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Decreto Nº 6.302, de 12 de dezembro de 2007. Institui O Programa Brasil Profissionalizado com vistas a
estimular o ensino médio integrado à educação profissional, enfatizando a educação científica e humanística,
estão articulados com a elaboração dos Planejamentos Plurianuais (PPA) no âmbito do
Governo Federal e os desdobramentos destes planejamentos nos governos estaduais.
982. O PPA é um instrumento previsto no Art. 165 da Constituição Federal de 1988, no qual
em 2004-200724, no âmbito do Governo Federal, se apontava para a estratégia do
desenvolvimento regional e local, por intermédio do fortalecimento dos arranjos
produtivos locais (APLs), com ênfase na execução de alguns programas, como Ciência e
Tecnologia para a Inclusão Social, cuja finalidade foi elevar a competitividade local,
essencial à disputa dos territórios pelos investimentos produtivos.
982.2.1 O programa de desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais impulsionará os polos produtivos regionais,
que reúnem principalmente empresas de menor porte. É enorme a contribuição potencial desses polos para
a desconcentração espacial da atividade produtiva e da oferta de emprego, além dos benefícios relacionados
ao aproveitamento e desenvolvimento de vocações territorialmente dispersas (BRASIL, 2003, p. 153).
983. Neste compasso, ocorre o delineamento de medidas quanto ao desenvolvimento de
uma nova política pública para a EPT, incluindo-se a revisão da legislação vigente à época,
entre outras medidas, no intuito de assegurar a oferta em todos os níveis, articulada às
políticas nacionais para geração de emprego, trabalho e renda (BRASIL, 2003, p. 80).
984. A revogação do Decreto n.º 2.208, de 199725 do governo de Fernando Henrique Cardoso,
no ano de 2004, e a publicação do Decreto n.º 5.154 de 2004, em vigor, a partir do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva, resultaram da avaliação de conjuntura segundo a qual, revogar
o anterior, sem qualquer normatização, poderia travar o processo de mudanças pelo
acirramento do confronto com as forças conservadoras (FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS,
2012 p. 28-29).
985. Ainda em 2004, o movimento pela nova política de educação profissional ganha força.
Surge no Brasil, através do Ministério da Educação (MEC), o documento denominado Pacto
Pela Valorização da Educação Profissional e Tecnológica por uma Profissionalização
Sustentável. O Governo Federal se comprometeria, à época, em garantir esta medida como
necessidade para o projeto de nação e de desenvolvimento para o país ao englobar um
duplo imperativo: a atualização e o acompanhamento da rápida transformação tecnológica
e a garantia dos direitos sociais do trabalhador (BRASIL, 2004a, p. 1).
986. A partir desse documento, o Ministério da Educação (2004) elabora outro denominado
Políticas Públicas para a Educação Profissional, no qual apresenta alguns pressupostos para
por meio da articulação entre formação geral e educação profissional no contexto dos arranjos produtivos e
das vocações locais e regionais.
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Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/leis-orcamentarias/ppa/2004-
2007/ppa-2004-2007/mensagempresidencial.PDF>. Acesso em: 08/05/2020.
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Decreto instituído no governo de FHC, que revoga a obrigatoriedade de a Educação Profissional de Nível
Médio ser ofertada pelas redes públicas de ensino federais e estaduais. De acordo com Frigotto, Ciavatta e
Ramos (2014, p. 13), o Decreto 2.208/97 restabeleceu o dualismo na educação profissional no Brasil e assumiu
o ideário pedagógico do capital ou do mercado, bem como a pedagogia das competências para a
empregabilidade, com base nas Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais. Para os autores, não somente
proibia a pretendida formação integrada, mas “regulamentava formas fragmentadas e aligeiradas de
educação profissional em função das alegadas necessidades do mercado”.
essa modalidade de educação pública, a saber: i) articular a educação profissional e
tecnológica com a educação básica; ii) integrar a educação profissional e tecnológica ao
mundo do trabalho; iii) promover a interação da educação profissional e tecnológica com
outras políticas públicas; iv) recuperar o poder normativo da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB26; v) proceder à reestruturação do sistema público de Ensino
Médio Técnico e da Educação Profissional e Tecnológica.
987. O Decreto n. º 5154 de 2004 transformado na Lei n. º 11.741 de 2008 instituiu a
Educação Profissional e Tecnológica (EPT) articulada à Educação Básica, no Ensino Médio,
nas formas: integrada e concomitante; e, subsequente ao Ensino Médio. Constitui o novo
marco regulatório para a oferta da EPT no Brasil, uma vez que altera dispositivos da Lei n.
º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, especificamente, os Arts. 37-39 e 41-42, bem como
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para redimensionar, institucionalizar
e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens
e adultos e da educação profissional e tecnológica.
988. Na Bahia, a expansão da educação profissional técnica de nível médio se deu a partir do
PPA 2008/2011, nominado como o “PPA Estadual Territorializado e Participativo”, por meio
da Lei Estadual n. º 13.214, de 29 de dezembro de 2014, que instituiu a política de
desenvolvimento territorial do Estado da Bahia com a implantação de políticas públicas
sobre o viés da territorialização, onde novas institucionalidades são produzidas com
representação da sociedade civil de cada Território.
989. Cabe salientar que os estudos realizados por Milton Santos (2014), foram significativos
para uma nova perspectiva do espaço na construção coletiva da concepção de Território
de Identidade (TI), e de cidadania à época, pelo viés geográfico e pelo ângulo do
funcionamento do metabolismo do modo de produção no sistema capitalista. A pertinência
desta noção se articula ao contexto atual do Estado da Bahia, pela reorganização espacial
e com a elevação dos Territórios de Identidade à condição de unidade de planejamento
que pressupõe a ampliação da participação social na elaboração de suas políticas públicas.
990. Os documentos oficiais sobre o território vão demonstrar que, para além de sua
compreensão jurídico-administrativa da conformação do Estado, este é instituído
legalmente como veículo articulador, produtor e demandante de políticas públicas. Torna-
se central para a compreensão das desigualdades socioespaciais, o que, no caso do Brasil,
se associa à conjuntura de retomada do desenvolvimentismo como núcleo da formulação
das políticas públicas.
991. Neste aspecto, o TI pode ser concebido como um espaço possível para a gestão
compartilhada de políticas públicas, com possibilidades de articular e promover a
participação social, o que se assemelha ao conceito de território idealizado por Santos
(1999), que o concebe como “um conjunto indissociável de sistemas de objetos materiais,
sistemas de ações técnicas, aspectos formais de organização social e aspectos simbólicos,
que não devem ser considerados isoladamente”.
992. Desse modo, vincular a escola com os desafios concretos de desenvolvimento dos TI,
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Em referência aos artigos 22; 35-36 e 39 a 42 da LDB 9394/96.
significa fazer a articulação com os determinantes sociais, políticos, culturais, econômicos,
ambientais e tecnológicos de cada Território. Para tanto, faz-se necessário, incorporar a
formação e a diversidade local com processos específicos coletivos, de modo que a
educação escolar produza e fortaleça um saber que favoreça a melhoria das condições dos
sujeitos e dos Territórios onde vivem.
993. Assim, a partir do reconhecimento desses pressupostos, acerca da identidade de cada
território, implementou-se na Bahia a política de desenvolvimento territorial, com a
publicação da Lei n.º 13.214, de 29 de dezembro de 2014, a qual dispõe sobre os princípios,
diretrizes e objetivos da Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia e
institui o Conselho de Desenvolvimento Territorial – CEDETER27 e os Colegiados Territoriais
de Desenvolvimento Sustentável – CODETER28.
994. Em 2007, com a reestruturação da política de oferta de cursos técnicos na Rede
Estadual da Bahia, através da implantação de uma política pública de Estado na área de
Educação, foi idealizado o Plano Estadual de Educação Profissional, com o intuito de
transformar a educação profissional em política pública permanente, para integrar-se
definitivamente ao desenvolvimento econômico e socioambiental do Estado, já se
antecipando a esse processo de territorialização.
995. Torna-se importante ressaltar que sua elaboração perpassou pela realização de
um diagnóstico de demandas econômicas e sociais nos territórios de identidade
inclusive para a definição de quais cursos deveriam ser implantados, ações estas
vinculadas ao Plano Plurianual de 2008-2011, potencializando, as cadeias produtivas e
o desenvolvimento dos territórios, bem como provendo aos atores sociais políticas
públicas a partir de investimentos em saúde, educação, saneamento e cultura.
996. No intuito de integrar aspectos multidimensionais, visto ser a Bahia, um Estado
plural e de diversidades, o conceito de território revelou características culturais,
geoambientais, político-institucionais, econômicas, mas, sobretudo de pertencimento.
É nesse contexto que então se dá a criação da Superintendência da Educação
Profissional - SUPROF, instituída por meio do Decreto Lei nº 10.955, de 21 de dezembro
de 2007, que estabelece finalidade de planejar, coordenar, promover, executar,
acompanhar, supervisionar e avaliar, no âmbito do Estado, as políticas, programas,
projetos e ações de educação profissional, incluindo orientação e certificação
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CEDETER se constitui no espaço em que diferentes esferas de governo e da sociedade civil organizada dos
Territórios de Identidade debatem e propõem diretrizes para a elaboração e implementação de políticas
públicas e estratégias integrantes da Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia, visando
dentre outras atribuições: a integração e compatibilização de políticas públicas, com base no planejamento
territorial e a ampliação dos mecanismos de participação social na gestão, concertação e monitoramento das
políticas públicas de interesse do desenvolvimento dos territórios.
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CODETER se constitui em Colegiados Territoriais de Desenvolvimento Sustentável, composto por fóruns de
discussão e de participação social, constituídos por representantes do poder público e da sociedade civil
presentes nos Territórios de Identidade, com a finalidade de promover a discussão local das ações e projetos
de desenvolvimento territorial sustentável e solidário, auxiliando o CEDETER no cumprimento das
competências previstas nesta Lei.
profissional.
997. A partir de 2008 uma das primeiras mudanças foi a transformação de Unidades
Escolares em Centros de Educação Profissional do Estado da Bahia (CEEP), utilizando-se
de estruturas ociosas existentes na Rede Estadual de Educação e, por meio de recursos
federais do Programa Brasil Profissionalizado29, priorizados para a adequação e
modernização das unidades escolares, que incluiu reforma e ampliação das escolas,
equipagem de laboratórios e montagem do acervo bibliográfico. Para esta
transformação foram realizados estudos de demandas levando em consideração as
características do território de identidade, as demandas sociais da região e os dados do
Censo 2000, publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
998. A consolidação dos Centros de Educação Profissional, enquanto política de
desenvolvimento da educação profissional se deu por meio do Decreto n. º 11.355 de
04 de dezembro de 2008, que “(...) dispõe sobre a instituição dos Centros Estaduais e
dos Centros Territoriais de Educação Profissional (CETEP), no âmbito do Sistema Público
Estadual de Ensino do Estado da Bahia”. Estes têm um papel basilar no processo de
ampliação e fortalecimento da oferta de educação profissional e tecnológica, nos
Territórios de Identidade, no intuito de atender às demandas consideradas relevantes
no Estado da Bahia (...) e se caracterizam pela oferta no âmbito de cada Território”
(DECRETO n. º 11.355/08), ou seja, o Centro é um espaço, no qual se materializa e se
traduz a política de educação profissional em sua articulação com o Território de
Identidade.
999. Os Centros demonstram a ideia de pertencimento e identidade no processo de
formação para o mundo social do trabalho, dos trabalhadores/as e dos/as filhos/as dos
trabalhadores/as. Com isso, os CETEP tornam-se referência territorial para agregar um
conjunto de pautas significativas do Território, em torno do desenvolvimento regional,
ambiental, socioeducacional e político-cultural, enquanto que os CEEPs dão capilaridade
e musculatura à proposição e expansão da oferta, a partir das demandas e da realidade
diversa dos Territórios, a exemplo das EFA, Territórios Indígenas e Quilombolas; a
Pedagogia da Alternância, na perspectiva da Educação do Campo, dentre outras.
1000. Desde então, a Educação Profissional e Tecnológica da Bahia impulsionou
avanços, em termos de ampliação e diversificação da sua oferta, o que se intensificou
por meio de escuta à sociedade, em seminários territoriais, da gestão financeira de
recursos. Desta forma, possibilitou a instrumentalização das unidades com oferta de
educação profissional, por meio da abertura de Editais de seleção docente e da
implementação de formação continuada para professores e gestores em atuação na
EPT, em parceria com as Universidades Estaduais e Federais da Bahia.
1001. Dados aos desafios e acontecimentos dos últimos anos, o Decreto n.º
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Brasil Profissionalizado é um Programa de fomento instituído pelo Governo Federal que visa à expansão,
ampliação e modernização das escolas das redes estaduais de Educação Profissional e Tecnológica, instituído
pelo Decreto n. º 6.302/2007.
17.377/2017, altera as denominações e as finalidades, e a SUPROF, passa a ser
denominada Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica da Bahia -
SUPROT, assumindo, então, uma nova configuração, não só na nomenclatura, mas
também no modo de definir as políticas nos anos seguintes, que conduziram novos
formatos de gestão nas unidades de oferta da EPT, na organização curricular dos seus
cursos técnicos ou de qualificação profissional, bem como na realização de parcerias
para a formação continuada de professores.
1002. Do seu percurso histórico à proposta vigente, a Educação Profissional e
Tecnológica da Bahia retoma e ressiginifica as concepções teóricas e políticas,
metodológicas e práticas, que avançaram em direção aos direitos sociais, culturais,
educacionais e subjetivos e busca contribuir para a formação cidadã, em uma
perspectiva integradora, trazendo como princípios e diretrizes a articulação do Ensino
Médio à EPT e rompendo com a dicotomia entre conhecimentos específicos e gerais,
entre Ensino Médio e EPT, de modo a promover a integração da formação básica e
profissional em um mesmo currículo.
1003. A expansão da Rede da Educação Profissional e Tecnológica se vincula ao
contexto dos marcos legais que regulamentam a oferta de cursos técnicos no Brasil para
a habilitação profissional técnica de nível médio e às determinações do Conselho
Nacional de Educação (CNE), que entre o período de 2012 a 2020 se deu por meio da
Resolução n.º 06 de 20 de setembro de 2012, que “Define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio” (DCNEPT), bem como,
pela Resolução CNE/CEB n.º 1/2014 do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT). A
partir de dezembro de 2020 e janeiro de 2021 com as mudanças nas legislações
passaram a vigorar respectivamente a Resolução CNE/CEB n. º 02, de 15 de dezembro
de 2020, do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT) e a Resolução CNE/CP n. º 01
de 05 de janeiro de 2021, que “Define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Profissional e Tecnológica”.
1004. No âmbito estadual, é regulamentada pelo Conselho Estadual da Educação (CEE),
através da Resolução CEE n. º 172 de 07 de novembro de 2017, ao fixar “normas
complementares para implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio no Sistema Estadual de Ensino da Bahia e dá outras
providências”. Da sua criação aos dias atuais, o fortalecimento da identidade da EPT na
Rede Estadual de Ensino se deu por meio do estreitamento das relações e da
aproximação com a sociedade civil, através da participação nos Conselhos Territoriais,
Consórcios, Movimentos Sociais e demais instâncias de parcerias e representações da
sociedade civil, que preconizam o estabelecimento de discussão e fortalecimento das
políticas públicas.
1005. 5.3 PERCURSO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) DO ENSINO
MÉDIO
1006. Com a finalidade de consolidar um sistema educacional capaz de concretizar o
direito à educação em sua integralidade, dissolvendo as barreiras para o acesso e a
permanência, reduzindo as desigualdades, promovendo os direitos humanos e
garantindo a formação para o trabalho e para o exercício autônomo da cidadania, o
movimento pela constituição de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ocorreu
durante a realização da Conferência Nacional da Educação (CONAE), em 2010, no
contexto das discussões para a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE),
aprovado pela Lei n.º 13.005, de 25 de junho de 2014, que se constituem em documento
fundamental contendo as 20 Metas e as respectivas Estratégias para as políticas públicas
no país.
1007. A Meta 3 que dispõe sobre o Ensino Médio, especificamente, a Estratégia 3.1,
explicita sobre a necessidade da renovação, a saber:
1007.2.1 Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete
anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino
médio para oitenta e cinco por cento.
1007.2.2 Estratégias: 3.1. institucionalizar programa nacional de renovação do ensino médio, a fim de
incentivar práticas pedagógicas com abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
teoria e prática, por meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e diversificada,
conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho, linguagens,
tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a produção
de material didático específico, a formação continuada de professores e a articulação com
instituições acadêmicas, esportivas e culturais. (BRASIL, 2014, p. 52).
1008. Quanto à educação profissional e tecnológica (EPT), a Meta 11, do Plano Nacional
de Educação (PNE) 2014-2024, tem como objetivo, triplicar o número de matrículas da
educação Profissional Técnica (EPT) de nível médio garantindo não só́ a qualidade da
oferta, mas, a expansão em pelo menos 50% dessa modalidade no segmento público.
1009. No PNE, ao serem referidas as estratégias que focalizam a renovação e melhoria
da aprendizagem dos/as estudantes ao estabelecer e implantar diretrizes pedagógicas
e a base nacional comum dos currículos, não orienta que seja pela flexibilização do
currículo, por meio de escolhas de Itinerários Formativos. É importante salientar que
não está explícita na Lei do PNE a quantidade e/ou limitação dos Itinerários Formativos
que o/a estudante terá o direito de cursar.
1010. O Plano Estadual da Educação (PEE), regulamentado pela Lei n. º 13.559, de 2016,
no tocante a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), assegura na Meta 11 e nas suas
18 Estratégias, as formas de expansão da oferta e as finalidades desta política no Estado
da Bahia, com destaque para a oferta das modalidades integradas, conforme o exposto
na estratégia 11.1, a saber:
1010.2.1 expandir a oferta de Educação Profissional Técnica de nível médio na rede pública estadual de ensino,
com ênfase nas modalidades integradas, de modo que a proporção de técnicos na população
economicamente ativa se aproxime da demandada pelo mundo do trabalho.
1011. No entanto, anterior à aprovação do PNE (2014-2024), que prioriza a necessidade
da elaboração da Base Nacional Comum Curricular para a educação brasileira, há um
percurso de disputas em torno da Educação Profissional desde 2004 com a revogação
do Decreto 2.208/97, em especial, iniciado por meio da SETEC/MEC, quando, da
elaboração do denominado Documento-Base (BRASIL, 2007, p. 23-24), ao expressar o
percurso histórico das mudanças na educação profissional e tecnológica, instituídas a
partir de 2004, por um processo de significativa mobilização dos setores educacionais
vinculados à Área, principalmente, no âmbito dos sindicatos e dos pesquisadores das
linhas de pesquisa Trabalho e Educação das universidades brasileiras.
1012. Desse modo, durante o ano de 2003 e até julho de 2004, houve grande
efervescência nos debates relativos à relação entre o ensino médio e a EPT. Para tanto,
retoma-se a discussão sobre a educação politécnica, a concepção de que o sentido
empregado ao conceito é equivalente à educação tecnológica, ou seja, uma educação
voltada para a superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual,
cultura técnica.
1013. A necessidade de alterações nas diretrizes da educação profissional e
tecnológica, vigentes antes de 2004, sobretudo, no que tange aos problemas de
orientação curricular, expostos nos documentos oficiais para a educação profissional de
nível técnico, formuladas nos governos de FHC, ao se distanciarem da concepção de
qualificação e adotarem a concepção de competências, visto que essas duas concepções
diferem substancialmente entre si, tornaram-se argumentos defendidos pelos teóricos
da educação profissional e tecnológica à época.
1014. Destacam-se algumas diferenças, tanto, no sentido pedagógico, quanto, no
sentido ético-político, na formação dos indivíduos pela concepção da pedagogia das
competências:
1014.2.1 As competências seriam dinâmicas, mutáveis e flexíveis e, assim, apropriadas ao estreitamento da
relação escola/empresa. Quanto à dimensão social, há que se considerar o contraponto com a
característica individual da competência. A qualificação valoriza as relações sociais tecidas entre
trabalhadores e entre estes e as gerências, ampliando seu caráter político. Ao contrário, a noção de
competência, pela conotação individual que carrega, tende a despolitizar essas relações. Questões
relacionadas às oportunidades educativas, ao desemprego, à precarização das relações de trabalho,
às perdas salariais, entre outras, assumem um caráter estritamente técnico. A noção de competência
é, então, apropriada ao processo de despolitização das relações sociais e de individualização das
reivindicações e das negociações. As relações coletivas não se esgotam, posto que o trabalho
continua sendo uma relação social e o homem continua vivendo em sociedade, mas elas se pautam
cada vez menos por parâmetros coletivos e políticos, para se orientarem por parâmetros individuais
e técnicos. (RAMOS, 2002, p. 406-407).
1015. Na esteia de quase uma década para a efetivação das alterações na Resolução n.
º 06, de 2012 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica
de Nível Médio, promovidas pelo Decreto n. º 5.154, de 2004, e durante este período, a
EPT ficou influenciada pelo hibridismo entre lógicas, concepções e orientações
radicalmente diferentes. É possível afirmar que, no mínimo, a formação profissional
esteve oficialmente respaldada entre a formação humana integral, politécnica,
omnilateral para a qualificação, na perspectiva do trabalho como princípio educativo e,
destas, a formação para as competências, nas habilidades profissionais voltadas ao
mercado de trabalho e a empregabilidade nas suas concepções de base taylorista,
fordista e toyotista.
1016. O contexto e a legislação atuais para o ensino médio instituído pela Lei n.º 13.415
de 2017, apresentam mudanças significativas na última etapa da educação básica com
implicações para carga horária e, consequentemente, na organização e delimitação dos
conteúdos curriculares da base nacional comum, que repercutem nas matrizes
curriculares como um todo e na oferta de cursos e na formação dos/as estudantes da
educação profissional e tecnológica integrada, especificamente, sobretudo pela
delimitação da quantidade máxima de 1.800 horas que afeta diretamente a formação
integrada da etapa propedêutica.
1017. Nos últimos anos, para além das mudanças que vêm sendo discutidas na
organização do Ensino Médio regular no Brasil, destacam-se três que merecem reflexões
mais aprofundadas sobre o que está posto na reforma: a) o currículo do ensino médio,
que volta a ser organizado por competências gerais e as respectivas habilidades de cada
área do conhecimento na composição de cada Itinerário Formativo; b) a transformação
da Educação Profissional e Tecnológica em um Itinerário Formativo dado que pode se
realizar em instituições escolares e/ou outras instituições não escolares30, conforme
explicitado na Portaria nº 1.432, de 2018, e regulamentado pelo Art. 17 da Resolução
CNE/CEB n.º 03/2018. No tocante às formas de ofertas, ao considerar as modalidades
presencial ou à distância, é dispensado na contratação de professores a formação
científica e pedagógica por meio do dispositivo do “notório saber”; c) a mudança dos
referenciais teóricos e metodológicos para a formação do/a estudante da Rede Pública,
estabelece carga horária máxima31 de ensino, em vez da mínima, e dispõe como
obrigatoriedade de oferta nos três anos do ensino médio os componentes curriculares
de Língua Portuguesa e Matemática, além de instituir a flexibilização curricular, na
obrigatoriedade para cursar mais de um itinerário, e não as quatro Áreas do
Conhecimento.
