Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTUDO DE CASO
1
Figura 1 – O Cosco Busan,ainda com seu nome de batismo, Hanjin Cairo
1.INFORMAÇOES DO NAVIO
Boca: 40m
Pontal: 24m
2
Capacidade carga: 5.500 TEU
Propulsão: 1 x 77.600HP
2.DESCRIÇÃO DO ACIDENTE
O navio Cosco Busan estava marcado para desatracar do seu berço no cais 56
do Porto de Oakland as 0700hs de 7/11/2007, com tripulação totalmente
chinesa. A operação de carga iniciou na noite anterior e aproximadamente as
0600hs do dia 7/11 os estivadores carregaram o ultimo container. O navio
estava carregado com 2.529 containers, com destino a Busan, Coréia do Sul.
Um Prático da Associação de Práticos da Barra de San Francisco (San
Francisco Bar Pilots) foi designado para manobrar o navio do berço até a saída
da baía.
3
Aproximadamente as 0637hrs o Prático, conforme requerido, contatou o VTS e
informou ao operador que ele planejava desatracar do berço 56 e passar pelo
vão Delta-Echo(vão com 670 metros entre os pilares D e E) da Ponte San
Francisco-Oakland Bay Bridge e daí para a via de tráfego de águas profundas.
Perguntou também sobre a visibilidade no entorno de Alcatraz e da Ponte
Golden Gate, tendo sido informado que a visibilidade estava de 1/8 a 1/4 de
milha náutica em todo o caminho para a ponte Golden Gate.
Cerca de 1 minuto depois, o Prático disse ao Comandante: “You can single up,
Captain, if you want”. O Comandante respondeu: “OK, single up”.
Aproximadamente as 0730hrs, o Praticou estimou a visibilidade em cerca de
1/4 de milha. O Prático, posteriormente, disse a investigadores do NTSB que
ele havia consultado o Comandante se seria seguro proceder com a saída e os
dois concordaram em iniciar a manobra. Se essa discussão teve lugar, não foi
gravada pelo VDR.
4
Aproximadamente as 0800hrs, o navio desatracou do berço 56 com a ajuda do
rebocador trator Revolution, na alheta de bombordo puxando com um cabo
enquanto o navio usava o seu bow thruster, com 2.700HP. Aproximadamente
neste momento, o VDR gravou a voz de um tripulante dizendo, em mandarim:
“...navios americanos, nessas condições, não estariam manobrando”.
5
Figura 3 - Carta Náutica da Baía de S. Francisco com a trajetória que deveria ter sido seguida
pelo Prático
Figura 4 – Carta Náutica de papel do Cosco Busan com o traçado da singradura, executado
pela tripulação
6
acompanhando o navio pelo popa até este haver passado pelo canal da barra.
O Prático perguntou ao mestre do rebocador sobre sua programação e foi
informado que a próxima manobra para este rebocador seria as 0830hrs.
Como era prática habitual, conforme o Prático mais tarde informou aos
investigadores, ele ajustou o VRM do radar para 0,33 milha náutica, como
referencia para sua aproximação da Ponte Bay Bridge. Ele declarou:
“... I usually... put the ring on there, and it just keeps the ring on the island as
you go through the brigde, and that brings you to the center of the bridge”.
O comandante respondeu:
“This is on bridge”.
“I couldn’t figure out what the red light... red… red triangle was”.
7
havia apontado como o centro da ponte. Neste ponto, o navio estava a cerca
de 1 milha náutica da Ponte Bay Bridge.
Neste momento, quando o Cosco Busan estava a cerca de 1/3 de milha náutica
da ponte, o operador do VTS que estava monitorando o tráfego no setor central
da baía, incluindo o progresso do Cosco Busan, notou que o navio parecia
estar desviando de sua derrota pretendida e estava fora de posição para fazer
a aproximação ao vão Delta – Echo da ponte. O operador do VTS chamou o
Pratico pelo VHF por seu indicativo pessoal de chamada, “Romeo”. O operador
e o Prático se referem ao VTS como “traffic”. O seguinte diálogo ocorreu, como
gravado pelo VDR do navio e pelo VTS:
08:27:48 VTS: Unit Romeo, Traffic. AIS shows you on a 235 heading. What are
your intentions? Over.
