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Programa de Pós-graduação em Estudos Marítimos - PPGEM

Metodologia Científica

Aluna: Jéssica Pires Barbosa Barreto – 2018.01.012


Livro: SARTORI, Giovanni. Concept Misformation in Comparative Politics. The
American Political Science Review, Vol. 64, Nº4, Dec. 1970, pp. 1033-1053.

RESUMO

O artigo de Giovanni Sartori, de 1970, traz uma crítica conceitual e


metodológica à política comparativa como método científico. Ele começa afirmando
que existem dois grupos que utilizam tal método: os “pensadores supraconscientes”
e os “pensadores inconscientes”, que seriam a maioria. Ele afirma que existe uma
grande lacuna entre eles que é dada pela sofisticação das técnicas de pesquisa e
estatísticas. Assim, ele critica que, geralmente, a literatura nas ciências sociais e
políticas que apresenta o título “método” tem pouco ou nada de preocupação com o
ponto principal da “metodologia”, que é “uma preocupação com a estrutura lógica e o
procedimento da investigação científica”. Ele afirma que existe, ainda, uma terceira
classificação, que seriam os “pensadores conscientes”, que fazem um bom trabalho
técnico usando tal método, principalmente pois conseguem compreender suas
limitações.
Através dessas três categorias, ele vai dividindo os pesquisadores, afirmando
que o cientista político tradicional seria aquele pensador que acredita que essa
concepção já foi feita para ele, ou seja, é um “pensador inconsciente”. Já a “nova
ciência política” está envolvida com uma “re-conceituação”, gerando uma expansão
da disciplina. Ele apresenta duas razões para essa renovação: a “expansão da
política”, por causa da maior politização do mundo; e uma desafios conceituais e
metodológicos mais específicos para a política comparativa, já que os conceitos têm
se tornado vagos com a expansão do mundo. Assim, “quanto mais amplo o mundo
sob investigação, mais precisamos de ferramentas conceituais que sejam capazes
de viajar”. Assim, o autor mostra que há a necessidade da comparação, baseada
numa motivação metodológica, que não é nem sequer questionada pelo “pensador
inconsciente”.
Outro tópico abordado por Sartori em sequência é a questão da quantificação
e classificação, afirmando que não um grande uso ou projeção do uso de medidas e

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sistemas quantitativos nos estudos. Ele afirma que a “quantificação” pode ser
definida por três áreas de conceito e emprego da mesma: medida, que é geralmente
o conceito usado na ciência política, de forma errada; manipulação estatística e
tratamento matemático. Assim, ele determina que “as regras de formação do
conceito são independentes”, pois mostra a ideia de que a “quantificação” só pode
ser usada após o significado ser formado. Além disso, também mostra que essas
regras “não podem ser derivadas das regras as quais governam o tratamento de
quantidades e relações quantitativas”, pois as questões amparadas pelos números
não podem ser produzidas pela “quantificação” em si.
Portanto, chega-se à conclusão de que a “quantificação” não pode resolver
todos os problemas e, por isso, há a necessidade de se voltar à formação dos
conceitos. Assim, o autor traz o conceito de “escada da abstração”, fazendo uma
relação com os níveis de análise e trazendo três níveis de abstração – nível alto
(HL), nível médio (ML) e nível baixo (LL). Ele mostra que, para “subir nessa escada”,
ou seja, aumentar o nível de abstração, há duas formas: aumentando a extensão do
conceito, “reduzindo sua conotação” e assim obtendo um conceito mais geral, mas
ainda preciso; ou aumentando a denotação para encobrir a “conotação”, o que gera
um conceito genérico.
Já em relação a diferença entre estrutura e função, o autor mostra que elas
se relacionam de forma que a função pode ser considerada uma “atividade” da
estrutura; por causa da sua correlação, muitas vezes, um pesquisador não consegue
desassociar esses dois conceitos. Assim, define que há uma razão para a existência
das estruturas quando determina que elas têm “funções”, entretanto possuem o
problema de nem sempre serem comportadas pelas instituições e/ou corpos
políticos. Além disso, o autor estabelece três pontos sobre as estruturas e as
funções: não há estrutura com uma sozinha função; as estruturas podem possuir
numerosas funções; e uma mesma função possui estruturas intercaladas. Assim, ele
identifica quatro níveis diferentes de análise: “Princípios estruturais, condições
estruturais, padrões organizacionais e estruturas organizacionais específicas”. O
autor chega a conclusão, ao final do artigo, que não se deve esperar do “pensador
inconsciente” um enfrentamento dos problemas que surgem com da expansão das
comparações globais, mas não se deve incentivar o “pensador superconsciente”
com padrões excessivamente ambiciosos.

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