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Congresso de Inovação Tecnológica

20 de setembro – Joinville / SC

Simulação e aferição das relações das áreas dos canais de


enchimento para uma liga Al-Si vazada em molde de areia verde

Autor(es): Tiago Gabriel Söchtig¹


Guilherme Rampon Marques²
Bruno Bueno³
Cleber Rodrigo de Lima Lessa4
1 Alunodo curso Técnico em Fabricação Mecânica do IFRS - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul -
Campus Caxias do Sul.
2 Aluno do curso Engenharia Metalúrgica do IFRS - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus

Caxias do Sul.
3 Mestre e Tecnólogo em Processos Metalúrgicos - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus

Caxias do Sul.
4 Professor, Doutor em metalurgia pela UFRGS, Engenheiro Metalúrgico. Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Engenharia de

Materiais – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Caxias do Sul.

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INTRODUÇÃO

Simulação numérica
Desde o avanço das tecnologias de computação, os softwares de simulação numérica (softwares CAE)
vem ganhando campo nas empresas, por possuírem a capacidade cada vez maior de representar os
fenômenos envolvidos durante o processamento do metal líquido.
Investigadores [1-2], já demonstraram a possibilidade de minimizar os defeitos de fundição através da
simulação.
Segundo Kolososki [3], os defeitos de fundição em ligas de alumínio fundido, devem-se às características
do metal líquido e do projeto do sistema de enchimento e alimentação, com destaques para o rechupe,
microporosidades e inclusões de óxidos.

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INTRODUÇÃO

O sistema de canais
O sistema de canais tem como função permitir o completo enchimento da
cavidade do molde prevenindo o surgimento de defeitos, inclusão de areia ou
escória, não permitindo que a contratação líquida provoque falhas internas na
peça [6].
As partes mais finas, de menor módulo de resfriamento, solidificam com
menor tempo, e devem ser alimentadas pelas partes mais grossas [7]. As
partes mais espessas por sua vez devem ser alimentadas pelos massalotes
conforme mostrado esquematicamente na figura 1, adaptada da cunha
escalonada de Wlodawer [8].

Direção da solidificação de uma peça com várias espessuras

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INTRODUÇÃO

O sistema de canais
As relações de áreas entre os canais de descida, distribuição e ataque trazem possibilidades do projeto de
sistema pressurizado (convergente) e despressurizado (divergente). O sistema pressurizado é aquele em
que as áreas das seções diminuem a partir do canal de descida até o de ataque, já no despressurizado
as seções aumentam [5,7].
Despressurizado → redução da velocidade de fluxo

Pressurizado → aumento da velocidade.

A relação de canais pode ser expressa da seguinte forma:

Onde
ACD: Área do canal de descida;
Adis: Área do canal de distribuição;
ACA: Área do canal de ataque;
Ad: razão entre Adis e ACD;
AA: razão entre ACA e ACD.

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INTRODUÇÃO

O sistema de canais
existe uma tendência geral no sentido de utilizar-se sistema com Ad, AA maiores que 1 para ligas
metálicas oxidáveis, ou seja, a indicação seria o despressurizado para ligas de Alumínio.

Sistemas pressurizados,
Vantagens:
• sistema de distribuição mais leve, proporcionando maior rendimento metálico;
• o estrangulamento junto ao ataque tende a forçar o sistema a trabalhar cheio, o que favorece um fluxo
uniforme e a separação de inclusões de escórias, areia, etc [7].

Desvantagens:
• a diminuição da seção em direção aos ataques, o aumento das velocidades de fluxo (lei da continuidade);
• velocidade maior aumenta o perigo e erosão do molde e a entrada de um jato de metal na peça moldada;
• geralmente provoca uma forte turbulência, favorecendo a oxidação.

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INTRODUÇÃO

Motivação da pesquisa

Esse trabalho pretende unir formas modernas de projetar e produzir os sistemas de preenchimento
através da prototipagem rápida por impressão 3D, com a simulação numérica para verificar as
características de preenchimento dos dois projetos distintos em suas relações de canais, um pressurizado
e o outro despressurizado na obtenção de uma peça de estudo fundida com a liga SAE 305 Al-Si e
consequentes características metalúrgicas e mecânicas.

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MATERIAIS E MÉTODOS
Composição química da liga SAE 305.

Al Cr Cu Mg Mn Ni Si Sn Ti Zn Fe Sr V Pb
85,92 0,081 0,222 0,076 0,083 0,023 12,41 0,001 0,026 0,288 0,83 0,01 0,012 0,021

Modelos:
(a) sistema despressurizado,
(b) pressurizado e
(c) cunha escalonada de Wlodawer.

