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CAPÍTULO 1

Visão Geral das Questões


Econômicas Fundamentais
Fundamentos de Economia
Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os conceitos de escassez, produção,
bens e serviços e fatores de produção. Você vai aprender sobre a evolução
do pensamento econômico através dos tempos e estudar as principais
teorias econômicas que marcaram as ações desse campo do conhecimento.
Além disso, terá contato com os modelos econômicos e aprenderá sobre
dois modelos elementares da economia: o Fluxo Circular de Renda e a Curva
das Possibilidades de Produção. O principal objetivo deste Capítulo é
propiciar-lhe conhecimentos suficientes para que você tome decisões
quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras,
nacionais ou internacionais.

1. Conceito de Economia
Você já deve ter ouvido falar a palavra “economia” milhares de vezes, não é
mesmo? Desde que era criança, ouvia seus pais dizerem que é preciso fazer
economia, e depois que passou a entender melhor o mundo, ouviu essa
palavra ser pronunciada por uma porção de pessoas e com as mais diversas
utilizações. Tem economia financeira, economia política, microeconomia,
macroeconomia... Ufa!

Mas o que é economia, afinal? A origem da palavra é atribuída a Aristóteles,


filósofo e matemático grego que viveu entre 384 e 322 a.C. É a junção da
palavra grega oikos (casa) e nomos (norma, lei), e deve ser entendida como
“administração da casa”, ou “administração da coisa pública”. Nos tempos
modernos, a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela
qual os homens, as nações ou as instituições empregam seus recursos na
produção de bens e serviços para atender às suas necessidades.
SAIBA MAIS

SAMUELSON, P. A. (1975): A Economia é a ciência que se preocupa com o


estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido
para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorado o
padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos
escassos.

BARRE, R. (1970): A Economia é a ciência voltada para a administração dos


escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas
pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em
decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios
limitados aos agentes da atividade econômica.

STONIER, A. W.; HAGUE, D. C. (1971): Não houvesse escassez nem


necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco
sistemas econômicos, nem Economia. A Economia é, fundamentalmente, o
estudo da escassez dos problemas dela decorrentes.

Fonte: ROSSETTI, J. P. (1994)

A humanidade somente sentiu a necessidade de estudar economia ou


ciências econômicas em função da falta ou insuficiência de alguma coisa, ou
seja: a escassez. Observe que existe um eterno conflito entre as nossas
necessidades e os recursos disponíveis. As nossas necessidades são
ilimitadas, enquanto os nossos recursos são escassos.

Vamos entender isso de outra forma. Um antigo professor de economia


costumava perguntar aos seus alunos, logo na primeira aula: quem aqui
ganha pouco? E solicitava que os alunos que julgavam ganhar pouco
levantassem uma das mãos. Quando me vi diante desse questionamento,
levantei as duas mãos, confesso.
Para minha surpresa, o professor disse para eu experimentar viver na época
dos meus avós, em que certamente meus ganhos seriam mais que
suficientes.

Isso me forçou a uma rápida reflexão: meus avós não tinham automóvel,
televisão, telefone, micro-ondas, TV por assinatura, celular, computador,
máquina de lavar roupas etc. Sem contar que não tinham qualquer conforto
em sua residência, como chuveiro elétrico, banheiro interno, água tratada,
esgoto, fogão a gás etc. Também tinham pouco acesso ao lazer, não
viajavam, não iam ao cinema, ao teatro, ou a algum show musical, aliás,
pouco sabiam da existência de artistas.

Dá para entender facilmente por que meus ganhos são insuficientes, não é
mesmo? Eu tenho outras necessidades, e olha que elas são infinitas, ou
melhor, não basta mais eu ter um automóvel, que deveria ser o sonho de
consumo dos meus avós, um automóvel para a família inteira. As famílias
modernas possuem a necessidade de um automóvel para cada membro da
família. A vida nos impõe isso.

Agora, vamos sair do plano individual para o plano coletivo. Nesse plano,
quando você ouvir falar de necessidade, esteja certo de que alguém está se
referindo aos bens e serviços que garantem a nossa sobrevivência enquanto
espécie.

Você já pensou em uma lista para as suas necessidades? Somente para


ajudá-lo, elaborei uma lista das necessidades do homem atual, e é bem
provável que sua lista seja muito parecida com esta:

Alimentos;
Vestuário;
Moradia;
Móveis para a casa;
Água tratada e saneamento básico;
Eletricidade;
Utensílios domésticos;
Eletrodomésticos;
Transporte;
Lazer e recreação;
Educação;
Saúde;
Segurança;
Cultura.

Observe que a lista é infindável, e existe apenas uma pequena parcela da


humanidade que consegue usufruir da totalidade da lista de necessidades
humanas. Uma parcela significativamente maior consegue acesso somente a
uma parte da lista, a parte denominada necessidades básicas, ou seja, as
necessidades ligadas às questões de sobrevivência.

Porém, milhões de pessoas em todo o mundo não conseguem alcançar a


lista de necessidades básicas como um todo, e ainda assim em quantidades
insuficientes. Você já imaginou quantas pessoas passam fome no mundo?
Ou no Brasil? Quantas pessoas não têm acesso a água tratada ou
saneamento básico? Quantas pessoas moram na rua? Pois é, o nome dessa
situação é “exclusão social”. Os socialmente excluídos não possuem acesso
aos bens e serviços mais elementares para a sua sobrevivência e, por
conseguinte, não participam das decisões da sociedade.

Outro detalhe importante que precisa ser levado em consideração é que,


dentre a parcela da população que tem acesso pelo menos à lista de
necessidades básicas, a imensa maioria não tem segurança de que
continuará mantendo esse acesso pela vida inteira.

Você deve estar se perguntando: onde a economia entra em tudo isso? Isso
que você acabou de ler diz respeito à escassez. A maioria das pessoas que
conseguem acesso aos itens da lista de necessidades básicas o faz à custa de
muito trabalho e luta, por todo o tempo das suas vidas. Esteja certo disso.

Agora é chegado o momento de você entender o que é “escassez de


recursos”. Mas você sabe o que são recursos?

