está na cerveja Heineken. ‘Você deve apreciar a autenticidade em
todas as suas formas’: a autenticidade está na fumaça dos cigarros Winston. Os sapatos esportivos
Converse são ‘solidários’ e a nova câmara Canon chama-se Rebelde: ‘Para que você mostre do que
é capaz’. No novo universo da computação, a empresa Oracle proclama a revolução: ‘A revolução
GABARITO
está em nosso destino’. A Apple propõe a liberdade: ‘Pense diferente’. Comendo hambúrgueres
Burger King, você pode manifestar seu inconformismo: ‘Às vezes, é preciso romper as regras’. Con-
tra a inibição, Kodak, que ‘fotografa sem limites’. A resposta está nos cartões Dinners: ‘A resposta
correta em qualquer idioma’. Os cartões Visa reafirmam a personalidade: ‘Eu posso’. Os automóveis
Rover permitem que ‘você expresse sua potência’, e a empresa Ford bem que gostaria que ‘a vida
fosse tão bem feita’ como seu modelo mais recente. Não há melhor amiga da natureza que a Shell:
‘Nossa prioridade é a proteção do meio ambiente’. Os perfumes Givenchy oferecem ‘eternidade’; os
perfumes Dior, ‘fuga’; os lenços Hermès, ‘sonhos e lendas’. Quem não sabe que a ‘chispa da vida’
brilha em quem bebe Coca-Cola? Se alguém quiser saber, as fotocópias Xerox, ‘para compartilhar o
conhecimento’. Contra a dúvida, os desodorantes Gillette: ‘Para ter confiança em você mesmo.’”
GALEANO, Eduardo. “Algumas estações da palavra no inferno”. In: Palavra, nº 6, 9/99, p. 82 (com adaptações).
tituído por “Encontre-a”: ela está na cerveja Heineken, sem que se alterem as
relações de idéias e a clareza da mensagem transmitida.
( ) No segundo parágrafo, os dois-pontos foram usados várias vezes pelo autor como
recurso para estabelecer relações de sentido consideradas verdadeiras.
( ) No trecho “Os perfumes Givenchy (…) sonhos e lendas.”, a vírgula foi empregada
duas vezes para indicar a elipse do verbo significar.
( ) A expressão “Quem não sabe” tem a finalidade de explicitar que todo mundo sabe
brilhar, destacar-se.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
8. U. Alfenas-MG
10. PUC-RJ Assinale a alternativa em que o uso da vírgula é facultativo (desconsidere a pos-
sibilidade de substituir a vírgula por outro sinal).
a) “Oh! Como és linda, mulher que passas”.
b) “Teus sofrimentos, melancolia”.
c) “... filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas.”
4 d) “D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem
mofinos.”
e) “... meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência.”
11. Univali-SC Assinale a opção em que o emprego da vírgula foi corretamente justificado:
a) “De qualquer maneira, case-se; se conseguir uma boa esposa, você será feliz; se arran-
jar uma esposa ruim, você se tornará um filósofo.”
Sócrates, filósofo.
– as vírgulas foram usadas, respectivamente, para separar um aposto, uma oração ad-
verbial deslocada e um complemento nominal.
b) “Deus é contra a guerra, mas fica ao lado de quem atira bem.”
Voltaire, escritor.
– a vírgula foi empregada para isolar uma oração subordinada adverbial causal.
c) “De um bom elogio, posso viver dois meses.”
Mark Twain, escritor.
“Levantamento inédito com dados da Receita revela quantos são, quanto ganham e no que
trabalham os ricos brasileiros que pagam impostos. (…)
Entre os nove que ganham mais de 10 milhões por ano, há cinco empresários, dois empregados
do setor privado, um que vive de rendas. O outro, quem diria, é servidor público.”
Veja, 12/7/2000.
16. UFSC Observe o período abaixo e assinale a(s) proposição(ões) em que o mesmo foi
reescrito CORRETAMENTE.
GABARITO
“… Após quase um século de navegação atlântica, o surgimento dessa gaivota era tido
como indício de que, muito em breve, algum marinheiro de olhar aguçado haveria de
gritar a frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar: ‘Terra à vista!’”
(01) O surgimento dessa gaivota era tido, após quase um século de navegação, como indí-
cio de que muito em breve, algum marinheiro de olhar aguçado haveria de gritar:
“Terra à vista!”, a frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar.
(02) “Terra à vista!” Algum marinheiro de olhar aguçado haveria de gritar, muito em breve,
a frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar. O surgimento dessa gaivota
era tido como indício de tal fato, após quase um século de navegação atlântica.
(04) Após quase um século, de navegação atlântica, o surgimento dessa gaivota era, tido
como indício de que, muito em breve, algum marinheiro haveria de gritar “Terra à
vista”, de olhar aguçado, a frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar.
(08) O surgimento dessa gaivota, após quase um século de navegação atlântica, era tido
IMPRIMIR
como indício de que, muito em breve, algum marinheiro de olhar, aguçado haveria de
gritar, a frase, mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar: “Terra à vista”.
(16) A frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar é: “Terra à vista!” Após quase
um século de navegação atlântica, o surgimento, dessa gaivota, era tida como indício de
que, muito em breve, algum marinheiro de olhar, aguçado, haveria de gritá-la.
(32) Após quase um século de navegação, atlântica, o surgimento dessa gaivota era tido,
como indício de que muito, em breve, algum marinheiro de olhar aguçado, haveriam
de gritar a frase mais aguardada: “Terra à vista!” pelos homens que se fazem, ao mar.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
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17. Unipar “Nossos celulares, tem uma coisa que os outros não tem: dupla cobertura.”
Na mensagem publicitária acima, percebem-se, segundo as regras da norma culta, erros de:
a) regência e pontuação.
b) concordância e pontuação.
c) flexão verbal e regência.
d) regência e ortografia.
e) concordância nominal e pontuação.
18. UFMT
“A disciplina do amor
Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os
dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das
seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanha-
va-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas
que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos
mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu
dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa
que o cachorro desistiu de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar
6 ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a
presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida nor-
mal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio
preso à pata, voltava ao seu ponto de espera. O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno
coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quan-
do ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Com o
passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram esquecendo do jovem soldado que
não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os
amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) con-
tinuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está espe-
rando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.”
Lygia Fagundes Telles.
19. UEMS Relacione as regras do primeiro bloco com o emprego da vírgula no segundo
bloco:
I. Usa-se a vírgula para separar as conjunções deslocadas.
II. Separa-se por vírgula o aposto.
III. O vocativo deve vir separado por vírgula.
IV. O adjunto adverbial deslocado é marcado por vírgula.
V. Usa-se a vírgula para separar termos de mesma função sintática.
a) Colega, já é hora de darmos o fora. ( )
b) Veja estampou na capa o líder do MST, João Pedro Stedile, com uma expressão nada
amigável. ( )
IMPRIMIR
c) Em junho de 1998, Veja pintou um retrato bem mais realista dos Sem-Terra. ( )
d) Polícia para os Pataxós, polícia para os Sem-Terra, … polícia para todos os que são
contra. ( )
e) … o MST, porém, há de contentar-se com o país que temos. ( )
A seqüência numérica que responde corretamente o exercício acima é:
a) II, III, IV, V, I. d) III, II, IV, I, V.
b) III, II, IV, V, I. e) I, II, IV, V, III.
c) IV, III, II, V, I.
22. U. Salvador-BA
I. “Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque
de pudor, me surpreendendo, assim, a escolher um pano colorido para amarrar no
pescoço.”
II. “Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher, que mais?”
III. “Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa.”
IV. “E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.”
V. “Que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre
grilos e vozes distantes de animais noturnos.”
GABARITO
“A literatura sempre antecipa a vida. Não a copia, amolda-a aos seus desígnios.”
Oscar Wilde, 1854-1900.
“Uma vasta memória não faz um filósofo, assim como a um dicionário não se pode dar o nome
de gramática.”
J. Henry Newman, 1801-1890.
O uso da vírgula nas citações acima está correto e, respectivamente, justificado na alterna-
tiva:
a) Para separar orações subordinadas substantivas, orações de mesma função sintática e
orações adjetivas explicativas.
b) Para separar orações coordenadas assindéticas, orações subordinadas e orações coorde-
nadas sindéticas adversativas (no caso, adversativa).
c) Para separar orações coordenadas sindéticas, orações subordinadas antepostas à princi-
pal e orações coordenadas sindéticas aditivas.
d) Para separar orações coordenadas, orações subordinadas antepostas e termos de mesma
8 função sintática.
e) Para separar orações coordenadas sindéticas aditivas, orações coordenadas de mesma
função sintática e orações adjetivas restritivas.
compilados por Eduardo de Alencar, Nova Letra, 1999. Identifique em qual opção a justi-
ficativa do uso da vírgula está correto:
a) “O homem, que se vende, recebe sempre mais do que vale.” – Barão de Itararé.
(anteceder conjunções coordenativas);
b) “A mais árdua tarefa das crianças, hoje em dia, é aprender boas maneiras sem ver ne-
nhuma.” – Fred Astaire.
(separar elementos de mesma função sintática);
c) “Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.” – Sigmund
Freud.
(isolar termos e expressões explicativas);
d) “O pessimismo vem do humor. O otimismo, da vontade.” – Émile Auguste Chartier.
IMPRIMIR
9
GABARITO
IMPRIMIR
PONTUAÇÃO
1. F-V-F-V-V
2. O termo que deveria estar entre vírgulas é “porém”. Como a conjunção adverbial foi des-
locada para o interior da frase, deve estar entre vírgulas.
1 3. B
4. F-F-F-F
5. E
6. D
7. E
8. D
9. A
10. E
11. E
12. B
GABARITO
13. 30
14. E
15. a) Sim, a presença ou ausência de vírgulas no trecho afeta o sentido. Como está, ou seja,
sem vírgulas, entende-se que nem todos os brasileiros ricos pagam impostos; trata-se de
uma oração adjetiva restritiva.
Se houvesse uma vírgula após brasileiros (“os ricos brasileiros, que pagam impostos”) a
oração seria adjetiva explicativa, ou seja, entenderia-se que todos os brasileiros ricos pa-
gam impostos.
b) Trata-se de uma informação exterior à informação básica do texto, uma interferência de
quem o escreveu. Por isso, está intercalada, ironizando o que está sendo dito.
16. 02
17. B
18. F-F-V
19. B
20. E
21. B
22. D
23. E
24. B
25. B
26. D
IMPRIMIR
27. B
CONCORDÂNCIA
E REGÊNCIA
1. UFMS-Modificada Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(01) De acordo com a norma culta, tanto em Chega um momento que você pára de acredi-
tar… quanto em Tem um momento que você percebe…, o pronome relativo que deve-
ria ter vindo acompanhado da preposição em.
(02) O uso de ter (no exemplo acima), impessoal, por haver, existir, é muito comum na
fala diária, embora não seja recomendado pela gramática normativa, que regulamen-
ta a norma culta.
(04) Em pára (mesmo exemplo) o acento diferencial foi usado por ser essa forma verbal
uma palavra paroxítona, ao contrário da preposição para.
1 (08) Em homens de verdade e sapatinho de cristal as locuções adjetivas em negrito po-
dem ser substituídas, respectivamente, por verdadeiros e cristalino, sem que haja
qualquer alteração de sentido.
(16) Os verbos acreditar, exigir e perceber possuem a mesma regência verbal.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
2. UnB-DF
profissional habilitado, que irá fazer uma avaliação da pessoa e indicar qual é o esporte ideal para ela.
O indivíduo com o hábito de fazer exercícios tem muito mais vigor para realizar as atividades da
vida diária. Subir escadas, correr para alcançar o ônibus ou simplesmente varrer a casa podem se
tornar tarefas menos desgastantes para aqueles que têm um bom condicionamento físico.”
Zero Hora, 16/9/2000.
“Cena IV
Carlos entra pelo fundo, apressado; traz o hábito roto e sujo.
Carlos — Não há grades que me prendam, nem muros que me retenham. Arrombei grades,
saltei muros e eis-me aqui de novo. E lá deixei parte do hábito, esfolei os joelhos e as mãos. Estou
em belo estado! Ora, para que ateimam comigo? Por fim lanço fogo ao convento e morrem todos
os frades assados, e depois queixem-se. Estou no meu antigo quarto, ninguém me viu entrar. Ah,
que cama é esta? É a da tia… Estará… Ah, é ela… e dorme… mudou de quarto? O que se terá
passado nesta casa há oito dias? Estive preso, incomunicável, a pão e água. Ah, frades! Nada sei.
O que será feito da primeira mulher do senhor meu tio, desse grande patife? Onde estará a
prima? Como dorme! Ronca que é um regalo! (Batem palmas) Batem! Serão eles, não tem dúvi-
da. Eu acabo por matar um frade…”
desinência verbal que estabelece coerência, textualmente, pela coesão referencial com
a palavra tia.
( ) O verbo ser, usado no futuro do presente do indicativo na frase “Serão eles, não tem
dúvida.”, poderia, sem provocar alteração de sentido, ser usado no presente do indi-
cativo.
6. UFSE No que se refere à concordância, o termo grifado está empregado corretamente em:
a) As leis do futebol, que sofrem controle da CBF, é reticente em alguns pontos.
b) A obtenção do título de campeão do futebol é tido como justificativa para certas atitu-
des indesejáveis.
c) Quando se trata de reportagem que se sujeita à avaliação da torcida, os jogadores ficam
temerosos.
3 d) A publicação dos códigos de ética específicos de cada modalidade esportiva dependem
da verba disponível.
e) O técnico afirma que não tem idéia das penalidades legais ao qual está sujeito.
7. Unifor-CE As lacunas da frase “... que ...... no bolso da camisa muitos computadores”
estão corretamente preenchidas em:
a) Consta – haverá de caber
b) Constam – haverão de caberem
c) Constam – haverão de caber
d) Consta – haverá de caberem
e) Consta – haverão de caber
11. Emescam-ES A uniformidade de tratamento, exigida pela norma culta, não está respeita-
da em:
a) Quando vieres, certamente ficará muito feliz com a beleza de nossa cidade e a simpatia
do nosso povo. Seja bem-vindo!
b) Venha o mais rápido possível, e eu o apresentarei aos nossos amigos.
c) Não tenhas receio; vem rápido!
d) Não se preocupe com possíveis assaltos; mas, caso eles ocorram, não reaja.
e) Faça boa viagem; venha descansada.
12. Emescam-ES O princípio da concordância nominal não foi levado em consideração em:
4 a) Os governantes, infelizmente, se esquecem de que eles próprios são povo.
b) Cuidado, embora possam parecer, elas não são nenhumas doidas.
c) Fiquem alertas, porque nem sempre as promessas são cumpridas.
d) Não se preocupe, Joana mesma fará a comunicação oficial.
e) A encomenda, com alguns bilhetes anexos, foi enviada ontem de manhã.
13. PUC-PR Se passarmos a palavra destacada de cada frase abaixo para o singular:
I. Novos programas oferecem viagens à fronteira do espaço e às profundezas do oce-
ano.
II. Os presos podem receber suas mulheres... enquanto seus companheiros respeitam
religiosamente o encontro dos “pombinhos”.
III. Os detentos pagam dívidas em maços de cigarros, freqüentam igrejas...
IV. As paredes da casa de detenção, como se pode supor, têm ouvidos.
V. Os presos encontram diversas maneiras de driblar o baixo-astral que reina na casa da
GABARITO
detenção.
Devem ser modificadas, além da destacada, para que se faça a concordância (nominal e
verbal) de forma correta:
I. na frase I, mais duas palavras.
II. na frase II, mais quatro palavras.
III. na frase III, mais cinco palavras.
IV. na frase IV, mais três palavras.
V. na frase V, mais duas palavras.
Estão corretas:
a) apenas I, II e V.
IMPRIMIR
15. Unipar Hoje ........ com absoluta segurança que dois terços do planeta ......... de água, mas
antigamente nem 1% da população ......... esse fato.
a) sabem-se, são cobertos, conhecia.
b) sabe-se, é cobertos, conhecia.
c) sabe-se, é coberto, conheciam.
d) sabem-se, são cobertos, conheciam.
e) sabe-se, são cobertos, conhecia.