1018. No § 1º, Art. 1º da Resolução n.º 04 de 2018 a Base Nacional Comum Curricular
na Etapa do Ensino Médio, fica estabelecido que “como documento normativo é a BNCC
(EM), que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais como
direito dos adolescentes, jovens e adultos no Ensino Médio” e, no § 2º, “no exercício de
sua autonomia, prevista nos artigos 12, 13 e 23 da LDB (...) as instituições escolares,
redes de escolas e seus respectivos sistemas de ensino poderão adotar formas de
organização e propostas de progressão que julgarem necessárias”.
1019. No Art. 2.º da mesma Resolução32 fica estabelecido que “as aprendizagens
30
Portaria nº 1.432, de 28 de dezembro de 2018, publicada em 05/04/2019. Estabelece os referenciais para
elaboração dos Itinerários Formativos conforme preveem as Diretrizes Nacionais do Ensino Médio, § 8.º do
Art. 36, que “(...) a oferta de formação técnica e profissional poderá ser realizada na própria instituição ou em
parceria com outras instituições”,
31
Lei 13.415/2017. Art. 3.º § 5.º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum
Curricular não poderá ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de
acordo com a definição dos sistemas de ensino. Cabe aqui salientar que, historicamente, na legislação
educacional brasileira, não há registro de estabelecimento do máximo de carga horária destinada aos
componentes curriculares que o/a estudante deverá estudar, no entanto, o §5º do Art., 3.º da Lei n.º 13.415,
de 2017, estabelece como máxima a carga horárias de 1.800 horas para a Formação Geral – a BNCC, e 1.200
horas como carga horária mínima para a parte diversificada, totalizando uma carga horária máxima de 3.000
horas para o ensino médio regular nos Itinerários Formativos.
32
É importante destacar que a Resolução n.º 04/2018 não menciona as competências e habilidades da
Formação Técnica e Profissional para a Habilitação Técnica em cada Curso Técnico Profissional dos 13 eixos
tecnológicos, conforme o CNCT. Com isto, legalmente a Resolução 06/2012 é a legislação vigente que orienta
essenciais são definidas como conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e a
capacidade de os mobilizar, articular e integrar, expressando-se em competências”.
Explicita as competências e habilidades do currículo da formação geral básica das quatro
Áreas do Conhecimento para a Formação Geral Básica tendo a BNCC-EM como
referência obrigatória: I - Linguagens e suas tecnologias; II - Matemática e suas
tecnologias; III - Ciências da Natureza e suas tecnologias; IV - Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas.
1020. No contexto atual, para o atendimento às Resoluções n. º 03, de 2018, que
institui o 5.º (quinto) itinerário ou intitulado de Formação Técnica e Profissional e a
Resolução n. º 04, de 2018, são definidas as competências e habilidades para a Formação
Geral do Ensino Médio. Estas restabelecem a condição anteriormente experimentada
nas políticas da Educação Profissional e Tecnológica – EPT, pela influência do hibridismo
entre lógicas, concepções e orientações radicalmente diferentes considerando as
diretrizes estabelecidas pela Resolução CNE/CEB n. º 06, de 2012 para a oferta da EPT
no Brasil.
1021. Para romper com essa dualidade educacional, construída historicamente nos
currículos e, valorizando o legado cultural dos conhecimentos clássico-humanísticos,
científicos e técnicos, a Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica –
SUPROT pactua com a concepção de um currículo integrado. Concepção que supera a
dicotomia entre o pensar/intelectual e o fazer/laboral, e a hierarquia entre os
componentes curriculares, apontando para a contextualização, a interdisciplinaridade e
outras formas de interação e articulação, entre diferentes campos de saberes
específicos com maior possibilidade de assegurar a formação integral.
1022. Os estudos de Kuenzer (2017) sobre a reforma atual do Ensino Médio
demonstram que, dada à duração de apenas 1.800 horas, a ser complementada em uma
área específica ou por educação técnica e profissional aligeirada, que inclui a certificação
de cursos e módulos presenciais e a distância realizada em outros espaços, bem como,
a validação de conhecimentos tácitos adquiridos em práticas supervisionadas ou no
trabalho e respaldados nos argumentos dos organismos internacionais interessados nas
mudanças educacionais, pode ocorrer a precarização e banalização da formação do/a
estudante, conforme se observa abaixo:
1022.2.1 Se o trabalhador transitará, ao longo de sua trajetória laboral, por inúmeras ocupações e
oportunidades de educação profissional, não há razão para investir em formação profissional
especializada, como já propunha o Banco Mundial como política para os países pobres desde a década
de 1990 (KUENZER, 1997): a integração entre teoria e prática se dará ao longo das trajetórias de
trabalho, secundarizando a formação escolar, tanto de caráter geral como profissional (KUENZER,
2017, p. 339).
1023. Para a autora, as mudanças nas políticas públicas estão em consonância com as
demandas do mercado e estimulam cada vez mais, a utilização das novas tecnologias de
informação e comunicação, que visam implementar outra qualidade à aprendizagem,
para atender ao objetivo da nova pedagogia no intuito de formar subjetividades
flexíveis, aproximando-a dos novos padrões de comportamento social e das práticas
33
CIAVATTA, Maria. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA: o desafio de administrar o caos legalizado.
Salvador, 2021.
princípios éticos, estéticos e políticos, bem como compromissos com a construção de
uma sociedade democrática, justa e solidária; o domínio intelectual das tecnologias
pertinentes ao eixo tecnológico do curso, de modo a permitir progressivo
desenvolvimento profissional e de aprendizagem, promovendo a capacidade
permanente de mobilização, articulação e integração de conhecimentos indispensáveis
para a constituição de novas competências profissionais com autonomia intelectual e
espirito critico; bem como, fazer uso dos instrumentais de cada habilitação, por meio
da vivência de diferentes situações práticas de estudo e de trabalho.
1032. Cada PPC ao considerar a sua inserção territorial, com vistas ao atendimento à
Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia, instituída pela Lei nº
13.214/2014, reconhece que a abordagem territorial na educação, não apenas revela e
considera toda a diversidade (cultural, ambiental, econômica e social entre outras),
existente no Estado, como também, torna-se um elemento de mediação, que possibilita
a participação social no ciclo de planejamento e desenvolvimento das políticas
educacionais na Bahia.
1033. O reconhecimento em cada PPC da Educação Profissional Técnica de Nível
Médio, da conceituação do território de identidade pela política de planejamento da
Secretaria de Planejamento da Bahia (SEPLAN)34, como um espaço físico,
geograficamente definido, geralmente contínuo, caracterizado por critérios
multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política
e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se
relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode
distinguir um ou mais elementos que indicam identidade, coesão social, cultural e
territorial.
1034. Nesta perspectiva, as escolas da Rede EPT, no processo de construção coletiva
de cada PPC de curso, estão orientadas a considerar a sua realidade dentro do contexto
de cada um dos 27 Territórios de Identidade da Bahia, e torna-se instrumento
fundamental para promover uma maior aderência da oferta de cursos da EPT às distintas
necessidades territoriais, e, amplia assim, a efetividade das ações educacionais, no
sentido do fortalecimento de uma educação para a democracia e a emancipação do
sujeito, uma vez que deve considerar as realidades locais e o atendimento às suas
demandas. Neste sentido, torna-se imprescindível, que o PPC contemple as realidades
e potencialidades locais, articulando-se com as diversidades culturais, sociais,
econômicas e ambientais do Estado.
1035. 5.5 TECNOLOGIAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DA
BAHIA
1036. O lugar da Tecnologia Social na elaboração do Projeto Político Pedagógico de
Curso (PPC) de cada unidade escolar da Rede EPT, é considerada como socialmente
relevante e ganha centralidade na medida em que expressa a materialização dos
34
Disponível em: http://www.seplan.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=17. Acesso em:
08/05/2020.
conhecimentos teóricos e práticos das diversas áreas e campos dos conhecimentos, que
são vivenciados pelos/as estudantes na formação profissional técnica de nível médio,
dos diferentes eixos tecnológicos dos cursos ofertados. Para além da concepção de
elaboração de produtos, em uma racionalidade econômica - que visa a lógica da
economia de mercado e do uso das tecnologias convencionais, a Tecnologia Social tem
um caráter diferenciado, pois se difere pelos resultados que são alcançados tendo em
vista sua finalidade social, isto é, está orientada pela busca por soluções sociais e
ambientais, gerando dinâmicas socioeconômicas de inclusão e desenvolvimento
sustentável; vincula-se as cooperativas populares, aos empreendimentos solidários. No
currículo integrado de EPT rompe com o automatismo implícito dos modelos
isolacionistas lineares vinculando o apoio a mais ciência como um processo em cadeia
que geraria riqueza e desenvolvimento social (CYPRIANO, 2020).
1037. Ao contrário da produção da tecnologia convencional como dimensão privada, a
tecnologia social se difere desta porque tem uma dimensão e interação sócio técnicas
(DAGNINO, 2019), e se realiza por uma apropriação coletiva em que há um
envolvimento direto da comunidade escolar que a produziu, ou seja, os/as estudantes e
professores diretamente envolvidos no processo de pesquisa na relação teoria e prática,
na apropriação do conhecimento e na criação de produtos para atenderem as demandas
sociais que as induziram onde a prospecção da tecnologia social não passa pelo
mercado, mas pelas necessidades dos coletivos sociais que as demandam. Nesta
perspectiva, o lugar ocupado pela tecnologia social na unidade escolar de EPT no PPC é
o de a) integração ao eixo estruturante, b) intervenção social e ao c) empreendedorismo
social como materialização da mediação teórica e prática na formação dos egressos dos
cursos da EPT da Bahia.
1038. Torna-se imprescindível que o PPC de cada curso da EPT expresse as articulações
das iniciativas pedagógicas com as parcerias públicas, comunitárias e privadas e com
órgãos de governo, junto à Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica
(SUPROT/SEC) que são desenvolvidas em Rede, a exemplo do desenvolvimento de
projetos de iniciação à pesquisa científica das diversas áreas de conhecimento, das feiras
de ciência, dos seminários territoriais de EPT, assim como projetos que promovem a
articulação da escola com o mundo do trabalho, elencados a seguir.
1039. 5.6 PROJETOS FORMATIVOS REALIZADOS PELA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA DA BAHIA
a) Fábrica Escola: caracteriza-se como atividade educativa de práticas didáticas
laborais que visa a integração entre redes de cooperativas, instituições,
associações, teias produtivas com a oferta de Educação Profissional e
Tecnológica tendo em vista a cooperação com as Unidades de Ensino
Profissional, e o fortalecimento dos sistemas produtivos territoriais, de forma a
oportunizar vivências teóricas e práticas para os sujeitos em processo de
aprendizagem, de maneira integral, a partir de práticas laborais inclusivas
contextualizadas nas suas formas de oferta, em espaços laborais diversos. Para
o funcionamento destes espaços há diretrizes estabelecidas pela Secretaria da
Educação, através da Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica,
que regulamentam as corresponsabilidades de cada uma das partes envolvidas
no projeto, ou seja, escola, parceiros e gestores. É importante destacar que estes
espaços promovem a formação coletiva, envolvendo a escola, a comunidade,
empresas, os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil, bem como
o desenvolvimento de tecnologias sociais por meio de projetos da educação
profissional e tecnológica, que tenha como foco o desenvolvimento local, o
entorno da escola e o Território de Identidade e estejam articuladas com os
sistemas produtivos e os conhecimentos dos atores e atrizes envolvidos no
processo.
b) Escritórios Criativos: são espaços de aprendizagem que visam ampliar as
oportunidades educacionais, por meio da formação profissional inicial e
continuada de jovens e adultos, de acordo com os arranjos produtivos locais e
os Territórios de Identidade com o objetivo de estimular a articulação entre a
política de educação profissional e tecnológica e as políticas de geração de
trabalho, emprego e renda. Com diretrizes construídas com as unidades
escolares, compete aos gestores: gerir os recursos por meio da Caixa Escolar
destinados à execução dos projetos; gerenciar o funcionamento do Escritório
Criativo; estabelecer fluxo e cronograma dos horários de funcionamento e
utilização; adquirir e gerir os insumos necessários ao funcionamento dos
projetos. Tem-se como planejamento que até março de 2022 estarão em pleno
funcionamento os Escritórios Criativos nos municípios de Barreiras, Camaçari,
Gandu, Guanambi, Ilhéus, Ipirá, Irecê, Itabuna, Itaberaba, Juazeiro, Ribeira do
Pombal, Salvador, Santo Antônio de Jesus, Seabra, Senhor do Bonfim, Vitória da
Conquista.
c) Programa de Aprendizagem Profissional: a regulamentação deste Programa
pela Lei da Aprendizagem Profissional (BRASIL, 2000), pela Portaria n.º 723/2012
(BRASIL, 2012), Portaria n.º 1005/2013 (BRASIL, 2013) e Decreto n.º 9.579/2018
(BRASIL, 2018), em conjunto com outros dispositivos legais, reconhecem que ao
instituir esta forma de aprendizagem cria-se a oportunidade tanto para o
aprendiz quanto para as empresas, pois dá preparação ao iniciante de
desempenhar atividades profissionais e de ter capacidade de discernimento para
lidar com diferentes situações no mundo do trabalho. A Aprendizagem
Profissional é um instrumento de qualificação profissional para adolescentes e
jovens, concretizado através da obrigação legal de cumprimento de cota de
contratação de estudantes aprendizes pelas empresas, que se tornam
responsáveis por assegurar formação técnico-profissional, a adolescentes e
jovens, desenvolvida por meio de atividades teóricas e práticas que são
organizadas em tarefas de complexidade progressiva (BRASIL, 2019). Estes
aprendizes são jovens entre 14 e 24 anos que, trabalham nas empresas e
frequentam a escola em algum curso de formação profissional oferecido por
Instituições Qualificadoras, considerando que a duração do Programa de
Aprendizagem deve coincidir com a vigência do contrato de trabalho na
empresa. O processo de cadastramento de uma entidade e de seus programas
de aprendizagem profissional no Cadastro Nacional da Aprendizagem segue as
determinações da CLT, do Decreto 9.579/2018, e da Portaria 723/2012, de
acordo com os critérios estabelecidos.
d) Itinerário Contínuo: projeto implantado que prevê a elevação da escolaridade
em nível superior articulada integrada com a educação profissional e
tecnológica. A proposta atende aos/as estudantes regularmente matriculados na
educação básica tanto curso técnico de nível médio, quanto nos cursos seriados,
vinculados aos Itinerários Formativos, especialmente aos quintos itinerários;
integra os conhecimentos as Competências e habilidades profissionais
requeridas pela área de atuação ou eixo técnico/tecnológico. Ao concluir o curso
técnico profissional, na perspectiva do Itinerário Contínuo e ingressar na
Educação Superior, em Curso Superior de Tecnologia ou similar, por exemplos os
Bacharelados Interdisciplinares no mesmo eixo tecnológico ou área do
conhecimento, há um campo de possibilidades formativas quando o projeto
político pedagógico de curso teve construção conjunta entre a Educação Básica
e a Educação Superior, podendo ser considerando-se aproveitamento de
estudos, com um sistema de creditação seja na forma de componentes
curriculares ou demais experiências contempladas no PPC do curso técnico e do
curso superior tecnológico acompanhadas e orientadas, pelas equipes
pedagógicas, bem como normativas que assegurem regulamentação específica
em cada projeto e suas especificidades de parceria com cada IES ou Instituição
de Ensino Parceira.
e) Mostras e Feiras de Ciência e Tecnologias Sociais da Educação Profissional da
Bahia: a política de EPT no Estado propicia a busca de soluções para os desafios
encontrados nos Territórios de Identidade, a ampliação dos conhecimentos e
saberes tradicionais, que propiciam solução a questões-problema identificadas
ou demandadas no Território. Desse modo, considera-se a Tecnologia Social
como um conceito e um princípio pedagógico que possibilita ampliar o acesso
aos benefícios do desenvolvimento tecnológico, a relação teoria e prática
atribuindo inserção, sentido e significado à Educação Profissional e Tecnológica,
no desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Estado e do seus Territórios
de Identidade. Do ponto de vista pedagógico, a Mostra das Tecnologias Sociais,
além de possibilitar apropriação do conhecimento pelo/a estudante desenvolve
práticas em situações reais, estimula o protagonismo na sua formação integral
através da compreensão da dimensão social da futura profissão. Desta forma, a
Feira de Ciência e Tecnologias Sociais é uma oportunidade de demonstração,
exposição pública e qualificada das experiências dos/as estudantes, das
aprendizagens, habilidades, e conhecimentos desenvolvidos com ênfase no
retorno social para os Territórios de Identidade onde vivem. Estes eventos,
realizados inicialmente no âmbito escolar, seguindo para a etapa territorial, e
após a etapa estadual, reúnem as principais experiências de ciência, tecnologia,
intervenções sociais realizadas pelos Centros e Unidades Escolares que ofertam
Educação Profissional e Tecnológica, construindo uma memória coletiva que
sinaliza futuros. Vale destacar que as experiências e projetos de ciência e de
tecnologia social são organizados por Eixo Tecnológico que os une em torno de
uma caracterização científica e tecnológica, conforme o Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos.
1040. De acordo com os objetivos dos projetos de ciência e de tecnologia social da
Educação Profissional da Bahia, os Centros e Unidades Escolares ofertantes da educação
profissional e tecnológica são constituídas como referência sociocultural, seja pelo
envolvimento na solução de problemas locais que permitem aos/as estudantes avançar
no conhecimento científico, na apropriação de tecnologias sociais e na capacidade de
intervenção concreta na realidade pelas oportunidades de convivência social e
expressões culturais diversas. Com isso, permite que o/a estudante dê um retorno
social, aplicando seus conhecimentos e habilidades nos Territórios de Identidade onde
vive imbricada à formação humana integral e a intervenção social articulada a um
projeto educacional com potencial transformador mais amplo, capaz de formar sujeitos
construtores destes processos de mudança.
f) Produção Agroecológica Integrada Sustentável – PAIS: constitui-se em um
sistema para cultivo de hortaliças, frutíferas e criação de pequenos animais, cujo
principal objetivo é possibilitar a produção agroecológica. Este processo ocorre
por meio de atividades, nas quais os/as estudantes desenvolvem ações
sustentáveis, utilizando-se de estrutura de retroalimentação. Através destas
práticas se têm a oportunidade de realizar a integração entre a teoria e a prática
profissional e desenvolver ações de intervenção, por meio de parcerias com
representações da sociedade civil organizada, como associações, cooperativas e
sindicatos locais. Essas articulações propostas no PPC têm como objetivo
alcançar a função social da escola, no que diz respeito a formar sujeitos
históricos, comprometidos pela busca de soluções para problemas comunitários
e produtivos com capacidade teórico-prática em situações reais; habilitar os
adolescentes, jovens e adultos para o exercício autônomo e crítico da sua
profissão e inserção no mundo do trabalho; formar o cidadão-trabalhador com
conhecimentos científicos, tecnológicos e sociais; habilitar para formação geral,
unitária, politécnica para uma educação emancipatória e comprometida com a
inclusão e oportunizar a elevação da escolaridade.
g) Escola Fazenda: no município de Barra, Oeste da Bahia, está em implantação no
Centro Estadual de Educação Profissional Águas (CEEP Águas), o projeto
denominado Escola Fazenda Modelo. Trata-se de uma parceria interinstitucional
do Governo do Estado por meio de Cooperação Técnica, com a coordenação da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), a Secretaria da Educação (SEC),
a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (SEAGRI) e a
Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), além da participação da iniciativa
privada e de renomadas instituições de ensino superior, a exemplo da
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), (Universidade Federal
do Oeste da Bahia (UFOB) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA). Com a iniciativa, está em implantação projetos de fruticultura com
foco na transferência de conhecimento, construção de agroindústrias, parcerias
com Cooperativas que projetam a Unidade Escolar como referência na formação
agro técnica e agroindustrial sustentável. O CEEP Águas recebe investimentos na
sua infraestrutura física paralelo à atualização do Projeto Político Pedagógico
construído de forma participativa, para a oferta de novos cursos de Educação
Profissional e Tecnológica alinhados à concepção das práticas agropecuárias da
Escola Fazenda e dos Projetos de Desenvolvimento Integrado da Região Oeste.
A área do Projeto envolve 150 hectares (ha) para o plantio de culturas como uva,
cana-de-açúcar, capim, grãos, algodão e leguminosas. O espaço poderá ser
utilizado para desenvolvimento de novas pesquisas e tecnologias por meio do
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), bem como oportunizar aos/as estudantes
dos diversos eixos tecnológicos um campo de estágio visando o exercício das
atividades profissionais e curriculares durante o percurso formativo.
1041. Os projetos realizados constituem-se em campos de articulações entre teorias e
práticas educativas a serem considerados nos momentos de construções coletivas do
Projeto Político Pedagógico de Curso, por cada unidade escolar de EPT, uma vez que se
vinculam numa relação orgânica entre os cursos ofertados com a comunidade local e,
consequentemente, com a produção de tecnologias sociais, com a apropriação sócio
técnica do trabalho e com os arranjos produtivos nos Territórios de Identidade. Além
disso, contribuem e potencializam a formação dos/as estudantes regularmente
matriculados nos cursos dos diferentes eixos tecnológicos, em suas diversas
modalidades, como também fortalecem o empreendimento social e o desenvolvimento
local. Nessa perspectiva, a Educação Profissional e Tecnológica da Bahia impulsiona o
fortalecimento da proposta de sua política curricular, ressignificando o PPC, criando
novos significados para todos os sujeitos envolvidos no planejamento e na construção
da educação pública estadual, para a intervenção social, alinhada com a realidade social
e às demandas nacionais e locais.
1042. 5.7 FORMAS DE OFERTAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL
MÉDIO
1043. Desde a criação da Superintendência da Educação Profissional em 2007 até a
atual configuração como SUPROT, a oferta da Educação Profissional está em crescente
expansão, ano após ano, por meio do investimento realizado para o atendimento as suas
finalidades relacionadas as demandas estadual, regional, territorial e local; isto
possibilitou alcançar o quantitativo de 45 Centros Territoriais de Educação Profissional;
35 Centros Estaduais de Educação Profissional; 05 Anexos Escolares; 188 Unidades
Compartilhadas de Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), com a
abrangência em 187 Municípios (oferta regular de EPTNM), e com a oferta de 58 Cursos
Técnicos de Nível Médio (rede regular de EPTNM), totalizando 105.650 matrículas 35,
além da capilaridade da oferta de cursos dos Programas Federais e das matrículas das
Escolas de Famílias Agrícolas (EFA). Assim, as formas de ofertas da Educação Profissional
Técnica de Nível Médio seguem as determinações das legislações vigentes, quais sejam:
I) Os artigos 36-B e 36-C da Lei n.º 11.741, de 16 de julho de 2008 que
altera dispositivos da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação
profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos
e da educação profissional e tecnológica.
