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CAMPINAS
2019
DANIEL DOS SANTOS
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação defendida pelo aluno Daniel dos Santos e
orientado pela Profª Drª. Cláudia Hilsdorf Rocha.
CAMPINAS
2019
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem
Leandro dos Santos Nascimento - CRB 8/8343
IEL/UNICAMP 2019
, PERAMBULO
21 de junho de 2018.
Minha turma do curso de
o gelo das impressões iniciais e que não exigisse um nível de proficiência tão
de ela aparecer na minha tela principal faça com que a escolha se dê através
“estrangeiros”.
outra coisa!? Esse outro aqui é a simulação de uma aula (...) queria um
vídeo que fosse um insumo para uma discussão bastante breve (...)”. Quase
está em inglês, mas deve ser uma estratégia dessa rede social para
o Caio Braz (...) Ele é um ótimo apresentador dos programas da GNT. Com
ainda não entendo porque o Caio Braz está apresentando o vídeo em inglês:
explicar o Brasil? (...) Entendo que serão disponibilizados mais vídeos e que
em utilizá-lo como material, pois não posso garantir que todos os meus
alunos falam inglês. Além disso, a legenda está em português, língua alvo
uma grande gama de recursos semióticos (...), Mas também não gostaria
também com dez palavras, que apresenta léxico. E esse eu tenho certeza
tão interessante levar um material que irá apontar os erros dos alunos,
a prática da língua. Ainda que esse vídeo seja mais especializado, no sentido
em um momento posterior.
estimuladas pela busca por materiais para a minha aula, uma notificação
alternância dos sites de rede social, uma (outra) dinâmica própria. Um dos
FIGURA 8: Notificação no grupo “Ensinar português como segunda língua” (nomes dos
perfis suprimidos)
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depois “iniciante”:
Encontrei apenas um post que continha opções de música para utilizar com
básico, mas não era a proposta da minha aula (...). Vou salvar esse link,
continuava crescendo. A cada postagem que lia, depois dessa notícia, sentia
aguçar o meu interesse por compreender tais comunidades. “Será que esses
formação docente? ”.
(...). Não imaginaria que tantas outras têm interesse (ou são atuantes) no
que parece”.
Comunidades de prática1
Hoje, 18 de junho de 2018, o grupo no Facebook "Ensinar português como segunda língua" atingiu os 12,000
membros. Este grupo começou em 2009 e tem a seguinte descrição:
Este grupo é para todos os professores de português como língua não materna. O objetivo é partilhar ideias, material
pedagógico, eventos e oportunidades de desenvolvimento profissional de interesse para quem trabalha nesta área. O
grupo é um instrumento para trocarmos experiências com os nossos colegas, que nos permitam resolver os desafios
que enfrentamos com mais eficácia. O grupo serve também como uma central de informação (grifo meu) e uma
ferramenta de apoio (grifo meu), para a qual todos (grifo meu) podem colaborar divulgando informações de interesse
(como conferências, oficinas, encontros, iniciativas, experiências etc.), mas com algumas regras: por favor, partilhem
coisas relacionadas com o ensino de PLE, P2L, PLH, PLNM; metodologia de línguas estrangeiras e aquisição de segunda língua.
Este grupo de professores, e outros interessados no ensino da Língua portuguesa e das Culturas dos Países de Língua
Portuguesa, é um exemplo de um grupo profissional informal com membros extremamente generosos com o seu
tempo e conhecimento, e isto porque, claramente e talvez intuitivamente, todos os participantes entendem as
características de uma comunidade de prática bem-sucedida (grifo meu). Estas são as características básicas
reconhecidas como fundamentais para o bom funcionamento de uma comunidade de prática e que estão por de mais
presentes neste grupo:
1. Respondem a uma preocupação ou paixão (grifo meu) compartilhada. O nível de preocupação ou paixão dos
membros sobre o tema focado tem um impacto direto na forma como os participantes dão o seu conhecimento e
tempo livre à comunidade.
4. Acontecem em tempo real, no mesmo lugar. Operam no domínio do conhecimento tácito e não codificado,
são um espaço de trabalho humano compartilhado e a que todos têm acesso de forma centralizada e rápida.
5. Têm uma liderança empática. Indivíduos entusiastas que anseiam interação no domínio específico do
conhecimento são os líderes mais bem-sucedidos das comunidades de prática. Esses facilitadores apreciam
profundamente o valor de expor e desenvolver ideias em um ambiente cognitivo variado.
6. Promovem uma ampla participação. São inclusivas. Como o motivo é cultivar e expandir a capacidade
individual de cada um ao adquirir, produzir e aplicar conhecimento, a amplitude da exposição e participação é
fundamental.
7. São auto-organizadas e não políticas. Estas comunidades acumulam força a partir do momento em que estão
abertas às características fluidas das pessoas envolvidas. Não há um enquadramento imposto a todos, é o apetite
(grifo meu) pelo conhecimento que motiva os participantes e os tipos de participação.
Muito obrigado a todos os colegas que fazem estas interações possíveis e que generosamente compartilham eventos,
materiais, livros, técnicas, vídeos etc. e que participam ativamente das discussões, debates e conversas que tanto
contribuem para o crescimento pessoal e profissional de todos. Bem-haja!
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Ainda que eu não seja entusiasta de discursos que deem margem para a
a seis, por outro lado, soavam mais coerentes, de acordo com a minha
exigia de mim uma reflexão mais cuidadosa, fazendo com que eu admitisse
me ocupar por mais um tempo nas digressões sobre o meu papel como
publicações.
comunidade.
AÇÃO POLÍTICA
Para Hannah Arendt, a ação política “implica não só a possibilidade, latente em todos
os seres humanos, de ‘começar’, de criar algo novo, fazendo surgir o inesperado, o
imprevisível, mas também, e não de maneira secundária, que a ação política nunca se
realiza no isolamento, sempre é uma ação em conjunto, configurando um acordo entre
iguais” (TORRES, 2007, p. 240); mas também “(...) pressupondo tanto a presença de
outros ‘eus’, quanto a existência de um espaço público organizado que permitiria a
todos os homens livres ‘aparecer’, isto é, agir” (idem, p. 238). Portanto, no esfacelamento
das fronteiras definidas entre os meios online e offline, poderíamos caracterizar a criação
de um espaço de discussão para/por docentes, no Facebook, em um grupo aberto, como
um ato político nos termos arendtianos. Da mesma forma, cultivar o espaço para que,
ao longo do tempo, ele se mantenha “bem-sucedido”, seja propondo reflexões ou
práticas que visem interações mais significativas entre os membros trata-se de um
movimento intencional a agentivo de manutenção, pois “cuidar do mundo é uma tarefa
fundamental que se inicia com o cuidar do espaço público, lócus de efetivação da ação
e do discurso; aparecer e permitir aparecer é condição sine qua non da esfera pública”
(SILVA, 2018, p. 85).
predicativo político.
reflexão proposta pelo administrador, uma vez que eu, como membro, fui
como algo (por ora) intrínseco a meu modo de ver o mundo, certificando-
refletir sobre esse espaço virtual como uma possibilidade para experiências
me fazendo olhar, desde épocas outras, para obras, objetos e espaços que
atuais de pesquisa refletem e são reflexos de quem fui, de que sou hoje e de
sobre esse olhar, com interesse aguçado que passo, agora, a dissertar.
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FIGURA 11: Primeiros passos para criar uma nova conta no Facebook
Como aponta a literatura da área (ALMEIDA FILHO, 2009; 2012), há uma enorme
dificuldade no que diz respeito à abertura de postos de carreira para o professor de PLE. O
edital divulgado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unifesp confirma tal situação.
Em outras universidades, como a UFRJ ou a Unicamp, os professores de Português Língua
Estrangeira são funcionários da universidade, contratados por concursos públicos (e não
bolsistas por tempo determinado). No edital em questão, são requeridas do profissional 20
horas semanais, por uma bolsa de R$ 1.000,00 (mil) reais mensais. Além disso, espera-se que
o candidato seja aprovado em um processo seletivo burocrático, sendo graduação, desejável
pós-graduação e experiência com o ensino de PLE pré-requisitos para estes. Ao contrário do
que venho apontando, da dificuldade em formar-se professor na área de PLE, coexistem
editais como esse que desconsideram o contexto de profissionalização atual destes docentes.
Ou tutores, como quer o edital.
Fonte: http://bit.ly/2RwsMbV
e sites de redes sociais. Esses, de forma mais pontual, representam mais de três horas
no rol de atividades do meu dia-a-dia, organizadas de forma desbalanceada, e muitas
vezes prescrevem parte da minha rotina (participação de eventos divulgados em
redes sociais; marcação de encontros de trabalho, aulas, reuniões e cursos por grupos
e chats coletivos no Facebook, Whatsapp, etc.).
Minha experiência, por sua vez, Pesquisas divulgadas no relatório 2018 ―
não está desconectada de um panorama Global Digital apontam que “o Brasil está
global. O aperfeiçoamento tecnológico entre os três países do mundo no qual a
população passa, em média, mais de 9 horas
das conexões online ilustra os resultados do dia navegando na Internet (...) e é um dos
de um processo complexo e profundo de dois únicos países onde o tempo diário gasto
globalização que, consequentemente, nas redes sociais supera 3 horas e meia”.
efetiva-se na construção desta pesquisa, Fontes: http://bit.ly/2IZVDla e
que se revela uma prática social http://bit.ly/2N1wo77
complexa e sócio-historicamente situada. (Acesso em: 12 mar. 2019)
Por consequência, sendo a Internet um meio fértil para guiar o planejamento
de aulas e atividades pedagógicas, quase nunca diferenciava minha experiência online
“descompromissada” — momentos de interações livres em sites de rede social —,
de outras nas quais permanecia atento à seleção de materiais didáticos, por exemplo.
Uma vez que tendo ingressado no CLAC, ministrando aulas de Português Língua
Estrangeira, dedicava-me, continuamente, a selecionar textos, áudios, objetos de
aprendizagem, recursos audiovisuais, ou seja, tudo que porventura preenchesse as
lacunas de disponibilidade de livros didáticos em PLE. Assim, meu cotidiano era
marcado por uma gama de links em potencial que pululavam nas telas e subtelas do
meu smartphone. Ao ter de conciliar a graduação com o trabalho docente, passando a
maior parte do meu dia na UFRJ ou no trajeto de casa para a faculdade, tornei-me
naturalmente mais atento àquilo que chegava até mim e que poderia facilitar meu
trabalho, sem que tivesse, necessariamente, de transformar noites em dias. Desse
contato, fui me familiarizando e me
Portal do Professor de Português Língua
aproximando de sites voltados para a Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE)
área, como o PPPLE, mas, Fonte: http://www.ppple.org/
principalmente, de grupos em redes
sociais, nos quais professores da área compartilhavam materiais, experiências e
relatos.
Mesmo em períodos nos quais não exerci a atividade docente, no que diz
respeito a atuar diretamente em salas de aula, não deixava de ser afetado por vídeos,
cartazes, textos, imagens, áudios e materiais sinestésicos que, por hábito, seriam
pedagogicamente orientados para contextos de ensino-aprendizagem sob minha
responsabilidade. Essa cena, percebida por meu movimento de refletir indícios da
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ação docente mesmo quando, nas situações mais cotidianas, “não sou professor”,
pode ser compreendida por meio de um entrecruzamento de práticas sociais online e
offline que não mais dependem ou limitam-se a um determinado espaço físico ou à
presença síncrona de outro(s) indivíduo(s) para efetivarem-se (como o ensino a
distância, por exemplo), (SANTAELLA, 2007). Em outras palavras, posso dizer que
esse cenário é reflexo da constatação de que o espaço privado tornara-se totalmente
invadido por redes de comunicação e informação (COPE; KALANTZIS, 2000),
uma vez que não preciso estar, presencialmente, em uma sala de aula para aprender;
ou em uma instituição de ensino, para trabalhar.
Minhas interações com os dentros e foras de minha ação docente e do que
considero minha “vida pessoal” permanecem imbricados. Assim, por mais fugazes
que as relações por meio das redes sociais online pareçam, elas podem ser
memorizadas, salvas, acessadas e vividas remotamente, quantas vezes forem
necessárias, por meio de uma sensação de prolongamento e de conexão ininterrupta
que as tecnologias da comunicação proporcionam. Desde as situações mais triviais
até as mais formais, como venho tratando o continuum entre as interações previstas
(relações entre amigos, famílias e entretenimento) e menos previstas (comunidades
de aprendizagem, formação docente, etc.), é possível identificar a ocorrência da
sobreposição de umas às outras, um complexo de vivências que estruturam e
(con)formam o nosso cotidiano e o das comunidades e grupos, heterogeneamente
construídos dos quais participamos.
Assim, já não é possível dizer que minha participação (ou meu pertencimento)
na vida social se dá em um número limitado de comunidades ou que essas formas
de congregar as interações com o outro estejam dissociadas e repartidas entre o online
e o offline, o público e o privado. Isto é, na medida em que as pessoas se tornam
membros, concomitantemente, de múltiplos “mundos da vida” (lifeworlds, termo
proposto por Jürgen Habermas), mais complexas e por meio de mais camadas, suas
identidades passam a existir (COPE; KALANTZIS, 2000). Com o avanço do
processo de globalização no período pós-Guerra Fria, finda-se o imaginário das
comunidades do estado moderno (COPE; KALANTZIS, 2000; HALL, 2006). O
cotidiano, por sua vez, estará imbricado mesmo nos contextos mais
institucionalizados e nos incita a viver o social de forma complexamente
multifacetada. Desse modo, mobilizamos, ao mesmo tempo, e de modo sobreposto,
nossas múltiplas identidades, nos mais diversos campos dessa vida social, que
rompem com a ideia (moderna) de espaço público. Como apontam Cope &
Kalantzis (2000), o cotidiano, nos termos atuais, irá mirar-se na ideia de pluralismo
cívico, o qual é um reflexo de mudanças na natureza dos espaços cívicos (ou espaços
públicos).
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Além das motivações que ilustram minha relação e vivência com a docência
em PLE, destaco a importância de pesquisar a área de Português Língua Estrangeira
no campo aplicado, que se configura: (a) em meio a pautas fundamentais acerca de
garantias cidadãs a não brasileiros; (b) da necessidade de traçar políticas que formem
professores conscientes e preparados para lidar com demandas de refúgio e do
ensino de português para surdos; (c) “Brasil acumula o maior número de pedidos
do avanço dos processos de de refúgio na América Latina” – notícia
internacionalização das universidades veiculada em “O Globo”, em 19 de junho de 2018
Fonte: https://glo.bo/2x7qab5
brasileiras; (d) do fortalecimento de
Acesso em 21 jun. 2019.
cooperação com os países
MERCOSUL, dada a dimensão (i) “O Brasil é o 13º maior produtor de
territorial das fronteiras brasileiras; publicações de pesquisa (papers) em nível
(e) da importância do Brasil na mundial e seus resultados de pesquisa crescem
política externa mundial, além do anualmente”, de acordo com relatório da
Clarivate para a Capes, acerca do panorama da
estímulo necessário ao crescente produção científica do Brasil (2011-2016).
percentual de participação do Brasil e
do português na produção de Fonte: http://bit.ly/2WZmZ4H
conhecimento científico, por
brasileiros e estrangeiros, ainda que o (ii) De forma semelhante ao Programa Ciências
ensino de línguas não se configure sem Fronteiras, outros editais de
fortalecimento da pós-graduação são
nesse bojo; (f) assim como da publicados, desconsiderando o “ensino de
necessidade de lidar e conviver com línguas” como área estratégica.
inúmeras outras alteridades que, com
o acesso às tecnologias de Exemplo: Chamada CNPq Nº ___/2018 de apoio
informação e comunicação, passaram à formação de doutores em áreas estratégicas.
Fonte: http://bit.ly/2MYCFAu
a dividir, conosco, múltiplas
cidadanias e múltiplos “mundos da
vida” em português. Para tanto, é urgente que estudantes de Letras e Pedagogia
possam escolher ingressar no percurso formativo em PLE, por meio de um
paradigma curricular que ofereça continuidade, diferente de uma oferta sazonal e
descontínua de cursos de formação.
Da mesma maneira, pretendo destacar que uma pesquisa desenvolvida na área
de Português Língua Estrangeira pode dar maior visibilidade ao seu posicionamento
estratégico no Brasil. Desse posicionamento, destaco a necessidade de encarar o PLE
de forma crítica, de modo a: (a) identificar as redes de conexão que perpassam
relações econômicas, políticas e intersubjetivas estabelecidas em línguas estrangeiras,
as quais têm suas especificidades metodológicas no campo de estudos das
linguagens; (b) compreender a aproximação intrínseca com práticas neoliberais, às
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emergiram de modo mais recorrente, a fim de analisar sua relação com o processo
de formação docente e os contributos em potencial para o processo formativo; (iii)
seleção de postagens, considerando-se os temas mais recorrentes; (iv) identificação
de posicionamentos discursivos indiciados pelos participantes frente às questões
discutidas nas postagens, analisando a tensão entre esses discursos mais
predominantemente estabilizadores (autoritários) e aqueles caracterizados como
ruptura.
Dessa maneira, com o intuito de orientar, de modo mais pontual, o foco de
investigação, e também a fim de operacionalizar os objetivos geral e específicos
citados, foram estabelecidas duas PERGUNTAS DE PESQUISA, quais sejam:
podemos inferir que esse site de rede social está diretamente conectado à
questão das identidades, por meio da qual “lingua(gem) e identidade se configuram
como elementos solidários de uma relação que se retroalimenta” (GEE, 2000).
Nesse ponto, para além de constituir-se como um espaço profícuo para o
desenvolvimento de aprendizagens e de práticas formativas, o “Ensinar português
como segunda língua” contribuiria também para a formação de identidades docentes
em PLE. Assim como o discurso, esses processos são negociados e potencialmente
transformados em uma rede, em uma comunidade (MORGAN, 2017).
De forma geral, para compreendermos como professores constroem suas
identidades, é necessário entender como mobilizam e co-criam seus perfis, suas
práticas pedagógicas, suas concepções e experiências culturais em comunidades,
programas de formação docente, escolas ou salas de aula (MORGAN et al., 2005, p.
39), na medida em que interagem com esses ambientes e seus respectivos públicos.
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1 Tradução livre. Trecho original: “Like national communities, professional communities of teachers
are imagined as collectives that have a significant history and a common cultural heritage, assuming the
homogeneity of ‘insiders’ and ignoring their class, race or gender differences. This discursive production of
professional spaces does not take into account dynamics of power in social relationships between teachers
but rather emphasizes the image of a deep, ‘horizontal comradeship’ which assumes intimacy and trust and
creates an illusion of equal opportunities in building and managing the workplace” (KOSTOGRIZ &
PEELER, 2004, p. 5).
54
2 Tradução livre. Trecho original: “pueden verse como autênticas las interacciones en el espacio
electrónico si el etnógrafo no puede confirmar aquello que sus informantes le han trasmitido sobre sus
vidas offline?” (HINE, 2000, p. 63).
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Além disso, entendo que é por meio do papel “problematizador” dessa área, o qual
se concretiza a partir de “modelos híbridos de pesquisa e de práxis”
(PENNYCOOK, 2006, p. 67), que reconheço a relevância de cultivar múltiplas
(des/re)aprendizagens não somente na formação de professores, objeto de análise
desta investigação, mas também no fazer científico (FABRÍCIO, 2006; 2018), ponto
de partida do qual construo este texto e, também, por meio do qual encontro, de
forma constitutiva, minhas identidades.
