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EAD

Educação à Distância

Novo Testamento III

Módulo 09
Seminário Teológico Batista Independente do Sul - STBISUL
EAD – Educação à Distância

Apostila do Módulo 9: Novo Testamento 3

EAD – Educação à Distância

Participaram na compilação e revisão:


Pastor José Tomaz R. Lima, Pastor Mário A. Oreste
e Ulrich Schierz

Versão 1.0 / 2018

Pedidos p/ STBISUL
Fone (51) 3033-4141
ead@stbisul.com
Rua Pelotas 794 B – Centro
93.265-100 Esteio/RS
Proibida a reprodução em todo ou em parte sem autorização

1
Índice

A EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS ---------------------------------------------------03

AS EPÍSTOLAS DE PAULO AOS CORINTIOS ---------------------------------------------------09

QUESTIONÁRIO 1 ------------------------------------------------------------------------------------------19

A EPÍSTOLA DE PAULO AOS GÁLATAS-------------------------------------------------------------21

A EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS -------------------------------------------------------------25

QUESTIONÁRIO 2 ------------------------------------------------------------------------------------------31

A EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES ---------------------------------------------------34

A EPÍSTOLA DE PAULO AOS COLOSSENSES ---------------------------------------------------39

PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES-------------------------------------------------44

SEGUNDA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES------------------------------------------------48

QUESTIONÁRIO 3------------------------------------------------------------------------------------------52

PRIMEIRA EPISTOLA DE PAULO A TIMÓTEO ---------------------------------------------------53

SEGUNDA EPISTOLA DE PAULO A TIMÓTEO ---------------------------------------------------59

A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO ----------------------------------------------------------------------61

A EPISTOLA DE PAULO A FILEMOM-----------------------------------------------------------------66

QUESTIONÁRIO 4------------------------------------------------------------------------------------------68

BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------------------------69

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A EPÍSTOLA (CARTA) DE PAULO AOS ROMANOS

ROMA – "A CIDADE ETERNA"

INFORMAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS

Localização – Roma está localizada no continente europeu, na região central da


península Apenina ou Itálica, que hoje corresponde ao território italiano. Nos primórdios
da história romana, não existia um país chamado Itália. A península era ocupada por
várias cidades-estado independentes.

Fundação – A cidade foi fundada em 735 a.C. às margens do rio Tibre, sobre 7 colinas.
Sua origem está envolta em lendas. A principal está relacionada às figuras dos irmãos
Rômulo e Remo, os quais teriam sido amamentados por uma loba. Outra versão nos
informa que naquela região foi montado um posto militar dos povos do norte com o
objetivo de resistir às invasões dos povos do sul, principalmente dos etruscos. Esse posto
teria dado origem à cidade de Roma.

Formação da população – os povos latinos, sabinos, e até mesmo os etruscos


participaram da formação inicial da população romana. Posteriormente, outras etnias se
introduziram no processo.

Organização social – A população romana, já nos seus primeiros séculos, dividiu-se em


classes: patrícios, plebeus, clientes e escravos. Patrícios eram os nativos da cidade, os
quais estavam ligados às famílias tradicionais (do latim = gens). Eram os donos da terra,
possuíam cidadania e status de nobreza. Tais famílias se organizavam em "cúrias" que,
por sua vez, formavam as tribos. Daí vinham os membros do senado e o rei.

Os plebeus constituíam a classe popular, a plebe. Eram aqueles indivíduos sem raízes
hereditárias entre as famílias importantes. Normalmente eram imigrantes e não possuíam
nenhum direito a terra. Contudo, exerciam alguma atividade que lhes garantia uma renda,
portanto, pagavam impostos. Os clientes eram aqueles indivíduos que ocupavam um
pedaço de terra de um patrício e, em troca, devia-lhe determinado pagamento. Os
escravos eram aqueles que, por motivo de dívida ou de guerra, tornavam-se propriedade
dos patrícios. De uma mistura de lenda e história vem a tradição de que Roma teve 7 reis.
A monarquia acabou quando os próprios patrícios se ressentiram da tirania do poder real.
Inicia-se então a República Romana.

Com o passar dos séculos, a plebe cresceu demasiadamente. Muitos plebeus se


tornavam escravos por não poderem quitar seus compromissos financeiros. Desse modo,
a classe dos escravos também crescia. Os menos favorecidos eram a maioria da
população. Nesse tempo, os patrícios controlavam o Estado, tomando todas as decisões
como bem lhes parecia. Muitos indivíduos da plebe prosperaram por suas atividades
comerciais ou por sua participação no exército. Muitas atividades indispensáveis eram
desempenhadas por essa classe sem, contudo, terem direito à cidadania.

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Explode, então, a luta de classes em Roma. Em 494 a.C., os plebeus resolvem
abandonar Roma. Eles saem da cidade, deixando os patrícios sem proteção e serviços.
Diante disso, e vendo sua dependência, os patrícios resolvem dar direitos aos plebeus, os
quais passaram a ter representantes eleitos na Assembléia. Exigiram também a
elaboração de leis escritas, pois, até então, só havia leis orais em Roma e mudavam de
acordo com a vontade dos patrícios.

Império Romano – Tendo formado um poderoso exército, Roma conquistou toda a


península itálica, a Espanha, Portugal, Sicília e todas as nações em volta do Mar
Mediterrâneo. Forma-se, então, o Império Romano. Roma se torna a "capital do mundo",
dominando sobre povos de diversas nacionalidades, línguas, religiões e costumes.

Guerra, riqueza, e desenvolvimento – As guerras de conquista aumentaram


excessivamente a riqueza romana através do espólio das outras nações. Todo esse
poderio econômico proporcionou um desenvolvimento muito grande na cidade. As
famílias ricas passaram a contratar professores gregos para seus filhos. Além disso,
muitos literatos e artistas gregos se deslocavam para Roma. Comerciantes de várias
nacionalidades iam morar em Roma ou fazer ali os seus negócios. Desenvolveram-se a
literatura, a engenharia, a arquitetura e as artes. Nesse tempo, a cidadania romana já não
estava restrita aos patrícios. Ser cidadão já não dependia apenas da hereditariedade, mas
se tornara uma questão financeira.

As construções romanas – Até hoje, o que mais impressiona o visitante de Roma são
suas edificações. Entre elas podemos destacar:

- O Panteão, onde se encontravam os deuses romanos;

Prédio original Prédio nos dias atuais

- O Coliseu, grande estádio onde se realizavam as lutas entre os gladiadores e onde


muitos cristãos foram lançados às feras;
- Os aquedutos, canais que conduziam água das montanhas para as cidades;
- Os relevos, esculturas feitas sobre monumentos;

Além disso, podemos citar os templos, palácios, monumentos (ex.: arcos), estátuas,
castelos, e as estradas que ligavam Roma a todas as partes do Império.
As obras romanas foram muito influenciadas pelo estilo grego. Contudo, os romanos eram
mais realistas. Enquanto os gregos faziam monumentos em homenagem às figuras
mitológicas, os romanos honravam pessoas reais, principalmente seus heróis de guerra e
seus governantes.
As catacumbas eram buracos cavados em volta da cidade para extração de areia. Eram
tão profundos que acabavam formando túneis e galerias. Na época da perseguição, os
cristãos se escondiam nesses lugares e ali milhares deles morreram e ficaram sepultados.

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RELIGIÃO

Politeísmo – Desde a antigüidade, a religião romana se caracterizava pela adoração a


diversos deuses, inclusive, chegaram a adorar muitas divindades da mitologia grega.
Culto aos antepassados – As famílias tradicionais adoravam seus próprios ancestrais em
seus cultos domésticos.

Culto ao imperador – Estabelecido por Augusto, o culto ao imperador tornou-se parte da


religiosidade romana.

Cristianismo “clandestino” – Ao contrário do judaísmo, que era considerado pelo


império romano religio licita (religião lícita), o cristianismo entrou em Roma sem
reconhecimento oficial – religio ilicita. A recusa dos cristãos em relação ao culto ao
imperador foi um dos motivos que deflagraram a perseguição. Após ter incendiado Roma,
o imperador Nero acusou os cristãos. Este foi um dos momentos de maior perseguição.
Segundo a tradição católica, nessa ocasião Paulo e Pedro foram mortos naquela cidade.

Cristianismo oficial – A partir do governo de Constantino, o cristianismo foi autorizado.


Algum tempo depois, o imperador Teodósio tornou o cristianismo religião oficial do
Império. As práticas religiosas antigas passaram a ser proibidas. Contudo, continuaram a
existir no campo, nas regiões afastadas dos centros urbanos. Com isso, entrou no
vocabulário religioso o termo "pagão", que significa "do campo".

Referências bíblicas a Roma – A Bíblia se refere a Roma em Atos, Romanos e 2


Timóteo. Existem comentaristas que interpretam a "Babilônia" de 1 Pedro 5.13 como
sendo a cidade de Roma. Bem maior é o número dos que tem essa interpretação com
relação à "Babilônia" do Apocalipse (cap.17). O texto fala de uma mulher sobre 7 montes
e embriagada com o sangue dos seguidores de Jesus. Com efeito, quando João escreveu
aquele livro, muitos cristãos já tinham sido mortos em Roma, a cidade das 7 colinas.

Roma marcou a história da humanidade, e até hoje carregamos suas influências em


diversas áreas. Alguns exemplos: o direito romano, o estilo artístico, o calendário, os
algarismos, o catolicismo, etc. Este último, com sua estrutura de domínio mundial, nos faz
lembrar o antigo Império.

A IGREJA EM ROMA

Fundação - Em sua epístola, Paulo deixa claro que ainda não conhecia Roma. Logo, a
igreja ali não foi por ele fundada. Entendemos que Pedro também não participou desse
processo, pois, se este ou outro apóstolo fosse responsável por aquela igreja, Paulo não
escreveria uma carta doutrinária para aqueles irmãos. Por outro lado, se Pedro estivesse
em Roma, o mesmo teria sido mencionado nas saudações do último capítulo.
Ambrosiastro, escritor do século IV disse: "Os romanos abraçaram a fé em Cristo sem ver
nenhum sinal de obras poderosas e nenhum dos apóstolos". No século II surgiu a tradição
segundo a qual Pedro teria exercido ministério em Roma. No século IV iniciou-se a
tradição de que ele teria sido o primeiro bispo romano. Quem, então, teria fundado aquela
igreja? De fato, isso não tem grande importância, mas sempre gostamos de ter um nome
para a atribuição das honras.

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É isso que fomenta o surgimento das tradições. Uma das hipóteses mais prováveis é que
a igreja tenha sido fundada no ano 30 d.C. pelos judeus de Roma que estiveram em
Jerusalém no Pentecostes (At 2.10-11).

A colônia judaica em Roma - Desde a conquista de Jerusalém por Pompeu no ano 63


a.C, muitos judeus foram morar em Roma. No governo de Cláudio foram expulsos
(At.18.2). A ordem foi revogada por Nero poucos anos depois. Quando Paulo chegou a
Roma, no ano 60 d.C. (At.28), ele encontrou judeus que ali residiam (é bom lembrar que o
envio da epístola é anterior a essa "visita"). A igreja em Roma era composta de judeus e
principalmente gentios. Na epístola, Paulo fala aos judeus e aos gentios de forma
específica e direta alternadamente (Rm 1.5-7; Rm 5.13; Rm 2.17-24). Sendo pessoas de
origens, tradições e costumes tão distintos, era natural que a convivência entre eles
apresentasse suas próprias dificuldades. O apóstolo procura tratar dessa questão no
capítulo 14 de Romanos.

A EPÍSTOLA AOS ROMANOS (“O evangelho segundo Paulo”, Rm 2:16).

Autor: Apóstolo Paulo


Escritor (amanuense): Tércio (Rm 16.22).
Data: entre 53 e 58 d.C. (3ª viagem missionária).
Local: Corinto.
Portadora: Febe (Rm 16.1-2).
Tema: O evangelho de Cristo.
Texto chave: Rm 1.16 e 5.1
Classificação: soteriologia (doutrina da salvação).

A epístola de Paulo aos Romanos é uma obra prima da teologia cristã, destacando-se
entre os livros do Novo Testamento. É um tratado teológico sobre a salvação. Lutero
chegou a dizer: "Se tivéssemos de preservar somente o evangelho de João e a epístola
aos Romanos, ainda assim o cristianismo estaria a salvo".

A carta nos apresenta um resumo da Bíblia e da história humana sob o ponto de vista
teológico. O autor menciona Adão (5.14), Abraão (4.13), Moisés (5.14), Israel (11.25), o
Antigo Testamento (1.2), Jesus (10.9), a salvação (10.9), a igreja (16.1), o juízo (2.16) e a
glorificação dos salvos (8.30). Esses versículos são apenas alguns exemplos dentre
tantos que mencionam tais temas e pessoas.

Objetivo de Carta: Paulo queria expor aos romanos seu entendimento a respeito do
evangelho e prepará-los para sua futura visita, quando estivesse a caminho da Espanha.
(Rm 15.22-24).

Esboço

I – Introdução (1.1-17)
- Apresentação pessoal, saudação, tema (16-17).
II – O problema humano (1.18 a 3.20)
- O pecado, sua universalidade e suas consequências.
III – A solução divina: a salvação: (3.21 a 5.21)
- A origem do pecado e a origem do perdão.
- O método da salvação: justificação pela fé no sacrifício de Cristo.

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IV – A santificação (cap. 6 a 8)
- Ação do Espírito Santo na vida do salvo.
V - A soberania divina (cap 9 a 11)
- Judeus e gentios no plano de Deus.
VI – O cristianismo prático (12 a 15.13)
- A vida cristã na igreja, na sociedade e nas relações pessoais.
- O serviço cristão.
V – Conclusão (15.14 a 16.27)
- Assuntos pessoais, admoestações e saudações finais.

ASPECTOS TEOLÓGICOS A DESTACAR

O problema humano – O pecado, sua universalidade e suas consequências


(condenação e morte). Paulo vai falar do evangelho, mas os romanos poderiam perguntar:
o que é o evangelho e para quê? Em sua exposição aos romanos, o apóstolo parte do
principio da universalidade do pecado e suas consequências. O evangelho, então, é a
mensagem de salvação apresentada como o “remédio” para a doença do pecado. Nesse
momento ele quer despertar a consciência dos romanos, e chama a atenção para as
práticas pecaminosas, tais como: a idolatria (1.23-25), o homossexualismo (1.27), a
prostituição, o homicídio, e uma lista que inclui até a desobediência aos pais (1.29-31).
Nesta carta Paulo deixa claro que todos os homens são pecadores, por isso ele cita
gentios, judeus, bárbaros, romanos, gregos, sábios e ignorantes; ninguém fica de fora
nesta abordagem (Rm 3)

A solução divina: A salvação – Após ter diagnosticado a "doença", o autor vai buscar
sua causa e menciona Adão como o primeiro pecador humano. Na condição de
representante da humanidade, o primeiro homem passou a natureza pecaminosa a todos
os homens. Novamente, a universalidade do pecado está evidente (3.23). Para o alívio
dos leitores, não só o pecado é universal, mas também o amor de Deus possui a
característica da universalidade.

Depois que o homem está convencido do seu pecado e da respectiva condenação, a


salvação se torna muito interessante. Mas, como ela ocorre? E por quais meios? Faz
parte do evangelho a resposta a essas questões. E Paulo se dedica a explicar o método
divino para a salvação do homem. Ele mostra então que a salvação é obra de Jesus
Cristo e não ocorre por meio das obras humanas e nem através da Lei. Tal obra foi o seu
sacrifício na cruz, sua morte; entretanto, ao sacrifício de Cristo deve ser aplicada a fé,
pois a salvação é para "todo aquele que crê" (Rm 1.16). A fé no sacrifício de Jesus produz
a justificação, conforme diz Paulo: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." (Rm 5.1). Justificação é o ato divino de nos
declarar justos (“Não há nenhum justo").

A santificação – A obra de Deus na vida do crente não se resume à justificação. Ela


continua, pela ação do Espírito Santo, na santificação, através da qual vamos nos livrando
dos hábitos pecaminosos. Embora muitos possam alegar que tudo isso acontece
instantaneamente quando se aceita a Jesus, a realidade nos mostra o contrário, pois
trata-se de um processo, no qual entra, de forma determinante, a Palavra de Deus. O
Espírito Santo opera em nós na medida em que conhecemos a Palavra de Deus e
procuramos aplicá-la (Rm 10.17; Ef 5.26).