“Além da Imaginação
Ricardo Villela
Imagine-se livre da força da gravidade, flutuando sem peso algum, com os pés no teto e a
cabeça rente ao piso do avião. Ou no mar, a bordo de um submersível, a 180 metros de profundi-
dade, rodeado por tubarões pré-históricos. Se a emoção ainda é pouca, embarque no mais veloz
jato da Força Aérea Russa, numa velocidade mais de duas vezes superior à do som, e aviste a
curvatura da Terra pela janela. Até há algum tempo, aventuras desse calibre eram exclusividade de
cientistas, militares ou astronautas. Hoje, qualquer pessoa com alguma coragem e muito dinheiro
no bolso pode embarcar nesse tipo de programa, que não deixa nada a dever aos filmes de ação.
Assessoradas por profissionais experientes ou mesmo associadas a agências governamentais de
pesquisa, empresas de turismo criaram pacotes com viagens incríveis.”
Veja, 26-09-98.
17. UFRS Em “Tudo isso parece exagerado e, no Brasil, é apresentado como ridículo”, se
substituíssemos a expressão Tudo isso por Esses fatos, quantas outras palavras da frase
teriam de sofrer ajustes de concordância?
a) Uma.
b) Duas.
c) Três.
IMPRIMIR
d) Quatro.
e) Cinco.
7 a) Supõem-se que as notícias de jornal correspondem à objetividade que está nos fatos,
mas logo salta aos olhos as interferências de quem os colheu, de quem redigiu e de
quem editou a matéria.
b) Quaisquer notícias, em qualquer meio de comunicação, traz consigo a marca subjetiva de um
ângulo adotado, determinante para que se interprete os fatos desta e não daquela maneira.
c) O prestígio das palavras impressas não raro dotam as notícias de uma aparência de
verdade tão indiscutível que a veracidade dos próprios fatos fica num segundo plano.
d) Dar como verdadeiro, num noticiário, toda e qualquer informação divulgada, é renunci-
ar à análise e interpretação própria — operações a que não se devem furtar.
e) Não se abra mão de bem avaliar, nas notícias, os interesses de quem as propaga já que
por trás da suposta objetividade do noticiário atuam as intenções de quem as manipula.
25. Fuvest-SP A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância verbal
recomendada pela norma culta é:
a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela Unesco, aumenta as chan-
ces de preservação e sustentação por meio do ecoturismo.
b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos últimos dias inscre-
GABARITO
26. PUC/Campinas-SP A frase em que a concordância está de acordo com o padrão culto
escrito é:
a) O povo daquela cidade ribeirinha, diante da previsão de enchente, mobilizaram-se no
sentido de reforçar os diques recém-construídos.
b) A principal associação que temos neste bairro também defendem a abertura das escolas
IMPRIMIR
28. UFMS O anúncio que segue apresenta vários desvios em relação à norma culta, principal-
mente na sua modalidade escrita. Leia-o com atenção.
“TENS PROBLEMAS?
A solução está em suas mãos. Caro Leitor, estás desiludido, desanimado, desorientado, tens
caso íntimo à resolver, muita inveja, mau olhado no amor, nos negócios, no seu trabalho, tens
amor não correspondido, ou rompido, fazer voltar alguém à sua companhia ou qualquer assunto
lhe preocupe. Pode ser um mal espiritual e você não sabe. Tire um tempo para você mesmo, faça
agora mesmo sua consulta com a PROFª BEATRIZ (a mais célebre da América do Sul), em apenas
uma consulta de poucos minutos a PROFª BEATRIZ através de Búzios e Tarô (cientista em grafo-
logia e astrologia), ela lhe dará a solução dos seus problemas, e depois você verá a vida de outra
maneira porque a vida é boa, mas às vezes pessoas atrapalham a nossa vida.
JOGA-SE BÚZIOS E TARÔ.”
“Carta
Pero Vaz de Caminha
1 Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos,
2 até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista,
3 será tamanho, que haver nela, bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao
4 longo do mar em algumas partes longas barreiras, umas vermelhas e outras
5 brancas; e a terra de cima, toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a
6 ponta, é toda a praia muito chã e muito formosa. Pelo sertão, nos pareceu vista do
7 mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver, senão terra e
8 arvoredos — terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se
9 há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou ferro, nem lha vimos. Contudo a
10 terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como o de Entre-Douro-e-
11 Minho, porque neste tempo de agora assim os achávamos como os de lá. Águas são
12 muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela
13 tudo, por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar,
14 parece-me que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que Vossa
15 Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui
16 esta pousada para esta navegação de Calicute bastava; quanto mais disposição
17 para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber,
9 18
19
acrescentamento da nossa fé! E desta maneira, dou aqui a Vossa Alteza conta do
que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe, porque o desejo
20 que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. É pois que, Senhor, é
21 certo que tanto neste cargo que me elevo como em outra qualquer coisa que de
22 Vossos serviços for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço
23 que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge Osório,
24 meu genro — o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza.
25 Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de
26 maio de 1500.”
29. AEU-DF Julgue os itens a seguir, em relação à teoria lingüística e aos aspectos gramati-
cais.
( ) A expressão “de mim” (l. 22) é agente da voz passiva.
( ) Na realidade, pelo tratamento no texto, a Carta de Caminha não é dirigida diretamen-
te ao rei D. Manuel I (Vossa Majestade), mas à rainha ou a uma princesa, como o
“Ela” (l. 19, 22 e 24), o “Vossa Alteza” (l. 15, 17, 18, 22 e 24) e o “muito bem
servida” (l. 22) parecem indicar.
GABARITO
32. Unifor-CE Nas frases que seguem, a concordância está feita com desrespeito à norma
culta em:
a) Meus amigos estavam ofendidos porque os jornais os chamaram de boas-vidas.
b) Alguns homens ricos conseguiram tornar melhor as condições de vida da sociedade em
que viviam.
c) Foram eles homens que passaram a vida lutando por seus ideais.
d) Queixam-se porque as operárias estão mal vestidas, as lavadeiras cheiram a gim, as
costureiras são anêmicas.
e) As condições de vida deveriam ser boas para todos; o que é insultuoso é que elas o
sejam apenas para alguns.
10 33. Unifor-CE A concordância está feita de acordo com a norma culta em:
a) Existe escritores que deixam de escrever por preguiça ou, até mesmo, por falta de
talento.
b) Essas narrativas ia-me parecendo cada vez mais difícil.
c) Naquela época de opressão censurava-se quaisquer vestígios de opinião contrária à lei.
d) Havia algumas notas que foram inutilizadas.
e) Um ou outro escritor pode desfrutarem de liberdade completa para escrever suas obras.
34. Unifor-CE Nas frases, em relação à concordância, há transgressão da norma culta em:
a) Trata-se de interesses ligados ao acervo dos museus.
b) Consideram-se questões concernentes ao culto da arte.
c) Os museus são monumentos; convém conservá-los.
d) São convenientes medidas favoráveis à valorização dos museus.
e) Seria inevitável as visitas obrigatórias aos museus.
GABARITO
35. UFMG Em todas as alternativas, os trechos citados rompem com a norma escrita culta do
português do Brasil, exceto em:
a) À noite caçava seu de-comer nas grotas. (Manoel de Barros)
b) Em tanto que se esquisitou. (Guimarães Rosa)
c) Eu fui avuando. (Carolina Maria de Jesus)
d) Faz três dias que não como. (Mário de Andrade)
36. F. I. de Vitória-ES Assinale o único item em que a concordância verbal é adequada, segun-
do a norma culta:
a) Aviso aos leitores em débito: favor dirigirem-se à biblioteca.
IMPRIMIR
III. Na substituição de necessário por indispensável, poderia ser mantida a crase, pois
não haveria mudança em relação à exigência de preposição.
IV. A substituição de se familiarizado por conhecido implicaria a manutenção da prepo-
sição com.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
IMPRIMIR
40. FGV-SP Em somente uma das alternativas abaixo não há erro de concordância. Assina-
le-a.
a) O retorno dos homens, velhos e jovens, que se haviam debandado para além dos mor-
ros, ajudaram as mulheres a manter a plantação.
b) Os casos que Augusta relatava — os quais, por sinal, de fato aconteceu — deixavam
todos boquiabertos.
c) Depois disso, ficou acertado entre os dois a forma de pagamento das parcelas.
d) Resolveram-se as pendências mais rapidamente do que se esperava.
e) Aos olhos de tia Lalita, o encontro de Tina com José os tornavam prontos para o
GABARITO
namoro.
“Tecnologia
Hackers invadem a rede de computadores da Microsoft
27-out-2000
Direção da maior empresa de softwares do mundo descobriram que invasores tiveram acesso
aos códigos produzidos pela companhia e chamam o FBI para ajudar nas investigações.”
Veja online – Notícias Diárias.
41. U. F. São Carlos-SP No trecho reproduzido, incorre-se num erro gramatical, por conta
IMPRIMIR
44. PUC/Campinas-SP A frase em que a regência verbal e a regência nominal estão INCOR-
RETAS é:
a) Angustiada contra o sofrimento do filho, imaginou de recorrer a outro especialista.
b) A hesitação em defendê-la contra as maledicências propiciou a ela um bom motivo
para romper o noivado.
c) Vendo-a ferida pelos espinhos, encharcou o lenço com água fresca e ofereceu-lho.
GABARITO
d) Ele foi bastante simples no falar, mas persuadiu os jovens a voltarem depois.
e) Estavam habilitados para discutir o fato e, além disso, eram muito competentes naquela
matéria.
45. Fuvest-SP A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à regência (nominal e
verbal) recomendada pela norma culta é:
a) O governador insistia em afirmar que o assunto principal seria “as grandes questões
nacionais, com o que discordavam líderes pefelistas.
b) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do qual nem sequer pediu para
integrar, a situação dos outros países passou despercebida.
c) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a dedo aonde trabalhar, priori-
zando à empresas com atuação social.
IMPRIMIR
d) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um morador não muito cons-
ciente com a limpeza da cidade.
e) O roteiro do filme oferece uma versão de como conseguimos um dia preferir a estrada
à casa, a paixão e o sonho à regra, a aventura à repetição.
47. PUC-RS A frase que atende plenamente aos padrões da norma culta escrita da língua, em
termos de regência verbal, é:
a) Desafiado pelo grupo, o adolescente preferiu agir de forma violenta do que ser conside-
rado covarde.
b) A cena a que os transeuntes assistiram espantados parecia extraída de um filme de
terror.
c) Desde criança, o jovem sempre tinha aspirado liderar seu grupo de amigos, mas nunca
foi reconhecido como tal.
d) A situação chegou num ponto que já ninguém pode ignorar o que está acontecendo.
48. U. E. Londrina-PR Indique a ÚNICA frase que apresenta regência recomendada pela
norma culta:
a) O rapaz insistiu no convite à moça de tanga, mas ela lhe ignorou.
b) A jovem argumentou de que já tinha namorado.
c) O tecido que era feito a tanga mostrou-se transparente quando ela entrou no mar.
d) O filtro solar com o qual pretendia prevenir-se a queimaduras estava vencido.
e) O texto considera agressão às pessoas o exagero de certas tangas.
49. Unifor-CE
“... não se contentam com belas casas.”
O verbo que apresenta o mesmo tipo de regência encontrado na frase acima é:
GABARITO
50. Unifor-CE
Reestruturando o fragmento Escrever impede a conjugação de tantos outros verbos, a
frase INCORRETA em relação à regência do verbo impedir é:
a) impede-lhes a conjugação.
IMPRIMIR
b) impede-os de se conjugarem.
c) impede-os conjugarem-se.
d) impede-lhes conjugarem-se.
e) impede-os da conjugação.
52. UFPE Assinale a alternativa em que as normas de regência, verbal e nominal, não foram
inteiramente cumpridas.
a) O vocabulário e a sintaxe de que se utilizavam muitos autores modernistas constituem,
muitas vezes, uma linguagem mais difícil do que a linguagem culta.
b) Alguns dos modernistas não repudiavam aos clássicos, nem lhes imitavam, mas conse-
guiam renovar o idioma sob a influência da língua falada.
c) No Brasil há muitas literaturas regionais que exibem as características da fala local a que
procuram ser fiéis.
d) Os defensores de uma literatura regional procuram sempre apresentar explicações e
evidências que lhes apoiem os argumentos.
15 e) A aprendizagem de uma língua se faz, também, lendo-se autores com que se possa
aprimorar e fortalecer a experiência pessoal.
53. Unifor-CE Mantido o sentido original de querendo-a aproveitar, está correta a regência
em:
“A terra em si é de muitos bons ares. (...). E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar...”
Moacyr Scliar.
a) querendo-lhe aproveitar.
b) querendo tirar-lhe proveito.
c) querendo aproveitá-la.
d) querendo aproveitar-lhe.
e) querendo tirar proveito a ela.
GABARITO
54. Emescam-ES A transformação das frases 1 e 2, para formar a frase 3, não é aceitável em:
a) 1. Eu conheço uma oficina especial.
2. Essa oficina faria o trabalho com perfeição.
3. Eu conheço uma oficinal especial que faria o trabalho com perfeição.
b) 1. O rapaz é um atleta.
2. Antônio esteve com o amigo desse rapaz.
3. O rapaz, com cujo amigo Antônio esteve, é um atleta.
c) 1. A estrada foi o cenário do crime.
2. Nós estivemos próximo da estrada.
3. A estrada, que nós estivemos próximo, foi o cenário do crime.
d) 1. A razão é irrefutável.
IMPRIMIR
57. PUC-RJ A frase destacada no trecho abaixo pode causar alguma estranheza, especial-
mente considerando-se que integra texto escrito. Reescreva-a de modo a eliminar as
inadequações, relacionadas à regência verbal.
58. U. Alfenas-MG
“Já se sabe que o necrológico é de Baby, a elefantinha ____ morreu de infecção na garganta.
Esses animais são rústicos e delicados, e se no meio nativo se alimentam de plantas espinhentas,
____ contato fugimos, padecem entretanto dos mesmos males ____ padecemos, e têm, tanto
quanto nós, a desvantagem de uma sensibilidade _____ se ajustaria melhor ao nosso corpo que
ao deles, ao passo que a nossa poderia chamar-se mais precisamente elefantina.”
61. Cefet-PR
“O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando cuidar, investir e priorizar a
educação.”
O texto acima não está redigido em consonância com a norma culta da língua portuguesa.
Assinale a alternativa em que os problemas de regência verbal foram todos corrigidos.
a) O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando cuidar da educação,
investir e priorizá-la.
GABARITO
b) O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando cuidar, investir na
educação e priorizá-la.
c) O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando priorizar a educação,
cuidar e nela investir.
d) O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando priorizar a educação, dela
cuidar e nela investir.
e) O Brasil só vai conseguir sair da grave crise em que está quando investir na educação,
cuidar e priorizar.
62. Univali-SC O emprego adequado da preposição é uma das dificuldades encontradas no dia-
a-dia. Dentre os trechos jornalísticos que seguem, identifique a correta regência verbal.
IMPRIMIR
“Sítio Bom Jardim apresenta Forró Sertanejo com a banda Casa Nova, no dia 30 de outubro, a
partir das 21 horas. Mulher acompanhada até 24 horas não paga. Venha e participe desta festa.”
Jornal Vale ADC’S, out./1999, adaptado.
64. Fuvest-SP “O 15 dá 10% de desconto nas chamadas para as 3 cidades que você mais
liga”.
Há na frase acima um desvio da norma padrão semelhante ao que ocorre em
a) “Pearl – Essas feras tem nome!”
b) “Baked Potato – A batata que o mundo gosta.”
c) “Nortel – A força por tráz da sua comunicação.”
d) “Festival de Cervejas e Frios no Sé – Agora já sei porque preferem as loiras.”
e) “Coca-Cola 600 ml – Perfeita prá ter em casa. Pede ela!”
18 65. Fuvest-SP No texto abaixo sobre as eleições em São Paulo, há ambigüidade no último
período, o que pode dificultar o entendimento.
“Ao chegar à Liberdade*, a candidata participou de uma cerimônia xintoísta (religião japonesa
anterior ao budismo). Depois, fez um pedido: ‘Quero paz e amor para todos’. Ganhou um presen-
te de um ramo de bambu.”
Folha de S. Paulo, 9/7/2000, adaptado.
