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Mas afinal, o que é um paradoxo?

Em sentido amplo, «paradoxo» significa o que é «contrário à opinião


recebida e comum», ou à opinião admitida como válida.

Em Filosofia, paradoxo designa o que é aparentemente contraditório,


mas que apesar de tudo tem sentido.

Em Matemática, fala-se muitas vezes de paradoxo matemático ou


paradoxo lógico, ou seja, de uma contradição deduzida no seio dos
sistemas lógicos e das teorias matemáticas.

No entanto, as fronteiras do conceito de paradoxo não estão muito bem


definidas. As ideias de conflito ou de dificuldade insuperável parecem
acompanhar de forma estável a ideia de paradoxo. Mas, demasiado
gerais, elas podem servir também para caracterizar «antinomia» (que
originariamente significava conflito entre duas leis) ou «aporia»
(«caminho sem saída»).

Um paradoxo lógico consiste em duas proposições contrárias ou


contraditórias derivadas conjuntamente a partir de argumentos que não
se revelaram incorrectos fora do contexto particular que gera o
paradoxo. Ou seja, partindo de premissas geralmente aceites e
utilizadas, é (pelo menos aparentemente) possível, em certas condições
específicas, inferir duas proposições que ou afirmam exactamente o
inverso uma da outra ou não podem ser ambas verdadeiras.

Os paradoxos são conhecidos e discutidos desde a antiguidade e o seu


aparecimento tem impulsionado, em vários casos, um estudo mais
rigoroso e profundo dos fundamentos da matemática.

Os paradoxos mais conhecidos:

Paradoxo de Burali-Forti

Trata-se de um paradoxo da teoria dos conjuntos. Sabe-se que a toda a


boa ordem corresponde um único número ordinal . Também se sabe que
todo o segmento inicial de ordinais forma uma boa ordem cujo número
ordinal correspondente excede todos os ordinais desse conjunto.
Considere-se a colecção de todos os ordinais. Esta colecção é uma boa
ordem e, portanto, corresponde-lhe um ordinal A . Logo, A excede todos
os ordinais e, em particular, excede-se a si próprio, o que é uma
contradição.
Na raiz deste paradoxo está o uso irrestrito do princípio da abstracção, o
qual permite formar o conjunto A .

Paradoxo de Cantor

Paradoxo de Cantor é o paradoxo da teoria dos conjuntos que se obtém


devido a considerar-se a cardinalidade do conjunto V de todos os
conjuntos. Por um lado, esta cardinalidade não pode ser inferior à
cardinalidade do conjunto das partes de V, pois todas as partes de V são
conjuntos e. portanto, formam um subconjunto de V. Por outro lado, o
Teorema de Cantor diz – precisamente – que a cardinalidade de um
qualquer conjunto é inferior à cardinalidade do conjunto das partes
desse conjunto.

Na raiz deste paradoxo está também o uso irrestrito do princípio da


abstracção , o qual permite formar o conjunto

Paradoxo do Mentiroso, de Epiménides ou do Cretense

Epiménides é cretense e afirma que todos os cretenses mentem.

Se Epiménides for cretense e se todos os cretenses mentem então,


quando Epiménides afirma:

Todos os cretenses mentem

Afirma uma proposição verdadeira. Portanto Epiménides não mente


quando afirma que todos os cretense, incluindo Epiménides, mentem. V.

Em consequência:

1- Epiménides mente se e só se não mente (isto é, diz a verdade)

2- Epiménides não mente (isto é, diz a verdade) se e só se mente.

Antinomia

Muitas vezes, usam-se as palavras paradoxo e antinomia como


sinónimos ou então consideram-se as antinomias como uma classe
especial de paradoxos: os resultantes de uma contradição entre duas
proposições, em que cada uma delas é racionalmente defensável.

De uma forma geral, antinomia designa um conflito entre duas ideias,


proposições, atitudes, etc.. Fala-se, por exemplo, de antinomia entre fé
e razão, entre amor e dever, entre moral e política. Num sentido mais
restrito, antinomia designa um conflito entre duas leis.