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MATERIAIS E MÉTODOS
(a) Vista superior e frontal da cunha escalonada de Wlodawer. (b) Locais de realização das durezas.

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MATERIAIS E MÉTODOS

(a) Medição da temperatura pré vazamento, (b) posicionamento dos termopares tipo K e (c) medição da
distância entre os termopares alocados na areia até a peça que será vazada.

O software utilizado foi o PROCAST, da ESI, que servirá para as análises dos Módulos térmicos de
Chvorinov, as velocidades de avanço do metal líquido e os respectivos vetores das velocidades e os
tempos.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

✓ Resfriamento direcional.
✓ formação de um rechupe mais volumoso no massalote do despressurizado,
provavelmente devido a maior temperatura de vazamento, que também pode
ter relação com o sistema de preenchimento.

✓ Peças ok.

Módulos térmicos de Chvorinov (a) pressurizado, (b) despressurizado.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

✓ Sistema pressurizado teve a peça resfriada mais rapidamente → Produtividade.

Tempo de resfriamento (a) pressurizado, (b) despressurizado.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Despressurizado

1) Velocidade no canal de distribuição está ~ 100 cm/s.

2) Poderá causar um arraste da areia → inclusão de areia na peça.

3) Turbulência → notou-se o choque* entre frentes de metal líquido.

4) Tunelamento de metal líquido com velocidade elevada, do canal de


distribuição diretamente para a quina da saída do canal de ataque
e para a parede da peça.

5) → possibilidade de cavitação/arraste de areia.

6) Acelerações pontuais (devido aos choques*) + metal rebatido na


parede (5) → podem causar porosidade e inclusão de óxidos.

Velocidade de avanço do metal líquido e respectivos vetores de velocidade dos sistema


despressurizado nos momentos:
(a-c) 2,59 s, (d-f) 2,74 s e (g-i) 4,33 s.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pressurizado
Diferente do despressurizado, que teve velocidade alta na peça desde
o início, o pressurizado esteve em grande parte do tempo com
velocidades próximas da ideal de 50 cm/s, salvo 4 segundos
específicos que serão mostrados em 3 momentos.

1) Em 4,08 s nota-se uma velocidade próxima de 100 cm/s.

2) Aumento de velocidade pontual supostamente devido ao encontro


de duas frentes.

3) ao chocar-se contra a frente que continua o preenchimento citado


(1), ocorre uma turbulência que acelera duas frentes para as
extremidades da ponta da peça.

4) A frente líquida indo para a esquerda da ponta com velocidade


aumentada ganha um pouco mais de massa líquida.

→ Com menores velocidades e turbulência → reduz a chance de


defeitos de porosidade e oxidação.

Velocidade de avanço do metal líquido e respectivos vetores de velocidade dos sistema


pressurizado nos momentos:
(a-c) 4,08 s, (d-f) 4,10 s e (g-i) 4,12 s.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Arraste de ar [g/cm³]. (a) Sistema pressurizado. (b) Sistema despressurizado.

✓ Referente ao arraste de ar, que pode causar porosidades, ao final da solidificação constatou-se que o
despressurizado tem uma tendência maior de arraste de ar, do que o sistema pressurizado.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Macrografia e perfil de dureza HRF. (a) Sist. Pressurizado. (b) Sist. Despressurizado.

✓ O sistema pressurizado aparentemente teria o grão menor que o sistema despressurizado.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Micrografias. (a-c) Sist. pressurizado. (d-f) Sist. despressurizado.

✓ O degrau 1, mais espesso, do despressurizado, mostra uma quantidade maior de possíveis poros, quando se
compara com o mesmo degrau da pressurizada.
✓ Ambos mostraram o “sludge” ou lama, que são fases intermetálicas complexas, de formato poliedral de composição
αAl15(Fe,Mn,Cr)4Si2, → danosas nas propriedades mecânicas [10]. Provavelmente presentes nos tarugos fundidos
para o experimento, que estavam com %Fe elevado.