A ambigüidade deve-se
a) à indequação na ordem das palavras.
b) à ausência do sujeito verbal.
c) ao emprego inadequado dos substantivos.
d) ao emprego das palavras na ordem indireta.
e) ao emprego inadequado de elementos coesivos.
GABARITO
66. FGV-SP Assinale, abaixo, a alternativa em que a ordem das preposições complete ade-
quadamente as lacunas.
• O automóvel …… cujas rodas falei já foi vendido.
• O terreno …… cuja compra me referi foi vendido ontem.
• É uma empresa …… cujas reuniões participo.
• A encomenda …… cujo portador eu esperava, chegou atrasada.
• Esta é uma firma …… cujos produtos trabalho.
a) De / a/ de / por / com.
b) Em / de / a / com / com.
IMPRIMIR
c) De / a / a / por / com.
d) A / com / a / sobre / de.
e) Por / ante / contra / para / perante.
“O que é mais importante? Combater a pobreza ou preservar a liberdade? Acertou quem res-
pondeu as duas. Basta ler o prêmio Nobel Amartya Sen, que não tem feito outra coisa senão
estudar a difícil relação entre ética e economia. A maioria de seus estudos diz respeito à pobreza
e à desigualdade. Se há um intelectual que entende de pobreza e de desigualdade é ele. E a
miséria extrema tem sido sua principal preocupação.”
“O barco de Hagar se comporta exatamente como um personagem da tira. Pelo menos provoca
tantas risadas como qualquer outro. O barco quebra o regulamento, reage ao perigo e desobede-
ce …… ordens dadas com a mesma falta de disciplina e bravura que os membros da tripulação. A
vida no mar é dura, particularmente com Hagar de capitão. Ele acredita piamente que o mundo é
um cubo perfeito com lados gotejantes e nada abaixo. Apesar da ciência nos dizer que isso não é
verdade, temos que nos lembrar …… o mundo não tem a mesma forma que tinha …… mil anos.
Tudo se inflou, inclusive o cubo.”
BROWNE, D. Hagar, o horrível. Porto Alegre: L&PM, 1986.
69. U. Caxias do Sul-RS Observe os enunciados que relatam a fala do personagem da tira.
I. Um dos membros da tripulação informou Hagar de que o barco estava naufragando.
II. Um dos membros da tripulação comunicou Hagar que o barco estava naufragando.
III. Um dos membros da tripulação avisou a Hagar que o barco estava naufragando.
IMPRIMIR
20
GABARITO
IMPRIMIR
CONCORDÂNCIA
E REGÊNCIA
1. 03
1 2. V-V-V-F
3. 18
4. V-F-F-V-V-V
5. A
6. C
7. E
8. E
9. A
10. D
11. A
GABARITO
12. D
13. A
14. “Foram aprovados na Câmara e seguem para o Senado estudos que prevêem a falta ao
trabalho, um dia por ano, para realizar o exame preventivo de câncer ginecológico.”
15. E
16. D
17. E
18. C
19. B
20. E
21. C
22. E
23. C
24. E
25. A
26. C
27. 14
28. 81
29. V-F-F-F-F
30. B
31. E
IMPRIMIR
32. B
33. D
34. E
35. D
36. E
37. A
60. C
61. D
62. E
63. a) “Mulher acompanhada até 24 horas não paga”.
b) Considerando-se o contexto em que se encontra a frase, pode-se ter as seguintes inter-
pretações:
— Até às 24 horas, a entrada é gratuita às mulheres que estiverem acompanhadas.
— A entrada é gratuita às mulheres que estiverem acompanhadas por até 24 horas.
64. B
65. E
66. A
67. D
68. O combate da pobreza ou a preservação da liberdade? / Basta a leitura do prêmio Nobel
Amartya Sen, que não tem feito outra coisa senão o estudo da difícil relação entre ética e
economia.
69. B
70. A
IMPRIMIR
CRASE
1. F. M. Triângulo Mineiro-MG Assinale a alternativa correta quanto à crase.
a) A atração educa quem não teve acesso à outras informações.
b) A atração educa quem não teve acesso à umas informações.
c) A atração educa quem não teve acesso às informações.
d) A atração educa quem não teve acesso à essas informações.
e) A atração educa quem não teve acesso à algumas informações.
1 a) a, à, à, a, há.
b) a, a, à, há, a.
d) à, a, a, há, à.
e) a, a, à, a, a.
c) a, a, à, à, a.
escrita:
a) Dei à Maria um ramalhete de rosas.
b) Pretendo ir à Lisboa no ano que vem.
c) Ele usa cabelo à militar.
d) Ofereci à sua filha um anel de brilhantes.
e) A mulher sentou-se à mesa à direita do marido.
Nos versos acima, a presença do acento grave revela respeito às regras de:
a) colocação pronominal. d) concordância nominal.
b) regência verbal. e) regência nominal.
c) concordância verbal.
7. Emescam-ES Somente uma das opções abaixo apresenta uso adequado do acento indicativo
de crase. Isso ocorre em:
a) Há alguns dias, encontrou-se, à cerca de dois quilômetros da sede, um ninho de águia.
b) A íris dos olhos é suscetível à intensidade da luz.
c) Falava, com muita eloqüência, à qualquer pessoa.
d) À certa altura, cansou-o a demora.
e) Agradeço à V. Sa. a oportunidade de poder manifestar minha opinião sobre assunto tão
polêmico.
9. PUC-RS
10. PUC-RS O período em que devem ser utilizados dois acentos indicativos de crase é:
a) O telespectador não fez referência a cena da novela a que assistíamos, mas a do progra-
ma humorístico dominical.
b) Quem está a par do que acontece na televisão brasileira fica a espera de uma atitude
menos negligente das autoridades.
IMPRIMIR
“Antes de começar a aula — matéria e exercícios no quadro, como muita gente entende —, o
mestre sempre declamava um poema e fazia vibrar sua alma de tanta empolgação e os alunos
ficavam admirados. Com a sutileza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética mesclada
ao ritmo, à melodia e à própria sensibilidade artística. Um verdadeiro deleite para o espírito, uma
sensação de paz, harmonia.”
OSÓRIO, T. Meu querido professor. Jornal Vale Paraibano, 15/10/1999.
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência da crase no trecho “a própria sensibi-
lidade artística”?
b) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase?
3
GABARITO
IMPRIMIR
CRASE
1. C
2. B
3. E
1 4. C
5. B
6. E
7. B
8. C
9. A
10. A
11. C
12. a) Sem a crase no trecho “a própria sensibilidade artística”, ele pode ser interpretado como
um objeto direto do verbo ensinar, não se tratando de um complemento nominal de mes-
clada.
GABARITO
b) Com a crase o trecho passa a ter a função de complemento nominal de mesclada. Desta
forma, o professor ensinaria a linguagem poética mesclada ao ritmo, à melodia e à sensi-
bilidade artística.
IMPRIMIR
FUNÇÕES DE
“QUE” E “SE”
1. U. Alfenas-MG
“Num de seus livros, Mannheim não hesita em dizer — apesar das experiências nazista e stali-
nista — que o Estado Totalitário se instala aos poucos na sociedade. Hoje, é uma medida que fere
um direito, mas passa desapercebida.”
OESP, 12-11-98. p. A22.
10. FEI-SP “Se as galas, as jóias e as baixelas, ou no Reino, ou fora dele, foram adquiridas
com tanta injustiça ou crueldade, que o ouro e a prata derretidos, e as sedas se se espreme-
ram, haviam de verter sangue, como se há de ver a fé nessa falsa riqueza?” Neste trecho, a
conjunção “se” expressa a idéia de:
a) condição. d) oposição.
b) comparação. e) explicação.
c) proporção.
11. PUC-SP Da relação entre os versos da primeira estrofe do poema, é correto afirmar que
a) há duas orações adjetivas, iniciadas pelos pronomes relativos.
b) as duas ocorrências do que indicam comparação, sendo por isso utilizado duas vezes
3 consecutivas.
c) o primeiro que tem o valor de comparação e o segundo é um substituidor do termo
estirão ao mesmo tempo em que serve como elo de ligação com a função de sujeito.
d) as palavras estirão e mão rimam, sendo, portanto, dois substantivos concretos, primiti-
vos e simples com matiz comparativo de inferioridade.
e) as características comparativas entre estirão e desejo são reveladas pelos adjuntos ad-
nominais da minha mão e meu.
GABARITO
IMPRIMIR
FUNÇÕES DE
“QUE” E “SE”
1. B
2. E
1 3. D
4. B
5. C
6. B
7. D
8. C
9. C
10. C
11. A
GABARITO
IMPRIMIR
REALISMO/
NATURALISMO
1. UnB-DF Foi Machado de Assis, por meio de suas personagens, quem afirmou o sentido
do livro:
“Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o
1 estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”
A respeito da obra de Machado de Assis e da formação da cultura brasileira nos quase dois
séculos de existência do Brasil independente, julgue os itens abaixo.
( ) Machado de Assis foi um autor extemporâneo ao Brasil ao carregar, com sua fina
ironia, um permanente deboche a respeito do povo brasileiro, pois este não sabia
apreciar a importância da cultura, em especial o valor do livro e da literatura.
( ) Os movimentos literários e culturais brasileiros ao longo dos dois últimos séculos,
embora tenham seguido as vogas e modas européias e norte-americanas, souberam
adaptar e recriar uma cultura nacional híbrida, própria e multifacetada.
( ) O Modernismo brasileiro que aflorou em 1922 desprezou a memória nacional e criti-
cou aberta e deliberadamente a obra literária de Machado de Assis.
( ) No seu tempo, Machado de Assis foi um mestre das letras na periferia do mundo e
um reformador das técnicas do romance e continua a ocupar papel relevante na cultu-
ra contemporânea do Brasil.
GABARITO
“O Dr. Matos era um velho advogado que, em compensação da ciência do direito, que não
sabia, possuía noções muito aproveitáveis de meteorologia e botânica, da arte de comer, do volta-
rete, do gamão e da política. Era impossível a ninguém queixar-se do calor e do frio, sem ouvir dele
a causa e a natureza de um e outro, e logo a divisão das estações, a diferença dos climas, influên-
cia destes, as chuvas, os ventos, a neve, as vazantes dos rios e suas enchentes, as marés e a
pororoca. (…) Alheio às paixões da política, se abria a boca em tal assunto era para criticar igual-
mente de liberais e conservadores, os quais todos lhe pareciam abaixo do país.”
ASSIS, Machado de. “Helena”. In: Obras completas de Machado de Assis. São Paulo: Egéria, 1980, p. 33.
5. U. Caxias do Sul-RS A exploração sofrida pelos inquilinos do cortiço por parte do pro-
prietário pode ser justificada:
a) pelo fato de trabalharem na pedreira de João Romão e fazerem compras em sua taverna.
b) pela presença mais significativa de portugueses do que de brasileiros no cortiço.
c) pelos benefícios pessoais oferecidos por João Romão.
d) pela falta de opção de moradias no centro da cidade.
e) pela dificuldade enfrentada por imigrantes em conseguir trabalho no Brasil.
3 bons tipos que a sociedade corrompeu ou mal encaminhados por fatalidades determinis-
tas, como a ascendência duvidosa.
(04) a narrativa é construída na primeira pessoa e tem Bentinho como narrador-persona-
gem. Nessa condição, ele se propõe a reconstituir seu passado por meio da escrita, a
fim de tentar revivê-lo e, quem sabe, reencontrar sua identidade.
(08) se insere no rol das produções da estética realista, que abarcou o que se produziu na
segunda metade do século XIX, uma época marcada pela crença no progresso propi-
ciado pela ciência e pela representação do mundo sem idealismo ou sentimentalismo.
(16) há alusões explícitas e implícitas a Otelo, obra do dramaturgo inglês William Shakes-
peare. Do ponto de vista temático, Dom Casmurro é comparável à tragédia de Shakes-
peare, posto que ambas as obras abordam o afloramento do ciúme obsessivo de um
homem em relação a sua mulher, ainda que haja evidências pouco consistentes quan-
to a isso.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.
Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a
fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos
das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.”
cesso de transformação que culminará na vitória dos traços positivos de seu caráter.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 13, analisar as afirmativas que seguem, sobre os
personagens dos romances naturalistas.
I. Tipificam o ambiente social de forma idealizada.
II. Caracterizam-se, geralmente, por um profundo pessimismo.
III. Costumam apresentar traços justificados pela ação do meio.
13. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) somente I. b) somente II. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III.
IMPRIMIR
14. PUC-RS A subjetividade humana é retratada numa dimensão peculiar no período literário
denominado Naturalismo. O amor, por exemplo,
a) constitui um sentimento puro, impossível de ser atingido.
b) está determinado por forças que levam ao sofrimento.
c) leva o ser humano à escravidão.
d) resulta do anseio de prazer ou da necessidade biológica.
e) constitui o verdadeiro espelho da alma.
16. UFGO O Ateneu, de Raul Pompéia, reúne diversas tendências do romance do final do
século XIX.
A veracidade de tal afirmação pode ser comprovada com os seguintes argumentos:
( ) o romance apresenta traços do Realismo-Naturalismo, considerando-se que há um
estudo do cotidiano do Segundo Império brasileiro e uma atenção ao meio social,
entendido como responsável pelo condicionamento das personagens.
( ) o romance reafirma alguns procedimentos temático-formais da tradição romântica,
5 como o triângulo amoroso vivido pelo narrador-personagem e o final feliz, que mar-
ca a reconciliação entre o jovem estudante e o diretor do colégio.
( ) o caráter memorialista do romance reforça as teses naturalistas apresentadas ao longo
do relato, pois o tratamento objetivo dado aos fatos privilegia o caráter documental,
em detrimento das recordações de um adulto ressentido com seu passado.
( ) os aspectos autobiográficos presentes na narrativa, uma das características fun-
damentais do Realismo, dizem respeito, principalmente, à personagem dr. Cláu-
dio, médico do colégio e pai autoritário do estudante Sérgio, um adolescente que
demonstra desconhecer o ambiente hostil do internato.
“Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei
que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como uma vaga que se
retira da praia, nos dias de ressaca.”
17. PUC-RS A imagem poética central do texto em questão recorre a elemento da natureza
GABARITO
18. PUC-RS O texto em questão demonstra uma vertente da produção literária do final do
século XIX. Ao mesmo tempo, a visão do homem como ser ……… manifesta-se em outra
IMPRIMIR
Texto I
“Canção de Exílio
Um dia segui viagem
Sem olhar sobre o meu ombro.
6 Texto II
“Aristarco, sentado, de pé, cruzando terríveis passadas, imobilizando-se a repentes inespera-
dos, gesticulando como um tribuno de meetings, clamando como um auditório de dez mil pesso-
as, majestoso sempre, alçando os padrões admiráveis, como um leiloeiro, e as opulentas faturas,
desenrolou, com a memória de uma última conferência, a narrativa dos seus serviços à causa
santa da instrução. Trinta anos de tentativas e resultados, esclarecendo como um farol diversas
gerações agora influentes no destino do País! E as reformas futuras não bastava a abolição dos
castigos corporais, o que já dava uma benemerência passável. Era preciso a introdução de méto-
dos novos, supressão absoluta dos vexames de punição, modalidades aperfeiçoadas no sistema
das recompensas, ajeitação dos trabalhos, de maneira que seja a escola um paraíso; adoção de
normas desconhecidas cuja eficácia ele pressentia, perspicaz como as águias. Ele havia de criar…
um horror, a transformação moral da sociedade!
Uma hora trovejou-lhe à boca, em sangüínea eloqüência, o gênio do anúncio. Miramo-lo na
inteira expansão oral, como, por ocasião das festas, na plenitude da sua vivacidade prática. Con-
templávamos (eu com aterrado espanto) distendido em grandeza épica — o homem sanduíche da
educação nacional, lardeado entre dois monstruosos cartazes. Às costas, o seu passado incalculá-
vel de trabalhos; sobre o ventre, para a frente, o seu futuro: a réclame dos imortais projetos.”
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. Rio de Janeiro: Ediouro, 1970.
GABARITO
( ) O poema de José Paulo Paes lembra a Canção do Exílio de Gonçalves Dias apenas no
seu título e nos versos de sete sílabas, pois a temática e o enfoque de ambos são
absolutamente divergentes.
( ) É correto afirmar que, enquanto a Canção do Exílio de Gonçalves Dias está centrada
no sentimento saudosista e na declaração de amor à pátria, a Canção de Exílio de José
Paulo Paes apresenta o desejo do eu-lírico de fugir de si mesmo como forma de
vencer a própria angústia.