1043.2.1.1 Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes
formas:
1043.2.1.2 I - articulada com o ensino médio;
1043.2.1.3 II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio.
1043.2.1.4 Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar:
1043.2.1.5 I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Educação;
1043.2.1.6 II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino;
1043.2.1.7 III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico.
1043.2.1.8 Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput
do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma:
1043.2.1.9 I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso
planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma
instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno;
1043.2.1.10 II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-
se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponíveis;
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponíveis;
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de
projeto pedagógico unificado.
35
Fonte: SEC/BA: SGE 12/12/2020.
1044. De acordo com o Capítulo V, no Art. 15. A Educação Profissional Técnica de Nível
Médio abrange:
1045. habilitação profissional técnica, relacionada ao curso técnico;
1046. qualificação profissional técnica, como etapa com terminalidade de curso técnico;
e
1047. especialização profissional técnica, na perspectiva da formação continuada.
1048. Os cursos técnicos serão desenvolvidos nas formas integradas, concomitante ou
subsequente ao Ensino Médio conforme explicita o Capítulo VI, especificamente no Art.
16, assim caracterizadas:
II) integrada, ofertada somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, com
matrícula única na mesma instituição, de modo a conduzir o/a estudante à habilitação
profissional técnica de nível médio ao mesmo tempo em que conclui a última etapa da
Educação Básica;
III) concomitante, ofertada a quem ingressa no Ensino Médio ou já o esteja cursando,
efetuando-se matrículas distintas para cada curso, aproveitando oportunidades
educacionais disponíveis, seja em unidades de ensino da mesma instituição ou em distintas
instituições de ensino;
IV) concomitante intercomplementar, desenvolvida simultaneamente em distintas instituições
ou redes de ensino, mas integrada no conteúdo, mediante a ação de convênio ou acordo de
intercomplementaridade, para a execução de projeto pedagógico unificado;
V) a subsequente, desenvolvida em cursos destinados exclusivamente a quem já tenha
concluído o Ensino Médio.
1049. As formas de articulações da Educação Profissional e Tecnológica com o Ensino
Médio mencionadas acima, regulamentam a oferta de cursos para a Habilitação
Profissional Técnica de Nível Médio. A partir da atual legislação do Ensino Médio36,
conforme já mencionado anteriormente, abre-se a possibilidade da oferta de um novo
itinerário da EPT Integrada à Educação Básica que é o da Qualificação Profissional, por
meio da oferta de Cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), que, de acordo com o
Art. 12 da mesma resolução deverão ser consideradas as orientações dos respectivos
Sistemas de Ensino e a CBO.
36
Lei 13.415/2017; Art. 15 da Resolução CNE/CEB n. 03/2018.
de adultos ante a nova reestruturação tecnológica, a educação como mediação no seio
da prática social global desafia os homens a atuarem no mundo. “É atuando no mundo
que nós fazemos. Por isso mesmo é na inserção no mundo e não na adaptação a ele que
nos tornamos seres históricos e éticos, capazes de optar, de decidir, de romper” (FREIRE,
2000).
1052. O estado da Bahia, em parceria com o Governo Federal, desde 2007, oferta a
Educação Profissional integrada à modalidade de Educação de Jovens e Adultos, com
foco no princípio do desenvolvimento, da inclusão social e da equidade. Está concebida
a partir dos seguintes princípios: i) concepção de formação humana integral, na qual, a
tecnologia seja assumida como construção social, produção, aplicação e apropriação de
práticas, saberes e conhecimentos; ii) cursos vinculados às demandas do
desenvolvimento socioeconômico e ambiental nos Territórios de Identidade, às cadeias
produtivas e seus arranjos socioprodutivos locais; iii) direito social para aqueles que não
puderam efetuar os estudos na idade regular.
1053. A Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e
Adultos, a partir do Plano da Educação Profissional da Bahia, defende uma prática
educativa de EJA, a partir de um contexto socioeconômico, político e cultural,
considerando as especificidades destes sujeitos na diversidade de gênero, geração,
religião e etnia, sejam eles/as trabalhadores/as assalariados/as e/ou
desempregados/as; trabalhadores/as informais; trabalhadores/as urbanos/as ou de
áreas rurais, considerando seus interesses, saberes, habilidades, suas condições de vida
e de trabalho.
1054. Defende o trabalho como princípio educativo, “para um mundo em constante
transformação sob o poder emancipatório do ser humano” (BRASIL, 2007a). Isto
significa vincular a escola não somente com ocupação profissional, mas pelo
entendimento de que homens e mulheres produzem sua condição humana pelo
trabalho. Esforço de romper a dualidade trabalho manual/trabalho intelectual, teoria e
prática, conforme ilustração abaixo:
Fonte: SUPROT/SEC, 2020. Figura 1: Quadro demonstrativo PROEJA.
37
Em articulação entre a Secretaria da Educação do Estado da Bahia – SEC/Superintendência da Educação
Profissional e Tecnológica – SUPROT e a Secretaria de Administração Prisional – SEAP.
38
SANTOS, Maria Candeias Conceição, docente e pesquisadora da UFBA. Estudo apresentado na Dissertação
de Mestrado: Entre o prescrito e o praticado: um estudo de caso sobre o currículo da EJA na Escola na Escola
do Complexo Penitenciário Lemos de Brito em Salvador, 2017.
no direito à educação em espaço prisional.
1078. Pensar e executar esta oferta da educação profissional prisional em cada nível escolar
exige um olhar pedagógico que traduz as especificidades destes sujeitos, o qual deve ser
refletido na organização curricular, uma vez que este documento expressa a dinamicidade
do processo de aprendizagem de acordo com a realidade deste segmento e possibilita a
condição de ampliar os conteúdos curriculares de acordo com os princípios da Educação
Profissional e Tecnológica. Nesta perspectiva, para o desenvolvimento das atividades
pedagógicas nesta modalidade é preciso que haja um clima de confiança, respeito mútuo,
de colaboração e de compromisso com o bem comum e favoreça a aprendizagem
1079. Embora a educação tenha se materializado pela relação de domínio estabelecida
historicamente entre a elite e as classes populares do Brasil, a educação dos privados de
liberdade enquanto um direito objetivo e humano vem sendo fortalecida pelas Diretrizes
Nacionais para a Educação nas Prisões desde 2010 e, pela Remição de Pena (2011), que em
consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE) vem estabelecendo a concretização
dos planos estaduais de educação dos privados de liberdade.
1080. O Plano Estadual de Educação em Prisões da Bahia (2016), foi elaborado de forma
participativa entre as Secretaria Estadual da Educação, Secretaria Estadual da Justiça,
Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria Estadual da Administração Penitenciária e
Ressocialização, e dos representantes do segmento dos movimentos sociais. O plano
estabelece a garantia da escolarização básica no nível fundamental e médio, na modalidade
de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e os cursos da educação profissional e tecnológica às
pessoas em privação de liberdade por meio das escolas que se traduz na proposta de
Educação de Jovens e Adultos.
1081. Segundo Santos, (2017), a consolidação do Plano da Educação Prisional do Estado da
Bahia vem sendo corporificada pelo currículo, na perspectiva de uma educação
humanizada. Tendo em vista que este tem vida e é imbricado por elementos de poder. Ele
não é inocente, nem neutro. É um instrumento no qual os docentes e aprendizes têm a
oportunidade de examinar de forma renovada os significados da vida cotidiana que se
acostumaram a ver como dados naturais, pois este não é esvaziado, é inovador, criativo e
crítico. Pela educação é possibilitado ao sujeito em situação de privação de liberdade o
acesso e retorno à sociedade como uma forma de reinserção, reintegração, incentivo à
situação de dignidade e respeito e reinserção no mundo do trabalho.
1082. Este currículo de EPT estará imbricado em relações de poder transmitindo visões sociais
particulares de forma a produzir identidades individuais e sociais particulares. Ao
estabelecer um currículo para a educação prisional na perspectiva da EPT implica em propor
e conceder direitos que foram subtraídos de uma parcela da sociedade, transformados em
excluídos e, posteriormente, em marginais.
1083. A proposta curricular da Educação Prisional da Bahia, é constituída a partir de temas
geradores, que possibilitam a articulação do trabalho pedagógico com a realidade
sociocultural das pessoas em aprendizagem curricular (MACEDO, 2007). Uma das propostas
é a organização em módulos educativos em tempos formativos com as mesmas áreas de
conhecimento em temas geradores: Linguagens (Língua Portuguesa e Artes); Matemática;
Estudos da Natureza e da Sociedade.
1084. O currículo do PROEJA e dos Cursos de Formação Inicial e Continuada por temas
geradores, contemplam a realidade específica dos privados de liberdade como espaços-
tempos para reflexões sobre a situação social em que se encontram (SANTOS, 2017), na
perspectiva freiriana, possibilitando o desenvolvimento de práticas educativas no contexto
da indissociabilidade entre a educação e a política como projeto e práticas sociais.
IV. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA EM REGIME DE
ALTERNÂNCIA
1085. O reconhecimento da pedagogia da Alternância como uma modalidade de organização
escolar possui um marco legal recente. O Art. 23, da Lei n. º 9.394/96, descreve a alternância
como possibilidade de organização da Educação Básica, sempre que o interesse do processo
de aprendizagem assim o recomendar.
1086. Por muitos anos, as ofertas educacionais em alternância funcionaram como experiência
pedagógica. Dessa forma, o Parecer CEB/CNE 01/2006 é considerado um marco normativo
que reconhece, pela primeira vez, a forma de funcionamento da Alternância e considera o
tempo no meio familiar-sócio-profissional como letivo. A inclusão de instituições
comunitárias que atuam com educação do campo para recebimento de recursos
financeiros, de fundos federais, corroborando com a Portaria MEC n. º 1.071 de 20 de
novembro de 2015, republicada em 11 de janeiro de 2016 viabilizaram o direito ao efetivo
financiamento público às instituições comunitárias que ofertam educação do campo.
1087. A oferta da Pedagogia da Alternância ancora-se também em outras bases legais, tais
como, o Projeto de Lei n.º 11.096, de 13 de janeiro de 2005 e, a Lei nº 12.711, de 29 de
agosto de 2012 para estender o acesso aos cursos superiores aos/as estudantes egressos da
educação do campo em instituições credenciadas que tenham como proposta pedagógica
a formação por alternância, e o Projeto de Lei n.º 6.498/2016, que altera a LDB nº 9.394/96
e torna clara a possibilidade de adoção da Alternância nas escolas do campo.
1088. A Educação Profissional e Tecnológica, no Estado da Bahia, reconhece as demandas dos
movimentos sociais que lutam pela garantia de direitos/cidadania; capacitação e/ou
formação técnica profissional; elevação da escolaridade; inclusão escolar, além de ancorar-
se nos acúmulos teóricos dos estudiosos brasileiros sobre o protagonismo dos movimentos
sociais do campo na negociação de políticas educacionais, postulando nova concepção de
educação que inclua suas cosmologias, lutas, territorialidades, concepções de natureza e
família, arte, práticas de produção, bem como a organização social e do trabalho (CALDART,
2012).
1089. Após inúmeros diálogos com representantes dos movimentos sociais do campo a
Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Superintendência da Educação
Profissional e Tecnológica, buscou soluções para as questões levantadas nas reuniões,
seminários e conferências, pelos diversos segmentos dos movimentos sociais, que
apontaram a necessidade de atendimentos específicos a jovens e adultos residentes em
diferentes comunidades rurais dadas a distância entre a residência do jovem e a escola, o
que exige muito tempo nos deslocamentos diários. Além disso, urge a necessidade de
formação profissional para os jovens do campo, seja pela dificuldade ou impedimento em
conciliar estudos e trabalho seja na propriedade da família ou por exercer outras atividades
laborais. Com isso, a descontextualização dos conteúdos e a metodologia do trabalho
didático em relação aos interesses e saberes do jovem trabalhador rural, a baixa valorização
social da profissão do agricultor e a consequente baixa autoestima do jovem filho de
agricultor, e a desvinculação entre o seu projeto de vida com a permanência no campo tem-
se se tornado desafios para as políticas de educação profissional e tecnológica em seus
Territórios de Identidade.
1090. Em 2017 teve início a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica na
pedagogia da Alternância em Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional
localizados no campo, atendendo, inicialmente, 05 Territórios de Identidade, e, na
atualidade, para 07 Territórios, de acordo com o Plano Pedagógico das escolas em algumas
premissas que asseguram a especificidade e a originalidade: i) a Alternância e o plano de
estudo; ii) o ambiente educativo (infraestrutura, pequeno grupo, internato e convivência),
e iii) a participação dos pais/mães-agricultores/as.
1091. A Secretaria a Educação oferta os cursos em Regime de Alternância e ancora-se nos
referenciais legais para assegurar a oportunidade de realização de uma formação calcada
na experiência, no trabalho, no mundo do trabalho da produção, na imersão dos/as
estudantes na comunidade, compreendida como um espaço educativo capaz de aperfeiçoar
a aprendizagem. Quanto a elaboração do PPC, a SEC valida as especificidades da Pedagogia
da Alternância, com as orientações curriculares específicas para o ensino técnico de nível
médio: o trabalho como princípio educativo; o trabalho como princípio pedagógico,
produzindo o cuidado das pessoas e do ambiente; a iniciação científica no ensino técnico; a
pedagogia da alternância (tempo escola e tempo comunidade); a leitura como ato ativo e
produtivo; o trabalho no campo como ato pedagógico e a formação política e cultural.
V. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
1092. A promoção de políticas educacionais em defesa das minorias sociais deve levar em
consideração que a garantia dos Direitos Humanos não restringe-se à aceitação ou
tolerâncias aos considerado diferentes numa escala hierárquica de classificação social, o
acesso ao bem público não pode ser compreendia como assistencialismo ou paternalismo,
mas a realização de seus direitos como indivíduos que fazem parte de sociedade e devem
ser respeitados com suas idiossincrasias e experiências como seres humanos,
independente de credo, cor, religião, deficiência ou qualquer outro tipo de diversidade ou
diferença.
1093. Portanto, os parâmetros de qualidade da educação devem ser fundamentados na
compreensão dos Direitos Humanos como pressuposto para democracia, das Políticas
educacionais face ao ideal de direitos humanos e do compromisso da escola reflexiva na
busca da superação do preconceito.
1094. Assim, construção de uma escola democrática deve considerar que o Brasil ao longo da
sua história educacional adotou práticas excludentes; os segmentos marginalizados da
sociedade; afrodescendentes, indígenas, população rural, deficientes, foram alijados dos
processos educacionais, sob fundamentação colonial que distribuição de forma
hierarquizada e desigual a definição de seres humanos e sujeitos de Direitos.
1095. Destarte, os recentes instrumentos normativos do campo da educação que indicam
avanços em consecução aos Direitos Humanos são fundamentais no processo de
planejamento e execução das políticas públicas. A educação pública, laica e sem
discriminações, considerando nossa história secular de desigualdades, são princípios muito
recentes no debate educacional, considerando a promulgação da constituição Federal de
1988, que institui no art. 5º que “a discriminação racial passa ser crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
1096. A LDB n. 9.394/96 (BRASIL, 1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) também
reconhecem a importância do combate ao preconceito racial, porém, em relação aos
documentos anteriores, não houve grandes avanços, no que se refere as relações étnico-
raciais, pois a diversidade racial aparece em uma perspectiva homogeneizadora e postula
uma identidade nacional sem ausência de conflitos, o que reforça o mito da democracia
racial.
1097. A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, Xenofobia e formas
correlatas de Intolerância – realizada em Durban- África do Sul em 2001, em que o Estado
brasileiro tornou-se comprometido com a agenda da Diversidade, marca um novo tempo
para as reivindicações movimento negro, é nessa esteira que em 2003 é aprovada a Lei n.
10.639/03, que altera LDB n. 9493/96 (BRASIL, 1996)39, nos Art. n. 26-A, n. 79-A e n. 79-B e
torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira em todo sistema
de esino. Vale mencionar que, a LDB n. 9394/96 foi alterada pela lei nº 12.7969, de 4 de
abril de 2013, e no que se refere às relações étnico-raciais, a alteração ocorreu no Título II,
art. 3º, Inciso XII. A partir de tal alteração, fica estabelecido que o ensino deve ser ministrado
baseado na consideração com a diversidade étnico-racial”.
1098. A Lei n. 10.639/03 está respaldada no Parecer n. 003/2004, de 10 de março de 2004, que
regulamenta a alteração trazida à Lei n. 9394/96, e na Resolução CNE/CP n. 1/2004, de 10
de junho de 2004, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações étnico/raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, DCNs-
ERER.
1099. A aprovação da Resolução CNE/CP 001/2004 marcou um novo lugar da questão racial
na política curricular educacional e “recolocou a questão racial na agenda nacional e a
importância de se adotarem políticas públicas afirmativas de forma democrática,
descentralizada e transversal” (BRASIL, 2004, p. 8). No bojo das discussões da urgência de
uma escola antirracista, e em 2011 foi aprovada a Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012, que
dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino
técnico de nível médio e dá outras providências. Poderíamos mencionar outras legislações,
dadas as limitações, convidamos os/as gestores, professores e estudantes a observarem e
39
Em 2008, a LDB 9394/96 foi novamente alterada pela lei 11.645/03 que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
incluírem em suas práticas princípios educacionais que rasurem da colonialidade, do
sexismo, do racismo e eurocentrismo imputado em nossa formação.
1100. Dentre os avanços legais significativos para a consolidação da educação dos Direitos
humanos, não poderíamos deixar de mencionar outro marco legal de suma relevância
alinhada a agenda do segmento GLBTQIA+ que se compreendendo como sujeitos de direitos
ampliaram nossos olhares e nos ensinaram sobre autodefinição e identidade de gênero.
Vale mencionar a Resolução CEE Nº 120, de 05 de novembro de 2013, que dispõe sobre a
inclusão do nome social dos/das estudantes travestis, transexuais e outros no tratamento,
nos registros escolares e acadêmicos nas instituições de ensino que integram o Sistema de
Ensino do Estado da Bahia e dá outras providências.
1101. A Educação Profissional e Tecnológica – EPT do Estado da Bahia amparada pelas
legislações supracitadas ainda apresenta regulamentação regional que reafirma o
compromisso com a promoção de uma educação orientada pelos princípios da diversidade
e de garantia dos direitos humanos, conforme estabelecem as Diretrizes do Plano Estadual
da Educação, Lei Estadual nº. 13.559 de 11 de maio de 2016, no artigo Art. 2º - São diretrizes
orientadoras do PEE-BA: IX - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental. A Meta 11 da Educação Profissional em
sua estratégica aponta a necessidade de 11.4) reduzir as desigualdades étnico-raciais e
regionais, com destaque para as peculiaridades do campo e da cidade, da cultura local e da
identidade territorial, no acesso e permanência na Educação Profissional Técnica de nível
médio, inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei, no âmbito do
Sistema Estadual de Ensino da Educação Básica.
1102. Nesta mesma perspectiva, a EPT destaca os direitos assegurados pela legislação atual
em especial o Parecer do Conselho Nacional CNE/CEB 14/2011, que se desdobrou na
Resolução n.º de 16 de maio de 2012, que “Define diretrizes para o atendimento de
educação escolar para populações em situação de itinerância” em que são consideradas em
situação de itinerância as crianças e adolescentes pertencentes a diferentes grupos sociais
que, por motivos culturais, políticos, econômicos, de saúde, dentre outros, se encontram
nessa condição. Podem ser considerados como vivendo em situação de itinerância ciganos,
indígenas, povos nômades, trabalhadores itinerantes, acampados, artistas, demais
trabalhadores em circos, parques de diversão e teatro mambembe que se autorreconheçam
como tal ou sejam assim declarados pelo seu responsável legal. Para tanto, a legislação
assegura as populações itinerantes acesso à educação escolarizada e a permanência e a
continuidade nos estudos ainda que em lugares diferentes e pelo necessário deslocamento
geográfico em razão das suas especificidades.
1103. A consolidação da Educação Profissional como campo de oportunidades para todos(as),
principalmente, para aqueles alijados dos espaços de aprendizagens e desenvolvimento da
formação integral, demarca desde já a construção coletiva do Planejamento Plurianual da
Bahia (PPA 2020-2023) e assegura o financiamento e a oferta vagas nos cursos da educação
profissional e tecnológica para a população alcançada pelas políticas da diversidade, assim
como, exige dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem a defesa de
uma educação e escola reflexivas que busque a superação do preconceito e atue na
perspectiva de educação antirracista, anti-homofóbica observando os instrumentos legais
supracitados como resultados das lutas históricas encampadas por sujeitos sociais que, de
forma contextualizada, compreenderam a necessidade de potencializar as agendas na busca
da garantia dos Direitos Humanos.
VI. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1104. As lutas e conquistas históricas das pessoas com deficiência vêm demonstrando para
toda a sociedade, que a deficiência não pode ser considerada uma barreira que determina
a condição da pessoa, como cidadão/cidadã de direitos e de possibilidades para exercer
diversos papeis na sociedade e de inserção no mundo do trabalho.
1105. O direito constitucional à educação, só se concretiza quando o ensino, em suas diversas
interfaces, promove o desenvolvimento pleno do sujeito. Para isso, faz-se necessário, além
da garantia da efetivação da matrícula, a permanência desses sujeitos e o êxito em sua
aprendizagem no ambiente escolar. Com a implementação da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e das Diretrizes Operacionais
do Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação
Especial (BRASIL, 2009), começa a surgir um cenário diferente no percurso educativo e na
escolarização das pessoas com deficiência no Brasil.
1106. Como resultado desta política, é possível perceber um crescimento exponencial das
matrículas na Educação Especial40 no ensino regular. No período de 2007 a 2014 o número
de estudantes matriculados/as em classes e escolas especiais decresce 46,0% e em classes
comuns aumentou 128,3%, sendo que no total de ambos houve um aumento de 35,5%, e
as matrículas no AEE aumentaram 136,50%. (REBELO, 2016).
1107. Ausência de formação e qualificação profissional mínima, são as principais justificativas
dadas pelos empresários e instituições de apoio a pessoas com deficiência, para explicar a
dificuldade em ocupar as vagas de postos de trabalho ofertadas todos os anos, conforme
determina as Leis n. º 8.112/90 e 8.213/91, que definem as cotas para inserção de pessoas
com deficiência no mundo do trabalho.