O termo antinomia é, por vezes, utilizado para designar um conflito


entre duas proposições, ou entre as consequências que delas advêm. A
antinomia de duas proposições difere da contrariedade. Duas
proposições podem ser contrárias sem que constituam uma antinomia,
no entanto, ela surge quando se pretende provar a validade de cada
uma delas.

Especificamente, emprega-se o termo antinomia dentro da crítica


Kantiana do sistema de ideias cosmológicas na Crítica da Razão Pura
(1781). Kant (1724-1804) fala da «antinomia da razão pura que
consiste em usar ideias transcendentes com o fim de obter
conhecimentos relativos ao mundo».
Kant salienta que "Uma tese dialéctica da razão pura deverá, por
consequência, possuir algo que a distinga de todas as proposições
sofísticas e é o seguinte: que não se ocupe de uma questão arbitrária,
levantada apenas por capricho, mas de um problema que se depara
necessariamente à razão humana na sua marcha; e, em segundo lugar,
que apresente, como proposição contrária, não uma aparência artificial
que logo desaparece desde que como tal se examina, mas uma
aparência natural e inevitável que, mesmo quando já não engana,
continua ainda a iludir, embora não a enredar, e que, por conseguinte,
pode tornar-se inofensiva sem nunca poder ser erradicada." 2 Kant dá
uma lista de quatro antinomias, divididas em dois grupos: antinomias
matemáticas e antinomias dinâmicas.

1ª Antinomia
Tese: "O mundo tem um começo no tempo e é também limitado no
espaço."
Antítese: "O mundo não tem começo nem limites no espaço; é infinito
tanto no tempo como no espaço."

2º Antinomia
Tese: "Toda a substância composta, no mundo, é constituída por partes
simples e não existe nada mais que o simples ou o composto pelo
simples."
Antítese: "Nenhuma coisa composta, no mundo, é constituída por partes
simples, nem no mundo existe nada que seja simples."

3ª Antinomia
Tese: "A casualidade segundo as leis da natureza não é a única de onde
podem ser derivados os fenómenos do mundo no seu conjunto. Há
ainda uma casualidade pela liberdade que é necessário admitir para os
explicar."
Antítese: "Não há liberdade, mas tudo no mundo acontece unicamente
em virtude das leis da natureza."

4ª Antinomia
Tese: "Ao mundo pertence qualquer coisa que, seja como sua parte,
seja como sua causa, é um ser absolutamente necessário."
Antítese: "Não há em parte alguma um ser absolutamente necessário,
nem no mundo, nem fora do mundo, que seja a sua causa."

Contradição

A noção de contradição é, geralmente estudada sob a forma de um


princípio: o «princípio de contradição» ou «princípio de não
contradição». Com frequência, tal princípio é considerado um princípio
ontológico e, neste sentido, enuncia-se do seguinte modo:

«É impossível que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo, a


mesma coisa». Outras vezes, é considerado como um princípio lógico, e
então enunciado do modo seguinte: «não se pode ter p e não p», onde
p é símbolo de um enunciado declarativo.

O primeiro pensador que apresentou este princípio de forma


suficientemente ampla foi Aristóteles. Várias partes da sua obra estão
consagradas a este tema, mas nem sempre o princípio é formulado do
mesmo modo. Às vezes apresenta-o como uma das «noções comuns»
ou «axiomas» que servem de premissa para a demonstração, sem
poderem ser demonstradas. Noutras ocasiões, apresenta-o como uma
«noção comum», usada para a prova de algumas conclusões. Apresenta
ainda este princípio como uma tese segundo a qual se uma proposição é
verdadeira, a sua negação é falsa e se uma proposição é falsa, a sua
negação é verdadeira, quer dizer, como a tese segundo a qual, duas
proposições contraditórias não podem ser ambas verdadeiras ou ambas
falsas.