Além disso, por considerar a importância do viés político na constituição de
nossas investigações como linguistas aplicados críticos, e aqui, com destaque, para
aqueles aqueles que focalizam a formação docente, entendo que a produção de
conhecimentos, pautada sob uma perspectiva crítica, é promovida e distanciada de
paradigmas compartimentalizados ou do cultivo da neutralidade. Os construtos
teórico-epistemológicos da Linguística Aplicada Crítica formulam-se estreitamente
ao paradigma indisciplinar ao enunciarem uma apreciação do sujeito da
modernidade, propiciando novos espaços de ação política e recorrendo a outros
construtos possíveis para o exercício da politização (MOITA LOPES, 2006, p. 27).
Como pesquisador que também procura constituir-se em meio a uma perspectiva
indisciplinada, entendo que minhas práticas não são isentas de posicionamentos e
que, desde o recorte dos meus interesses até o momento em que concluo minha
dissertação, sou permeado por juízos, escolhas e convicções que podem oferecer
diferentes encaminhamentos no fazer pesquisa, os quais seriam diferentes em outro
tempo, outro espaço ou ainda quando mobilizados por outro(a) pesquisador(a).
Além de acreditar que a epistemologia da emergência (SOMERVILLE, 2007;
2008) possa estar atrelada às discussões que propus acerca da LA Crítica, também
entendo que ela permanece em constante relação com a perspectiva rizomática
(DELEUZE; GUATTARI, 2011). Juntas oferecem panoramas mais abertos, tanto
para o (re)desenho das pesquisas quanto para a (re)formulação das respectivas
perguntas, de modo que meu foco, aqui, não seja desempenhar um modelo (ou um
decalque, em referência ao mapa/cartografia, nos termos de Deleuze & Guattari),
mas sim estabelecer uma situação de experimentação do campo aplicado e das
relações entre o membro do grupo, quando os leitores adentrem, comigo, a
comunidade do Facebook analisada.
Logo, recorro a uma proposta que compreende o processo de investigação
por meio da tríade epistemologia-ontologia-metodologia (TAKAKI, 2016).
Assim, destacando o papel do pesquisador em confidenciar certa “sensibilidade
teórica” à produção de categorias relevantes para a base de dados, promovendo
múltiplos agrupamentos de significados (assemblages of meaning, no original)
(SOMERVILLE, 2007, p. 212) e deixando de lado a ênfase na verificação e na
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Apesar da epistemologia da emergência não ter sido uma orientação a fim de conceber
a pesquisa, desde o seu início, posso dizer que, dentro das possibilidades, seja por
discussões à respeito da etnografia virtual (HINE, 2000) ou ainda por uma orientação
cartográfica (DELEUZE; GUATARI, 2011), buscava observar o que emerge,
procurando perceber o processo de produção de sentidos em relação ao meu objeto de
pesquisa. A formação de professores de PLE, portanto, trata-se de um conceito
(re)construído a partir das relações travadas entre os participantes-professores em um
site de rede social.
EXERCÍCIO EXOTÓPICO: “becoming-other-to-one’s-self in research” (p. 210)
O exercício exotópico se dá no momento em que o pesquisador se abre à possibilidade
de (re)ver variadas perspectivas, enxergando-se no outro e pelo outro. Isto é, no fazer
pesquisa, trata-se de conduzir o percurso investigativo considerando a forma complexa
do(s) objeto(s), sua natureza inacabada e sempre em construção, a partir de uma
diversidade de olhares, prismas e focos. Considerando a diversidade dos instrumentos
de pesquisa mobilizados, cruzados com as leituras efetuadas para embasar e reconduzir
meus olhares, entendo que desenvolvi minha pesquisa buscando exercitar a exotopia.
PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E DE ABERTURA AO
IMPREVISÍVEL: “making new knowledge we will come to inhabit and know the
world differently than we did before” (p. 209)
Em qualquer processo de produção de novos conhecimentos, novas epistemologias,
considera-se uma abertura do sujeito(-pesquisador) a tal dinâmica, de modo que viver
no/com o mundo será diferente de antes. Trata-se de um processo em que estamos
abertos ao imprevisível e a um processo de constante transformação. Nesta pesquisa,
ao modificar meus percursos, rever meus objetivos, e propor novos caminhos para
compreender o objeto de pesquisa, aceitando o convite de habitar o mundo por meio
de novas sustentações, considero que a pesquisa que realizei acatou, de certo modo, a
ótica da emergência.
EMBASAMENTO PELA/DA VIVÊNCIA DO PESQUISADOR EM MEIO
AO OBJETO PESQUISADO: “a direct relationship to my embodied experience of
the place of the research” (p. 209)
A emergência de novos conhecimentos, novas leituras, novas epistemologias, é
sustentada por uma relação direta com a incorporação da minha experiência
investigativa na construção do objeto pesquisado. Trata-se de um processo relacional e
colaborativo porque é construído em meio à dinâmica de interação de vários elementos.
Estes, no caso desta pesquisa, envolvem minhas narrativas, crenças, identidades e
percursos como professor de PLE, minha experiência como membro do grupo e
usuário de redes sociais, assim como os recursos que mobilizo no sentido de apresentar
minha vivência-pesquisa aos possíveis leitores.
RELATAR A PESQUISA, RELATAR A SI MESMO: “producing representations
(…) in multiple assemblages of meaning” (p. 212)
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4 Tradução livre. Trecho original: “Such an ontology needs to incorporate elements of our past self-
history (ontogeny), who we imagine ourselves to be, and our embodied relationship with others. It also
includes our participation as bodies in the ‘flesh of the world’ (Merleau Ponty, 1962; Davies, 2000b), a
reciprocal relationship with objects and landscapes, weather, rocks and trees, sand, mud and water, animals
and plants, an ontology founded in the bodies of things. In this ontology, bodies of things are dynamic,
existing in relation to each other, and it is in the dynamic of this relationship that subjectivities are formed
and transformed. And within this there is the relationship with inanimate objects and technologies, that we,
in the process of becoming-other, can intentionally manipulate—stone, wood and clay, pencils, crayons,
brushes and paints, computers, words and paper, cloth, thread and scissors —among the myriad other
things that we humans have chosen to use to create” (SOMMERVILLE, 2007, p. 24).
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5 Referência: ANDRADE, C. D. A procura da poesia. In: A rosa do povo. São Paulo: Círculo do Livro,
1945. p. 11-12.
6 O trecho em destaque é uma estrofe do poema “A procura da poesia”, de Carlos Drummond de
Andrade (1945). O poema segue uma forma imperativa indicando, através de recomendações explícitas, os
modos pelos quais deveria se dar o fazer poético. O uso de imperativos equivale a um diálogo entre escritor,
autor e leitor, indiciando posicionamentos destes na “procura” da/pela poesia. Para consultar o texto na
íntegra: <http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/procura.htm> Acesso em: 26 nov. 2018.
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Assim, Recuero (2017, p. 16) destaca acerca dos sites de rede social: “é preciso
diferenciar as redes sociais dos sites de rede social. Embora seja senso comum referirmo-
nos às ferramentas sociais digitais, tais como Facebook, Twitter, Orkut etc. como “redes
sociais”, o conceito de rede social não é sinônimo delas. Enquanto uma rede social está
relacionada à percepção de um grupo social determinado pela sua estrutura (a “rede”), que
é geralmente oculta, pois só está manifesta nas interações, as ferramentas sociais na internet
são capazes de publicizar e influenciar essas estruturas sociais (boyd; ELLISON, 2007).
Isto é, o Facebook, por si só, não apresenta redes sociais. É o modo de apropriação
que as pessoas fazem dele que é capaz de desvelar redes que existem ou que estão
baseadas em estruturas sociais construídas por essas pessoas (muitas vezes de modo
diferente daquele previsto pela própria ferramenta). Uma vez que passem a usar o
Facebook, os atores criarão ali redes sociais que passarão a ser exibidas por ele. É por conta
desta e de outras características que boyd e Ellison (2007) criaram o conceito de “site de
rede social”. Para as autoras, algumas ferramentas online apresentam modos de
representação de grupos sociais baseados nas relações entre os atores. Essas ferramentas
teriam as características de (1) permitir que os atores construam um perfil público ou
semipúblico; (2) permitir que esses atores construam conexões com outros atores; e (3)
permitir que esses atores possam visualizar ou navegar por essas conexões. O site de rede
social é, assim, diferente. da rede social, pois aquele representa esta”. (grifos meus)
mais à frente). A identificação deles, por sua vez, se deu a partir de uma opção minha
pela Análise de Redes Sociais, a qual me permitiu visualizá-los em uma posição
central, destacados dos outros membros.
Na experiência de participante-pesquisador do grupo, pude perceber um
desiquilíbrio na organização da comunidade, acerca da relação entre a quantidade de
membros e a quantidade de conteúdo e interações mobilizadas. Como observador,
nutria alguns pressupostos (claramente!), o que me conduzia a refletir acerca de
possíveis recursos que me auxiliassem a perceber a experiência do campo aplicado
de outro modo que não apenas como uma sensação. Portanto, acreditei que dialogar
com estes protagonistas, através do recurso do grupo focal, seria uma oportunidade
importante para o desenvolvimento desta pesquisa, pois a coleta de posts ou a
utilização um questionário, ainda que importantes, possuem algumas limitações: seja
porque não convidam os participantes a produzir uma metarreflexão sobre o que
dizem e como se posicionam no grupo, seja porque não garantem a negociação de
sentidos entre os envolvidos, respectivamente.
De modo geral, então, entendo que precisei conviver com os dados, intuir,
refletir e compreender a existência de uma dinâmica mais centralizadora naquele
ambiente, atrever-me olhar para o grupo por meio da ARS, para, enfim, propor um
grupo focal a estes membros. Esse processo diz respeito à experiência de pesquisa
como observador-pesquisador, a qual é diferenciada de “apenas” estar no grupo,
como qualquer outro membro.
Desse modo, ao destacar que os objetivos da pesquisa em LA também são
passíveis de compreensão multidisciplinar e multifacetada (CELANI, 1998, p. 123),
a opção por mobilizar recursos variados pode ser capaz de ilustrar questões
sociopolíticas entre espaços micro e macro, “favorecendo o surgimento de novas
conexões, com destaque para aquelas que se dão transversalmente à ordem
disciplinar instituída” (SIGNORINI, 1998, p. 97).
Outro aspecto deveria ser considerado na mobilização de variados recursos
de pesquisa: a singularidade de uma pesquisa realizada em sites de redes sociais.
Visibilizar os espaços mais obscuros em uma pesquisa realizada no meio online, dado
que muito acontece sem que o pesquisador consiga entrever, é uma atividade
complexa. O risco de que dados sejam perdidos em um cruzamento convergente
(DÖRNYEI, 2007, p. 164) torna-se irrelevante quando a possibilidade, na verdade,
é a de que sejam feitas conclusões rasas sem uma análise que contemple as
porosidades das conexões e das redes. E existe tecnologia disponível para este tipo
de geração de dados. Um grande exemplo do uso de ferramentas para compreensão
de redes sociais, na atualidade, é a produção de conhecimento de base qualitativa (e
estratégica, considerando o uso dos dados nas áreas de publicidade, do marketing, ou
79
uma foto de capa nova, um novo post fixado. Antes de adentrar o grupo “Ensinar
português como segunda língua”, na figura de pesquisador, eu já era um membro
dele. Parte do interesse de pesquisa surge de minha experiência como membro-
participante do grupo. Isto é, ainda que antes da pesquisa não houvesse concebido
esse campo a partir de uma atenção interessada, já reconhecia o potencial analítico
que poderia ser instaurado ali.
Para a entrada efetiva no grupo, desenvolvi um perfil específico e me fiz
participante na posição reconhecidamente clara de pesquisador (falarei disso mais
adiante). Como apontam Passos et al. (2010, p. 48), a atenção do pesquisador é uma
performance e não uma competência. “Não se trata de se deslocar num campo
conhecido, mas de produzir conhecimento ao longo de um percurso de pesquisa
envolvendo atenção e criação de territórios de observação” (PASSOS et al., 2010, p.
45). Essa formulação é totalmente análoga à teorização do objeto complexo em
Linguística Aplicada (SIGNORINI, 1998). Portanto,
G Questionário
raízes pivotantes, elas produzem pequenos filamentos que dão a falsa ideia de
rizoma. No entanto, permanecem com um eixo central. Deleuze e Guattari (2011)
afirmam “que toda a cultura arborescente é fundada em árvores”. Nesse desenho,
portanto, o foco não se constrói por meio de um eixo central. E, uma divisão
hierárquica considera procedimentos variados em situação de complementaridade.
O que importa é o contato (propiciado pelas linhas verdes e vermelhas que ligam
um ponto da circunferência a outro, de modo não linear). Do contato surgem linhas
de fuga.
As lupas têm a função de lembrar que as linhas verdes e vermelhas da
circunferência são, na verdade, eixos simbólicos. Elas não existem como verdade.
Elas não são únicas. Na visão microscópica (lupa preta e lupa amarela), percebe-
se que a imagem é transpassada por uma variedade de linhas verdes e vermelhas,
produzindo redes e conexões a todo tempo. As linhas azul-claro, que permanecem
em movimento por detrás dessas imagens, dizem respeito ao plano da existência do
qual a atitude investigativa do pesquisador lança mão (PASSOS et al., 2010, p. 45).
A partir dessa atitude, emerge, com mais nitidez o objeto de pesquisa. Dessa
maneira, entendo que a compreensão de “formação de professores de Português
Língua Estrangeira” se dá em um campo de implicações cruzadas (PASSOS et al.,
2010, p. 19), no qual “aumenta-se o coeficiente de transversalidade, garantindo uma
comunicação que não se esgota nos eixos hegemônicos” (PASSOS et al., 2010, p.
28).
Toda a minha tentativa de marcar possíveis rizomas, como os pequenos
pontos nas visões da lupa, são falhas. Minha imagem falha ao prever encontros e
conexões. A pesquisa pelo viés da emergência não lança mão de hipóteses. De modo
a retificar esse descuido teórico e orientado a manobrar o vetor de caotização
(PASSOS et al., 2010, p. 28), indico (através das letras L e M, mas não somente
nessas) que todos os procedimentos podem rotacionar , como na imagem, suas
horizontalidades e verticalidades, de modo que eu destaque a potencialidade de
fluxos rizomáticos, mas entenda que a imprevisibilidade é que direciona a pesquisa.
Sendo assim, pretendo demonstrar que, na experiência de pesquisa pautada
pela epistemologia da emergência (SOMERVILLE, 2007; 2008), o objeto de
pesquisa passa, necessariamente, por uma ampliação de sentidos. Assim, como
venho destacando, me sirvo de procedimentos e recursos variados para compor
a investigação, como sigo explicando.
85
7 Através dessa alternativa, obtive dispensa do TCLE do Comitê de Ética para os participantes do
grupo, quando gerei dados a partir da observação participante. Para todas as outras formas de participação
na pesquisa, gerei termos de consentimento livre e esclarecido.
87
8 Inicialmente, planejava gerar dados até fevereiro de 2018, como aparece na figura. No entanto,
permaneci no grupo até 20 de abril de 2018, na condição de pesquisador, pois o tempo de colaboração para
os questionários foi maior que o previsto. Além disso, estava em processo de realização de um grupo focal
com os membros protagonistas, nesse mesmo período, o que também alargou o período da pesquisa. Nesse
período, continuei a produzir diários de campo, refletindo minha vivência no grupo.
88
9 Como não é o objetivo desta pesquisa discernir acerca da recepção do post e da figura de
pesquisador no campo aplicado, deixo, como recomendação, um artigo publicado por mim e proveniente
das análises de interação entre pesquisador e participantes de pesquisa no que diz respeito à divulgação
científica: SANTOS, D. A divulgação científica como (des)orientação das pesquisas em Linguística
Aplicada. Revista do Edicc, v. 5, p. 203-212, 2018.
<http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/edicc/article/view/5967/7321> Acesso em: 26 nov. 2018.
89
10 Os dois mapeamentos propostos na Figura 21 ainda estão em fase de produção e, por questões de
tempo, talvez não sejam finalizados até o final dessa pesquisa. O “mapeamento de espaços formativos no
Brasil” (que pretende ser uma releitura do trabalho de FURTOSO, 2015) equivale a uma identificação dos
espaços institucionais no Brasil que oferecem formação presencial/a distância, certificadas, ao
professor/profissional de PLE. O “mapeamento dos espaços formativos online” equivale a espaços formais
e não formais disponíveis ao professor de PLE em sites de redes sociais, blogs, ou outros meios, e que
contribuem para a formação contínua do profissional. Para este segundo, descreverei, nas próximas etapas,
algumas pesquisas que realizei na delimitação do Facebook como campo aplicado, mas que não
correspondem a uma investigação ampla e descritiva dessa rede e de todos os espaços disponíveis.
11 “Entre redes e percursos”: <https://danieldossantosufr.wixsite.com/redesepercursos>.
90
12 Para consultar os diários de campo, contendo a discriminação dos posts gerados durante a pesquisa,
consulte: <https://danieldossantosufr.wixsite.com/redesepercursos/diario-s-de-campo>.
91
A partir desses dados, seria possível identificar (a) a partir de quais temas o
grupo está organizado; (b) por meio de quais temas mais conteúdo é, geralmente,
produzido, em comentários e reações; (c) quais são os perfis que mais postam no
grupo, como autores.
Para a análise discursiva dos posts, selecionei alguns, identificados durante a
realização dos diários de campo (Anexo I), que fossem significativos do ponto de
vista da interação, dado que muitos deles não mobilizavam comentários ou reações.
Ainda que a decisão por não reagir a um post, ou a própria visualização, também
possa ser considerada uma forma de interação, decidi fazer um recorte no que tange
a esse critério.
Durante esse período, também observei a entrada de membros no grupo e
por meio de quais perfis este ingresso de novos membros ocorria. Tais dados me
permitiram mapear o crescimento do grupo. Além disso, também era possível
entender se, a partir dali, haveria algum tipo de protagonismo na construção da
comunidade.
Os recursos de aplicação, por sua vez, caracterizam aqueles utilizados para
interagir com os participantes de pesquisa de forma mais direcionada. Para esses
casos, utilizei questionários e grupos focais.
O questionário direcionado aos membros do grupo foi desenvolvido a partir
do período de observação-intervenção e foi disponibilizado para o grupo no dia 20
de março de 2018, permanecendo aberto no período de um mês, até o dia 20 de abril
de 2018. O questionário foi produzido no Google Forms, tem cinco seções e vinte e
cinco perguntas que versaram entre múltipla escolha (fechada e aberta) e questões
dissertativas. Todas as questões eram obrigatórias. Este questionário está
disponibilizado no Anexo II, assim como o TCLE relativo ao uso de dados deste
92
13 Os TCLEs disponíveis nos Anexos deste trabalho citam a metodologia como sendo uma “etnografia
virtual”. No entanto, como venho apresentando desde a Etapa 1, os objetivos e abordagens foram
repensados e não mais caracterizo a pesquisa nestes termos.
93
Os grupos focais têm três características principais: dizem respeito, de forma exclusiva,
(i) à geração de dados; (ii) a qual ocorre em uma discussão do grupo sobre algum tópico,
permitindo a interação dos usuários entre si; (iii) onde o pesquisador tem um papel ativo
na criação e na manutenção do ambiente de debate, assim como nas interações,
propiciando uma discussão aberto e acessível em torno de um tema de interesse comum
aos participantes (TRAD, 2009).