1108. Apesar dos avanços das leis, da mudança de comportamento de boa parte da sociedade, das lutas
travadas em prol da inclusão e do grande apelo social existente para a inserção da pessoa com deficiência no
mundo do trabalho, ainda podemos constatar, por meio de dados mais recentes da Relação Anual de
Informações Sociais - RAIS (2015), que no Brasil apenas 1,0 % dos trabalhadores com deficiência estão no
mercado de trabalho. Esses dados ajudam a descortinar uma realidade perversa, que passa à margem dos
interesses da maioria da sociedade, revelando quanto o Brasil é desigual e excludente (MATOS, 2020; no
prelo).
1109. Em 2015 uma nova legislação assegura novos direitos à Pessoa com Deficiência,
materializada na Lei n.º 13.146/2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência. É
mister salientar a importância desta legislação, principalmente, em seu Art. 28, Cap. IV.
Quanto a incumbência do poder público em assegurar, criar, desenvolver, implementar,
incentivar, acompanhar e avaliar, sistemas educacionais inclusivos em todos os níveis e
modalidades, como também o percurso educativo destas pessoas, garantindo as condições
40
Pessoas com deficiências intelectual, sensorial, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
necessárias à inclusão, com a oferta de recursos que eliminem as barreiras físicas e
atitudinais. Fomenta a necessidade de construir um Projeto Pedagógico Inclusivo, que
contemple todas as necessidades das pessoas com deficiência, inclusive com a oferta de
serviços de Atendimento educacional especializados, com implantação de salas de recursos,
para garantir a implementação de um currículo que contemple a todos e todas.
1110. Desta forma, a Educação Especial no contexto da oferta de Educação Profissional Técnica
de Nível Médio é referendada por atos normativos, tanto federais quanto estaduais. Na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. º 9.394/1996, no Inciso I, Art. 2.º, um dos
princípios do ensino é a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. No
âmbito da integração da Pessoa com Deficiência o Decreto Federal nº. 3.298/99 41, que
“regulamenta a Lei n.o 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e
dá outras providências”, intensifica a importância da Educação Profissional e Tecnológica
nesse contexto de inclusão da Pessoa com Deficiência, e expõe em seu Art. 15º que:
cumpre aos “órgãos e as entidades da Administração Pública Federal, a prestação direta ou
indiretamente à pessoa portadora de deficiência de “formação profissional e qualificação
para o trabalho”. Reforça a responsabilidade do Estado no tocante à formação profissional
da pessoa com deficiência.
1111. No âmbito do Estado da Bahia, a Resolução CEE/BA n. º 079/2009, considera a
necessidade de desenvolver no Estado, políticas educacionais inclusivas dentro da
concepção de que “a escola é para todos”, sem qualquer segregação ou discriminação. Entre
os princípios estabelecidos nesta Resolução estão à igualdade de condições de acesso e
permanência na escola para o/a estudante com deficiência e o atendimento o mais cedo
possível.
1112. A Resolução supracitada trata de questões como acessibilidade nas edificações,
incluindo a utilização de mobiliário e equipamentos adequados; a utilização da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), desde a Educação Infantil, como proficiência de instrução para
o/a estudante surdo; utilização do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade,
das atividades da vida autônoma e da comunicação alternativa para estudantes cegos e de
baixa visão; qualificação do corpo docente; utilização de materiais didático-pedagógicos,
tecnologias assistivas, domínio de espaços, sistemas de comunicação e informação
adequadas às necessidades; instalação de salas multifuncionais; adequação do projeto
político pedagógico, currículo e avaliação, definição de número de alunos na sala de aula e
oferta de Atendimento Educacional Especializado.
1113. Apesar de todo esse avanço histórico, dos direitos da pessoa com deficiência, que
transita desde a escola até o mundo do trabalho, a Educação Profissional e Tecnológica da
Bahia, entende que é grande o desafio para avançar na questão da integração da pessoa
com deficiência no mundo do trabalho, é necessário desenvolver ações que se adequem às
41
Fonte: DECRETO n. 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm. Acesso em: 19 de maio de 2020.
suas necessidades. Essa integração no mundo do trabalho deve ser analisada, sob a ótica
das suas qualificações, e não sob a ótica das suas restrições para o trabalho.
1114. Sendo assim, a EPT é provocada a constituir espaços, com vistas a garantir a associação
entre profissionalização e direitos de pessoas com deficiência. Não obstante todos os
avanços ocorridos ao longo desses anos, é preciso que se oportunize e se intensifique as
ações em torno de políticas que apontem para uma Educação Inclusiva no âmbito do mundo
do trabalho. É importante que, de acordo com os arranjos produtivos de cada Território de
Identidade da Bahia sejam planejadas ações que visem preparar os/as estudantes com
deficiência para lidarem com as constantes transformações contemporâneas que envolvem
também o mundo do trabalho, possibilitando assim uma vida independente e com
autonomia.
VII. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NAS MODALIDADES
NÃO PRESENCIAL E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - EAD
1115. A Reforma do Ensino Médio promulgada pela Lei 13.415/2017, combinada com o Art.
17, da Resolução CNE/CEB n. º 03/2018, que dispõem sobre a oferta de parte da carga
horária dos cursos da educação profissional mediada por tecnologias ou metodologias de
ambientes virtuais à distância, deverá atender aos critérios estabelecidos na forma da oferta
que poderá ocorrer também em regime de parcerias. Quanto às atividades realizadas
pelos/as estudantes, que são consideradas parte da carga horária do ensino médio, serão
aquelas relativas às aulas, cursos, estágios, oficinas, trabalho supervisionado, atividades de
extensão, pesquisa de campo, entre outras, sendo mediada ou não por tecnologia ou a
distância, em regime de parceria com instituições previamente credenciadas pelo sistema
de ensino.
1116. Em relação ao quantitativo máximo da carga horária, se dará da seguinte forma: a) as
atividades referidas, anteriormente, devem ter carga horária específica observadas as
normas dos sistemas de ensino; b) as atividades realizadas a distância podem contemplar
até 20% (vinte por cento) da carga horária total, podendo incidir tanto na formação geral
básica quanto, preferencialmente, nos Itinerários Formativos do currículo, desde que haja
suporte tecnológico – digital ou não – e pedagógico apropriado, podendo a critério dos
sistemas de ensino expandir para até 30% (trinta por cento) no Ensino Médio noturno.
1117. Cabe registrar que para o sistema estadual de ensino, algumas alterações nos
dispositivos legais foram necessárias para assegurar a oferta e funcionamento de cursos à
distância, tanto para as turmas regulares da educação básica, quanto na articulação e
integração com a educação profissional e tecnológica. Além da legislação federal existem
dispositivos legais emitidos pelo Conselho Estadual da Educação da Bahia, a partir do ano
de 2008, por meio das resoluções específicas que regulamentam cada situação para a oferta
dos cursos.
1118. A Resolução CEE/BA n.º 79/2008, que dispõe sobre a oferta de Educação a Distância
(EaD) no Sistema de Ensino do Estado da Bahia e das ofertas de cursos não presenciais,
especificamente, o Art. 10, que trata da competência das instituições de ensino para
autorizar o funcionamento de cursos e programas em EAD, sendo que no Inc. II, autoriza a
Secretaria da Educação do Estado da Bahia, quando se tratar de instituições de ensino
mantidas pelo poder público estadual, a ofertar cursos nos limites territoriais do Estado, e
cursos da educação profissional técnica de nível médio para a habilitação, qualificação
profissional técnica e/ou especialização profissional técnica.
1119. A oferta dos cursos nesta modalidade atende ao Plano Nacional da Educação (2014-
2024) que estabelece na Meta 11, a expansão da EPT na modalidade EAD, conforme
especificado na estratégia 11.3: “fomentar a expansão da oferta de educação profissional
técnica de nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade de ampliar
a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e gratuita, assegurado
padrão de qualidade”.
1120. Outros dispositivos legais do CEE/BA a exemplo da Resolução CEE n.º 131/2015, que
dispõe sobre a oferta da Educação Profissional, quanto aos períodos para protocolo de
solicitação de credenciamento de estabelecimento de ensino e de autorização para novos
cursos de educação profissional técnica de nível médio, bem como reafirma os
procedimentos quanto à solicitação de renovação desse pleito, inclusive quando se tratar
de curso na modalidade EaD, assim como na Resolução do CEE/BA n.º 65/2016, que trata
sobre a oferta de novos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, e a
Renovação dos mencionados atos, bem como a Resolução CEE/BA n.º 123/201642.
1121. Com todo o aparato legal, fica explícito enquanto modalidade educacional, a utilização
da mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem através de
meios e tecnologias de informação e comunicação, de políticas de acesso,
acompanhamento e avaliação compatíveis, dentre outros, tendo por objetivo desenvolver
atividades educativas para estudantes que estejam em lugares e tempos diversos, na
perspectiva de oportunizar ao jovem e adulto a oportunidade de dar continuidade aos seus
estudos, bem como qualificar-se de modo a ser inserido ou reinserido no mundo do trabalho
com novas oportunidades a partir de uma formação técnica profissional43.
1122. Os estudos de Pretto (2012), revelam que é estrondoso e traz reflexos fundamentais
para todos os sistemas sociais as questões relacionadas ao desenvolvimento científico e
tecnológico na modalidade EaD, a exemplo dos sistemas de comunicação e,
particularmente, de educação. Instaura-se a cibercultura com as inúmeras possibilidades de
navegação no “novo” ciberespaço, em que não há separação entre mente e corpo. (...)
embora o corpo pareça imóvel, enquanto a mente viaja, os sentidos internos do corpo estão
42
Resolução CEE/BA n.º 123/2016 que dispõe sobre a oferta de Educação a Distância (EaD) no Sistema de
Ensino do Estado da Bahia, no intuito de prorrogar os efeitos da Resolução CEE/BA n.º 130, de 2015, referente
a suspensão da aplicação do artigo 20 da Resolução CEE/BA n.º 79, de 3 de novembro de 2008, que dispõe
sobre a oferta de Educação a Distância (EaD) no Sistema de Ensino do Estado da Bahia, no qual foi mantido o
direito da Verificação Prévia das condições para oferta dos cursos obedeça aos procedimentos previstos para
tramitação dos processos de avaliação para credenciamento e renovação de credenciamento de
estabelecimento de ensino, autorização e renovação de cursos presenciais.
43
Na perspectiva de atender a um segmento da sociedade interessado em dar continuidade aos estudos para
adequar a sua rotina de estudante/trabalhador, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, ampliou a oferta
de cursos de educação profissional e tecnológica por meio de ações com a implantação de um curso técnico
na modalidade EaD, em 2019, na forma de oferta subsequente, que destinou-se a pessoas que concluíram o
Ensino Médio.
em tal nível de atividade.
1123. O cenário digital, assim, faz a convergência e ressignificação das mídias e das linguagens,
para que, no coletivo do campo que relaciona a educação com a cultura digital, com a
comunicação e com as tecnologias, representando uma possível forma crítica de pensar o
hoje e o amanhã.
1124. Sem dúvida a oferta da Educação a Distância é um campo profícuo para estudos tanto
no que se refere aos dispositivos legais que a regulamenta no que se refere aos
equipamentos adequados, a existência da conexão adequada a rede de Internet disponível
em cada um dos 417 municípios da Bahia, tanto quanto, às propostas políticas pedagógicas
dos PPC dos cursos da educação profissional técnica de nível médio das unidades escolares.
1125. Na oferta da educação a distância é importante considerar se as plataformas digitais,
ambientes virtuais de aprendizagem e demais instrumentos estão em conformidade com as
matrizes e as especificidades das modalidades ofertadas. Deve-se levar em conta que o
acesso dos/as estudantes aos meios digitais e Internet é um grande desafio de inclusão as
Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) tendo em vista que inúmeras
barreiras geográficas, sociais e culturais provocam dificuldades de acesso aos mesmos. Por
isso a importância do planejamento da gestão e equipe docente da Rede EPT visando
minimizar distorções e exclusões destes estudantes. Em um mundo altamente tecnológico,
virtual e plural, é essencial os saberes e conhecimentos estarem amplamente acessíveis nos
diversos espaços interativos e imersivos de forma inclusiva.
1126. Na perspectiva da avaliação da aprendizagem, deve-se considerar importante no
planejamento pedagógico deslocar cerca de 20% das atividades curriculares a distância
(EaD), levando-se em conta a carga horária dos cursos técnicos em oferta na Rede de
Educação Profissional da Bahia. Neste contexto, deve-se também estabelecer metodologias
e procedimentos diversos e atrativos para que as intervenções didáticas neste processo
possam potencializar o aprendizado e agregar valor ao curso técnico, a vida profissional dos
jovens e adultos matriculados e egressos.
1127. É preciso pensar que a Educação a Distância apresenta desafios aos/as estudantes, uma
vez que esta possibilidade de escolhas vem acompanhada de dúvidas e incertezas, dentre
outras mudanças de comportamento e linguagem, a flexibilidade e a autonomia do/a
estudante para fazer os seus horários e criar a sua rotina de estudo, traduzindo-se em
aspectos que exigem disciplina e clareza dos objetivos a serem alcançados pelo/a estudante.
Tem alcançado crescimento nos últimos anos e um dos motivos para essa expressiva
evolução é a popularização do curso a distância e das especificidades que devem ser levadas
em consideração na hora de optar por um curso não presencial.
1128. A modalidade não presencial pode compor o currículo dos cursos técnicos profissionais,
nas diversas formas de oferta, bem como nas modalidades como é o caso do PROEJA, na
medida em que respeitando os critérios estabelecidos na Resolução CNE/CEB n. º 06/2012,
na qual prevê que haja oferta de disciplinas integral ou parcialmente, desde que esta oferta
não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso.
1129. Deste modo é possível trabalhar com componentes curriculares que compõem as
matrizes dos cursos técnicos de nível médio, na modalidade não presencial, por meio de
atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino – aprendizagem, cujo foco está
centrado na autoaprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em
diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota. Assim
como dispor de profissionais para garantia do atendimento por docentes e tutores.
1130. Nesta perspectiva, os/as estudantes em curso, desperiodizados ou reprovados, poderão
cursar um componente ou conjunto de componentes curriculares do mesmo eixo
tecnológico de modo que possa resultar em cumprimento de pendências de um
determinado componente ou perfazendo um total de carga horária que possa te assegurar
a certificação de uma formação inicial, com um total máximo de horas, desde que não
ultrapasse o limite de percentual citado no parágrafo anterior.
1131. A oferta destes componentes curriculares citados deverá incluir métodos e práticas de
aprendizagem que incorporem a adoção crítica de tecnologias digitais da informação e
comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como, prever encontros
presenciais e atividades de mediação por meio da tutoria. Para adoção desta metodologia,
faz-se necessário constar no projeto pedagógico do curso (PPC), a carga horária específica
para os componentes e atividades presenciais e a distância.
VIII. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INTEGRADA DE
TEMPO INTEGRAL
1132. Ofertar a Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada de Tempo Integral
(EPITI), com a jornada escolar ampliada, possibilitando a integração de saberes, sujeitos e
conhecimentos foi um desafio superado pela Superintendência de Educação Profissional e
Tecnológica – SUPROT/SEC, por meio de um projeto direcionado, inicialmente, para a
implementação desta forma de oferta nos Centros Territoriais e Estaduais de Educação
Profissional e Tecnológica.
1133. A primeira experiência de EPTNM, em tempo integral, aconteceu em 2013, em Simões
Filho, no CEEP em Controle e Processos Industriais Irmã Dulce. O curso disponibilizado foi o
Técnico em Sistemas de Energia Renovável. A ampliação da oferta de EPTNM em tempo
integral ocorreu de forma gradual e, entre os critérios estava o atendimento exclusivo a
Centros de Educação Profissional ou escolas de tempo integral ofertantes de EPT, devido a
infraestrutura dos espaços, realizando adequações e adaptações físicas, quando necessárias;
oferta de cursos nos eixos tecnológicos já implementados, aproveitando a expertise
consolidada. Desta forma, de 2013 a 2014 tivemos apenas um município com EPTNM em
tempo integral; em 2015 foram ofertados cursos em 4 municípios e, respectivamente, em 4
unidades escolares; no ano de 2016 foram 25 municípios em 29 unidades escolares que
tiveram cursos técnicos; e, em 2017, 34 municípios em 41 unidades escolares garantiram a
oferta EPT.
1134. A organização curricular do curso técnico em tempo integral permitiu a ampliação da
jornada escolar e reduziu o tempo do curso na forma integrada de 4 (quatro) para 3 (três)
anos, mantendo, a estrutura já adotada na Rede, que organizava os componentes
curriculares nas categorias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da Formação Técnica
Geral (FTG) e da Formação Técnica Específica (FTE).
1135. A oferta inicial de EPTNM em tempo integral foi interrompida em 2018 tendo, contudo,
reiniciado em 2020, a partir da articulação entre a SUPROT e a Coordenação Executiva de
Projetos Estratégicos (CEPEE), com a ampliação da oferta para as escolas pertencentes a
Rede Estadual de Ensino Médio da Bahia que, até a atualidade, não trabalhavam com a
educação profissional e tecnológica.
1136. A ampliação do tempo de permanência dos/as estudantes da escola pública foi instituída
pelo Decreto Federal n. º 7.083/2010, com a pretensão de alcançar a melhoria na
aprendizagem. Nesta proposição, considera-se tempo integral “a jornada escolar com
duração igual ou superior a 7 (sete) horas diárias, durante todo o período letivo,
compreendendo o tempo total em que o/a estudante permanece na escola ou em atividades
escolares em outros espaços educacionais”.
1137. O alinhamento político-pedagógico entre a SUPROT e a CEPEE para a oferta de EPTNM
em tempo integral atende, entre outros quesitos, às metas do PPA e demonstra, em termos
institucionais, que a articulação intersetorial é fundamental para fortalecimento das políticas
públicas implementadas pela Secretaria da Educação. Nesta perspectiva, a oferta de EPTNM,
em tempo integral, consolidou-se em 27 municípios, 28 unidades escolares na diversidade
de oferta com 7(sete) cursos técnicos em 2020.
1138. Os cursos têm a duração de 03 (três) anos, articulando níveis e modalidades de educação,
mantendo a mesma carga horária que compreende os componentes curriculares da Base
Nacional Comum Curricular integrada com a Formação Profissional e Tecnológica. Com a
ampliação do tempo diário do/a estudante na escola, aumenta a oportunidade para a
formação da população jovem, elevando a escolaridade, integrando a qualificação social e
profissional em período integral. Para além disso, a Educação Profissional Média Integrada
em Tempo Integral (EMITI), representa ainda, uma oportunidade maior para realização das
práticas, assim como contribui para diminuição da evasão escolar e do abandono.
1139. Os estudos de Santos (2020c), sobre a educação profissional territorializada e a educação
integral na Bahia, possibilita entender a partir do método de análise espacial de Milton Santos
(2013) e pela revisão da literatura sobre a categoria território que, este enquanto “lugar de
uma solidariedade regulada ou organizacional” vem se tornando cada vez mais indispensável
para o planejamento de políticas e práticas educacionais em todos os níveis e modalidades.
1140. A proposta da formação humana integral tem profunda relação com a construção de
práticas pedagógicas alicerçadas em uma territorialidade ativa ou uma “territorialidade da
resistência” (SANTOS, 2020). Essa foi a tese afirmada cuja discussão envolveu a relação entre
o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e o Território, ao analisar se e como as
práticas pedagógicas desenvolvidas na escola incorporam (ou não) a dinâmica territorial,
contemplando (ou não) os pressupostos que dão sentido a uma formação humana integral,
tendo como pressuposto o alinhamento da política de Educação Profissional com a política
territorial da Bahia e com o princípio da formação integral.
6. 9 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NOS PROGRAMAS FEDERAIS
I. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA ARTICULADA AO PROGRAMA
NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC)
1141. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), criado pelo
Governo Federal, em 26 de outubro de 2011, por meio da Lei n. º 12.513/2011, com o
objetivo de “expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional
e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio
público”. Para a oferta dos cursos de qualificação, o Guia PRONATEC de Cursos FIC é o
documento que relaciona os Cursos de Formação Inicial e Continuada ou Qualificação
Profissional e orienta a oferta no âmbito do PRONATEC/Bolsa Formação, conforme dispõe o
§1.º, Art. 5.º, da Lei nº 12.513/2011. Os cursos contam com carga horária de, no mínimo, 160
e máximo de 400 horas que são organizados em 13 eixos tecnológicos; apresenta a relação
dos 646 cursos FIC com a carga horária mínima exigida, o perfil de conclusão, os requisitos
para acesso e as respectivas ocupações de acordo com a Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO).
1142. A correlação entre os cursos e as ocupações possibilita o cruzamento dos dados de
matrícula disponíveis no Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e
Tecnológica (SISTEC) com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e outra
base de dados, sendo possível analisar as trajetórias socioprofissionais e educacionais dos/as
estudantes que realizaram cursos FIC no âmbito do PRONATEC.
1143. Esta oferta de cursos de educação profissional e tecnológica de qualificação profissional
tem como prioridade a linha de formação das principais políticas públicas e respectivos
projetos voltados ao desenvolvimento econômico do Estado que possuem interconexões
como os eixos tecnológicos (BAHIA, 2020a). Com a proposição de oferecer qualificação
profissional a estudantes, trabalhadores diversos, populações tradicionais, povos originários,
agricultores familiares, pessoas com deficiência e beneficiários dos programas federais de
transferência de renda, o Programa tem como objetivos estratégicos:
h) expandir, interiorizar e democratizar a oferta presencial e a distância de cursos
técnicos e de formação inicial e continuada (FIC); ii) fomentar e apoiar a
expansão da rede física de atendimento da EPT; iii) contribuir para a melhoria da
qualidade do ensino médio público, por meio da articulação com a educação
profissional; iv) ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por
meio do incremento da formação e qualificação profissional; v) estimular a
difusão de recursos pedagógicos para apoiar a oferta de cursos de EPT.
1144. Um dos aspectos importantes a se considerar do Programa é o fomento em recursos
financeiros para custeio para a formação dos/as estudantes através da Bolsa-Formação44, o
que incentiva a participação e assegura a permanência dos/as estudantes nos cursos
PRONATEC. As modalidades de demanda são acordadas entre o Ministério da Educação e os
demais Órgãos Governamentais no momento em que integram a Bolsa Formação.