Para responder a essa questão, pense na lista das necessidades humanas. O


que é preciso para que cada um desses itens esteja disponível para o
consumo? Em linhas gerais, uma necessidade humana é satisfeita através do
acesso a um bem econômico, o qual foi resultado de um processo de
transformação. Esse processo de transformação se caracteriza pelo “uso de
recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs ”
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007,

p. 36). O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de


processos de transformação:
Quadro 1 – Descrição dos processos de transformação de diferentes operações
Fonte: SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007, p. 37.
#PraCegoVer Tabela simples composta por quatro colunas e seis linhas. A primeira
linha corresponde aos títulos de cada coluna. Os títulos são, respectivamente:
Operação, Recursos de Input, Processo de Transformação e Outputs. Na segunda
linha primeira coluna, temos abaixo do título denominado operação, a expressão
Linha aérea; na segunda linha segunda coluna, abaixo do título denominado
Recursos de Input, temos as seguintes informações: Avião, Piloto e Equipe de Bordo,
Equipe de Terra, Passageiros e carga; Na segunda linha terceira coluna, temos abaixo
do título Processo de Transformação, a seguinte informação: Transportar passageiros
e cargas pelo mundo; ainda na segunda linha quarta e última coluna, temos abaixo
do título Outputs, a seguinte informação: Passageiros e carga transportados. Na
terceira linha e primeira coluna denominada Operação, temos a expressão Loja de
departamento; na terceira linha e segunda coluna denominada Recursos de Input,
temos as seguintes informações: Produtos à venda, Equipe de vendas, Registros
Computadorizados e Clientes; Na terceira linha e terceira coluna denominada
Processo de Transformação, temos as seguintes informações: Dispor os bens,
Fornecer conselhos de compras e vender os bens; ainda na terceira linha quarta e
última coluna denominada Outputs, temos a seguinte informação: Consumidores e
Produtos juntos. Na quarta linha e primeira coluna denominada Operação, temos o
termo Gráfica; na quarta linha e segunda coluna denominada Recursos de Input,
temos as seguintes informações: Impressoras e desenhistas, Prensas de impressão,
Papel, Tinta, etc; Na quarta linha e terceira coluna denominada Processo de
Transformação, temos as seguintes informações: Projeto gráfico, Impressão e
Encadernação; ainda na quarta linha quarta e última coluna denominada Outputs,
temos a seguinte informação: Material desenhado e impresso. Na quinta linha e
primeira coluna denominada Operação, temos o termo Polícia; na quinta linha e
segunda coluna denominada Recursos de Input, temos as seguintes informações:
Oficiais de polícia, Sistemas de computador, Informação, Público (defensores da
justiça e criminosos); Na quinta linha e terceira coluna denominada Processo de
Transformação, temos as seguintes informações: Prevenir crimes, Solucionar crimes,
Prender criminosos; ainda na quinta linha quarta e última coluna denominada
Outputs, temos as seguintes informações: Sociedade justa, Público com sentimento
de segurança. Na sexta e última linha na primeira coluna denominada Operação,
temos a expressão Fabricante de comida congelada; na sexta linha e segunda coluna
denominada Recursos de Input, temos as seguintes informações: Comida fresca,
Operadores, Equipamento de processamento de alimento e Congeladores; Na sexta
linha e terceira coluna denominada Processo de Transformação, temos as seguintes
informações: Preparação de comida, Congelamento de comida; ainda na sexta linha
quarta e última coluna denominada Outputs, temos a seguinte informação: Comida
congelada.

Se observarmos mais atentamente, os recursos de inputs listados no quadro


podem ser classificados em três grupos fundamentais:

Terra ou recursos naturais: representa todos os recursos originados


diretamente na natureza;
Trabalho: além de mão de obra, esse recurso engloba as atividades
técnicas, administrativas e intelectuais, representando, portanto, todo o
esforço humano empregado no processo de produção;
Capital: todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho
humano, por exemplo, equipamentos e instalações.

Você já deve ter percebido que todos os recursos da produção, qualquer que
seja a classificação, são escassos. Isso ocorre porque a natureza é finita, não
dispõe dos recursos de forma abundante e não os disponibiliza em todos os
lugares. O petróleo, por exemplo, é encontrado em apenas algumas regiões
do mundo.

A mão de obra também é limitada, ora por problemas de qualificação e


conhecimento, ora por questões de disponibilidade de pessoas. Ainda sobre
a questão da mão de obra, existe também o problema da distribuição
demográfica, ou seja, algumas regiões do mundo são mais habitadas que
outras, o que provoca um desequilíbrio no uso do recurso.
Finalmente, você há de convir que o homem faz mau uso dos recursos
existentes, e alguns recursos que já foram encontrados em abundância
passaram a ser escassos pelo seu uso indiscriminado e irresponsável. Você
já deve ter ouvido falar sobre a crise hídrica, iniciada em 2014, certo?

Se todos os recursos fossem encontrados em abundância, ou seja, se não


houvesse escassez de recursos, você não precisaria estar estudando
economia neste instante. Temas como desemprego, inflação, balança de
pagamentos etc. decididamente estariam fora da mídia e das nossas
preocupações diárias, não é mesmo?

1.1 Problemas econômicos fundamentais


O maior problema enfrentado pela humanidade ao longo de toda a sua
história é fazer escolhas diante da escassez de recursos. As pessoas,
empresas, governos, sindicatos e qualquer forma de organização social
humana precisam decidir o que, quanto, como e para quem produzir.

Há quase meio século, o homem convive com o “conflito de gerações”,


provocado pelas mudanças nas tecnologias de produção e no ritmo de
consumo que afetam os valores e o comportamento da sociedade. O
trabalho é o vetor-chave desse processo de transformação, de postura
empreendedora e de geração de novas necessidades, e a escassez é o
obstáculo a ser transposto.

Você já deve ter deparado com uma fila em uma agência bancária, correto? A
fila se forma porque o caixa não consegue atender todos os clientes na
mesma velocidade de chegada destes, ou seja, no intervalo de tempo em
que o caixa está atendendo o primeiro da fila, chegam mais dois ou três
clientes. Se você estiver na fila, normalmente reclama com a gerência do
banco, que deveria abrir mais pontos de atendimento, mais caixas.

Esse é um problema de escassez de recursos. O gerente do banco não pode


abrir novos pontos de atendimento indefinidamente, tanto pelo custo
operacional do banco quanto pela falta de funcionários capacitados a
executar essa função.

Observe que o simples pensar em aumentar os pontos de atendimento lhe


direciona para o trabalho, ou melhor, aumentando o volume de trabalho, o
problema estaria resolvido. Como essa solução não é possível, o jeito é
administrar a escassez.

Para administrar a escassez ou tentar superá-la, usamos a produção e, por


conseguinte, o trabalho. Assim, voltamos ao questionamento inicial: o que
produzir? Quanto produzir? Como produzir? E para quem produzir?

Uma coisa é certa: a humanidade produz apenas bens e serviços. Produzir


bens e serviços é a resposta humana para os problemas de escassez.

Você não tem uma ideia clara do que sejam bens e serviços? Não se
preocupe, isso é confuso mesmo. Afinal existem bens de consumo, bens de
capital, bens duráveis etc. Mas aqui vão algumas dicas para esclarecer suas
dúvidas:

SAIBA MAIS

Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir as


necessidades humanas. Os bens são tangíveis, físicos, e são resultado da
transformação da matéria-prima em produtos. Os serviços são intangíveis,
abstratos, e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas
específicas, dominadas pelos homens. Um avião é físico, pois é possível tocá-
lo, senti-lo, e vê-lo, mas o transporte de passageiros que ele realiza não poe
ser tocado, sentido e nem visto, sendo portanto um serviço.