ISHIDA, 2016; 2018, dentre outros); (ii) pelas caracterizações propostas nas
relações ecológicas (BEGON et al., 2007; PAIVA, 2016); ou ainda (iii) pelas relações
travadas entre os membros do grupo, considerando visões de linguagem,
conhecimento, ensino-aprendizagem e abordagens pedagógicas (SÃO PEDRO,
2016), por meio das quais procuro debater o tema da formação de professores.
Portanto, no que diz respeito aos estudos em Análise de Redes Sociais
mencionados, considero recursos ou elementos que me ajudam a interpretar as e
redes de significação emergentes como medidas de centralidade, conjeturando o
protagonismo de determinados perfis (ou discursos) — leia-se “posição do nó”
(RECUERO, 2014); assim como medidas de rede, as quais me permitem analisar
como se qualificam as conexões entre os membros do grupo, identificando
agrupamentos e assimetrias. Para além dessas, também considero um “segundo nível
de análise” (RECUERO, 2014), procurando ir além da constatação de medidas
observáveis na rede, me abrindo ao que elas me permitem ver e dizer sobre um
determinado contexto. No caso, o “Ensinar português como segunda língua”.
De outro modo, mas também na mesma seara das possíveis análises
envolvendo as relações estabelecidas entre os participantes, considero o Facebook
como sendo um sistema ecológico (PAIVA, 2016), e entendo que o conjunto das
interações mantidas pelos membros do grupo faz com a comunidade seja maior do
que a soma de suas partes (BEGON et al., 2007). Para tanto, procuro expandir as
caracterizações apresentadas no trabalho de Paiva (2016), apresentando uma gama
de outras relações possíveis que se estabelecem em comunidades, assim como
destacando algumas características acerca do desenvolvimento daquelas
apresentadas na obra de BEGON et al. (2007). Para isso, desenvolvi um quadro
(Anexo X), o qual estabelece um paralelo (acredito que, ainda, de forma incipiente)
entre categorias trabalhadas no estudo das relações ecológicas com perspectivas
discursivas travadas nos ambientes online. É importante pontuar que esses elementos
ou recursos teórico-analíticos foram escolhidos porque pareciam explicar os
movimentos observados pelos dados gerados. Isto é, eles não foram previamente
definidos, mas surgiram como uma possibilidade para interpretar como o grupo se
constitui, a partir do que foi vivenciado e observado. Por meio da proposta ou
abordagem ecológica adotada, reitero que
16
Este quadro é inspirado no trabalho de São Pedro (2016). A autora apresenta tais
perspectivas em tabelas, ao longo de sua tese. A partir da organização feita por ela, procuro
sintetizar as mesmas na Figura 23. Para acessar a tabela original, observe o Anexo XI.
100
Acredito ser coerente, nesta etapa do meu trabalho, apresentar questões sobre
formação docente as quais, além de sustentarem minha discussão ao longo deste
texto, permeiam minhas vivências e minhas identidades em meio ao ensino de
Português Língua Estrangeira. Essas reflexões emergiram de modo bastante forte ao
longo de toda a pesquisa e, assim, justificam a sua presença neste estudo,
principalmente porque possibilitaram a constante renovação do meu olhar para o
papel do grupo como espaço formativo. A partir das reflexões aqui trazidas, procuro
revisitar estudos que me convidaram, também, a relançar um outro olhar para a área
de PLE no âmbito da formação de professores, uma vez que essas teorizações,
sempre pensadas de modo situado, auxiliam-se a pensar nos contornos formativos
do grupo investigado.
De forma exemplificada e embasada nos dados gerados, quando possível,
procuro destacar, nesta parte da dissertação: (i) a leitura/interpretação do termo
“Português Língua Estrangeira”, para além dos outros termos, como língua
adicional, L2, segunda língua, “português para falantes de outras línguas”, etc.; (ii)
um olhar para o PLE como área estratégica, assim como uma discussão preliminar
que procurar situar-se em meio a uma bibliografia de estudos acerca da formação
destes professores, trazendo também exemplos de alguns eventos realizados
recentemente; e, por fim, (iii) a reflexão sobre construtos teóricos que sustentem o
conceito de formação docente, dialogando com a realidade de uma formação que se
realiza em convergência com as tecnologias.
A organização dessas discussões é feita em quatro seções principais que
emergem a partir das minhas inquietações sobre o campo de pesquisa em PLE e,
mais especificamente, da formação de professores. Na primeira, destaco a profusão
de termos ligados à noção de português língua estrangeira, uma vez que
101
17
Essa pergunta é mobilizada por Jordão (2013), em seu texto: “ILA – ILF – ILE – ILG:
Quem dá conta?”, publicado na Revista Brasileira de Linguística Aplicada | Belo Horizonte, v. 14,
n. 1, p. 13-40, 2014.
18
Em sequência, PLA: Português Língua Adicional; PFOL: Português para falantes de outras
línguas; PL2: Português como L2 ou segunda língua e PLNM: Português como língua não-
materna.
102
FIGURA 24: Possíveis nomenclaturas para a área de PLE (de acordo com um membro do
grupo/post do EPSL)
como pensar um processo formativo de modo totalizante, ou seja, pressupor que ele
se configure como um produto acabado e completo, repleto de todas essas
características. O processo formativo está sempre em devir, como nós, seres
inacabados (FREIRE, 2004). É o movimento que importa. Nesse viés, para que o
processo se evidencie transformador, penso que seja necessário, por um lado, o
reconhecimento da fragilidade de seu estado sempre lacunar, dinâmico e cheio de
contradições. Paralelamente, mostra-se também relevante buscarmos manter sempre
o movimento, a problematização, para evitar a estagnação ou a perpetuação do olhar
ingênuo, do senso comum (FREIRE, 2004).
Nessa linha, meu olhar analítico e curioso para o grupo me permitiu perceber
que os contornos formativos de seu espaço emergiam em meio ao processo de
contínua constitutividade do grupo, ou seja, em meio às interações travadas pelos
membros. E, desse modo, na medida em que o grupo, a partir do contexto e
propósito de sua existência, também respondia (no sentido bakhtiniano do termo)
às privações sofridas da área. Seguirei discutindo, então, sobre isso. Mas antes, irei
responder a outra questão já colocada: por que formar-se?
O mundo globalizado, do qual a Língua Portuguesa faz parte, é caracterizado
pela economia capitalista neoliberal, pelo intenso fluxo de informações propiciado
pelas tecnologias digitais e pela intensificação dos trânsitos e movimentos de pessoas
— seja pelo aumento de movimentos de migração (forçadas ou não), ou ainda pelo
papel das tecnologias de informação e comunicação, que incitam novas formas de
conceber a realidade e os sujeitos, conectar-se e, portanto, aprender (uma língua
estrangeira, por exemplo). Ademais, o papel econômico e de visibilidade que vem
sendo relegado ao português, nesse cenário, apontam-no como uma língua que
ocupa um papel de destaque em relação a outras línguas (GRADDOL, 2006;
OLIVEIRA, 2009; 2013; SILVA, 2015).
A partir desta caracterização, entendo que a formação de professores de PLE
poderia situar-se em um espaço privilegiado e, possivelmente, aparecer como eixo
integrante de uma política linguística sólida a ser sustentada pelo Brasil, país onde
reside a maior concentração de falantes de português. E, além disso, figurar em uma
posição estratégica na consolidação de projetos de internacionalização, que vêm
sendo amplificados em universidades brasileiras, e que é alvo de bastante interesse
de alunos estrangeiros, principalmente os da América Latina. Além disso, destaco a
necessidade de fomentar uma agenda sobre a complexidade/necessidade de formar
professores nessa área, considerando a conjuntura geopolítica do português
brasileiro (SILVA, 2015), ainda que possa ser notada, em projetos de
internacionalização, uma “ausência de uma estratégia nacional, a falta de sistemas
administrativos eficientes e eficazes, de políticas institucionais e de gestão
108
19
Para participar do projeto de extensão, os graduandos prestam um processo seletivo no
qual um dos pré-requisitos é cursar a disciplina de Português Língua Estrangeira, ainda que ela não
apareça intuitivamente no currículo.
110
20
Obviamente, entendo que a composição dos programas de pós-graduação é complexa e
os quadros docentes nem sempre se limitam às expectativas de pesquisas a serem realizadas, seja
pelo título do programa, linhas de pesquisas ou ainda pelo histórico de formação acadêmica destes
docentes. Portanto, procuro articular que não é minha intenção, nesta problematização, indicar
um distanciamento determinista da área de PLE, na UFRJ, das pesquisas em Linguística Aplicada
– campo de investigação no qual acredito ter sido o ensino de línguas estrangeiras e a formação de
professores de línguas temas de interesse desde o seu surgimento.
111
22
Como opção teórica da autora, PFOL: Português para falantes de outras línguas.
115
FIGURA 27
Mapa 1: Estados com graduação em PLE | Mapa 2: Estados com pesquisas produzidas na pós-
graduação (1980-2014), com base em um mapeamento proposto por Furtoso (2015).
23
“Diálogos sobre as Licenciaturas em Português Língua Estrangeira/Segunda Língua”
<https://www.iel.unicamp.br/br/cartaz02102017>. Acesso em: 17 jul. 2019.
117
além do eixo Rio-São Paulo. Por mais que, historicamente, este eixo se justifique em
iniciativas de professores destas instituições, (re)constituir o PLE como área
estratégica também requer uma caotização nesse domínio e um convite a repensar
as centralidades institucionais que vigoram atualmente.
A partir disso, procuro refletir também sobre o que estamos produzindo nas
pesquisas em PLE (com recorte para a formação de professores). Por sua vez, outro
estudo, não tão recente, publicado por Furtoso (2005), identifica objetivos da
produção de conhecimento em Português Língua Estrangeira, a partir da análise de
uma coletânea de artigos que representam literatura significativa para a área. Mais
uma vez, como a autora menciona, o contexto de PLE “tem sido delineado pelo
caráter extensionista dos conhecimentos produzidos na universidade” (FURTOSO,
2005, p. 124). O Gráfico 2, por sua vez, destaca esse estudo. Nele, é possível perceber
a formação de professores como sendo uma temática bastante periférica na área,
que, como apontado por Furtoso (2005; 2009; 2015), se (re)cria em situações nas
quais a prática (em sala de aula) é central.
118
24
Caderno de Resumos do Congresso da SIPLE de 2017:
<http://www.siple.org.br/images/2017/siposio/caderno-de-resumos-midia.pdf>. Acesso em:
17 jul. 2019.
25
Caderno de Resumos do Congresso da SIPLE de 2018
<http://siple.org.br/images/2018/simposio2018/Caderno2.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2019.
123
A existência dessas duas tendências, por sua vez, considera e dialoga com um
conjunto de características que, atualmente, podemos dizer que estão atreladas ao
lugar aferido ao professor de PLE:
26
Como opção teórica do autor, PLA: Português como Língua Adicional.
124
Nesse sentido, minhas reflexões até aqui tecidas e minha experiência com a
área me levam a acreditar na necessidade e na importância do diálogo e da construção
de parcerias entre os espaços formativos já institucionalizados no Brasil, bem como
de grupos virtuais existentes. Da mesma forma, estabelecer um movimento de
divulgação de narrativas e de rotas alternativas já percorridas por outros profissionais
— caminho que procuro ilustrar nesta pesquisa —, para que as experiências e os
encontros de outros possíveis interessados por essa área não sejam tão dificultosos.
Ora, se existe o anseio por aprender e se formar na profissão, que a gente saiba,
como comunidade de professores de PLE, clarear o caminho daqueles que desejam,
ao menos, se inspirar nos passos daqueles que travaram esse percurso.
Retorno ao potencial formativo das redes sociais, uma vez que é esse o meu
foco de interesse em meio a tantos desafios e privações relatadas. Prossigo, assim,
entrelaçando ideias nessa perspectiva.
Posso dizer que, por algum momento, acreditava que minha experiência com
um grupo se assemelhava a uma relação supostamente “neutra”, como em um
repositório de informações. E, de alguma forma, isso é possível (e acredito ser o caso
de muitos no grupo), uma vez o “Ensinar português como segunda língua” pode vir
a aparecer raramente em suas timelines. No entanto, passei a considerar que “para
além dos objetivos e contingências pedagógicas, estar na rede pode ser
compreendido como um processo de gerenciamento da própria identidade, do estilo
de vida e das relações sociais às quais estamos atrelados” (AMANTE, 2014, p. 35).
Por meio de uma perspectiva menos ingênua, questionei como me relacionava com
a rede e como ela me afetava, tanto em minhas práticas mais cotidianas, quanto em
meu desenvolvimento como professor-pesquisador:
Em sua conexão dinâmica com as demais partes deste trabalho, essa etapa
tem por objetivo promover discussões que possibilitem resposta à primeira pergunta
desta pesquisa:
27
Uma verificação realizada em 20 de junho de 2017 apontava o grupo com 78 membros.
Nos dias atuais (junho de 2019), o mesmo grupo conta com 97 participantes. No dia 8 de outubro
de 2018, esse grupo sofreu uma cisão após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais
no Brasil, a partir de um grupo de pessoas que considerava o espaço também propício para se
discutir as problemáticas resultantes do primeiro turno, advogando que o propósito do grupo não
era político. Esse grupo, que se formou a partir do primeiro, é nomeado “PLE sem limites
”, e conta, atualmente (26 jun. 2019) com 27 membros. Considero sintomático citar essa
experiência, dado que o meu incômodo, apontado no Preâmbulo, sob o uso do termo político (ou
porque o professor se posiciona em termos políticos), parece ser o incômodo de outras pessoas
na área (e também uma situação frequente em outros espaços profissionais-educacionais, ainda
que não seja minha intenção generalizar).
28
Minha participação ocorreu duas vezes em 2016 e uma vez no ano de 2017. Esses
webinários são organizados pela AOTP e são programadas em várias datas, anualmente.
Disponível em: <http://www.aotpsite.net/webinars-2017>. Acesso em: 6 dez. 2018.
136
TABELA 229: Pontos de encontro propiciados pelo tema “Português língua estrangeira”
Ao selecionar o Facebook para esta pesquisa, considerava-o por ser uma rede
que me permitia o acesso remoto de forma mais organizada (espaço online de
construção assíncrona, no caso dos grupos). Também optei pelo Facebook porque a
dinâmica de relações entre os membros me permitia ser afetado pela sua
(re)construção identitária, uma vez que, no Youtube, por exemplo, os comentários
não estão necessariamente relacionados a “outro”-professor, mas ao vídeo. Por fim,
também tornou-se uma opção devido à maior profusão de membros e a um aparente
desejo coletivo por estarem inseridos em uma comunidade de aprendizagem,
conforme apresentei no Preâmbulo. A partir disso, focalizei a pesquisa na escolha
de um grupo do Facebook. Mas qual? Ao que parecia, existiam muitos.
Chegando ao segundo momento em que procurava delimitar o campo desta
pesquisa, agora delimitada pelo Facebook, utilizei duas categorias para a busca, de
forma semelhante ao que fiz com o Google e o Youtube: uma palavra que representasse
língua e outra que oferecesse um direcionamento. Por exemplo, português e estrangeiros.
29
Essa tabela foi produzida em junho de 2017, como parte do repertório apresentado por
mim, na IV Jornada de Educação, Linguagem e Tecnologia, em novembro de 2017
(IEL/Unicamp/Campinas). O título da apresentação foi “Um levantamento de espaços de
formação entre professores de PLE como delimitação de um campo etnográfico virtual”. Para
consultar o resumo: <http://www2.iel.unicamp.br/jelt/>. Acesso em: 26 nov. 2018.
137
Fiz uma busca também com os termos em inglês, porque se trata de uma língua que
aparecia frequentemente em títulos de grupos de português para estrangeiros, por
ser um atrativo, um meio de conexão entre outras línguas, para pessoas interessadas
em aprender o português. Para a entrada “português estrangeiros” na busca,
encontrei 105 páginas e 99 grupos, e, para a entrada “portuguese foreigners”, 112
páginas e 93 grupos. Somente para estas duas línguas — português e inglês —,
havia encontrado 409 possíveis espaços para esta pesquisa. No campo de busca,
optei por não filtrar nenhum resultado, dado que minha intenção com essa primeira
seleção era entender qual a difusão do PLE no Facebook. Ademais, também considero
que esse campo poderia ser maior, pois a existência de grupos na condição secreto
(em privacidade) não aparecem para perfis que não são membros.
A partir dos grupos do Facebook que apareceram na entrada “português
estrangeiros”, fiz uma categorização a partir da área de interesse de cada um deles
para poder compreender os motivos pelos quais aqueles grupos eram formados na
rede. Dos 99 grupos (em português): um grupo foi formado como “clube de fãs de
artistas portugueses e estrangeiros”; cinco grupos tinham um interesse por se
tornarem espaços de conversa entre estrangeiros para praticar português; nove
grupos não apresentaram nenhuma característica marcante, impossibilitando a
categorização e oitenta e três grupos mencionavam interesse por aulas, ensino, ou
traziam consigo nomes relacionados a disciplinas acadêmicas, universidades, ou
alguma marcação de nível de proficiência (A1, B2, intermediário, avançado). De
todos esses, apenas doze grupos possuíam mais de cem usuários e apenas seis deles
mais de dois mil usuários.
Mais uma vez, em paralelo ao que mencionei na Etapa 4, me espantava
quando percebia o quão disseminada poderia ser, ao primeiro olhar, a área de PLE.
Por isso, durante a pesquisa, procurei utilizar variados recursos que me permitissem
dar um passo a mais para além de uma visão ingênua, capturando os espaços e
relações microscópicas para a visão a olho nu. Assim, no que diz respeito ao meu
foco de pesquisa — a formação de professores, seria necessário mais do que uma
categorização.
De todos os grupos observados, uns mais específicos que outros em relação
ao tema (eventos da área, grupos de divulgação de trabalhos acadêmicos ou ainda
grupos voltados para o aprendizado de alunos estrangeiros), eu observava uma
tendência em comum na maioria deles: grupos de privacidade pública e grupos que
atestam o crescimento do número de usuários. A partir disso, poderia dizer que esses
agrupamentos são reflexo de uma área em constante expansão (FURTOSO, 2015).
São construídos diante da necessidade dessas áreas em estabelecerem-se em meio a
práticas e encontros multidirecionais, potencializados pelas conexões online, no que
138
30
Essa tabela foi produzida em 26 de agosto de 2017. Para uma análise mais atual do campo,
sugiro retomar os instrumentos de pesquisa utilizados.
31
Os títulos dos grupos foram mantidos em sua escrita original, como aparece no Facebook.
139
ser realizadas no Facebook, responde à pergunta “Como faço para criar um grupo?”,
de acordo com a Figura 28:
“trocarmos experiências com os nossos colegas (...) uma ferramenta de apoio, para
a qual todos podem colaborar divulgando informações de interesse (...) mas com
algumas regras: por favor, partilhem coisas relacionadas com o ensino de PLE,
P2L, PLH, PLNM; metodologia de línguas estrangeiras e aquisição de segunda
língua”. Sendo assim, a partir do conceito de comunidades de prática, acredita-se que
seus participantes sejam corresponsáveis por sua manutenção e por seu
desenvolvimento (LEFFA; HEEMANN, 2013, p. 75), dado que as interações estão
previstas para ocorrerem a partir da troca e da colaboração. Essa organização ressalta
que as funções atribuídas pelo Facebook podem ser negociadas e ressignificadas, de
forma potencialmente colaborativa.