1145. O estudo de demanda e oferta de Cursos PRONATEC é compreendido como importante
instrumento de informações da metodologia utilizada e detalhamento sobre cada município
e, cursos previstos para cada localidade, “com base nos arranjos produtivos locais e
territoriais”, visando fortalecimento da economia local e valorização das potencialidades
regionais, privilegiando uma formação crítica e reflexiva de cada indivíduo no espaço que ele
44
Os recursos transferidos para as instituições ofertantes da Bolsa Formação/Pronatec abrangem todas as
despesas de custeio das vagas: mensalidades, materiais didáticos e encargos educacionais, podendo incluir o
fornecimento de alimentação e transporte aos/as estudantes, de acordo com a Lei 12.513/2011 e a Portaria
nº 817/2015.
ocupa, para que o mesmo se sinta pertencente ao mundo produtivo e, ao mesmo tempo,
possa vislumbrar o seu crescimento pessoal e do seu entorno, no intuito de promover a
redução da desigualdade econômica e social. (BAHIA, 2020a).
1146. O Governo do Estado por meio da Secretaria da Educação do Estado da Bahia - SEC
executa Programas Federais voltados para a EPTEC, alcançando 186 municípios baianos,
(46%), com 280 unidades escolares ofertantes, proporcionando aos cidadãos do estado, nas
diversas modalidades de ensino, uma variedade de 60 cursos técnicos e de qualificação
profissional, distribuídos em 11 eixos tecnológicos, nas modalidades Projovem Urbano,
Projovem Campo Saberes da Terra e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (PRONATEC), ofertado em três programas: MEDIOTEC – curso concomitante com a
educação básica; Formação Inicial e Continuada – cursos de qualificação profissional de curta
duração; FIC Prisional – cursos de qualificação para apenados, nas penitenciárias e colônias
prisionais.
1147. As referidas ofertas acompanham as principais políticas públicas de Governo, voltadas ao
desenvolvimento socioeconômico do Estado da Bahia e que estão articuladas às novas
demandas socioeducacionais, vocações econômicas territoriais e com os arranjos produtivos
locais. Nesse ínterim, o estudo de demanda para oferta dos cursos é um importante
instrumento composto por informações da metodologia utilizada e da caracterização de cada
território, visando fortalecimento da economia local e valorização das potencialidades
regionais, privilegiando uma formação crítica e reflexiva de cada indivíduo no espaço que ele
ocupa, para que o mesmo se sinta parte do mundo produtivo e ao mesmo tempo possa galgar
o seu crescimento pessoal e do seu entorno.
1148. Nessa toada, faz-se luz acerca dos desafios para a promoção da EPT, dentre que o docente
atuante partilhe com os/as estudantes conhecimentos e saberes necessários ao exercício
profissional e da cidadania, com base nos fundamentos científico-tecnológicos, sócio-
históricos e culturais. Ainda sobre este contexto, deve-se levar em conta a formação
humanística integral, ou seja, transversalizar temáticas constituídas no Projeto Político
Pedagógico (PPP), perpassar pelos Itinerários Formativos e promover ações de fomento ao
fortalecimento e melhoria na qualidade da Educação Profissional.
1149. Ao se oportunizar a EPT, a comunidade escolar enquanto agente transformadora dos
espaços, integrada ao seu referido território de identidade considera as questões ambientais
e históricas, resguardando o conjunto de características etnoculturais ressignificando a
oferta na relação intrínseca entre formação educacional e o mundo do trabalho.
1150. Destarte, à execução do PRONATEC vêm sendo ofertada pela SUPROT/SEC para a
população baiana, partindo do pressuposto de que essa metodologia é uma forma de
caracterizar os cursos técnicos e de formação inicial e continuada para além de competências
técnico-operacionais. Para tanto, sobretudo nas edições de 2019 e 2020 em que pese-se o
aumento pela busca por matrículas na EPT, vem sendo requisitada as parcerias com
movimentos sociais e organismos diversos da sociedade civil, criando as condições básicas
para estruturação de roteiros cada vez mais inclusivos e necessários para dar enfoque ao
conjunto de habilidades que compõem a valorização dos sujeitos, na sua capacidade de
pensar à transformação do seu meio, bem como na superação de percalços e especificidades
de cada Território.
1151. O documento intitulado “O Estudo e Metodologia da Demanda e Oferta de Cursos de
Educação Profissional na Bahia” (BAHIA, 2020b) formulado para a repactuação de saldos dos
Programas junto ao MEC, demonstra que este trabalho serviu como esteio à elaboração da
carta de oferta dos cursos para as turmas de formação técnica de nível médio e de
qualificação profissional do PRONATEC a serem executadas nos anos 2021-2023 pela SEC. A
identificação do mapa de oferta também levou em consideração a atual estrutura da Rede
Estadual Pública de Ensino da Bahia, composta por 1.221 unidades escolares, distribuídas
nas 7 mesorregiões baianas que se articula com a Rede de Educação Profissional e
Tecnológica Pública de Ensino Estadual.
1152. Diante do exposto, a SUPROT/SEC vai ao encontro do direito do cidadão ao assegurar
política de acesso, permanência e êxito escolar para o processo de aprendizagem. Tal
concepção aponta como opção prioritária a visibilidade dos atores sociais para o
desenvolvimento das ações voltada às populações vulneráveis e as demandas dos
movimentos sociais.
1153. II. A CRIAÇÃO DA REDE E-TEC BRASIL E A OFERTA DE CURSOS NA REDE ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO DA BAHIA
1154. A Rede e-Tec Brasil foi criada em 2011 pelo Ministério da Educação (Decreto n° 7.589)
em substituição ao Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil). O Programa e-Tec
Brasil tem o objetivo de contribuir para a democratização, expansão e interiorização da oferta
de ensino técnico de nível médio a distância, público e gratuito, especialmente para o interior
do País e para a periferia das áreas metropolitanas e de grandes centros urbanos.
1155. Constitui uma das iniciativas estratégicas da Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), incorporada ao PRONATEC, para
potencializar a interiorização e a democratização da oferta de cursos da Educação
Profissional e Tecnológica (EPT).
1156. A partir dos resultados alcançados pela oferta de cursos de Educação Profissional e
Tecnológica (EPT) a distância, bem como o desafio de ampliar a oferta da modalidade no País,
de forma a atingir as metas 10 e 11 estabelecidas pelo PNE 2014-2024, a Rede e-Tec foi
revista e ampliada em 2015 para atender aos diferentes níveis da educação profissional e
tecnológica: da formação inicial e continuada ou qualificação profissional à pós-graduação.
Os cursos a distância também passaram a ser custeados pela iniciativa da Bolsa Formação do
PRONATEC, a partir da Portaria nº 1.152 de 2015 do Ministério da Educação.
1157. Em 2019, a partir da proposta de repactuação dos recursos do PRONATEC, com a
possibilidade da oferta por meio da Rede e-Tec, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia
aceita o desafio de pactuar 10 (dez) turmas do Curso Técnico em Redes de Computadores,
que passam a ser ofertadas em 10 (dez) municípios do Estado, contemplando 09 (nove)
Territórios de Identidade – TI, priorizando municípios do interior do estado que ainda não
tinham oferta regular de EPT, iniciando uma oferta inédita de Cursos Técnicos realizados à
distância (EAD), com isso, a SEC começa a fazer parte da Rede e-Tec Brasil.
1158. III. HABILITAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO (MEDIOTEC)
1159. Os cursos MEDIOTEC direcionam os educandos para uma formação profissional técnica
vinculada ao mercado de trabalho ao tempo que é validado pela Classificação Brasileira de
Ocupações – CBO, com reconhecimento dos saberes e competências profissionais,
fundamentados em bases científicas e tecnológicas. Esta oferta tem como premissa
fortalecer e ampliar a oferta de vagas gratuitas em cursos técnicos, além de dispor do
mecanismo de controle de evasão e manter os/as estudantes ativos, na forma da Assistência
Estudantil Bolsa Formação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(PRONATEC) para custear despesas de alimentação e se necessário transporte.
1160. A matriz curricular da Educação Profissional Técnica de Nível Médio é composta pelas
Unidades Curriculares da Base Nacional Comum Curricular e pelas Unidades Curriculares
Integradoras da Educação Profissional articuladas ao mundo do trabalho. À vista disso, a
dinâmica escolar dos/as estudantes envolve cursar o ensino técnico no contra turno do
ensino regular. Isto posto, o/a estudante possui uma matrícula vinculada ao ensino técnico e
outra integrada à Educação Básica.
1161. Para a consulta de informações sistematizadas sobre as ofertas e eixos tecnológicos da
Modalidade, o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos é o instrumento padrão e normatizador
que versa sobre o perfil profissional de conclusão, infraestrutura mínima requerida,
ocupações associadas, campo de atuação, normas associadas ao exercício profissional,
possibilidades sobre certificação intermediária em cursos de qualificação profissional no
Itinerário Formativo, possibilidades de formação continuada em cursos de especialização
técnica no Itinerário Formativo e possibilidades de verticalização para cursos de graduação
no Itinerário Formativo.
1162. Os Projetos Pedagógicos de Cursos Unificados (PPCU) devem confluir o ensino regular e
a oferta Integrada, a partir do mapeamento das ofertas diagnosticadas no Mapa de Demanda
Identificada (MDI). Ressalta-se que os Itinerários Formativos da Educação Profissional
consideram as ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do
Trabalho (MT), no que diz respeito à uma formação profissional sobretudo cidadã e de acordo
com a Portaria MEC n. º 817/2015.
1163. Sobre o cenário dos cursos ofertados, o número de matrícula por turma em 2017, 2018
e 2020 oscilou entre 20 e 30 estudantes, com a oferta estruturada em 69 municípios de 20
territórios de identidade, distribuída em 08 Eixos tecnológicos, 32 cursos e 90 turmas. Foram
consideradas nas ofertas as necessidades de uma formação profissional cidadã vinculada ao
mundo do trabalho, às projeções de crescimento econômico e social local/regional.
1164. Ao pleitearem a vaga em uma turma, as educandas são selecionadas pela SEC através do
Núcleo Territorial de Educação (NTE) e pelas unidades escolares de ensino médio em
processo seletivo, ao considerar critérios de vulnerabilidade econômica/social e à atividade
de formação profissional das educandas (os).
1165. IV. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL PELO PROGRAMA PRONATEC PRISIONAL
1166. Em 2018, a SEC iniciou a oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada – FIC, pelo
Programa PRONATEC Prisional (1ª oferta), em parceria com a Secretaria de Administração
Penitenciária (SEAP), Ministério da Justiça (MJ) e Ministério da Educação (MEC). Os cursos
foram desenvolvidos com base na concepção de currículo proposto pelo MEC, entendendo
que a Educação Profissional está centrada na concepção de formação humana integral, na
promoção de uma integração cárcere-sociedade e tendo como eixo estruturante a
integração entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura, baseando-se no trabalho como
princípio educativo.
1167. Pensar a EPT em funcionamento dentro de estabelecimentos penais implica pensar na
lógica própria deste tipo de estabelecimento e que obviamente implica num modo de
funcionamento “sui generis” da EPT. Nesta perspectiva, a SEC/SUPROT, realizou ao longo da
Pactuação do Programa, no exercício 2018, a seleção de profissionais, qual sejam,
coordenadores, supervisores e instrutores com formação na área específica de cada curso,
visando o desenvolvimento de conhecimentos para o mundo do trabalho.
1168. No total para esta pactuação, das 820 vagas disponibilizadas, houve 460 aos egressos do
sistema prisional e familiares de primeiro grau de apenados (sistema aberto), 360 para
pessoas em situação de privação de liberdade, em penas alternativas ou em regime
semiaberto (sistema fechado), distribuídas em 31 turmas com efetivação de 541 matrículas,
correspondendo a 72% da pactuação de 2018, sendo a maior execução do Programa em
âmbito nacional, segundo dados da SEAP/MJ/MEC. A SEC impulsionada pela experiência
exitosa da modalidade realizou também em 2018, o I. Seminário Baiano sobre PRONATEC
Prisional na Bahia, cujo tema foi A Educação Profissional e a Ressocialização Cidadã, com o
objetivo de formação dos coordenadores, instrutores e equipe técnica no intuito de avaliar
as especificidades da execução em cada município.
1169. O modelo dialógico implementado pela SUPROT/SEC foi preponderante para o sucesso
desta iniciativa, tendo em vista que a SEC e a SEAP vêm construindo uma parceria para
promoção da EPT voltada à ressocialização, garantindo ótimos resultados na política pública
de reintegração social. Outra inovação nos cursos ofertados na Bahia, é a implantação do
Projeto Integrador, que permite aos/as estudantes realizarem durante cada curso, a
elaboração e participação na articulação entre teoria e prática, que tem por estratégia
proporcionar a interdisciplinaridade entre todos os temas/assuntos/bases abordados
durante os cursos.
1170. Tendo em vista os aspectos observados, cumpre-se aferir as inúmeras potencialidades
deste importante Programa, principalmente através da devolutiva dos/as estudantes, como
à exemplo da turma de Confeccionador de Bolsa em Couro e Material Sintético, realizada no
Conjunto Penal de Serrinha (Território do Sisal), onde houve uma exposição com venda de
bolsas fabricadas durante o curso ou ainda do curso de Panificação, na Colônia Penal de
Simões Filho (Território Metropolitano Salvador), onde organizou-se uma mostra acerca das
técnicas e degustação diversos tipos de pães e doces produzidos pelos próprios/as
estudantes, considerando ainda o aprendizado sobre Gestão Empreendedora e as
possibilidades de inserção no mundo de trabalho e de organização cooperativista.
1171. V. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA PELA OFERTA DO PROJOVEM URBANO E
O PROJOVEM CAMPO – SABERES DA TERRA NA BAHIA.
A) BASE LEGAL DO PROGRAMA
1172. Dentre os Programas Federais ofertados pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia,
o Projovem – Programa Nacional de Inclusão de Jovens, é o responsável pela reintegração
educacional, elevação da escolaridade e promoção da formação social e qualificação
profissional de jovens e adultos, em nível fundamental, estimulando a participação produtiva
cidadã e ações comunitárias com práticas solidárias para intervenção na realidade local.
1173. Instituído no ano de 2005, através da Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, quando da
criação conjunta de relevantes políticas voltadas para a juventude como o Conselho Nacional
da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional de Juventude, e regulamentado pelo Decreto nº
5.557, de 05 de outubro de 2005. Obteve parecer favorável da Câmara de Educação Básica
do Conselho Nacional de Educação CEB/CNE 02/2005, de 16/03/2005, aprovado pela
Resolução 3/2006, de 15/08/2006, como um curso experimental com 12 meses de duração,
atuando nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. De acordo com o Artigo 816 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN nº 9.394/96 que, frente à sua legalidade na
referida lei, proporcionou por meio dos sistemas de educação a oferta e a certificação de
conclusão do ensino fundamental e de qualificação profissional, isso na formação inicial.
1174. O Projovem, criado como ação integrante da Política Nacional de Juventude coloca-se
diante de um duplo desafio: criar condições necessárias para romper o ciclo de reprodução
das desigualdades e restaurar a esperança da sociedade em relação ao futuro educacional,
criando e validando múltiplas formas e múltiplos espaços de aprendizagem, de modo a
ampliar o acesso aos sistemas de ensino e aumentar a probabilidade de permanência neles
por jovens e adultos excluídos da escolarização.
1175. Em 2008, a Medida Provisória 411/2007 foi convertida na Lei 11.692 que ampliou a faixa
etária dos jovens atendidos pelo Programa para 18 a 29 anos e subdividiu em modalidades
como: Projovem Adolescente - Serviço Socioeducativo, Projovem Urbano, ProJovem Campo-
Saberes da Terra e Projovem Trabalhador, sendo considerado como um dos principais
desafios para a sua gestão a redefinição do público potencial a ser por ele atendido, a
instância de gestão do Projovem e suas modalidades, a gestão intersetorial e, por fim, o
redesenho da matrícula. No processo de integração entre as modalidades, foi resguardada a
autonomia político-pedagógica das experiências acumuladas por cada Programa.
1176. A partir de então, a oferta do curso Saberes da Terra implementada no biênio 2005-2006
pela SECAD- Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, passou a
denominar-se de ProJovem Campo - Saberes da Terra destinado a garantia do ensino
fundamental a jovens agricultores/as entre 18 e 29 anos, como política de educação, na
Modalidade EJA integrada à qualificação social e profissional, objetivando contribuir para a
formação integral do jovem do campo, potencializando a sua ação no desenvolvimento
sustentável e solidário de seus núcleos familiares e comunidades, por meio de atividades
curriculares e pedagógicas, em conformidade com o que estabelecem as Diretrizes
Operacionais para Educação Básica nas Escolas do Campo – Resolução CNE/CEB Nº 1 de 03
de abril de 2002, o Projeto Político Pedagógico e o Percurso Formativo do referido curso.
1177. Já o Projovem Urbano, segundo a mesma normativa objetiva elevar a escolaridade de
jovens, também com idade entre 18 e 29 anos, que saibam ler e escrever e não tenham
concluído o ensino fundamental, por meio de curso que associa três dimensões: ensino
fundamental, qualificação profissional inicial e participação cidadã.
1178. No entanto, com a publicação do Decreto nº 7.649, de 21 de dezembro de 2012 a fim de
ampliar o escopo do Projovem Urbano e Projovem Campo Saberes da Terra a execução e
coordenação ficaria no âmbito do Ministério da Educação - MEC. E consequentemente, em
âmbito local passou a ser coordenada pelas Secretarias de Educação dos Estados e
Municípios e Distrito Federal.
1179. Atualmente as ações de ambos os Programas está na Coordenação Geral de Jovens e
Adultos (COEJA), da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Básica (DPD), da Secretaria
de Educação Básica (SEB), do Ministério da Educação (MEC), criada na última reorganização
da Estrutura Regimental do MEC pelo Decreto nº 10.195, de 30 de dezembro de 2019.
1180. Nesse sentido, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, através da Superintendência
da Educação Profissional e Tecnológica - SUPROT, buscando promover a Educação
Profissional integrada à Educação de jovens e adultos garantindo a volta e permanência dos
jovens na escola, vem executando desde 2010 Projovem Urbano e Projovem Campo Saberes
da Terra em parceria com o Governo Federal, zelando o que preconiza as orientações
advindas do Ministério da Educação (MEC).
1181. As tabelas, abaixo, apresentam o quantitativo das ofertas atuais do Projovem Urbano e
Projovem Campo Saberes da Terra - Edições 2018 e 2019.
1182. Tabela 1: Demonstrativo da Oferta Projovem Urbano
Arcos
Território Turmas Municípios Vagas
Ocupacionais/Curso
06 05 38 12 1.140
45
ZABALZA, Miguel A. O Estágio e as Práticas em Contextos Profissionais na Formação Universitária. São Paulo: Cortez
Editora, 2015.
profissional dos/as estudantes, mas que possibilita melhorar como pessoa, (...) pode
experimentar essa preocupação por si mesmo”.
1261. Na Portaria n. º 8347/17 fica instituída a prática profissional com objetivo de atender
demandas de problemas da população por meio da intervenção social, denominada Estágio
Civil. Nesta modalidade de estágio, as unidades escolares formulam e executam projetos que
sejam compatíveis aos cursos ofertados e as demandas da comunidade de modo que os/as
estudantes possam ter sua prática profissional, em curso, desenvolvida de forma orientada
por docentes, em prol da comunidade.
1262. O Projeto de Estágio Civil, deve explicitar quais as atividades serão desenvolvidas de
forma a guardar compatibilidade com o perfil profissional de conclusão, sendo esta uma
possibilidade legal para a realização do estágio curricular, podendo ser desenvolvido em
comunidades, assentamentos, entidades mantidas por ONGs, OSCIP, movimentos sociais,
entidades filantrópicas sem fins lucrativos, dentre outras de igual caráter, observando o
previsto. Há exemplos de projetos que orientam os pequenos agricultores sobre o manejo
da horta e o uso de equipamentos.
1263. Cabe ilustrar registros de projetos na Rede que prestam atendimentos básicos de saúde
feito por estudantes do curso técnico em enfermagem, orientação nutricional e odontológico
feita respectivamente por estudantes dos cursos de nutrição e dietética e saúde bucal, bem
como oficina de inclusão digital e conserto de computadores feitos pelos/as estudantes do
curso técnico em informática. “O estágio é o lócus onde a identidade profissional do aluno é
gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada,
reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativamente e sistematicamente”.
(BURIOLLA, 2001, p. 13) ².
1264. O estágio curricular supervisionado obrigatório deixa de ser a única forma de conclusão
e certificação dos cursos técnicos ofertados pela Rede Estadual da Educação com a instituição
do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), por meio da Portaria n. º 3.704 de 24 de maio de
2017. Ratifica-se que a obrigatoriedade de estágio permanece como única para o curso
Técnico em Enfermagem, de forma a cumprir a exigência do Conselho Federal de
Enfermagem.
1265. A orientação de estágio do curso Técnico em Enfermagem conta com o instrumento
denominado Manual da Preceptoria, destinado a estudantes e preceptores 46 visando à
preparação destes para a prática profissional numa instituição de saúde. Tal documento tem
o objetivo de normatizar e socializar a execução das práticas de estágio do curso Técnico em
Enfermagem, além de definir os critérios de avaliação e os papéis dos membros envolvidos
neste processo de aprendizagem.
1266. Ainda nesta perspectiva, vale ressaltar que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que
tem como base normativa a Portaria n. º 3.704 de 24 de maio de 2017, é uma opção ao
estágio curricular em nível médio profissional. Possui carga horária mínima de 140 (cento e
quarenta) horas e propicia ao/a estudante uma forma de aprendizagem reflexiva, autônoma
e crítica, pautada na integração entre teoria e prática. Isso porque, ao se aprofundar em um
objeto de estudo, o/a estudante pode detectar situações-problema a serem resolvidas, e
46
Enfermeiro que orienta e acompanha os/as estudantes do Curso Técnico em Enfermagem.
buscar soluções para a superação destas.
1267. No contexto da articulação entre a escola e a comunidade local, o TCC otimiza a
aprendizagem para além do espaço escolar e da sala de aula, pela promoção por parte do
educando do entendimento da educação profissional como prática social e transformadora
da realidade. Com o objetivo de promover a interação entre a teoria e prática a partir da
problematização de questões-problema, o TCC fora instituído na Rede visando a formação
de futuros profissionais por meio da iniciação científica que permitam o desenvolvimento de
novas tecnologias, processos e serviços além da produção e criação de protótipos, maquetes,
planos de negócios e estudos de viabilidade técnica com foco na criação aprimoramento de
empreendimentos.
1268. 5.15 PROGRAMA PRIMEIRO EMPREGO
1269. Os/as estudantes e egressos da Rede Estadual da Educação Profissional contam com um
programa de governo, conhecido como Primeiro Emprego, instituído em 2015 pela Lei
Estadual n.º 13.459, ou seja, um Projeto Estadual de Incentivo à Concessão de Estágio e
Primeira Experiência Profissional a estudantes e egressos da Rede Estadual de Educação
Profissional e a jovens e adolescentes qualificados por programas governamentais
executados pelo Estado da Bahia promove e fomenta a inserção destes no mundo do
trabalho.