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CONCLUSÕES
Portanto, a investigação preliminar sobre os sistemas de preenchimento utilizando prototipagem rápida
por impressão 3D com a simulação numérica trouxe as seguintes conclusões:

✓ Conforme previsto por Wlodawer, foi possível constatar que as diferentes espessuras tem diferentes
módulos de resfriamento.
✓ Houve a formação de um rechupe mais volumoso no massalote do sistema despressurizado,
provavelmente devido a maior temperatura de vazamento e talvez devido ao sistema.
✓ O sistema pressurizado teve a peça resfriada mais rapidamente ao comparar com o sistema
despressurizado. Em parte, esse resultado é consequência da temperatura e tempo ligeiramente
menor de preenchimento para esse sistema.
✓ No sistema despressurizado, a velocidade no canal de distribuição chegou em 100 cm/s (1), acima do
recomendado por especialistas. Juntamente, ocorreu uma concentração de vetores com uma
velocidade de 100 cm/s exatamente na saída do canal de ataque, que pode causar um arraste da
areia.
✓ Ocorreu um “tunelamento” de metal líquido vindo com velocidade elevada do canal de distribuição
diretamente para a quina da saída do canal de ataque e também para a parede da peça, que pode
gerar ocorrência de defeitos.

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CONCLUSÕES

✓ Diferente do sugerido por especialistas, dentro das configurações utilizadas no presente estudo, no
sistema pressurizado notou-se menores turbulências e velocidades. O sistema pressurizado esteve
em grande parte do vazamento com velocidades próximas da ideal de 50 cm/s.
✓ A macrografia mostrou que o sistema pressurizado aparentemente tem o grão menor que o sistema
despressurizado, que geralmente significa uma melhor propriedade mecânica de resistência. Que foi
corroborado na maioria das medições de dureza.
✓ A parte mais espessa da peça vazada com o sistema despressurizado mostrou uma quantidade maior
de possíveis poros quando se comparou com a mesma parte da peça com sistema pressurizado, que
podem ter sido causados devido às maiores velocidades e turbulência ocorridas nesse sistema. Isso
foi corroborado com a simulação, que demonstrou maior arraste de ar no sistema despressurizado.
✓ Na análise microestrutural, o despressurizado demonstrou possuir mais formação dos chamados
“sludge” ou lama, que são fases intermetálicas complexas, de formato poliedral de composição
αAl15(Fe,Mn,Cr)4Si2, que em geral são danosas nas propriedades mecânicas.

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AGRADECIMENTOS

Uma investigação robusta e que forneça resultados que possam ser aplicados é feita com equipes de
pessoas dispostas a contribuir com seu conhecimento, seu tempo e apoios diversos. Agradecimentos aos
técnicos Marcelo Broch e Diego Chiarello para a realização das práticas. Agradecimentos especiais ao
Gerson Beckert pelo suporte no PROCAST e para Indústria e Comércio de Metais União Pinto Ltda.

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REFERÊNCIAS

[1] Tapan Roy; Application of Computer Aided Casting Simulation for the Profitability of a Foundry- Reducing Casting Defects and Improving
Casting Yield- Some Industrial Case Studies. Transactions of 65th indian foundry congress, Kolkata, 2017.
[2] Orlando Preti, Alexandre Guilherme Ribeiro, Iberê Roberto Duarte. Desenvolvimento comparativo entre sistemas de enchimento na
formação e incorporação de defeitos em fundidos de alumínio. Revista Matéria, V.25, n.02, 2020.
[3] Jorge Kolososki. Estudo de sistema de canais para fundição de ligas de alumínio por gravidade. Dissertação de mestrado, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil, 2001.
[4] Ricardo Fuoco. Curso de defeitos de fundição de origem metalúrgica em ligas alumínio-silício, ABAL, 1997.
[5] John Campbell. Complete Casting Handbook: Metal Casting Processes, Metallurgy, Techniques and Design2nd Edition. 2015.
[6] Dayana da Silva Bastos. Projeto de um sistema de canais e massalotes eficiente para a fundição da peça atracador – porca borboleta.
UEZO, RJ, 2013.
[7] Claudio Luiz Mariotto, Eduardo Albertin, Ricardo Fuoco. Sistemas de enchimento e de alimentação de peças fundidas.. SP, ABM, 1987.
[8] Robert Wlodawer. Directional Solidification of Steel Castings. Pergamon Press, 1966.
[9] Túlio Sérgio do Nascimento, Gabriel Ferranti, Jefferson Haag, Cleber Rodrigo de Lima Lessa. Fabricação de modelos de fundiçao em
impressão 3D. InovTec, RS, 2018.
[10] Tales Ferreira. Desenvolvimento de camadas ricas no intermetálico α-Alx(Fe,Mn,Cr)ySiz em ligas Al-Si por solidificação controlada.
Dissertação de mestrado. UTFPR, 2016.

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Muito obrigado!

Contatos:
Aluno Tiago Gabriel Söchtig: tiagogsochtig@gmail.com
Prof. Dr. Cleber Rodrigo de Lima Lessa: @dr.cleber_lessa

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