08:27:57 Unit Romeo: Well, I’m coming around; I’m steering 280 right now.
08:28:04 VTS: Roger, understand you still intend the Delta – Echo span. Over.
O VDR mostra que quando o prático reportou ao VTS que ele estava
governando 280º, o aproamento real do navio era 262º. O operador do VTS
não se comunicou mais com o Prático.
8
“This (aparentemente se referindo a um ponto na carta eletrônica)is the center
of the bridge, right?”.
Nos próximos dois minutos o Prático deu ordens de leme todo a boreste, leme
a meio, 20º a boreste e todo a boreste. As 0829hrs, o mestre na proa reportou
via radio, em mandarim: “A coluna da ponte. A coluna da ponte”. O
comandante respondeu, também em mandarim: “Oh, eu a vejo. Eu a vejo”. O
Prático então disse: “Yeah, I see it”. Cerca de 10 segundos depois, o Prático
ordenou que o leme, que ainda estava todo a boreste, fosse posto a meio.
Após outros 5 segundos, o Prático ordenou leme todo a bombordo.
O prático contatou o VTS por radio VHF e informou que seu navio havia
“tocado o vão Delta” e que ele estava prosseguindo para o ancoradouro 7 (a
oeste da ilha Treasure Island, cerca de 2 milhas de distancia) onde ele
planejava fundear o navio. Nesse ponto, o Imediato do Cosco Busan relatou ao
comandante, em mandarim, que o navio estava com vazamento. O Prático
perguntou ao comandante se o navio estava em ordem e o comandante
respondeu: “No, no, no, it’s leaking”. O Prático então disse: “OK, dead slow
ahead. We’re going to anchor”.
Prático: [unintelligible] you said this was the center of the bridge.
Comandante: Yes.
Prático: No, this is the center. That’s the tower. This is the tower. That’s why
we hit it. I thought that was the center.
Prático: Yeah, see. No, this is the tower. I asked you if that was
[unintelligible]…. Captain, you said it was the center.
Prático: Yeah, that’s the bridge pier [expletive]. I thought it was the center.
9
Logo após esta conversa, pode se ouvir o comandante falando, em mandarim:
“Ele deveria saber – isto é o centro da ponte, não o centro do canal”.
3.INFORMAÇÃO METEOROLÓGICA
10
Os danos causados ao Cosco Busan pela sua colisão com a Ponte Bay Bridge
ficaram confinados ao costado de bombordo do navio, avante da
superestrutura, acima da linha d’água. Os tanques de combustível de
bombordo nrs. 3 e 4 foram rompidos, bem como o tanque de lastro de
bombordo nr. 2.
11
4.2 - PONTE BAY BRIDGE
12
O sistema de monitoramento do Caltrans (administradora da ponte)
imediatamente detectou a colisão do Cosco Busan com o sistema de defensas
do pilar da ponte. Isso permitiu que rapidamente concluíssem que o evento era
uma colisão e não um terremoto, bem como onde a colisão havia ocorrido.
So I asked the captain, ‘Where’s the center of Delta – Echo span [of the Bay
Bridge] on this electronic chart?’ So he pointed to a position on the chart, and it
O relatório original do NTSB se encontra em : www.ntsb.gov/doclib/reports/2009/MAR0901.pdf
13
had two red triangles on either side of the bridge. So I said, ‘Well, what are
these?’ And he said, ‘Oh those are to mark the lengths for the center of the
span.’
O prático falou aos investigadores que por volta de 0825hrs, quando o Cosco
Busan estava guinando a bombordo, na sua aproximação à ponte, os radares
ficaram distorcidos:
14
6.1 - COMANDANTE
“Não cabe a mim a decisão sobre prosseguir com a manobra ou não naquelas
condições. Basicamente, eu tenho que seguir a orientação do Prático. Mesmo
que eu entenda que o Comandante tem autoridade total, mas naquelas
condições, quando nós temos o Prático a bordo, eu nunca vi em outras vezes o
Comandante rejeitar a decisão do Prático, tanto em questão de segurança do
navio como do meio ambiente”.