Na descrição do EPSL, entendia que, por mais que o grupo, a meu ver,
pudesse abranger diferentes práticas e concretizar-se em meio a diferentes propostas,
este possuía alguns direcionamentos: “este grupo é para todos os professores de
português como língua não materna”. Além disso, a descrição também apontava:
145
32
Atualmente o grupo ganhou mais um novo membro nesse conjunto da administração: a
página “Ebook Grátis: O Ensino de Português como Língua Não Materna”
Fonte: <http://bit.ly/32O2HdG>. Acesso em: 23 jul. 2019.
150
O que foi chamando a minha atenção no contato com essas relações “função
no grupo” e “possibilidades de atuação” foi a discrepância envolvida entre o que a
posição determina e enrijece e a prática. Assim, aos membros comuns, ainda que não
estivessem ligados a uma posição de moderação, haveria a possibilidade de
exercerem algum tipo de protagonismo na comunidade, ressignificando o que era
proposto pelo Facebook, em seus termos de organização.
Estas três categorias: administrador, moderador e membro comum são
pré-determinadas pelo site de rede social e, ao ingressarem no grupo, partilham de
funções específicas a serem desempenhadas, assim como limitações para cada uma
delas. No entanto, a condição de protagonista ocorre independentemente dessas
últimas, podendo ser o administrador protagonista do grupo ou não. Trata-se, dessa
maneira, de um papel construído, ou ainda, o resultado de uma legitimação da
comunidade que está muito mais ligada à manutenção de um capital social do que
necessariamente uma estrutura rígida da rede. Isto é, diz respeito ao valor das
conexões estabelecidas no grupo e sua influência em relação a este: relações que
constroem e (con)formam a estrutura (da rede) social (RECUERO, 2009; 2014).
Um desafio e uma limitação metodológicas se impunham nesse sentido, ainda
que minha intuição me permitisse identificar a formação de grupos protagonistas ou
ainda perceber que determinados perfis poderiam estabelecer influência em relação
aos membros comuns. É praticamente impossível mapear todas as interações, de
154
participação. Em um grupo com mais de doze mil membros, isso seria, praticamente,
impossível. A segunda delas, concebida por meio da Análise de Redes Sociais
(RECUERO, 2009; RECUERO; 2014; SILVA; STABILE, 2016), permite que sejam
visualizadas algumas relações que, sem o uso de aplicativos para raspagem de dados,
não poderiam ser vistas a olho nu. Nesse sentido, utilizei o NodeXL para gerar dados
estatísticos que descrevem, numericamente, a porcentagem de participação dos
membros e, posteriormente, o Gephi, para visualizar esses mesmos dados. Além das
questões relativas ao menor tempo despendido, destaco a maior confiabilidade desse
processo de pesquisa na descrição do “que se passa nos intervalos”, dado que o
pesquisador, como aquele que se engaja em um exercício exotópico de abrir-se à
possibilidade de (re)ver suas perspectivas, enxergando-se no outro e pelo outro
(SOMERVILLE, 2008), sabe que “deve aprender muito com a grama (...) [pois é]
no espaço não-cultivado das importâncias culturais e sociais que ele colocará seu
olho e corpo” (COSTA, 2014, p. 72).
Para o reconhecimento das relações na comunidade, as quais, de acordo com
minha observação, diários de campo, intuição e suspeitas indicam uma rede formada
a partir de protagonismos, selecionei aleatoriamente um mês (outubro, 31 dias),
no ano de 2017, para servir como banco de dados para a posterior descrição.
Este banco de dados foi analisado pelas métricas do NodeXL33 e geraram referências
quantitativas que descrevem formas de engajamento realizadas pelos membros do
grupo, assim como a centralidade de determinados perfis, em relação ao grupo. A
nomenclatura utilizada neste aplicativo confere aos membros do grupo a categoria
“nó” e ao laço estabelecido (post, comentário, reação, compartilhamento, etc.) a
categoria “aresta”. De forma visual, uma rede, nesses termos, se assemelha à da
Figura 32:
33
Para mais informações: <http://www.raquelrecuero.com/arquivos/2016/07/nodexl-
para-estudos-de-midia-social-vantagens-e-desvantagens.html>. Acesso em: 27 nov. 2018.
160
FIGURA 3234: Visualização de uma rede de amigos do Facebook por meio do Gephi
34
Fonte: Imagem adaptada de: <http://kateto.net/2014/04/facebook-data-collection-and-
photo-network-visualization-with-gephi-and-r/>. Acesso em: 27 nov. 2018.
161
Salientando o que vem sendo dito, destaco mais uma observação que pode
ser indiciada nas relações travadas no grupo. A formação de uma rede baseada em
perfis protagonistas vai se tornando mais fortalecida na medida em que um pequeno
grupo de perfis é responsável por movimentar a comunidade por meio de novos
posts. Na Figura 38, o índice de protagonismo da rede é acentuado na medida em que
mais de 90% dos 14% de perfis mobilizados no grupo, em outubro de 2017, publica
algum tipo de conteúdo. Como pode ser percebido, todos os nós que são distintos
da cor azul (Figura 38) são aqueles que publicaram nesse período. De forma
sintomática, ao que parece, a experiência de contato com “o outro” e com novas
opiniões, percursos e rupturas vai se tornando pouco produtiva na medida em que
a rede se organiza por meio de um sistema egocentrado.
De forma mais específica, no que se refere aos tipos de posts publicados, a rede
parece se formar em meio a uma rara construção de contato com o meio externo ao
grupo, por meio de hiperlinks. Na Figura 39, é possível perceber que menos de 7%
dos posts publicados promovem uma dinâmica de saída do grupo, uma vez que não
mobilizam hiperlinks. Ainda que essa informação possa ser contrabalanceada por
meio destes endereços eletrônicos, sugeridos em comentários, o que não pude
constatar por meio da ARS, há de se considerar que a rede em questão não se
constrói em meio ao incentivo de uma experiência de movimentação para além
daquele espaço.
Por mais que esta dinâmica indique um tipo de capital social que certamente
me manteve no grupo e construiu meu interesse de pesquisa — visto que eu poderia
identificar “o valor das conexões no grupo e sua influência” (RECUERO, 2014, s/p)
por meio do que era compartilhado, trata-se de uma percepção que construí por
167
meio de um contato superficial e um olhar, nem sempre atento, ao que “de fato”
ocorre no grupo.
Além disso, destaco duas anotações em meus diários de campo (abaixo) — de
dias diferentes —, que também capturavam minha atenção, naquele momento. Como
disse, não parece perceptível uma dinâmica de movimentação de sujeitos e
conteúdos por meio de hiperlinks no grupo. No entanto, essa dinâmica, ainda que
baixa, me mantinha lá, dado que por meio do EPSL eu teria acesso a “mais
informação” do que não estando nele. Em minhas reflexões, pontuava que via links
compartilhados, mas quase nunca eram criados em meio a uma publicação que
incentivasse a troca, mantendo, nessa problematização, uma característica de grupo
como “espaço de compartilhamento de informações” de interesse sobre PLE.
Existem poucos posts que trazem um texto criado pelo próprio autor ou
ainda uma intervenção verbal ligada a um compartilhamento. Podemos
dizer que nem todos tem como intenção direta a “comunicação verbal”,
mas sim, informar, noticiar ou divulgar.
35
Fonte: IBPAD: <http://bit.ly/2MaPiXi>. Acesso em: 24 jul. 2019.
173
36
Fonte: <http://seer.ufms.br/index.php/papeis/article/view/6646>. Acesso em: 24 jul.
2019.
175
necessário que todos tenham em mente que são livres para colaborar, apoiar e
oferecer, em um cenário no qual suas sugestões serão apropriadamente valorizadas
(JENKINS, 2009, p. 6). O pensamento estratégico, nesse contexto, seria uma forma
de encorajamento dessas participações e movimentos de colaboração dentro da
comunidade.
Em relação aos contornos formativos, o EPSL, como pude discutir na Etapa
5, mantém-se organizado por meio de uma dinâmica que pouco propicia o
desenvolvimento de espaços de afinidade (JENKINS, 2009). James Gee, de
acordo com Jenkins (2009), argumenta que esses espaços proporcionam um cenário
no qual “pessoas aprendem e se engajam mais”, uma vez que dispõe de objetivos e
esforços comuns — no caso, formar-se cotidianamente em PLE. Uma vez que a
afinidade seria um exercício de aproximação de possíveis diferenças entre os
membros — desde idade, classe social até relações étnico-raciais, assim como
habilidades e interesses — , esta possibilitaria a troca entre “diferentes”, de várias
facetas, de modo que um se engaje em auxiliar e ensinar o outro (JENKINS, 2009,
p. 10).
Além disso, Jenkins (2009) também aponta que a informalidade e a
provisoriedade das relações que perpassam a tecnologia seriam mais estimulantes do
ponto de vista do contato, da aproximação, da afinidade. Uma vez que o EPSL se
concretiza em meio a um site de rede de social e de uma formação que não prevê
encontros presenciais, certificação e avaliação, as relações travadas nesta
comunidade podem auxiliar os professores a responderem desafios de sua
realidade local — uma situação que figura de forma clara nos temas recorrentes:
divulgação de materiais didáticos, cursos e eventos da área.
Contudo, entendo como necessário destacar que formação de grupos e
comunidades, por mais que eu venha salientando a necessidade de ativar um senso
de participação que se proponha mais colaborativo e responsivo, nos termos de
Bakhtin (2014), deveria ser entendida de forma distanciada de um ambiente que se
concretiza por meio de harmonia ou consensos. Da mesma forma que entendo que
as práticas de benefícios mútuos, de acordo com a metáfora da ecologia, inexistem
desvinculadas de qualquer ação de resistência (BEGON et al., 2007). Assim, como
indica Rocha (2019), não somente podem os grupos apaziguar situações de conflito,
mas, também podem tornar menos evidentes as relações de poder, ainda que elas
sejam inerentes a qualquer relação. A tecnologia, nesse caso, não atua como
alternativa salvadora ou modifica por si só um ambiente centralizador em ações e
práticas mais horizontais. Assim, também os sites de redes sociais podem levar a um
processo de massificação instigado por forças centrípetas (BAKHTIN, 2014) que
177
colaboração, participação e tecnologia, uma vez que são realidades que muitas vezes
respondem, necessariamente, por práticas de comensalismo.
Dado que essas minhas reflexões, em diálogo com esses autores, são
construídas em meio a um caráter propositivo, acredito que as resoluções
identificadas na ARS também sugerem um olhar mais detido nos membros
protagonistas. Portanto, me sinto convidado a compreender, mais de perto, como
e de que forma esses protagonistas contribuiriam (ou não) para o desenvolvimento
179
(ou manutenção) de uma estrutura que ora atua em meio às necessidades mais
“diretas” dos membros do grupo, ora parece estabelecer-se de forma
centralizada. Além disso, para além da ARS — foco desta seção —, procurei suporte
em um questionário para os membros do grupo, de modo que os participantes
pudessem me relatar, de forma mais pontual, como enxergam e entendem o grupo
e sua participação no EPSL: da situação e das possibilidades. Esses dados aparecerão
agrupados na Parte 2 desta Etapa.
Ademais, me instigava também o que a centralidade da rede poderia dizer
acerca das identidades docentes que poderiam veicular-se e construir-se naquela
comunidade. Uma vez que a rede é centralizada em poucos perfis, em poucas
vozes e em um grupo protagonista, seria também a identidade do professor de PLE
que emerge daquelas interações uma realidade que reafirma um movimento
centrípeto, autoritário e reificador de posicionamentos? Sem rupturas, sem
transformações, linhas de fuga? Essa conversa ficará para a próxima Etapa — a
número 6 —, uma vez na próxima sessão irei discorrer um pouco mais sobre quem
são esses perfis que se estabelecem no EPSL de forma protagonista.
180
Neste terceiro momento desta etapa, procuro dialogar com os dados que me
auxiliaram na definição de um recorte de perfis protagonistas. Para além do que já
disse sobre essa função no grupo, entendo que um protagonista é aquele perfil,
inserido na comunidade da rede social, que é central para o desenvolvimento das
interações e para o estabelecimento de relações entre os outros perfis, no grupo.
Assim, quanto maior é a participação de um membro em determinada comunidade,
seja ao postar conteúdos, seja ao reagir a um post ou produzir comentários, maior é
a chance desse membro se tornar protagonista.
Como a rede parecia se concentrar na atuação de determinados perfis e,
muitos outros, apesar de ocuparem uma posição legítima no espaço, não interagirem
em um período decorrido de 31 dias, passei a me concentrar no que faziam os
protagonistas e se o que era produzido por eles podia contribuir para uma
compreensão melhor de como se constituía a minha experiência no grupo.
Conectava-me, nessas perambulações e suspeitas, com textos que debatiam a
posição de perfis centrais em sites de redes sociais e encontrei análises sobre
influenciadores na rede (ISHIDA, 2016; 2018). A nomenclatura influencer é
vastamente utilizada nos dias atuais e, de muitas formas, permitia que eu repensasse
e reconstruísse a relevância de perceber e analisar espaços onde determinados perfis
centralizam conexões. Também me perguntava: esses perfis poderiam falar por mim
e por tantos outros acerca da formação em PLE ou ainda sobre o que é ser professor
na área?
Ishida (2016) aponta algumas características principais desses influenciadores,
os quais ocupam papéis centralizadores na organização das experiências atuais com
os sites de redes sociais, destacando também a eminência de práticas de marketing
digital e dos algoritmos. Para o autor, os perfis influenciadores podem ser:
37
O nome Raimundo aparece na anotação em substituição ao nome original, escrito no diário
de campo. Mais à frente, a partir de uma discussão dos protagonistas à luz da ARS, o leitor irá
verificar que este nome é o mesmo de uns dos perfis indicados como protagonistas.
182
propiciam; (v) pelas menções espontâneas; assim como (vi) pelas conversões
— cliques, vendas online, offline, cadastro em plataforma ou newsletter que mobilizam.
Para o Facebook, e a partir do que o NodeXL e o Gephi me permitiam, eu
entendia que um protagonista seria reconhecido como aquele que mais criou
comentários, mais produziu likes, mais recebeu likes e que possui o maior grau de
modularidade — ou seja, que mais concentra laços com outros perfis e os mantêm
conectados a partir de si mesmo. As sugestões que essa análise me permitiria, ainda
que parecesse estabelecer-se em meio a aspectos puramente numéricos, poderia
oferecer também aspectos qualitativos que permeiam o processo de protagonização
no EPSL.
Assim, ainda acerca do mesmo período de tempo – 31 dias do mês de outubro
de 2017, gerei dois recortes a partir do Gephi, procurando identificar uma análise
mais concentrada da rede, a partir do que considerava protagonistas. O primeiro
(Figura 44 e 45), contando com a mobilização de 50 nós (2,95% visível na rede) e
418 arestas (8,95 visível na rede) e o segundo com a mobilização de 19 nós (1,12%
visível) e 98 arestas (2,1% visível):
esses números, para além de descrever a participação em rede, não são capazes de
inferir muitas questões de ordem discursiva — a não ser o fato de que há uma
protagonização latente nas relações desempenhadas no EPSL —, propus a realização
de um grupo focal para que estes membros oferecessem narrativas acerca de sua
participação como protagonistas. A partir desse grupo focal, me instigava
compreender como os discursos e as identidades docentes são tensionadas nas
interações realizadas, que emergem nos processos de formação contínua e no
cotidiano em que estão envolvidos os membros do EPSL.
No que diz respeito aos perfis participatórios dos membros protagonistas,
identifiquei uma predominância, no recorte 1, de 88% de perfis que produzem
mais comentários, 8% de perfis liker, ou seja, que participam do grupo,
predominantemente por meio de curtidas ou reações; 2% que aparecem marcados
em comentários, o que dá a eles um caráter simbólico ao serem convidados a
interagir em um post determinado por meio de uma menção espontânea (ISHIDA,
2018, p. 264); além de 2% de autores de posts. Nesse período, os protagonistas
receberam 3991 likes, de uma média mensal de 4500 likes, de acordo com os diários
de campo gerados durante o mês de outubro.
muito mais do que oferecem para a comunidade, o que acaba por tornar-se um
movimento bastante coeso em todo o grupo. Talvez, mesmo porque não há muito
“conteúdo” a ser curtido ou comentado — no sentido de que a quantidade de
publicações é baixa em relação à totalidade de membros. Estatisticamente esses
dados se constroem como indícios, que podem ser potencialmente respondidos em
um desenvolvimento desta pesquisa que procurasse dialogar com a maioria dos
membros. Procuro dar o primeiro passo, na última seção desta etapa.
Na coluna que destaca o grau — a quantidade de conexões que cada nó
possui, é possível perceber que a maioria dos protagonistas se reafirma por meio de
um consolidado contingente de conexões estabelecidas. Assim, esses graus podem
ser representados pela medida indegree — número que relações que partem de um
membro até o nó em questão —, ou outdegree, que partem desses nós e se conectam
a outro membro. Para esses 19 perfis, o grau de entrada — indegree — , constrói-
se sempre de maneira mais significativa do que o de saída — outdegree — , uma
vez que, como venho dizendo, a participação dos membros protagonistas se dá
muito mais pela legitimação do que dizem pelos outros participantes do grupo do
que por meio de uma extensa publicação de conteúdos. A mesma relação se mantém
para todos esses perfis. Raimundo e Samuel, por exemplo, possuem um alto grau de
centralidade, mas constroem esse protagonismo porque são alvos de conexões de
entrada e não necessariamente porque oferecem tanto ao grupo — o que também
deve ser entendido de forma relativa, uma vez que, provavelmente, mesmo sem os
valores de entrada, estariam entre os membros de maior participação por meio de
interação no grupo.
Ademais, na Figura 48, tanto Raimundo quando Samuel — perfis protagonistas
já nomeados por mim —, recebem muitas arestas direcionadas a si, o que reafirma
sua relevância a partir do grau de entrada. Perfis como esses são centrais para a
rede, uma vez que apontam um direcionamento bastante claro para a permanência
desses membros em posições de centralidade. Uma vez que não pertencessem a essa
comunidade, a rede, certamente, seria passível de uma reconfiguração que a tornaria
muito distinta do que é atualmente.
Uma particularidade que precisaria de uma observação mais atenta ou ainda de
um recorte de dados maior do que o de 31 dias é a medida de modularidade
(quinta coluna). Esta, por sua vez, indica uma métrica de vizinhança — ou seja, da
tendência de um determinado nó aparecer inserido em determinado grupo. Como o
grupo não tem tantos clusters — agrupamentos de nós em meio a motivações
específicas —, as medidas de modularidade não são tão significativas. De outro
modo, é interessante mencionar que nem sempre os perfis de maior centralidade são
aqueles que possuem maior grau de modularidade, como aparece na Tabela 9.
188
38
Cientistas perseguidos durante a Ditadura:
<http://site.mast.br/ciencia_na_ditadura/index.html>. Acesso em: 24 jul. 2019.
191
MÉDIA DE IDADE 46
(média ponderada)
44,8 anos
(média aritmética)
NACIONALIDADES 66% Brasileira
22% Estadunidense
12% Portuguesa
RESIDÊNCIA 50% Brasil
37,5% Estados Unidos
12,5 Nicarágua
FORMAÇÃO 12,5% Ensino Médio completo
ACADÊMICA
12,5% Graduação em outra área de conhecimento
25% Pós-graduação na área de Letras, Literatura,
Linguística ou Educação
37,5% Pós-graduação em outra área de conhecimento
Com relação ao contato com redes sociais, todos utilizam ao menos uma além
do Facebook. O Whatsapp é a mais comum, seguida pelo perfil no Google+,
Academia.edu e Instagram (Gráfico 6). Além disso, de acordo com os dados gerados
39
Para essa questão, era possível assinalar mais de uma alternativa.
