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Campus Araçuaí
RESUMO
1
Doutor em Ensino, Filosofia e História das Ciências, docente, IFNMG campus Araçuaí.
2
Discente, Engenharia Agrícola e Ambiental, IFNMG campus Araçuaí.
3
Discente, Engenharia Agrícola e Ambiental, IFNMG campus Araçuaí.
4
Discente, Medicina, UFV.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
mesmos que regem o movimento de foguetes em geral, e estes fenômenos são numerosos
dentro dos estudos da hidrodinâmica. Nesse sentido, Luiz, Souza e Domingues (2016)
afirmam que a prática é bastante útil para contextualizar o conhecimento teórico no ensino de
física. Assim, o experimento foguete de garrafa PET se configura como um instrumento de
ensino-aprendizagem de vários fenômenos físicos; bem como é uma oportunidade de
aperfeiçoar todo o aprendizado teórico do aluno com demonstrações práticas de baixo risco e
acessíveis economicamente. Além do que, as atividades experimentais têm suma importância
por permitir tratamento quantitativo e comparação de resultados (XAVIER, 2012).
O foguete de garrafa PET possibilita uma riqueza enorme de fenômenos físicos a
serem estudados, tal como afirma Souza (2007), quando diz que o experimento do foguete de
garrafa PET traz em seu cerne uma vasta gama de fenômenos científicos para o estudo. Como
exemplos de fenômenos físicos que estão atrelados ao lançamento e voo do foguete, podemos
citar a pressão, velocidade, impulso, força de arrasto, hidrodinâmica, aerodinâmica,
movimento balístico, segunda e terceira leis de Newton, entre outros; bem como pode-se
abordar diversos conhecimentos matemáticos, como função polinomial do 2º grau,
trigonometria, identidades trigonométricas, derivação e integração.
Observando a importância das práticas experimentais e o foguete de garrafa PET, é
perceptível a importância que este experimento pode ter no aprendizado de um aluno,
especialmente o aluno mais desinteressado. Souza (2007) ainda diz que o foguete de garrafa
PET é uma ótima alternativa de estudos aprofundados para o ensino médio, bem como pode
ser utilizado no ensino de conteúdos de cursos superiores de exatas. Para ele,
“a teoria envolvida durante o lançamento, mostra aplicabilidade de assuntos como
segunda e terceira leis de Newton, conceitos de momento linear e velocidade
relativa, movimento de um fluido perfeito utilizando a equação de Bernoulli e a
equação de continuidade e expansão adiabática de um gás ideal” (SOUZA, 2007).
2. RECORTE HISTÓRICO
Pôrto (c2019) explica que o conhecimento sobre foguetes se espalhou pela Ásia, por
países como Coréia e Japão e depois rompeu as fronteiras continentais para Europa, nas
batalhas de Legnica, na Polônia em 1241 e contra Bagdá em 1248.
Durante o século XX, os foguetes foram bastante utilizados, tanto na segunda guerra
para levar bombas (mísseis), quanto na guerra fria durante o período da corrida espacial e
disputa de propaganda. Após a segunda guerra mundial os foguetes foram aprimorados para
um movimento balístico de máximo alcance horizontal, e assim nasceram os mísseis
intercontinentais.
Ainda no século XX, Iuri Gagarin se tornou o primeiro homem a viajar pelo espaço,
levando a União Soviética à uma vantagem momentânea na corrida espacial e de propaganda;
vantagem esta que só foi revertida com a Apollo 11, onde Neil Armstrong se tornou o
primeiro homem a colocar os pés na lua. Durante o século XX os foguetes se tornaram algo
além de armas e meios de transporte, tornaram-se um símbolo de poder e avanço tecnológico,
uma propaganda altamente eficiente que viria a ter relevância na disputa econômico-social-
ideológica que ocorria.
Atualmente os foguetes exercem importante papel na comunicação, através dos
satélites, e pesquisa, como por exemplo, nos lançamentos efetuados pela NASA.
O foguete de garrafa PET que tem o seu funcionamento a base de água e ar, é um
experimento que ganhou popularidade por sua simplicidade e inovação. Sendo construído
Costa (2009) utiliza de uma metáfora para explicar de modo bem simples o
funcionamento do foguete de garrafa PET:
“consiste em um processo semelhante ao de se abrir uma garrafa de champanhe,
onde ao agitar a garrafa dessa bebida é liberado gás que aumenta a pressão dentro da
garrafa até o ponto em que a rolha escapa e sai, abrindo a garrafa” (COSTA, 2009,
P.7).
figura evidencia a pressão interna Pint , que é maior que a pressão externa, ou seja, a pressão
atmosférica PAtm ; além de indicar outros elementos, como a área da câmera do foguete, A ; a
Tendo como base primordial de seu funcionamento a terceira lei de Newton, as forças
de ação e reação (foguete/água/ar) fazem com que o foguete seja impulsionado. Ao expulsar a
água de seu interior, devido à força gerada pela pressão interna do artefato, o foguete é jogado
para a direção oposta à agua, e esse par ação-reação, tem a mesma intensidade, mesma
direção, porém em sentidos opostos, ou seja, a mesma força que faz como que a água seja
expelida para baixo, empurra o foguete para cima.