1270. O Programa Primeiro Emprego é uma ação governamental que visa combater o
desemprego de jovens estudantes com o objetivo de inseri-los no mundo do trabalho. Esta
inserção dar-se-á por três modalidades: estágio, aprendizagem e ocupação formal. O estágio
e a aprendizagem são destinados aos/as estudantes em curso, já a ocupação formal trata-se
da contratação de egressos para atuarem nas mais diversas instituições públicas do Estado
da Bahia, em funções que guardem compatibilidade com o curso técnico de formação.
1271. Entende-se, nesse sentido, que o estágio e a aprendizagem são modalidades importantes
que, além de qualificar os jovens oportunizam o percurso formativo profissional. Por meio
destas oportunidades os/as estudantes integram os conhecimentos teóricos com a prática,
em curso, interagindo com profissionais de forma a aplicar toda o embasamento teórico em
ambiente real de trabalho, lidando com as mais diversas situações do cotidiano profissional.
Além disso, caracteriza-se por uma política de egresso da EPT no intuito de acompanhar as
transformações do setor produtivo e da sociedade, pela adoção de estratégias que levam os
trabalhadores a desenvolver atitudes conscientes para o trabalho seguro durante a
realização de suas atribuições, desenvolver novas práticas e, por meio dos conhecimentos e
experiências adquiridas no processo formativo possam criar ações de mobilização e
intervenção social de forma a qualificar às ofertas de cursos técnicos com vistas ao
desenvolvimento social, ambiental e econômico do seu Território de Identidade.
1272. Os jovens na faixa etária de 16 a 24 anos são os mais afetados pelo desemprego na
Bahia47. A condição de necessidade financeira resulta no afastamento escolar destes
47
Fonte: PED-RMS – Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTb/FAT
estudantes que são alocados na precarização do trabalho ou em condição de pobreza. A
profissionalização destes jovens é objetivo de uma educação profissional e tecnológica
pública que respeita às características socioeconômicas e ambientais dos territórios de modo
a prover oferta de cursos condizentes e formar profissionais preparados para o mundo do
trabalho.
1273. 5.16 PARCERIAS REALIZADAS PELA SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA COM OS MOVIMENTOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E O SISTEMA PRODUTIVO
1274. O diálogo permanente da Secretaria da Educação com os Movimentos Sociais,
assegurando pelo planejamento anual, a realização de uma agenda com encontros mensais
torna possível a participação dos atores sociais no delineamento da oferta de cursos de
educação profissional e tecnológica nas escolas públicas, a partir dos debates sobre
concepções, práticas e manejos, em questões relacionadas à agroecologia, reforma agrária,
agricultura camponesa, soberania alimentar, agrobiodiversidade e demais temas de
interesses e relevância para o conjunto da sociedade. Com os Arranjos Produtivos Locais -
(APL), a parceria visa fortalecer a oferta de educação profissional a partir de um conjunto de
fatores econômicos, políticos e sociais, de cada Território de Identidade, desenvolvendo os
cursos de acordo com as atividades econômicas que apresentam vínculos de produção,
interação, cooperação e aprendizagem.
1275. A articulação com o Setor Produtivo é um reconhecimento de que o planejamento da
expansão da oferta de EPT precisa desta interlocução, que visa promover uma análise e
reflexão do cenário atual das demandas por formação profissional e estimular a proposição
de estratégias conjuntas e integradas para o aprimoramento desta, com maior aderência às
necessidades do mundo do trabalho.
1276. Ancorada pelo estudo realizado para a oferta dos cursos da EPT e apresentados nos
documentos para a repactuação do PRONATEC no Estado da Bahia a Secretaria da Educação
a Suprot atua na perspectiva da educação que dialoga com a identidade sociocultural, que
por sua vez é compreendida a partir da visão de que o indivíduo se identifica como
pertencente a uma cultura, ao território, participa das diversas manifestações da sociedade
em que se insere e a compartilha com outros indivíduos que participam do mesmo grupo
social. A identidade cultural quando fortalecida pela educação emancipadora faz com que o
indivíduo se reconheça, através das tradições, dos valores, da comunicação, da religião, da
vivência e da economia que formam a identidade territorial. É nesta intrincada rede de
interações que a identificação étnica cultural vai se formar junto ao processo de ensino-
aprendizagem, sendo uma espécie de lente com a qual o grupo enxerga o mundo e a
educação como um instrumento de representatividade. (BAHIA, 2020b; p: 22-24).
1277. No mundo rural, há movimentos sociais camponeses representativos de assentados e
assentadas do Programa de Reforma Agrária, de Comunidades Quilombolas, de
48
Luckesi aborda o conceito de fetiche de acordo com o materialismo histórico-dialético, no sentido de
exemplificar, na modernidade, como o homem estava tratando as mercadorias, estas que com o tempo
deixaram de ser um produto estritamente humano para tornarem-se objeto de adoração, a mercadoria deixa
de ter a sua utilidade atual e passa a atribuir um valor simbólico, quase divino, o ser humano não compra o
real, mas sim a transcendência que determinado artefato representa.
49
Estudos desenvolvidos pelo autor no Laboratório de Observação e Estudos Descritivos (LOED) da Unicamp,
visando compreender a avaliação na atual organização do trabalho escolar.
aprofundado discussões em grupos de trabalhos internos, por meio da realização de estudos
acerca da formulação de Diretrizes para a Avaliação da Aprendizagem na Educação
Profissional, tendo como referência a literatura especializada em educação profissional e
tecnológica, permitindo, assim, a criação de um documento interno, em 2013, explicitando
uma proposta com diretrizes para atender aos objetivos, a metodologia e ao processo do
ensino e aprendizagem desta modalidade de ensino, que tem como finalidade, habilitar os
adolescentes, jovens e adultos para o exercício autônomo e crítico da sua profissão e inserção
no mundo do trabalho.
1283. Neste sentido, é que na orientação pedagógica à Rede Estadual de Educação Profissional,
são adotados os seguintes critérios nas avaliações de ensino e aprendizagem, a saber: a)
compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos; b) o grau
e avanço do conhecimento sistematizado e sua aplicação e transferência no meio
socioprofissional estabelecendo a relação teoria-prática; c) potencializar o uso crítico e social
das tecnologias; d) habilidade para problematizar fenômenos, fatos e situações significativas
para compreensão da realidade; e) apropriação dos conceitos da formação geral e específica
necessários à ação em situações próprias a essa finalidade; f) desenvolvimento de atitude
científicas, políticas e éticas diante da realidade; g) habilidade de síntese, argumentação e
análise crítica e o reconhecimento da experiência de vida e de trabalho.
1284. As funções da avaliação diagnóstica, processual e formativa acompanharão todo o
processo de construção do conhecimento do/a estudante respeitando seu estágio de
desenvolvimento e suas necessidades pedagógicas, constituindo-se como tarefa e
responsabilidade dos coletivos de professores e estudantes da Base Nacional Comum e da
Formação Técnica, com vistas a atender os objetivos pedagógicos e didáticos da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio.
1285. A dimensão formativa da avaliação terá a centralidade no processo dos/as estudantes
tendo em vista que o principal objetivo desta é o de acompanhar, gradativamente, o processo
que promove a aprendizagem de todos/as. Desta forma, a concepção de avaliação da
aprendizagem construída pelos professores de EPT que a consideram como um processo e,
quando orientados na perspectiva da promoção da aprendizagem, não conflita com os
dispositivos legais. A nota ou conceito é a expressão do processo de avaliação do/a
estudante, como registro simbólico para o sistema de uma aprendizagem que se realizou.
Conforme explica Vilas Boas (2019), um processo de avaliação formativa está em curso
enquanto as aprendizagens ocorrem, portanto, a nota ou conceito é dada menção como
decorrência da aprendizagem.
1286. 5.18 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS MARCOS LEGAIS NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA
1287. O
processo de avaliação da aprendizagem considera os marcos legais implementados pela
Secretaria da Educação, por meio da Portaria nº 6562, de 2016, que dispõe sobre a
“Sistemática de Avaliação da Rede Escolar da Secretaria da Educação da Bahia”; o Regimento
Único da SEC, que descreve os critérios para o processo de avaliação da aprendizagem,
realizada pelo/a professor/a de forma contínua e cumulativa, tendo por princípio a garantia
do desenvolvimento integral do/a estudante e do seu sucesso escolar, e a Instrução
Normativa (IN) n.º 002, de 2016 ao apresentar a regulação na aplicação de alguns dos
dispositivos da Resolução n.º 6562, de 2016, conforme serão explicitados mais à frente no
texto.
1288. O
s estabelecimentos de ensino deverão, neste sentido, criar as condições para que os coletivos
de educadores possam de forma interdisciplinar, planejar situações nas quais possam avaliar
o aprendizado do/a estudante; replanejar as ações; potencializar o ensino e buscar
estratégias mais adequadas à qualificação da aprendizagem e do ensino. A avaliação deverá
primar pela qualidade democrática dos instrumentos avaliativos. É recomendável submeter
o/a estudante a várias oportunidades avaliativas individuais e coletivas, com foco na
aprendizagem e não na nota.
1289. A
tividades não presenciais poderão, também, fazer parte do arcabouço tecnológico que
possibilitará ao/a estudante realizar atividades e ser avaliado. Essa é uma metodologia que
tem ganhado espaço no campo educacional com mais força nos últimos anos, facilitando a
comunicação, oportunizando a criatividade, criando novas possibilidades de tempo e espaço
de ensino aprendizagem e desenvolvendo um caráter mais autônomo nos/as estudantes que
terão que organizar melhor seu tempo de estudo em casa, a exemplo do que já ocorre nas
ofertas que adotam a Pedagogia da Alternância.
1290. O
s dispositivos de regulação da aferição da avaliação da aprendizagem e progressão parcial
pela Secretaria da Educação, consideram promovido e classificado para a série seguinte, o/a
estudante que atender aos critérios contidos na Portaria n. º 5872 de 2011, Art. 51. Desta
forma, as metodologias utilizadas devem possibilitar que os/as estudantes demonstrem
conhecimentos para responder as propostas ou desafios, concretamente enfrentados em um
contexto social globalizado. A avaliação da aprendizagem será contínua e se processará de
forma diagnóstica, formativa e somativa. Nesse sentido, a avaliação é assumida como uma
ação dialógica em que se constatam, no processo, os conhecimentos que foram construídos
e reconstruídos e/ou as dificuldades de aprendizagem que necessitam ser trabalhadas, tendo
em vista a sua superação.
1291. O
s registros dessas atividades avaliativas devem ser realizados no SGE - Sistema de Gestão
Escolar50, em nota de zero a dez e a média para aprovação. O cálculo para aprovação será
feito automaticamente pelo próprio SGE. Toda a Rede de Educação Profissional da Secretaria
da Educação da Bahia realiza Recuperação Paralela e Conselho de Classe.
1292. Q
uanto aos registros relacionados ao estágio, a título de aprovação, os/as estudantes deverão
apresentar aos/às professores/as orientadores, relatório-técnico científico do quanto
realizado. Conforme eixo tecnológico e o curso específico, os estabelecimentos de ensino
50
http://www.sec.ba.gov.br/siig/sistemaescolar/frame.asp
com participação coletiva dos educadores e orientadores, utilizarão um barema simplificado
de avaliação contendo critérios claros para os/as estudantes em estágio de participação no
mundo do trabalho. O lançamento dessas informações no SGE deve ocorrer, não por meio
de nota de zero a dez, como ocorre com os demais componentes curriculares, mas por meio
de conceito.
1293. E
m relação aos/as estudantes que optam pela realização do TCC, para obtenção do título de
técnico de nível médio, deverão, por meio da produção de atividades diversas, conforme
previsto em documento próprio estabelecido pela SEC/SUPROT, realizam as construções
pedagógicas que são acompanhadas pelo/a professor/a orientador e, ao final, é apresentada
de forma escrita e oral, sendo avaliado em formulário próprio.
1294. P
ara os/as estudantes do PROEJA, há que se ter um olhar de modo a preservar as
especificidades desta modalidade, pois deve ocorrer continuamente e no processo à medida
que o trabalho vai sendo desenvolvido.
1295. A
lém da observância da Portaria no que tange a recuperação, dependência e progressão
parcial, cabe destacar as seguintes orientações: a) os estabelecimentos promoverão estudos
de recuperação paralela - ao longo do período letivo à medida que houver necessidade
atendendo de forma individual e diferenciada cada aluno; b) A recuperação poderá será
organizada com atividades avaliativas diversificadas; c) avaliação da aprendizagem terá os
registros de notas expressos conforme determina a legislação estadual, acompanhada de
parecer descritivo emitido pelo/a professor/a, considerando os aspectos qualitativos
acumulados ao longo da unidade, módulo/semestre e ano letivo; d) a promoção para a série
seguinte far-se-á pelo resultado do conjunto das avaliações de cada componente curricular
cursado pelo/a estudante no ano letivo mais os resultados da recuperação parcial e final; e)
na promoção ou certificação de conclusão para quaisquer formas de articulação da educação
profissional a média final mínima exigida é 5,0 (cinco vírgula zero), conforme legislação
educacional da Bahia.
1296. A
inda com relação à progressão parcial, na garantia de direito à Educação, a Portaria n. º 6.562,
de 2016 no Art. 11 indica aos/as estudantes que não conseguirem aprovação, em até três (3)
componentes curriculares, poderão ser matriculados no ano/série seguinte dando
continuidade à sua escolarização, exceto os/as estudantes da última série, no caso da EPT,
que na 3ª ou 4ª série do EPTNM não terão como cumprir a carga horária, após término do
ciclo.
1297. É
importante destacar que o §2.º da mesma Portaria expõe que o certificado só deverá ser
expedido após a conclusão das dependências, se houver, e constará como ano de conclusão,
a data em que o/a estudante logrou êxito em todos os componentes curriculares as
dependências devidas. Neste compasso, a Instrução Normativa (IN) n. º 002/2016, apresenta
a regulação na aplicação dos dispositivos da Resolução nº 6.562, de 2016 e determina no
item 9.1, se o/a estudante não obtiver a progressão plena em até três componentes
curriculares devem ser cursados no ano seguinte no turno oposto, para assegurar o não
acúmulo de pendência curricular para o/a estudante.
1298. P
ara tanto, a Instrução Normativa (I.N.) n. º 002/2016, ainda no item 9.1, oferta duas formas
de matrícula ao/a estudante, expressas nos itens 9.1.1 e 9.1.2, onde são tratadas,
respectivamente, a Progressão Parcial em Classes Regulares e a Progressão Parcial em
Classes Especiais. A primeira trata da progressão parcial nas unidades escolares que ofertam
a série/ano, no turno oposto, garantindo a matrícula do (a) estudante nas referidas classes
para cursar os componentes curriculares em dependência. E, a segunda, trata da progressão
parcial nas unidades escolares que apresentarem demanda e possibilidade de atendimento
da oferta dos componentes curriculares para a dependência, ou seja, todas aquelas na
circunscrição, mediante autorização da Superintendência de Políticas para Educação Básica,
por meio das Coordenações de Ensino Fundamental e Médio e do Núcleo Territorial de
Educação e nas unidades escolares polos, destinadas a atender estudantes oriundos de
outras unidades escolares que não puderam ser atendidos nas suas escolas de origem.
1299. O
documento normativo trata sobre a organização da oferta da Progressão Parcial em Classes
Especiais, no item 9.1.2.1, especificando que as turmas devem ser composta com número
mínimo de 15 ( quinze) e no máximo 35 ( trinta e cinco) estudantes por turma; as classes
devem ser organizadas por Eixos a partir da proximidade dos componentes com as áreas do
conhecimento, desenvolvidos em dois módulos com duração de uma unidade cada um deles,
com a distribuição da carga horária de cada componente curricular, conforme a matriz
curricular em vigor no ano letivo viabilizando os procedimentos necessários.
1300. C
om o intuito de garantir Educação a todos os/as estudantes o texto orienta que na
impossibilidade de atendimento nas duas formas de ofertas de progressão parcial, a unidade
escolar de origem viabilize a orientação de estudos, com a elaboração de um Plano de Ação
contendo: conteúdo, atividades, avaliação e cronograma de execução, considerando os
componentes curriculares e o ano/série, conforme descritas no projeto da oferta, e
apresentado para autorização na Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica -
A SEC/SUPROT acompanhará todo o processo desenvolvido na orientação de estudo a qual
deverá ser registrado em ata e arquivado na unidade escolar.
1301. A
o considerar o Conselho de Classe como instrumento avaliativo, apontado na Portaria 6562,
de 2016 no Art. 12 e ratificado na I.N. nº 002/2016 sendo prática reiterada por toda unidade
escolar na competência de suas instâncias, como o Conselho de Classe,
1302. N
o entanto, poderão ser promovidos por Conselho de Classe Final, cuja decisão é soberana,
os/as estudantes cuja média não foi alcançada, de qualquer bloco da matriz curricular, seja
Base Nacional Comum Curricular ou da Formação Técnico Profissional. Salienta-se, com base
na Instrução Normativa n. º 002/2016 que para a realização do Conselho de Classe, os/as
estudantes devem ser observados/as e acompanhados/as por todos/as os/as professores/as
durante todo o período letivo.
1303. A
cada encontro de Conselho de Classe, em número de três para os cursos, cuja matrícula é
anual e dois para os cursos semestrais, correspondente a um em cada trimestre ou unidade;
e, o Conselho de Classe Final, o (a) gestor (a) deve definir previamente os objetivos e a pauta,
destacando que todos os/as estudantes têm direito a ir ao Conselho de Classe, assim como,
convocar previamente os representantes dos seguintes componentes: professores (as) dos
componentes curriculares de cada série/ano; um representante dos (as) estudantes de cada
classe; um representante de pais ou responsáveis de cada classe; um (a) coordenador (a)
pedagógico (a); e um representante da direção da unidade escolar, seguindo as orientações
normativas específicas garantindo o processo democrático de direito.
1304. 5.19 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO ITINERÁRIO DA FORMAÇÃO TÉCNICA E
PROFISSIONAL
1305. Na elaboração dos seus currículos, a educação profissional da Rede Estadual da Bahia
dialoga dialeticamente com as concepções gerais e específicas dos estudos do campo do
currículo no Brasil, ao reconhecer as enunciações elaboradas por Elizabeth Macedo (2012),
que apresenta o currículo como instituinte de sentidos, como enunciação da cultura, como
espaço indecidível em que os sujeitos se tornam atores por meio de atos de criação.
Reconhecemos que o currículo não é um campo neutro de interesses que disputam a
formação dos sujeitos. Havendo inclusive que se considerar a face oculta da escola, no
interior das relações sociais marcadas pelas desigualdades sociais e econômicas, Enguita
(1989).
1306. É neste sentido que se faz a defesa da concepção de currículo integrado elaborado pelo
campo da educação profissional, espeficamente. Entendendo o currículo integrado na
perspectiva das contribuições de Ramos (2014a), que apresenta uma sistematização do
processo de elaboração curricular integrada, partindo do trabalho como princípio educativo,
que concebe o desenvolvimento do conhecimento a partir das relações que o homem
estabelece com a natureza e com os outros homens; da filosofia da práxis enquanto princípio
filosófico e epistemológico, que concebe o real como um todo estruturado que se
desenvolve e que se cria permanentemente; e da pedagogia histórico-crítica como princípio
pedagógico "que tem a categoria modo de produção como fundamento e sentido da
educação" (RAMOS, 2014a).
1307. O processo de elaboração de um currículo integrado constitui-se como um trabalho
coletivo orientado pelo movimento pedagógico no sentido de: “i) problematizar fenômenos;
ii) explicitar teorias e conceitos fundamentais; iii) situar os conceitos como conhecimentos
de formação geral e específica, iiii), organizar os componentes curriculares e as práticas
pedagógicas” (RAMOS, 2014a).
1308. A proposta é que o currículo se organize a partir de situações de aprendizagem definidas
pela equipe pedagógica em diálogo com a comunidade escolar. Pela problematização, os
conceitos e conhecimentos necessários para a compreensão dos processos, práticas e
relações sociais de produção fundamentais de cada área do conhecimento e aqueles que
transitam por diversas áreas, estabelecendo-se assim tanto a prática disciplinar específica
quanto a interdisciplinar, tanto a formação geral quanto a específica ou técnica. Considera
que a definição de tempos e espaços escolares não poderia ser realizada de forma rígida,
pois haveria a necessidade de ser definida na forma que melhor atendesse ao
desenvolvimento do processo de aprendizagem dos conceitos e conhecimentos, da mesma
forma como aconteceria com o processo de avaliação, no qual as "prioridades podem ser
conferidas aos respectivos tempos e atividades, sem que, entretanto, isso signifique
hierarquizar disciplinas e conteúdos sob o julgamento de seu valor para a formação."
(RAMOS, 2014a, p. 216)
1309. É nesta relação em que, na educação formal, a formação humana é mediada pelos
currículos escolares, e situamos a concepção de eixo tecnológico no desenvolvimento
socioprofissional, que para além de uma abordagem técnico-instrumental e de relação
estreita com o mercado de trabalho é necessário contemplar conteúdos condizentes com
uma formação socioprofissional que são maiores do que a lógica de mercado. A ideia de eixo
tecnológico guarda alguma similaridade com os devidos cuidados com relação a
especificidade e finalidade, com a noção de linha de pesquisa ou mesmo de área de pesquisa,
pensando que ele tem uma linha central em torno da qual se organizam tecnologias similares
ou se aproximam e que propiciam inovações tecnológicas próximas, que guardam alguma
identidade. (GAMBOA, 2003; MACHADO, 2010; BRONZATE, 2013).
1310. Do ponto de vista da política educacional, coadunamos com a compreensão de que
embora as legislações educacionais tenham caráter universal, no tocante às diretrizes
curriculares nacionais, são amplas e genéricas e elaboradas de modo a preservar o direito
das escolas à autonomia na construção de suas propostas pedagógicas particulares. Sendo a
legislação educacional prerrogativa do Estado, e geradora de direitos e deveres universais,
que se pressupõem sejam inspirados e fiéis aos interesses públicos, não se pode esquecer,
entretanto, de que há um tipo de regulação da educação, que é própria do mercado,
envolvendo diferentes forças sociais, econômicas e políticas, com interesses nem sempre
convergentes e consensuais, que também atravessa as linhas traçadas pelo Estado para a
regulação da educação, dos sistemas de ensino, instituições educacionais e práticas
pedagógicas (MACHADO, 2014).