192
PARTICIPANTES DL V S M R DY G C A
DANIEL 4 8 4 20 4 4 4 4
VÂNIA 16 20 16 24 16 16 16 20
SAMUEL 2 3 0 27 0 0 0 16
MANOEL 5 3 4 9 4 4 4 3
RAIMUNDO 24 6 40 20 24 20 20 40
DARCY 8 8 8 8 18 8 8 8
GABRIEL 1 2 1 1 4 1 1 2
CAIO 0 0 0 0 0 0 0 0
ABEL 9 2 24 1 38 0 0 0
40
Com relação ao grupo focal, estaríamos trabalhando com pessoas que não possuem alto
nível de aproximação e contato prévio, o que, de alguma forma, não os tornaria tendenciosos a
estabelecer uma situação de concordância e consenso na utilização deste recurso, como procurei
problematizar na Etapa 3.
195
Além destas respostas mais objetivas, pedi aos membros do grupo que
colaborassem com minhas inquietações oferecendo relatos e narrativas que
direcionassem meu olhar para sua relação com o EPSL e com seus percursos de
formação. Para a conversa estabelecida aqui neste texto, selecionei dez respostas
para cada quatro perguntas realizadas, justificando os objetivos desta Etapa 5
— observar (se, e) como o grupo se constrói e se evidencia como espaço formativo.
Apesar de ter recebido vinte e oito respostas para cada pergunta, selecionei aquelas
que não se limitavam a uma resposta polarizada como “bom”, “ruim”, “sim” ou
“não”, dado que meus questionamentos, e mesmo o propósito desta pesquisa, pouco
têm a ver com constatações.
Portanto, de todas as respostas selecionadas, o cenário complexo parecia a
única constatação que eu poderia inferir, por meio dos relatos gerados. Assim como
no Gráfico 8, múltiplas perspectivas se estabelecem em torno do mesmo tema e
percebia uma grande limitação — talvez como pesquisador ou dos recursos
mobilizados, de captar percepções de modo agrupado. Ao mesmo tempo, poderia
inferir que a área de PLE se instaura por meio de cenários que engajam múltiplas
demandas e provocam múltiplas privações. Por esse motivo, retomo o meu
posicionamento de que há uma necessidade de que o fortalecimento das pesquisas
realizadas no âmbito do Português Língua Estrangeira esteja melhor
articulado e, de maneira estratégica, contribua para minimizar a sensação de
que estamos sempre partindo do zero em nossas investigações.
Para a primeira pergunta selecionada, que abordava a experiência do grupo
no que diz respeito às trocas acadêmico-profissionais, diferentes respostas escrevem
uma narrativa fragmentada dos participantes. O grupo, pelo questionário, parece ser
formado por aqueles que enxergam experiências positivas para os iniciantes na área,
mas também por outros que dizem que a comunidade se estabelece em meio ao
potencial informativo — ainda que pouco informativo. Alguns ressaltam a “atitude
generosa” ao compartilhar materiais, outros dizem haver pouca troca. Uns observam
41
Para essa questão, era possível assinalar mais de uma alternativa.
198
(1) Diferentes olhares geram diferentes ações. Ou seja, algumas postagens têm contribuído
para ampliar o enfoque de algumas aulas.
(2) Foram poucas. Uma vez dei sugestões de músicas numa publicação de um colega. Outra
vez fiz uma publicação a pedir aos colegas para participarem no inquérito para minha
dissertação e muitos prestaram-se a ajudar e comentaram a publicação.
(3) Minha única experiência de troca, diz respeito a um questionário que publiquei no grupo
e que os colegas gentilmente responderam. Normalmente, tendo a informar-me pelo grupo
mais que interagir comentando experiências ou publicando material.
(4) Normalmente não interajo no grupo, mas reflito sobre as discussões e levo alguns materiais
para a sala de aula.
(5) Experiência positiva pois sou nova nestas andanças e neste grupo encontro boas atividades.
(6) Acho que há pouca troca e pouca contribuição nos aspectos de formação. Há, sim, bastante
informação.
(7) Muitas das sugestões consistem em publicitar materiais.
(8) Gosto de ver as atitudes generosas de compartilhar docs e pesquisas
(9) Como não atuo na área, confesso não prestar atenção às postagens
(10) Minha experiência é zero. Nunca participei de nenhuma discussão ou troca no grupo.
(4) Sou pouco participativa no Facebook em geral e neste grupo não é exceção.
(5) Comentei, por vezes. Nunca postei nada.
(6) Praticamente nula.
(7) Fraca.
(8) Não costumo comentar ou publicar.
(9) Como sou nova nestas andanças ainda não participei neste grupo.
(10) Faço comentários e troco ideias, mas raramente participo com materiais.
(1) Não tenho uma opinião bem formada, mas acho que o grupo é bastante ativo e o nível
de interação é bom.
(2) Os membros poderiam interagir mais.
(3) Por vezes partilham coisas sem nexo.
(4) São bastante participativos, têm pessoas que sempre participam.
(5) Alguns engajam-se mais que outros.
200
(6) Vejo que existem pessoas que partilham o seu conhecimento pois fazem as coisas por
gosto e não se importam de dar a conhecer a outros colegas.
(7) Alguns adotam posições mais centrais, outros, como eu, estão mais na periferia.
(8) Acredito que pouca. Talvez falte mais incentivo para participar.
(9) Voltei ao grupo para poder responder esta pergunta e constatei que existe pouca
interação no grupo: poucas postagens relevantes e pouca interação.
(10) Muitos vêm para contribuir ou divulgar algum evento. Todos válidos. Aprecio todos e
aprendo com todos.
O grupo tem implicações para a sua formação como professor de Português Língua
Estrangeira? Se não, justifique. Se sim, diga quais.
aprender...
(4) Não. Apenas vejo informações sobre congressos ou pessoas desorientadas de como
proceder dentro de sala de aula.
(5) Sim, facilita dados sobre encontros de formação e, através das postagens de
colegas, posso ter uma ideia de como os professores trabalham (de
consequência, avalio se estou andando na estrada certa ou não).
(6) Pouca. Quando descobri que a área de PLE na metade da minha graduação, o grupo
serviu para me mostrar que tinha muita gente engajada com isso e que a área é de certa
forma consolidada.
(7) Mantém meu interesse pelo tema, e acho legal ver este mundo de pessoas com o
mesmo interesse, tão diferente do meu cotidiano.
(8) Sim, porque é o único lugar onde se troca a informação que se precisa.
(9) Sim porque me ajuda a encontrar outras formas para abordar um determinado tema!
Pelo qual não seja expositivo.
(10) Penso que as questões relacionadas com o aprendizado profissional são muito vagas,
ainda que reconheça contribuições esparsas e superficiais, como ocorre também em
outras páginas do Facebook não voltadas para o ensino.
Mais certo do que nunca de que essa pesquisa se abre para a complexidade da
formação em PLE, convido os possíveis leitores deste texto a caminharem comigo
em meio a discursos e indícios de identidade que se constroem em meio aos
participantes do “Ensinar português como segunda língua”, na Etapa 6.
Antes disso, porém, arrisco-me a encerrar esta parte do trabalho, sintetizando
as reflexões e fundamentações tecidas e respondendo, de modo sintético, a pergunta
que abriu esta fase do estudo: “Como se constitui e se organiza o grupo
“Ensinar português como segunda língua” enquanto experiência formativa
de professores de Português Língua Estrangeira?”.
A partir do conceito de formação que mobilizo neste trabalho, o qual requer
um processo de “constituição de sua própria vida interior (...) um caráter de encontro
constitutivo” (CARVALHO, 2016, p. 101), entendo que a experiência formativa, no
grupo, se realiza na medida em que interliga e provoca interações entre sujeitos (ou
“daqueles que escolhemos como mestres” (CARVALHO, 2016, p. 182)). Para além
daquilo que considero como desejável ou requerido das ações entre os membros do
grupo, de uma maior profusão de conteúdo e da maior necessidade de estímulos à
participação dos membros, como um todo, deixo de questionar se o espaço se
constitui como formativo ou não, e passo a elucidar o contato que promove entre
muitos, os quais, por sua vez, já ressignificariam o que consideraria a área de PLE e
de como a quantidade de membros, por ela mesma, já refaz minhas preconcepções
sobre a área e de quem pode pertencer a ela. Nesse sentido, aderido ao pensamento
complexo, entendo que o “Ensinar português como segunda língua” se constrói em
meio a relações de assimetria e complexidade, uma vez que o todo é sempre maior
que a soma de suas partes. E o grupo, por sua vez, nunca responderá por si só ao
potencial formativo. A estrutura, nem o site de rede social determinam as práticas.
De outro modo, é por meio da interação entre os membros que passamos a discernir
sobre o que é e como pode vir-a-ser, a partir de um conjunto de paradigmas e
epistemologias, o EPSL.
Ainda que o espaço se construa em meio a centralidades e muitas
participações periféricas, entendo a necessidades destas últimas na formação de um
ambiente significativo, embora, nas análises propostas pela ARS, eu tenha
identificado que muitos membros não causam diferença (direta) para a dinâmica. No
entanto, como fazem parte da comunidade e com esta co-constroem uma realidade
complexa, contribuem, de muitas maneiras, para um exercício de traçar demandas,
privações e necessidades de políticas que beneficiariam não somente os
protagonistas, mas a todos que fazem parte do grupo. Quando penso em benefícios,
torna-se mais fácil justificar o porquê de um espaço como esse vir a congregar tantos
interessados.
205
Entrelaçada às demais, esta etapa tem por objetivo principal indicar possíveis
respostas e problematizações para segunda pergunta desta pesquisa:
Nesta etapa, por sua vez, procurei realizar ações envolvendo possíveis
respostas para a segunda pergunta de pesquisa, buscando contemplar os seguintes
objetivos e ações:
Dessa maneira, procurei sustentar meu interesse por resvalar o escopo das
identidades, uma vez que, durante a pesquisa, me sentia incapaz de desviar o
olhar dessa problemática. O que direcionava meu olhar para esses aspectos não
sei ao certo explicar. Mas sei que essa questão acabava sempre se fazendo presente
em minhas reflexões e indagações. Embora a análise do grupo, em termos de sua
configuração como uma comunidade, já fosse suficiente para dar corpo ao meu
trabalho, mantinha a sensação de que precisava e queria ir um pouco além, para
atender às minhas inquietações como pesquisador e professor. De certo modo,
posso dizer que fui afetado pelo “dito” do grupo, a ponto de eu querer muito seguir
a frente. Por decorrência, nasceu esta etapa.
Neste momento, penso que minha tentativa não é a de me aprofundar nos
posts de forma abrangente, procurando criar uma narrativa que vise a assegurar um
padrão de relações que permeia a comunidade. Não há como uniformizar. Por outro
lado, procuro convidar o leitor a redirecionar seu olhar para uma realidade que se
torna inerente ao processo de construção e desenvolvimento de comunidades que
se configuram a partir da (pro)(di)fusão de ideias:
Assim como não são neutros, os sentidos também não são prévios: estão
sempre em devir, e, no contexto interacional — seja das relações travadas no
grupo, seja daquelas propiciadas pelos recursos que gerei com esta pesquisa,
almejam, ainda que de forma provisória, status de substância. Assim, ancorado e
afetado pelas teorizações bakhtinianas acerca da lingua(gem), entendo que o
enunciado não equivale aos sentidos supostamente estabilizados das palavras e dos
textos, muito menos se reduz à materialidade destes últimos. Portanto, a significação
é fruto da interação e se dá na medida em que os sujeitos se compreendem a si
mesmos por meio do(s) outro(s), com o qual estão sempre em interação. O encontro
entre dois sujeitos passa pela interação, pelo contato, pela transformação do “eu”
através das dinâmicas, tonalidades e experiências do “outro”. É um encontro
“sempre ziguezagueante, transitando pela multiplicidade de coisas e signos que
povoam o momento singular do encontrar-se” (COSTA, 2014, p. 72). Apesar de dar
importância também às individualidades, rejeitando o objetivismo, a teoria
bakhtiniana de linguagem entende que
outros carregando consigo as experiências que têm na área ou, por sua vez, o que
entendem ser mais interessante para o contexto em que atuam e mais conveniente
para seus próprios percursos de formação.
Por isso, retomo a ideia de que “todo enunciado é antes de tudo uma
orientação valorativa”; “todo enunciado implica a alternância entre sujeitos e
falantes”; e, por isso, todas as semioses disponíveis aos sujeitos possuem marcas
ideológicas, fazendo com que os elementos de produção de sentido não somente
signifiquem, mas também avaliem (VOLOSHINOV, 2017). Esses elementos de
sentido tornam-se um repertório de formas, marcas e semioses chamado
lingua(gem). Portanto, não seria a linguagem um sistema de códigos estanques que
serviriam apenas ao caráter informacional, mas sim
tenha conseguido atuar, em seu exercício na área, com base na intuição. Para
preencher essas lacunas que compõe sua formação — desde a graduação até o
doutorado — , ele salientava que “o grupo [o fazia] sentir[-se] um pouco menos
sozinho, pois, no meu caso, por eu não ser da área de língua ou linguística, fico
realmente fora de qualquer possível troca com colegas de área aqui”.
26/03/2018 20:16 - MANOEL: Sem dúvida, o grupo me faz sentir um pouco menos
sozinho, pois, no meu caso, por eu não ser da área de língua ou linguística, fico realmente fora
de qualquer possível troca com colegas de área aqui. O perfil do professor de PLE em SP é
aquele que trabalha com o aluno empresarial, no sistema in company, com uma demanda
muitos específica para cada caso. Eu me pergunto até hoje como, em 2011, consegui dar aula
para alunos de nível intermediário e avançado quase que na base da intuição - eu tinha acabado
um mestrado em literatura portuguesa e não tinha absolutamente com quem falar disso, era
algo em ascensão devido ao crescimento econômico do Brasil. As escolas de línguas, em
grande parte despreparadas, sem qualquer planejamento, sem coordenações de apoio,
realmente, uma verdadeira loucura....
26/03/2018 20:20 - MANOEL: Assim, o grupo me ajuda imensamente, porque, após meu
doutoramento estou aprendendo muita coisa nova. Fui surpreendido completamente pelo
advento da era digital na questão de trabalho, novas ferramentas, aplicativos, uma tecnologia
que não era comum nesses ambientes, pq o acesso à internet não era permitido em mtas
empresas até 2 ou 3 anos atrás. Na minha experiência com grupos em escolas por aqui,
também foi uma catástrofe nesse sentido pois a maioria dos donos de escola é administrador,
não entende nada de ensino de línguas, utiliza materiais horrorosos, sem preparo....peguei um
grupo de alunos no Avançado I em uma escola, eles vinham há um ano fazendo cursos lá,
gente, cada um com deficiência grave em alguma competência.....esses despreparo tem me
assustado e eu tenho tentado de todas as maneiras buscar uma formação melhor, partilhar
minhas próprias experiências, bem como materiais, com outros colegas; pedir ajuda, socorro
e tudo mais....rsssss
26/03/2018 20:20 - MANOEL: Assim, o grupo me ajuda demais mesmo.... 😊
WALLY: Exatamente, não é bastante, não é nem suficiente você ser formado em Letras para
você dar aula de PLE, não é nem suficiente… uma coisa é você dar aula de português para
brasileiros, outra coisa é você dar aula de Português como L2, é uma outra modalidade de
ensino, você não vai ensinar português para estrangeiros da mesma forma que você ensina
português para brasileiro (...)
WALLY: Desculpa… eu fico muito possesso, e eu já fui criticado. Não é radicalismo, fui
muito criticado por esse tipo de postura que eu tenho “ah, você é muito radical” não, não é
radicalismo, é porque… você vai confiar em uma pessoa que fez residência em ginecologia
para te tratar psiquiatricamente? é sério, entendeu? ok, você fez medicina, mas a residência
dele foi outra. Eu acho que você pegar e botar tudo no mesmo saco é você depreciar e diminuir
o trabalho do profissional dessa área e isso me revolta, entendeu? De uma maneira, assim,
muito veemente...
PARTICIPANTES D W Y Z A
DANIEL 38 22 18 18
WALLY 27 4 29 9
YDERZIO 24 5 5 5
ZAIDÉ 20 9 0 27
ABERLARDO 22 38 0 24
Assim, vejo destacar-se uma das crenças apontadas por Furtoso (2009), a qual aponta
que “a formação em metodologia de ensino de línguas estrangeiras é um dos
principais requisitos necessários para o professor de PLE”. Na sequência, a fala de
Wally vai de encontro à ideia de que basta ser nativo para dar aula de PLE, opinião
sustentada teoricamente — a qual ele diz ter sido alvo de críticas e tachada de
radicalismo.
Dada a atuação de Wally também com o ensino de português em situação de
refúgio, ele recupera a ideia de que a metodologia de ensino de línguas estrangeiras
também se ramifica a depender das necessidades dos alunos. Assim, marca que não
bastaria a formação em Letras ou quiçá em PLE, caso o professor envolvido no
ensino de PLAc (Português como língua de acolhimento) não se atente ao grupo que
está trabalhando.
Por sua vez, Wally posiciona-se dessa forma porque diz perceber no EPSL
um conjunto de participantes que não possui perfil para atuar na área, de modo que
o seu entendimento do vir-a-ser professor de PLE parece ser pautado por uma visão
mais centrípeta — mesmo que reconheça , ao mesmo tempo, que está ancorado em
uma visão de língua como prática social (SÃO PEDRO, 2016). Assim, ele
compreende que o ensino de uma língua estrangeira difere à medida que também se
transformam e se especificam a natureza dos aprendizes, assim como suas
necessidades. Da mesma forma, aponta que a formação em língua materna
também não daria conta das necessidades de um grupo de estrangeiros
aprendendo o português como segunda língua.
Sua narrativa — a qual Wally caracteriza como permeada pelo sentimento de
raiva —, sustenta-se em meio a algo que o incomoda de forma “veemente”: “tem que
ser levado muito em consideração e eu sinto que esse senso-comum das pessoas que
eu vejo militando nos Facebook ― obviamente que não são todos.... 12 mil pessoas,
entendeu?”. Assim, diferente do que considera ser professor de PLE ou mesmo de
como entende que atua na condição de docente bem-formado, distancia-se do EPSL
por considerar que percebe interações que se pautam pelo senso-comum, o que não
parece ser uma interação válida para ele no momento em que se encontra (de vida)
ou mesmo para sustentar um aspecto formativo presente no grupo.
Como o número de membros é uma constante em sua narrativa, poderíamos
traçar um paralelo entre sua leitura do grupo e as análises que propus na Etapa 5: há
uma grande massa de pessoas que observam, enquanto um grupo é mais atuante.
Para Wally, assim, o senso-comum parece permear grande parte da comunidade,
“ainda que não sejam todos”. Assim, baseado por uma perspectiva de dominância,
ele entende que a comunidade do EPSL é formada por muitos membros os quais,
ele duvida serem a maioria, de fato, professores de português como segunda língua.
227
Por outro lado, Vânia identifica uma lógica bastante positiva em sua
experiência, ainda que não tivesse formação na área. Pelo desafio da situação, se
sentia estimulada a atualizar-se com mais frequência em PLE. A Língua Portuguesa,
nesse sentido, é um objeto de ensino bastante atraente para ela, uma vez que
reconhece “a beleza dos sons das palavras e os seus diversos significados,
musicalidade de cada sotaque, o surgimento de novas teorias de abordagem”. Seu
agir docente, portanto, em sua narrativa, é um percurso que passou a fazer parte de
sua vida e que permeia sua interação com o mundo de forma prazerosa.