O movimento do foguete de água, bem como de outros foguetes, pode ser modelado a
partir da segunda lei de Newton para sistemas com massa continuamente variável. De acordo
com Tipler e Mosca (2006), a equação pode ser descrita na forma:
dM
Onde, Fext .R é a força resultante externa e é a taxa de variação de massa da água.
dt
Os termos v , u e t são respectivamente a velocidade de subida do foguete, a velocidade com
que a água é expelida e o tempo de impulsão. Sendo a força externa resultante, a força
responsável por acelerar o foguete.
O caminho percorrido pelo foguete pode ser expresso pela equação da trajetória, a qual
demonstramos neste tópico. Partindo do Movimento Uniforme, que ocorre no eixo horizontal,
podemos descrevê-lo pela equação:
s f si v t
s f - Espaço ou posição final;
si - Espaço ou posição inicial;
v - Velocidade;
t - Tempo.
O termo “ s ” será substituído por “ x ”, para representar o movimento no eixo “ x ” das
coordenadas cartesianas.
x f xi v t
Considerando o espaço inicial como a origem, então esse termo corresponde a 0 (zero)
xf v t
A velocidade no eixo x é uma das componentes da velocidade inicial em relação ao
ângulo . Temos então:
x f vx t
Que pode ser escrita como,
x f vi cos t
Isolando o tempo,
xf
t
vi cos
Já o movimento na vertical, também desprezando a resistência do ar, corresponde ao
Movimento Uniformemente Variado (MUV). Para o MUV, utilizamos a equação
1
s f si vi t a t 2
2
Considerando que o movimento na vertical ocorre no eixo “ y ” do sistema de
coordenadas cartesianas, e sendo “ a ” a aceleração, que corresponde neste caso à aceleração
da gravidade g , e que o eixo y é positivo verticalmente para cima (sistema de referência
adotado), temos,
1
y f yi viy t g t 2
2
E como consideramos o espaço inicial igual a zero (origem), podemos escrever:
1
y f viy t g t 2
2
A velocidade inicial no eixo “ y ”, corresponde ao produto do módulo da velocidade
1
y f vi sen t g t 2
2
Como a equação da trajetória é composta de dos dois movimentos, Movimento
Uniforme e Movimento Uniformemente Variado, podemos substituir o tempo encontrado na
equação do Movimento Uniforme, na equação acima. A junção das duas equações dará:
2
xf 1 xf
y f vi sen g
vi cos 2 vi cos
Simplificando a velocidade inicial vi na primeira parte da equação, e elevando a
sen g x 2f
y xf
cos 2 vi cos
2
Ou então,
g x 2f
y tg x f
2 vi cos
2
1
y f yi viy t g t 2
2
E passando para o lado esquerdo da igualdade a posição inicial ( yi )
1
y f yi viy t g t 2
2
x
Substituindo o tempo pela equação anteriormente definida t , porém
vi cos
sen g x 2
0 x
cos 2 vi2 cos 2
x
Colocando em evidência o termo
cos
x g x
0 sen
cos 2 vi2 cos
Isolando o termo entre parênteses,
0 g x
sen
x 2 vi2 cos
cos
g x
0 sen
2 vi2 cos
Passando o termo negativo para o outro lado da igualdade, trocando o sinal
g x
sen
2 vi2 cos
Isolando x
vi2
x sen 2
g
A partir desta equação, percebemos que para se ter o alcance máximo, o ângulo de
lançamento deve ser de 45º, já que o argumento da função seno é , e o seno tem valor
máximo igual a 1 (um).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que a realização deste trabalho se mostra relevante, uma vez que foi
apresentado as potencialidades da utilização do experimento foguete de garrafa PET para o
ensino de Física, tanto para cursos de Ensino Médio, bem como para cursos superiores das
áreas de exatas.
A construção do foguete de garrafa PET por parte dos estudantes, aproxima-os da
prática experimental, e se construído em equipe, incentiva a prática colaborativa, interação,
estimula suas habilidades motoras e criativas.
Todas as etapas, da construção do experimento, à teorização do funcionamento do
foguete de garrafa PET; aliadas a uma metodologia de ensino (ficando livre para escolha do
docente, desde metodologias mais tradicionais à metodologias ativas), bem como a discussão
acerca das variáveis que influenciam no lançamento e no voo (pressão interna, aerodinâmica
do foguete, ângulo de lançamento, etc), a modelagem matemática e o desenvolvimento das
equações físicas envolvidas; têm grande potencial como ferramenta para o ensino de Física e
conceitos matemáticos. Por fim, é importante ressaltar que, além das potencialidades
apontadas, construir e realizar os lançamentos do foguete, configuram numa atividade
instigante e divertida.
REFERÊNCIAS