Espero que, após as dicas, você tenha entendido as diferenças entre bens e
serviços. Para sedimentar mais ainda essa compreensão, veja a Figura 1. Ela
apresenta as características que diferenciam os bens e os serviços. Observe
que no centro do gráfico existem “bolas divididas”, ou melhor, tipos de
produção que atuam tanto como bens quanto serviços, ou seja, atividades
que englobam características tangíveis e intangíveis. É o caso dos
restaurantes, que servem um bem (o alimento físico) e o serviço
(atendimento do garçom).
Figura 1 – Escala de tangibilidade.
Fonte: HOFFMAN et al., 2010, p. 6.
#PraCegoVer A imagem é composta por uma linha reta, que em sua parte superior
possui seis dados classificados como “Predominantemente Tangíveis”, que se
encontram conectados à reta por uma linha na vertical. São eles, respectivamente:
sal, refrigerantes, detergentes, automóveis, cosméticos e lojas de fast food. Na parte
inferior, encontramos, também, seis dados classificados como “Predominantemente
Intangíveis”, conectados à reta por uma linha na vertical. São eles, respectivamente:
lojas de fast food, agências de propaganda, linhas aéreas, gerência de investimentos,
consultoria e ensino.
Mas esteja atento porque isso não para por aí. Os bens são subdivididos em
quatro grupos:

Bens de consumo não duráveis : são os produtos físicos que se


esgotam em curto período de tempo, e assim devem ser repostos com
frequência. Neste subgrupo incluem-se peças de vestuário e calçados,
alimentos, produtos de higiene e limpeza, medicamentos etc.;
Bens de consumo duráveis : são os produtos físicos que não precisam
ser substituídos com tanta frequência, pois o tempo de desgaste é
consideravelmente maior. Automóveis, eletrodomésticos,
computadores e aparelhos eletrônicos, mobília e utensílios domésticos
são produtos que se encaixam neste subgrupo;
Bens intermediários : são produtos resultantes das ações de
extrativismo ou da fase inicial do processo industrial, porém não são
consumidos, necessitando de reprocessamento para se transformarem
em bens de consumo. Neste subgrupo estão classificados o aço, o
petróleo, os produtos químicos, a celulose e as matérias-primas em
geral;
Bens de capital : são os produtos que não se destinam ao consumo
das pessoas, e sim das empresas. Em geral, esses bens atuam no
processo produtivo transformando matérias-primas em bens de
consumo. Máquinas e equipamentos são os produtos mais
característicos deste subgrupo.

Agora, preste muita atenção: você acredita que existem produtos que
podem tanto ser classificados como bens de capital quanto como bens de
consumo duráveis? Pois é, o automóvel é um desses casos. Imagine um
motorista de táxi. Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário, é
um bem de capital, mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua
família, é um bem de consumo durável.

Agora que você é quase um expert em bens e serviços, vamos retornar às


nossas questões fundamentais: o que produzir? Quanto produzir? Como
produzir? Para quem produzir?

A escassez aliada a essas quatro questões centraliza os problemas


econômicos fundamentais. A economia busca incessantemente as respostas
para essas questões.

O que produzir? Esta é uma decisão que vai além dos limites da
economia. A resposta para essa questão está no centro da sociedade. É
ela quem deve decidir se produz maiores quantidades de bens de
capital ou de bens de consumo.

Em países onde imperam as economias de mercado, como os países


europeus, o Japão, o Brasil e os Estados Unidos, somente para citar alguns,
são os consumidores que indicam o que produzir. A isso dá-se o nome de
“soberania do consumidor”.

Mas em países com economias planificadas ou centralizadas, como China,


Cuba e outros, a decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento,
vinculado ao Estado.

Quanto produzir? Aqui também é uma decisão da sociedade. É ela


quem deve dizer quais quantidades de cada bem devem ser
produzidas. Mais uma vez existe uma diferença entre a tomada de
decisão nas economias de mercado, em que as quantidades a serem
produzidas são definidas pela oferta e demanda. Porém, nas economias
planificadas, ou centralizadas, essa decisão cabe ao Órgão Central de
Planejamento.
Como produzir? Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas
economias de mercado, pois é dependente dos recursos disponíveis e
da capacidade de investimento. Geralmente, passa pela eficiência
desejável e pelos métodos de produção utilizados: capital intensivo ou
mão de obra intensiva? Sociedades com necessidade de geração de
emprego optam pelo uso da mão de obra intensiva. Já as sociedades
com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso do
capital intensivo.
Para quem produzir? Aqui o problema é de distribuição da renda
gerada, ou seja, a sociedade deve decidir quem serão os beneficiados
na comercialização dos produtos. Nas economias de mercado, os
beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo, porém nas
economias planificadas ou centralizadas, a decisão sobre os
beneficiários cabe ao governo.

Assim, para entender a economia como ciência, você precisará colocar o


conjunto de processos (produção, distribuição e consumo) no centro da
dinâmica. Você pode imaginar quantas decisões a combinação desses
processos pode gerar?

Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e


quanto de cada recurso utilizar. Os consumidores precisam decidir quanto
adquirir de cada bem ou serviço para satisfazer suas necessidades. Tanto
produtores quanto consumidores possuem restrições financeiras, o que
implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra.

Assim, você enquanto consumidor, ao escolher comprar mais de um


determinado produto, esteja certo de que terá que reduzir a compra de
outros. Esta lei da economia é implacável.

1.2 Curva das possibilidades


Atualmente existem mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo, todas
envolvidas em um frenético conjunto de atividades de comprar, alugar,
produzir, vender, trabalhar, viajar etc. Em razão dessa complexidade toda é
que se torna cada vez mais difícil o entendimento do funcionamento da
economia.

Mas, calma, sempre existe uma solução. Alguns economistas desenvolveram


modelos simplificados para explicar como a economia se organiza. A Figura 2
é um exemplo:

Figura 2 – Fluxo circular da renda.


Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 11.
#PraCegoVer Trata-se de um diagrama composto por quatro pilares dispostos
paralelamente, formando um ciclo na forma geométrica de um quadrado. Os pilares
são, respectivamente: “Pagamento dos bens e serviços”, “Empresas”, “Mercado de
fatores de produção” e “Famílias”. O ciclo ocorre de duas formas, a primeira indica o
Fluxo Monetário (representado por setas com linhas pontilhadas) e a segunda indica
o Fluxo Real (representado por setas com linhas contínuas). No primeiro ciclo (Fluxo
Monetário), os pilares são conectados da seguinte maneira: Pagamento dos bens e
serviços – Empresas – Mercado de fatores de produção – Famílias e retorna para
Pagamentos dos bens e serviços. No segundo ciclo (Fluxo Real), os pilares são
conectados do seguinte modo: Pagamento dos bens e serviços – Famílias – Mercado
de fatores de produção – Empresas e retorna para Pagamento dos bens e serviços.
No centro desse ciclo, estão, respectivamente, as seguintes expressões: “O que e
quanto produzir” (com uma seta direcionada para Pagamento dos bens e serviços),
“Como produzir” (com uma seta direcionada para Empresas), “Para quem produzir”
(Com uma seta direcionada para Mercado de fatores de produção). Fora do ciclo,
temos quatro quadrados com informações complementares, dispostos da seguinte
forma: O primeiro encontra-se no canto superior esquerdo, entre os pilares
“Pagamento dos bens e serviços” e “Famílias”, com a seguinte informação: “Demanda
de bens e serviços”; o segundo encontra-se no canto inferior esquerdo, entre os
pilares “Famílias” e “Mercado de fatores de produção”, com a seguinte informação:
“Oferta de serviços dos fatores de produção”; o terceiro encontra-se no canto inferior
direito, entre os pilares “Mercado de fatores de produção” e “Empresas”, com a
seguinte informação: “Demanda de serviços dos fatores de produção”; o quarto e
último quadrado encontra-se no canto superior direito, entre os pilares “Empresas” e
“Pagamento dos bens e serviços”, com a seguinte informação: “Oferta de bens e
serviços”.
Ao analisar a Figura 2, você deve ter concluído que esse modelo apresenta
apenas dois agentes econômicos responsáveis por tomar decisões no
sistema econômico: famílias e empresas, mas poderíamos ter uma
infinidade deles, incluindo também o governo, o comércio internacional, ou
subdividindo as famílias.