Seu percurso se sustenta na fala de Wally (do episódio 2), quando ele dizia que
o grupo parece ser formado por muitos membros que não “tem perfil de professor”.
Ainda que o itinerário formativo de Vânia tenha um vínculo bastante forte com a
prática, situação na qual a formação também é possível, ele se distanciava daqueles
que tivessem percorrido um caminho “previsto”: formação inicial, seguido de
atuação profissional. Como Furtoso (2015) destaca, muitos dos ambientes
reconhecidos como contextos de ensino-aprendizagem de PLE têm vinculação
direta com a prática (ou a extensão universitária, quando nestes espaços). Assim, ao
que parece, a realidade de Vânia não é passível de defeitos, como ela mesma
destaca, uma vez que se trata de uma experiência bastante comum na área.
No entanto, vale a ponderação de que o desafio enfrentado por Vânia, por
mais louvável que possa ter sido, não necessita ser encarado sempre nesses termos
em outras situações nas quais um profissional interessado pelo PLE venha a
aventurar-se em situações de ensino-aprendizagem. Assim, deve-se considerar que à
Vânia foi possível transitar/migrar para a posição de professora, sustentada pela
condição de nativa — competência que já faz parte de sua constituição como sujeito.
Esta, por sua vez, não tendo sido visto como uma impossibilidade de ocupar a vaga
faz com que a premissa de que para ser professor de PLE não é necessário nada além
da experiência como nativo (FURTOSO, 2009) reifique uma relação de autoridade
deste sujeito — o nativo, para além de um percurso formativo.
230
tenha sido uma abordagem privilegiada: “quero que meus alunos se comuniquem e
uso todas as ferramentas que diz a lei espanhola de educação e a formação que tive
de Cambridge para o ensino do idioma”. Além disso, é sabido que a falta de
parâmetros para o ensino de PLE no Brasil, principalmente, faz com que a área ainda
seja um território bastante inexplorado e sofra muitas interferências de outros
contextos:
Assim, no que diz respeito às interações travadas no grupo, posso dizer que
possíveis identidades do professor de PLE estariam ligadas à apropriação de
abordagens que nascem e se desenvolvem em outros contextos de ensino-
aprendizagem de línguas estrangeiras. Uma vez que a pergunta motivadora identifica
uma relação bastante próxima das abordagens constantemente sistematizadas no
Inglês, podemos dizer que, no que diz respeito ao vir-a-ser professor de PLE, há
uma aproximação bastante grande dos processos constitutivos do professor de
língua estrangeira — inglês e espanhol, mais especificamente — , uma vez que o PLE
não parece ter se desenvolvido como uma comunidade autônoma o suficiente para
propor teorias que façam jus à sua realidade.
Trata-se de uma situação de interferência comum a um agrupamento que
ainda não se desvincula totalmente, fazendo que o processo de migração seja mais
lento, devido à falta de políticas específicas (ALMEIDA FILHO, 2012; MARTINS;
SCHOFFEN, 2017) que não justificassem uma situação de competição com a
dinâmica acadêmica de outras línguas. Isto é, o fato de muitos profissionais que hoje
se estabelecem em PLE possuírem um histórico de formação e atuação nascido na
realidade de outras línguas estrangeiras, faz com venham a ser identificadas muitos
percalços na formação de novos professores, por meio de um percurso mais
autônomo.
234
direcionado ao post principal, do qual seguem 25 replies. Estes, por sua vez, situados
em uma dinâmica de competição. E assim segue. A interação selecionada, por sua
vez, é decorrente do círculo maior, dos 59 replies.
O que mais me chama a atenção na imagem, para além das percepções que o
trabalho de Santos (2018) apresentava, é que a relação de competição gera uma
comunidade mais produtiva ou, ao menos, é um tipo de organização de interações
nas quais uma maior quantidade de comentários é produzida. Logo, uma dinâmica
percebida em uma pesquisa anterior se mantém: a recorrência de discursos
autoritários (SANTOS, 2018) que procuram desautorizar opiniões e
posicionamentos, ainda que teoricamente embasados, por meio da competição.
Além disso, como procurei destacar nos dois grandes conjuntos de replies gerados,
há uma dinâmica a ser desenvolvida no que tange a um exercício de luta por
territorialidade, uma vez que, como vai ser apresentado no decorrer da análise, a
figura do professor procurará ganhar notoriedade frente ao discurso daquele que não
é professor. Através dessas estratégias, um grupo de participantes da “mesma
espécie” se estabelece como dominância, frente a um posicionamento que
235
parece não faz parte daquela comunidade. Na Figura 49, inseri a predação ao
lado da competição, devido ao acirramento das interações que, em muitas das vezes,
procuravam apagar completamente a existência do outro (discurso).
Por um lado, os comentários produzidos em situações de comensalismo
reconheciam a importância do livro para o campo do PLE, elogiavam a iniciativa
dos autores e da editora, ou ainda marcavam colegas que poderiam se beneficiar da
notícia. Ainda que tenha identificado essas interações com base no comensalismo
— por não enxergar um benefício direto para o autor do post, Edna (provavelmente
um funcionário da editora) —, reconheço que essas situações podem dar-se também
através de uma relação de mutualismo, uma vez que a venda do livro geraria lucros
para a editora.
Para a análise, selecionei o comentário com mais replies, situação iniciada por
Bento, também o gerador do outro comentário, o qual rendeu 25 replies. Nesse grupo
de interação, participam cerca de 10 perfis. No trecho selecionado, participam seis
membros, contando Bento, e, nestes seis também estão Raimundo e Manoel, perfis
protagonistas identificados nesta e na seção anterior.
236
me remeto ao Preâmbulo, quando me sentia afetado pelo grupo ter sido definido
como um espaço o qual se constrói apartado da política. Como é a intenção destes
episódios emergentes, procurar aliar as interações aos possíveis indícios de
identidade relacionados à figura do professor de PLE. Será que se sustenta, nesse
grupo, o papel do docente em Português Língua Estrangeira como um ser social
desvinculado da política? Tais situações me faziam refletir. De alguma forma, finalizo
esse trabalho da mesma forma que o iniciei, um pouco mais preparado para refletir
sobre o assunto, mas certo que ainda possuo muitos questionamentos.
De modo a contribuir com essas questões, ressalto mais um dos comentários
gerados nessa publicação (Figura 53), uma vez que resgata o potencial formativo do
grupo, para além do que evidenciei neste episódio emergente. Como destaca
Raimundo, o processo formativo de professores do EPSL se concretiza no “desafio
às certezas”, de modo que seja um convite responsivo para enunciar suas ideias,
posicionamentos e mobilizar a prática que constitui os membros do grupo, em um
exercício de identidade.
Do que compete “ao outro”, “ao estrangeiro”, “ao que vem de fora”, ao
“diferente” ou ao encontro com si mesmo (no espelho), uma comunidade de
professores que partilha de objetivos em comum constrói-se como espaço de
formação em potencial na medida em que, como diz Raimundo, a única certeza que
se mantém é a da constante necessidade de desafiar o que se entende como verdade.
Uma vez que relações como essa se estabelecem, ressaltando esses encontros como
arenas de luta na qual se transformam subjetividades, práticas pedagógicas e as
identidades docentes, seja mobilizado por relações de comensalismo ou ainda
situações em que prevalecem competição e predação, abrem-se ambientes (políticos)
para a problematização, para o olhar crítico: espaços de ressignificações (SÃO
PEDRO, 2016).
Não busquei, nesta etapa, analisar as interações e discursos docentes de forma
exaustiva. Em seu caráter exploratório, no entanto, pude observar e concluir que os
discursos, no espaço do grupo, revelam-se em construções bastante heterogêneas,
margeando entre o comensalismo e a competição. Além disso, também
apresentando acirramentos que permitem a emergência de posições mais autoritárias
no e sobre a comunidade. Essa situação decorre de uma mudança paradigmática pela
qual a área de Português Língua Estrangeira passa, uma vez que, em situação de
clareira, congrega perfis e sujeitos de posicionamentos (bastante) divergentes em
uma mesma arena, quando é o caso.
Como esses discursos e identidades podem ser articulados às particularidades
do grupo em termos de organização? Para mim, uma dimensão complementa a
outra. A partir dos discursos e interações do grupo apresentadas, pode ser observado
que, no que tange à metáfora da ecologia, todos se dispõem de forma semelhante à
estrutura de participação e interação mobilizada pela comunidade — na Etapa 5 —,
na qual há uma centralidade de determinados perfis. De modo que eu pude
identificar que uma pequena parcela dos membros mobiliza, em termos estatísticos,
uma grande produção de conteúdo, torna-se provável acreditar que a dinâmica
discursiva recupere esta ordem, ainda que os diferentes percursos formativos nem
sempre saiam do espaço do “não dito”.
Por meio dessa organização é possível identificar que uma relação bastante
direta entre esta e aquela se confirma, de modo que seja gerada, construída e mantida
uma estrutura de dominância no “Ensinar português como segunda língua”. Isto é,
assim como há uma grande quantidade de membros que não participam das
interações, reflete-se uma dinâmica de laços enfraquecida, com poucos benefícios
mútuos, além de atitudes que indiciem posicionamentos mais autoritários.
242
http://bit.ly/2MKjM2H http://bit.ly/2MKjM2H
http://bit.ly/2YONVjq/ http://bit.ly/2YONVjq
na/pela universidade. Essas trajetórias, por sua vez, refletem meu percurso
hoje sobrevive a duras penas. Faço esse mesmo caminho muitas e muitas
250
https://open.spotify.com/track/2fNi8T6DLiY9SxFnZrhOeV
FIGURA 56: Heaven (Spotify)
variados anúncios e propagandas. Numa das vezes que decidi olhar com
mais atenção pr’aquele suporte, notei que alguns dos panfletos divulgavam
(a) quem são esses professores? (b) quais recursos linguísticos são mobilizados
para o ensino de PLE? Se sim, por quê? Ainda que meu imaginário pudesse
afetivo.
esse pensamento representa como sou e o que sei hoje e que pode ser
mundo veja parte de mim? Não aceitar deixar parte, pelo caminho,
Para finalizar esse texto, por sua vez, aceitei o preço a ser pago pelas
palavras de Lord Henry Wotton: “os poetas não têm tantos escrúpulos
quanto você. Eles sabem o quão útil a paixão é para a publicação”. Trato
desafiador, uma vez que irei produzir múltiplas leituras sobre mim mesmo”
256
história.
colher
dos ramos altos
sem saltar
o fruto sereno
da tua passagem
– como?43
43 Poema de Vasco Gato, em Contra Mim Falo/Poesia Reunida. Lisboa: Coleção Plural, 2016.
257
história de si mesmo que passava a ser contada não somente pelo autor,
2018, p. 39).
pesquisa. O que eu faria, uma vez que estava ciente de que sites de redes
afetado pelas análises que “As redes sociais estão dilacerando a sociedade”
<http://bit.ly/2MKXdur> Fonte: El País
demonstravam o papel de redes
interações online afastam as pessoas do seu mundo offline, mas podem ser
limitada, e por meio da qual múltiplas formas de viver (n)o mundo possam
Por fim, já nas últimas palavras, arrisco dizer que atendi ao que me
posso dizer que aprendi com Somerville (2007, p. 240), nas palavras de
para finalizar este texto. Ele reflete sobre sua própria vida, como cientista,
44 Tradução livre de Somerville (2007, p. 240): “In material thinking: the theory and practice
of creative research, Paul Carter says that ‘When research is synonymous with problem-solving and
crisis management, criteria of success are simplification, resolution, closure’. Creative research has
a different object: ‘It explores the irreducible heterogeneity of cultural identity, the always unfinished
process of making and remaking ourselves through our symbolic forms’ (Carter, 2004, p. 13)”.
259
do automatismo:
questões para a educação hoje. Tradução: Sandra Loguercio. Porto Alegre: Artmed,
2005.
GEE, J. P. The New Literacy Studies: from ‘socially situated’ to the work of the
social. In: BARTON, D.; HAMILTON, M.; IVANIC, R. (Eds.) Situated
Literacies: reading and writing in context, 180-196. London: Routledge, 2000.
GRADDOL, D. English Next: Why global English may mean the end of
“English as a Foreign Language”. Plymouth: The British Council, 2006.
JOHNSON, A. ‘It's Good to Talk’: The Focus Group and the Sociological
Imagination. The Sociological Review, 44 (3), pp. 517 - 538, 1996. Disponível em
<https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1996.tb00435.x>. Acesso em: 3 dez. 2018.
JORDÃO, C. M. ILA – ILF – ILE – ILG: quem dá conta? RBLA, Belo Horizonte,
v. 14, n. 1, p. 13-40, 2014.
JULIANI, D. et al. Utilização das redes sociais na educação: guia para o uso do
Facebook em uma instituição de ensino superior. RENOTE, v. 10, n. 3, 2012.
PORTO, C.; NETO, E. M. G. Uma proposta de uso das redes sociais digitais
em atividade de ensino e aprendizagem. In: PORTO, C.; SANTOS, E. Facebook
e educação: publicar, curtir, compartilhar. Campina Grande: EDUEPB, 2014.
SANTOS, B. S. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências.
Revista Crítica de Ciências Sociais, 63, p. 237-280, 2002.
WINDLE, 2018. Uma perspectiva transnacional sobre língua e educação crítica. In:
PESSOA, R. R.; SILVESTRE, V. P. V.; MONTE-MÓR, W. (Orgs.). Perspectivas
críticas de educação linguística no Brasil: trajetórias e práticas de professoras/es
universitárias/os de inglês. 1º edição. São Paulo: Pá de Palavra, p. 129-136, 2018.
275
ANEXO I:
ANEXO II
Mais informações quanto ao projeto de pesquisa podem ser encontradas através do link:
https://danieldossantosufr.wixsite.com/redesepercursos/apresentacao-1.
Por meio deste questionário, pretendo reunir informações que me possibilitem olhar de
forma mais direta para aspectos relacionados à formação do professor de Português Língua
Estrangeira, assim como dos discursos que atuam na construção de (possíveis) identidades
docentes deste profissional.
Endereço de e-mail:
IDENTIFICAÇÃO
7. Escreva um pequeno texto explicitando sua relação com a área de Português Língua
Estrangeira.
Quinzenalmente
Uma vez por semana
Ao menos três vezes por semana
Todos os dias
Várias vezes ao dia
Outros:
10. Você tem outros perfis em redes sociais além do Facebook? Quais?
Instagram
Twitter
Google +
Whatsapp
Telegram
Academia.edu
Sites de relacionamento
Outros:
11. Como você encontrou o grupo "Ensinar português como segunda língua"?
12. Com que frequência você entra no grupo "Ensinar português como segunda língua"?
Uma vez por mês
Quinzenalmente
Uma vez por semana
Ao menos três vezes por semana
Todos os dias
Várias vezes ao dia
Outros:
13. Há quanto tempo você é membro(a) do grupo "Ensinar português como segunda
língua"?
14. Você poderia indicar uma postagem que foi significativa para você? Comente os
motivos da sua escolha.
16. Comente sua experiência no grupo no que diz respeito às trocas acadêmico-
profissionais realizadas entre os colegas?
282
17. Como você avalia sua participação no grupo postando conteúdos ou comentando
publicações?
18. Quais são suas percepções sobre o engajamento dos colegas em publicações e
compartilhamento de informações?
19. Você produz materiais para suas aulas de Português Língua Estrangeira ou utiliza
materiais já disponíveis? Caso a segunda afirmação seja verdadeira, dê alguns exemplos.
20. Onde você encontra mais materiais de Português Língua Estrangeira disponíveis?
Bibliotecas
Em lojas virtuais para venda
Disponíveis gratuitamente online
Em sites institucionais da área de Português Língua Estrangeira
Com colegas
Em sites de redes sociais
Outros:
21. Quando procura alguma informação da área de Português Língua Estrangeira você se
sente satisfeito com o que encontra no grupo?
22. O grupo tem implicações para a sua formação como professor de Português Língua
Estrangeira? Se não, justifique. Se sim, diga quais.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
ANEXO III
O Facebook como recurso na formação contínua entre professores de Português Língua Estrangeira na
contemporaneidade
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este
documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus
direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e
outra com o pesquisador.
Meu nome é Daniel dos Santos, sou licenciado em Letras Português-Inglês pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de aluno regular do Mestrado em Linguística
Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Há algum tempo trabalho
com temas relacionados à formação inicial de professores de PLE e das relações destes
com a tecnologia. Estimulado pela relação de ubiquidade entres sites de redes sociais no
contexto de (super)mobilidade no qual estamos inseridos, pretendo, com esta investigação,
compreender como se dão as relações tangenciadas pela formação entre profissionais da
área e professores no Facebook.
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se
houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o
pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou
outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou
prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.
Procedimentos:
A sua participação na pesquisa consistirá na participação como respondente de um
questionário, o qual apresenta perguntas que versam sobre sua posição de membro do
grupo “Ensinar português como segunda língua”. Sendo assim, espero que você possa
46
Termo direcionado aos membros do grupo “Ensinar português como segunda língua”
284
Sigilo e privacidade:
Sua participação nesta pesquisa é muito importante, mas é voluntária. Você pode
optar por não participar ou recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir em
qualquer momento sem nenhum prejuízo. Informo que as respostas geradas serão
utilizadas apenas para fins acadêmicos e que você não será identificad@. Para tanto,
substituirei todos estes por nomes fictícios.
O pesquisador, dessa forma, se compromete em manter a confidencialidade na
identificação pessoal dos participantes e os resultados serão divulgados de maneira
agrupada, no que concerne às análises qualitativas.
Benefícios e Riscos:
Sua participação no estudo não lhe trará benefício direto, porém contribuirá para o
aumento do conhecimento sobre o assunto estudado e os resultados poderão auxiliar a
realização de estudos futuros. Não são conhecidos riscos associados aos procedimentos
previstos, sua participação no estudo é totalmente voluntária, e a não participação ou
desistência após ingressar no estudo não implicará em prejuízo.
Ressarcimento e Indenização:
Não há nenhum gasto previsto. Se você sofrer qualquer dano, previsto ou não neste
termo, decorrente da pesquisa, terá direito à indenização por parte do pesquisador e das
instituições envolvidas. Você receberá também, em caso de danos, assistência integral e
imediata, gratuitamente, pelo tempo que for necessário.
Contato:
Caso você tenha alguma dúvida em relação à pesquisa, você poderá contatar o
pesquisador a qualquer momento. O pesquisador responsável é o Mestrando Daniel dos
Santos. Todas as formas de contato seguem no final deste termo. Agradeço a sua atenção
e coloco-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas
do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UNICAMP, das 08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua Tessália
Vieira de Camargo, n° 126, CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou
(19) 3521-7187; e-mail: cep@fcm.unicamp.br.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do Participante
Nome do Participante:
Contato telefônico:
E-mail (opcional):
Data: ____/____/____
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do Pesquisador
Daniel dos Santos
Contatos do Pesquisador:
ANEXO IV
Identificação:
Idade:
Curso:
Instituição:
Usuário do Facebook desde:
Proficiência em outros idiomas:
Qual é seu interesse pela área de PLE?
Você é professor de PLE ou alguma LE? Se sim, onde? Desde quando?