1311. A organização curricular que orienta a oferta do itinerário 51 da Formação Técnica e
Profissional pela Superintendência da Educação Profissional e Tecnológica – SUPROT, é
entendida como uma dimensão essencial que ultrapassa as aplicações técnicas,
interpretando a tecnologia como processo educativo e investigativo para gerá-la e adaptá-la
51
A compreensão acerca da concepção de Itinerário Formativo está em consonância com os pressupostos
explicitados por Ramos (2008; p. 269), no Dicionário da Educação Profissional em Saúde, a partir do qual se
entende, em síntese, que o Itinerário Formativo no nível macro, refere-se à estrutura de formação escolar. Do
modo como se organizaram os sistemas de formação profissional ou do modo de acesso à profissão. Que o
princípio da continuidade é próprio do currículo, evitando-se interrupções e repetições de conteúdos e de
experiências. Que na coerência e organicidade interna perseguidas no desenvolvimento da educação integral
dos trabalhadores mediante Itinerários Formativos, haja a garantia da organicidade da ação numa política
integrada.
às peculiaridades regionais, de maneira crítica, reflexiva e comprometida com o social
(BRASIL, 2006). Considera como balizadores da formação profissional a relação dialética
entre o trabalho e a educação, que significa pensar o currículo a partir das relações de
produção e conseguir trazer essas relações para dentro da escola, como proposta e como
prática, organizando-as e sistematizando-as a partir de conceitos, da apropriação de
conhecimentos já existentes e produzindo outros. É fazer emergir esse processo e analisar a
partir das dimensões que atravessam qualquer processo de produção: ambiental, social,
cultural, histórica, política, econômica-produtiva e técnico-organizacional. (RAMOS, 2013).
1312. Para a oferta de cada curso técnico tem-se como referência que a estruturação dos cursos
da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, a partir do Art. 20 da Resolução CNE/CP
01/202152, implica considerar: i) a composição de uma base tecnológica que contempla
métodos, técnicas, ferramentas e outros elementos das tecnologias relativas ao curso em
questão; ii) os elementos que caracterizam as áreas tecnológicas identificadas no eixo
tecnológico ao qual corresponde o curso, que compreendendo as tecnologias e os
fundamentos científicos, sociais, organizacionais, econômicos, políticos, culturais,
ambientais, estéticos e éticos que alicerçam as tecnologias e a contextualização no setor
produtivo; iii) a pertinência, a coerência, a coesão e a consistência de conteúdos, articulados
do ponto de vista do trabalho assumido como princípio educativo, contemplando as
necessárias bases conceituais e metodológicas e iv) o domínio intelectual das tecnologias
pertinentes ao eixo tecnológico e as áreas tecnológicas contempladas no curso, de modo a
permitir progressivo desenvolvimento profissional.
1313. A noção de eixo tecnológico que orienta a organização da oferta e dos currículos da
Educação Profissional e Tecnológica, considera os estudos realizados por Machado (2014),
ao afirmar que, para cumprir, de fato, seu papel de dar identidade aos cursos, os eixos
tecnológicos focalizam, especialmente, as dimensões históricas e lógicas do desenvolvimento
dos conhecimentos tecnológicos. Essa demanda se estende a outras dimensões, tais como:
analisar as especificidades do ensino e das aprendizagens por eixo tecnológico e fazer os
inventários das bases tecnológicas dos cursos. Nesta perspectiva, a relação direta entre o
eixo tecnológico e a dimensão da ciência, se dá pela incorporação da pesquisa como princípio
pedagógico; à efetivação da metodologia da problematização como instrumento de incentivo
à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento do espírito inventivo; à
interação dialética entre teoria e prática; ao desenvolvimento das práticas de
interdisciplinaridade, à realização de contextualizações de modo a favorecer a atualização
periódica para acompanhar os avanços científicos e tecnológicos, (MACHADO, 2014).
1314. Para a autora, a relação com a dimensão do trabalho se dá pelo significado ontológico do
trabalho como princípio educativo, considerando as implicações dessa orientação para
objetivos, conteúdos e métodos educacionais; a consequente centralização do processo
educativo no sujeito e nas relações sociais, culturais e ambientais do trabalho.
1315. O saber profissional é produto de uma dualidade epistemológica, a ciência e a prática, e,
também, por uma dualidade sociocognitiva, representada pelas mentes pragmática e
52
Lei das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Profissional e Tecnológica.
analítica. Que as experiências profissionais para além de condutas pragmático utilitárias,
oportunizam uma articulação dialética entre teoria e prática que proporcione a análise e a
deliberação conscientes na prática social. Neste sentido, a elaboração dos currículos da
formação técnica e profissional da Bahia considera que competências e habilidades vão além
de uma lista de comportamentos cognitivos observáveis em contexto escolar de
aprendizagem profissional. Não se trata de negar a especificidade pragmática do trabalho
profissional, pois ele visa a resultados que não advém somente do conhecimento científico
que fundamenta e delimita a profissão, mas também não se reduz a automatismos cognitivos
gerados e consolidados na experiência (RAMOS, 2014).
1316. Os currículos desenvolvem a integração entre teoria e prática, no sentido de que o
trabalho se transforma na prática do conhecimento científico, mediado pela experiência e
reflexividade profissional em direção ao desenvolvimento intelectual dos/as estudantes da
Rede de Educação Profissional e Tecnológica em todas as suas modalidades e formas de
ofertas.
1317. 5.20 ARQUITETURAS CURRICULARES DA FORMAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL
1318. As arquiteturas curriculares dos cursos da educação profissional e tecnológica tem como
referência as regulamentações das legislações federal e estadual: a Lei n. º 13.415/2017, a
Resolução CNE/CP n. º 01/2021, a Resolução CEE/BA n. º 172/2017 e a Resolução CNE/CEB
n. º 02, de 15 de dezembro de 2020, do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT). Estas
consideram a relação dos 215 cursos, agrupados em 13 eixos tecnológicos; respectivas cargas
horárias mínimas; perfil profissional de conclusão; infraestrutura mínima requerida; campo
de atuação; ocupações associadas à Classificação Brasileira de Ocupações (CBO); normas
associadas ao exercício profissional; e possibilidades de certificação intermediária em cursos
de qualificação profissional, de formação continuada em cursos de especialização e de
verticalização para cursos de graduação no Itinerário Formativo.
1319. Especificamente, quanto às diferentes cargas horarias a serem consideradas nas formas
de ofertas da educação profissional de nível médio, conforme os Art. 26 da Resolução
CNE/CP n.º 01/2021, estão descritas a seguir sendo apresentadas também em forma de
esquema53 e organizadores curriculares.
1320. 5.20.1 CURSOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
1321. A carga horária mínima para cada etapa com terminalidade de qualificação profissional
técnica prevista em um Itinerário Formativo de curso técnico é de 20% (vinte por cento) da
carga horária mínima prevista para a respectiva habilitação profissional, indicada no Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), ou em outro instrumento que venha a substituí-lo.
Considerando as atuais DCNGEPT, Resolução 01/2021, no Capitulo IV que trata da
Qualificação Profissional, incluída a Formação Inicial, destacamos os aspectos indicados no
Art. 12 sobre regulamentação desta oferta, especificamente quanto a: i) § 4º Os cursos de
53
A representação em forma de esquema dos Caminhos Formativos que serão ofertados a partir da nova
legislação do Novo Ensino Médio para a apresentação das formas específicas para incluir a oferta do 5º.
Itinerário é uma elaboração do coletivo da Suprot realizada durante os encontros formativos no ano de 2020.
qualificação profissional devem observar as normas gerais da Educação Profissional e
Tecnológica na organização de sua oferta e, quando se tratar de aprendizagem profissional,
além destas Diretrizes, considerar as normas específicas. ii) § 7º Cabe às instituições e redes
de ensino que oferecem Educação Profissional registrar, sob sua responsabilidade, os
certificados emitidos nos termos da legislação e normas vigentes. Será observado também o
disposto no Art. 13 da mesma Resolução quanto a estruturação de cursos de qualificação
profissional que devem considerar, elementos mínimos para sua oferta.
1322. 5.20.2 CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL
1323. Na perspectiva de educação continuada para o desenvolvimento pessoal e do Itinerário
Formativo de profissionais técnicos e de graduados em áreas correlatas, e para o
atendimento de demandas específicas do mundo do trabalho, podem ser organizados cursos
de Especialização Técnica de Nível Médio, vinculados, pelo menos, a uma habilitação
profissional do mesmo eixo tecnológico.
1324. A carga horaria mínima para a especialização profissional técnica prevista em um
Itinerário Formativo de curso técnico 25% (vinte e cinco por cento) da carga horária mínima
indicada para a respectiva habilitação profissional prevista no Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos ou em outro instrumento que venha a substituí-lo.
1325. 5.20.3 CURSOS DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL
1326. Os Cursos Técnicos de Nível Médio têm carga horária distinta a depender de cada
habilitação profissional, com 800 horas, 1.000 horas e 1.200 horas, conforme Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos (CNCT). Os cursos ofertados pela Superintendência da Educação
Profissional e Tecnológica - SUPROT, seguindo a regulamentação do Art. 26 da Resolução
CNE/CP n. º 01/2021, na forma articulada com o Ensino Médio, integrada, na mesma
instituição com projeto pedagógico unificado, terão a carga horária que, em conjunto com a
formação geral, totalizará, no mínimo, 3.000 (três mil) horas, a partir de 2021. Cabe salientar
que a carga horaria destinada ao estágio profissional supervisionado, quando previsto como
obrigatório, em quaisquer das formas de oferta, deve ser adicionada à carga horária mínima
estabelecida para o curso.
1327. 5.20.4 APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL TÉCNICO E DE ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL
1328. Na perspectiva da formação continuada, podem ser oferecidos cursos de
Aperfeiçoamento Profissional Técnico e de Atualização Profissional Técnica, mediante
diferentes formas de organização, em consonância com as suas especificidades.
1329. 5.20.5 CURSOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PELO PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO
AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC)
1330. Os cursos de qualificação do PRONATEC são uma oferta que segue as especificidades de
um Programa Federal, com as regras e legislação próprias, cuja finalidade é preparar e
qualificar o cidadão para o exercício de profissões, contribuindo para sua inserção no mundo
do trabalho. Nos marcos oficiais a educação profissional e tecnológica, vem se destacando
como elemento estratégico para a construção da cidadania e para uma melhor inserção de
jovens e trabalhadores na sociedade contemporânea.
1331. Os cursos de qualificação que tem por finalidade, através da educação profissional e
tecnológica, oportunizar a população local em estado de vulnerabilidade e de baixa renda à
aquisição de novos conhecimentos e habilidades gerais e específicas para o exercício de
atividades produtivas, considerando que é importante capacitá-los à uma profissão, através
de cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), regulamentados pela Lei n.º 12.513, de
2011, com carga horária mínima de 160 horas e máxima de 400 horas.
1332. O ensino médio em todas as suas formas de organização, modalidades e ofertas, além
dos princípios gerais estabelecidos para a educação nacional no art. 206 da Constituição
Federal e na LDB n. º 9.394/96, será orientado por princípios específicos de acordo com a
Resolução n. º 03/2018 que atualiza as diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.
A seguir, a representação em forma de esquema, delineia as possibilidades de ‘Caminhos
Formativos’ dos Itinerários Formativos estabelecidos pela Lei 13.415/2017.
1333. 5.20.6 CAMINHOS FORMATIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA: 5.º
ITINERÁRIO OU FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL
1334. A Secretaria da Educação no intuito de garantir oferta de cursos da Educação Profissional
e Tecnológica articulada e integrada à Educação Básica parte do pressuposto que os
itinerários compreendem caminhos ou um campo de possibilidades formativas, inseridas em
sua complexidade socioeducacional, que propicie ao/a estudante múltiplas oportunidades
formativas. Neste sentido, há a necessidade de pensar a estruturação do mesmo em que
considere a escola, o lugar e o território de identidade enquanto dimensões intrínsecas, em
suas relações biosocioeconômicas imbricadas à perspectiva ambiental, populacional,
cultural, religiosa, geográfica entre outros campos significativos. Para tanto, esta dimensão
maior inserida em um contexto do mundo hodierno instiga pensar o projeto político
pedagógico integrado à construção coletiva e democrática da unidade escolar, mas também
incluí-lo ao mundo do trabalho.
1335. Desta forma, a escola, o lugar, os territórios tomam dimensão política no projeto
pedagógico na ideia de pertencimento, de identidade, na qual a dinâmica e as
transformações da técnica e o desenvolvimento de novas tecnologias e os saberes
conjugados com o conhecimento científico, no processo educacional, ressignificam as formas
de aprendizagem, os métodos e metodologias empregadas no universo escolar. Com isso,
importância é dada a categoria “trabalho” na relação com os saberes, as tradições, a cultura
e a apropriação do conhecimento historicamente construído em um contexto de fortes
impactos trazidos pela modernidade.
1336. Para tanto, pensar a estruturação de itinerários pressupõe considerar alguns
pressupostos que alicerçam a construção de uma arquitetura curricular dinâmica, atualizada
e repleta de significado aos/as estudantes, ou seja, inovadora e, ao mesmo tempo,
desafiadora proporcionando caminhos ou vieses, rotas, estradas, trechos, ruelas, carreiros...
com entroncamentos, encruzilhadas entre outros, no processo pleno de aprendizagem, de
encantamento curricular e instigante na aprendizagem por situações-problema em uma
metodologia de projetos. Desta forma, o caminho formativo da EPT integrado à Educação
Básica leva em consideração estrutura basilar articulada aos pressupostos teórico-
epistemológicos da modalidade no intuito de possibilitar formação, na perspectiva de uma
escola cidadã ao a) indivíduo e sua inserção/relação com o mundo do trabalho; b) o lugar e
o território de identidade; c) a escola; d) a apropriação do conhecimento, dos saberes, das
técnicas e ao desenvolvimento das tecnologias; 5) os desafios da educação profissional e
tecnológica no século XXI. Outros pressupostos podem ser acrescidos, de acordo com a
realidade territorial e baiana, mas pensa-se de modo integrado, complexo, articulado e na
relação do indivíduo com a escola, em seu entorno, com o território, o mundo do trabalho
globalizado como um todo, conforme modelo abaixo.
1345. É mister salientar que para a criação do itinerário de Formação Técnica Profissional a
unidade escolar solicita autorização da oferta à SUPROT/SEC, no intuito de avaliar as
condições de infraestrutura, provimento de professores, laboratórios, equipamentos,
insumos e demais condições necessárias para autorização de curso FIC, bem como o
processo paulatino de implantação dos itinerários na Rede de acordo com a integralização
dos cursos Técnicos e expansão da EPT no estado da Bahia. Desse modo, a tabela abaixo
apresenta um demonstrativo ou exemplificação do Eixo de Turismo, Hospitalidade e Lazer,
compreendendo o Curso de Cozinha ofertado na Rede com base no CNCT, em vários
municípios, em convergência com as opções de cursos FIC contempladas no Guia Pronatec
de Cursos FIC, no intuito de correlacionar a distribuição da carga horária, a disposição dos
módulos, o perfil profissional pretendido e a organização didática para a oferta.
1346. Por fim, segue tabelas de cada eixo tecnológico de cursos de EPT ofertados pela
Rede como referencial baseado no CNCT (Resolução CNE/CES n.º 02/2020) e Guia
Pronatec de Cursos FIC (Portaria MEC n.º 12/2016) no intuito de se averiguar
aproximações dos cursos técnicos ofertados na Rede, correspondente ao eixo
tecnológico na correlação com os cursos FIC pretendidos e, respectiva organização
didático-pedagógica, no intuito de servir de subsídio para que o coletivo
docente/pedagógico das unidades escolares possa ter por referência, cursos
compatíveis para oferta FIC do itinerário, bem como a construção dos módulos e planos
de ensino de modo participativo que atenda às necessidades dos Territórios de
Identidade.
1347. TABELA 4: DESCRIÇÃO DO EIXO TECNOLÓGICO CONFORME CATÁLOGO NACIONAL DE CURSOS TÉCNICOS.
DESCRIÇÃO DO EIXO TECNOLÓGICO OFERTADO PELA REDE
O eixo tecnológico de AMBIENTE E SAÚDE compreende tecnologias associadas à melhoria da qualidade de vida, à preservação e utilização da natureza,
desenvolvimento e inovação do aparato tecnológico de suporte e atenção à saúde. Abrange ações de proteção e preservação dos seres vivos e dos
recursos ambientais, da segurança de pessoas e comunidades, do controle e avaliação de risco, programas de educação ambiental.
O eixo tecnológico de SEGURANÇA compreende tecnologias relacionadas à infraestrutura e aos processos de prevenção e proteção de indivíduos e
patrimônio. Abrange segurança pública, segurança privada, defesa social e civil e segurança do trabalho.
O eixo tecnológico de CONTROLE E PROCESSOS INDUSTRIAIS compreende tecnologias associadas à infraestrutura e processos mecânicos, elétricos e
eletroeletrônicos, em atividades produtivas. Abrange proposição, instalação, operação, controle, intervenção, manutenção, avaliação e otimização de
múltiplas variáveis em processos, contínuos ou discretos
O eixo tecnológico de GESTÃO E NEGÓCIOS compreende tecnologias associadas a instrumentos, técnicas, estratégias e mecanismos de gestão.
Abrange planejamento, avaliação e gestão de pessoas e de processos referentes a negócios e serviços presentes em organizações e instituições
públicas ou privadas, de todos os portes e ramos de atuação; busca da qualidade, produtividade e competitividade; utilização de tecnologias
organizacionais; comercialização de produtos; e estratégias de marketing, logística e finanças.
O eixo tecnológico de INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO compreende tecnologias relacionadas a infraestrutura e processos de comunicação e
processamento de dados e informações. Abrange concepção, desenvolvimento, implantação, operação, avaliação e manutenção de sistemas e
tecnologias relacionadas à informática e às telecomunicações; especificação de componentes ou equipamentos; suporte técnico; procedimentos de
instalação e configuração; realização de testes e medições; utilização de protocolos e arquitetura de redes; identificação de meios físicos e padrões
de comunicação; desenvolvimento de sistemas informatizados; e tecnologias de comutação, transmissão e recepção de dados. Identificação de meios
físicos e padrões de comunicação; desenvolvimento de sistemas informatizados; e tecnologias de comutação, transmissão e recepção de dados.
Identificação de meios físicos e padrões de comunicação; desenvolvimento de sistemas informatizados; e tecnologias de comutação, transmissão e
recepção de dados.
O eixo tecnológico de INFRAESTRUTURA compreende tecnologias relacionadas à construção civil e ao transporte. Abrange planejamento, operação,
manutenção, proposição e gerenciamento de soluções tecnológicas para obras civis, topografia, geotécnica, hidráulica, recursos hídricos, saneamento,
transporte de pessoas e bens e controle de trânsito e tráfego.
O eixo tecnológico de PRODUÇÃO ALIMENTÍCIA compreende tecnologias relacionadas ao beneficiamento e à industrialização de alimentos e de
bebidas. Abrange planejamento, operação, implantação e gerenciamento de processos físicos, químicos e biológicos de elaboração ou industrialização
de produtos de origem vegetal e animal; aquisição e otimização de máquinas e implementos; análise sensorial; controle de insumos e produtos;
controle fitossanitário; distribuição e comercialização.
O eixo tecnológico de PRODUÇÃO CULTURAL E DESIGN compreende tecnologias relacionadas a representações, linguagens, códigos e projetos de
produtos, mobilizadas de forma articulada às diferentes propostas comunicativas aplicadas. Abrange criação, desenvolvimento, produção, edição,
difusão, conservação e gerenciamento de bens culturais e materiais, ideias e entretenimento aplicados em multimeios, objetos artísticos, rádio,
televisão, cinema, teatro, ateliês, editoras, vídeo, fotografia, publicidade e projetos de produtos industriais.
O eixo tecnológico de RECURSOS NATURAIS compreende tecnologias relacionadas a extração e produção animal, vegetal, mineral, aquícola e
pesqueira. Abrange prospecção, avaliação técnica e econômica, planejamento, extração, cultivo e produção de recursos naturais e utilização de
tecnologias de máquinas e implementos.
O eixo tecnológico de PRODUÇÃO INDUSTRIAL compreende tecnologias relacionadas a sistemas de produção, técnicas e tecnologias de processos
físico-químicos e relacionados à transformação de matéria-prima e substâncias, integrantes de linhas de produção. Abrange planejamento, instalação,
operação, controle e gerenciamento de tecnologias industriais; programação e controle da produção; operação do processo; gestão da qualidade;
controle de insumos; e aplicação de métodos e rotinas.
O eixo tecnológico de TURISMO, HOSPITALIDADE E LAZER compreende tecnologias relacionadas aos processos de recepção, viagens, eventos,
gastronomia, serviços de alimentação e bebidas, entretenimento e interação. Abrange planejamento, organização, operação e avaliação de produtos
e serviços inerentes ao turismo, hospitalidade e lazer, integradas ao contexto das relações humanas em diferentes espaços geográficos e dimensões
socioculturais, econômicas e ambientais.
Fonte: MEC/SETEC. Texto adaptado do CNCT.
1348. TABELA 5: PERFIL PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS OFERTADOS PELA REDE EM ADERÊNCIA AO ITINERÁRIO DE CURSOS FIC
COMO BASE DE REFERÊNCIA À FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL DO EIXO DE AMBIENTE E SAÚDE.
1351. TABELA 8: PERFIL PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS OFERTADOS PELA REDE EM ADERÊNCIA AO ITINERÁRIO DE CURSOS FIC
COMO BASE DE REFERÊNCIA À FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL DO EIXO DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.
1352. TABELA 9: PERFIL PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS OFERTADOS PELA REDE EM ADERÊNCIA AO ITINERÁRIO DE CURSOS FIC
COMO BASE DE REFERÊNCIA À FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL DO EIXO DE INFRAESTRUTURA
1353. TABELA 10: PERFIL PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS OFERTADOS PELA REDE EM ADERÊNCIA AO ITINERÁRIO DE CURSOS FIC
COMO BASE DE REFERÊNCIA À FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL DO EIXO DE PRODUÇÃO ALIMENTÍCIA.
Recreador Cultural Trabalha na elaboração e realização de atividades culturais. Utiliza recursos 160 horas
da dança, do teatro, da música, do circo e elementos da cultura popular
(bailados, cantigas, máscaras, jogos e brincadeiras tradicionais). Realiza
apresentações com envolvimento entre artistas e público.
Desenhista de
Desenvolve, executa, finaliza e atualiza aplicativos, gráficos, páginas da rede
Produtos Gráficos 160 horas
internacional de computadores. Documenta todas as etapas do processo.
Web
Curso Técnico em Agricultura Atua em propriedades familiares de pequeno e médio porte. Realiza
diagnóstico da propriedade familiar baseado nas ações integradas do
Agricultor Familiar 200 horas
sistema produtivo. Planeja e organiza ações de forma cooperativa. Colhe e
beneficia produtos agropecuários. Correlaciona os sistemas de produção e o
ecossistema. Maneja os recursos naturais de forma sustentável promovendo
a integração lavoura pecuária. Atende a
legislação vigente
Executa com base nas técnicas da produção orgânica, o manejo do solo e das
culturas, a produção de sementes e mudas, o transplante, a colheita,
comercialização e logística de produtos orgânicos. Cultiva e beneficia
Agricultor Orgânico produtos orgânicos com base na legislação vigente e em consonância com 160 horas
as normas certificadoras. Utiliza manejo agroecológico integrado de pragas,
doenças e plantas espontâneas. Opera e regula maquinário e implementos
agrícolas exclusivos para utilização em sistemas orgânicos de produção.