O Comandante também declarou que o fato de o porto não haver sido fechado
indicava para ele que esperava-se que os navios prosseguissem com as
manobras. Conforme seu testemunho: “a decisão de partir veio da Autoridade
Portuária”.
15
Prático. Sua “frustração” com o Prático iniciou assim que se encontraram. O
comandante disse aos investigadores:
16
um navio com sistema de carta eletrônica. O 2º Oficial declarou que, antes da
viagem, nem o Comandante nem os superintendentes da Fleet Management o
proveram com algum treinamento, instrução ou orientação sobre ordens
permanentes do Comandante ou sobre o “Manual de Procedimentos de
Passadiço”, da empresa Fleet Management. Ele disse que não preparou um
plano de travessia berço – a – berço quando o navio partiu de Busan, Long
Beach ou Oakland. O 3º Oficial declarou que, em contraste com sua
experiência embarcado com outras companhias de gerenciamento técnico, ele
e os colegas tripulantes somente tiveram oportunidade limitada de encontrar
com a tripulação do Cosco Busan que estava desembarcando, e tiveram pouco
tempo para acostumar-se com o navio e para revisar políticas e procedimentos
da empresa Fleet Management, antes de partir na primeira viagem com o
navio.
17
A Associação de Práticos da Barra de San Francisco emprega uma escala de
rodizio de 1 semana em serviço e 1 semana em repouso. Durante sua semana
de serviço, os Práticos podem trabalhar a qualquer hora do dia ou da noite. No
dia 31 de Outubro de 2007, o Pratico esteve efetivamente em serviço das
2100hrs até as 0300hrs. No dia 01 de Novembro não executou nenhuma
manobra. No dia 02, esteve em serviço das 0300hrs até as 1000hrs. No dia 03,
esteve em serviço das 1600hrs até as 2130hrs. No dia 04 não executou
nenhuma manobra. Nos dias 05, 06 e 07(dia do acidente), o Prático esteve em
serviço das 0330hrs até as 1315hrs, 0630hrs até as 1030hrs e 0500hrs até as
1000hrs, respectivamente.
18
farmácia usual usada pelo Prático aviou uma prescrição de um médico para
mais 100 comprimidos de 10/325mg de hidrocodona/paracetamol.
19
USS TARAWA – Em 9 de Outubro de 2004, o Prático do Cosco Busan teria
ficado “enraivecido” quando embarcando um navio da Marinha do EUA, na
posição de embarque barra afora, porque a escada de quebra-peito estava
equipada com cabos usados para içar a escada quando não em uso, os quais
ele considerou um potencial risco à segurança. O Prático cortou os cabos e
usou linguagem “ofensiva e depreciativa” com os oficiais e membros da
tripulação. O incidente foi relatado à comissão, indicando que a associação iria
remover o Prático da escala de rodízio até que a comissão tivesse completado
sua investigação.
20
engatada em uma seção do cais e não por alguma deficiência de desempenho
do Prático.
8.1 - O ACIDENTE
21
declarou ser sua prática habitual, ele ajustou o VRM para 0,33mn como
referencia de aproximação à Ponte Bay Bridge. Ele disse que manobrando o
navio para manter o anel do VRM na ponta da ilha Yerba Buena iria trazer o
navio para o centro do vão da ponte.
Cerca de 0650hrs, após testar a capacidade dos radares para detectar navios
no porto, o Prático disse ao Comandante que eles iriam esperar até um
rebocador com barcaça liberasse o canal. Cerca de um minuto depois ele disse
ao Comandante para se preparar para desdobrar a amarração assim que as
outras embarcações liberassem o canal. O Prático então chamou o VTS e
informou ao operador dos seus planos de partir assim que a barcaça tivesse
passado e ele tivesse terminado de preencher alguns papéis.