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A soberania divina – Nessa parte da epístola o apóstolo Paulo se dedica a mostrar aos
romanos o valor dos judeus e sua posição no plano de salvação. Esse destaque para
Israel parecia incompatível com a rejeição que os próprios judeus demonstraram à pessoa
de Cristo. Paulo, então, expõe alguns detalhes históricos do povo de Deus, sua
incredulidade, sua desobediência e seu distanciamento do evangelho. Dizer que Israel era
o povo escolhido de Deus poderia soar muito estranho para os romanos. Paulo
demonstra enfaticamente que Deus é soberano. Ele escolhe a quem quer e rejeita a
quem quer. Logo, se Deus escolheu Israel, não se deve questioná-lo por isso. Deus tem
razões anteriores às suas soberanas decisões.

Quando pensamos em soberania divina, eleição e predestinação podemos pensar que


toda a história e o destino humano dependem única e exclusivamente de Deus que, por
sua absoluta decisão, escolheu quem haveria de se salvar e quem haveria de se perder,
independentemente de qualquer ato ou vontade dos seres humanos. Esta posição é
defendida por muitos teólogos. A outra maneira de se entender tudo isso é através da
consideração da presciência de Deus como base da eleição e da predestinação. Assim,
Deus elegeu e predestinou as pessoas porque já sabia antecipadamente qual seria a
decisão de cada uma delas em relação à pessoa de Jesus Cristo. Como disse Pedro,
somos "escolhidos de acordo com pré conhecimento de Deus Pai" (1 Pe 1.2).

O cristianismo prático – A transformação operada pelo evangelho na vida humana deve


ter dois aspectos: a pessoa deve deixar de fazer o mal e começar a fazer o bem (Is 1.16-
17). A justificação é praticamente um sinônimo de perdão. A santificação seria o "deixar
de fazer o mal". É o abandono de práticas pecaminosas. Contudo, o processo de ação do
evangelho ainda não está concluído. Deixamos de fazer as coisas erradas e agora
precisamos começar a fazer as coisas certas. Deixamos de servir ao Diabo e precisamos
servir a Deus ativamente. Libertos do pecado tornamo-nos servos da justiça (Rm 6.18).
No desenvolvimento da vida cristã, temos a fase que podemos comparar à limpeza de um
terreno. Talvez haja alguma construção a ser demolida, algum lixo a ser removido, etc.
Depois, deve vir a fase de edificação de acordo com o novo propósito. Por isso Paulo nos
admoesta a apresentarmos os nossos corpos para o trabalho cristão. Entendemos assim
pela análise do conteúdo do capítulo 12. O cristianismo não se resume em espiritualidade,
mas em ação. As obras não salvam, mas o salvo pratica boas obras. E mais: o crente é
chamado ao serviço cristão.

Paulo nos convida ao serviço cristão. O apóstolo usa sempre os conceitos de servo e
senhor, figuras tão presentes na organização social do Império Romano. Ele mesmo fora
chamado para ser apóstolo. Sua vocação não era apenas para a salvação, mas para o
serviço sagrado. Somos convidados a apresentar os nossos corpos para o serviço no
corpo de Cristo (12.1-5). Orar é bom e necessário, mas não é tudo. É preciso ação na
igreja através dos dons espirituais e dos ministérios. Este serviço é abrangente, incluindo
sujeição às autoridades, o pagamento dos impostos e de toda dívida (Rm 13.1 e 6-8).
Deve haver coerência entre nossa ação na igreja e no mundo.

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AS EPÍSTOLAS DE PAULO AOS CORÍNTIOS (1 e 2)
A CIDADE DE CORINTO

Localização – As quatro cidades mais importantes do império romano eram: Roma,


Corinto, Éfeso e Antioquia da Síria. Portanto, Corinto era célebre. A cidade se localizava
em um istmo, que é uma porção de terra que liga uma península ao continente. Possuía
dois portos. Era um ponto estratégico de passagem comercial entre o norte e o sul da
Grécia, e entre a Ásia, a Palestina e a Itália.

Historia da Cidade – Corinto grega: no auge da civilização grega, Corinto já ocupava um


lugar de destaque. Em 146 a.C., a cidade foi destruída pelo cônsul romano Mummius.
Corinto romana: devido a sua posição estratégica, a cidade foi reconstruída em 46 a.C.
por Júlio César, tornando-se capital da província romana da Acaia.

A nova Corinto: possuía ruas amplas, praças, templos (Netuno, Apolo, etc.), estádio (1 Co
9.24), teatros, estátuas, e o santuário de mármore branco e azul (Rostra), onde se
pronunciavam discursos e sentenças.

Ruínas de um templo de Corinto

A Idolatria de Corinto – A idolatria fazia parte da cultura grega com seus inúmeros
deuses mitológicos. Ao sul de Corinto havia uma colina chamada Acrocorinto, que se
elevava a 152 metros da cidade. Ali estava o templo de Afrodite, também chamada
Astarte, Vênus ou Vésper – deusa do amor e da fertilidade.

A corrupção de Corinto – Os cultos a Afrodite incluíam ritos sexuais realizados por 1000
sacerdotisas, que eram prostitutas cultuais. Muitos viajantes que por ali passavam se
entregavam à prostituição e à prática de outros delitos. O fato de estarem de passagem
criava uma sensação de impunidade. Estes fatores contribuíram para uma corrupção
generalizada.

História recente – A cidade de Corinto foi destruída por um grande terremoto em 1858.
Em seguida foi reconstruída a 6 Km do local anterior. Escavações na cidade antiga
permitiram diversas descobertas arqueológicas, tais como, monumentos, imagens e
ruínas de casas, templos e palácios.

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IGREJA EM CORINTO

A igreja em Corinto foi fundada pelo apóstolo Paulo durante sua segunda viagem
missionária, entre os anos 50 e 52 d.C. Paulo permaneceu ali durante dezoito meses,
onde conheceu Áquila e Priscila (At 18.1-8). A Igreja era composta por judeus e gentios, e
entre seus membros havia ricos e pobres.

AS EPÍSTOLAS AOS CORÍNTIOS

Além das duas epístolas encontradas em nossas Bíblias, sabe-se que pelo menos haveria
mais uma. Em 1 Co 5.9, Paulo se refere a uma carta anterior, a qual não chegou a nossas
mãos. Em 2 Co 7.8 existe uma referência a outra carta que pode ser 1 Coríntios.

Entretanto, alguns comentaristas sugerem que a carta mencionada em 2 Co 7.8 seja uma
outra epístola. Neste caso teríamos quatro epístolas. Trabalhando ainda com hipóteses,
sugere-se que esta epístola corresponda aos cap. 10 a 13 de 2 Coríntios, os quais
poderiam ter sido ali agrupados posteriormente.

Temos então o seguinte esquema:

1ª carta – desaparecida – existência garantida por 1 Co 5.9


2ª carta – é a que chamamos 1 Coríntios
3ª carta – desaparecida – existência hipotética
4ª carta – é a que chamamos 2 Coríntios

A PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PAULO AOS CORINTIOS

1. Autoria: Paulo (v. 1.1.)


2. Escritor (amanuense): Sóstenes (v. 1.1)
3. Data: 56 d.C
4. Local: Éfeso (v. 16.8)
5. Tema: O comportamento do cristão
6. Classificação: eclesiologia

Esboço

I – Saudação (1.1-9)
II – Necessidade de purificação da igreja (1.10 – 31)
- Divisões (partidarismos)
- Culto ao homem
- Glória pela sabedoria humana
III – Exemplo de Paulo (2.1-16)
- Sabedoria humana x sabedoria divina
IV – Divisões: imaturidade e carnalidade (3.1-4)
- Os ministros na igreja (3.5-4.21).
- Quem é? (3.5).
- Como agricultores (3.6-8).
- Colaboradores (3.10).
- Edificadores (3.10).
- Despenseiros (4.1).

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- Ministros (4.1).
- Sofredores (4.9-13) Paulo apresenta a visão do mundo a respeito dos ministros.
- Exemplo para a Igreja (4.16)
V – A necessidade de purificação da Igreja (5.1 – 6.20)
- Da imoralidade (5.1-13; 6.9-20)
- Dos litígios entre os irmãos (6.1-8)
VI – O casamento e a vida cristã (7.1-40)
VII – A liberdade e o amor (8.1-13)
VIII – O exemplo da renúncia de Paulo (9.1-27)
IX – Exemplos da história de Israel (10.1-15)
X – A mesa do Senhor e a mesa dos demônios (10.16-21)
XI – Os alimentos sacrificados a ídolos (10.23-33)
XII – Observação dos costumes sociais (11.1-16)
XIII – A ceia do Senhor (11.17-34)
XIV – Os dons espirituais e o corpo de Cristo (12.1-31)
XV – A supremacia do amor (13.1-13)
XVI – O dom línguas, as profecias e a ordem no culto (14.1-40)
XVII – A doutrina da ressurreição (15.1-58)
XVIII – Instruções finais. As ofertas para Jerusalém. Saudações – 16.1-24

ASPECTOS TEOLÓGICOS A DESTACAR

Nessa epístola, Paulo não expõe os fundamentos do evangelho, como fez na carta aos
romanos. Ao que tudo indica, Paulo nesta carta está respondendo perguntas que lhe
foram apresentadas, levando também em conta a visita de pessoas que vieram lhe
trazendo boas e más notícias (1 Co 1.11; 1 Co 7.1; 1 Co 8.1-13; 1 Co 16.17).

Divisões na Igreja – Logo que Paulo saiu de Corinto, após ter fundado a igreja, Apolo
chegou e deu prosseguimento ao trabalho (At 18.24-28). Ao que parece, os irmãos
ficaram impressionados com a pessoa de Apolo e seu conhecimento, então, começaram
a fazer comparações com Paulo, que talvez não falasse tão bem (1 Co 2.1-5; 2 Co 10.10).
Muitos chegaram até a desprezar o apóstolo Paulo, questionando sua autoridade e seu
ministério (1 Co 1.11-14). Formaram-se, então, partidos dentro da igreja: o de Paulo, o de
Apolo, o de Cefas (Pedro em aramaico) e o de Cristo (1 Co 1.12).

Desta forma estava se evidenciando a carnalidade dos cristãos coríntios, tornando-se


uma porta aberta para os males externos. Assim surgiam diversos problemas na vida da
igreja. No capitulo dois Paulo fala sobre o homem natural (1 Co 2.14) e o homem
espiritual (1 Co 2.15). O homem natural é o ímpio e o homem espiritual é o cristão
controlado pelo Espírito Santo. Logo após (1 Co 3.1), Paulo, fala do homem carnal.
Carnalidade é o modo de vida de acordo com os desejos descontrolados da natureza
pecaminosa.

Religião e imoralidade – A cultura de Corinto misturava religião e imoralidade. Muitos


cristãos continuavam sendo levados a pratica de pecados sexuais (1 Co 6.9 -11). Paulo
deixa bem claro que esta mistura não podia existir dentro da igreja. O padrão de
religiosidade da cidade não servia para os cristãos. O caso mais grave está relatado no
capítulo 5: um membro da igreja havia cometido incesto com sua madrasta.

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O apóstolo aconselhou que o mesmo fosse excluído da igreja. Posteriormente o irmão
poderia ser readmitido na congregação, como parece ter ocorrido (2 Co 2). A imoralidade
em Corinto acabou desvalorizando o casamento. Mas Paulo orientou a igreja valorizando
o casamento como uma aliança divina e indissolúvel, e disse-lhes que era bem possível
que o crente levasse o cônjuge não-crente à Cristo (1 Co 7.16). O apóstolo ainda afirma
que é melhor estar solteiro para servir a Deus, mas uma vez casado o cristão deveria
dedicar-se ao matrimônio. O casamento é colocado como um importante antídoto contra a
imoralidade.

Religião e ordem no culto – Paulo se esforça para deixar clara a diferença entre a
desordem pagã e a ordem cristã. Nos cultos pagãos havia inclusive orgia e práticas
sexuais ilícitas, além da desordem propriamente dita. Por isso, Paulo orienta até mesmo a
respeito do dom de línguas, que, sem interpretação, devem ser evitadas. E quando
houver que não se manifestem mais de três profetas.

Aconselha que as mulheres fiquem caladas no culto (segundo os costumes judaicos) e


que guardem suas perguntas para seus maridos em casa (nos cultos pagãos de Afrodite
as mulheres eram proeminentes). O princípio que Paulo estabelece para a ordem no culto
é a edificação.

Religião e comportamento feminino – Na época de Paulo as mulheres não tinham


oportunidade de alfabetização e de estudo, assim era muito difícil a elas terem alguma
participação no culto, pois não tinham bom conhecimento da Palavra (Antigo Testamento).
Paulo também fala acerca do uso do véu. Quando se via uma mulher sem véu e com o
cabelo tosquiado, ou até mesmo raspado, já se deduzia que a mesma estava totalmente
disponível. Essa era a maneira como as prostitutas eram identificadas. Sendo assim, as
mulheres precisavam agir com modéstia, precisavam usar o véu e manter seus cabelos
compridos para não serem identificadas com as prostitutas cultuais (culto a Afrodite)

Religião e alimentação – Assim como ocorria no judaísmo, os sacrifícios de animais


aconteciam em outras religiões. Parte do animal era queimada sobre o altar. Parte desses
sacrifícios era servida aos ofertastes, sacerdotes e convidados. Essas práticas
influenciaram a consciência da igreja e surgiram alguns problemas: no contexto interno da
igreja estava ocorrendo falta de moderação (comilança e embriagues) além de
discriminação (ricos humilhando os pobres: 1 Co 11.20-22). Inclusive a própria celebração
da Ceia do Senhor estava perdendo seu verdadeiro significado, tal era a desordem. Então
o apóstolo orienta como deve ser realizada a Ceia do Senhor: com reverência, ordem e
santidade (1 Co 11.23-34).

Por outro lado, as refeições nos templos pagãos eram acontecimentos sociais e,
eventualmente, os cristãos eram convidados a participar. As carnes que sobravam dessas
refeições eram vendidas no mercado púbico, e muitos cristãos estavam se questionando
se poderiam ou não as usar como alimento. O ensino de Paulo, nestas questões, é
orientado pelo princípio de não escandalizar ninguém; mas também que os cristãos não
podem participar da mesa do Senhor (Ceia) e da mesa dos demônios (refeições pagãs).

Religião e filosofia – Naquele tempo, a filosofia grega era o estilo de vida de Corinto. Os
gregos eram orgulhosos por seu conhecimento filosófico. O apóstolo se esmera por
mostrar que o entendimento humano é loucura. No texto que vai de 1.18 a 2.16, Paulo
confronta a sabedoria humana com a sabedoria divina.

12
Estava em alta o pensamento gnóstico, o qual supervalorizava o conhecimento,
associado à salvação humana. Além de enfatizar a sabedoria divina contra a sabedoria
humana, Paulo também afirma que o conhecimento passará “O amor nunca perece...” (1
Co 13.8). A matéria era vista pelos gnósticos como maligna. Daí surgiram várias heresias.

O conceito filosófico da época influenciou a igreja coríntia nos conceitos de conhecimento,


liberdade e amor. Paulo se posiciona contra todas estas variações da influência filosófica
e da falsa interpretação do cristianismo. Assim, ele condena a libertinagem sexual, ao
mesmo tempo em que defende a legitimidade do sexo dentro do matrimônio (1 Co 6.15-
16; 1 Co 7). A liberdade é de fato ampla, mas o amor é o seu parâmetro maior (1 Co
10.23-24).

Como solução cristã para todas essas questões, Paulo lembra aos coríntios que Jesus é
o fundamento de suas vidas. Ninguém pode colocar um outro fundamento, e aí entra a
questão da responsabilidade dos líderes cristãos. A pessoa e a doutrina de Cristo, que é
verdadeiramente a sabedoria de Deus, garantem a justificação, santificação e redenção
do crente (1 Co 1.30)

A ressurreição – O capítulo mais teológico da carta é o 15. Nele, Paulo fala da


ressurreição dos crentes, insistindo que o protótipo pertinente e correto é a
ressurreição de Jesus Cristo. O apóstolo nega que seja possível estabelecer qualquer
distinção de espécie entre as duas ressurreições, e leva seus leitores a dirigirem o olhar e
as aspirações para o triunfo final. O problema é que a mentalidade grega considerava
toda a matéria inerentemente má, por isso rejeitava a ressurreição.

Paulo argumenta que a ressurreição de Cristo é uma realidade, e é a garantia de que


também ressuscitaremos. O apóstolo diz que Cristo venceu a morte e que ele é as
primícias dos que dormem (1 Co 15.20-21; 1 Co 15.54-57). A morte veio por um homem
(Adão), mas também por um homem (Jesus) veio a ressurreição dos mortos. Este
assunto é tão importante para fé cristã que Paulo chega a dizer: “E, se Cristo não
ressuscitou, é inútil a nossa pregação [...] se é somente para esta vida que temos
esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1 Co
15.14-19).