Observe que a interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de


mercados (os fatores de produção e bens e serviços) e efetiva dois fluxos
(real e monetário).

O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si, ou


seja, a produção e a distribuição de bens e serviços. Ao observarmos esse
fluxo, cada um dos agentes assume um papel duplo: as famílias demandam
bens e serviços e ofertam fatores de produção; as empresas, por sua vez,
demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços.

Nesse sentido, descrevemos o fluxo real da seguinte maneira: as empresas


alocam os fatores de produção ofertados pelas famílias em processos
produtivos, os quais terão como resultado a produção de bens e serviços.
Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para as
famílias. E esse fluxo é incessante, ocorrendo de maneira ininterrupta.

Por sua vez, para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as
necessidades humanas seja efetivado em um sistema econômico, há a
necessidade do estabelecimento do fluxo monetário: ninguém “trabalha” de
graça, assim como nenhum produto é gratuito.

Isso significa que, quando as famílias ofertam os fatores de produção às


empresas, elas exigem em contrapartida uma remuneração. Assim, cada
proprietário de fator de produção recebe uma renda por sua utilização:
trabalhadores ganham salários; arrendatários, aluguel; capitalistas, juros
e/ou lucro etc. Essa renda, que é ao mesmo tempo custo para as empresas,
deverá ser gasta na aquisição de bens e serviços. Logo, o que é gasto para as
famílias se transforma em receita para as empresas.

Nas chamadas economias de livre mercado, o governo apenas fiscaliza esse


círculo de trocas de forma a evitar abusos, mas, nas economias planificadas,
o governo assume a tomada de decisão tanto das empresas quanto da
sociedade.

Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda, pois ele será muito
importante durante o curso. Outro conceito de importância ímpar é a Curva
das Possibilidades de Produção, também conhecida como “Fronteira das
Possibilidades de Produção”.

Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de
bens: máquinas agrícolas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo).
Todo alimento produzido será utilizado para as necessidades de nutrição das
pessoas, e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte ou no
futuro.

Como em toda economia, complexa ou simplificada, os recursos são


escassos, e, para aumentar a produção de alimentos e atender ao
crescimento da população, por exemplo, precisamos diminuir a produção de
máquinas agrícolas. Mas se diminuirmos a produção de máquinas agrícolas,
a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à
demanda da população. O que você faria?

A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa


economia.

Tabela 1 – Economia com dois fatores de produção


Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 6.
#PraCegoVer Tabela simples composta por três colunas e cinco linhas. A primeira
linha corresponde aos títulos de cada coluna. Os títulos são, respectivamente:
Alternativas de Produção, Máquinas Agrícolas (em milhares de unidades) e Alimentos
(em milhões de toneladas). Na segunda linha primeira coluna, temos abaixo do título
denominado Alternativas de Produção, a letra A; na segunda linha segunda coluna,
abaixo do título denominado Máquinas Agrícolas (em milhares de unidades), temos o
número dez; Na segunda linha terceira e última coluna, temos abaixo do título
Alimentos (em milhões de toneladas), o número 0. Na terceira linha e primeira coluna
denominada Alternativas de Produção temos a letra B; Na terceira linha e segunda
coluna denominada Máquinas Agrícolas (em milhares de unidades) temos o número
8. Na terceira linha terceira e última coluna denominada Alimentos (em milhões de
toneladas), temos o número 6. Na quarta linha e primeira coluna denominada
Alternativas de Produção temos a letra C; Na quarta linha e segunda coluna
denominada Máquinas Agrícolas (em milhares de unidades) temos o número 6. Na
quarta linha terceira e última coluna, denominada Alimentos (em milhões de
toneladas), temos o número 8. Na quinta e última linha na primeira coluna,
denominada Alternativas de Produção, temos a letra D; Na quinta linha e segunda
coluna, denominada Máquinas Agrícolas (em milhares de unidades), temos o número
0. Na quinta linha terceira e última coluna, denominada Alimentos (em milhões de
toneladas), temos o número 10.
A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão
utilizados para produzir máquinas agrícolas, ou seja, representa a
quantidade máxima de máquinas que essa economia é capaz de produzir. A
Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão
utilizados para produzir alimentos, ou seja, representa a quantidade máxima
de alimentos que essa economia é capaz de produzir. Somente para
lembrar, se você optar por resolver o problema imediato das pessoas,
saciando a fome e produzindo somente alimentos, no futuro terá uma série
de problemas, afinal, se não produzir maquinário agrícola, não conseguirá
expandir a produção de alimentos para atender ao crescimento da
população. Então, o que você faria?

Aparentemente, essa é uma questão de fácil solução. Basta identificar o nível


de consumo de alimentos atual, produzir somente o necessário e alocar os
recursos de produção excedentes na produção de maquinário agrícola. Mas
você não pode estocar alimentos, e as necessidades da população são
crescentes. Além disso, os maquinários, como tratores e colheitadeiras,
demoram algum tempo para serem fabricados. E aí, o que você faria?
Para solucionar esse problema, primeiro você precisa conhecer o conceito
da Curva de Possibilidades de Produção (CPP), que representa
esquematicamente a fronteira máxima que uma economia consegue
produzir, onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis.
Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Curva de possibilidades de produção.


Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 7.
#PraCegoVer Trata-se de um gráfico de Dispersão com Linha Suave e Marcadores,
que possui o seguinte título “Alimentos (milhões de toneladas)”. Nessa representação
gráfica, temos o eixo X (Vertical), composto pelos seguintes números, em ordem
crescente (de baixo para cima): dois, quatro, seis, oito e 10. Que se conectam ao eixo
Y (horizontal), denominado “Máquinas (milhares)”, através de linhas pontilhadas, que
possuem marcadores nas intersecções que marcam o encontro do eixo X e Y. Os
números que compõem o eixo Y, em ordem crescente (da esquerda para direita),
são: dois, quatro, seis, oito e dez. O gráfico tem apenas uma linha com curvatura
suave, que parte do ponto denominado A (com início no número 10 do eixo X), e
perpassa pelos pontos B (com marcador da intersecção na altura do número oito, no
eixo X, com o número seis, no eixo Y), pelo ponto C (com marcador da intersecção na
altura do número 6, eixo X, com o número 8, eixo Y), sinalizados por linhas
pontilhadas, até chegar ao número 10 do eixo Y, denominado ponto D. Neste gráfico,
cada marcador é representado por uma letra, e além dos indicados acima, foram
apresentados os marcadores E (na intersecção do número 3, eixo X, com o número 8,
eixo Y) e F (na intersecção do número 10, eixo X, com o número 8, eixo Y), mas esses
não tocam a linha.
O que você concluiu da análise da Curva das Possibilidades de Produção
representada na Figura 3? Vamos dar uma mãozinha.