2. Com que frequência e de que modo você acessa o Facebook (celular e/ou navegador)?
4. Quais são, em sua opinião, as diferenças entre o Facebook e um AVA como recursos
em uma disciplina para o curso de Letras?
5. Você acredita que o grupo era um espaço para você postar o que quisesse? Se sentia à
vontade fazendo isso? Por quê?
6. Quais são suas percepções sobre grupos de professores e (ou) profissionais da área de
PLE (e também outras áreas) como estímulo para a formação docente?
Outras considerações:
287
ANEXO V
Identificação:
Idade:
Curso:
Instituição:
Usuário do Facebook desde:
Proficiência em outros idiomas:
Qual o seu interesse pela área de PLE?
Você é professor de PLE ou alguma LE? Se sim, onde? Desde quando?
2. Com que frequência e de que modo você acessa o Facebook (celular e/ou navegador)?
3. Quais são suas percepções sobre grupos de professores e (ou) profissionais da área de
PLE (ou outra LE) como estímulo para a formação docente?
4. Você acredita que o grupo é um espaço para você postar o que quiser? Se sente à vontade
fazendo isso? Por quê?
Outras considerações:
288
ANEXO VI
Mais informações quanto ao projeto de pesquisa podem ser encontradas através dos links:
https://danieldossantosufr.wixsite.com/redesepercursos/apresentacao-1
https://danieldossantosufr.wixsite.com/redesepercursos/primeiros-apontamentos
Por meio desse questionário preliminar, pretendo estabelecer um perfil dos protagonistas
do grupo e entender quais relações estão estabelecidas previamente. Depois deste,
realizaremos uma interação através de um grupo do Whatsapp.
Endereço de e-mail:
Esta seção é caracterizada por traçar possíveis relações entre os membros do grupo focal.
Baixe o arquivo através do link e destaque o um número para cada relação "questão versus
participante", atribuindo esse valor como a resposta da questão.
289
https://drive.google.com/file/d/1nxQ49jfMK65-
OluNstOGpISZnsHmxuZa/view?usp=sharing
IDENTIFICAÇÃO
Outros:
10. Quais são suas percepções sobre grupos de professores como estímulo para a formação
docente?
11. Como você encontrou o grupo "Ensinar português como segunda língua"?
13. Em sua opinião, há algum tipo de restrição em relação a postagens no grupo? Em caso
positivo, em que sentido?
ANEXO VII
47
O quadro é editável: toda vez que mais um participante fizer parte do grupo focal,
acrescenta-se uma coluna igual às anteriores. Essa tabela foi um pré-requisito para a realização de
todos os grupos focais.
292
ANEXO VIII
O Facebook como recurso na formação contínua entre professores de Português Língua Estrangeira na
contemporaneidade
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este
documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus
direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e
outra com o pesquisador.
Meu nome é Daniel dos Santos, sou licenciado em Letras Português-Inglês pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de aluno regular do Mestrado em Linguística
Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Há algum tempo trabalho
com temas relacionados à formação inicial de professores de PLE e das relações destes
com a tecnologia. Estimulado pela relação de ubiquidade entres sites de redes sociais no
contexto de (super)mobilidade no qual estamos inseridos, pretendo, com esta investigação,
compreender como se dão as relações tangenciadas pela formação entre profissionais da
área e professores no Facebook.
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se
houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o
pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou
outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou
prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.
Procedimentos:
48
Termo direcionado aos membros protagonistas do grupo “Ensinar português como
segunda língua”
293
Sigilo e privacidade:
Sua participação nesta pesquisa é muito importante, mas é voluntária. Você pode
optar por não participar ou recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir em
qualquer momento sem nenhum prejuízo. Informo que as postagens serão utilizadas
apenas para fins acadêmicos e que você não será identificad@. Utilizarei um programa de
edição de imagens responsável por marcar como anônimas os autores de posts e
comentários, assim como as referências nominais que aparecerem em comentários. Para
tanto, substituirei todos estes por nomes fictícios.
Na realização do grupo focal, farei anotações escritas e utilizarei o Whatsapp como
meio de possibilitar as interações, seja via áudio, vídeo ou simplesmente escritas. Para isto,
utilizarei um aplicativo que faça uma leitura da tela enquanto o grupo focal, realizado de
forma online, se dá. Assim sendo, armazenarei a transcrição da gravação, cujos dados
poderão ser utilizados em estudos futuros.
O pesquisador, dessa forma, se compromete em manter a confidencialidade na
identificação pessoal dos participantes e os resultados serão divulgados de maneira
agrupada, no que concerne às análises qualitativas.
Benefícios e Riscos:
Sua participação no estudo não lhe trará benefício direto, porém contribuirá para o
aumento do conhecimento sobre o assunto estudado e os resultados poderão auxiliar a
realização de estudos futuros. Não são conhecidos riscos associados aos procedimentos
previstos, sua participação no estudo é totalmente voluntária, e a não participação ou
desistência após ingressar no estudo não implicará em prejuízo.
Ressarcimento e Indenização:
Não há nenhum gasto previsto. Se você sofrer qualquer dano, previsto ou não neste
termo, decorrente da pesquisa, terá direito à indenização por parte do pesquisador e das
instituições envolvidas. Você receberá também, em caso de danos, assistência integral e
imediata, gratuitamente, pelo tempo que for necessário.
Contato:
294
Caso você tenha alguma dúvida em relação à pesquisa, você poderá contatar o
pesquisador a qualquer momento. O pesquisador responsável é o Mestrando Daniel dos
Santos. Todas as formas de contato seguem no final deste termo. Agradeço a sua atenção
e coloco-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas
do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UNICAMP, das 08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua Tessália
Vieira de Camargo, n° 126, CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou
(19) 3521-7187; e-mail: cep@fcm.unicamp.br.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do Participante
Nome do Participante:
Contato telefônico:
E-mail (opcional):
Data: ____/____/____
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do Pesquisador
Daniel dos Santos
295
Contatos do Pesquisador:
ANEXO IX
20/03/2018 18:28 - As mensagens enviadas a este grupo estão agora protegidas com a criptografia
de ponta-a-ponta. Toque para obter mais informações.
20/03/2018 18:28 - Você criou o grupo "Grupo Focal "EPSL""
20/03/2018 18:30 - Daniel dos Santos: Boa tarde, prezados!
Criei esse grupo, como combinado, para que pudéssemos interagir através de um grupo focal. A
proposta é a que a gente siga passo a passo, três procedimentos. O primeiro deles será o
preenchimento de um formulário que procura analisar o perfil de vocês como profissional e no
grupo. O segundo deles aparece no próprio questionário, estará na página 2 do link que envio
abaixo e vocês irão respondê-lo baseado na aproximação que tem de cada um dos participantes
deste grupo do Whatsapp. As instruções estão no questionário. Para essa parte, é importante que
vocês se apresentem aqui para facilitar essa tarefa. Por fim, irei propor algumas perguntas para
nosso debate onde a participação de todos é mais do que bem-vinda.
Espero que esse momento possa ser enriquecedor para todos nós!
Por favor, não se esqueçam de me enviar o TCLE assinado, por email até o fim da realização deste
grupo focal. Pensei em deixá-lo ativo ao menos por uma semana para que as pessoas possam
interagir sem pressa e no momento que preferirem. O prolongamento ou o encerramento prévio
poderá ser uma decisão coletiva.
Qualquer dúvida, não hesitem em perguntar. A interação, como pede o grupo focal, é organizada
por perguntas de pesquisa. No entanto, é também recomendado que vocês possam interpelar uns
aos outros. Acredito que, dessa forma, poderemos tirar boas conclusões.
20/03/2018 23:51 - Daniel dos Santos: Sinta-se à vontade, Caio! O grupo é para isso mesmo.
Inclusive, para a segunda página do questionário, é importante que vocês saibam quem são uns
aos outros para poder responder
21/03/2018 10:48 - Daniel dos Santos: Bom dia! Iniciando esse espaço de apresentação dos
participantes, deixo a minha pequena biografia. Como vocês sabem, meu nome é Daniel dos
Santos, me formei no curso de Letras na UFRJ (Brasil), e atualmente faço mestrado em Linguística
Aplicada na Unicamp. Trabalho como professor de PLE desde 2013 e estou vinculado atualmente
ao curso de Português para Estrangeiros do Nucli-Idiomas sem Fronteiras da Unicamp.
21/03/2018 10:50 – Caio: Bom dia! Sou Caio, sou mestre em Linguística Aplicada pela UnB e
atualmente professor de Português como Língua Adicional em um curso de idiomas aqui em
Brasília-DF.
21/03/2018 14:10 - Daniel dos Santos: Que legal, Caio! Você fez a graduação no Português
Segunda Língua?
21/03/2018 14:20 – Caio: Sim. PBSL
21/03/2018 15:08 – Vânia: Olá pessoal, meu nome é Vânia, sou formada em Direito e tenho um
MBA.Trabalho como professora de PLE desde 2006 no Centro Cultural Brasil Nicarágua (CCBN)
vinculado à Embaixada do Brasil em Manágua. Também sou a diretora do CCBN e coordenadora
da aplicação do exame CELPEBRAS.
21/03/2018 15:10 – Caio: Tendo vagas, pode me chamar haha
21/03/2018 15:22 – Vânia: 😂😂
21/03/2018 15:47 - Daniel dos Santos: Que ótimo, Vânia!! Tem um grande tempo de experiência
com o PLE. Vai ser ótimo pra gente conversar
21/03/2018 15:52 – Vânia: Vai ser mesmo
21/03/2018 18:03 – Raimundo: Eu sou Raimundo e trabalho nos EUA com o ensino de PLE
desde 1997.
21/03/2018 18:07 – Caio: Raimundo é referência!
21/03/2018 18:07 – Caio: Acho muito bacana a AOTP.
21/03/2018 18:11 – Raimundo: Obrigado, mas eu sou só a cara ou o nome de uma equipa de
voluntários fantásticas. Eles trabalham muito. :)
21/03/2018 18:14 - Caio: Imagino
21/03/2018 18:14 - Caio: Falei a pouco com a Vânia
21/03/2018 18:14 - Caio: Ela está em Nicarágua
21/03/2018 18:15 - Caio: Assim como falo contigo, aceito oportunidades pelo mundo todo.
21/03/2018 18:15 - Caio: Sou apaixonado pelo que faço, mas tenho apenas 26 anos
21/03/2018 18:21 - Raimundo: Combinado :)
21/03/2018 18:22 - Caio: Posso anotar o telefone de vocês?
21/03/2018 18:23 - Raimundo: Podes
21/03/2018 18:57 - Gabriel: Olá a todos
Sou Gabriel, sou professor desde os 14 anos, e de PLE desde 2011
21/03/2018 19:01 - Manoel: Oi, gente, td bem?
Sou Manoel, trabalho com PLE no Brasil - em SP, especificamente, desde 2011.
21/03/2018 19:01 - Manoel: Meio fora da curva se comparada ao pessoal da área, terminei um
doutoramento em Literatura Portuguesa pela Universidade de SP no ano passado. Depois de me
dedicar por 1,5 à finalização desse doutorado, voltei às aulas de PLE em jul-17, e tenho tido
experiências incríveis desde então.
21/03/2018 19:03 - Gabriel: Daniel, eu ainda não consegui responder o questionário e enviar o
contrato, desculpe. Pretendo fazer isso amanhã🙂
21/03/2018 19:20 - Samuel: Olá! Sou Samuel e trabalho com PLE desde muiiito tempo, antes de
existir o Celpe-bras. Iniciei com os projetos pilotos que seriam denominados PEG-G/PG. Bem,
aqui estou e espero colaborar!
21/03/2018 19:31 - Caio: Pelo visto sou o mais novo na área
298
23/03/2018 11:17 - Daniel dos Santos: Bom dia, Manoel! Eu abri aqui o meu email e vi que tinha
chegado sua solicitação para baixar o arquivo, já concedi
23/03/2018 11:18 - Daniel dos Santos: Quer que eu te envie por email?
23/03/2018 11:21 - Manoel: Acho que agora deu certo....eu copiei e só agora vi que havia esse
arroba na frente.... desculpe!
23/03/2018 11:22 - Manoel: Verifique se chegou td certo, Daniel...
23/03/2018 11:24 - Daniel dos Santos: Ainda não recebi, só abriu o documento da tabela, que
aqui que você está preenchendo
23/03/2018 11:26 - Manoel: Preenchi tudo ontem e essa tabela dos protagonistas agora mesmo....
acabei de compartilhar no email acima...
23/03/2018 11:28 - Manoel: O questionário está certinho! Acabei de conferir. Essa tabela aqui
aparece só a primeira página preenchida, por isso perguntei...
23/03/2018 11:29 - Manoel: A qual tabela vc se refere, Daniel, desculpe....
23/03/2018 11:29 - Daniel dos Santos: A dos nomes dos participantes
23/03/2018 11:30 - Manoel: Ela está completa para mim....
23/03/2018 11:30 - Manoel: Foi assim que partilhei com vc....deixa ver se consigo salvar de outra
forma...
23/03/2018 11:30 - Daniel dos Santos: Você pode baixar e me enviar por email? É que aqui só
aparece preenchido os quatro primeiros, perdão!
23/03/2018 11:30 - Daniel dos Santos: Tudo bem, obrigado!
23/03/2018 11:31 - Manoel: Como eu baixo - desculpe minha inabilidade, mas eu sei mexer muito
pouco nessas ferramentas do google
23/03/2018 11:33 - Daniel dos Santos: Acredito que vai aparecer na barra de cima "arquivos", aí
você clica, depois "download como" "documento word"
23/03/2018 11:33 - Daniel dos Santos: Não tem problema
23/03/2018 11:33 - Daniel dos Santos: Vou enviar a tabela por você por email, também, baixada
23/03/2018 11:35 - Manoel: é que não quero preencher novamente, Daniel
23/03/2018 11:35 - Manoel: Ela está preenchida
23/03/2018 11:35 - Manoel: Precisamos descobrir uma forma de eu te enviar, não é possível baixar
por aqui...
23/03/2018 11:36 - Daniel dos Santos: Tudo bem! Só para confirmar, então, foram nove colunas
que você preencheu né?
23/03/2018 11:37 - Daniel dos Santos: A barra não aparece para você?
23/03/2018 11:37 - Manoel: Preenchi as duas páginas e coloquei meu nome no final....
23/03/2018 11:38 - Manoel: compartilhei mais uma vez com vc, quem sabe não tenha atualizado
agora...
23/03/2018 11:38 - Manoel: Qdo abro o arquivo que vc me enviou, aparece preenchida
completamente, Daniel....
23/03/2018 11:40 - Daniel dos Santos: É, ainda recebi aqui com as perguntas sobre quatro nomes
preenchidos e seu nome, só que embaixo do seu nome tem a segunda parte, que aparece em
branco.
23/03/2018 11:45 - Manoel: Daniel, acho que é meu computador
23/03/2018 11:46 - Manoel: Desculpe pelo monte de msgs.... vou tentar acertar e te aviso....
23/03/2018 11:46 - Daniel dos Santos: Não tem problema nenhum, Manoel! Qualquer coisa que
precisar, só avisar
24/03/2018 10:52 - Daniel dos Santos: Bom dia! Enquanto quem não terminou o questionário ou
me enviou o termo não o faz, vou deixar uma pergunta para que possamos ir debatendo sobre o
assunto...
24/03/2018 10:53 - Daniel dos Santos:
300
26/03/2018 10:01 - Daniel dos Santos: Bom dia, se alguém estiver tendo algum problema com o
questionário ou o arquivo pra preencher com as avaliações numéricas, só me avisar.
26/03/2018 10:01 - Daniel dos Santos: Estou enviando aqui, mais uma vez, a pergunta que pode
alimentar nosso debate 😊
26/03/2018 10:02 - Daniel dos Santos:
26/03/2018 10:29 - Caio: Creio que o grupo em si nos mostra outras perspectivas/olhares sobre
o ensino. O ensino de PBLA não há parâmetros definidos, o que nos mostra de forma clara que
os diálogos ajudam na construção de novas crenças.
26/03/2018 10:47 - Samuel: Não recebi o arquivo com as avaliações numéricas. Respondi o docs
e recebi o e-mail consentimento, apenas. Abcs
26/03/2018 11:50 - Daniel dos Santos: Está na segunda página do questionário, Sanuel! Mas eu
posso te enviar novamente
26/03/2018 11:51 - Daniel dos Santos: Você poderia dar algum exemplo sobre essas novas
crenças, Caio?
26/03/2018 11:56 - Caio: Me refiro sobre práticas docentes
26/03/2018 11:56 - Caio: Desde abordagens até aplicação de exercícios
26/03/2018 11:56 - Caio: Lá no grupo ocorre muito isso
26/03/2018 11:57 - Caio: Dúvidas sobre temas, níveis e exercícios adequados
26/03/2018 11:57 - Caio: Você ouvir outro professor é absorver a crença de práticas docentes
dele.
26/03/2018 12:39 - Daniel dos Santos: Entendi! Você acredita então que essa relação contribui
para a formação de professores “menos experientes" na área? De que forma?
26/03/2018 13:05 - Raimundo: Quando eu estava no mestrado e doutoramento, uma das coisas
que mais me frustrava era descobrir uma chamada de trabalhos uns dias depois de ela ter terminado
ou um evento depois de ele ter ocorrido. Perdi muitas oportunidades de formação profissional por
causa disso. Uma das razões que criei o grupo foi para fazer circular o máximo de informação da
forma mais rápida possível entre o máximo de pessoas. Hoje em dia, recebo muitas chamadas e
anúncios de oportunidades e compartilho tudo.
26/03/2018 13:07 - Raimundo: Quando posso e tenho conhecimento, gosto de responder às
perguntas dos colegas e às vezes “desafiar” afirmações taxativas ou absolutas e entrar num diálogo.
Também compartilho muito do que eu faço que espero ajude os colegas.
26/03/2018 13:08 - Raimundo: Recebo muitas dicas e mantenho o meu material atualizado através
das dicas que muitos colegas compartilham, a quem eu fico muito agradecido.
301
No meu caso, sou o único professor de PLE no meu departamento e o nosso programa de
Português é o único no estado. Participar no grupo me tira desse isolamento profissional.
26/03/2018 15:39 - Darcy:
http://homepages.dcc.ufmg.br/~angelo/webquests/metaforas_imagens/Campifires.pdf
26/03/2018 15:47 - Raimundo: Puxa Darcy, que coisa mais bonita.
26/03/2018 15:48 - Darcy: 😊❤
26/03/2018 15:48 - Raimundo: A professora M. fez um perfil do professor de PLE e esse
isolamento foi o traço mais forte. É solitário mesmo para muitos colegas.
26/03/2018 15:51 - Raimundo: Através do NCOLCTL quero lançar um projeto que promova
uma cooperação no campus entre professores das LCTs porque esse isolamento afeta todos e se
vamos estar sozinhos, devemos estar sozinhos todos juntos eheheh quero ver se conseguimos
gerar qualquer coisa do estilo da Annenberg Foundation
26/03/2018 19:48 - Manoel: Respondendo a pergunta: o que mais me chama a atenção no grupo
é a qualidade das postagens. Na maior parte das vezes, quando algum colega pede um material,
posta uma dúvida ou pergunt sobre qualquer assunto relaiconado à nossa carreira, sempre há um
302
profissional qualificado dentro do grupo pronto a responder e partilhar sua experiência, ideias,
atividades etc.