A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS

Contexto Histórico – Ao escrever a primeira epístola, Paulo estava em Éfeso. Ali ocorreu
grande tumulto porque os comerciantes de imagens estavam perdendo seus lucros após
a pregação de Paulo. Diante da intensa perseguição, o apóstolo foi para Trôade. Ali
sentiu-se angustiado pela expectativa em relação a igreja de Corinto. Paulo aguardava a
chegada de Tito. Então, de Trôade foi a Macedônia, e, pouco depois, Tito chegou com
notícias de Corinto (At 19.30 a 20.1; 2 Co 2.12-13; 2 Co 7.5-10 e13).

De acordo com as informações de Tito, a epístola recentemente enviada provocara


tristeza e arrependimento em alguns, e rebeldia em outros. O pecador referido em 1 Co 5
estava arrependido, e acerca dele Paulo dá instruções em 2 Co 2, para que a igreja o
receba e o perdoe. Também recebe a notícia de que havia falsos apóstolos agindo entre
os coríntios (2 Co 11.3 e 13; 2 Co 12.11), os quais procuravam desmoralizar a pessoa e a
mensagem de Paulo (2 Co 1.17; 2 Co 10.9-10; 2 Co 11.1,6 e 16).

13
A hipótese da carta desaparecida – Normalmente, considera-se que as reações
relatadas por Tito se refiram a epístola que conhecemos como 1 Coríntios. Entretanto,
existe a hipótese de que, após o envio da primeira epístola, Paulo tenha visitado Corinto.
Nessa oportunidade, ele teria sido gravemente ofendido por alguém (2 Co 2.5-11; 2 Co
7.12). Logo depois teria enviado uma epístola com teor emocionado, a qual não teria
chegado ao nosso conhecimento ou então seria correspondente aos capítulos 10 a 13 de
2 Coríntios. De acordo com esta hipótese, as reações mencionadas em 2 Co 7.8-12
seriam referentes a esta suposta epístola, e o homem de 2 Co 2.5 seria aquele que
ofendeu pessoalmente o apóstolo. Contudo, esta suposição não foi comprovada.

Autor: Paulo (e Timóteo)


Data: 57 d.C.
Local: Macedônia
Classificação: Eclesiologia
Tema: defesa do apóstolo Paulo
Texto chave: 3.1; 5.12; 6.3; 7.2; 10.2-3; 11.5-6; 12.11; 13.3.

Esboço

I – Saudações (1.1-2)
II – Tribulação antes da volta de Tito (1.3-14)
III – Primeiro plano de visita. Defesa de Paulo (1.15-24)
IV – Mudanças de Planos. Arrependimento e perdão (2.1-11)
V – Credenciais do Ministério (2.12-17)
VI – Contraste entre a velha e a nova aliança (3.1-18)
VII – A responsabilidade de Paulo (4.1-18)
VIII – A vitória sobre a morte (5.1-9)
IX – O juízo e a urgência da mensagem da salvação. O ministério da reconciliação
(5.10-21)
X – Os sofrimentos de Paulo e a exortação à santidade (6.1-7.1)
XI – Recomendações diversas. Os efeitos da primeira carta (7.2-16)
XII – A coleta para os irmãos em Jerusalém (8.1-9.15)
XIII – Defesa da autoridade apostólica de Paulo (10.1-18)
XIV – Defesa diante dos judaizantes. Os falsos apóstolos (11.1-29)
XV – Os sofrimentos de Paulo. Suas revelações, sinais e receios (11.30 a 12.18)
XVI – A próxima visita. Saudação (2.19 a 13.13)

Características da Epístola – Uma carta muito intensa, onde mistura amor, censura e
indignação. Paulo fala a dois grupos na Igreja: aos obedientes e aos rebeldes. No estudo
da primeira epístola vimos que a igreja de Corinto estava dividida em partidos, de acordo
com as preferências individuais. Na segunda epístola vemos a igreja dividida em apenas
dois grupos: os obedientes e os rebeldes

ASPECTOS TEOLÓGICOS A DESTACAR

Os ataques ao ministério de Paulo – Naquela época, muitos judeus convertidos ao


cristianismo queriam impor a Lei mosaica aos cristãos gentios. Tais judeus eram
chamados de “judaizantes” devido ao seu esforço para implantar práticas judaicas no
cristianismo. Eles fizeram diversos ataques ao ministério de Paulo. Como não havia

14
nenhum motivo concreto com que pudessem acusá-lo, os judaizantes apelavam para
quaisquer argumentos possíveis.

Até mesmo uma mudança dos planos de viagem de Paulo foi usada por eles para o
acusarem de leviandade, ou imprudência (2 Co 1.17). Outro ponto muito explorado foi a
expectativa grega em relação aos líderes. Ao que tudo indica Paulo não correspondia ao
padrão grego. As credenciais gregas de um grande líder seriam, entre outras, uma ótima
aparência e admirável eloquência. Apolo estaria mais próximo desse paradigma (At
18.24). Talvez isso tenha contribuído para que muitos coríntios tivessem se unido em
torno do seu nome, formando um partido na Igreja (1 Co 1.12). Enquanto isso, Paulo era
alvejado pelas infâmias dos falsos apóstolos, que pesavam seu ministério com base em
valores humanos e filosóficos.

Tais argumentos não eram associados ao judaísmo, mas bem poderiam servir como
excelentes armas circunstanciais para os ataques dos judaizantes ao se referir à Lei como
“ministério da morte” (3.7) e ministério de condenação (3.9). Desse modo, Paulo não
ridiculariza a Lei, mas coloca-a no seu devido lugar em relação à obra de Cristo.

A defesa do ministério de Paulo – Assumindo o papel de seu próprio advogado, Paulo


faz a sua defesa pessoal. Fundamenta suas colocações tendo em vista a expectativa e a
perspectiva da igreja em relação aos ministros de Deus. Quer dizer, há um padrão quanto
aos requisitos de um “homem de Deus”. Será que tais requisitos correspondem aos
padrões divinos?

A visão que temos acerca dos líderes pode estar alterada por conceitos que formamos em
nossa própria mente. Além disso, a perspectiva pode estar errada, quando temos uma
ideia a respeito do líder que difere de sua própria realidade ou do padrão bíblico.

Também na primeira epístola ocorre a mesma abordagem: Os cristãos formavam partidos


em torno dos líderes. Então, Paulo lhes escreve dizendo que os líderes deviam ser vistos
de maneira mais simples, embora importantes quanto à sua missão. Assim, em 1
Coríntios o apóstolo questiona: “Quem é Paulo? Quem é Apolo?” (1Co 3.11). Na
sequência, utilizando figuras de linguagem, ele apresenta os líderes como:

- agricultores – aqueles que semeiam, plantam, cuidam e colhem (3.6-8);


- colaboradores – aqueles que ajudam (3.10);
- edificadores – aqueles que constroem (3.10);
- despenseiros – aqueles que alimentam no tempo certo (4.1);
- ministros (= servos) – aqueles que servem (4.1);
- sofredores! – 4.9-13 (Paulo se refere aos ministros como: últimos, condenados,
espetáculo, loucos, fracos, desprezíveis. Esta seria a visão do mundo a respeito
deles);
- exemplo para a igreja - (4.16).

Tipos de perspectiva em relação aos ministros de Deus – Vasos de ouro ou de barro?


A perspectiva, como visão que se tem de alguma coisa, varia de acordo com a posição
em que o observador se encontra em relação ao objeto observado: posição inferior,
superior, distante, longínqua, etc. Essa variação não altera o objeto em si, mas a visão
que se tem dele. Igualmente, a perspectiva concernente aos ministros varia, podendo
tornar-se distorcida por posições extremadas. Podem acontecer os seguintes erros:

15
Erro 1 – Valorização exagerada

Os ministros sendo vistos como vaso de ouro: vale mais o recipiente do que o conteúdo.
Neste conceito, o vaso é considerado inquebrável e infalível. Parece que esta era a visão
dos Coríntios ao formarem partidos em torno dos nomes dos apóstolos. A história mostrou
o agravamento desse problema, a ponto de hoje haver quem se refira aos apóstolos como
santos, como ídolos, no sentido mais grave do termo. O próprio apóstolo Paulo recebeu o
título de “São Paulo”, e inúmeras são as homenagens póstumas a sua pessoa.

Erro 2 – Desvalorização e desprezo

O outro extremo: a consideração do ministro como um vaso desprezível, vazio e inútil.


Essa perspectiva traz como consequência: falta de submissão, falta de reconhecimento e
até a falta de sustento material para o ministro.

A perspectiva correta – ponto de equilíbrio

“Mas temos este tesouro em vaso de barro...” (2 Co 4.7). O servo de Deus não deve ser
idolatrado, nem desprezado, mas amado. Afinal, são vasos de barro, mas contém um
tesouro precioso que é Cristo. O vaso é quebrável, falível. Todavia, não deve permanecer
quebrado. Se cair, o grande tesouro permanece. Entretanto, o ministro (vaso) deve
cuidar-se, como Paulo recomenda: “Assim, aquele que julga estar firme cuide-se para que
não caia”. (1 Co 10.12). O mais importante é a mensagem, a notícia, e não o mensageiro.
Entretanto, o mensageiro deve ter credibilidade para que a mensagem não seja rejeitada
ou desacreditada.

Para tornar este conceito ainda mais pregnante Paulo ainda menciona algumas
realidades pertinentes ao corpo humano: mortal, corruptível, irá se desfazer (2 Co 4.16; 2
Co 5.1,4). Por causa da supervalorização grega em relação à aparência Paulo enfatiza a
questão da morte física (2 Co 4.16 - 5.12; 2 Co 10.7). Seu enfoque sobre a fragilidade do
vaso inclui também aspectos circunstanciais em confronto com a condição interna do
servo de Deus (2Co 4.8-11), conforme o seguinte quadro:

Por fora Por dentro


Atribulados Não angustiados
Perplexos Não desanimados
Perseguidos Não desamparados
Abatidos Não destruídos
Morte Vida

Para não terminar numa atmosfera negativa, Paulo aponta para a manifestação de Cristo
em nossa carne mortal (2 Co 4.11). Na ressurreição dos justos, o mortal será absorvido
pela vida (2 Co 5.4).

Características e credenciais do ministério de Paulo

- Sem lucro pessoal (11.9)


- Exercido com grande esforço e sacrifício (6.3-10; 11.23-29)
- Consolador (1.4-7)
- Sofredor (1.5-9; 4.8-12; 5.4; 6.4-10; 7.5; 11.24-28)
- Santo, simples, sincero, verdadeiro (1.12; 2.17; 4.2; 7.2)
16
- Constante (1.17-19; 4.1,16)
- Interessado pelo bem da igreja, zeloso (2.3-4; 7.7-8; 11.2-3 e 7; 12.20-21)
- Triunfante (2.14; 4.8-9; 12.10)
- Abnegado (desprendido) (4.5 e 11; 5.13; 11.7-9)
- Motivado pelo amor de Cristo (4.5 e 11; 5.14)
- Espiritual (4.18; 5.16; 10.4)
- Persuasivo (5.11 e 20; 6.1; 10.1-2)
- Reconciliador (5.19-21)
- Produtivo (12.12)
- Com autoridade (2.9; 3.2; 10.1-11)
- Capacitado por Deus (3.5).

Credenciais do ministério de Paulo – Para combater os esforços daqueles que


procuravam desmoralizar o ministério de Paulo, ele apresentou suas credenciais.

Credencial é “aquilo que atribui crédito” – Diferentemente do que esperavam os


coríntios, o apóstolo não apresentava o padrão grego da boa aparência e da eloquência.
Nem mesmo trazia “cartas de recomendação” (embora estas muitas vezes ainda hoje
sejam úteis e até necessárias), mas Paulo tinha as verdadeiras credenciais:

- Autenticado pelo Senhor (2 Co 1.1 e 21-22; 2 Co 3.5-6; 2 Co 4.6)


- Pelas abras (2 Co 12.12)
- Pelos perigos e sofrimentos (2 Co 6.4-10; 2 Co 11.23-27)
- Pelas revelações divinas (2 Co 12.1-5)

Paulo se admira de que os coríntios estivessem se deixando levar pela ideia de exigir-lhe
frutos. Eles próprios eram frutos do trabalho de Paulo. “Vós sois a nossa carta, escrita em
nossos corações”, disse o apóstolo (2 Co 3.2). Eles seriam ainda a glória de seu
ministério diante Deus (2 Co 1.14).

Entre suas credenciais, Paulo dá destaque aos sofrimentos. Isso não é o tipo de
credencial que os gregos esperavam. Eles devem ter ficado decepcionados, aliás, isso
deve decepcionar a muitos que têm uma expectativa colorida a respeito do evangelho,
aguardando apenas benefícios sem tribulação. Pelo cristianismo poderemos sofrer muitas
perseguições e possíveis privações (2 Co 11.27). Isso não combina com o “evangelho da
prosperidade”, mesmo porque, Jesus não prometeu riquezas e ausência de sofrimento
(Jo 16.33).

Paulo até se gabava de ter sofrido mais do que outros que se diziam servos de Deus (2
Co 11.23-28; 2 Co 12.10). Aquele que nada sofre, que nenhum risco corre, que nenhum
fruto produz, poderá ter o seu ministério desacreditado até por si mesmo. Com este
conceito, Paulo surpreende seus leitores quando se gloria na tribulação e na fraqueza (2
Co 11.30). Isso mostra que a tribulação não é inútil, ela produz algo maior, e nisto
consiste o seu valor. Todavia, gloriar-se na fraqueza não significa gloriar-se no pecado,
mas nas limitações e incapacidades próprias do ser humano, oportunidade para as
manifestações do poder de Deus. Desenvolvendo este conceito, os seguintes elementos
podem ser relacionados, conforme o quadro abaixo:

17
Fraqueza humana Poder de Deus
Problemas Milagres
Crise Oportunidades
Desafios Crescimento
Necessidades Provisão
Incapacidade Capacidade (2Co 3.5)

Nesta carta, Paulo ainda menciona um “espinho na carne”, sinalizando algum problema
que Deus não solucionou no momento da oração do apóstolo. Não sabemos de que se
tratava: uma enfermidade? Uma determinada tentação demoníaca? Um determinado
perseguidor da parte do Império Romano? De qualquer forma, o que fica evidente, neste
episódio, é que nem sempre Deus responde como queremos; mas certamente Ele tem
um propósito em todas as coisas. Importante mesmo é o que Deus responde: “Minha
graça é suficiente...”.

18
QUESTIONÁRIO I

EPÍSTOLA AOS ROMANOS - I e II CORÍNTIOS.

1. Faça um breve histórico sobre a cidade de Roma (Localização – fundação e


organização social).
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Com relação à Religião em Roma responda (V) Verdadeiro ou F (Falso).

___ Desde a antiguidade, a religião romana se caracterizava pela adoração a diversos


deuses.
___ As famílias tradicionais adoravam seus próprios ancestrais em seus cultos
domésticos.
___ O culto ao Imperador que foi estabelecido por Augusto, tornou-se parte da
religiosidade romana.
___ O Judaísmo era considerado pelo Imperador romano uma religião lícita.
___ O Cristianismo entrou em Roma com o reconhecimento oficial.

3. A Igreja em Roma era composta de Judeus e principalmente por


____________________.

4. A respeito da Epístola aos Romanos circule as afirmações corretas.

a) O autor da epístola foi o apóstolo Pedro.


b) O tema da epístola é o Evangelho de Cristo.
c) A carta apresenta um resumo da Bíblia e da história humana sob o ponto de vista
teológico.
d) O Objetivo de Paulo ao escrever aos romanos era de expor aos romanos seu
entendimento a respeito do evangelho e prepará-los para sua futura visita.

5. Com relação à salvação, a justificação e a santificação resposta (C) certo ou (E) errado.

( ) Podemos afirmar que não só o pecado é universal, como também o amor de Deus.
( ) A fé no sacrifício de Jesus produz a justificação.
( ) A obra de Deus na vida do crente se resume na justificação.
( ) A santificação é um processo gerado pelo Espírito Santo na vida do crente através
do conhecimento e prática da palavra de Deus.

6. Complete as questões:

a) O Cristianismo não se resume em espiritualidade, mas em


__________________________. As obras não salvam, mas o _______________ pratica
boas obras. E mais: o crente é chamado ao _________ cristão.

b) A Igreja em Corinto foi fundada pelo apóstolo _________________ durante sua


_____________ viagem missionária entre os anos 50 e 52 d.C..

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c) A Igreja de Corinto era composta por ___________ e gentios, e entre seus membros
havia ricos e pobres.