Exceto pelo nevoeiro presente na hora da partida, o transito desde o berço até
a entrada do canal da barra, cerca de 1,5mn, foi tranquilo. O caminho saindo
do canal de entrada era essencialmente seguindo o meio do canal, plotado a
286º verdadeiros. Cerca de 0820hrs, com o navio navegando a 280º, o Prático
ordenou máquina “meia força adiante”. A velocidade e rumo naquele momento
eram apropriados para compensar a corrente de maré enchente de cerca de 1
nó, que o Pratico antecipou e que iria afetar o navio após este deixar o canal de
entrada.
22
Figura 8 – Simbolos usados pela Organização Hidrográfica Internacional (IHO) para
representar bóias cônicas em cartas de papel (esq.) e o símbolo simplificado usado em cartas
eletrônicas IHO S-57.
23
Figura 10 – Carta Eletronica do Cosco Busan
24
Por esse momento, era esperado que o Prático dispensasse o rebocador
Revolution. O navio passou com sucesso pelo canal de entrada e pelo canal da
barra, tornando então desnecessária a assistência do rebocador. O Prático
também estava ciente que o rebocador tinha outra manobra marcada para as
0830hrs. Mas o Prático não dispensou o rebocador naquele momento e em
entrevista pós-acidente confirmou que havia esquecido do rebocador durante a
singradura. O rebocador foi finalmente dispensado quando o Cosco Busan
chegou ao ancoradouro, logo após a colisão.
O Prático disse que quando o navio guinava, a imagem da tela do radar ficou
“distorcida” de forma que ele não conseguia identificar os pilares da ponte. O
Prático também disse que ele não viu na tela do radar o sinal do RACON no
centro do vão Delta-Echo. A investigação posterior ao acidente determinou que
o sinal RACON estava funcionando e era adequadamente visível no radar. O
Prático disse que decidiu que os radares não eram confiáveis. Em vez deles,
ele iria usar a carta eletrônica e “aproaria os triângulos vermelhos” que ele e o
Comandante haviam discutido anteriormente.
25
Figura 14 – Apresentação do radar do Cosco Busan as 0827hrs
26
que os triângulos vermelhos indicavam o “centro da ponte”, ele então ordenou
leme todo a boreste.
No próximo 1,5 minuto, o Prático ordenou leme a meio, boreste 20º e todo a
boreste. Quando o pilar Delta se tornou visível em meio ao nevoeiro, o Prático
ordenou leme a meio, então leme todo à bombordo. Esta ordem foi
possivelmente dada numa tentativa de evitar a colisão ou reduzir a sua
gravidade afastando a popa do navio do pilar. Após o navio haver colidido com
o sistema de defensas do pilar da ponte, o Prático imediatamente chamou o
VTS pelo VHF e informou da colisão e de sua intenção de prosseguir para o
ancoradouro 7.
8.2 - EXCLUSÕES
27
Figura 15 – O passadiço do Cosco Busan
28
O VTS San Francisco estava equipado com o Coast Guard Vessel Traffic
System (CGVTS) e ainda parcialmente com o sistema mais recente Lockheed
Martin Marine Traffic Management (MTM-200). Juntos, esses sistemas
integram uma variedade de sensores para mostrar uma imagem do tráfego que
poderia ser usada pelos operadores do VTS para avaliar situações e tomar
decisões. A configuração dos sistemas estava de acordo com todas as
orientações internacionais. A Coast Guard conduziu avaliações operacionais do
VTS antes do incidente, em 09 de Novembro de 2006 e após, em 29 de
Fevereiro de 2008 e concluiu que o VTS era funcional, apropriadamente
equipado e bem operado, sem discrepâncias limitantes.
O NTSB concluiu daí que os seguintes fatores não foram causa nem
contribuíram com o acidente: Corrente e vento; os sistemas de propulsão e
governo do navio; os sistemas de navegação do passadiço; resposta da equipe
de passadiço às ordens; tráfego de outras embarcações; auxílios à navegação,
incluindo o RACON no centro do vão Delta-Echo; manutenção de vigilância
apropriada; treinamento e experiência do Prático; equipamento e capacidade
operacional do VTS.