Observe que, para produzir 10 mil máquinas agrícolas, nenhuma tonelada


de alimento pode ser produzida, pois todos os recursos da economia estão
sendo empregados na produção das máquinas agrícolas. Se produzir 8 mil
máquinas, a economia conseguirá produzir no máximo 6 milhões de
toneladas de alimentos. Essa análise se repete em todos os pontos sobre a
Curva das Possibilidades de Produção, e os especialistas dizem que a
economia está operando a pleno emprego de recursos, ou seja, não existe
desemprego nem capacidade ociosa de produção.

Agora, observe o ponto E, em que a economia produz 8 mil máquinas


agrícolas e 2 milhões de toneladas de alimentos. Nesse caso, e para todo e
qualquer ponto situado na parte interna da curva, os especialistas dizem que
a economia está subutilizando os recursos de produção, ou seja, existe
desemprego ou algum recurso está ocioso.

Por outro lado, a situação do ponto F, em que a economia produz 8 mil


máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos, é uma situação
impossível de existir, pois a economia estaria operando acima da sua
capacidade e não disporia de recursos para tanto.

Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos e positivos.

Quadro 2 – Desdobramentos analíticos da CPP


Fonte: Autor.
#PraCegoVer Tabela simples composta por duas colunas e duas linhas. A primeira
linha corresponde aos títulos de cada coluna. Os títulos são, respectivamente:
Enfoque normativo e Enfoque Positivo. A segunda e última linha na primeira coluna
denominada Enfoque normativo, contém as seguintes informações: “Investimentos
que elevem a produtividade dos recursos de produção deslocam positivamente a
CPP; Qualquer evento que altere a disponibilidade de recursos, desloca a CPP.” Ainda
na segunda linha segunda e última coluna denominada Enfoque Positivo, temos as
seguintes informações: “Não é aconselhável para uma economia operar a pleno
emprego de recursos, ou seja, sobre a Curva das Possibilidades de Produção. O ideal
é operar com um pouco de capacidade ociosa para poder absorver as oscilações de
necessidades das pessoas; Alocar recursos na produção de bens de consumo resolve
o problema do desemprego a curto prazo, mas se não houver investimentos
proporcionais na produção de bens de capital, a longo prazo gera inflação e
desequilíbrios econômicos de toda espécie.”
A análise da Curva das Possibilidade de Produção não para por aí. Observe
que a CPP é côncava em relação à origem e decrescente.

A concavidade é relativa à denominada “Lei dos Custos Crescentes”, em que


a remoção de mão de obra da produção de alimentos para a produção de
máquinas agrícolas provoca custos gradativamente crescentes, pois o uso de
trabalhadores menos qualificados em um setor traz aumentos significativos
nos custos. Já o fato de a CPP apresentar-se decrescente é devido ao
sacrifício que será feito ao optar-se pela produção de bens de consumo em
detrimento de bens de produção.

Agora você já pode ser considerado um expert em Curva das Possibilidades


de Produção e apostamos que você está apto para propostas mais
desafiadoras, quer experimentar?

SAIBA MAIS

Nos períodos pós-guerras, o mundo acaba vivendo períodos de grande


desenvolvimento e consequente aumento da produtividade. Você saberia
responder por que isso acontece?
2. Evolução do Pensamento
Econômico
O estudo da Teoria Econômica teve sua origem a partir da publicação da
obra clássica de Adam Smith, A Riqueza das Nações, em 1776. O livro lançou
as bases da Revolução Industrial e o estudo da economia de forma
sistematizada.

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar de Adam Smith? Ele é considerado o “Pai da Economia


Moderna“. Nasceu em 5 de junho de 1723 em Kirkcaldy, na Escócia. Foi
filósofo e economista, tendo como cenário de vida o século XVIII. Em 1776,
publicou sa principal obra: A Riqueza das Nações, um verdadeiro classico lido
e relido até os dias atuais. Adam Smith acreditava na livre iniciativa e que o
mercado se ajustaria sozinho, sem qualquer tipo de intervenção do governo.
Para ele, a simles competição entre concorrentes seria suficiente para que
os preços caíssem e as inovações tecnológicas, por si só, seriam
responsáveis pelo barateamento dos custos de produção.

Apesar da importante contribuição de Adam Smith para a Economia


Moderna, os primeiros estudos sobre economia vêm da Grécia Antiga, onde,
segundo consenso dos historiadores e economistas, o termo “economia” foi
cunhado por Aristóteles.

Somente no século XVI é que surgiu a primeira escola econômica: o


mercantilismo. Essa escola preocupava-se com a acumulação de riquezas
das nações e o fomento do comércio exterior, muito embora ainda se
tratasse de conceitos elementares.

Apesar de iniciar uma série de discussões a respeito do papel da moeda na


economia, dos efeitos multiplicadores da renda, entre outros, a escola
mercantilista assentava-se em princípios absolutamente empíricos, sem a
preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos que os
embasassem.

Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um


país ao acúmulo de ouro e prata. Essa influência chegou até nossos dias, à
medida que a capacidade de emissão de moedas de um país estava
vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país.

É evidente que esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões


econômicas, além de incentivar guerras e estimular o nacionalismo.

Como contraponto ao mercantilismo, surgiu no século XVIII, na França, a


fisiocracia. Essa escola do pensamento econômico pregava a supremacia da
lei da natureza, acreditando ser desnecessária a regulamentação do Estado
sobre a economia. Para os fisiocratas, a terra era tida como fonte de riqueza
única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela
Providência Divina.

Contrariando o pensamento mercantilista, em que a riqueza era


proporcionada pelo acúmulo de metais preciosos, os fisiocratas afirmavam
que a riqueza era derivada da produção de bens obtidos pelas atividades
econômicas da época (agricultura, pesca e mineração).

Sobretudo o desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura


de Quesnay, primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para
problemáticas econômicas. Suas ideias ancoravam-se em princípios da
escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a construção de um
quadro econômico, o qual expunha as contribuições dadas por cada classe
social ao sistema econômico.
Para o autor, o sistema econômico era considerado um organismo vivo (lei
natural), e sua representação numérica permitiu que se chegasse à
conclusão do papel de cada classe social, as quais dividiam-se em:

Classe produtiva: agricultores, assalariados e outros trabalhadores


agrícolas;
Classe proprietária: soberano, nobreza proprietária e clero;
Classe estéril: comerciantes, manufatureiros e seus trabalhadores.

Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir


iniciar a produção, chegou-se à conclusão de que a única classe capaz de
gerar algum tipo de excedente era a produtiva.

2.1 Escola Clássica


O período da Escola Clássica foi especialmente fértil em estudos e
publicações econômicas, a começar por Adam Smith. A contribuição dos
autores da Escola Clássica foi fundamental para que a Economia passasse a
ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de análise
das consequências das ações econômicas.

O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre


iniciativa e as leis do mercado regendo a economia, cabendo ao Estado
apenas as funções fiscalizatórias para coibir abusos.

Adam Smith desenvolveu o conceito da “mão invisível”, segundo o qual a


livre concorrência, por si só, conduziria a sociedade à perfeição. Ele criou a
Teoria do Valor-Trabalho, em que a divisão do trabalho e a especialização
nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento da produção.

Para Adam Smith, a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do


trabalho e da ampliação dos mercados, ou seja, especializar os
trabalhadores em suas tarefas mais simples e ganhar a escala de produção
como fatores de geração de riqueza.

O papel do Estado, na economia de Adam Smith, é limitado à proteção da


sociedade contra a especulação financeira e à manutenção da infraestrutura
necessária para o funcionamento da economia.

Outro autor bastante influente foi David Ricardo, que discutiu o rendimento
das terras mais férteis quando comparado à produtividade das terras menos
férteis e a questão do comércio internacional.

Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos


os demais custos e que o crescimento da população aliado à acumulação de
riqueza provoca um aumento da renda da terra até um certo limite. Após
esse limite, os rendimentos decrescentes diminuem os lucros e a poupança
torna-se nula, colocando a economia em um estágio estacionário, com
salários marginais e crescimento zero.

Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas, no
comércio internacional, enquanto David Ricardo criou a Teoria das
Vantagens Comparativas. Assim, ambos trabalharam teorias a respeito desse
comércio.

SAIBA MAIS

ADAM SMITH (1723-1790): a defesa do mercado como regulador das


decisões econõmicas de uma nação traria muitos benefícios para a
coletividade, independente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo.

DAVID RICARDO (1772-1823): seus estudos deram origem a duas correntes


antagônicas: a neoclássica, pelas suas abstrações simplificadoras, e a
marxista, pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na
repartição da renda da terra.

JOHN STUART MILL (1806-1873): consolidou o exposto por seus


antecessores, e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao
definir melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia
de mercado.

JEAN BAPTISTE SAY (1768-1832): criou a Lei de Say: “A oferta cria sua própria
procura“, ou seja, o aumento da produção transforma-se-ia em renda dos
trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras
mercadorias e serviços.
THOMAS MALTHUS (1766-1834): a causa de todos os males da sociedade
reside no excesso polulacional. Enquanto a população cresce em progresso
geométrico, a produção de alimentos segue em progresso aritmético. Assim,
o potencial da população esxcede em muito o potencial da terra na
produção de alimentos.

Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA (2000)

Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e


regulamentavam o comportamento da economia, porém são criticados pela
abordagem excessivamente normativa que tentaram dar à complexa ciência
econômica, esquecendo ou minimizando a influência do homem na questão.

2.2 Teoria Neoclássica


Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático
aplicado às questões econômicas, deixando um pouco de lado as questões
políticas e o planejamento devido à crença no livre mercado e sua condição
autorreguladora.

O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e


na maximização do lucro por parte do produtor. O equilíbrio do mercado é
calculado através da medição do grau de satisfação do consumidor e de
produção, sendo consideradas também as restrições financeiras e as
restrições dos recursos de produção. Essa forma de ver as coisas deu origem
à Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall.

A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções,


porém não se furtou totalmente das questões da macroeconomia, em que
se destacam os trabalhos de Schumpeter, “Teoria do Desenvolvimento
Econômico” e de Böhm-Bawerk, “Teoria do Capital e dos Juros”.

A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produção-distribuição-


consumo, porém as ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa
visão, incluindo também os conceitos de riqueza e bem-estar social.
SAIBA MAIS

Você já ouviu falar de Alfred Marshall ? Nasceu em Londres em 26 de julho


de 1842 e foi um dos mais influentes economistas dentre os neoclássicos.
Sua principal obra foi o livro “Princípios de Economia“ onde foram reunidas
as teorias da oferta e da demanda, a utilidade marginal e dos custos de
produção. O seu livro transformou-se em um verdadeiro manual de
economia, reconhecido nas principais escolas de economia de todo o
mundo. Em 1868 tornou-se professor na Universidade de Cambridge
ocupando a cadeira de economia política. Ele tinha como objetivo
transformar a teoria econômica em uma disciplina mais científica através do
uso do rigor matemático. Publicou ainda, em 1879, as obras A Teoria Pura do
Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores Domésticos. Publicou ainda,
juntamente com sua esposa Mary Payley Marshall, da qual foi professor, “A
Economia da Indústria“.

Na primeira metade da década de 1930, Lionel Robbins elaborou uma forma


de caracterizar e identificar os fenômenos econômicos. Ele fundamentou sua
sistemática nos seguintes pontos:

A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades;


Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser
priorizados por essa ordem;
Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos
são limitados;
Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de
diferentes formas para alcançar diversos objetivos.

Para Robbins, o fato econômico é caracterizado por um elo entre os quatro


pontos vistos em conjunto, jamais isoladamente. Esse elo é a capacidade
humana de fazer escolhas.
Em linhas gerais, a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do
homem na condução das questões referentes à sua riqueza e a seu bem-
estar.

2.3 Marxismo
Karl Marx (1818-1883) foi o principal crítico dos métodos clássicos, fundando
uma escola de pensamento que leva o seu nome. Em especial, criticava o
tom “a-histórico” das teorias econômicas. Ao desenvolver a Teoria do Valor-
Trabalho, contudo, apropriou-se de alguns conceitos da corrente clássica,
particularmente, de David Ricardo.

Para o marxismo, o proletariado, uma classe social que centraliza a força de


trabalho, é obrigado a vender seu principal recurso de produção (mão de
obra) para a burguesia, uma classe social que se apropria da produção e
aufere vantagens com essa apropriação. O valor dessa força de trabalho, por
sua vez, deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção. A
discrepância entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor
efetivamente recebido por um trabalhador fundamentou o conceito
chamado “mais-valia”.

As condições da produção do sistema capitalista, entretanto, obrigam


o trabalhador a vender mais tempo de trabalho do que o necessário
para produzir valores equivalentes às suas necessidades de
subsistência. Os trabalhadores são obrigados a aceitar as condições
impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes
alternativas de renda. Assim, seu dia de trabalho compreende o tempo
“necessário” à produção de valores iguais às exigências de
manutenção, e um tempo de trabalho “excedente”. O valor criado pelo
tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios
de produção – os capitalistas –, ao que denominou mais-valia. (PINHO,
2011, p. 43).

A mais-valia, portanto, é o valor que excede o valor pago à força de trabalho


que é apropriada pelo capitalista, fazendo com que este acumule riquezas às
custas do trabalho proletário.