7. Dê a definição dos seguintes termos:

a) Homem natural: _____________________________________________________.


b) Homem espiritual: ___________________________________________________.
c) Carnalidade: _______________________________________________________.

8. Enumere a 2ª coluna de acordo com a 1ª.

(1) Religião e Imoralidade ( ) Na época de Paulo as mulheres não tinham


oportunidade de alfabetização e de estudo.

(2) Religião e ordem no culto ( ) Assim como ocorria no judaísmo, os


sacrifícios de animais aconteciam também em
outras religiões.
Parte do animal era queimada sobre o altar.

(3) Religião e comportamento feminino. ( ) Nos cultos pagãos havia inclusive orgia e
práticas ilícitas, além da desordem
propriamente dita.

(4) Religião e alimentação ( ) Muitos cristãos continuavam sendo levados


à prática de pecados sexuais.

(5) Religião e Filosofia ( ) Naquele tempo, a filosofia grega era o estilo


e vida de Corinto. Os gregos eram orgulhosos
por seu conhecimento filosófico.

9. O que fala o apóstolo Paulo a respeito da Ressurreição?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

10. Cite as características da 2ª epístola aos Coríntios


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

11. Complete a questão:

a) Naquela época, muitos judeus convertido ao ________________________


queriam impor a ____________________ aos cristãos gentios.

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A EPÍSTOLA DE PAULO AOS GÁLATAS
Autor – Paulo (v.1.1)

Data – Entre 55 e 60

Texto Chave – Gl 5.1

Tema – Justificação pela fé sem as obras da Lei

A Galácia – Era uma região da Ásia Menor, que hoje corresponde à região da Turquia. O
nome Galácia é derivado do gaulês. Os gauleses eram originários da Gália (França hoje)
que dominaram a região centro norte da Ásia Menor por volta do ano 300 a.C. Em 189
a.C., esse território foi conquistado pelos romanos. Em 25 a.C. Roma estabeleceu ali uma
província que manteve o nome de Galácia. Contudo, seus limites eram maiores que a sua
região original. Assim, ao norte havia os gálatas étnicos. Ao sul havia outros grupos que
faziam parte da província, mas que não tinham a mesma origem genealógica gaulesa. Por
esta razão, quando o Novo Testamento menciona os gálatas, existe dificuldade em se
determinar se os autores se referem a todo o povo da província ou apenas ao grupo
étnico descendente dos gauleses. Para qual grupo o apóstolo teria escrito?

Construções remanescentes na então Galácia

As Igrejas da Galácia - Enquanto as epístolas aos coríntios foram destinadas a uma


igreja específica, a carta aos gálatas destinou-se a várias igrejas, acerca das quais não
temos muitas informações específicas. Sabemos que, entre tantas cidades localizadas na
província da Galácia, Paulo fundou igrejas em Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe,
durante sua primeira viagem missionária.

O motivo da carta – Os judeus estavam em todo Império Romano, principalmente nas


cidades mais importantes. Muitos deles se converteram ao cristianismo, mas dentre os
convertidos, havia aqueles que queriam impor a Lei mosaica sobre os cristãos gentios.
Estes são chamados de “Judaizantes”. Os judaizantes pareciam estar sempre
acompanhando os passos de Paulo a fim de influenciar as Igrejas por ele estabelecidas.
Os judaizantes estavam também na Galácia, onde se tornaram uma ameaça a sã doutrina.

O ataque dos judaizantes contra Paulo – Parece que se tratava de um grupo bem
organizado, a partir de Jerusalém. Ao que tudo indica tinham o costume de enviar
representantes para as igrejas do mundo inteiro. Eles davam a entender que o evangelho

21
pregado por Paulo estava incompleto. Assim, minavam a autoridade apostólica, atacando
a sua legitimidade com o argumento de que Paulo não era um dos Doze, nem tinha
andado com Jesus.

O evangelho dos Judaizantes – Eles chegavam com o Antigo Testamento em mãos,


ensinando a obrigatoriedade da Lei cerimonial, com ênfase na circuncisão. Os judaizantes
ensinavam que a salvação dependia também da Lei, principalmente da circuncisão.
Segundo eles, para ser cristão, a pessoa precisava antes ser judeu, não por
descendência, mas por religião (os prosélitos).

O evangelho que Paulo defende – Os judeus queriam acrescentar a circuncisão como


condição para a salvação. Assim, o cristianismo seria apenas uma seita do judaísmo.
Paulo, entretanto, reforça que o ensino de que a salvação ocorre pela fé na suficiência da
obra de Cristo. E para ilustrar esta verdade, Paulo toma Abraão como exemplo, assim
como fez na epístola aos Romanos, afirmando que o patriarca foi justificado pela fé e não
por obediência à Lei. Logo abaixo temos um quadro comparativo entre a Lei e a graça:

LEI / MOISÉS GRAÇA / JESUS


Mostra o pecado Perdoa o pecado
Traz maldição Leva a maldição
Traz prisão e morte Traz libertação e vida
Enfatiza a carne Enfatiza o espírito
Infância Maturidade
Conduz a Cristo Conduz ao Pai

ASPECTOS TEOLÓGICOS A DESTACAR

Paulo defende seu apostolado (Gl 1.12 – 2.21) – O ensino de Paulo tinha a aprovação
do próprio Deus (Gl 1.11-24). Ele afirma que recebeu o evangelho diretamente do Senhor
e também que não consultou ninguém sobre o que deveria pregar. Esteve apenas quinze
dias com Pedro e Tiago, por isso não poderia ter aprendido muita coisa com eles.

Que Paulo tinha autoridade espiritual, percebe-se, entre outras coisas, em sua
repreensão a Pedro (Gl 2.11-21); mas isso não significava nenhuma tentativa secreta
para solapar a autoridade daquele apóstolo. É bom salientar que a amizade de Pedro e
Paulo era tão genuína que suportou aquela severa prova.

A partir do verso 15, Paulo fala de Justificação. Nesta Deus leva a meu crédito o que
Cristo fez, como se eu mesmo o tivesse feito. Quando um criminoso é perdoado, ele não
pode ser considerado justo. Mas a justificação é o ato de Deus pelo qual ele não somente
nos perdoa, mas também nos atribui a justiça de Cristo. Portanto, não por obras (Gl
2.16.17), mas pela fé em Jesus Cristo, e sem graus de justificação: no momento em que
cremos em Cristo somos feitos justos (Gl 2.16.17).

Paulo defende o evangelho (Gl 3.1 a Gl 4.31) – Paulo está defendendo o evangelho de
Cristo. Ele descreve sua própria pregação como tendo apresentado a cruz tão
completamente que é como se eles tivessem visto cristo crucificado no meio deles (3.1).
Ele mostra o que a Lei não pode fazer, mas apresenta o que a graça faz. Paulo questiona
os irmãos gálatas e os chama de insensatos: tendo recebido o evangelho original, de
repente, o abandonaram. Este questionamento é aprofundado com a pergunta: “... foi pela
prática da Lei que vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram?” (Gl 3.3).

22
O inestimável dom do perdão dos pecados e a dádiva do Espírito Santo não sejam
ganhos por seus esforços, mas são oferecidos pela graça de Deus.

O apóstolo Paulo explana o magnífico exemplo de Abraão. Paulo diz que: “Abraão creu
em Deus, e isso lhe foi imputado para Justiça” (Gl 3.6). Abraão era a referência dos
judeus convertidos daquela época, mas Paulo diz que, à vista de Deus, ele era um
pecador condenado. Ele foi justificado na base de sua fé e não das suas obras. Abraão
creu. Isso é fé. A fé diz a Deus: “Eu creio no que dizes”.

A maldição da Lei – Paulo argumenta que a lei não pode oferecer justiça, porém traz a
morte sobre todos os que a observam (Gl 3.10), pois ela exige obediência perfeita, e sem
qualquer recompensa. É dever do homem guardar a Lei. Todavia, “Cristo nos resgatou da
maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13-14). Todos
quebraram a Lei, por isso todos estão debaixo de sua maldição. Cristo, porém, afastou a
maldição da Lei. Os irmãos gálatas estavam se mostrando insensatos em perder a
benção da fé, jogando-se para debaixo da maldição da Lei.

Entretanto, a lei também possui um propósito espiritual. Ela revela às pessoas o pecado,
a cegueira e o desprezo a Deus; mas ela também nos ajuda a achar o caminho da graça.
Quando a consciência fica completamente dominada pelo medo da Lei, ela está pronta
para receber o evangelho. A lei foi dada também para nos conduzir a Cristo, ao nos
mostrar a nossa necessidade. O evangelho diz que Cristo é o único capaz de atender
essa necessidade (Gl 3.23; Gl 4.11). Paulo declara que a lei nos serviu de mestre para
despertar em nós o senso da nossa necessidade de Cristo, a fim de que pudéssemos
alcançar a justificação pela fé (Gl 3.24).

Filhos de Deus – Paulo nos diz que nem todos são filhos de Deus. É a fé em Cristo, e
não as obras, que nos coloca na família de Deus. Por outro lado, Paulo demonstra que,
embora todos os crentes sejam filhos de Deus, nem todos são filhos adultos. O apóstolo
usa o termo adoção, emprestado da lei romana, que significa colocar o filho na posição
legal. Isso podia acontecer pelo recebimento de alguém que não pertence à família por
nascimento, ou pelo ato legal de reconhecimento de sua maioridade.

Cristo veio remir-nos para que não mais fossemos escravos, debaixo da lei, mas para que
possuíssemos todos os privilégios de filhos adultos e herdeiros. Também Paulo utiliza-se
de outro exemplo para mostrar aos leitores sua posição de liberdade em Cristo. Ele
lembra-lhes que Abraão teve dois filhos: Ismael, filho de Hagar, a escrava; e Isaque, o
filho de Sara, a livre. Ismael não gozou as bênçãos de filho no lar de Abraão, mas foi
deixado de fora, ainda que fosse o primogênito, e Isaque foi chamado. É isso que
acontece aos que procuram salvar-se pela lei. Mas Isaque, o filho da promessa e da fé, foi
o herdeiro de tudo. Assim somos herdeiros de uma promessa espiritual, a saber, salvação
eterna.

Paulo deseja que o evangelho seja aplicado (Gl 5) – Paulo quer que os gálatas se
apeguem a sua liberdade pessoal. É o evangelho da graça de Deus que dá a verdadeira
liberdade na pessoa de Cristo (Gl 5.1-12). Esta liberdade custou um alto preço - o sangue
de Cristo. Mas trata-se de uma liberdade que não vira licenciosidade – as obras da carne
(Gl 5.19-21). São pecados tanto da mente como do corpo. O cristão é liberto dessas
concupiscências pelo poder do Espírito Santo, que inclusive produz “o fruto do Espírito”
(Gl 5.22-23):

23
O Fruto do Espírito:

Para com Deus Para conosco mesmo Para com o próximo


Amor Fidelidade Longanimidade
Alegria Mansidão Benignidade

Paz Domínio Próprio Bondade

Mutualidade Cristã (cap 6) – Concluindo a sua carta aos gálatas, Paulo apresenta ainda
algumas orientações e suas saudações finais. Podemos destacar:

- encorajamento a uma atitude dócil para com os iniciantes da nova vida (1,2);
- regozijo em seus próprios dons e ações, sem apresentar o tipo de orgulho daqueles
que se acham melhores que os outros. (vs 6.3-5);
- honestidade, conosco e com Deus. Nunca nos enganaremos, acreditando que a
liberdade cristã nos dá permissão para pecar (v.7-10). Podemos sempre
comprometer-nos em fazer o bem, certos de que “no tempo próprio colheremos”
frutos de alegria;
- comunhão na cruz: judeus e gentios se encontram na cruz, onde cada um
abandona seu antigo estilo de vida e cultura, para encontrar, como nova criação de
Cristo, um caminho diferente e melhor (15).

24
A EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS
Esta epístola ensina-nos a manter uma relação sem reservas com Jesus Cristo e a
permanecer na simplicidade do Espírito Santo, sem contristá-lo ou extingui-lo. O objetivo
geral deste estudo é situar circunstancial e historicamente a epístola e trazer aos alunos
noções "panorâmicas" que evidenciam a razão, motivo e finalidade de ter sido escrita.

A epístola aos Efésios revela o segredo da estabilidade e da força espiritual - fruto da


comunhão verdadeira com o Salvador glorificado.

Autor – Paulo

Data – Sugere-se entre os anos 60 e 63 d.C.

Local – Roma (Ef 3.1; Ef 4.1), de onde enviou a carta àquela igreja através de Tíquico,
por quem, também, enviava-lhes informações. É considerada uma das "cartas da prisão"
porque as escreveu enquanto estava preso em Roma. Na primavera de 63 d.C.,
provavelmente, foi liberto.

A Cidade de Éfeso – era uma das grandes metrópoles da Antiguidade, localizada na


costa oeste da Ásia Menor, que parcialmente é a Turquia de hoje. Ficava distante cerca
de 240 quilômetros da Grécia. Naquela época, Éfeso pertencia ao Império Romano, e
chegou a ter uma população de aproximadamente 300 mil habitantes. Possuía um porto
de mar, o qual favorecia a peregrinação obrigatória dos adeptos dos deuses pagãos
daquela região, tais como Diana (cultuada entre os gregos como Artêmis). A indústria e o
comércio de Éfeso atraíam gente de todas as regiões adjacentes. Também havia ali uma
grande biblioteca e um teatro com lugares para 25 mil pessoas assentadas.

Sua importância desapareceu, restam, porém, algumas ruínas; e, em vista de as estradas


principais, edifícios, templos, casas e o anfiteatro estarem mais ou menos intactos, pode-
se ter uma ideia de como era a vida nos tempos romanos ao visitar esses extraordinários
remanescentes de uma civilização do passado.

25
A Igreja em Éfeso – em sua segunda viagem missionária, deixou em Éfeso Priscila e
Áquila como responsáveis pelo trabalho naquela cidade (At 18.18-19). Certamente
fizeram um bom trabalho, pois quando Paulo voltou mais tarde, e ali permaneceu durante
quase três anos, encontrou uma florescente comunidade cristã (At 19.1-10). Paulo viu-se
forçado a deixar a cidade após um violento motim da população.

O templo local de Artemis (Diana), que era um dos grandes monumentos da antiguidade,
estava perdendo dinheiro, e Paulo foi acusado por ter dito que os ídolos não têm valor e
deviam ser rejeitados. Um sermão comovente é registrado em Atos 20.17-38, no qual
Paulo encoraja os anciãos de Éfeso a permanecer no caminho do Senhor. A carta é
também um belíssimo retrato do missionário Paulo e seu amor pela igreja.

Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila trabalharam na Igreja de Éfeso (At 18.18,19 e ,24; 1 Tm
1.3; 2 Tm 4.19). De acordo com a tradição, o apóstolo João também exerceu seu
ministério naquela cidade. Na visão apocalíptica, a igreja em Éfeso foi uma das sete
igrejas que, na época, receberam uma carta do Senhor Jesus (Ap 2.1).

Destinatário – Parece ter sido uma correspondência circular destinada às diversas


igrejas da Ásia Menor. Seu conteúdo não é pessoal (não possui saudações pessoais) e
nem trata de questões ou problemas específicos de uma comunidade em particular. De
acordo com os estudiosos dos manuscritos do Novo Testamento, a expressão “que vivem
em Éfeso” (Ef 1.1) não aparece em todas as cópias antigas. Supõe-se então que poderia
se tratar de uma carta circular, e que, eventualmente, alguém tenha acrescentado essas
palavras quando endereçou uma cópia para os Efésios. Alguns comentaristas sugerem
que esta epístola possa ser a mesma que Paulo menciona em Colossenses 4.16, quando
fala da carta enviada aos Laodicenses e que deveria ser lida também em Colossos.

Motivo do envio da carta – Como Éfeso e a região da Ásia Menor faziam parte da
província romana, os judeus tinham permissão para estarem ali estabelecidos. Contudo, a
igreja, nessa região, era constituída não somente de judeus, mas também gentios
convertidos. Aí reside o principal propósito de Paulo ao escrever a carta. Por um lado os
Judeus se consideravam a elite religiosa do mundo. Então, os gentios eram vistos por
eles como uma segunda categoria, até mesmo dentro da igreja. Os gentios, por sua vez,
poderiam se sentir inferiorizados. Contudo, nas cidades fora da palestina, os gentios eram
os “donos da casa”. Então os judeus poderiam ser vistos como estrangeiros arrogantes
que se achavam superiores aos próprios cidadãos do lugar.