29
navio ou crie riscos para outras embarcações ou propriedades ao longo da rota
pretendida.
30
Naquele ponto, os auxílios à navegação eram escassos e a visibilidade estava
restrita por nevoeiro pesado. Por isso, o Pratico teve que usar exclusivamente
auxílios eletrônicos à navegação ao mesmo tempo que tinha de devotar
atenção à manobra física do navio. Seu desempenho sugere que ele não tinha
capacidade de fazer as duas coisas. Se ele tivesse interpretado corretamente
as imagens do radar antes de fazer a primeira guinada à bombordo, ele haveria
notado, pelo anel do VRM, que ele estava prosseguindo mais ao norte antes de
fazer a guinada que era sua prática usual.
Além disso, a carta representava uma área com a qual o Prático era
intimamente familiarizado. As apresentações mais importantes na carta,
principalmente a Ilha Yerba Buena e a Ponte Bay Bridge seriam reconhecíveis
até para o mais inexperiente dos marítimos. O Prático sabia que bóias
vermelhas/verdes estavam posicionadas em ambos os lados do pilar Delta da
ponte e, somente pela localização ele deveria imediatamente reconhece-las na
carta, mesmo que estivessem representadas por símbolos não padronizados.
O Comandante, que estava fazendo sua primeira viagem para a área da Baía
de San Francisco, reconheceu a ponte na carta e entendeu o significado dos
triângulos vermelhos, mesmo não sabendo da sua presença física por sua
própria experiência. A transcrição do VDR mostra que quando perguntado da
primeira vez sobre os triângulos vermelhos, o Comandante respondeu que eles
estavam “na ponte”. Isso estava distante de uma resposta precisa e, com base
em eventos subsequentes, o Prático aparentemente interpretou isso como
“centro da ponte” ou, mais significativamente, “centro do vão”.
31
indica que sua habilidade para interpretar dados visuais enquanto atuava num
ambiente dinâmico estava comprometida.
Se o Prático esteve usando o radar antes deste momento, nada ocorreu que o
houvesse impossibilitado de continuar a usá-lo. O fato que ele não conseguia
faze-lo sugere que sua habilidade para interpretar esta informação,
especialmente quando sua atenção estava dividida, não era a que
normalmente seria esperada.
O Prático disse em sua entrevista pós-acidente que ele ficou preocupado com
a confiabilidade do radar e decidiu usar a carta eletrônica. Uma explicação
mais provável é que sua habilidade para efetivamente entender e aplicar a
informação complexa que o radar mostrava estava reduzida, e em vez disso,
ele optou por usar uma apresentação relativamente mais simples, na carta
eletrônica, onde a ponte e os triângulos vermelhos apareciam claramente, e o
Pratico decidiu aproar os triângulos vermelhos que ele incorretamente
acreditou que indicavam o vão da ponte. Isso, é claro, o levaria diretamente
não ao centro do vão da ponte, mas ao pilar Delta.
32
colisão, estava com reduzidas funções cognitivas que afetaram sua habilidade
de interpretação de dados e degradaram sua habilidade para conduzir o navio
com segurança nas condições reinantes, como evidenciado pelo numero de
erros de navegação que ele cometeu.
8.5.1 - FADIGA
33
de compensar a privação de sono que resulta de trabalhar em horários que se
está normalmente dormindo.
34
Qualquer uma dessas condições poderia ter resultado em distração ou
incapacitação, mas, exceto pela apnéia do sono (que podia causar fadiga) ou
uso de álcool, possivelmente nenhuma delas resultaria no tipo de dificuldades
perceptivas que o Prático demonstrou no dia do acidente.
35
probabilidade de que esse decréscimo levasse a erros cresceu em presença de
fatores complicadores externos. Por exemplo, a baixa visibilidade limitou as
referencias externas disponíveis, tornando mais provável que ele cometesse
erros. Em um dia com boa visibilidade e condições favoráveis de mar, a
medicação provavelmente não iria afetar sua habilidade de conduzir com
segurança a embarcação, porque estariam disponíveis muitas referencias
adicionais que necessitariam de menor esforço cognitivo para serem
compreendidas.