26/03/2018 19:55 - Manoel: Em segundo lugar, o que sempre me chamou a atenção do grupo foi
a moderação do Raimundo. Ele está sempre muito atento a algumas discussões, repassa muita
coisa interessante da área - congressos, vagas, textos e matérais interessantes - e não permite que
os membros desrespeitem as regras. Já desisti de város grupos sobre o tema pq, por falta de
moderação, vira uma balbúrdia completa, um monte de propagandas sem sentido e que não dizem
respeito à temática. A moderação, nesses tipos de grupo, me parece fundamental. Também nos
permite publicar propagandas sobre nosso trabalho, sobre vagas, acho muito legal essa parte. Não
conheço outro grupo, por exemplo, que tenha conseguido concentrar tantas vagas interessantes
ao redor do mundo. Para mim, é muito interessante pq terminei meu doutorado há alguns meses
e estou em busca justamente de uma posição profissional, em outro país, para ter essa nova
experiência....assim, estou sempre de olho nas postagens, salvo as mais interessantes (com dicas
boas de materiais e didáticas)
26/03/2018 19:56 - Manoel: Concordo, Caio.
26/03/2018 20:10 - Manoel: Concordo. O grupo traz olhares muito diversos sobre o ensino de
português ao redor no mundo e, como no meu caso, em um país que tem o português como
idioma nativo. São perspectivas diferentes que se complementam muito e que fazem dispersar
qualquer laivo de preconceito linguístico, já que as discussões são de alta qualidade. Os debates me
fazem pensar muito nas variantes linguísticas brasileiras e reavaliar meu próprio preconceito, por
ex., quando um aluno me pergunta se deve pronunciar o r o s de tal maneira; se deve falar mais
formal ou informal; ou porque o português de Portugal lhe soa incompreensível quando ele
aprende a variante brasileira etc....
26/03/2018 20:12 - Manoel: Vou ler o texto, Darcy, mas pelo que vc disse, também penso isso do
grupo.... 😀
26/03/2018 20:16 - Manoel: Sem dúvida, o grupo me faz sentir um pouco menos sozinho, pois,
no meu caso, por eu não ser da área de língua ou linguística, fico realmente fora de qualquer
possível troca com colegas de área aqui. O perfil do professor de PLE em SP é aquele que trabalha
com o aluno empresarial, no sistema in company, comuma demanda muitos específica para cada
caso. Eu me pergunto até hoje como, em 2011, consegui dar aula para alunos de nível intermediário
e avançado quase que na base da intuição - eu tinha acabado um mestrado em literatura portuguesa
e não tinha absolutamente com quem falar disso, era algo em ascensão devido ao crescimento
econômico do Brasil. As escolas de línguas, em grande parte despreparadas, sem qualquer
planejamento, sem coordenações de apoio, realmente, uma verdadeira loucura....
26/03/2018 20:20 - Manoel: Assim, o grupo me ajuda imensamente, porque, após meu
doutoramento estou aprendendo muita coisa nova. Fui surpreendido completamente pelo advento
da era digital na questão de trabalho, novas ferramentas, aplicativos, uma tecnologia que não era
comum nesses ambientes, pq o acesso à internet não era permitido em mtas empresas até 2 ou 3
anos atrás. Na minha experiência com grupos em escolas por aqui, também foi uma catástrofe
nesse sentido pois a maioria dos donos de escola é administrador, não entende nada de ensino de
línguas, utiliza materiais horrorosos, sem preparo....peguei um grupo de alunos no Avançado I em
uma escola, eles vinham há um ano fazenod cursos lá, gente, cada um com deficiência grave em
alguma competência.....esses despreparo tem me assustado e eu tenho tentado de todas as maneiras
buscar uma formação melhor, partilhar minhas próprias experiências, bem como materiais, com
outros colegas; pedir ajuda, socorro e tudo mais....rsssss
26/03/2018 20:20 - Manoel: Asim, o grupo me ajuda demais mesmo....😊
26/03/2018 20:24 - Daniel dos Santos: Ah, claro! Com certeza. Quando disse distância quis dizer
mais no sentido de "viver a realidade". Mas, de fato, o acesso a pesquisas atualmente é bem mais
facilitado
26/03/2018 20:27 - Daniel dos Santos: Gostei muito também da forma como você caracterizou o
grupo, Darcy. Acredito que essa visão de espaço que pode ser relacionada a aprendizagem/troca
303
de experiências é muito interessante. Uma coisa que me chama a atenção no grupo é o grande
interesse das pessoas em participarem e a quantidade de membros crescente, que chega a quase 12
mil pessoas.
26/03/2018 20:29 - Daniel dos Santos: No Brasil existem algumas organizações de professores de
PLE, mas são bem tímidas. No Rio de Janeiro e em Minas Gerais, por exemplo.
26/03/2018 20:31 - Daniel dos Santos: Só para poder entender melhor, Manoel. Quando você diz
"nesses tipos de grupo", o que você quis dizer? Eu estava em outros grupos antes de iniciar a
pesquisa, de fato, mas, no recorte delimitado, acabei escolhendo o "Ensinar português como
segunda língua"
26/03/2018 20:32 - Manoel: Demais grupos com a temática semelhante: de ensino de português
como LE
26/03/2018 20:33 - Gabriel: Sim, é verdade, o isolamento em PLE é real - a amizade que se pode
estabelecer com os professores de espanhol alivia um pouco essa sensação, mas não substitui a
sensação de pertença que um grupo de professores de PLe pode proporcionar
26/03/2018 20:34 - Daniel dos Santos: Eu tenho uma percepção parecida com a sua, Manoel,
principalmente em relação às escolas privadas ou com esse perfil de aluno, empresarial. Você
acredita que há um certo direcionamento profissional para aqueles que são formados em "língua
estrangeira", mais especificamente? Você chegou a conhecer outras pessoas com formação mais
densa em Literatura no grupo?
26/03/2018 20:38 - Manoel: Não consigo responder a 1a pergunta pq na USP existe um fosso
enorme entre as pós-graduações de língua e literatura e não há histórico ou trajetória de formação
de profissionais em PLE, apenas nas demais línguas modernas como inglês, espanhol, francês e
alemão. Essas áreas não se conversam. Eu usei algumas teorias da análise do discurso para analisar
um romance portuguÊs no meu mestrado e chamei uma profa da Filologia. Isso foi um pouco mal
visto, a "mistura" de áreas.
26/03/2018 20:39 - Manoel: Não conheço pessoalmente nenhum membro do grupo e desconheço
suas formações.....
26/03/2018 20:41 - Manoel: Mas ao que parece, e vendo a exigência de vagas de PLE ao redor do
mundo, de certa forma costuma-se ao menos dar preferência a candidatos com formação na área
específica de PLE ou Linguística
26/03/2018 20:55 - Samuel: Olá! Penso que o grupo faz o que a academia não faz: propicia
respostas francas e operacionais às perguntas e dilemas que os professores vivenciam em seu dia-
a-dia. Os questionamentos postos também permitem a reflexão teoria/prática e,
consequentemente, extensões problematizadoras.
De forma geral, existe colaboração e o grupo, sem dúvida, minimiza esta solidão que acompanha
o professor de PLE. É muito bom ver acessibilidade/criatividade e inovação permeando as
postagens.
26/03/2018 21:19 - Daniel dos Santos: É, acredito que seja uma tendência também
26/03/2018 21:20 - Daniel dos Santos: Muito bom marcar essa relação de distância entre essas
formas de operacionalizar e o que se faz na academia. Talvez seja semelhante ao que temos nos
estágios da Licenciatura, não?
26/03/2018 21:23 - Samuel: Exatamente o que há nos estágios. Quando recebia alunos para fazer
estágio em minha turmas de PLE ( licenciado há dois anos), o que eu mais escutava era: prof, a
gente precisa destas vivências demais é muito antes...
26/03/2018 21:48 - Daniel dos Santos: Sim, é uma questão apontada por alunos
27/03/2018 02:20 - Vânia: A meu ver , o grupo propicia um espaço para compartilhar experiências,
práticas de ensino , e necessidades profissionais dos professores de PLE como nos percebemos e
quais são nossas expectativas e sentimentos em relação à profissão.
27/03/2018 02:23 - Vânia: Estou completamente de acordo. A equipe de moderadores é
maravilhosa
27/03/2018 07:21 - Darcy: Eu também estou de acordo.
304
28/03/2018 09:17 - Manoel: 1a pergunta: há mtos posts pedindo dicas de materiais e oferecendo
alternativas didáticas
28/03/2018 09:19 - Manoel: 2a pergunta: gosto da maioria dos posts. Os que dão dicas são
importantes, utilizo mtas ideias disponibilizadas. Gosto daqueles que apresentam pesquisas sobre
a área, pq me sinto informado e atualizado.
28/03/2018 09:19 - Manoel: E tb daqueles com postos de trabalho, pois estou em busca de novas
oportunidades, projetos....
28/03/2018 10:15 - Daniel dos Santos: Muito interessante, Manoel!
28/03/2018 16:54 - Vânia: A maioria das vezes as perguntas são sobre livros, leituras ou materiais
didáticos que algum dos professores gostaria usar em sala de aula. As respostas são imediatas, e
muito enriquecedoras.
28/03/2018 16:55 - Vânia: Gosto muito das postagens com indicações de abordagens mais lúdicas,
por exemplo uso de musicas e filmes.
28/03/2018 17:08 - Raimundo: Gosto de ficar a par dos eventos que acontecem um pouco por
todo o mundo, gosto das contribuições de novo material didático, gosto quando partilham
aspectos da produção culturais, comercial e do cotidiano interessantes para as aulas, porque eu uso
muitas das sugestões ou acabo por ir encontrar coisas novas quando procuro mais informações
online.
29/03/2018 16:16 - Raimundo: Filtro? Hum... conforme as dicas vão chegando tento aplicar. Se
funcionar, fica no meu portfólio de atividades e estratégias, se não funciona descarto ou penso em
como alterar. Para mim, só me interessam atividades de base cognitiva e abordagens interacionais.
Em relação aos documentos reais, vejo a produção cultural e interessa-me, mas o que mais guardo
do grupo são as coisas do cotidiano das pessoas. Prefiro um vídeo amador que alguém colocou no
YouTube sobre como cozinhar qualquer coisa que um programa de culinária da TV. Gosto de
cultura erudita, mas prefiro usar cultura popular. Uma colega compartilhou um website com
literatura de cordel, e eu concebi uma atividade para os meus alunos escreverem literatura de
cordel.
29/03/2018 17:10 - Darcy: Bem, acho que tem um pouquinho de tudo. A maior parte das
postagens parecem ser relacionadas a divulgar eventos de PLE e pedir dicas. Gosto muito da
variedade de posts. Como Vânia, eu gosto das postagens sobre materiais didáticos, atividades
305
lúdicas ou brincadeiras para fazer na aula. E como o Raimundo mencionou, também gosto de ficar
sabendo dos eventos, simpósios e congressos. Como não sou falante nativa de português também
curto as postagens sobre o uso da língua—acabo aprendendo muito!
Um exemplo de um post relativamente recente foi uma brincadeira que Raimundo postou
chamado “Os Mentirosos”, usei em duas aulas e deu certíssimo, os meus alunos adoraram.
29/03/2018 17:21 - Vânia: Verdade, Darcy. También usei a brincadeira em sala de aula
29/03/2018 17:21 - Raimundo: Para total transparência: eu não concebi esse jogo, encontrei jo
espanhol, traduzi e adaptei.
29/03/2018 17:23 - Raimundo: Fiz um programa de formação e uma colega da escola secundária
disse que nas outras línguas os professores têm tantas coisas dessas e nós não, então resolvi
começar a traduzir e disponibilizar na minha página.
29/03/2018 17:26 - Raimundo: Fico muito feliz que tenha sido útil
29/03/2018 17:29 - Vânia: Outras postagens que trabalho, com grupos avançados, são as parcerias
musicais de Carminho e Marisa Monte.
29/03/2018 18:01 - Samuel: Admiro bastante as postagens de discussão sobre questões linguísticas
e histórico-culturais. Estas são as que mais me chamam atenção. A partilha de textos acadêmicos,
eventos e material didático também são interessantes.
29/03/2018 18:20 - Daniel dos Santos: Também gosto de selecionar os vídeos dessa forma!
29/03/2018 18:23 - Daniel dos Santos: Muito interessante, Raimundo! Acho que o PLE poderia
ter bastante diálogo com as outras línguas, assim como você fez a adaptação :)
29/03/2018 18:36 - Daniel dos Santos: Uma outra questão é sobre o que vocês consideram
importante a ser compartilhado no grupo. Como o recorte aqui da pesquisa é com protagonistas,
ou seja, membros com participação mais ativa no grupo, pergunto: quais tipos de contéudo vocês
costumam direcionar com mais frequência para o "Ensinar português como segunda língua"?
29/03/2018 19:24 - Daniel dos Santos: (Uma observação e um pedido: estamos chegando na parte
final do grupo focal. Estou estendendo um pouco mais para dar tempo de todos participarem.
Quem ainda não me enviou o TCLE assinado, preencheu o questionário e o arquivo com as
perguntas, me envie até o final da semana, por favor?
O pedido seria: alguém pode me enviar um print daqui da conversa das três primeiras mensagens
que enviei hoje. Meu whatsapp atualizou e apagou as mensagens de hoje. Obrigado!)
31/03/2018 14:31 - Daniel dos Santos: Boa tarde! Deixando aqui a última questão para interação!
:)
31/03/2018 14:31 - Daniel dos Santos:
31/03/2018 15:31 – Manoel: Daniel, vc gostaria doa prints das 3 primeiras conversas do grupo,
ou das 3 primeiras a partir da penúltima pergunta?
31/03/2018 15:39 - Daniel dos Santos: Era da penúltima, Manoel! Mas o Darcy me enviou no
privado. Muito obrigado! ;)
31/03/2018 15:52 - Manoel:
01/04/2018 05:00 - Darcy: 😊
306
2. Eu gosto dos posts em geral, acho os grupo dos que tratam de sugestões de atividades, com
textos interessantes e aqueles com artigos para o crescimento profissional. Algumas vezes, até um
material acadêmico como o artigo do "campfire" postado acima, dá ideia para uma atividade em
classe (por exemplo: um "campfire" que pode mesclar o eletrônico e o real em uma atividade de
escrita, oralidade e leitura).
02/04/2018 21:34 - Daniel dos Santos: Sim, essas atividades são ótimas pra pensarmos em como
mesclar diferentes "habilidades" para as práticas em sala de aula
02/04/2018 21:41 - Raimundo:
02/04/2018 22:45 - Daniel dos Santos: Esse é o seu print, Raimundo? Poderia falar sobre sua
escolha? Obrigado!
03/04/2018 03:19 - (Gf) Perfil 5: Também adorei essa ideia de campfire 🔥, Abel.
03/04/2018 04:02 - (Gf) Darcy:
307
03/04/2018 04:07 - Darcy: Eu também gosto da maioria dos posts e da variedade que eles
apresentam. Foi difícil decidir, mas resolvi escolher esse post por múltiplas razões. Primeiro,
porque foi através da E. F. S. e da M. K. F., que eu fiquei sabendo deste grupo maravilhoso de
profissionais dedicados. Também escolhi este post porque mostra o espírito colaborativo e
inspirador do grupo. O grupo nos estimula a crescer profissionalmente, participando nos
congressos e simpósios, colaborando nos trabalhos acadêmicos e livros. É nossa comunidade de
prática.
03/04/2018 07:45 - Manoel:
308
03/04/2018 10:32 - Samuel: ... e como justificativa, o faço com as palavras de Darcyl!☺
03/04/2018 13:34 - Gabriel:
310
03/04/2018 13:35 - Gabriel: Alem de gostar de todos os tipos de post já exemplificados (call for
papers, pesquisa, duvidas, etc), tb gosto dos posts que professores compartilham suas práticas e
vivencias onde ensinam ple
03/04/2018 13:52 - Manoel: ❤
03/04/2018 17:57 - Daniel dos Santos: É muito interessante aprender pelas experiências mesmo,
Gabriel!
04/04/2018 17:04 - Daniel dos Santos: Prezados, boa tarde!
Estamos chegando a nossa reta final e gostaria de saber se vocês teriam alguma consideração final
a fazer, talvez sobre as reflexões mobilizadas aqui na experiência do grupo focal ou algo mais
específico. Se sintam à vontade para falar 😊
05/04/2018 13:58 - Gabriel: Oi daniel, tu recebeste o doc em pdf q the mandei?
05/04/2018 17:17 - Daniel dos Santos: Recebi sim, (Perfil 6)!
05/04/2018 17:17 - Daniel dos Santos: Muito obrigado =D
06/04/2018 17:57 - Daniel dos Santos: Queridos, obrigado pela contribuição na minha pesquisa.
Espero poder dar notícias em breve sobre ela. Vou encerrar por aqui o grupo focal. Se vocês
quiserem entrar em contato com alguma dúvida, continuo 100% disponível.
Só peço aos que entrei em contato pelo e-mail pedindo o TCLE me me enviem, para que os dados
gerados aqui possam ser utilizados. Obrigado pela atenção e pela paciência. Um abraço, Daniel!
06/04/2018 19:36 - Raimundo: Boa sorte Daniel
06/04/2018 21:45 - Darcy: Obrigado, Daniel! Sucesso na pesquisa! Abraços!
06/04/2018 21:49 - Samuel: Sucesso, Daniel!
06/04/2018 22:01 - Vânia: Muito sucesso ‘
311
ANEXO X
*** Observação: Para a Ecologia, é interessante fazer uma distinção entre a competição intraespecífica
(mesma espécie) e interespecífica (espécies diferentes), dado que a primeira pode sofrer a interferência
de indivíduos de uma outra espécie, afetando a dinâmica de populações das espécies competidoras, assim
como a distribuição das espécies e sua evolução (p. 223). De outro modo, no caso da interespecífica, o
acirramento da competição pode levar à predação (p. 131).
hospedeiros, o que não se observa nos verdadeiros predadores e nos pastadores” (p.
264). Importante identificar que, ecologicamente, há uma lógica binária sendo mantida:
nocivo/benefício, a qual não pode ser relativizada para a questão discursiva. No entanto,
mantém-se uma hierarquia entre discursos, o que possibilita, de forma situada, identificar
uma relação de assimetria.
*** Observação: Na análise de redes sociais é bastante complexo estabelecer critérios de análise e
classificação para relações de simbiose, visto que tal categoria requer um acompanhamento mais íntimo
e também à longo prazo, inclusive das relações ditas offline, assim como dos envolvidos em determinada
associação. Por isso, não irei trabalhar, aqui, com essa categoria, ainda que a possamos prevê-la no
espectro do mutualismo.
DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADES
porque eles se deslocaram até lá” (p. 162). “A dispersão está relacionada ao distanciamento dos
indivíduos entre si e por isso, é uma descrição apropriada para vários tipos de movimentos” (p.
162). Ou seja, envolve a formação de grupos e tem influência direta na distribuição, ora mais,
ora menos equilibrada, de determinados discursos em determinados espaços.
CLAREIRAS: Nas teorias ecológicas, as clareiras são espaços desocupados por intempéries,
desastres naturais ou pela atuação feroz de predadores, causando processos de recolonização das
áreas afetadas, resultando, geralmente, na coexistência de espécies (e, portanto, discursos,
subjetividades ou identidades) que mantêm entre si altos graus de assimetria e desigualdade (p.
237). Por se tratar se um processo de (re)apropriação de um espaço, a imprevisibilidade entre
discursos/identidades/subjetividades das associações é uma característica das clareiras.
ANEXO XI
ANEXO XII
ANEXO XIII
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323