Por isso, Paulo insiste na doutrina da unidade da Igreja. Afinal, Cristo chamou pessoas
diferentes e as uniu em um corpo para que aprendessem o amor que supera todas as
desigualdades.

Esboço

I – Saudação inicial (1.1-3)

II – Argumentação teológica

- As bênçãos da salvação (1.4-14)


- Primeira oração de Paulo (1.15-23)
- A história da nossa salvação (2.1-10)
- Um novo povo de Deus (2.11-22)

26
III – Orientação Prática

- A Igreja: O grande mistério revelado (3.1-13)


- A segunda oração de Paulo (3.14-21)
- A unidade do corpo de Cristo (4.1-6)
- Os dons de Cristo (4.7-16)
- A conduta do cristão no mundo (4.17-24)
- A plenitude do Espírito (5.1-21)
- A conduta do crente no lar (5.22-28; 6.1-9)

IV – Saudações Finais (6.21 a 24)

ASPECTOS TEOLÓGICOS A DESTACAR

As bênçãos da salvação (Ef 1.4-14) – Considerado um dos trechos mais profundos da


Bíblia, este texto declara a nossa posição em Cristo. A segurança de nossa redenção,
mediante a fé, é explicada através de quatro afirmações: fomos eleitos nele, adotados,
remidos e selados. Esses onze versículos resumem o que Deus realizou, concedendo ao
crente toda a riqueza do Senhor. Aqui, destacam-se três pontos, os quais referem-se à
obra magistral e sublime da Trindade Divina na consecução do propósito da salvação da
humanidade:

- os salvos: eleitos em Cristo e predestinados pelo Pai;


- os salvos: remidos pelo Filho;
- os salvos: selados com o Espírito Santo.

As orações de Paulo (Ef 1.15-23; 3.14-21) – Paulo era um homem de oração; e, nestes
dois textos, podemos descobrir o interesse do apóstolo em favor dos crentes. Impelido
pelo grande amor que tinha para com os efésios, Paulo, numa primeira oração (primeiro
texto referido acima) pede a Deus que conceda a eles três bênçãos: a sabedoria que vem
do alto; a revelação do pleno conhecimento de Deus e a iluminação dos olhos do
entendimento.
Adiante, ainda submerso nas profundas águas da intercessão, pede que o Senhor nos
revele três aspectos de nossa posição em Cristo: a esperança que se prende à sua
vocação; a riqueza da glória de sua herança; e a sobre-excelente grandeza do seu poder
(vs. 1.18,19). Mesmo estando preso, Paulo se constitui um exemplo de oração para os
crentes, sob vários aspectos:

- constância na oração (v.16);


- ação de graças (v.16);
- intercessão, uma atitude edificante da oração (vv.16,17);
- a base de confiança (segurança) da oração: a esmagadora vitória de Cristo sobre
todos os poderes, demonstrada na sua ressurreição e suas consequência (vs. 20-
23).

Numa segunda oração (segundo o texto referido acima), o apóstolo mostra o caminho
da verdadeira intercessão. Extasiado pelas profundas revelações recebidas de Deus,
Paulo ora pela segunda vez em favor dos crentes de Éfeso e também por nós. Desta vez,
podemos identificar quatro pedidos específicos, ou seja:

27
- pelo fortalecimento através do Espírito de Deus;
- pela habitação de Cristo em nossos corações;
- pela compreensão do amor de Cristo (largura, comprimento, altura e profundidade);
- pelo enchimento da plenitude de Deus.

Na verdade, esses textos representam um importante ensino sobre o conteúdo e a prática


oração na vida cotidiana dos crentes, pois a oração é um meio eficaz e multiforme para
penetrarmos nos mistérios espirituais e conhecermos a Deus.

A história da nossa salvação (Ef 2.1-10) – neste texto, o apóstolo mostra-nos os três
tempos da nossa salvação: passado, presente e futuro.

No passado:

- estávamos mortos em ofensas e pecados (v.1);


- andávamos segundo o curso do mundo (v.2);
- fazíamos a vontade da carne (v.3);
- éramos filhos da ira (v.3).

No presente:

- somos filhos da misericórdia de Deus (v.4);


- estamos vivificados em Cristo (v.5);
- temos uma nova cidadania com Deus (v.6). "E nos fez assentar nos lugares
celestiais, em Cristo Jesus";
- somos feitura de Deus (v.10).

No futuro:

- seremos a prova da obra redentora (v.7)


- seremos o testemunho da manifestação da graça de Deus (vv.8,9)

Um novo povo de Deus (Ef 2.11-22) – Por meio da redenção de Cristo, agora judeus e
gentios foram feitos "um novo homem". Da semente de Abraão, Deus suscitou um povo
especial, exclusivo e separado de todas as gentes, para ser o seu povo, o seu
representante entre as nações. Prevalecem, na história bíblica, as promessas de Deus
para com Israel; mas a revelação bíblica, já predita no Antigo Testamento mostra que
Deus tinha em mente um projeto mais abrangente; formar, dentre todos os povos, um
novo povo, isto é a IGREJA. Assim, vejamos o que Deus fez “em Cristo”: uniu judeus e
gentios:

Estes últimos estavam nas seguintes condições

- fora da Aliança (v.11);


- sem o sinal de exclusividade (a circuncisão);
- sem Cristo (v.12);
- sem direito à comunidade de Israel (v.12).
- sem esperança (v.12).
- sem Deus no mundo (v.12).

28
Estabeleceu a comunhão com Deus

- antes estávamos "longe"; agora chegamos "perto" (v.13);


- antes, sem reconciliação; agora temos paz com Deus (vv.14-16);
- antes não tínhamos acesso ao Pai; agora, em Cristo isto é possível (vv.18,19);

Promoveu a unidade no corpo

- antes éramos dois povos; agora, somos um só (v.15);


- estabeleceu um único fundamento (dos apóstolos e dos profetas), v.20;
- designou o lugar de cada crente no edifício de Deus (vv.21,22);

Assim, a Igreja é o grande mistério revelado (Ef 3.1-13). No capítulo 3, o apóstolo se


apresenta como despenseiro da graça de Deus na revelação do grande mistério que é a
Igreja. Nessa exposição, Paulo revela sua missão especial, como: "prisioneiro de Cristo"
(Ef 3.1); mordomo da graça de Deus (Ef 3.2-3); possuidor da revelação do mistério da
graça de Deus (Ef 3.3-5) e revelador das bênçãos universais de Deus (Ef 3.5-6).

Os dons de Cristo (Ef 4.7-16) – Os dons ministeriais foram dados à Igreja com o
propósito de preparar o povo de Deus para o trabalho, promover crescimento,
desenvolvimento espiritual e fortalecer a unidade do corpo de Cristo. Desse modo, a
Igreja vai sendo construída, aumentada e seus membros são edificados.

A conduta cristã no mundo e no lar (Ef 4.17-24; Ef 5.22-28; Ef 6.1-9) – É dever dos
crentes, conforme asseverou o apóstolo Paulo em outros textos das Sagradas Escrituras,
resplandecer como astros no mundo. Como "fontes luminosas" devemos revelar e
condenar as trevas do pecado no mundo.

Paulo começa o capítulo 4 com um apelo para que andemos dignamente no sentido de
preservar a unidade do Espírito (Ef 4.1-3). Agora, no versículo 17 do mesmo capítulo,
Paulo apela para que andemos com um comportamento que seja diferente do praticado
pelos não-crentes. O novo "andar em Cristo" afeta as nossas atitudes, hábitos e
linguagem (Ef 4.17-24).

Também no âmbito do lar a nova vida em Cristo assegura perfeita harmonia da família.
Marido e esposa estão sob o princípio de autoridade estabelecido por Deus, e a sujeição,
da mulher, referida pelo apóstolo, não significa escravidão. O texto destaca o princípio da
submissão como um dever dentro das relações familiares entre os cônjuges e os filhos,
bem como as boas relações entre patrão e empregado (na linguagem da época, senhores
e escravos).

A plenitude do Espírito (Ef 5.1-21) – O capítulo 5 da epístola aos Efésios é, na verdade,


uma continuação do capítulo 4, que trata da conduta do crente no mundo. Neste
edificante capítulo, o apóstolo relaciona o modus vivendi do crente com a pessoa de Deus
e sua santidade. Isso implica ser um imitador de Deus e imitador de Cristo. Implica
também atitudes cristãs corretas (p.ex.: ações de graças (v.4), andar como filhos da luz
(vv.8-14), agir como sábios (vv.15-17), etc.).

O crente deve encher-se de Deus em sua vida. Para isso Paulo usa uma ilustração que
mostra um contraste: em lugar de embriagar-se com o vinho, o cristão deve encher-se do

29
Espírito. “Enchei-vos” (5.18) (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de
“ser enchido repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a
renovação constante (Ef 3.14-19; Ef 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimento repetido do
Espírito Santo. Portanto: selado uma vez (1.13), mas cheio do Espírito repetidamente.

A batalha espiritual (Ef 6.10-20) – Neste texto, Paulo afirma que existe de fato uma
batalha em nível espiritual no contexto do Reino de Deus, independentemente do local ou
área geográfica. Não é uma luta contra a carne e o sangue, pois trata-se de enfrentar
inimigos espirituais. Eles estão representados na pessoa do diabo, e nas "hostes
espirituais da maldade" (v.12). Esta expressão certamente inclui "principados, potestades
e príncipes das trevas deste século".

Nesta batalha, as armas são espirituais (Ef 6.13-17). Paulo serviu-se da figura das armas
do soldado romano da sua época para ilustrar o seu ensino pertinente: a)- "O cinto da
verdade" (v.14); b)- "A couraça da justiça"; c)- "Calçados da preparação do Evangelho"
(v.15); d)- "Escudo da fé" (v.16); e)- "O capacete da salvação" (v.17); f)- "A espada do
Espírito" (v.17), uma arma ofensiva que deve estar sempre na mão e na mente do
crente. Sem esquecer da oração, que deve ser exercitada em todo o tempo, pois é maior
provisão do crente.

30
QUESTIONÁRIO II

EPÍSTOLAS AOS GÁLATAS E AOS EFÉSIOS

1) O que era a Galácia?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2) Fale sobre o evangelho dos Judaizantes.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3) Complete o quadro comparativo entre a Lei e a Graça.

LEI / MOISÉS GRAÇA/JESUS

Mostra o pecado Perdoa o pecado


Traz maldição
Traz prisão e morte
Enfatiza a carne
Infância
Conduz a Cristo

4) Qual o propósito espiritual da Lei?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5) Com relação ao tópico “Filhos de Deus” complete:

Paulo nos diz que ___________ são filhos de Deus. É a _________ em Cristo, e não as
_________ que nos coloca na família de Deus.

6) Preencha o quadro abaixo colocando o Fruto do Espírito.

Para com Deus Para conosco mesmo Para com o próximo

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7) O que nos ensina a epístola de Paulo aos Efésios?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

8) Complete o enunciado.

A epístola aos Efésios revela o segredo da estabilidade e da força __________________


fruto da comunhão verdadeira com o Salvador glorificado.

9) Fale sobre a cidade de Éfeso.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

10) Com relação ao Tema: As bênçãos da salvação (Ef. 1.4-14) responda:

A segurança de nossa redenção mediante a fé é explicada através de quatro afirmações.


Cite-as.
1. ______________________________________
2. ______________________________________
3. ______________________________________
4. ______________________________________

11) Mesmo estando preso, o apóstolo Paulo se constitui um exemplo de oração para os
crentes sob vários aspectos. Cite-os.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

12) Assinale as alternativas corretas.

a) Por meio da redenção de Cristo, agora judeus e gentios foram feitos “um novo
homem”.

b) Da semente de Abraão, Deus suscitou um povo especial, exclusivo e separado de


todas as gentes, para ser o seu povo, o seu representante entre as nações.

c) Prevalecem, na história bíblica, as promessas de Deus para com Israel; mas a


revelação bíblica, já predita no Antigo Testamento mostra que Deus tinha em
mente um projeto mais abrangente que era formar entre todos os povos, um novo
povo.

d) Abraão teve dois filhos; Ismael que era filho de Sara e Isaque que era filho de Agar.

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13) Os dons ministeriais foram dados à Igreja com que propósito?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

14) Como deve ser a conduta cristã no mundo e no lar?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

15) Todo cristão enfrenta a batalha espiritual e, portanto precisa estar com as armas
certas para vencer. Quais são essas armas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

33
A EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES

A cidade de Filipos - Filipos era a capital da província romana chamada Macedônia,


localizada em território que hoje pertence à Grécia. Seu nome significa “pertencente a
Filipe”. A cidade foi fundada por Filipe, pai de Alexandre Magno, em 358 a.C. Era
importante devido à sua localização junto à principal estrada que cortava a Macedônia no
sentido leste-oeste, servindo de caminho entre a Ásia e Roma. Além disso, a cidade
possuía minas de ouro e prata.

Ruínas da cidade de Filipos

A Igreja em Filipos - Foi a primeira igreja cristã na Europa. Foi fundada por Paulo
durante a segunda viagem missionária. Paulo foi para lá em resposta a uma visão e ao
apelo: “Passa à Macedônia, e ajuda-nos” (At 16.9). Seu companheiro de viagem era Silas
e chagando ali foram bem recebidos. Os primeiros convertidos foram Lídia, vendedora de
púrpura, e uma jovem que adivinhava, da qual foi expulso um espírito imundo. Sendo
liberta, cessaram os seus prognósticos. Diante disso, cessou também o lucro dos seus
senhores, os quais se enfureceram contra Paulo e Silas, incitando contra eles as
autoridades locais. Como resultado, aqueles irmãos foram espancados e lançados na
prisão (1 Ts 2.2). Enquanto oravam e louvavam à meia-noite, Deus os libertou por meio
de um terremoto que abriu as cadeias. Diante de tão grande acontecimento, o carcereiro
se converteu e também a sua família. Algum tempo depois os irmãos filipenses enviaram
ajuda financeira para Paulo (2 Co 8.2; Fl 4.10-15)

Autor – A carta afirma ter sido escrita por Paulo, e contra essa afirmação não se encontra
nenhuma dificuldade séria. O portador desta carta é Epafrodito.

Local de Origem - Quando escreve esta carta, Paulo estava preso (Fp 1. v.7, v.13, e
v.17), mas ele não diz a localização de sua prisão, assim como nas cartas de Efésios,
Colossenses e Filemon (cartas da primeira prisão). Aos filipenses ele reconhece que sua
condição poderia resultar em sua morte (Fp 1.20; Fp 2.17), mas em geral ele espera ser
rapidamente libertado e aguarda reunir-se novamente com seus amigos em Filipos (Fp
1.25-26; Fp 2.23.24). Esses fatos são interessantes, mas nada nos dizem a respeito da
prisão. A discussão a respeito do local de origem da carta gira em torno de onde Paulo
estava preso. Sugerem-se assim três hipóteses: Roma, Cesaréia e Éfeso. Lemos que

34
Paulo ficou preso em Cesaréia durante dois anos (At 23.33; At 24.27) e também em
Roma (At 28.16).

Há os que alegam que esta prisão foi em Roma ou em Cesaréia, pois há uma referência a
guarda pretoriana (Fp 1.13). Ali Paulo morava em sua casa alugada, tendo um soldado a
guardá-lo (At 28.16 e At 28.30). Isso se harmoniza com a situação descrita em Filipenses,
como também ocorre com referência àqueles que pertencem à “casa de César” e que
enviam saudações por meio de Paulo (Fp 4.22). Pela carta ficamos sabendo que Paulo
estava em condições de coordenar o trabalho de seus cooperadores; ele pode enviar
Timóteo (Fp 2.19) e Epafrodito a Filipos (Fp 2.25) e isso se harmoniza com a situação em
Roma. O prólogo marcionista é geralmente citado como evidência bem antiga de que
Roma foi o lugar de origem da carta.

Mas uma dificuldade é o problema apresentado pelas viagens mencionadas ou implícitas


na carta. Uma viagem seria necessária para quem quer que tenha levado aos Filipenses a
noticia da prisão de Paulo; uma segunda, para Epafrodito, quando levou o presente deles
a Paulo (Fp 2.25); uma terceira para a notícia da doença de Epafrodito chegar a Filipos; e
uma quarta, para a preocupação dos filipenses chegar aos ouvidos do enfermo (Fp 2.26).
Paulo tem em vista mais três viagens, todas aparentemente a se realizarem num futuro
próximo: as de Timóteo indo a Filipos e voltando com notícias (Fp 2.19) e a de Epafrodito
(Fp 2.25). Filipos ficava longe de Roma (cerca de 1.900 quilômetros), e afirma-se que
estas viagens levariam meses, de forma que o local da prisão deve ter sido muito mais
próximo de Filipos do que era Roma ou Cesaréia.