( ) O autor de O Ateneu faz o jogo da sinceridade e manipula a eloqüência escrita como
arma do instinto. Para satisfazê-lo no mesmo nível da representação literária, a so-
ciedade, microscópica em O Ateneu, teria de ser destruída. Américo, o incendiário, é
a personificação do instinto bruto capaz de vencer a força repressora de Aristarco.
( ) No decorrer da narrativa de O Ateneu há todo um processo de desmistificação da
figura do diretor, que, de um lado, continua ostentando a face de um deus olímpico e
IMPRIMIR
grandes cidades.
III. uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os
benefícios dela decorrentes.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 27, analisar as afirmativas que seguem, sobre a
obra de Machado de Assis.
I. Reflete sem “retoques” uma sociedade impiedosa.
II. Rompe com a linearidade narrativa.
III. Introduz um narrador que dialoga com o leitor.
27. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
9 a) somente I d) II e III
b) somente II e) I, II e III
c) I e II
28. Unifor-CE
“O modo pelo qual agora se vê e se expressa a realidade é muito mais radical e unilateral do que
o enfoque simplesmente ‘realista’. Trata-se, na verdade, de um modo de considerar o homem
como produto do meio e das forças do instinto animal, numa visão fatalista e determinista, para a
qual a literatura contribui dando ênfase aos detalhes, sublinhando o lado material da vida, docu-
mentando os limites humanos com o rigor de uma demonstração científica.”
29. UFSE
Assinale como VERDADEIRAS as frases que fazem uma afirmação correta e como FAL-
SAS aquelas em que isso não ocorre.
( ) O subtítulo “crônica de saudades” dado por Raul Pompéia ao seu romance O Ateneu
acentua a interferência da memória e seus processos subjetivos na maneira realista de
observar a vida.
( ) O conto realista identifica-se pela estrutura rigorosa de começo, meio e fim; e pelo
epílogo próximo da realidade concreta e histórica.
( ) Condoreirismo é o nome dado a uma corrente da poesia romântica, de cunho social, em
favor dos novos ideais políticos, de liberdade do espírito e da palavra, e os da abolição da
escravatura, em que se encontram os poemas de Castro Alves e Tobias Barreto.
IMPRIMIR
31. UFMA
Eça de Queirós, em O primo Basílio, sustenta como uma de suas teses a
crítica ao movimento romântico, como na descrição de um dos persona-
gens, o literato Ernesto Ledesma:
32. UFPB
No romance Dom Casmurro, ao lembrar o dia da revelação do amor de Capitu, o narrador
escreve:
“Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verda-
de, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata
daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que
eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença
entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar;
tinha ‘orgias de latim’ e era virgem de mulheres.”
IMPRIMIR
“Rita, essa noite, recolhera-se aflita e assustada. Deixara de ir ter com o amante e mais tarde
admirava-se como fizera semelhante imprudência; como tivera coragem de pôr em prática justa-
mente no momento mais perigoso, uma coisa que ela, até aí, não se sentira com ânimo de prati-
car. No íntimo respeitava o capoeira; tinha-lhe medo. Amara-o a princípio por afinidade de tempe-
ramento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos,
depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem
poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranqüila
seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e
Rita preferiu no europeu o macho da raça superior. O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às
imposições mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata
era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado e acre destes sertões americanos, onde a alma de
Jerônimo aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: FTD, 1993. p. 169. (Coleção Grandes Leituras).
“Amanhecera um domingo alegre no cortiço, um bom dia de abril. Muita luz e pouco calor.
As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos. Tabuleiros e tabuleiros de roupa engo-
mada saíam das casinhas, carregados na maior parte pelos filhos das próprias lavadeiras. (...)
Mulheres ensaboavam os filhos pequenos debaixo da bica, muito zangadas, a darem-lhes murros,
a praguejar, e as crianças berravam, de olhos fechados, esperneando. (...)
Os papagaios pareciam também mais alegres com o domingo e lançavam das gaiolas frases
inteiras, entre gargalhadas e assobios. (...)
Dentro da taverna, os martelos de vinho branco, os copos de cerveja nacional e os dois vinténs
de parati ou laranjinha sucediam-se por cima do balcão, passando das mãos do Domingos e do
Manuel para as mãos ávidas dos operários e dos trabalhadores, que os recebiam com estrondosas
exclamações de pândega. A Isaura, que fora num pulo tomar o seu primeiro capilé, via-se tonta
GABARITO
35. PUC-RS A expressão ficcional machadiana pode ser dividida em duas fases. Na segunda
delas, ……… e ……… constituem o eixo temático que conduz obras como ……… .
IMPRIMIR
“E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas cercas
de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apare-
ciam como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero
das claras barracas de algodão cru, armadas sobre lustrosos bancos de lavar. E os gotejantes jiraus,
cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a mi-
nhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar
espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”
INSTRUÇÃO: Para responder à questão 37, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto.
37. PUC-RS Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa:
a) I. b) II. c) II e III. d) III e IV. e) I, II e III.
“Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escaman-
do peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro.
Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o
corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação: adivinhou tudo com a lucidez de
quem se vê perdido para sempre. Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria
era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.
Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando
escapulir, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.
— É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. —
Prendam-na! É escrava minha!
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão
e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
13 Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que
vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Cap. XXXIII, p. 164-5. Rio de janeiro: Ediouro, s.d.
40. PUC-RJ O texto corresponde à cena em que a escrava fugida Bertoleza comete suicídio,
quando se depara com os policiais que vêm capturá-la, após denúncia de seu paradeiro
feita por João Romão, o amante. Leia-o atentamente e responda às questões propostas em
“a” e “b”.
a) Explique uma característica do realismo-naturalismo expressa no trecho que compreende
os 6º e 7º parágrafos (“Os policiais... de sangue”).
b) Transcreva a passagem em que o leitor deduz a ironia dos acontecimentos, provocada
pelo contraditório comportamento de João Romão.
crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos — para nos conhecermos,
para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na
nossa sociedade.”
QUEIRÓS, Eça de. In: PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo: Liceu, 1969. p. 207.
O texto de Eça de Queirós reúne alguns princípios básicos do Realismo. Dentre as alterna-
tivas abaixo, assinale aquela que não está em conformidade com as definições do roman-
cista português:
a) O Realismo foi marcado por um forte espírito crítico e assumiu uma atitude mais com-
bativa diante dos problemas sociais contemporâneos.
b) As preocupações psicológicas da prosa de ficção realista levaram o romancista a uma cons-
cientização do próprio “eu” e manifestação de sua mais profunda interioridade.
c) O autor realista retratou com fidelidade a psicologia do personagem, demonstrando um
IMPRIMIR
“(...) A negra, imóvel cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmadas no
chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de
sangue.”
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço.
44. UFR-RJ O tema do ciúme foi abordado por Machado de Assis em Dom Casmurro:
GABARITO
“Capítulo CXXXV
OTELO
Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera
nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. (...) O último ato mostrou-me que não
eu, mas Capitu devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras,
e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.
— E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo; — que faria o público, se ela deveras fosse
culpada, tão culpada como Capitu? (...)”
ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1982.
“Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não
podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som
do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive
ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e
outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantaro-
lando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei
pela Saúde, e acabei a manhã na praia de Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas,
sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles,
Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da dela-
ção; mas o diabo do tambor...”
Para Gostar de Ler. vol. 9. Contos, Ática.
“Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me divertia. O
Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio –
palhaço dos outros, como dizia o professor; o Nascimento, o bicanca, alongado por um modelo
geral de pelicano, nariz esbelto, curto e largo como uma foice; o Álvares, moreno, cenho carrega-
do, cabeleira espessa e intonsa, de vate de taverna...”
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Moderna, 1994. p. 32.
GABARITO
46. U. Caxias do Sul-RS No fragmento acima, o uso da descrição através de símiles exagera-
dos, com traços caricaturais, remete à corrente estética:
a) impressionista.
b) naturalista.
c) expressionista.
d) realista.
e) simbolista.
47. UFRS Tendo em vista as estéticas literárias brasileiras, podemos afirmar que o Realismo
Brasileiro:
a) foi marcado por uma intensa preocupação com o aspecto histórico da nação.
IMPRIMIR
b) determinou o surgimento de uma nova escrita literária cuja ênfase recaiu nas relações
amorosas de finais felizes.
c) ao se confundir com o Naturalismo, pretendeu uma objetividade maior com vistas a
retratar a realidade.
d) foi o grande responsável pela afirmação de uma literatura de caráter sugestivo e ambíguo.
e) veiculou uma visão idealizada da aristocracia brasileira do tempo do Império.
“O CORTIÇO
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que
elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupa-
vam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam
com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das
latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas.
Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se
davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da
estalagem ou no recanto das hortas.”
Aluísio Azevedo.
53. Unifor-CE Atente para as seguintes afirmações sobre a literatura brasileira produzida no
século XIX:
I. A diferença essencial entre um romance romântico e um romance realista está no fato de
que apenas no segundo as ações das personagens se desenvolvem no espaço urbano.
II. Os poetas românticos Álvares de Azevedo e Castro Alves distinguem-se quanto ao
tom e aos temas, sobretudo se comparamos a Lira dos vinte anos com Os escravos.
III. Embora tenham sido contemporâneos, Machado de Assis e Aluísio Azevedo guardam
profundas diferenças entre si: uma delas está no fato de que o autor de Dom Casmurro
não defendia as teses deterministas que se encontram no autor de Casa de pensão.
Está correto o que se afirma em:
a) II, somente.
b) I e II, somente.
c) I e III, somente
GABARITO
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
I
“— Algum tempo hesitei se deveria abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Eu não sou propriamente um autor defunto,
mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; (…) Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
II
“— és filho de uma pisadela e de um beliscão; mereces que um pontapé te acabe a casta. (…)
O menino suportou tudo com coragem de mártir, apenas abriu ligeiramente a boca quando foi
levantado pelas orelhas: mal caiu, ergueu-se, embarafustou pela porta fora, e em três pulos estava
dentro da loja do padrinho, e atracando-se-lhe às pernas.”
ALMEIDA, Manuel A. de. Memórias de um Sargento de Milícias.
55. UFPE Após a leitura atenta dos textos I e II, assinale a alternativa correta.
a) Apesar de ambos os romances intitularem-se ‘memórias’, o primeiro não é contado em
1ª pessoa e relata a vida do protagonista depois que se torna sargento de milícias; já o
texto de Machado traz um “defunto autor”.
b) Manuel de Almeida aproxima-se da linguagem coloquial falada no Brasil de seu tem-
po, enquanto Machado de Assis, não.
c) O texto de Manuel de Almeida, considerado precursor do Realismo em nossas letras, e
19 o de Machado traduzem o cientificismo dominante na época.
d) No texto II, o autor descreve a forma de tratar as crianças na nobreza no Rio de Janeiro
de D. João VI.
e) É característica notória da obra de Machado a ironia, traço que não é apresentado no texto I.
56. Unifor-CE “O seu tempo era também o tempo da educação do leitor brasileiro, da qual
este autor participa de forma tão decisiva com …… . Romancistas e poetas brasileiros
que, como …… , viveram o apogeu …… , sentiram e expressaram mudanças muito signi-
ficativas no modo de fazer cultura.”
Preenchem corretamente as lacunas do período acima, na ordem dada, os seguintes elementos:
a) Quincas Borba – Machado de Assis – da luta pela independência.
b) Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis – do reinado de D. Pedro II.
c) O Ateneu – Raul Pompéia – do reinado de D. Pedro I.
d) O Cortiço – Aluísio Azevedo – da consolidação da monarquia.
e) Casa de Pensão – Aluísio Azevedo – do reinado de D. Pedro I.
GABARITO
57. UFSE
( ) No romance D. Casmurro, com as frases “o fim evidente de atar as duas pontas da
vida” e “recompor o que foi”, Machado de Assis mostra, muito além dos fatos em si,
as intenções e ressonâncias que os envolvem e que surgem das descrições das perso-
nagens e comentários, aparentemente insignificantes, ao longo da narrativa.
( ) Senhora, apesar de ser um romance que se enquadra na época romântica, desvia-se
deste ideário estético, ao mostrar o dinheiro como elemento que conspurca o amor, o
qual, portanto, não se realiza.
( ) É correto afirmar-se que Amâncio, do romance Casa de pensão, foi um dos tipos
mais marcantes criados por Aluísio Azevedo — uma personagem forte que sobressai
no romance, no meio de uma galeria de outros tipos.
IMPRIMIR
“Quando Pádua, vindo pelo interior, entrou na sala de visitas, Capitu, em pé, de costas para
mim, inclinada sobre a costura, como a recolhê-la, perguntava em voz alta:
— Mas, Bentinho, que é protonotário apostólico?
— Ora, vivam! exclamou o pai.
— Que susto, meu Deus!
Agora é que o lance é o mesmo; mas se conto aqui, tais quais, os dois lances de há quarenta
anos, é para mostrar que Capitu não se dominava só em presença da mãe, o pai não lhe meteu
mais medo. No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a maior
ingenuidade deste mundo. A minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos.
Alegou susto, e deu à cara um ar meio enfiado; mas eu, que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei
com inveja. Foi logo falar ao pai, que apertou a minha mão, e quis saber por que a filha falava em
protonotário apostólico. Capitu repetiu-lhe o que ouvira de mim, e opinou logo que o pai devia ir
cumprimentar o padre em casa dele; ela iria à minha. E coligindo os petrechos da costura, enfiou
pelo corredor, bradando infantilmente:
— Mamãe, jantar, papai chegou!”
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1999. p. 64.
1ª parte 2ª parte
61. Uneb-BA
21 “Daí em diante foi uma coleta desenfreada. Um homem não podia dar nascença ou curso
à mais simples mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao inventor ou divulgador, que
não fosse logo metido na Casa Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de
charadas, de anagramas, os maldizentes, os curiosos da vida alheia, os que põem todo o seu
cuidado na tafularia, um ao outro almotacé enfunado, ninguém escapava aos emissários do alie-
nista. Ele respeitava as namoradas e não poupava as namoradeiras, dizendo que as primeiras
cediam a um impulso natural e as segundas a um vício. Se um homem era avaro ou pródigo, ia do
mesmo modo para a Casa Verde; daí a alegação de que não havia regra para a completa sanidade
mental. Alguns cronistas crêem que Simão Bacamarte nem sempre procedia com lisura, e citam
em abono da afirmação (que não sei se pode ser aceita) o fato de ter alcançado da câmara uma
postura autorizando o uso de um anel de prata no dedo polegar da mão esquerda, a toda a
pessoa que, sem outra prova documental ou tradicional, declarasse ter nas veias duas ou três
onças de sangue godo. Dizem esses cronistas que o fim secreto da insinuação à câmara foi enri-
quecer um ourives amigo e compadre dele; mas, conquanto seja certo que o ourives viu prosperar
o negócio depois da nova ordenação municipal, não o é menos que essa postura deu à Casa
Verde uma multidão de inquilinos; pelo que, não se pode definir, sem temeridade, o verdadeiro
fim do ilustre médico. Quanto à razão determinativa da captura e aposentação na Casa Verde de
todos quantos usaram do anel, é um dos pontos mais obscuros da história de Itaguaí; a opinião
mais verossímil é que eles foram recolhidos por andarem a gesticular, à toa, nas ruas, em casa, na
igreja. Ninguém ignora que os doidos gesticulam muito. Em todo caso, é uma simples conjetura;
GABARITO
“‘Ele fere e cura!’ Quando, mais tarde, vim a saber que a lança de Aquiles também curou uma
ferida que fez, tive tais ou quais veleidades de escrever uma dissertação a este propósito. Cheguei
a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los a compará-los, catando o texto
e o sentido, para achar a origem comum do oráculo pagão e do pensamento israelita. Catei os
próprios vermes dos livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles.
— Meu senhor, respondeu-me um longo verme gordo, nós não sabemos absolutamente nada
dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que
roemos: nós roemos.
Não lhe arranquei mais nada. Os outros todos, como se houvessem passado palavra, repetiam
a mesma cantilena. Talvez esse discreto silêncio sobre os textos roídos fosse ainda um modo de
roer o roído.”