Cafeicultor Emprega técnicas para produção de sementes, mudas, preparo do solo e 160 horas
implantação da lavoura cafeeira nas formas tradicional, orgânica ou
agroecológica. Efetua tratos culturais em todos os estágios de
desenvolvimento da cultura. Identifica e promove o Manejo Integrado de
Pragas, doenças e plantas espontâneas. Realiza a colheita e a pós-colheita
em via seca ou úmida. Conhece os procedimentos e os parâmetros para
obtenção de cafés tradicionais e especiais. Opera máquina e implementos
ligados à atividade produtiva.
Curso Técnico em Aquicultura Calcula e fornece a alimentação necessária para o sustento de espécies
aquáticas. Monitora e intervém na manutenção dos níveis ideais dos
Aquicultor 160 horas
parâmetros do ambiente de produção nos diferentes cultivos. Realiza
Curso Técnico em Pesca procedimentos de depuração e despesca das espécies cultivadas. Auxilia a
implantação e condução de projetos aquícolas. Auxilia na operação de
equipamentos e métodos qualitativos de análise de água utilizada em
Curso Técnico em Recursos sistemas de cultivo. Atende a legislação vigente.
Pesqueiros
Cria peixes em tanque rede. Realiza manejo, classificação e despesca dos
peixes. Confecciona tanques rede. Calcula e fornece alimentação de acordo
Criador de Peixes com a fase de cultivo. Auxilia na captura dos peixes. Monitora os parâmetros
200 horas
em Tanque Rede físico-químicos da água. Opera e auxilia na manutenção dos equipamentos
no manejo do cultivo de peixes em tanque rede, como barcos e balsas.
Atende a legislação vigente.
54
Lei n. º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, (...) e institui a Política de Fomento à Implementação
de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Conversão da Medida Provisória n.º 746, de 2016. Lei do Novo
Ensino Médio.
55
Documento elaborado pela Frente Currículo e Novo Ensino Médio do Conselho Nacional dos Secretários de
Educação (Consed), com o intuito de apoiar as secretarias estaduais de educação na (re) elaboração curricular
e na implementação do Novo Ensino Médio, e apresenta o conjunto de orientações e recomendações para o
desenho da arquitetura curricular e construção dos Itinerários Formativos de Áreas do Conhecimento e de
Formação Técnica e Profissional.
soberano reconhece os setores constituídos pela soberania popular como alternativas e não
os combates” e, em decorrência, surge a necessidade de fomentar o desenvolvimento da
economia solidária, definida como diferentes tipos de “empresas” ou associações voluntárias
com a finalidade de proporcionar a seus associados gestão democrática, participativa e
coletiva, no intuito de assegurar benefícios econômicos. Essas empresas surgem como
reações a carências que o sistema dominante se nega a resolver. A mais importante dessas
carências é, sem dúvida, a própria pobreza, que, via de regra, decorre da falta de
oportunidade de participar do processo de produção social.
1366. Nessa perspectiva, a economia solidária surge como resgate da luta histórica dos/as
trabalhadores/as na defesa contra a exploração do trabalho humano e como alternativa ao
modo capitalista de organizar as relações sociais dos seres humanos, entre si, e, destes, com
a natureza. Compreende-se então que trabalho na perspectiva da economia solidária se
tornam premissas inseparáveis e adquirem centralidade na formação dos jovens e adultos
no Brasil por se tornarem instrumentos de combate à exclusão social. Ambos apresentam
uma alternativa viável de geração de emprego e renda por meio de ações de cooperação,
associativismo, crédito comunitário, entre outras formas coletivas de atuar e produzir a partir
de valores solidários nas relações de produção. Deste modo, a economia solidária é obra dos
movimentos sociais no seu empenho para reapropriar o espaço e o tempo. Por isso, esses
movimentos também podem ser chamados de “movimentos socioterritoriais”.
1367. No tocante ao desenvolvimento dos currículos da educação profissional na Bahia, sob o
eixo empreendedorismo social, a SUPROT orienta que os Projetos Políticos Pedagógicos de
Cursos (PPC) incluam o estudo sobre o Cooperativismo, que necessita envolver, sobretudo,
pesquisas que descrevam seus conceitos, seus objetivos, sua importância no contexto
socioeconômico, como se constituem cooperativas, entre outras possibilidades. Para isso,
os/s professores/es devem orientar os/as estudantes em pesquisa bibliográfica ou
virtual/eletrônica para o alcance dessas respostas e debate em sala, construção de um
referencial teórico consistente e compreensão do tema para alcance dos objetivos
propostos, da metodologia e no projeto construído.
56
Guia de Implementação do Novo Ensino Médio (MEC/CONSED). As unidades curriculares são os elementos
com carga horária pré-definida cujo objetivo é desenvolver competências específicas, seja da formação geral
básica, seja dos Itinerários Formativos. além da tradicional organização por disciplinas, as redes e escolas
podem escolher criar unidades que melhor respondam aos seus contextos e às suas condições, como projetos,
oficinas, atividades e práticas contextualizadas, entre outras situações de trabalho. o conjunto de unidades
curriculares de um itinerário deve desenvolver as habilidades de pelo menos um dos eixos estruturantes
apresentados nos referenciais para a elaboração dos Itinerários Formativos. São exemplos de unidades
curriculares: laboratórios, clubes, oficinas, incubadoras, núcleo de estudos, núcleos de criação artística.
1395. De acordo com a estrutura e organização da educação profissional técnica de nível
médio, apresentada no Art. 16 da Resolução CNE/CP 01/2021, esta modalidade articulada
com a formação geral, refere-se a oferta de curso a quem já tenha concluído o Ensino
Fundamental, de modo a conduzir o/a estudante à habilitação profissional técnica de nível
médio ao mesmo tempo em que concluem a última etapa da Educação Básica; os cursos
técnicos estão de acordo com os Eixos Tecnológicos do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos
(CNCT) e a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A habilitação técnica confere um
diploma de validade nacional.
ARQUITETURA CURRICULAR
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO
FORMAÇÃO GERAL BÁSICA – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
COMPONENTES CURRICULARES DA FORMAÇÃO GERAL - 1.800 HORAS
FORMAÇÃO PROFISSIONAL GERAL E PARA O MUNDO DO TRABALHO
EIXOS ESTRUTURANTES DO CURRICULO COM DESENVOLVIMENTO
DE HABILIDADES ESPECÍFICAS PARA CADA EIXO**
MEDIAÇÃO E
PROCESSOS
INICIAÇÃO CIENTIFICA EMPREENDEDORISMO INTERVENÇÃO
CRIATIVOS
SOCIOCULTURAL
Carga horária será definida de acordo com o Eixo Tecnológico de cada Curso.
PROJETO DE VIDA 120 HORAS (Máximo)
FORMAÇÃO PROFISSIONAL ESPECÍFICA
COMPONENTES CURRICULARES DA
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL DE CADA EIXO
800 HORAS
TECNOLÓGICO
1000 HORAS
1200 HORAS
Referência: Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos (CNCT).
COMPONENTES CURRICULARES DA
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL DE CADA EIXO
TECNOLÓGICO 1200 HORAS
Referência: Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos (CNCT).
1417. H) O curso de habilitação técnica para ter validade, necessita de autorização da Secretaria
da Educação do Estado da Bahia (SEC) por intermédio da Superintendência da Educação
Profissional e Tecnológica (SUPROT). No âmbito da legislação há duas normativas que validam
o curso:
1418. A Portaria (indicar o número/ano) de oferta de cursos, que equivale ao
credenciamento, publicada a cada período letivo, após deliberação favorável. Consta os nomes das unidades
escolares, cursos, formas de oferta, turnos e número de turmas;
57
A estruturação do Itinerário de Formação Técnica Profissional deve considerar: i) A escola, o lugar e o
Território de Identidade: dimensão socioeconômica, política, populacional, ambiental e cultura; ii) o PPP da
unidade escolar integrado ao mundo do trabalho; iii) A dinâmica e as transformações da técnica/tecnologia e
os impactos da modernidade; iiii) A relação trabalho, saberes, tradições e educação científica.
1419. A Portaria de autorização do Projeto Político Pedagógico de Curso (PPC), na qual a
unidade escolar submeterá para apreciação sendo autorizado por 04 (quatro anos), desde que atenda às
exigências.
1432. J) Na avaliação da proposta com o pedido de implantação de cursos será considerado pela
SEC/SUPROT:
1433. Demanda Territorial/Local: análise da demanda real para a oferta deste curso em consonância aos APLS. É
necessário a comprovação por meio de dados oficiais, pesquisas e/ou outras fontes de informação pertinentes.
1434. Quadro de Professores - Faça o levantamento dos professores vinculados à unidade escolar que têm perfil
para lecionar as disciplinas técnicas. A formação do/a professor/a deve ser a nível de graduação com perfil de
atuação no curso solicitado;
1435. Currículo do Curso - Conheça a matriz curricular e a ementa do curso que deseja implantar;
1436. Campo para Realização de Aulas Práticas e/ou Estágio - formação de um técnico exige aulas práticas. Desta
forma, verifique instituições e possíveis parcerias para a realização das aulas práticas e estágios.
1437. Diante da perspectiva de expandir a oferta de Educação Profissional e Tecnológica aos 417
municípios da Bahia, o atendimento prioritário será às localidades que não têm oferta de EPT,
em ação dialogada com os Núcleos Territoriais de Educação - NTE e gestores escolares.
1438. Neste contexto, estima-se implementar políticas públicas de atendimento a juventude do
campo e da cidade, promovendo, sobretudo, elevação de escolaridade e qualificação
profissional, alcançando bolsões de pobreza e de vulnerabilidade socioeconômica,
agricultores familiares, povos originários, populações tradicionais, localidades onde haja
indicadores expressivos de analfabetismo e semiescolarização adulta.
1439. Assim, para fins de deliberação da oferta, serão considerados os aspectos:
A) Alinhamento ao processo de reordenamento da Rede Estadual de Educação, em
diálogo constante com a CONTE, SUPEC e NTE.
B) Articulação com a CEPEE para oferta de EPT em tempo integral.
C) Sombreamento de oferta com outras instituições de ensino - seja da rede pública
ou privada, assim como cursos desconexos e descontextualizados dos ofertados
na unidade escolar.
D) Plano Pedagógico de curso (PPC) encaminhado pela unidade escolar para a SEC.
E) Priorização da oferta de Cursos de educação profissional integrada ao ensino
médio ou a Educação de Jovens e Adultos - PROEJA.
1440. Oferta do curso Técnico em Enfermagem estritamente condicionada a existência de
hospitais administrados pela SESAB no município e número de vagas compatível com a
condição de execução.
1441. Disponibilização de qualificação profissional em unidades escolares de EPT dentro do
mesmo eixo tecnológico e respectiva área tecnológica.
A) Percentual de evasão/abandono dos/as estudantes nas ofertas dos períodos
letivos anteriores.
B) Percentual de estudantes concluintes e diplomados nas ofertas dos períodos
letivos anteriores.
C) Pendência na execução do curso (Estágio e TCC).
D) Professores com formação específica na escola ou previstos em edital de EPT.
E) Indicadores de matrícula e aprovação (êxito escolar) referente aos últimos
períodos letivos.
1442. Para fins de orientação e esclarecimentos se faz necessário que cada unidade escolar
mantenha contato com as duas diretorias da SUPROT através dos contatos fornecidos pelo
site da Secretaria da Educação. A Diretoria de Programas, Projetos, Empreendedorismo e
Inovação da Educação Profissional e Tecnológica (DIREPI) por meio da Coordenação de
Oferta, Legalização e Certificação Profissional, fornecerá as orientações acerca dos seguintes
documentos: Catálogo Nacional de Cursos Técnicos; Orientações para a elaboração do PPC
do Curso (Projeto Político-Pedagógico de Curso) e Fichas de Planejamento da Oferta de cursos
2020, conforme modelos em anexo.
1443. Ao preencher a Ficha Nº 01 a Unidade Escolar – UEE, deverá indicar dados sobre condições
e processos internos de planejamento para implementação dos cursos que pretende ofertar.
Quanto a Ficha Nº 02, está só será preenchida caso haja professor lotado na Unidade Escolar
com formação técnica que o habilite para lecionar as disciplinas técnicas do curso pretendido.
Também na DIREPI, a unidade escolar poderá obter informações e esclarecimentos quanto
ao Estágio e TCC, por meio da Coordenação de Estágio, Emprego e Renda.
1444. À Diretoria de Currículo, Organização do Trabalho Pedagógico e Integralização da Rede de
Educação Profissional e Tecnológica (DIROPE), a unidade escolar deverá solicitar a matriz
curricular e a ementa à Coordenação Pedagógica para conhecimento prévio do curso. O
diálogo é necessário para ter as orientações sobre elaboração do Projeto Político Pedagógico
de Curso - PPC, na relação entre o PPC com o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar.
Além disso, a Coordenação de Provimento da Educação Profissional e Tecnológica da DIROPE
é responsável por apresentar as definições quanto ao perfil e provimento dos professores
atuantes nas disciplinas técnicas. Após o contato e orientações realizados com ambas
diretorias, a unidade escolar deve encaminhar as Fichas de Planejamento da Oferta de cursos
e PPC à DIREPI no e-mail: suprot.regulacao@enova.educacao.ba.gov.br
1445. 5.27 DOCENTE PARA ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
1446. A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, quando não há professor efetivo lotado
na Unidade Escolar com uma segunda formação acadêmica compatível com o Eixo e Curso
ofertado, tem como prática realizar o provimento por contratos temporários sob Regime
Especial de Direito Administrativo - REDA com carga horária de 20 h, selecionados por regra
através de Processo Seletivo Simplificado de Provas Objetivas ou Análise Curricular.
1447. A carga horária dos cursos pode ser dividida entre componentes da Base Nacional
Comum ao Ensino Médio Regular e componentes específicos da Educação Profissional e
Tecnológica, nos casos da Educação Profissional Técnica Integrada ao Ensino Médio e da
Educação Profissional Técnica Integrada à Educação de Jovens e Adultos - PROEJA Médio, ou
integralmente composta pelos componentes específicos da Educação Profissional e
Tecnológica, nas formas do Subsequente ao Ensino Médio e Concomitante ao Ensino Médio.
1448. Este aspecto é importante para identificar a quantidade de professores necessários para
iniciar o curso, após análise das informações quanto ao quadro de docentes previamente
disponíveis ou não na Unidade Escolar.
1449. Como por exemplo:
Eixo Produção Alimentícia - Curso Agroindústria
Carga Horária de Professor por forma de Oferta
Component
Forma De Série /
es Base Nacional
Oferta Módulo
Específicos
1ª série 3h 26 h
EPI 2ª série 10 h 18 h
3ª série 13 h 16 h
Módulo I 18 h x
Subsequente Módulo II 18 h x
Módulo III 17 h x
Módulo I 10 h 10 h
Módulo II 8h 12 h
PROEJA
Módulo III 10 h 10 h
Módulo IV 9h 12 h
Módulo V 16 h 6h
1450. A partir deste quadro, é preciso considerar os números de turmas iniciais em cada forma
de oferta, para que seja possível calcular quantos professores contratar, respeitando a carga
horária mínima de 16 h em sala de aula para cada um.
1451. Nos casos do Subsequente, conforme sinalizado no quadro acima, podemos concluir
que cada turma se traduz na necessidade de um professor. Enquanto para demais ofertas, é
necessário reunir mais de uma turma para preencher a programação de um professor
técnico.
1452. 5.27.1 ATRIBUIÇÕES DO/A PROFESSOR/A DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
1453. Atuar em Programas estaduais e federais de educação profissional, participar da
elaboração da proposta pedagógica e do plano de desenvolvimento do estabelecimento de
ensino; elaborar e cumprir plano de trabalho e de aula, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino; zelar pela aprendizagem dos alunos; estabelecer estratégias de
aprendizagem e de recuperação para os alunos de menor rendimento; ministrar os dias
letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados
ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; colaborar com as atividades
de articulação da escola com as famílias e a comunidade; incentivar, orientar e estimular
a participação dos/as estudantes na vida institucional da escola/curso e o mundo do trabalho
no que se refere às práticas profissionais, conhecer e cumprir a legislação pertinente ao
estágio curricular, conhecer e executar as diretrizes e normas complementares sobre a
educação, e educação profissional; elaborar, juntamente com os demais professores, os
instrumentos de acompanhamento e avaliação referentes aos conhecimentos, habilidades e
atitudes desenvolvidas na execução do estágio; planejar, orientar, supervisionar,
acompanhar e avaliar o desenvolvimento das atividades de estágio e o desempenho dos
estagiários; fornecer ao/a estudante - estagiário subsídios teórico-práticos e bibliográficos de
modo a favorecer a sua aprendizagem; controlar a frequência e a pontualidade dos alunos-
estagiários; realizar atividades para acompanhamento e orientação ao aluno-estagiário, com
registro do seu desempenho; comparecer aos locais de estágios assídua e pontualmente;
orientar o/a estudante-estagiário na elaboração dos planos e programas de estágio, inclusive
o seu Relatório Final de Estágio; proceder à avaliação do Relatório Final de Estágio; elaborar,
juntamente com os professores, os instrumentos de acompanhamento e avaliação referentes
aos conhecimentos, habilidades e atitudes desenvolvidas na formação profissional; criar e
desenvolver estratégias de divulgação do curso, quanto às suas características e estrutura,
junto à comunidade e aos alunos egressos do 9º ano; participar do Conselho de Classe,
fornecendo subsídios à Coordenação Pedagógica para análise e tomada de decisões sobre
a vida escolar dos estudantes; promover, juntamente com a equipe gestora, a articulação
entre as unidades escolares com o mundo do trabalho.
1454. TABELA 1: RELAÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS OFERTADOS PELA REDE ESTADUAL
EIXO TECNOLÓGICO CURSO
Técnico em Meio Ambiente
Técnico em Nutrição e Dietética
Técnico em Análises Clínicas
Técnico em Enfermagem
AMBIENTE E SAÚDE
Técnico em Agente Comunitário em Saúde
Técnico em Saúde Bucal
Técnico em Farmácia
Técnico em Gerência em Saúde
Técnico em Eletromecânica
Técnico em Biotecnologia
Técnico em Eletrotécnica
CONTROLE E PROCESSOS
Técnico em Mecânica
INDUSTRIAIS
Técnico em Mecatrônica
Técnico em Manutenção Automotiva
Técnico em Sistemas de Energia Renovável
Técnico em Administração
Técnico em Logística
Técnico em Serviços Jurídicos
GESTÃO E NEGÓCIOS Técnico em Finanças
Técnico em Contabilidade
Técnico em Secretariado
Técnico em Recursos Humanos
Técnico em Informática
Técnico em Manutenção e Suporte em
INFORMAÇÃO Informática
E COMUNICAÇÃO Técnico em Redes de Computadores
Técnico em Computação Gráfica
Técnico em Telecomunicações
Técnico em Edificações
INFRAESTRUTURA
Técnico em Desenho em Construção Civil
Técnico em Agroindústria
PRODUÇÃO ALIMENTÍCIA Técnico em Alimentos
Técnico em Panificação
Técnico em Artes Visuais
Técnico em Instrumento Musical
PRODUÇÃO CULTURAL Técnico em Teatro
E DESIGN Técnico em Comunicação Visual
Técnico em Figurino Cênico
Técnico em Produção de Áudio e Vídeo
Técnico em Dança
Técnico em Multimídia
Técnico em Paisagismo
Técnico em Composição e Arranjo
Técnico em Documentação Musical
Técnico em Cenografia
Técnico em Conservação e Restauro
Técnico em Design De Móveis
Técnico em Química
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Técnico em Petróleo E Gás
Técnico em Agroecologia
Técnico em Agropecuária
Técnico em Pesca
Técnico em Agronegócio
RECURSOS NATURAIS
Técnico em Zootecnia
Técnico em Recursos Pesqueiros
Técnico em Agricultura
Técnico em Aquicultura
SEGURANÇA
Técnico em Segurança do Trabalho
Técnico em Cozinha
TURISMO,
Técnico em Guia de Turismo
HOSPITALIDADE E LAZER
Técnico em Hospedagem
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROFISISONAL E TECNOLÓGICA
DIRETORIA DE PROGRAMAS, PROJETOS, EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA (DIREPI)
COORDENAÇÃO DE OFERTA, LEGALIZAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
TABELA 2: DADOS MULTIDIMENSIONAIS PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DE CURSOS DA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (PPC)
SALDO DE VAGAS
PERFIL DOCENTE
RANKING BAHIA –
SALDO MERCADO
FORMAL (CAGED)
CONTEMPLADO
RANKING BAHIA-
AGROPECUÁRIA
DE TRABALHO
SEDE DO NTE
COMÉRCIO E
HABITANTES
ANALFABE-
NO EDITAL
MUNICÍPIO
MUNICÍPIO
INDÚSTRIA
SERVIÇOS
TOTAL DE
(EDITAL)
TAXA DE
EDITAL
TISMO
IDEB
NTE
IDH
PIB
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROFISISONAL E TECNOLÓGICA
DIRETORIA DE PROGRAMAS, PROJETOS, EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA (DIREPI)
COORDENAÇÃO DE OFERTA, LEGALIZAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
FICHA 01: DADOS PARA SUBSIDIAR A OFERTA DE CURSOS PELA SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Contato:
UNIDADE ESCOLAR
E-mail:
NOME DO GESTOR/A
TI/NTE MUNICÍPIO
FICHA 01 -SOLICITAÇÃO / PLANEJAMENTO DE OFERTA DE CURSOS TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO
Preenchimento exclusivo para as ofertas dos módulos/séries iniciais.
Quantidade
Especificar Laboratório
(Área de Conhecimento
ou Eixo Tecn.)
FICHA 02 - DADOS PARA SUBSIDIAR O PROVIMENTO DE PESSOAL PELA SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
Contato:
UNIDADE ESCOLAR
E-mail:
NOME DO GESTOR/A
TI/NTE MUNICÍPIO
FICHA N.º 02 - DOCENTES RESPONSÁVEIS PELAS DISCIPLINAS TÉCNICAS
Deve ser preenchida por curso. Ex: Técnico em Informática
Citar somente professores habilitados para lecionar os componentes curriculares (disciplinas técnicas) do curso preterido
NOME
DO CURSO
Formação do Docente
Nome do
Matrícula (Graduação e Pós- Natureza do Vínculo Carga Horária Disponível
Docente
Graduação)