Estas formulações podem reduzir-se a três interpretações do mesmo


princípio: ontológica, lógica e metalógica. No primeiro caso o princípio
refere-se à realidade; no segundo, converte-se numa formula lógica ou
numa tautologia de lógica sequencial, que se enuncia do seguinte modo:
¬(p Ù ¬p)

e que se chama geralmente de lei de contradição. No terceiro caso, o


princípio é uma regra que permite realizar inferências lógicas.
As discussões em torno do princípio de contradição têm diferido
consoante se acentua o lado ontológico ou o lado lógico e metalógico.
Quando se dá mais relevância ao lado ontológico, trata-se sobretudo de
afirmar o princípio como expressão da estrutura constitutiva do real, ou
de o negar supondo que a própria realidade é contraditória (Hereclito)
ou que, no processo dialéctico da sua evolução, a realidade supera,
transcende ou vai mais além do princípio de contradição (Hegel).
Quando predomina o lado lógico e metalógico, trata-se então de saber
se o princípio deve ser considerado como um axioma evidente por si
mesmo ou como uma convenção da nossa linguagem que nos permite
falar acerca da realidade.

Contraditório

relação de oposição que se dá entre proposições contraditórias, é a que


se dá entre as proposições A-O e E-I. Segundo a relação de oposição
contraditória, duas proposições contraditórias não podem ser ambas
verdadeiras ou ambas falsas.
Portanto:

Se A é verdadeira, O é falsa.
Se A é falsa, O é verdadeira.
Se E é verdadeira, I é falsa.
Se E é falsa, I é verdadeira.

A contradição respeita a proposições, não a ideias. As ideias não são


contraditórias entre si; podem ser contraditórias apenas as proposições
em que se afirma ou nega algo.

Para saber mais sobre o significado das proposições A, E, I, O clique


aqui. (página dos nossos colegas: Gonçalo e Cláudia)

Absurdo

Absurdo significa contrário à razão. Habitualmente, chamamos absurdo


ao que está fora do considerado «normal»ou que está contra ou se
afasta do sentido «comum».

É frequente falar-se de proposições absurdas ou crenças absurdas, com


efeito, podemos conceber crenças absurdas e expressá-las em
proposições que não têm um aspecto absurdo.

É também frequente dar um sentido lógico –ou se quisermos, ilógico- a


"absurdo", equiparando absurdo a ilógico. Neste sentido, surge a
expressão "Redução ao absurdo", que designa um tipo de raciocínio, que
consiste em provar uma proposição p, assumindo a falsidade de p e
demonstrando que da falsidade de p se deduz uma proposição
contraditória com p.

Há, no entanto, uma outra acepção de absurdo, estritamente ligada a


sem sentido. Por exemplo, quando falamos de um rectângulo redondo,
um triângulo com quatro lados, substâncias imateriais, etc. estamos a
falar de coisas sem sentido. Segundo alguns autores, estas situações
não traduzem um erro mas antes uma situação em que as palavras
carecem de significação, isto é, são absurdas.

1- Mora, J. F.(1986). Dicionário de Filosofia. Barcelona: Alianza Editorial.

2- Kant, I. (1985). Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, p. 389.

Fonte Olga Pombo - opombo@fc.ul.pt


O que é EPISTEMOLOGIA?

Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego "episteme",


"conhecimento"; "logos", "discurso"), é um ramo da filosofia que trata
dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.

Podemos dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a


crença ou opinião ("doxa", em grego) ao conhecimento. A crença é um
determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença
verdadeira e justificada.

A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo


de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que
descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este
conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade,
isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e
utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.

Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão.


Trata-se do conhecimento prático, o saber como.

A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero


sentimento que temos da verdade do pensamento, mas sim no sentido
forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Ante a questão da possibilidade do conhecimento, o sujeito pode tomar
diferentes atitudes:

 Dogmatismo; atitude filosófica defendida por Descartes segundo a


qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais, e ter
absoluta certeza disso.

 Cepticismo; atitude filosófica oposta ao dogmatismo a qual duvida


de que seja possível um conhecimento firme e seguro, esta
postura foi defendida por Pirro.

 Relativismo; atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a


existência de uma verdade absoluta e defende a idéia de que cada
indivíduo possui sua própria verdade. Esta verdade depende do
espaço e o tempo.

 Perspectivismo; atitude filosófica que defende a existência de uma


verdade absoluta mas pensa que nenhum de nós podemos chegar
a ela senão que chegamos a uma pequena parte. Cada ser
humano tem uma visão da verdade. Esta postura foi defendida por
José Ortega y Gasset.

Epistemologia Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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