63. UFRN No painel dos personagens secundários, o agregado José Dias destaca-se porque:
a) tem comportamento peculiar que interfere nas reminiscências de Bentinho.
b) é um personagem culto, típico da época em que se passa a história.
c) participa do cotidiano familiar e influencia as decisões de dona Glória.
d) é o personagem que acoberta os interesses ardilosos da esposa do narrador.
“Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não
GABARITO
sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço;
a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Capítulo primeiro.
64. Fuvest-SP Considerando-se este fragmento no contexto da obra a que pertence, é correto
afirmar que, nele,
a) o discurso argumentativo, de tipo racional e lógico, apresenta afirmações que ultrapas-
sam a razão e o senso comum.
b) a combinação de hesitações e autocrítica já caracteriza o tom de arrependimento com
que o defunto autor relatará sua vida improdutiva.
c) as hesitações e dúvidas revelam a presença de um narrador inseguro, que teme assumir
a condução da narrativa e a autoridade sobre os fatos narrados.
IMPRIMIR
66. Fatec-SP É possível perceber certas palavras e expressões que indicam oposição entre a
visão romântica do mundo e as fortes marcas realistas do texto. Assinale a alternativa em
que as expressões destacadas melhor indicam esse tipo de relação.
a) “modesta e negra”, “negra como a noite” x “farpinhas da cabeça”, “espairecendo suas
borboletices”.
b) “um céu azul, que é sempre azul para todas as asas” x “um ar divino, uma estatura
colossal”.
23 c) “imensidade azul”, “alegria das flores”, “pompa das folhas verdes” x “uma toalha de
rosto, dous palmos de linho cru”.
d) “restituiu-me a consolação”, “as próvidas formigas” x “uni o dedo grande ao polegar,
despedi um piparote”.
e) “A borboleta pousou-me na testa”, “o retrato de meu pai” x “contemplar o cadáver”,
“ter nascido azul”.
“Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que
nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula
fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu
ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dous sacos, o
da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
GABARITO
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de
bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transfor-
mam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro
homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora
exata em que morre.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
“Barrolo beliscava a pele do pescoço, constrangido ante aqueles rancores ruidosos que des-
manchavam o seu sossego. Já, por imposição de Gonçalo, rompera desconsoladamente com o
Cavaleiro. E agora antevia sempre uma bulha, um escândalo que o indisporia com os amigos do
Cavaleiro, lhe vedaria o Clube e as doçuras da Arcada, lhe tornaria Oliveira mais enfadonha que a
sua quinta da Ribeirinha ou da Murtosa, solidões detestadas. Não se conteve, arriscou o costuma-
do reparo:
— Ó Gonçalinho, olha que também todo esse espalhafato só por causa da política…
Gonçalo quase quebrou o jarro, na fúria com que o pousou sobre o mármore do lavatório:
— Política! Aí vens tu com a política! Por política não se atira água suja aos governadores civis.
Que ele não é político, é só malandro! Além disso…
Mas terminou por encolher os ombros, emudecer, diante do pobre bacoco de bochechas pas-
madas, que, naquelas rondas do Cavaleiro pelos Cunhais, só notava o ‘lindo cavalo’ ou ‘o cami-
nho mais curto para as Lousadas!…’
24 — Bem! — resumiu. — Agora larga, que me quero vestir… Do bigodeira me encarrego eu.
— Então, até logo… Mas se ele passar, nada de asneiras, hem?
— Só justiça, aos baldes!
E bateu com a porta nas costas resignadas do bom Barrolo que, pelo corredor, suspirando,
lamentava o assomado gênio do Gonçalinho, às cóleras desproporcionadas em que o lançava ‘a
política’.
Enquanto se ensaboava com veemência, depois se vestia numa pressa irada, Gonçalo ruminou
aquele intolerável escândalo. Fatalmente, apenas se apeava em Oliveira, encontrava o homem da
grande guedelha, caracolando por sob as janelas do palacete, na pileca de grandes clinas! E o que
o desolava era perceber no coração de Gracinha, pobre coração meigo e sem fortaleza, uma
teimosa raiz de ternura pelo Cavaleiro, bem enterrada, ainda vivaz, fácil de reflorir… E nenhum
outro sentimento forte que a defendesse, naquela ociosidade de Oliveira — nem superioridade do
marido, nem encanto dum filho no seu berço. Só a amparava o orgulho, certo respeito religioso
pelo nome de Ramires, o medo da pequena terra espreitada e mexeriqueira.”
QUEIROZ, Eça de. A ilustre casa de Ramires. São Paulo: Ática, 1997. p. 72.
(02) Barrolo não é capaz de perceber o real motivo da “ronda” de Cavaleiro: o assédio a
Gracinha.
(04) Gracinha Ramires era possuidora de uma força moral que a protegeria de qualquer
investida do ex-amado.
(08) As Lousadas são as legítimas representantes de um comportamento mesquinho, pro-
vinciano, caracterizador de certo segmento da sociedade portuguesa da época.
(16) As bases convencionadas em que se estrutura o casamento de Barrolo e Gracinha
explicam a fragilidade que caracteriza essa união.
(32) A atitude de Gonçalo de não ceder às imposições políticas para o reatamento da
antiga amizade com Cavaleiro haveria de preservar a honra dos Ramires.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
IMPRIMIR
“A enferma era uma senhora viúva, tísica, tinha uma filha de quinze ou de dezesseis anos, que
estava chorando à porta do quarto. A moça não era formosa, talvez nem tivesse graça; os cabelos
caíam-lhe despenteados, e as lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos. Não obstante, o total falava
e cativava o coração. O vigário confessou a doente, deu-lhe a comunhão e os santos óleos. O pranto
da moça redobrou tanto que senti os meus olhos molhados e fugi. Vim para perto de uma janela.
Pobre criatura! A dor era comunicativa em si mesma; complicada da lembrança de minha mãe,
doeu-me mais, e, quando enfim pensei em Capitu, senti um ímpeto de soluçar também (…)
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há
pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora; (…) As tochas acesas, tão lúgubres na ocasião,
tinham-me ares de um lustre nupcial… Que era lustre nupcial? Não sei; era alguma coisa contrário
à morte, e não vejo outra mais que bodas.”
70. Mackenzie-SP Assinale a alternativa que apresenta obras do mesmo estilo de época do
texto.
a) Senhora – Quincas Borba – São Bernardo.
b) Iracema – A moreninha – Laços de família.
c) O Ateneu – O mulato – Amor de perdição.
d) O primo Basílio – Vidas secas – Memórias póstumas de Brás Cubas.
e) O primo Basílio – Quincas Borba – Memórias póstumas de Brás Cubas.
b) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina
a futura tragédia.
c) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final.
d) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na forma-
ção de Capitu.
e) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre
o meio e o fim trágico dos personagens.
72. UFGO Esaú e Jacó é uma prova da maturidade narrativa de Machado de Assis. O con-
fronto com outras obras de sua autoria permite detectar alguns elementos recorrentes na
narrativa machadiana. São eles:
( ) confissão de fatalismo, própria da filosofia positivista, desenvolvida também em
IMPRIMIR
Quincas Borba.
( ) jogo montado sobre a oposição de caracteres dos dois gêmeos, Pedro e Paulo, seme-
lhante ao jogo estabelecido entre Capitu e Bentinho, em Dom Casmurro.
( ) atemporalidade em favor de uma filosofia do auto-conhecimento, resgatando a indi-
vidualidade das personagens, igualmente vista em O alienista.
( ) narrativa típica de “autor morto”, que reconstrói os fatos numa perspectiva privilegiada
em relação ao mundo dos vivos, à maneira de Brás Cubas, em suas Memórias póstumas.
“Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um
Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser.
Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que
poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro
romance, ao passo que a gente frívola não achará nele seu romance usual; ei-lo aí fica privado da
estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião”.
75. UFMS Sobre o romance de Machado de Assis Dom Casmurro assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
(01) É um romance da fase realista do escritor, no qual as personagens são mostradas
superficialmente e a história é narrada em ordem cronológica linear.
(02) O personagem-narrador, Bentinho, pretende contar suas memórias ao leitor, através
de um livro, para espantar a monotonia.
(04) A expressão “olhos de ressaca”, utilizada na descrição de Capitu, significa que eram
olhos profundos e misteriosos como o mar, pois o narrador sentia que se afogava
neles e, ao mesmo tempo, não conseguia compreendê-los ou decifrá-los.
(08) José Dias, tio de Bentinho, é o personagem secundário utilizado pelo narrador para
IMPRIMIR
“Compreendi que tudo estava acabado. Félix padeceu muito com esta notícia; mas nada
há eterno neste mundo, e ele próprio acabou casando com Sinhazinha. Se ele e Lalau foram
felizes, não sei; mas foram honestos, e basta”.
ASSIS, Machado de Casa velha.
Das características que se segue, assinale a que se relaciona com o texto acima.
a) Visão psicológica do narrador. c) Visão realista da vida.
b) Visão romântica de Félix. d) Visão positiva do homem.
78. U. F. Uberlândia-MG
“O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e
truncado. (…) A obra em si mesmo é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não
agradar, pago-te com um piparote, e adeus”.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Sobre o fragmento acima, e considerando a obra como um todo, só NÃO se pode afirmar que:
GABARITO
IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvi-
mento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar.
V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança, fazendo com
que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu.
Assinale:
a) Se apenas IV é correta. c) Se apenas III e V são corretas.
b) Se apenas I, II são corretas. d) Se apenas V é correta.
85. Uniube-MG Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, considerando a leitura do texto Dom
Casmurro.
1. “Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer ho-
mem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.” (Cap. CXIII)
2. “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada
do meu coração?” (Cap. CXLVIII)
3. “E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto
dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos
ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-
29 me… A terra lhes seja leve! Vamos à História dos Subúrbios.” (Cap. CXLVIII)
4. “Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho amigo Marcolini, não só pela verossimi-
lhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à defini-
ção. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor. Mas não adiente-
mos; vamos à primeira parte, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia
de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim. A mim é que ele me
denunciou.” (Cap. X)
5. “É verdade que Capitu, que não sabia Escritura nem latim, decorou algumas palavras
(…). Quantos às de São Pedro, disse-me no dia que estava por tudo, que eu era a única
renda e o único enfeite que jamais poria em si. Ao que eu repliquei que minha esposa
teria sempre as mais finas rendas deste mundo.” (Cap. CI)
( ) Estilo machadiano
( ) Visão realista da vida
( ) Caráter de Bentinho
( ) Visão romântica do amor
A seqüência obtida é
GABARITO
a) 4 – 1 – 2 – 5
b) 3 – 4 – 2 – 1
c) 5 – 1 – 4 – 2
d) 4 – 3 – 1 – 2
IMPRIMIR
REALISMO/
NATURALISMO
1. F-V-V-V 20. V-V-F-F-V-F
2. V-V-V-F-F 21. C
3. V-F-F-V 22. E
1 4. A 23. E
5. A 24. A
6. C 25. A
7. V-V-V-F-V 26. D
8. 28 27. E
9. 31 28. D
10. A 29. F-V-V-F-V
11. A 30. A
12. 07 31. B
GABARITO
13. D 32. C
14. D 33. E
15. 03 34. C
16. V-F-F-F 35. A
17. A 36. B
18. E 37. E
19. V-V-V-V-F-V 38. E
39. B
40. a) Serão aceitas respostas que, de algum modo, revelem as seguintes idéias: O comporta-
mento humano é determinado por forças biológicas (o instinto, a herança genética), soci-
ológicas e históricas. Os fatos psicológicos e sociais são vistos, pelo realismo-naturalis-
mo, como manifestações naturais e, portanto, nada tendo a ver com fenômenos transce-
dentais. As circunstâncias externas determinam a natureza dos seres vivos, inclusive a do
homem. A realidade passa por um processo evolutivo, dentro de um sistema de leis natu-
rais totalmente definidas.
b) “Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicio-
nistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio-benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.”
41. B
42. B
43. E
44. E
45. B
IMPRIMIR
46. B
47. C
48. C
49. E
50. B
51.
PARNASIANISMO/
SIMBOLISMO
Texto para as questões 1 e 2:
“Profissão de Fé
Não quero o Zeus Capitolino, Corre; desenha, enfeita a imagem
Hercúleo e belo, A idéia veste:
Talhar no mármore divino Cinge-lhe o corpo a ampla roupagem
Com o camartelo. Azul-celeste.
1 Que outro — não eu! — a pedra corte Torce, aprimora, alteia, lima
Para, brutal, A frase; e, enfim,
Erguer de Atene o altivo porte No verso de ouro engasta a rima,
Descomunal. Como um rubim.
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
“MÚSICA BRASILEIRA
Olavo Bilac
Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em que requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.
( ) Contudo, sua visão de música brasileira é pobre e unilateral, porque vislumbra nela ape-
nas a melancolia.
( ) O poeta estende à natureza esse sentimento de tristeza advinda da distância da terra
natal e da saudade dos que ficaram ou morreram.
“Solar Encantado
Só, dominando no alto a alpestre serrania,
Entre alcantis, e ao pé de um rio majestoso,
Dorme quedo na névoa o solar misterioso,
Encerrado no horror de uma lenda sombria.
6. Vunesp Tendo em mente que Vítor Silva foi poeta parnasiano quando o Simbolismo ou
Decadentismo já começava a ser exercitado em nosso país, e por isso recebeu algumas
influências do novo movimento, leia o poema Solar Encantado e, em seguida,
a) mencione duas características tipicamente parnasianas do poema;
b) identifique elementos do poema que denunciam certa influência simbolista.
GABARITO
a) Sempre haverá uma poesia popular sem arte, e poetas populares sem apuro gramatical
e métrico, versejando com o falar da gente rústica.
b) … jamais se deve arriscar o emprego de qualquer locução ambígua; sigo, como de
costume, na esteira de Quintiliano (…)
c) Movimento de oposição à ordem estabelecida do Iluminismo, reúne um grupo de escri-
tores para o qual o “gênio” se torna a palavra de ordem capaz de possibilitar a rejeição
à disciplina e à tradição importada.
d) A busca de vagas sensações, dos estados indefinidos de alma, fazendo que a poesia se
aproxime da música, tem como intuito “traduzir” um mundo de essências, um mais
além, ora conhecido como o Ideal, ora como o Mistério, intraduzível por si mesmo.
e) Porém declaro desde já que não olhei regras nem princípios, que não consultei Horácio
nem Aristóteles, mas fui insensivelmente depós o coração e os sentimentos da Nature-
za, que não pelos cálculos da arte e operações combinadas do espírito.
IMPRIMIR
11. Univali-SC Os textos a seguir dão apoio à formulação da questão. Leia-os atentamente.
Texto 1: Texto 2:
“Quero que a estrofe cristalina “Noite ainda, quando ela me pedia
Dobrada ao jeito Entre dois beijos que me fosse embora,
Do ourives, saia da oficina Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Sem um defeito: ‘Espera ao menos que desperte a aurora!
… Tua alcova é cheirosa como um ninho…
Assim procedo. Minha pena E olha que escuridão há lá por fora!’
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!”
a) Texto 1: impassibilidade
Texto 2: amor não realizado
São textos de Gonçalves Dias, poeta árcade;
b) Texto 1: perfeição formal
Texto 2; erotismo
São textos de Olavo Bilac, autor do Parnasianismo;
c) Texto 1: paganismo
Texto 2: concepção do amor mais carnal e erótico
São textos de Castro Alves, poeta do Ultra-Romantismo;
d) Texto 1: religiosidade
Texto 2: valorização do aspecto carnal do amor
IMPRIMIR
“(…)
12. PUC-RS O poema ………, de ………, oferece uma visão acerca do fazer poético que
dista dos propósitos verificados em Machado de Assis, o qual buscou o uso da pena no
sentido de desvendar os mistérios contidos no ser humano. O texto em questão exemplifi-
ca uma das características mais marcantes do Parnasianismo, que é ……… .
a) Versos e rimas Alberto de Oliveira a descrição objetiva
b) Plenilúnio Raimundo Correia o artesanato do verso
c) Antífona Fagundes Varela o irracionalismo e mistério
d) Profissão de fé Olavo Bilac o culto à forma
e) A catedral Casimiro de Abreu o platonismo místico
13. PUC-RS No final do século XIX, reagindo contra os princípios positivistas e cientificis-
tas, poetas como ……… e ……… retomam, de certa forma, alguns valores ……… .
a) Cruz e Sousa Álvares de Azevedo românticos
GABARITO
“Dança do ventre
Sorva, febril, torcicolosamente,
numa espiral de elétricos volteios,
na cabeça, nos olhos e nos seios
fluíam-lhe os venenos da serpente.
isto é, uma preocupação com o verso artesanal, friamente moldado. Devido a essa tendência
à objetividade na composição, o movimento também se denominou “decadentista”.