Ademais, através da separação de classes sociais, o capitalismo firma suas


bases de evolução, tendo como principal motor o progresso técnico. O
desenvolvimento tecnológico tem um papel fundamental na reprodução
desse tipo de exploração: na medida em que a máquina substitui o homem
nos processos de produção, ela é a principal responsável pela formação do
exército de reserva dos desempregados.

Por sua vez, essa massa desempregada é, na visão da escola marxista, a


principal fonte de rigidez dos salários: capitalistas, para aumentar a
produção empregando mais trabalhadores, não precisam elevar salários,
basta contratar aqueles que estão desempregados.

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar de Friedrich Engels? Filósofo alemão, trabalhou lado a


lado com Karl Marx, sendo também responsável pela formação da escola
marxista. Escrevera junto a Marx O Manifesto Comunista e O Capital.

2.4 Keynesianismo
Para entender a obra de John Maynard Keynes e a sua Teoria Geral do
Emprego, dos Juros e da Moeda, vamos fazer uma viagem no tempo e voltar
aos anos 1930, quando o mundo vivia a Grande Depressão, que teve início
com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.

Nessa época, o desemprego nos países industrializados da Europa e nos


Estados Unidos assumia índices elevadíssimos. Os economistas acreditavam
ser um problema temporário, apesar de a crise persistir alguns anos. A
Teoria Geral de Keynes conseguiu mostrar por que as políticas econômicas
adotadas não estavam funcionando e apontou soluções para que os países
deixassem a recessão e voltassem ao caminho do crescimento econômico.

Segundo Keynes, o principal fator gerador de empregos é o nível de


demanda agregada de uma economia, invertendo a Lei de Say, segundo a
qual a oferta cria sua própria procura. Nesse caso, as forças de
autoajustamento da economia deixam de atuar, impulsionando a economia
para uma recessão.

Assim, em momentos em que a atividade econômica começa a se


enfraquecer, é vital a interferência do Estado, impondo uma política de
gastos públicos e investimentos em infraestrutura para inverter a espiral
recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento.

Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar


diversos países da recessão econômica, mas especialmente no período pós-
Segunda Guerra Mundial, em que se tornou necessária a reconstrução da
economia dos países europeus.

Nos dias atuais, os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos,


especialmente por seguidores de três correntes distintas:

Os monetaristas: defendem um baixo grau de interferência do Estado


na economia e um forte controle da moeda;
Os fiscalistas: são partidários de um grau acentuado de interferência do
Estado na economia e o uso de políticas fiscais mais contundentes;
Os pós-keynesianos: defendem a interferência do Estado na economia
via controle das especulações financeiras.

Como você pode observar, existem diferenças entre as várias correntes,


porém todas são baseadas na Teoria Geral de Keynes e concordam quanto
aos seus pontos fundamentais.

3. A relação Entre Economia e Outras


Áreas do Conhecimento
Pela própria formulação do pensamento econômico, é necessário que a
Economia não seja vista como um campo do conhecimento humano isolado,
pois, se assim fosse, estaria sujeita a equívocos de toda sorte, pois
certamente deixaria de levar em consideração fatores importantes que
influem nas questões econômicas básicas.
Negligenciar a relação da Economia com outras áreas do conhecimento é
simplesmente como negligenciar a capacidade de realização do ser humano.

Assim, um estudo inicial sobre Economia e seus conceitos passa


necessariamente por um capítulo sobre a relação com outras áreas do
conhecimento humano. São elas:

A Economia e a Política

Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a


Economia. À medida que compete à Política a organização do Estado, as
relações entre as classes sociais e a definição das instituições para o
desenvolvimento das atividades econômicas, as ações econômicas passam a
ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade.

Essa interdependência tornou-se mais acentuada a partir do keynesianismo


e suas soluções para a recessão econômica mundial dos anos 1930. A partir
de então, houve uma grande transformação na estrutura econômica,
baseada até então na livre iniciativa, e o Estado passou a ter uma função
intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista. Nesse
período, a Política buscou na Economia soluções que pudessem dar
continuidade às formas de organização política vigentes nos países
ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o
desenvolvimento econômico.

Nos países socialistas, a justaposição das ações políticas e econômicas


funciona como pilar das instituições mantidas pelo Estado. Nos países
socialistas, compete ao Estado as funções de direcionamento econômico,
uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das empresas.

Assim, qualquer que seja a orientação do Estado, Política e Economia estão


inter-relacionadas a tal ponto que perde o sentido estudá-las isoladamente,
assim como ações isoladas de qualquer uma das partes não surtem o efeito
desejado.

Se você observar atentamente, a instabilidade econômica afeta diretamente


as instituições políticas, ao passo que o bom desempenho da Economia
direciona um cenário político de absoluta estabilidade.

A Economia e a Sociologia
Os estudos ligados à Economia e a Sociologia também são bastante
próximos, afinal ambas as áreas de pensamento visam estudar organizações
sociais.

Atualmente, existe um interesse crescente dos economistas pelas questões


da realidade social e como essas questões podem influenciar no
desempenho da Economia, desde ações localizadas atribuídas a problemas
microeconômicos, isto é, relativos ao comportamento e processo decisório
dos agentes econômicos, até questões de macroeconomia, que se referem
ao comportamento da Economia como um todo.

Segundo Rossetti (1994), a interação social, o comportamento dos grupos, a


mobilidade, a estratificação, as mudanças sociais, a investigação das
condições de vida das comunidades e o exame dos diferentes níveis de
organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores que caíram no
campo de gravitação da Sociologia. Tais setores também interessam
diretamente às questões da análise econômica, pois podem explicar muitos
dos fenômenos que afetam a Economia das nações.

Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes


da atividade econômica são frutos das relações sociais, cuja análise é de
interesse da Economia, muito embora sejam resultado da Sociologia.

Os avanços da Teoria Neoclássica e seus desdobramentos políticos, como a


agenda neoliberal, começaram a trazer explicações para problemáticas
tradicionalmente atribuídas a sociólogos. Assim, economistas começaram a
explicar, através de abordagens como o individualismo metodológico, e
modelos, como a teoria dos jogos, questões relativas a escolhas nos
casamentos, mudanças nas taxas de natalidade, entre outras.

A resposta dos sociólogos diante desse movimento de apropriação dos


fenômenos sociais culminou na consolidação da Nova Sociologia Econômica.

A Economia e a História

É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade


tiveram motivação econômica, ou você é daqueles que acreditam que os
portugueses lançaram-se no Oceano Atlântico rumo aos grandes
descobrimentos simplesmente pela grandeza do fato? Foram questões
econômicas que motivaram portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e
ingleses a partirem rumo à colonização da América.
Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras
mundiais, assim como foram questões econômicas que impulsionaram
Napoleão Bonaparte à expansão de seu império. A pesquisa sobre os
acontecimentos que marcaram a história mundial é de incontestável valor
para o economista, abastecendo-o de informações sobre as atividades
humanas localizadas no tempo e no espaço, fornecendo farto material sobre
a evolução das tendências e promovendo a inter-relação entre os
acontecimentos.

