Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2.2 Preparação dos sobrenadantes de cultura e dos extratos fúngicos (De acordo com
Hamzah et al, 2018, mas com adaptações desta pesquisa).
Antes de preparação dos extratos, os fungos passaram por uma triagem. Estes
foram inoculados em meio caldo batata (MCB) e crescidos sob agitação por 48, 96 e 7
dias. O sobrenadante das culturas foi então recolhido por centrifugação (10 000 rpm, 10
min) e testados por microdiluição para verificar o potencial antimicrobiano. Os fungos
cujo sobrenadante tiverem atividade foram então extraídos com acetato de etila para
verificar o perfil cromatográfico, conforme descrito abaixo.
Os fungos foram cultivados primeiramente em pequena escala para fazer a triagem do
perfil cromatográfico dos extratos por CCDC (Cromatografia em Camada Delgada
Comparativa) e/ou CLAE (Cromatografia a Líquido de Alta Eficiência). Para satisfazer a
esse objetivo, 5 discos fúngicos foram retirados de uma placa de cultivo em BDA e
inoculados em 37,5 mL de meio de cultura mineral Czapeck Dox, com composição (em
g.L 1- ): NaNO3 (3 g), K2 HPO4 (1 g), MgSO4 ·7H2 O (0.5 g), KCl (0.5 g), FeSO4 ·7H2
O (0.01 g) suplementado com glicose (30 g) e extrato de levedura (20g), para cada litro de
solução preparada, pH 6,5, e incubados sem agitação a 28ºC por 15 dias. A cultura líquida
resultante foi filtrada à vácuo e o filtrado extraído 2× com igual volume de acetato de
etila. O extrato foi rotaevaporizado à vacuo sob pressão reduzida a 40◦C para ficar
concentrado e mantido a -20◦C para uso posterior. Esta etapa ainda está em andamento
visto a quantidade muito grande de micro-organismo isolado e a ser testado e devido à
parceria responsável por etapa.
3.2 Preparação dos extratos fúngicos e testes realizados (De acordo com Hamzah et al, 2018,
mas com adaptações desta pesquisa)
Já se sabe que estudos importantes realizados com fungos do mangue sugerem que
eles são fontes promissoras para triagem de novos produtos considerando a adaptação às
condições extremas do ambiente (Thatoi, Behera, Mishra, 2013). Alguns poucos fungos de
mangue já isolados são produtores de compostos bioativos, a exemplo de Penicillium brocae,
Lasiodiplodia theobromae, Annulohypoxylon sp. CA-2013, Rhytidhysteron rufulum,
Phomopsis longicolla, Stemphylium sp. 33231, entre outros. Saravanakumar et al. (2018)
isolaram diferentes grupos microbianos de sedimentos de mangue na região estuarina na Índia
relatando inclusive o isolamento de bactéria do gênero Lactobacillus, fungos filamentosos do
gênero Trichoderma e alguns Actinomycetales. Os fungos são grandes produtores de
metabólitos secundários como diversos tipos de enzimas e até mesmo antibióticos (VINING,
1986). Aqui, primeiramente, a atividade antimicrobiana dos extratos foi avaliada por método
de poço difusão. Os resultados mostraram ação antimicrobiana principalmente de fungos
filamentosos, corroborando a literatura acerca de estudos que apontam que dentre os
microrganismos analisados por outros autores, os fungos filamentosos se destacam pela
produção de metabólitos secundários (CHEN; HU, 2021; POLETO et. al., 2021). Um dos
isolados desta pesquisa, a linhagem P 107 apresentou atividade de inibição contra Candida
Figura 2. P 107 com halo de inibição de raio de 15 mm Figura 3. Fotomicrografia do fungo P 107 (400x). Observa-
para C. albicans. se a morfologia que o identifica como pertencente ao gênero
Aspergillus
Cabeça aspergilar
Conidióforo
P 107
P204
P203
Sabe-se que o gênero Candida constitui o principal grupo de leveduras que causam
infecções oportunistas em seres humanos, e que os mecanismos de resistência desses
patógenos tem configurado falha na terapia antifúngica, uma vez que a exposição aos
antifúngicos têm diminuído a sensibilidade das cepas, no sentido de adquirirem cada vez mais
baixa susceptibilidades aos principais agentes terapêuticos, os imidazólicos e triazólicos.
Então, a busca por antibióticos mais eficientes continua, com o objetivo de combater
patógenos emergentes, fungos resistentes e microrganismos previamente suscetíveis que
desenvolveram resistência (DEMAIN; ADRIO, 2008; LUCAS, 2008; TAKAHASHI et al.,
2008).