Assinale a alternativa correta:
a) I é falsa; II e II, verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras.
b) I e III são falsas; II, verdadeira. e) I e II são verdadeiras; III, falsa.
c) I é verdadeira; II e III, falsas.
18. UFSM Assinale a alternativa que indica o período literário que nega o cientificismo, o mate-
rialismo e o racionalismo, valorizando, em contrapartida, as formas vagas e espirituais.
a) Barroco. d) Romantismo.
b) Modernismo. e) Arcadismo.
c) Simbolismo.
I
“Esta, de áureos relevos trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo Deus servia.”
II
“A música da morte, a nebulosa,
A estranha, imensa música sombria
passa a tremer pela minh’alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa...”
IMPRIMIR
20. PUC-RS O trecho evidencia tendências _________, na medida em que _________ o rigor
formal e utiliza-se de imagens ________.
a) românticas neutraliza abstratas
b) simbolistas valoriza concretas
c) parnasianas exalta mitológicas
d) simbolistas busca cotidianas
e) parnasianas evita prosaicas
9
21. UFRS
22. Univali-SC
GABARITO
“EXPLORAÇÃO ESPACIAL
Com os avanços tecnológicos desvendamos a natureza dos corpos celestes, mas o mistério das
noites estreladas continua. O céu nos fascina. Acreditava-se que era a morada dos deuses, e com
isso surgiram lendas e mitos que povoaram o imaginário humano durante séculos. O mundo
celeste era estudado somente pela astrologia, e ligado aos rituais mágicos, seu conhecimento
pertencia à classe sacerdotal, sendo considerado secreto. Esta ligação com a mitologia pode ser
observada através dos atuais nomes dos planetas e estrelas, oriundos das mitologias gregas e
romanas.”
In: Revista Sapiens, n. 1.
“Vila Rica
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como brasão.
[...]
Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.”
23. PUC-RS O poema, pertencente ao autor de “Profissão de Fé”, não segue rigidamente o
padrão _________ no que se refere à _______.
a) romântico idealização do mundo
b) simbolista busca do eu profundo
c) parnasiano alienação dos problemas sociais
d) simbolista inteligibilidade sintática
e) parnasiano sonoridade dos versos
“ANTÍFONA
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
28. UFRS
“(...)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(...)”
Este quarteto retirado do poema Violões que choram..., de Cruz e Sousa, permite que se
GABARITO
30. Univali-SC O texto seguinte se refere ao final do século XIX, época que viu surgir o
Simbolismo no Brasil.
“Singulares criaturas devem nascer por este fim de século, em que a metafísica de novo
predomina e a asa do sonho outra vez toca os espíritos, deixando-os alheados e absortos. A
necessidade do desconhecido de novo se estabelece. A ciência, que por vezes arrastara a humani-
dade, que a supunha capaz de ir ao fim — bateu num grande muro e parou. Que importam o
princípio e o fim?”
In: MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa.
GABARITO
Alphonsus de Guimaraens;
d) Misticismo e espiritualismo, musicalidade, pessimismo, melancolia.
“Faróis”
João da Cruz e Sousa;
e) Perfeição da forma, musicalidade, expressão da realidade de maneira vaga, imprecisa.
“Ardentias”
Alphonsus de Guimaraens.
PARNASIANISMO/
SIMBOLISMO
1. V-F-V-F
2. F-F-V-F
3. V-V-F-F-V
1 4. V-V-F-V
5. V-V-V-F
6. a) Poderiam ser citadas as seguintes características parnasianas presentes no poema:
— Preferência pelo soneto;
— Uso de versos do decassílabos;
— Rigor formal (rítmico e métrico);
— Poesia descritivista.
b) Uso da sinestesia, referência ao vago e nebuloso, presença de elementos sensitivos
(audição, tato, visão) e tema relacionado à morte.
7. 11
GABARITO
8. D
9. D
10. 31
11. B
12. D
13. D
14. 55
15. B
16. 10
17. B
18. C
19. C
20. C
21. D
22. D
23. C
24. A
25. D
26. B
27. A
IMPRIMIR
28. A
29. A
30. D
PRÉ-MODERNISMO/
MODERNISMO
1. UEMS Em Morte e Vida Severina, a obra mais popular da produção de João Cabral de
Melo Neto, o autor compõe um Auto de Natal Pernambucano. Considerando a leitura
dessa obra, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(01) Em Morte e Vida Severina, enfatizam-se a decadência histórica dos engenhos, substituí-
dos pelas usinas, e a conseqüente expulsão dos trabalhadores da zona rural para a cidade.
(02) O adjetivo “severina”, que acompanha o itinerário de vida e morte do sertanejo, é
resultado da coisificação do nome próprio Severino, passando a representar todos os
retirantes que morrem “de velhice antes dos trinta, / de emboscada antes dos vinte, /
de fome um pouco por dia.”.
(04) O clímax do drama de Severino é atingido quando o personagem, já sem esperanças,
1 decide suicidar-se no rio Capibaribe. Há um aprofundamento desse clímax quando Seve-
rino dialoga com seu José, morador de um dos mocambos entre o cais e a água do rio, e o
diálogo é interrompido por uma mulher que anuncia: “Compadre José, compadre, / que
na relva estais deitado: / conversais e não sabeis / que vosso filho é chegado?”.
(08) A criança que nasce no mangue não é uma criança qualquer, ela levará uma existên-
cia diferente daquela vivida por seu pai, sem sofrimento, e que ultrapassará sua ori-
gem “severina”. Isto é o que afirma uma das ciganas: “trago papel de jornal / para
lhe servir de cobertor; / cobrindo-se assim de letras / vai um dia ser doutor.”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.
2. UnB-DF
“Psicanálise do açúcar
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
GABARITO
“O trabalho era duro. De picareta na mão, cavando terra, no serviço puxado com os compa-
nheiros acostumados fazendo as coisas na maciota, conversando uns com os outros. Parecia o
eito do Santa Rosa. O feitor estava tomando conta, os cabras de pés no chão, e a terra na frente,
a tarefa dura para tirar. Criou calos nas mãos. E o sol queimava-lhe as costas, um sol como o da
ilha. Os primeiros dias foram difíceis, mas aos poucos foi se acostumando. Os homens falavam da
vida de cada um. E riam-se alto das troças, das pilhérias que tiravam. Botavam apelidos, falavam
de mulheres, de episódios, de amores, de desgraça dos outros. A vida para eles era as noites que
eles tinham para gozar e os domingos e os dias santos em que se espichavam pelas portas dos
mocambos quando não se davam às mulheres, à cachaça, aos folguedos dos ensaios para os
grandes dias do carnaval. Ricardo levou dias sem fazer conhecimento que fosse mais ligado.
2 Chegava para o serviço e saía para casa como entrara a primeira vez. Terminou porém entrando
na conversa dos companheiros, embora pouco tivesse para contar. Pouco sabia para fazer os
outros abrir em gargalhada enquanto a picareta tinia na terra dura. Estavam construindo o leito
da linha para os bondes que vinham substituir as maxambombas, os trens que davam àqueles
caminhos de Beberibe um sinal de vida mais humana, com os seus apitos saudosos e aquele ir e vir
de comboios compridos, com horas certas, com passageiros que tiravam prosas, que se familiari-
zavam. Viriam os bondes amarelos, parando de poste em poste. A Encruzilhada já se despojara de
seus trens. E agora chegava a vez de Beberibe. Com pouco as maxambombas ficariam lá para as
oficinas encostadas. Muitas seriam vendidas para as usinas. Iriam apitar pelos canaviais, pelas
ingazeiras, pelas cajazeiras, arrastando cana para as esteiras.”
REGO, José Lins do. O moleque Ricardo. Rio de Janeiro: INL/MEC, 1980, p. 28-9.
que focaliza.
( ) A obra de José Lins do Rego abrange a decadência da economia dos engenhos de
cana-de-açúcar, o cangaço, o misticismo, a exploração do trabalhador rural e a seca,
configurando uma prosa regionalista nitidamente pertencente ao que se costuma cha-
mar de romance social nordestino, cujo marco inaugural é A Bagaceira, de José
Américo de Almeida.
( ) No texto, a enumeração de ações exemplifica o recurso literário do fluxo de cons-
ciência, muito característico da prosa realista.
IMPRIMIR
6. UEGO A respeito de Clarice Lispector, autora de Laços de Família, entre outras obras é
correto afirmar que:
3 ( ) Em Laços de Família, com exceção apenas de “O jantar”, todos os doze contos são
narrados em 1ª pessoa do singular.
( ) Suas narrativas são centradas em momentos de vivência interior das personagens —
fluxo de consciência — que geralmente não seguem ordem cronológica.
( ) Laços de Família está impregnado de intenção crítica, perceptível à medida que a
contista arma seu jogo narrativo no interior do seio familiar burguês, cuja insatisfató-
ria rede de relações subjuga o ser humano, condiciona-o e limita sua liberdade, em
troca de valores ilusórios.
( ) Laços de Família é um romance composto de treze capítulos independentes que te-
matizam os dramas cotidianos vividos pela família.
( ) A tônica existencialista alimenta a progressão das personagens em seu drama parti-
cular, explorando a fragilidade do ser ante o compromisso inevitável da vida.
7. UFMS Sobre o livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda, é correto afirmar que:
(01) os contos integram à formação cultural do brasileiro a contribuição dos imigrantes
italianos: ao recriar sua linguagem, Alcântara Machado traz à tona a forma de expres-
são de uma população marginalizada, desmistificando a existência de uma assimila-
GABARITO
8. AEU-DF Julgue os itens que seguem, em relação à teoria literária e aos estilos de época na
4 Literatura Brasileira.
( ) Ao falar do próprio fazer poético e do conflito existente entre as diferentes gerações,
Mário Quintana posiciona-se como poeta novo.
( ) Ele é reconhecidamente um dos grandes nomes da literatura nacional, seja por seus
textos em prosa, seja pelos seus poemas.
( ) Em seus poemas, presenteia-nos com uma poesia musical e leve, a tratar, acima de
tudo, de temáticas ligadas à vida e a sua beleza.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas
IMPRIMIR
10. U.Católica-GO
( ) Sobre o Modernismo que produziu Macunaíma, podemos dizer que apresentava na-
cionalismo exacerbado, constante busca por uma linguagem nacional, parodização
Texto I
“— Dê seu jeito... — Balduíno encolheu os ombros.
O soldado abriu a mão na cara de Antônio Balduíno, mas o negro já estava por baixo, as pernas
batendo nas do soldado que caiu. Se levantou com o sabre na mão. Antônio Balduíno abriu a
navalha:
— Venha se é homem!
— Não tenho medo de macho...
— Eu não respeito farda — e Antônio Balduíno foi arrancando o sabre do soldado que já levava
uma navalhada no rosto.
Depois que desarmou o soldado, largou a navalha e esperou Osório na escuridão. Vinha gente,
homens e guardas e mais soldados. Osório se atirou em cima de Balduíno e recebeu um daqueles
socos pesados do negro. Ficou estatelado no chão. Um gringo que apreciava a luta puxou Antônio
Balduíno:
— Vá embora que vem muito soldado aí. (...)”
AMADO, Jorge. Jubiabá. São Paulo: Martins, 1961. p. 117.
TEXTO II
“O CAPOEIRA
— Qué apanhá sordado?
6 — O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.”
ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 6. ed. São Paulo: Globo, 1998. p. 87.
14. UFSE Referindo-se à “geração de 30”; um crítico considera: “A prosa de ficção encami-
nhada para o ‘realismo bruto’ de Jorge Amado, de José Lins do Rego, de Érico Veríssimo
e, em parte, de Graciliano Ramos, beneficiou-se amplamente da ‘descida’ à linguagem
oral, aos brasileirismos léxicos, e sintáticos, que a prosa modernista tinha preparado.”
De acordo com essa consideração, é correto afirmar que:
a) Rubem Fonseca e Clarice Lispector são autores diretamente influenciados por Macu-
naíma e Memórias Sentimentais de João Miramar.
b) os romances do “ciclo da cana-de-açúcar” e do “ciclo do cacau” devem algo de sua
linguagem a conquistas do Modernismo.
c) as realidades regionais do país tornaram-se temas literários somente a partir de Menino
7 de Engenho e Gabriela, Cravo e Canela.
d) as obras de Monteiro Lobato e de Lima Barreto refletem as opções estéticas trabalha-
das por Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
e) os romances que tratam da vida violenta dos marginalizados nas grandes cidades cons-
tituíram a principal linha de trabalho dos prosadores modernistas de 22.
15. UFBA
16. Uneb-BA
8 “Sinhá Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas
inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino,
apenas grunhira: — ‘Hum! hum!’ E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de
entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinhá Vitória andara para cima e para baixo,
procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vinga-
va-se em Baleia, dando-lhe um pontapé.”
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 18. ed. São Paulo: Martins, 1967. p. 48.
pessoas na cidade.
b) I e II, somente.
c) I e III, somente.
d) II e III somente.
e) I, II e III.
e) 2, 3 e 4 apenas.
19. Unifor-CE
“Em sua obra, um tema praticamente permanente é a crise da subjetividade. Esta crise se mani-
festa com tamanha gravidade que o próprio ato de narrar ameaça ser impossível. Não admira,
pois, que em alguns de seus romances a velha noção de enredo já não é absoluta: às vezes
importa mais a metáfora estranha, a entrega aos livres pensamentos, a crise existencial que não
está apenas nas personagens, mas no próprio narrador.”
O trecho acima está levantando algumas características que se encontram presentes em:
a) Grande Sertão: Veredas.
IMPRIMIR
b) A Hora da Estrela.
c) Fogo Morto.
d) A Estrela Sobe.
e) O Tempo e o Vento.
“Epigrama nº 10
A minha vida se resume,
desconhecida e transitória,
em contornar teu pensamento,
sem levar dessa trajetória
nem esse prêmio de perfume
que as flores concedem ao vento.”
10 21. UFMA
Sejam as estrofes finais do poema “Aniversário”, de Álvaro de Campos, heterônimo de
Fernando Pessoa:
“(...)
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na louça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...”
do poeta.
e) os dias do presente sejam somados àquela infância melancólica, marcada pela sombra.
23. UERJ
– o artista fotógrafo.
Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram
pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A Playela. E a ironia eslava compôs para
a Playela. Stravinski.
A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.
(...)
Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
A poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata
resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o
jornal. No jornal anda todo o presente.”
apud TELES, Gilberto M. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1977.
IMPRIMIR
“O pastor pianista
Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
a) Surrealismo.
b) Futurismo.
c) Cubismo.
d) Dadaísmo.
“Infância
28. U. Uberaba-MG
I
“Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.”
II
“Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.”
IMPRIMIR
III
“Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?”
— ‘Sim senhor’... — e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora
de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo – apertava-me. Tinha eu que descobrir a cara. –
Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro interim, em indúcias. Como por
socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:
— ‘Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemu-
nho...’
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
— Famigerado é enôxio, é: ‘célebre’, ‘notório’, ‘notável’...
[...]
— Famigerado? Bem. É: ‘importante‘, que merece louvor, respeito...
— ‘Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na escritura?’
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
— Olhe: eu, como o senhor me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era
IMPRIMIR
15 Nos versos acima, o poeta expressa a sua necessidade de conhecer o universo além da
contingência individual. Para isso, ele recorreu aos heterônimos e desdobrou-se em perso-
nalidades. Trata-se de:
a) Fernando Pessoa.
b) Luís Vaz de Camões.
c) Camilo Castelo Branco.
d) Alexandre Herculano.
e) Eça de Queirós.
31. Cefet-RJ
da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a mar-
cha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.”
RAMOS, Gracialiano. Vidas secas. São Paulo: Livraria Martins, 16ª ed. p. 3.