36
que o Comandante estaria seguindo em relação ao SMS (Safety Management
System) da empresa operadora do navio.
37
singradura segura. O Comandante não fez nada disso e o Prático não ajudou
por não prover nenhuma informação voluntariamente.
O Comandante disse aos investigadores que ele acreditava ter pouca influencia
na decisão de partir em condições de visibilidade restrita. Suas experiências
anteriores o levaram a assumir que autoridades controladoras iriam fechar o
porto nas condições existentes naquele momento. A ausência de tal
fechamento levou-o a concluir, erroneamente, que as operações de navios
foram aprovadas pelas autoridades – no caso a Coast Guard. Aparentemente
ele não estava ciente do fato de que, a não ser que o porto esteja fechado, é o
Comandante do navio e não a autoridade portuária que, em última análise,
decide se o navio pode prosseguir. Além disso, o Comandante transferiu a
decisão ao Prático, sem questioná-lo sobre a sensatez de prosseguir ou sobre
o seu plano de navegação. Por uma série de razões, incluindo suas
experiências em outros portos, que influenciaram sua tomada de decisões, o
Comandante não exerceu sua autoridade na decisão de prosseguir com a
manobra nas condições existentes.
38
8.7 - INFLUENCIAS POTENCIAIS AO DESEMPENHO DO COMANDANTE
39
mesma corporação multinacional e então em sistemas de segurança crítica
mostrou que indivíduos reagiram em maneiras diferentes, que poderiam ser
largamente explicadas por sua nacionalidade ou cultura. Pessoas de culturas
asiáticas foram constatadas como mais propensas a submeter-se a pessoas
investidas de autoridade do que as das sociedades ocidentais.
40
Quando o Prático decidiu iniciar a manobra ele estava ciente que a visibilidade
ao longo do percurso estava em menos de meia milha náutica, mas decidiu
prosseguir confiando em seu conhecimento local, sua experiência previa e nos
sistemas de navegação do navio. No momento em que notificou o VTS que
estava a caminho, o VTS estava operando sob procedimentos de baixa
visibilidade, e o operador estava ciente que a visibilidade em toda a área da
baía era menor que 1/4 de milha náutica. O operador não questionou a decisão
do Prático de prosseguir com o Cosco Busan em condições tão ruins de
visibilidade, nem exerceu qualquer nível de autoridade controladora.
Uma vez a caminho, o Cosco Busan passou pelo canal da barra e guinou a
bombordo para iniciar uma trajetória levemente para SW. O navio permaneceu
nesse rumo por um tempo que excedeu as expectativas do operador do VTS
para a intencionada passagem pelo vão Delta-Echo, levando o navio mais a S
que o esperado. Para o operador, parecia que o navio estava desviando do
plano de navegação. Pelos procedimentos padrão do VTS, o operador
apropriadamente aumentou o nível de controle sobre o Cosco Busan para o
nível seguinte – nível de informação. Neste nível, o VTS provê informações aos
navegantes que podem estar além da possibilidade de aquisição da equipe de
navegação. Neste caso, todavia, a tentativa do operador do VTS de alertar o
Prático para a situação que se desenvolvia, na verdade aumentou a confusão
deste.
Cerca de 3 minutos antes do navio colidir com o pilar Delta, o operador do VTS
chamou o Prático e declarou, incorretamente, “AIS mostra você em 235º de
aproamento”. O sistema do VTS estava configurado para mostrar o rumo do
navio sobre o fundo e não o seu aproamento. O Prático respondeu de forma
confusa, “Hum..., eu estou guinando. Estou governando 280º neste momento”.
De fato, o navio estava em um aproamento de cerca de 262º. O Prático então
O relatório original do NTSB se encontra em : www.ntsb.gov/doclib/reports/2009/MAR0901.pdf
41
ordenou ao timoneiro que aumentasse o leme de 10º para 20º a boreste.