Por isso tem havido firmes defensores de Éfeso. Não temos nenhuma afirmação explícita
de que Paulo tenha sido preso naquela cidade, mas existem as palavras dos apóstolos
sobre as muitas prisões (2 Co 11.23) e o fato de que em uma ocasião ele esteve em
sérios apuros ali (1 Co 15.32; 2 Co 1.8-11), o que pode muito bem ter significado, entre
outras coisas, uma temporada na prisão. Éfeso não ficava muito longe de Filipos (cerca
de 160 quilômetros), e as viagens mencionadas na carta na teriam sido difíceis; aliás,
uma delas pode ter sido mencionada em Atos, pois de Éfeso Paulo enviou Timóteo à
Macedônia (At 19.22; até onde sabemos Timóteo não esteve com Paulo em Roma). O
próprio apóstolo foi de Éfeso para a Macedônia (At 20.1; o que pode muito bem ter sido a
concretização de sua firme esperança mencionada em Fp 2.24).

Data – Identificar a data de escrita desta epístola depende, é claro, de identificar o


período de prisão durante o qual Paulo escreveu. Caso tenha sido escrita enquanto
esteve sob a guarda em Roma, temos de atribuir à carta uma data próxima ao fim da vida
de Paulo: caso ela tenha sido escrita em Cesaréia, então a data será um pouco antes. Se
pudéssemos ter certeza de que Paulo a escreveu em Éfeso, a carta seria uns poucos
anos ainda mais antiga. Devido às incertezas, dificilmente podemos ser mais específicos
do que dizer que ela foi escrita no final da década de 50 ou no início de 60.

Ocasião – Podemos identificar alguns fatores que podem ter ocasionado esta carta:
- Paulo queria informar a doença de Epafrodito, que fora enviado pelos Filipenses
(Fp 2.25-27)
- A igreja de Filipos havia enviado um presente para Paulo (Fp 4.14-18)
- Paulo queria dar notícias de sua própria situação (Fp 1.5 e 19)
- Havia em na igreja de Filipos alguns problemas de divisão e intrigas (Fp 1.27 a
2.18; Fp 4.2)

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Tema da carta – O tema central da carta é a alegria. Neste escrito Paulino a alegria é o
fio condutor de toda a carta, de todos os assuntos e de todos os argumentos (Fp 1.4; Fp
1.18; Fp 2.17-18; Fp 2.29; Fp 3.1; Fp 4.1; Fp 4.4; Fp 4.10).

Esboço

I – Saudação (1.1,2)
II – A proclamação do evangelho (1.3- 1.30).
III – A unida cristã (2.1 – 2.30).
IV – A verdade contra os erros (3.1-3.21)
V – Exortação à vida santa (4.1-9)
VI – Gratidão de Paulo pelo auxilio dos filipenses (4.10-20)
VII – Saudações e benção (4.21-23)

Comentário – Saudação (Fp 1.1-2) – Paulo gostava de se chamar servo (“escravo”) de


Jesus Cristo. Ele fora libertado por Cristo e agora desejava servi-lo enquanto vivesse. Ele
chega a dizer: para mim o viver é Cristo. Paulo também chama os irmãos de santos, ou
seja, “separados”, e faz uma clara menção aos bispos e diáconos. Isso indica que a igreja
de Filipos já era uma igreja bem estruturada.

A proclamação do evangelho (Fp 1.3-30) – Embora na prisão Paulo podia orar por seus
amigos, pois em seu coração havia alegria: Dou graças ao meu Deus por tudo que
recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas
orações (Fp 1.3-4). Apesar de preso por cadeias a um soldado, o povo vinha ouvir Paulo
pregar. Os guardas romanos estavam tão interessados no evangelho que falavam dele
por toda a parte. Essa atitude deu coragem a outros para pregarem sem receio, e muitos
encontraram o Cristo de Paulo.

Mesmo em tempos de perseguição e prisão a mente de Paulo está no evangelho:

- Paulo ora pelos filipenses (Fp 1.3-4 e 9)


- Preocupa-se com a e confirmação do evangelho (Fp 1.7)
- A prisão tem contribuído para o pregresso do evangelho (Fp 1.12)
- Estava incumbido da defesa do evangelho (Fp 1.16)
- Importava-se com a dignidade do evangelho (Fp 1.27)

Pelas palavras de Paulo parece que o perigo da morte o rondava, mas ele não se abateu.
Pelo contrário, estava tão seguro de sua posição em Cristo que chegou a dizer: O viver é
Cristo, e o morrer é lucro (Fp 1.21). Mas ao mesmo tempo entendia que era necessário
permanecer na carne, porque traria frutos para o seu trabalho e para o progresso e gozo
da fé de muitos irmãos (Fp 1.22 e 26).
Paulo ainda incentiva aos filipenses a não se intimidarem pelos adversários, mas antes,
foi-lhes concedida à graça de padecer por Cristo (Fp 1.29). E encerra mostrando que eles
têm em vista o mesmo combate, o de levar a mensagem do evangelho (Fp 1.30).

A unidade cristã (Fp 2.1-30) – A orientação de Paulo à unidade cristã percorre o capitulo
primeiro e se estende até o segundo. O apóstolo já fornece os primeiros indícios de um
problema de divisão logo no inicio. Ele diz: “É verdade que alguns pregam Cristo por
inveja e rivalidade,...” (Fp 1.15). Agora, porém, o apóstolo incentiva a unidade na
proclamação do evangelho, estando “... que vocês permanecem firmes num só espírito,
lutando unânimes pela fé evangélica.” (Fp 1.27).

36
Logo no início do capítulo dois o apóstolo espera que o coração convertido dos filipenses
redunde em unidade, “... tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito
e uma só atitude” (Fp 2.2).

O desejo de Paulo é que nada fosse feito com partidarismo ou vanglória (Fp 2.3). Contudo,
a fim de resolver o problema e argumentar em favor da unidade, Paulo apresenta o
maravilhoso exemplo de Jesus (Fp 2.5-10), que tem o nobre sentimento da humildade. A
vanglória é que produz o partidarismo, e este só desfeito pela humildade. Cristo foi o
grande exemplo de humildade.

Paulo, então, aborda o assunto do desenvolvimento da salvação, e novamente no


argumento do apóstolo está o alerta: “Façam tudo sem queixas nem discussões,...” (Fp
2.14). Por fim ele volta a falar do seu estado de dificuldade e perseguição, mas mesmo
assim Paulo se alegra e pede para que a igreja se alegre com ele (Fp 2.17-18). Dois
companheiros do apóstolo assumem a cena, Timóteo e Epafrodito. Mas é importante
ressaltar a posição de Timóteo como um cooperador que é um exemplo vivo de
humildade no meio dos cristãos, e isso proporcionava unidade. Paulo diz: “Não tenho
ninguém que, como ele, tenha interesse sincero pelo bem estar de vocês,...” (Fp 2.20). A
verdade contra os erros (Fp 3.1-21)

O apóstolo começa esta cessão sem rodeios, e as suas palavras são duras contra
aqueles que pregam o erro. Ele os chama estas pessoas de “cães”, “praticam o mal” (Fp
3.2) e “inimigos da Cruz de Cristo” (Fp 3.18). Mas qual seria o erro destes indivíduos?
Primeiramente, Paulo, exorta contra a falsa circuncisão, havia um grupo que tentava
impor a circuncisão do antigo testamento como um elemento indispensável para nova
vida com Cristo e para a salvação eterna. Paulo diz que os “inimigos da Cruz” têm como
deus o seu ventre, ou seja, o seu ego, suas vontades, seus prazeres, isso sem se
preocupar com os outros. E a glória deles está em sua infâmia. Segundo Paulo, o destino
deles é a perdição.

O apóstolo contrasta estas falsas doutrinas e condutas com o verdadeiro evangelho de


Cristo. Para ele a real circuncisão é espiritual; é ter o espírito santo e se gloriar na cruz de
Cristo. A circuncisão na carne não leva a nada, tão pouco pode-se confiar nela para a
salvação ou para uma mudança de vida. Paulo se coloca como exemplo, e diz que o fato
de ser circuncidado, da linhagem de Israel e fariseu não fez dele um homem bom. Antes,
o levou a um zelo de perseguição, mas a fé em Cristo tornou isso insignificante. Paulo diz
não confiar mais na circuncisão, mas na Justiça de Cristo, no seu sofrimento, na sua
morte, e na sua ressurreição (Fp 3.3-11).

A preocupação de Paulo fica evidente ao não deixar transparecer uma confiança em


Cristo que produza relaxamento na caminhada Cristã. Ele reconhece que foi conquistado
por Cristo para perseguir a perfeição, e diz que, “prossegue para o alvo” (Fp 3.12-16). A
pátria do cristão está no céu e lá teremos este corpo de humilhação transformado para
um corpo de glória segundo Jesus (Fp 3.20-21).

Exortação à vida santa (Fp 4.1-9) – Ao que parece havia uma discordância dentro da
igreja entre Evódia e Síntique. Paulo apela para que elas pensem em concordância (Fp 2).
Como argumento para que isso aconteça ele diz que o nome de ambas está escrito no
livro da vida. Esse fato deve ser maior do que as discordâncias terrenas e também
deveria ser um motivo de alegria (Fp 4). Então, Paulo orienta-os para que haja moderação
diante dos conflitos, mas que entreguem tudo a deus em oração. Isso acabaria com a
ansiedade e produziria pensamentos bons. Paulo certamente estava preocupado com os

37
maus pensamentos que pudessem estar rondando aquelas pessoas envolvidas no
partidarismo. Por isso, ele fornece uma lista de bons pensamentos, em que a motivação e
o objetivo é que haja virtude e louvor.

Gratidão de Paulo pelo auxilio dos filipenses (4.10-20) – Paulo diz se alegrar
sobremaneira com o cuidado que os filipenses têm com ele. Mas deixa claro que a sua
alegria não consiste na ajuda financeira, pois ele afirma saber viver em qualquer situação,
sendo que é o Senhor que o fortalece. O Motivo da sua alegria está no fato de ver a
liberalidade que existe no coração dos filipenses. Também, os elogia afirmando que
somente eles se associaram com ele no tocante a dar e receber quando ele chegou para
pregar o evangelho na Macedônia. Por fim, Paulo deseja que Deus continue a suprir em
Cristo Jesus, cada uma das suas necessidades.

Saudações e bênção (Fp 4.21-23) – Paulo saúda cada um dos irmãos em Cristo.
Também diz que os santos da casa de César saúdam os crentes de Filipos. Quem eram
os santos da casa de César? Eram pessoas a serviço do Imperador (em Roma ou em
Éfeso), que através do testemunho de Paulo, teriam sido convertidos.

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A EPISTOLA DE PAULO AOS COLOSSENSES

A cidade de Colossos – A cidade de Colossos ficava na província romana da Ásia (a


sudoeste da Frigia, na Ásia Menor, às margens do rio Lico), região que hoje faz parte da
Turquia. A cidade teve o auge da sua importância no século V a.C. Posteriormente perdeu
força diante do crescimento de Laodicéia, a 18 Km, e Hierápolis (Cl 4.13). O Livro de
Apocalipse afirma que Laodicéia era uma cidade rica (Ap 3.18). O fator mais significativo
para o declínio de Colossos foi a mudança no sistema de estradas e isso passou a
beneficiar Laodicéia. A cidade dos colossenses foi destruída no século 12 d.C.
Escavações arqueológicas realizadas em 1835 descobriram um teatro e um cemitério da
cidade.

A arena do teatro de Colossos

A Igreja de Colossos – A igreja dali não tinha sido fundada por Paulo, e, pelo que parece,
ele ainda não havia estado lá quando escreveu a Carta aos Colossenses (Cl 2.1). É
provável que Epafras, companheiro de trabalho de Paulo, tenha sido o primeiro a anunciar
o evangelho em Colossos (Cl 1.7-8; Cl 4.12). O que se sabe com certeza é que a igreja
estava sob a liderança de Epafras, como também ocorria com a igreja de Laodicéia e
Hierápolis (Cl 4.12-13).

O texto de Colossenses 4 e de Filemom 23 nos dão a entender que Epáfras estava preso
juntamente com Paulo, quando este escreve as chamadas “epístolas da prisão”: Efésios,
Filipenses, Colossenses, Filemon. Essa circunstância comum às quatro cartas faz com
que haja algumas semelhanças entre elas, principalmente entre Efésios e Colossenses
(Exemplo: Ef 6.21-22; Cl 4.7-9; Fm 10.23-24).

O propósito da carta – Paulo, que estava na cadeia (Cl 4.3,10 e 18), tinha recebido
notícias das falsas doutrinas que estavam sendo ensinadas aos cristãos de Colossos (Cl
2.8, Cl 2.16-23) e por isso escreveu esta carta para combater esses falsos ensinamentos
e trazer os colossenses de volta à verdadeira fé, que Epafras havia anunciado. Ele havia
ensinado que somente Jesus Cristo pode salvar, somente por meio dele é que os
pecados são perdoados. Portanto, que os colossenses continuem fiéis, tendo a sua fé
construída sobre um alicerce firme e seguro; e que não vão atrás de ensinamentos
inventados por qualquer um. Paulo fala da nova vida que os cristãos têm por estarem

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unidos com Cristo e de como essa vida se manifesta especialmente no amor de uns para
com os outros (Cl 3.12-14).

Destinatários e portador da carta – Além da carta ser destinada aos colossenses, nas
últimas saudações (Cl 4.7-17) Paulo pede que esta carta seja enviada à igreja de
Laodicéia, uma cidade vizinha, e que os cristãos de Laodicéia enviem aos colossenses a
carta que Paulo tinha escrito ou tinha a intenção de escrever a eles. A carta aos
colossenses foi levada a eles por Tíquico, e com ele viajou Onésimo (Cl 4.7-9), em favor
de quem Paulo escreveu a Carta a Filemom.

Local e data de escrita – Na prisão (Cl 4.3; Cl 4.18). Mas a cidade específica em que
Paulo estava encarcerado foi discutida na analise de Filipenses. Também, a data é
discutível e deve estar em sintonia com o local da escrita (a prisão). Se pudermos pensar
que Roma foi o local da prisão, teremos uma data no início da década de 60; se
pensarmos em outra cidade, provavelmente a data será no final dos anos 50.

O relacionamento com Efésios – É notável a grande semelhança entre Colossenses e


Efésios. Diante desta observação surgiu a hipótese de que uma das duas cartas não
tenha sido escrita por Paulo, mas por outra pessoa ou por um circulo de discípulos
paulinos. Entretanto é possível explicar o relacionamento das cartas.

Aqueles que rejeitam a autoria Paulina sustentam que não seria possível uma única
pessoa escrever cartas com tantas semelhanças (veja as palavras sobre Tíquico (Ef 6.21-
22 e Cl 4.7-8), mas também com diferenças significativas (o “mistério” é a unidade dos
judeus em Cristo em Ef 3.3-6, ao passo que é Cristo em Cl 2.2)). Mas aqueles que
entendem que Paulo é o autor são igualmente enfáticos em afirmar que duas mentes não
teriam sido capazes de produzir duas obras deste tipo com uma dose tão grande de
interdependência sutil mesclada com independência. Efésios é mais um desdobramento
do que uma cópia de trechos de Colossenses. Pode haver vocabulário semelhante, mas
também existem diferenças interessantes. Faz sentido pensar que Paulo escreveu
Colossenses tendo em mente uma situação específica e que, não muito depois escreveu
Efésios tendo propósitos mais amplos.