34. PUC-RS A produção poética da transição do século XIX para o XX evidencia duas ten-
dências principais: uma que rejeita formalmente o Romantismo, outra que busca a genuí-
na expressão poética. Registra-se, ainda, na época, o caso isolado do poeta _________,
cuja reduzida produção caracteriza-se pela linguagem __________ e, ao mesmo tempo,
___________.
a) Alphonsus de Guimaraens / subjetiva / plástica
b) Augusto dos Anjos / cientificista / corrosiva
c) Eduardo Guimaraens / erudita / sugestiva
d) Augusto dos Anjos / impressionista / sonora
e) Alphonsus de Guimaraens / cientificista / grotesca
GABARITO
17 e) 1 – 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1.
37. UnB-DF A partir do mapa que segue, em que cada seta aponta para uma região geográfica
do Brasil, e das informações relativas a parte da explosão da energia criativa brasileira no
campo literário no século XX, julgue os itens a seguir.
GABARITO
( ) Efetivamente, as condições geográficas contribuem para que haja baixo índice demo-
gráfico na região A; em conseqüência, as manifestações artísticas que a ela se referem
são esparsas. Merece destaque, no entanto, pelo componente histórico, a narrativa
Galvez, o imperador do Acre.
( ) Circunstâncias geográficas fizeram surgir na região B uma vasta produção literária
em que predomina o caráter local, principalmente de natureza econômica, conforme
os exemplos citados.
( ) A região C não tem tradição literária, por ser área fronteiriça, local de passagem
obrigatória para quem busca os países vizinhos a oeste; merecem ser citados apenas
IMPRIMIR
período Contempora-
1 Romantismo Realismo Modernismo
literário neidade
18
A criatividade dos artistas produz obras que conseguem vencer a veloz passagem do tem-
po e a brevidade da vida. Na tabela acima, que apresenta aspectos essenciais da História da
Literatura Brasileira, todos os elementos de uma mesma coluna mantêm-se em relação.
Julgue se as informações dos itens seguintes completam, respectiva e corretamente, os
espaços numerados.
( ) Barroco
( ) Ubirajara
( ) Helena e Capitu
( ) Oswald de Andrade
( ) aventuras e desventuras da vida de uma emigrante nordestina na cidade grande
39. UFMT
“Atenção ao Sábado
GABARITO
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e
alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de
manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em
mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar
cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um
homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínha-
mos tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento
sábado era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada,
não? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico
a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, de súbito, antes do vento espantado poder
recomeçar, vejo que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Então
eu não digo nada, aparentemente submissa. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo
de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu
quero dizer.”
IMPRIMIR
LISPECTOR, Clarice. Os melhores contos de Clarice Lispector. Seleção de Walnice Galvão. São Paulo: Global, 1997.
41. UFGO O teatro de Dias Gomes caracteriza-se pelo espírito de discussão social, tema
predominante na dramaturgia brasileira, na virada dos anos 50/60. Dessa forma,
( ) a religiosidade ingênua de Zé-do-Burro retoma, em O pagador de promessas, a tradi-
19 ção moralizante dos autos medievais, em que a ênfase no sagrado pressupunha a
retomada de valores espirituais negligenciados pelas práticas mundanas.
( ) as personagens-tipo constituem um grande recurso do teatro de Dias Gomes. Em O
pagador de promessas, esses tipos (Bonitão, Minha Tia, Dedé Cospe-Rima) são ca-
racterizados por traços superficiais e estereotipados, formando a “paisagem humana
de fundo”, que se solidariza ou se contrapõe aos objetivos de Zé-do-Burro.
( ) além da atitude religiosa obstinada de Zé-do-Burro, que desconsidera o formalismo dog-
mático da igreja católica, a peça também representa um mundo governado por “forças
superiores”, cujo sistema organizado volta-se contra um indivíduo fanático e desprotegido.
( ) a personagem Zé-do-Burro mostra-se incapaz de medir as conseqüências dos dissabores
causados por sua promessa, quando ingenuamente ameaça a sustentação de valores cris-
talizados. Acusado de subversivo e impedido de cumprir seu compromisso religioso, não
se submete, mesmo assim, diante do inevitável insucesso de seu empreendimento.
42. Mackenzie-SP A estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de
Augusto dos Anjos é:
a) Eu, filho do carbono e do amoníaco,
GABARITO
20 lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil,
coragem de morrer pelo Brasil,
ânimo de viver pelo Brasil,
mão para agir pelo Brasil,
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis.
…………………………………
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
GABARITO
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiros cozinhando
de vaqueiros tirando leite das vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
IMPRIMIR
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.”
44. Uneb-BA
I. “Antônio Balduíno agora era livre na cidade religiosa da Bahia de Todos os Santos e do pai-
de-santo Jubiabá. Vivia a grande aventura da liberdade. Sua casa era a cidade toda, seu emprego
era corrê-la. O filho do morro pobre é hoje o dono da cidade.
Cidade religiosa, cidade colonial, cidade negra da Bahia. Igrejas suntuosas bordadas de ouro,
casas de azulejos azuis, antigos sobradões onde a miséria habita, ruas e ladeiras calçadas de
pedras, fortes velhos, lugares históricos, e o cais, principalmente o cais, tudo pertence ao negro
Balduíno. Só ele é dono da cidade porque só ele a conhece toda, sabe de todos os seus segredos,
vagabundeou em todas as suas ruas, se meteu em quanto barulho, em quanto desastre aconte-
ceu na sua cidade. Ele fiscaliza a vida da cidade que lhe pertence.
……………………………
21 Brilha a luz de um saveiro. O vento levará até ele a melodia do realejo que o velho italiano toca?
Um dia — pensa Antônio Balduíno — hei de viajar, hei de sair para outras terras.
Um dia ele tomará um navio, um navio como aquele holandês que está todo iluminado, e
partirá pela estrada larga do mar. A greve o salvou. Agora sabe lutar.”
AMADO, Jorge. Jubiabá. 48. ed. Rio de Janeiro: Record, 1987. p. 64 e 329.
II. “Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entoca-
ra-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os
xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, sinhá
Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as
pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar
para cima e para baixo, à toa, como um judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca.
…………………………
Tudo seco em redor. E o patrão era seco também, arreliado, exigente e ladrão, espinhoso como
um pé de mandacaru.
Indispensável os meninos entrarem no bom caminho, saberem cortar mandacaru para o gado,
consertar cercas, amansar brabos. Precisavam ser duros, virar tatus.
…………………………
Comiam, engordavam. Não possuíam nada: se se retirassem, levariam a roupa, a espingarda, o
GABARITO
baú de folha e troços miúdos. Mas iam vivendo na graça de Deus, o patrão confiava neles (…).”
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. ed. Rio, São Paulo: Record, 1996. p. 19, 24 e 44-5.
Com base na leitura dos fragmentos e das obras de que foram extraídos, a comparação
entre Fabiano e Balduíno conduz às afirmações:
(01) A vida dos dois personagens decorre num círculo vicioso de acontecimentos rotinei-
ros, relacionados com a problemática geradora das narrativas que protagonizam.
(02) A inquietação interior é um estado permanente em Fabiano, ao contrário de Balduí-
no, voltado para o imediatismo de uma vida exterior, para a aventura.
(04) Fabiano se adapta ao ambiente hostil em que vive, ao passo que Balduíno se insurge,
fazendo valer a sua individualidade.
(08) O saber usar as palavras, para Fabiano, é inalcançável; já, para Balduíno, é objeto de
IMPRIMIR
“O que é bossa nova? Bossa nova é mais solidão de uma rua de Ipanema do que a agitação
comercial de Copacabana […] é mais um olhar do que um beijo; mais uma ternura que uma
paixão. Bossa nova é o novo segredo da mocidade.”
Vinícius de Morais.
46. Unifor-CE Considere as seguintes afirmações sobre Graciliano Ramos e sua obra:
I. Este autor é um representante da “geração de 30” não apenas por razões cronológicas:
seus romances têm o traço realista e a ambientação regional que definem a ficção da
segunda fase modernista.
II. Caetés, sua obra-prima, é fruto do amadurecimento de quem já criara personagens
como Fabiano e Paulo Honório.
III. Não é à toa que João Cabral homenageou, num poema, a este grande conterrâneo seu:
a literatura de ambos norteia-se pelo lirismo sentimental e pela força de uma retórica
quase incontrolável.
Está correto SOMENTE o que se afirma em:
a) I. d) I e II.
b) II. e) II e III.
c) III.
47. UFPE
GABARITO
“Irmão… é uma palavra boa e amiga. Se acostumaram a chamá-la de irmã. Ela também os trata
de mano, de irmão. Para os menores é como uma mãezinha. Cuida deles. Para os mais velhos é
como uma irmã que brinca inocentemente com eles e com eles passa os perigos da vida aventu-
rosa que levam.
Mas nenhum sabe que para Pedro Bala, ela é a noiva. Nem mesmo o Professor sabe. E dentro do
seu coração Professor também a chama de noiva.”
AMADO, Jorge. Capitães de Areia.
“O Cruzeiro
Primeiro farol de minha terra
Tão alto que parece construído no céu
Cruz imperfeita
Que marcas o calor das florestas
E os discursos de 22 câmaras de deputados
Silêncio sobre o mar do Equador
Perto de Alfa e de Beta
Perdão dos analfabetos que contam casos
Acaso”
48. PUC-RS Um dos motivos pelos quais o poema se identifica com a proposta modernista é:
a) a utilização da paródia.
b) a rigorosa metrificação.
c) a valorização da objetividade.
d) a expressão através da musicalidade.
e) o emprego do verso livre.
23
49. U. F. Rio Grande-RS O Modernismo Brasileiro, através de seus autores mais representa-
tivos na Semana de Arte Moderna, propôs:
a) o apego às normas clássicas oriundas do neoclassicismo mineiro.
b) a ruptura com as vanguardas européias, tais como o futurismo e o dadaísmo.
c) uma literatura que investisse na idealização da figura indígena como ancestral do brasi-
leiro.
d) a focalização do mundo numa perspectiva apenas psicanalítica.
e) a literatura como espaço privilegiado para a expressão dos falares brasileiros.
53. PUC-RS Nas duas primeiras décadas do século XX, ……… propostas por autores como
……… e ……… revelam uma expressiva renovação dos padrões estéticos vigentes até
então.
a) técnicas Euclides da Rachel de
Cunha Queiroz
b) temáticas Euclides da Graça Aranha
24 Cunha
c) temáticas Graça Aranha Oswald de
Andrade
d) linguagens Rachel de Oswald de
Queiroz Andrade
e) técnicas Rachel de Graça Aranha
Queiroz
54. PUC-RS A ……… dos escritores da primeira fase do Modernismo no Brasil, tais como
………, determinou uma mudança que ……… a propulsão de estilos pessoais.
a) irreverência Oswald de Andrade permitiu
b) agressividade Mario de Andrade impediu
c) consciência Carlos Drummond possibilitou
de Andrade
GABARITO
Ramos Barreto
d) Jorge Guimarães terra a miséria
Amado Rosa
e) Graça Graciliano terra a ganância
Aranha Ramos
1
“(…)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
25 Não gorjeiam como lá.
(…)”
DIAS, Gonçalves. Poesias completas. São Paulo: Saraiva, 1957.
2
“lá?
ah!
Sabiá…
papá…
maná…
Sofá…
sinhá…
cá?
bah!”
PAES, José Paulo. Um por todos. Poesia reunida. São Paulo: Brasiliense, 1986.
GABARITO
a) Aponte uma característica do texto 1 que o filia ao Romantismo e uma do texto 2 que o
filia ao Concretismo.
b) É possível relacionar o texto 2 com o 1? Justifique.
58. Fuvest-SP
c) O poema, por meio de frases curtas e negações, acaba por expressar o sentimento de
incompletude e angústia do homem moderno, frente à existência.
d) O poeta quer comunicar-se e não consegue, pois lhe faltam palavras.
e) O poeta se ressente de não ter a força das coisas, tendo apenas vontade de explodir.
“Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!”
ANDRADE, Carlos Drummond de. “Europa, França e Bahia”, Alguma poesia.
“Música
Uma coisa triste no fundo da sala.
Me disseram que era Chopin.
A mulher de braços redondos que nem coxas
martelava na dentadura dura
sob o lustre complacente.
Eu considerei as contas que era preciso pagar,
os passos que era preciso dar,
as dificuldades…
Enquadrei o Chopin na minha tristeza
e na dentadura amarela e preta
meus cuidados voaram como borboletas.”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia.
d) modernista.
e) árcade.
64. PUC-SP
65. Fatec-SP Sobre a poesia de João Cabral de Melo Neto, é correto afirmar que ela
a) se caracteriza por procedimentos subjetivos em que a vivência nordestina se destaca.
b) apresenta certos aspectos de construção que põem em evidência os substantivos con-
cretos.
c) evidencia o experimentalismo constante, próprio da primeira geração modernista.
d) revela um tom regionalista que jamais conseguiu superar.
e) manifesta um caráter místico, próprio de outro poeta de sua geração: Jorge de Lima.
GABARITO
66. Fuvest-SP
“Minha Nossa Senhora! Aquele homem tinha má sorte! Aquele homem enorme com tantos
filhinhos pequenos e uma mulher paralítica na cama!… E no entanto eu era feliz! e com três
estrelinhas-do-mar para me darem sorte… É certo: eu pusera imediatamente as estrelas no dimi-
nutivo, porque se houvesse de ceder alguma ao operário, já de antemão eu desvalorizava as três,
todas as três, na esperança desesperada de dar apenas a menor. Não havia diferença mais, eram
apenas três ‘estrelinhas’-do-mar. Fiquei desesperado. Mas a lei se riscara iniludível no meu espíri-
to: e se eu desse boa sorte ao operário na pessoa da minha menor estrelinha pequetitinha?… Bem
que podia dar a menor, era tão feia mesmo, faltava uma das pontas, mas sempre era uma estre-
linha-do-mar. Depois: o operário não era bem vestido como papai, não carecia de uma boa sorte
muito grande não. Meus passos tontos já me conduziam para o fundo do quintal fatalizadamen-
te. (…) Lá estavam as três estrelinhas, brilhando no ar do sol, cheias de uma boa sorte imensa. E eu
tinha que me desligar de uma delas, da menorzinha estragada, tão linda! Justamente a que eu
gostava mais, todas valiam igual, porque a mulher do operário não tomava banhos de mar? Mas
sempre, ah meu Deus que sofrimento! Eu bem não queria pensar mas pensava sem querer, des-
lumbrado, mas a boa mesmo era a grandona perfeita, que havia de dar mais boa sorte pra aquele
malvado de operário que viera, cachorro! dizer que estava com má sorte. Agora eu tinha que dar
pra ele a minha grande, a minha sublime estrelona-do-mar!…
(…)
— Tome! eu soluçava gritado, tome a minha… tome a estrela-do-mar! dá… dá, sim, boa sor-
te!…
O operário olhou surpreso sem compreender. Eu soluçava, era um suplício medonho.
III. Tanto a sintaxe quanto o ritmo e o vocabulário da fala brasileira incorporam-se à fala
do narrador e ao diálogo das personagens.
IV. “E todos principiaram muito calmos, falando de papai. A imagem dele foi diminuin-
do, diminuindo e virou uma estrelinha brilhante no céu. Agora todos comiam o peru
com sensualidade, porque papai fora muito bom, sempre se sacrificara por nós”.
V. As narrativas do livro focalizam momentos especiais vividos com intensidade e pai-
xão pelas personagens.
É correto associar a Contos Novos somente
a) I e III.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
IMPRIMIR
“ALGAZARRA “BUCÓLICA
A fala dos bichos Agora vamos correr o pomar antigo
é comprida e fácil: Bicos aéreos de patos selvagens
miados soltos Tetas verdes entre folhas
na campina; E uma passarinhada nos vaia
águias (…)”
hidráulicas ANDRADE, Oswald. Pau-Brasil.
nas pontes;
na cozinha
a hidra espia
medrosas as cabeças;
enguias engolem
sete redes
saturam de lombrigas
o pomar;
(…)”
CESAR, Ana Cristina. 26 poetas hoje.
a) Os textos possuem características vanguardistas, uma vez que criam situações e espa-
30 ços surreais, compondo um pomar em que os encanamentos se transformam em “lom-
brigas” e as frutas em “tetas verdes”.
b) Embora modernos, esses poemas são representantes do Arcadismo, porque ambos tra-
balham com elementos da natureza, colocando o homem em contato direto com ela. Tal
procedimento é verificável em toda a literatura ocidental.
c) No poema de Ana Cristina Cesar, a “algazarra” do título, que está ligada a uma grande
fantasia, se estabelece a partir dos versos “águias/hidráulicas” e se estende até o último
verso.
d) A “algazarra” também pode ser verificada nos jogos sonoros das palavras, que geram
ambigüidade de sentido, como na palavra “águias”, que pode ser “águas”, e no verso
“enguias engolem”, em que “engolem” repercute nas primeiras letras de “enguias”.