Quando o operador do VTS respondeu ao Prático para perguntar se ele ainda
pretendia usar o vão Delta-Echo, ele não informou nada mais ao Prático, em
relação à proximidade com o pilar da ponte ou sobre a posição do navio que
estava mais que 300 metros ao sul da trajetória pretendida. Qualquer uma
dessas informações críticas poderia ter servido para alertar o Prático para o
risco de colisão.
Tendo sido questionado pelo VTS somente para verificar suas intenções de
derrota, o Pratico tentou reassegurar-se que o navio estava na derrota
planejada perguntando novamente ao Comandante: “Este é o centro da ponte,
certo?”, referindo-se à carta eletrônica. Quando o Comandante respondeu,
“sim, sim”, o Prático ordenou ao timoneiro que aumentasse o leme de 20º para
todo o leme a boreste e respondeu ao VTS: “Sim, nós continuamos Delta-
Echo”. Com aquela ordem, o Cosco Busan estava prosseguindo em direção ao
pilar Delta com mais de 10 nós de velocidade. O NTSB concluiu que o
operador do VTS, nos minutos anteriores a colisão, proveu o Prático com
informação navegacional incorreta que pode tê-lo confundido quanto ao
aproamento do navio.
42
Prático com o VTS, que o navio estava chegando perigosamente próximo ao
pilar Delta.
9.CONCLUSÕES DO NTSB
9.6 – Embora o Prático tenha sido diagnosticado com apnéia do sono, ele
estava sendo tratado e não há evidencia que tenho sofrido privação do sono no
momento do acidente.
43
9.7 – Como evidenciado por seu histórico de prescrições e escala de serviço, o
Prático provavelmente estava tomando um número de medicamentos de cujo
tipo e dosagens esperava-se que degradassem o desempenho cognitivo e
esses efeitos estavam presentes enquanto o Prático desempenhava suas
funções, inclusive no dia do acidente.
44
9.16 – A falta de orientações da Coast Guard no uso do VTS limitou a
capacidade do VTS San Francisco para exercer sua autoridade a fim de
controlar ou dirigir o movimento do navio para minimizar riscos.
9.17 – Embora o médico pessoal do Prático, que lhe prescreveu a maioria dos
medicamentos, estivesse ciente da sua ocupação e histórico médico, incluindo
seu histórico documentado de dependência ao álcool, ele continuou,
inapropriadamente, a prescrever medicamentos que, individualmente ou em
conjunto, tinham grande possibilidade de afetar adversamente o desempenho
profissional do Prático.
9.18 – Embora o Prático não tenha revelado ao médico que efetuou sua
avaliação médica, em janeiro de 2007, todas as suas condições médicas e uso
de medicamentos, conforme ele estaria obrigado a fazer, o médico exerceu
supervisão precária em nome do California Board of Pilot Comissioners, por
haver considerado o Prático apto para o serviço apesar de haver coletado
informação suficiente em relação às suas condições médicas múltiplas para
questionar sua habilidade em desempenhar suas funções com segurança.
9.19 – Embora o Prático não tenha revelado à U.S. Coast Guard e ao California
Board of Pilot Comissioners todas as suas condições médicas e uso de
medicamentos, conforme ele estaria obrigado a fazer, o que ele informou
deveria ter sido suficiente para alertar a Coast Guard, no mínimo para solicitar
revisão adicional da capacidade física do Prático para o serviço.
45
9.24 – A empresa Fleet Management Ltda não conseguiu convencer o
Comandante e a tripulação do Cosco Busan da importância de cumprimento de
todos os procedimentos em relação ao SMS.
11 – RECOMENDAÇÕES DO NTSB
46
11.1.4 – Requerer que marítimos relatem à U.S. Coast Guard, imediatamente,
qualquer mudança significativa em seu status médico ou uso de
medicamentos, que ocorra entre as avaliações médicas compulsórias.
47
recorreu à via judicial para tentar recuperar sua licença de Prático, o que lhe foi
negado mais uma vez, em decisão de dezembro de 2013.
48