Em algumas ocasiões, o fato histórico acaba por impulsionar a economia de


uma determinada região, como foi o caso da participação do Japão na
Segunda Guerra Mundial, quando ao país derrotado não restava outra
alternativa senão desenvolver um esforço supremo de reconstrução, sob
pena de se submeter a uma catástrofe ainda maior. Esse esforço provocou
enormes avanços na economia japonesa, que em pouco mais de 30 anos
alcançou o status de uma das maiores economias do mundo.

Assim, a inter-relação História-Economia é fundamental para o


entendimento das rápidas mudanças que sacodem as estruturas da
sociedade contemporânea, fornecendo elementos para que o homem possa
superar os desafios de construir condições de equilíbrio social, mesmo
diante das turbulências típicas da vida contemporânea.

A Economia e a Geografia

A criação de um campo de estudo denominado “Geografia Econômica” é a


prova mais contundente do inter-relacionamento entre as duas áreas do
conhecimento, que são consideradas complementares.

A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e


naturais disponíveis em determinada região, além de análises climatológicas,
hidrográficas etc. que servem como indicadores para as políticas econômicas
de distribuição de recursos financeiros com mais eficiência.

A interação entre a Economia e a Geografia permite que a última deixe de


ser uma mera mapeadora de acidentes geográficos e dos indicadores
climáticos e se transforme em uma fornecedora de dados que permitem a
avaliação das condições econômicas do mercado, da concentração de
recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade
econômica.
A inter-relação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado
tomar decisões sobre investimentos utilizando como critério de decisão as
tendências de desenvolvimento econômico e perspectivas de crescimento.

Estudos de variáveis demográficas estão inseridos nessa inter-relação.

SAIBA MAIS

Faça uma pesquisa sobre os subsídios fiscais para a Região Nordeste do


Brasil. Será que os subsídios fiscais oferecidos pelo Governo Federal às
empresas que procuram instalar- se na Região Nordeste têm alguma relação
com a Economia?

A Economia e a Matemática

Muito embora a Economia seja uma ciência social, ela é limitada pela
escassez de recursos, ocupando-se de cálculos de quantidades físicas dos
recursos e da distribuição equilibrada destes, como o estabelecimento das
quantidades de bens e serviços a serem produzidos e as quantidades de
recursos de produção a serem utilizados no processo produtivo.

A Matemática, por sua vez, nos permite demonstrar através de gráficos e


fórmulas importantes princípios e conceitos das relações econômicas. A
Matemática permite também detalhadas análises sobre modelos
econômicos teóricos e práticos, utilizando para tanto recursos de simulação
e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis.

A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de
estudos em que os modelos são quantificados, denominada “Econometria”,
uma combinação de Estatística, Matemática e Economia.

A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática,


pois se assim fosse seria plenamente previsível. Na Economia, os números
aprendem, pensam, reagem, projetam, fingem e são substituídos pelo ser
humano com todos as suas qualidades e defeitos.

Mas, ainda assim, a Economia apresenta situações matemáticas com


algumas relações que podem ser consideradas invioláveis, tais como:

O consumo nacional é diretamente proporcional à renda nacional;


As quantidades de bens e serviços demandadas são inversamente
proporcionais aos seus preços;
A taxa de câmbio influi diretamente no volume de importações e
exportações de bens e serviços.

Na relação entre a Matemática e a Economia, você precisa estar ciente de


que a Matemática é um instrumento a serviço da Economia. É uma
ferramenta que permite provar as hipóteses da Economia, sendo apenas um
meio, e não um fim em si mesma.

Quando você estiver tratando de fatos econômicos, utilize a Matemática


para auxiliá-lo na tomada de decisão, mas jamais faça com que ela seja
predominante, pois você precisará levar sempre em consideração as
relações humanas.

SAIBA MAIS

Faça uma pesquisa sobre “consumo nacional“ e “renda nacional“. Você seria
capaz de estabelecer uma relação matemática entre esses dois
componentes econômicos.

A Economia e o Direito

Segundo Rossetti (1994), nenhuma ordem econômica é possível sem que o


Direito limite as liberdades em função das responsabilidades recíprocas,
solucionando claramente os conflitos potenciais observados.
Tal afirmação resume a forte interação entre a Economia e o Direito. Todas
as ações econômicas envolvem as pessoas, as empresas e o governo. Como
esses protagonistas possuem interesses diferentes, surgem as áreas de
conflitos potenciais.

A própria liberdade de concorrência entre as empresas, a autorregulação do


mercado, as liberdades de escolhas individuais, o consumo e a acumulação
de riquezas devem ser regulamentados pela ordem jurídica que opera para
conciliar os interesses, coibir abusos e delimitar as responsabilidades.

Compete à legislação situar o homem, a atividade empresarial e a sociedade


no bojo da política e do meio ambiente, indicando os direitos e
responsabilidades das partes e impondo os limites dentro dos quais a
liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja
prejudicada.

Historicamente, pode-se afirmar que as relações entre a Economia e o


Direito ganharam um novo status a partir da Segunda Guerra Mundial. Na
França instituiu-se a disciplina de estudos Direito Econômico na
Universidade de Paris, e tal fato acabou por gerar ações semelhantes na
Itália e na Alemanha.

Mas foi somente com o fim do liberalismo e o início da ordem econômica


dirigida pelas áreas governamentais que se ampliou a legislação sobre
atividades econômicas. Tal fato foi decisivo para a aproximação dos
conceitos do Direito e da Economia, superando barreiras que os mantinham
afastados e aumentando as relações de interdependência.

SAIBA MAIS

O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é o órgão


responsável por zelar pela livre concorrência na economia brasileira. Nesse
contexto, uma de suas funções práticas é julgar os processos relativos a
operações de fusões e aquisições. Você saberia dizer o porquê?
Síntese
Neste Capítulo, você aprendeu os conceitos da Economia e como funciona a
Curva das Possibilidades de Produção.

Você também conheceu os problemas econômicos fundamentais, resumidos


por: “O que produzir?”; “Quanto produzir?”; “Como produzir?” e “Para quem
produzir?”.

Ao estudar os grandes pensadores da Economia e conhecer um pouco sobre


as teorias econômicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade,
você tomou contato com questões como a influência da Economia nas
atividades humanas, bem como as questões como a escassez de recursos.

Um ponto importante é a decisão entre a livre iniciativa ou a interferência do


Estado na Economia, entendendo os conceitos do keynesianismo, que
propõe a interferência governamental para recolocar a economia de uma
nação no rumo do desenvolvimento em períodos recessivos provocados
pelo esgotamento da livre iniciativa.

Finalmente, estudou o relacionamento da Economia com outras áreas do


conhecimento e qual a influência de cada uma dessas áreas nas decisões de
cunho econômico.

É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado,


principalmente nos assuntos destacados nos “boxes de conteúdo”.

Aconselho a releitura especialmente das dicas, pois isso facilitará seu


desempenho nos demais temas do curso e nas demais unidades de ensino.

Sucesso!
Referências Bibliográficas
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ROSSETTI, J. P. Introdução à economia . 16. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

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VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. (Org.). Fundamentos de Economia .


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