69. UFF-RJ Sobre autores de nossa literatura e aspectos de sua obra é INCORRETO
afirmar:
a) Mário de Andrade, escritor do Modernismo, foi um pesquisador incessante das varia-
das manifestações da cultura brasileira e, por seu espírito crítico, exerceu influência
decisiva na renovação de nossa literatura. Estudou e escreveu também sobre folclore,
GABARITO
música e pintura.
b) Machado de Assis, importante escritor nascido no século XIX, produziu uma obra rica
em gêneros literários, destacando-se principalmente no conto e no romance, com seu
poder de análise da psicologia humana. Destacam-se entre seus contos: A Missa do
Galo, A Cartomante, Uns Braços.
c) José de Alencar foi um escritor do século XIX, cuja vasta obra inclui romances nas
linhas regionalista, urbana, indianista e histórica, além de numerosos textos sobre as
relações entre a língua e a literatura nacional.
d) Álvares de Azevedo foi um poeta romântico que se destacou sobretudo na temática
indianista. Exaltou principalmente o sentimento de honra e a valentia do índio. Escre-
veu alguns dos poemas mais conhecidos de nossa literatura, tais como: Lira dos Vinte
Anos, Macário, Marabá, O Canto do Guerreiro.
IMPRIMIR
Texto 2
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos.
E o meus pensamentos são todos sensações.”
Alberto Caeiro.
Texto 3
“Severo aguarda o fim que pouco tarda.
Que é qualquer vida? Breve sóis e sono.”
GABARITO
Ricardo Reis.
Texto 4
“Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!”
Álvaro de Campos.
c) Ricardo Reis tem sempre uma postura reflexiva diante da vida e da arte;
d) Álvaro de Campos, influenciado pelo futurismo, dedicou toda sua poesia ao elogio do
mundo moderno.
73. U. F. Viçosa-MG A respeito de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, somente NÃO pode-
mos afirmar que:
a) os personagens, Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos, são convertidos em criaturas bruta-
lizadas, numa sugestão de que a dureza do solo nordestino aproxima a vida humana da
vida animal.
b) embora composta de pequenas narrativas isoladas, a obra mantém a estrutura de um
32 romance pela presença quase constante de seus personagens e por uma sucessão tem-
poral.
c) a obra insere-se no chamado romance de 30 por uma total fidelidade aos experimenta-
lismos lingüísticos da fase heróica do movimento modernista.
d) o retirante Fabiano, incapaz de verbalizar seus próprios pensamentos, expressa-se, qua-
se sempre, através do discurso indireto livre de um narrador onisciente.
e) a narrativa denuncia o flagelo do sertão nordestino, onde o homem, fundindo-se ao seu
meio, é arrastado por um destino adverso e inútil.
74. U. Uberaba-MG O fragmento a seguir, embora breve, permite perceber algumas caracte-
rísticas importantes do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Com base no seu co-
nhecimento do livro como um todo e na leitura atenta do fragmento, assinale a alternativa
INCORRETA:
“Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do
rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali
não havia sinal de comida, (…) Sinhá Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas
GABARITO
a) O fragmento permite observar que, neste romance, o plano social articula-se com o
plano psicológico.
b) No texto há expressões que colocam num mesmo grupo homens e animais.
c) Por este fragmento percebe-se que o que aproxima homens e animais é a fome e a
miséria.
d) O texto registra o momento em que Sinhá Vitória, penalizada com a morte do papagaio,
por quem nutria um grande afeto, entra num estado de devaneio confuso, de verdadeiro
caos mental.
IMPRIMIR
76. Fempar A obra de Graciliano Ramos pode ser identificada como pertencente à 2ª fase do
Modernismo, pois:
I. explora a tendência do romance de 30 de focalizar problemas sociais, criticando a
exploração que leva às diferenças sociais.
II. insere-se na perspectiva regionalista ao ambientar-se no Nordeste brasileiro e procu-
rar desvendar a realidade de nossa sociedade.
III. serve-se de valores realistas e naturalistas – neo-realismo e neo-naturalismo – ao fazer
também da obra um palco para a discussão de questões ideológicas.
IV. realiza uma abordagem de tensão crítica em que o herói se encontra angustiado e em
conflito com a sociedade e com seu íntimo, numa sondagem da criatura humana na
vertente intimista.
Estão corretas as afirmativas:
GABARITO
a) I e III apenas.
b) II e IV apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, II, III e IV.
e) I, III e IV apenas.
77. PUC-PR São características do Modernismo brasileiro nos anos 20, exceto:
a) interesse em “descobrir o Brasil”, levando os escritores a realizarem viagens pelo inte-
rior do país.
b) ímpeto iconoclasta, representado pela tendência à escrita de “poemas-piada”.
c) ruptura com outras artes, no intuito de reivindicar total autonomia para a linguagem
IMPRIMIR
literária.
d) as propostas de renovação da linguagem embasaram-se em teorias elaboradas pelas
“vanguardas européias”.
e) influência de um estilo de vida cultural europeu, resultando na formação de grupos
unidos em torno da publicação de revistas e manifestos.
“Nem mãe nem pai acharam logo a maravilha, repentina. Mas Tiantônia. Parece que foi de
manhã. Nhinhinha, só sentada olhando o nada diante das pessoas: — ‘Eu queria o sapo vir aqui’.
Se bem a ouviram, pensaram fosse um patranhar, o de seus disparates, de sempre. Tiantônia, por
vezo, acenou-lhe com o dedo. Mas, aí, reto, aos pulinhos, o ser entrava na sala, para aos pés de
Nhinhinha, — e não o sapo de papo, mas bela rã brejeira, vinda do verduroso, a rã verdíssima.
Visita dessas jamais acontecera. E ela riu: — ‘Está trabalhando um feitiço…’ Os outros se pasma-
ram; silenciaram demais.”
ROSA, Guimarães. Fragmento de “A menina de lá”.
82. Unifor-CE
“E eu fui vendo logo que os animais dele não prestavam. O matungo, p’ra se deitar, ajoelhava
que nem vaca, e a modo e coisa que era cego de um olho. Mas eu entendi que ele não era cego
35 nenhuns-nada: era uma pelinha que tinha crescido tapando a vista — que, até, depois, seu Ray-
mundo boticário tirou p’ra mim… O pica-pau parecia que não ia durar mais muito tempo vivo…
Tinha sinal de duas sangraduras… Mau, mau!”
83. UFSE
“Sou remediado lavrador, isto é — de pobre não me sujo, de rico não me emporcalho. Defesa
e acautelamento é que não me falecem, nesta fazenda Santa-Cruz-da-Onça, de hospitalidades;
minha. Aqui é um recanto. Por moleza do calor era que eu ficava a observar. Nesse dia, nada vezes
GABARITO
O texto acima pertence a um conto que, pelo trabalho com a linguagem e pelo espaço da
ação, pode ser identificado como um trecho de:
a) Raul Pompéia, narrado em primeira pessoa, na qual o autor traça um momento de sua
autobiografia.
b) Guimarães Rosa, narrado em terceira pessoa, explorando um cenário que não costuma
representar.
c) Guimarães Rosa, narrado em primeira pessoa, focando o universo cultural que mais lhe
interessou.
d) Dalton Trevisan, narrado em primeira pessoa, explorando o cenário que costuma repre-
IMPRIMIR
sentar.
e) Dalton Trevisan, narrado em terceira pessoa, focando um universo cultural que pouco
explorou.
“— Severino retirante,
Deixe agora que lhe diga:
Eu não sei bem a resposta
Da pergunta que fazia
Se não vale mais saltar
Fora da ponte e da vida:
Nem conheço essa resposta,
Se quer mesmo que lhe diga;
Ainda mais quando ela é
Esta que vê, severina;
Mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
Ela, a vida, a respondeu
Com sua presença viva.”
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina.
85. U. Salvador-BA
( ) Temática universalizante.
( ) Linguagem marcada pela concisão.
( ) Exploração da polissemia do signo verbal.
Os versos acima são parte de um poema modernista de Jorge de Lima. Em relação a esses
versos, é correto afirmar:
I. Há neles (sobretudo nos cinco primeiros) um registro afetivo, descritivo, em tom co-
loquial.
II. Nos quatro últimos, o poeta se aproxima bastante do estilo da poesia parnasiana.
III. À época em que foram escritos, o trem representava um elemento da modernização do
cotidiano.
“Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
GABARITO
88. U. F. Juiz de Fora-MG Assinale a única relação CORRETA entre o fragmento de verso
e o comentário:
a) “… o hábito de sofrer…” – permanência da herança romântica;
b) “… que ora te ofereço…” – o poeta dirige-se a um hipotético itabirano;
c) “Tive ouro, tive gado…” – referência a uma origem aristocrática rural;
d) “este couro de anta…” – o poeta lamenta a destruição da natureza.
89. UFMG Todos os seguintes versos, de Antologia poética, contêm uma reflexão sobre o
fazer literário, EXCETO
a) Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra.
b) As palavras não nascem amarradas, / elas saltam, se beijam, se dissolvem.
c) Penetra surdamente no reino das palavras, lá estão os poemas que esperam ser escritos.
38 d) Que é poesia, o belo? Não é poesia, / e o que não é poesia não tem fala.
90. UFMG Com base na leitura de Antologia poética, é INCORRETO afirmar que a poesia
de Carlos Drummond de Andrade apresenta temas
a) explicitamente políticos.
b) freqüentemente autobiográficos.
c) marcadamente existenciais.
d) preponderantemente negativistas.
91. U. F. Uberlândia-MG “Não deixarei de mim nenhum canto radioso, uma voz matinal
palpitando na bruma e que arranque a alguém seu mais secreto espinho.”
A partir do fragmento do poema “Legado”, de Carlos Drummond de Andrade, só NÃO se
pode afirmar que:
a) há no poema a questão da metalinguagem.
b) o poeta avalia modestamente sua obra.
c) trata-se de uma consciência poética moderna.
GABARITO
92. U. F. Viçosa-MG
93. UFMG Com relação aos contos “A terceira margem do rio” e “Partida do audaz navegan-
te”, de Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que ambos
constituem narrativas que
a) focalizam uma situação de separação vivida pelas personagens.
b) se constroem a partir da focalização de uma situação familiar.
c) se constroem a partir do ponto de vista de um narrador em primeira pessoa.
d) se constroem a partir do ponto de vista infantil de um narrador-menino.
95. U. F. Uberlândia-MG
“… E foi assim que no grande parque do colégio lentamente comecei a aprender a ser amada,
suportando o sacrifício de não merecer, apenas para suavizar a dor de quem não ama”.
LISPECTOR, Clarice. “Os desastres de Sofia”.
va INCORRETA:
a) O tema desse conto é o envolvimento amoroso violento vivido por uma adolescente e
um adulto.
b) Os processos de aprendizagem permanente, essencial para a vida, estão sempre presen-
tes na obra de Clarice.
c) A infância e a adolescência são temas que se destacam em Felicidade Clandestina.
d) Sofia, nesse conto, detém uma sabedoria em progresso que ela trata de associar com a
intuição feminina.
96. UFR-RJ Mário Quintana teria, para alguns historiadores de literatura brasileira, encontra-
do fórmulas felizes de humor, sem ter saído do clima neo-simbolista que condicionara sua
formação.
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“Lá adiante, em plena estrada, o pasto se enramava, e uma pelúcia verde, verde e macia, se
estendia no chão até perder de vista.
A caatinga despontava toda em grelos verdes […]
Insetos cor de folha — esperanças — saltavam sobre a grama.
[…]
Mas a triste realidade duramente ainda recordava a seca.
Passo a passo, na babugem macia, carcaças sujas maculavam a verdura.
Reses famintas, esquálidas, magoavam o focinho no chão áspero, que o mato ainda tão curto
mal cobria, procurando em vão apanhar nos dentes os brotos pequeninos.”
100. PUC-RS Trata-se de trecho de ………, de Rachel de Queiroz — obra que se caracteriza
pela ………, evidenciando a consciência crítica da autora acerca do problema da seca. É
dessa forma que a obra se associa ao que se convencionou denominar de romance ……….
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“Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morren-
do de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta
da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos
41 — e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera (…).
— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar
só. E, pensando bem, ele não era um homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas
dos outros. (…) Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos alguém tivesse percebido a
frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades”.
103. FEI-SP Observe as palavras sublinhadas no texto: “ele”, “você” e “alguém”. Assinale a
alternativa que analise corretamente sua classe morfológica:
a) pronome pessoal do caso oblíquo – pronome demonstrativo – pronome relativo.
b) pronome pessoal do caso oblíquo – pronome possessivo – pronome demonstrativo.
c) pronome demonstrativo – pronome de tratamento – pronome pessoal do caso reto.
d) pronome pessoal do caso reto – pronome demonstrativo – pronome relativo.
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O trecho acima é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele é incorreto afirmar-se
que
a) prenuncia nova seca e relata a luta incessante que os animais e o homem travam na
constante defesa da sobrevivência.
b) marca-se por fatalismo exagerado, em expressão como “o sertão ia pegar fogo”, que
impede a manifestação poética da linguagem.
c) atinge um estado de poesia, ao pintar com imagens visuais, em jogo forte de cores, o
quadro da penúria da seca.
d) explora a gradação, como recurso estilístico, para anunciar a passagem das aves a cami-
nho do Sul.
42 e) confirma, no deslocamento das aves, a desconfiança iminente da tragédia, indiciada
pela “brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes”.
105. Fuvest-SP Um escritor classificou Vidas Secas como “romance desmontável”, tendo em
vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e se-
qüências parcialmente truncadas. Essas características da composição do livro
a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do Regiona-
lismo nordestino.
b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia
os ditames do primeiro momento do Modernismo.
c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão adequada
da realidade sertaneja.
d) revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha, em Os ser-
tões.
e) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo.
GABARITO
106. Fuvest-SP Em Vidas secas e em Morte e vida severina, os retirantes Fabiano e Severino
a) são quase desprovidos de expressão verbal, o que lhes dificulta a comunicação até mes-
mo com os mais próximos.
b) encontram na relação carinhosa com os filhos sua única fonte permanente de ternura
em um meio hostil.
c) surgem como flagelados, que fogem das regiões secas, mas se decepcionam quando
chegam ao Recife.
d) são homens rústicos e incultos, que não possuem habilidades técnicas ou ofícios que
lhes permitam trabalhar.
IMPRIMIR
e) aparecem como oprimidos tanto pelo meio agreste quanto pelas estruturas sociais.
109. Fuvest-SP Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa consiste em deslocar pala-
vras da classe gramatical a que elas pertencem. Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua
filha”, a única em que isso não ocorre é:
a) “… os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair mais da memória”.
b) “… não queria dar-se em espetáculo, mas representava de outroras grandezas”.
GABARITO
PRÉ-MODERNISMO/
MODERNISMO
1. 06 29. A
2. V-F-F-F 30. A
1 3. D 31. E
4. F-V-V-F 32. B
5. 07 33. E
6. F-V-V-F-V 34. B
7. 29 35. B
8. F-V-V 36. B
9. V-F-F-V-V 37. V-V-F-V-V
10. V-V-F-F-V-F 38. F-F-F-F-V
11. 29 39. V-V-F
12. C 40. 13
GABARITO
57. a) São diversas as características românticas do poema 1 que poderiam ser citadas:
— Nacionalismo;
— Saudosismo:
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2 62. D
63. E
88. C
89. A
64. A 90. D
65. B 91. D
66. E 92. C
67. E 93. D
68. B 94. B
69. D 95. A
70. A 96. A
71. D 97. A
GABARITO
72. C 98. E
73. D 99. A
74. D 100. D
75. A 101. E
76. D 102. C
77. C 103. E
78. E 104. B
79. D 105. E
80. B 106. E
81. D 107. A
82. C 108. D
83. C 109. C
84. A
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