Tema principal – A supremacia de Cristo


Conteúdo
Saudação (1.1-2)
Oração em favor dos colossenses (1.3-14)

A boa notícia do evangelho (1.15-3.4)

- Cristo e sua missão (1.15-23)


- A missão e a mensagem de Paulo (1.24-2.5)
- A vida dos que estão unidos com Cristo (2.6-3.4)

A nova pessoa (3.5-4.6)


- A vida velha e a vida nova (3.5-17)
- Viver bem com os outros (3.18-4.1)
- Conselhos (4.2-6)

Saudações e bênção (4.7-18)

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COMENTÁRIO

Divisão do livro – Como já é comum no estilo paulino, a epístola apresenta duas partes:
doutrina (cap. 1 e 2) e aplicação prática (cap. 3 e 4). Paulo mostra de modo bastante
consciente o valor do conhecimento e da experiência. Precisamos também valorizar as
duas coisas, as quais precisam andar juntas (Os.4.6; Tg.1.22). O conhecimento isolado é
inútil. Na oportunidade em que puder ser aplicado, então torna-se proveitoso. Se
conhecermos a doutrina, mas não a colocarmos em prática, a mesma será inútil. Por
outro lado, a busca da experiência por parte de quem despreza o conhecimento, torna-se
uma aventura perigosa. Quem busca apenas experiências espirituais e não quer aprender
nada sobre Deus e sobre a bíblia, poderá, eventualmente, ter uma experiência com o
inimigo e ser enganado. Observe em Colossenses 2.18, que as visões podem estar
ligadas ao engano. Sabemos que Deus também dá visões (Jl 2.28), mas estas estarão
sempre coerentes com a bíblia. Portanto, o conhecimento será o filtro para a experiência.
O conhecimento é a base para o discernimento. Em Mateus 4, Jesus, ao ser tentado,
combateu o inimigo através da Palavra de Deus, à qual Cristo conhecia de cor, sabendo
também o seu real significado.

Na parte prática, Paulo dá instruções para os pais, esposas, maridos, filhos, servos e
senhores. Orienta também em relação à oração, à pureza e liberdade cristã.

O problema dos colossenses: judaísmo e gnosticismo – Epafras levou ao


conhecimento de Paulo a situação dos Colossenses. O "relatório" apresentava dois
aspectos importantes. Em primeiro lugar, foi dado testemunho a respeito da fé, do amor e
do crescimento daquela igreja (Cl 1.4-8; Cl 2.5). A outra informação dava conta de que
alguns líderes estavam se infiltrando na comunidade e levando influências judaicas e
filosóficas (Cl 2.8). Esses elementos estavam se misturando e produzindo heresias. A
parte filosófica em questão era a doutrina dos gnósticos. Juntando tudo isso, os irmãos
estavam sendo pressionados em relação aos seguintes pontos:

- valorização dos mistérios do gnosticismo


- adoração a anjos, aos quais os gnósticos atribuíam a obra da criação.
- ascetismo exterior: abstinência de comidas e bebidas (influência gnóstica e judaica)
- observância da lei mosaica (influência judaica)
- prática da circuncisão
- comemoração das festas judaicas
- guarda do sábado.

Os gnósticos acreditavam que o mal estava ligado à matéria. Este conceito produzia
outros, bastantes perigosos. Criam que, sendo a matéria má, então não foi Deus quem a
criou, mas sim os anjos. Se a matéria é má, então a encarnação divina não poderia ser
considerada um fato nem uma possibilidade. Assim, estava criado um sistema doutrinário
que negava a divindade de Cristo e a obra da cruz.

Apesar de não ser diretamente responsável pela igreja em Colossos, Paulo reage
energicamente contra aquelas heresias que ameaçavam a sã doutrina. Em seu combate,
Paulo destaca a supremacia de Cristo. A sua divindade e a sua obra na cruz eram
elementos plenamente suficientes para a refutação de todos aqueles ensinamentos
judaicos e filosóficos (Cl 2.8-10). Se forma incisiva, Paulo derruba todos aqueles sofismas.
Ele destaca que o mistério que nos interessa é Cristo, o qual já foi revelado a nós. Então,
de nada importam os mistérios gnósticos (Cl. 1.26-27; Cl 2.2-3; Cl 4.3). Se conhecemos a

41
Cristo, não precisamos inquirir sobre nenhum outro mistério religioso ou filosófico. O
nome gnosticismo vem do termo "gnose", que significa conhecimento. Paulo usa a
mesma palavra para mostrar que o conhecimento de Deus através de Cristo é suficiente
para suprir as necessidades espirituais do homem (Cl. 1.9-10 e 27-28; Cl 2.2-3; Cl 3.16).

O gnosticismo atribuía a criação aos anjos, colocando-os como objeto de culto (2.18). A
isso, Paulo combate ao dizer que Cristo, sendo Deus, é o criador de todas as coisas,
inclusive dos anjos (Cl 1.13-17). Acrescenta ainda, que o Senhor Jesus está acima de
todos os poderes angelicais, sejam eles principados ou potestades, os quais estão
sujeitos ao senhorio de Cristo (Cl 2.10-15). Adorando anjos, os gnósticos estavam, de fato,
adorando demônios, pois os anjos de Deus não recebem culto. Paulo associa os "anjos
dos gnósticos" aos demônios quando diz que Cristo despojou os principados e potestades,
expondo-os ao desprezo.

Com relação às questões judaicas, Paulo insiste naqueles pontos já presentes nas outras
epístolas. Cristo já nos resgatou do domínio das exigências cerimoniais da lei. Ele a
cravou na cruz (Cl 2.14). O significado de Cristo em nós (Cl 1.27) supre totalmente o que
poderíamos buscar através da circuncisão (Cl 2.11; Cl 3.11), ou das festas, ou dos
sábados (Cl 2.16-17). Já temos Cristo. Então não precisamos mais desses elementos
judaicos, os quais possuíram o seu valor numa época em que Cristo não tinha vindo ao
mundo. Paulo diz que aqueles elementos do judaísmo eram "sombra". Cristo é a
realidade. Não precisamos mais da sombra. O autor da carta aos Hebreus usa a mesma
linguagem para comparar a lei e o judaísmo com a realidade cristã (Hb 8.5; 10.1).

Os judaizantes e os gnósticos traziam um fardo de mandamentos exteriores para os


gentios convertidos ao cristianismo. Contudo, suas leis atingiam apenas questões
superficiais e até supérfluas. Afirmando que a matéria é má, os gnósticos impunham
severas regras de alimentação e disciplina. Contudo, nada disso seria útil ao espírito. Tal
rigor poderia até ter utilidade para o corpo, mas era inútil para a alma e não poderia ser
colocado como questão espiritual, religiosa, ou relacionada à salvação eterna. No capítulo
3, Paulo fala do que realmente afeta a alma humana: o pecado. De que adiantariam
tantas ordenanças e rituais se o pecado continuasse ocorrendo livremente.

Então, o apóstolo toca no que realmente era importante para os colossenses e continua
importante para nós. Ao invés de ficar preocupados com questões de alimentação, eles
deviam se preocupar em combater a prostituição, a avareza, a impureza, etc., pois estes
elementos atrairiam a ira de Deus sobre os homens (Cl. 3.5-6). Falando assim, Paulo
mostra que, enquanto os gnósticos associavam o mal à matéria, o mal está é no pecado,
na natureza pecaminosa do homem, e não na matéria em si.

O ataque de Paulo contra as heresias: destaque para a supremacia de Cristo –


A natureza de Cristo, sua divindade e usa unidade com o Pai (Cl 1.15-19)
Imagem do Deus invisível (Cl 1.15)
Criador (Cl 1.16)
Mantenedor da criação (Cl 1.17)
A vinda de Cristo ao mundo e sua obra na cruz (Cl 1.20-23; Cl 2.13-15)

Os colossenses precisavam ser conscientizados ou lembrados a respeito da pessoa de


Cristo, sua natureza e sua obra. A periculosidade de muitas correntes filosóficas e
religiosas reside no fato de valorizarem muitos elementos, personagens, práticas e
conceitos, tirando assim a atenção e a fé que deveriam estar concentradas na pessoa de
Jesus. Ensinamentos, aparentemente inofensivos, estarão causando danos profundos na

42
alma humana. Por exemplo, se começarmos a fazer do "pensamento positivo" a causa do
nosso sucesso, então estaremos, sutilmente, negando a Cristo.

Assim acontece também com aquelas pessoas que dizem acreditar em Cristo, mas são
devotas de uma série de "santos" ou "guias". O acontece com elas? Fazem suas orações
a Jesus? Não. Acabam por ignorá-lo. Assim, de uma forma sutil, o diabo conseguiu o seu
objetivo. Aparentemente, ele não quer substituir Cristo, apenas "acrescentar" um
"personagem" aqui e outro ali. No final, Cristo já foi substituído na vida de muitas pessoas.
Paulo colocou em destaque a natureza e a obra de Cristo. Sendo quem ele é e tendo feito
o que ele fez por nós, não precisamos de nenhum outro "personagem" espiritual que
venha nos oferecer alguma coisa. Cristo é tudo o que precisamos para a nossa salvação.
Seus ensinamentos são os únicos que vão reger a nossa vida espiritual. Nele estão todas
as riquezas espirituais de Deus para os seus filhos. (Cl 1.27; Cl 2.2; Cl 3.16).

43
PRIMEIRA EPISTOLA AOS TESSALONICENSES

A cidade de Tessalônica – Fundada depois do triunfo da


Macedônia para destacá-la em sua nova posição na política
internacional, a cidade rapidamente ultrapassou suas vizinhas
mais antigas e se tornou a principal metrópole da Macedônia.
Situada na Junção da principal rota terrestre da Itália para o
oriente com a principal rota do mar Egeu para o rio Danúbio,
sua posição sob os romanos ficou assegurada, e até os dias
atuais se tornou uma cidade importante.

A Torre Branca em Tessalônica

Fundação da Igreja – A igreja dos tessalonicenses foi fundada por Paulo em sua 2ª
viagem missionária (At 17.4). Tendo se levantado grande perseguição contra Paulo, este
fugiu para Corinto. Depois Timóteo voltou a Tessalônica para saber a situação da igreja a
fim de informar ao apóstolo.

Alguns irmãos haviam morrido e isso preocupava a igreja. Será que os irmãos mortos
ficariam para trás quando Jesus voltasse? Para esclarecer o assunto, Paulo escreveu a
primeira epístola aos tessalonicenses.

Autoria – Ambas as epistolas aos Tessalonicenses foram enviadas em nome de Paulo,


Silvano e Timóteo. Em 1 Tessalonicenses, Paulo fala por si mesmo, na primeira pessoa
do singular (1 Ts 2.18), e se refere a Timóteo na terceira pessoa (1 Ts 3.2-6).

Data e local de origem – Provavelmente foram escritas de Atenas ou Corinto. Depois de


fundar a igreja de Tessalônica e de fugir da cidade enquanto os Judeus deram início a um
tumulto (At 17.1-9), Paulo teve uma experiência parecida em Beréia, a qual fez com que
ele fosse mandado para Atenas (At 17.10-15) e depois foi à Corinto (At 18.5). Depois de
duas intensas perseguições (Tessalônica e Beréia) e de um fracasso em Atenas, Paulo
chega em Corinto “em fraqueza, temor e grande tremor” (1 Co 2.3). Nesta ocasião Silas e
Timóteo chegaram com notícias de que os crentes em Tessalônica permaneciam firmes
(At 18.5). Isso significava que, apesar dos reveses que Paulo experimentara, Deus estava
realmente abençoando o seu trabalho. Paulo diz aos tessalonicenses que “Timóteo acaba
de chegar da parte de vocês” (1 Ts 3.6), e é bem provável que Paulo estava em Corinto.

Pode-se sustentar, com base em uma inscrição, que o procônsul Gálio (perante o qual
Paulo foi levado em Corinto (At 18.12) chegou a Corinto no início do verão de 51 d.C..
Esta carta está, portanto, entre as mais antigas de Paulo que sobreviveram. Alguns
colocam Gálatas mais cedo, mas nenhuma das outras.

Propósito da carta – Pelo fato de Paulo ter te ficado em Tessalônica pouco tempo e de
não ter doutrinado a igreja de maneira mais sólida, a preocupação era de que talvez os
crentes não resistissem a perseguição ou absorvessem falsas doutrinas. Ao que parece
alguns da igreja estavam preocupados com a possível desvantagem daqueles crentes
que já haviam partido deste mundo, em comparação com os crentes que continuassem
vivos por ocasião da parousia (a vinda de Cristo). Alguns problemas éticos e de relações
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sexuais foram motivo das cartas. As expressões “quanto à” procurou tratar de assuntos
que ele havia sido informado. Entretanto, Paulo também escreveu para expressar sua
alegria diante das boas noticias que havia recebido de Timóteo.

Tema principal – Segunda vinda de Cristo.

Textos-chave (no final de cada capítulo) – 1.10; 2.19-20; 3.13; 4.13-18; 5.23.

Classificação – Escatologia.

Esboço

I - Saudações, elogios e exortações - 1.1-10.


II - O ministério de Paulo em Tessalônica – 2.1-20
III - Alegria de Paulo com as notícias de Timóteo. 3.1-13
IV - Admoestações sobre questões morais - 4.1-12.
V - A volta de Cristo, a ressurreição, o arrebatamento, e a necessidade de vigilância. 4.13
a 5.24.
VI - Saudações finais - 5.25 -28.

ESBOÇO COMENTADO

Saudações, elogios e exortações (1.1-10) – Em sua introdução, Paulo elogia a igreja.


Os motivos de elogio são: a fé, o serviço, a influência exemplar, o abandono da idolatria, a
esperança, a paciência e receptividade à palavra. Observe o destaque dado a questões
espirituais.

O serviço, ou trabalho, está em destaque. Vejamos os verbos empregados nos versículos


9 e 10 do capítulo 1: "Convertestes .... para servirdes ..... e esperardes ...". A preposição
"para" nos dá ideia de objetivo. Nós nos convertemos para servir e não para sermos
servidos. Estamos neste mundo para fazer a vontade Deus e não para que ele faça a
nossa. A igreja espera a segunda vinda de Cristo (v.10), mas, não espera ociosa.
Esperamos trabalhando.

A questão do exemplo também está em destaque. Paulo seguia o exemplo de Cristo. Os


tessalonicenses seguiam o exemplo de Paulo e tornavam-se exemplo para as outras
igrejas (1.6-8). Vemos então uma sequência de modelos que, assim como os tijolos de
uma construção, se sobrepõem e se sustentam. Está aí a importância de nos mantermos
em posição de firmeza espiritual. Se cairmos, poderemos causar a queda de outros que
se inspiram em nosso exemplo.

O ministério de Paulo em Tessalônica (2.1-20) – No capítulo 2, Paulo fala sobre seu


ministério, irrepreensível e baseado em boas motivações. Em suas cartas, muitas vezes o
apóstolo fala de seu trabalho nas igrejas. Embora pareça que o autor está muito envolvido
com sua própria biografia, isso é de grande importância para nós, pois, de outro modo,
como teríamos acesso a essas informações? A auto-apresentação de Paulo nos fornece
muitos parâmetros para os ministérios eclesiásticos da atualidade. Sendo perseguido, o
apóstolo não recuava, mas se tornava mais ousado ao evangelizar (2.2).

Alegria de Paulo com as notícias de Timóteo (3.1-13) – Paulo saiu de Tessalônica em


meio a uma grande perseguição. Ficou então preocupado com os novos convertidos

45
daquela cidade. Será que eles iriam permanecer firmes diante de tanta oposição?
Timóteo trouxe então notícias da firmeza espiritual dos tessalonicenses. Isso foi motivo de
grande alegria para o apóstolo.

Admoestações sobre questões morais (4.1-12) – A epístola nos mostra que a igreja
dos tessalonicenses estava bem. Contudo, Paulo diz que eles podiam alcançar um estado
ainda melhor (4.1 e 9-10). Sempre existe um nível superior a ser alcançado. Além disso, o
autor admoesta contra alguns riscos que poderiam ameaçar a estabilidade espiritual
daqueles irmãos. Por isso, o capítulo 4 toca na questão moral. A admoestação que se
destaca é a que se refere à prostituição. Entre tantos pecados que poderiam ser citados,
por que Paulo mencionou a prostituição? Esse pecado é mencionado de forma destacada
em algumas partes das escrituras porque, juntamente com o adultério, tem se mostrado
uma das principais causas de quedas e escândalos (Ap 2.14; 1 Co 10.8; Jz 16.1 e 4; At
15.20; 1 Co 7.2).

O capítulo 4 enfatiza a santificação (4.3) pela observância de alguns preceitos


fundamentais.

- Abster-se da prostituição (4.3)


- Não enganar nem oprimir. (4.6)
- Amor fraternal (4.9)
- Cuidar dos próprios negócios (4.11)
- Trabalhar (4.11)
- Ser honesto (4.12).

Conseqüência: não ter necessidade (4.12) – Depois de apresentar mandamentos aos


tessalonicenses, Paulo diz: "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes..." A parte
dos mandamentos nos admoesta à obediência. O versículo 13 do capítulo 4 nos chama a
atenção para o valor do conhecimento. Sejamos obedientes, mas não ignorantes. Os
tessalonicenses eram obedientes, mas não se destacavam pelo exame das escrituras (At
17.11). Isso era um risco para aqueles irmãos. Quem é obediente e ao mesmo tempo
ignorante pode acabar obedecendo a ordens contrárias à palavra de Deus. Nesse texto
específico, Paulo chama a atenção para o conhecimento a respeito da segunda vinda de
Cristo e os fatos a ela relacionados. O objetivo era mostrar que os irmãos que haviam
morrido não ficariam para trás no dia do Senhor.