.
Figura 6. Atividade de inibição dos extratos dos fungos Figura 7. Ação inibitória dos extratos dos fungos P905 e
P404, P601 e P107 com halos de 3mm, 3mm e 6mm, P805 com halos de 7mm e 6mm, respectivamente.
respectivamente.
P404
P107
P805
P601
P905
A determinação da Concentração
Inibitória Mínima dos extratos pelo método de
microdiluição em placas de 96 (CLSI, 2008; CLSI, 2019), corroboram com os testes
realizados pelo método de poço difusão. Demonstrando, portanto:
Figura 8. Microdiluição dos extratos dos sobrenadantes dos fungos P203, Figura 9. Aplicação de resazurina para verificação de atividade
P601 e P115. Fluconazol (FLZ) antifúngico padrão para fins de metabólica.
comparação de CIM e controles (+) positivo e (-) negativo.
FLZ FLZ
Figura 10. Teste de microdiluição dos extratos P203, P 601 e Figura 11. Aplicação de resazurina (30ul) para fins de
P 404 contra Escherichia coli e Staphylococus aureus. A verificação de atividade metabólica.
ciprofloxacina (CIP) é o antibiótico padrão. S. E. Coli
S. E. Coli aureus
aureus P203 P601 P404 P203 P601 P404
P203 P601 P404 P203 P601 P404 A
B
C
CIP CIP
+S.a +E.coli C- CIP P203 P601 P404 +S.a +E.coli C- CIP P203 P601 P404
E1
Por outro lado, nossas análises indicam mais um potencial biotecnológico provindo
de outro extrato, agora do fungo identificado como pertencendo ao gênero Aspergillus, o P805
(já mencionado na figura 7). No teste acima, obtivemos a confirmação da ação antimicrobiana
a partir do sobrenadante liofilizado do fungo P805, que apresenta uma CIM de 12,5ug/mL
para Escherichia coli e 100 ug/mL para Staphylococus aureus, tendo em vista que a
concentração no primeiro poço (A1) e (A6) é de 200ug/mL. Para a primeira bactéria, o
antibiótico padrão inibe o crescimento em 12,5ug/mL e para a segunda temos que a
ciprofloxacina inibiu o crescimento em todos os poços. Na figura 13, observamos mais um
teste que ratifica a ação potencial do extrato, uma vez que em A1, A6, B1, C1, B6, D1 e E1
não há crescimento do microorganismos como demonstra a aplicação da resazurina. A
presença de colônias nesses pontos se deve ao fato de que o inóculo acaba passando de uma
área à outra por uma manipulação não tão precisa no momento de semeadura da microgota.
4. BIBLIOGRAFIA
ALAPPATT JP. Structure and species diversity of mangrove ecosystem. In: Sivaperuman C,
Velmurugan A, Singh A, Jaisankar I, editors. Biodiversity and climate change adaptation in
tropical islands. London: Elsevier; 2018. p. 127–144
CHENG, Z., PAN, J., TANG, W., CHEN, Q., AND LIN, Y. Biodiversity and
biotechnological potential of mangrove-associated fungi. J. For. Res. 20, 63–71. 2009. doi:
10.1007/s11676-009-0012-4
JIA, S-L, CHI Z, LIU G-L, HU Z, CHI, Z-M. Fungi in mangrove ecosystems and their
potential applications, Critical Reviews in Biotechnology, 40:6, 852-864, 2020. DOI:
10.1080/07388551.2020.1789063
KEMUNG HM, TAN LT, CHAN KG, SER HL, LAW JW, LEE LH, GOH BH. Antioxidant
in Malaysia. Biomed Res Int. 11;2020:6402607. 2020. doi: 10.1155/2020/6402607
MACK, I.M.D.; BIELICKI, J.M.D. What Can We Do About Antimicrobial Resistance? The
Pediatric Infect Dis J 38, S33-S38. 2019.
SER, H.-L., TAN, L. T.-H. LAW, J. W.-F. et al., “Focused review: cytotoxic and antioxidant
potentials of mangrove-derived Streptomyces,” Frontiers in Microbiology, 8 (1): 2065, 2017.
6. APOIO
Este projeto contou com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao
Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), como também com o
apoio do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) campus Monte Castelo e o Laboratório de
Pesquisa em Microbiologia, Bioprospecção e Biotecnologia (LPBiotec).