A volta de Cristo, a ressurreição, o arrebatamento, e a necessidade de vigilância


(4.13 a 5.24) – Nessa parte, temos um quadro escatológico resumido. Apesar de breve,
constitui-se uma passagem obrigatória para os estudiosos do assunto. Paulo destaca a
ordem cronológica dos fatos. A trombeta tocará anunciando a chegada de Cristo. Nesse
instante, os justos mortos ressuscitarão. Em seguida, todos os salvos serão arrebatados
para encontrarem com o Senhor nos ares.

Na sequência, o apóstolo adverte a respeito da necessidade de vigilância enquanto Cristo


não volta. Já que não se sabe o dia da sua vinda, é necessário que a igreja esteja em
constante vigilância para que seja achada preparada no momento em que Jesus voltar.
Assim, o autor prescreve um estilo de vida apropriado para quem está aguardando o
Senhor.

Nós não estamos nas trevas (5.5). As trevas caracterizam a condição daquele que é cego
ou de quem está dormindo. A cegueira representa a ignorância. O sono representa

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indiferença ou incredulidade. Se temos conhecimento sobre os últimos dias, não sejamos
indiferentes ou incrédulos, pois assim, o conhecimento não nos seria útil.

De acordo com o texto de I Tessalonicenses 4.13, precisamos saber, precisamos do


conhecimento. Porém, não saberemos tudo a respeito da segunda vinda de Cristo (5.2).
Está então demonstrado o limite do nosso conhecimento e também o limite da nossa
pregação e da nossa profecia. Jamais poderemos dizer algo sobre uma possível data da
vinda de Cristo. Os que se atreveram a fazê-lo caíram em descrédito e vergonha.

Portanto, "quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina


destruição." (5.3). Muitos estão dizendo muitas coisas por aí a respeito da vinda de Cristo
e do fim do mundo. Alguns marcam datas, outros negam que tais fatos venham ocorrer.
Acreditaremos? Se temos conhecimento e conhecemos bem o limite do que podemos
conhecer, então poderemos discernir o erro ou identificá-lo.

O versículo 3 do capítulo 5 nos mostra ainda a impossibilidade da paz mundial até que
Cristo volte. Isso pode estar relacionado aos conflitos do Oriente Médio, principalmente a
Israel, cuja menção é clara nas profecias dos combates escatológicos.

Saudações finais (5.25 –28) –

47
SEGUNDA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES

Cidade de Tessalônica – Veja o comentário em Primeira Tessalonicenses

A Igreja de Tessalônica – Veja o comentário em Primeira Tessalonicenses

Autor – A autoria de 2 Tessalonicenses tem dado maiores dificuldades, e alguns negam


que a carta seja de Paulo. Dizem alguns que seu estilo é formal em comparação com o da
primeira epístola. Mais sério que isso é o argumento que afirma que 2 Tessalonicenses
contradiz a escatologia da primeira carta. A primeira epístola salienta o caráter inesperado
da chegada do dia do Senhor, “como ladrão de noite” (1Ts 5.2), enquanto que a segunda
epístola salienta que certos acontecimentos intervirão antes dessa chegada (2 Ts 2.1), e o
faz em uma passagem, cujo caráter apocalíptico não tem paralelo na literatura paulina.

Entretanto, sem explicações satisfatórias das dificuldades levantadas, a autoria paulina é


evidente. Em 2 Tessalonicenses o apóstolo adiciona a sua própria assinatura (3.17), e,
portanto, deve ser identificada como o “eu” de 2.5. Seu emprego de “nós” e “nos” quando
se referia exclusivamente a si, é evidente tanto nesta epístola quanto na primeira (1Ts 3.1)

Data – 51 d.C. e è bem provável que foi escrita apenas alguns meses depois da primeira
epistola aos Tessalonicenses (veja o comentário da primeira carta)

Local – Corinto.

Tema – Segunda vinda de Cristo

O propósito da Carta – Paulo escreveu a segunda epístola pouco tempo depois da


primeira. Os tessalonicenses ainda estavam confusos e perturbados sobre os fatos dos
últimos dias, "como se o dia de Cristo já tivesse chegado" (2.2). Talvez tenham recebido
uma falsa carta com o nome de Paulo. Por isso, o apóstolo coloca sua assinatura em 3.17.
Talvez tenha havido um erro de interpretação dos ensinos da primeira epístola. Observe
que nela, o próprio Paulo se incluía no arrebatamento da igreja: "Nós, os que ficarmos
vivos..." (1 Ts 4.17).

Alguns membros da igreja parecem ter deixado o trabalho, considerando que a 2ª vinda
era iminente (3.6-12). Esse problema pode ocorrer ainda hoje, e até de forma mais
intensa. O cristão não pode usar a segunda vinda de Cristo como uma desculpa para a
preguiça. Espere a sua vinda, mas espere trabalhando, afim de que ele nos ache servindo
bem (Lc.12.43).

Na primeira epístola, Paulo falou sobre a segunda vinda de Cristo. Depois, escreveu a
segunda para avisar que antes deveriam ocorrer a manifestação do iníquo e a apostasia.

Esboço
I – Introdução e saudações - 1.1-2.
II – A igreja dos tessalonicenses e a 2a vinda de Cristo - 1.3-12.
III – Os eventos que devem preceder a 2a vinda - 2.1-17.
IV – Exortações éticas e práticas à luz da 2a vinda - 3.1-15.

48
V – Saudação final - 3.16-18.

Comentário – Novamente, Paulo faz elogios à igreja em relação à sua fé, seu amor e
firmeza no meio das tribulações. A tribulação pode tê-los feito pensar que já se tratava da
"grande tribulação" escatológica.

a) A segunda vinda de Cristo (Capítulo 1) – Ao introduzir o assunto da segunda vinda


de Cristo, Paulo mostra que ele trará recompensa para os justos e ímpios (1.6-10),
os quais serão encaminhados aos seus destinos eternos. Não se assombre com a
situação dos ímpios hoje (Sal. 73). Sua eventual prosperidade é passageira, mas
sua perdição é eterna, a não ser que se convertam e se salvem, motivos pelos
quais a igreja deve trabalhar.

b) A apostasia (Capítulo 2) – Apostasia significa abandono da fé. O apóstolo sempre


se preocupava com a saúde doutrinária das igrejas, temendo que elas fossem
desviadas do caminho cristão (2 Co 11.3; I Tm 4.1; 2 Tm 4.3). Afinal, não se
tratava apenas de um temor, mas de uma certeza: a apostasia aconteceria. Mas,
que apostasia é essa? Em todos os tempos houve quem se desviasse do caminho.
Porém, o desvio mencionado por Paulo parece assumir características peculiares,
talvez em função de sua profundidade doutrinária e da quantidade de desviados.
Há quem relacione tal apostasia ao estabelecimento do catolicismo romano sobre
as bases da verdadeira igreja. O desvio da fé teria ocorrido mediante a imposição
de doutrinas estranhas aos ensinamentos de Cristo. Tal hipótese é digna de
reflexão.

c) O iníquo (Capítulo 2) – O homem da iniquidade, mencionado por Paulo, é


normalmente identificado como o Anticristo. Paulo mesmo nunca usou essa
expressão em suas epístolas. João foi o único que falou explicitamente em
"anticristo" e "anticristos" (I Jo.2.18-22; 4.3; II Jo.7). É bastante comum a posição
dos comentaristas sobre a identificação do anticristo no texto de II Tessalonicenses
2. Além disso, as próprias editoras que imprimem a bíblia colocam tal entendimento
no título do capítulo.

Anticristo é, antes de tudo, um espírito, ou uma atitude contra Cristo. Sob esse
enfoque, João diz que "muitos anticristos têm surgido". Uma forma de sua
manifestação é a oposição a Cristo. Outra maneira é a tentativa de se fazer passar
por Cristo, tentando assumir o seu lugar e tomar a sua honra. A expectativa a
respeito do Anticristo vem do Velho Testamento. O reino do Messias deveria ser
precedido por uma grande manifestação maligna. Tal personagem é muitas vezes
identificado como um homem, um grande líder político. Sob esse ponto de vista são
interpretadas algumas profecias do VT. O mesmo indivíduo é simbolizado através
da figura de animais. Estaria então relacionado com pelo menos uma das bestas
do Apocalipse. De acordo com a visão escatológica pré-milenista, o Anticristo se
manifestará e será aceito pela nação de Israel como se fosse o Messias. Em
seguida, haveria um curto período de paz. Seu governo incluiria um rigoroso
controle econômico. Na sequência, viria a grande tribulação, ainda sob o domínio
do Anticristo. Ao fim desse período haveria a segunda vinda de Cristo e a
destruição do iníquo.

Textos geralmente associados ao assunto: Ez.38 e 39; Dn. 7.9-12; Dn.9.24-27; Dn.
11.21,36 a 12.2; Mt.24.5-30; Apc.13.1,11,12,13; 19.19-20; Jo.5.43.

49
c1) Os títulos do Anticristo –
 Homem violento – Is 16.4
 Homem do pecado - 2 Ts 2.3
 O príncipe que há de vir - Dn 9.26
 O rei do norte – Dn 11.40
 O angustiador – Is 51.13
 O filho da perdição - 2 Ts 2.3
 O iníquo - 2 Ts 2.8
 O mentiroso - 1 Jo 2.22
 O enganador - 2 Jo 7
 O anticristo - 1 Jo 2.18-22; 1 Jo 4.3
 A besta – Ap 11.7; Ap 13.1 e 7
 O rei feroz - Dn.8.23-25.

Muitas têm sido as tentativas de se identificar o Anticristo na história.


Grandes líderes mundiais têm sido apontados como possíveis anticristos.
Podem realmente ter sido no sentido lato, mas não no restrito. Se Hitler ou
Napoleão tivessem sido o Anticristo, então Jesus teria voltado naquela
época. O texto diz que algo ou alguém impede a manifestação do Anticristo.
Quem ou o quê o detém? Ninguém sabe dizer. As especulações a esse
respeito são tão variadas que há quem diga que Satanás impede tal
manifestação. Um grupo bem maior acredita que o Espírito Santo o detém.
No meio termo há quem proponha que o empecilho seja o próprio Paulo, ou
o Império Romano ou o Imperador.

c2) Suas ações – Sinais e injustiça. Ele mostrará o poder do diabo em ação.
Embora muitos digam o contrário, o Diabo tem poder. Ele pode fazer o que
Deus permite que ele faça. O Diabo faz sinais. E é importante que se diga
que a realização de sinais não determina a origem divina de um fato ou a
autoridade divina de um líder. O Diabo faz sinais, mas não ensina a justiça.
O objetivo dos seus sinais é manter o homem preso.
Assim aconteceu no Egito. O objetivo dos sinais dos magos de Faraó era
perpetuar a escravidão dos israelitas. Então, como vemos hoje, o maligno
oferece "trabalhos" para cura e "trabalhos" para matar as pessoas;
"trabalhos" para o sucesso e "trabalhos" para tomar o cônjuge de outra
pessoa.

Em 2 Ts 2, temos a associação dos seguintes elementos: sinais (poder) +


mentira + engano + injustiça + iniquidade. Daí a importância de
relacionarmos: poder (eventual manifestação) + verdade (palavra / constante)
+ justiça (ação / constante). Os judeus querem sinal: 1 Co 1.22. Então, terão
sinais. João Batista não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele disse era
verdade. Os sinais são importantes, mas são secundários. Jesus falou sobre
sinais que seguiriam os que cressem (Mc.16). Não somos nós que vamos
seguir os sinais. A verdade está em primeiro lugar.

c3) A identificação do Anticristo – O sinal é o número 666 e o seu nome


encontramos em Ap 13.16-17.

c4) Sua destruição – Aniquilado por Cristo, na sua 2ª vinda.

50
d) Exortações éticas e práticas (Capítulo 3) – A ênfase nesse capítulo está sobre o
trabalho. Não devemos usar a expectativa da segunda vinda de Cristo como
desculpa para a preguiça, a ociosidade e a negligência. Existe nesse ponto o risco
de se adotarem posições extremas:

o Viver como se Cristo não fosse voltar. Isso poderia levar a um


comportamento errado como aconteceu com os israelitas quando pensaram
que Moisés não desceria mais do monte
o Viver como se ele fosse voltar imediatamente.

É necessário que tenhamos uma postura equilibrada conjugando fé, trabalho e vigilância.

51
QUESTIONÁRIO III

FILIPENSES, COLOSSENSES, e I e II TESSALONICENSES.

1) Fale sobre a Igreja em Filipos.


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2) Qual o tema da carta aos Filipenses?


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3) Qual o propósito da carta aos Colossenses?


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4) Fale sobre a fundação da Igreja de Tessalônica.


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5) Qual o tema principal da I Tessalonicense?


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6) O que diz Paulo em II Tessalonicense no capítulo 1 sobre a segunda vinda de Cristo?


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7) Em II Tessalonicense fala sobre Apostasia. O que significa essa apostasia?


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8) A quem Paulo identifica como o homem da iniquidade?


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9) Defina o termo anticristo.


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52
PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
Timóteo – Seu nome significa: "que adora (ou honra) a Deus". Seu pai era grego. Sua
mãe (Eunice) e avó (Lóide) eram judias cristãs. Elas foram o exemplo e a origem dos
primeiros conhecimentos que Timóteo recebeu a respeito de Deus. Quando Paulo esteve
em Listra, encontrou Timóteo, o qual passou a acompanhá-lo em suas viagens (At.16.1; 2
Tm.1.5; 2 Tm 3.14-15).

Timóteo foi circuncidado por Paulo. Sua condição


de filho de grego não favorecia seu livre curso na
comunidade judaica. Paulo então o circuncidou.
Tal ato faria com que ele fosse tratado como se
fosse um prosélito judaico (At.16.3). Paulo o
chama de filho amado. Diz que ele é fiel. Além de
ter sido companheiro de viagens de Paulo (2ª e 3ª
viagens missionárias), Timóteo foi enviado pelo
apóstolo a vários lugares. (At 16.1-4; 17.13-15;
18.1,5; 19.22; 20.4; Rm 16.21; 1 Co 16.10-11; 2
Co 1.1,19; Cl 1.1; Fp 1.1; 2.19; Fm 1; 1 Ts 1.1; 3.2;
2 Ts 1.1; 2 Tm 4.9 e 21).

Por fim, foi encarregado de cuidar da igreja em Éfeso (1 Tm 3.2). Em alguma ocasião
esteve preso e depois foi solto (Hb.13.23). A tradição informa que Timóteo foi o 1º bispo
de Éfeso. Se for verdadeira a informação, então podemos vislumbrar a progressão
daquele ministro, que começando como evangelista, tornou-se pastor da igreja de Éfeso e
acabou chegando ao bispado (1 Tm 4.14; 1 Tm 1.3; 2 Tm 1.6; 2 Tm 4.5). Ainda, segundo
a tradição, Timóteo foi martirizado em Éfeso.

Autor – Paulo se apresenta como o autor das “Epistolas Pastorais” (1 e 2 Timóteo e Tito).
Entretanto a crítica moderna tem desafiado a autoria paulina destas epístolas, mas a
atestação dada pela igreja primitiva se reveste de importância primária em um exame
eqüitativo sobre a questão inteira.

Existem poucos escritos do Novo Testamento melhor atestados do que as Epistolas


Pastorais, pois elas eram amplamente usadas desde os dias de Policarpo, havendo
vestígios possíveis das mesmas nas primeiras obras de Clemente de Roma e de Inácio.
Na primeira carta a Timóteo Paulo já deixa claro ser o autor desde o início (1Tm 1.1-3).

Texto chave – 3.15.

Local: Macedônia – (1.3)

Data – Caso Paulo tenha sido solto da prisão em Roma e tenha escrito esta carta no
transcorrer de suas atividades missionárias subsequente, seve-se atribuir esta carta a
uma data nos anos 60, provavelmente no início da década.

Tradicionalmente tem-se sustentado que o apostolo foi martirizado durante o reinado de


Nero (no ano 68). Se esta data estiver correta pode-se situar a escrita de Paulo uns dois
ou três anos antes da sua morte, 65 ou 66 d.C.

53
Destinatário – Esta carta não foi escrita a igreja de Éfeso em geral, antes foi direcionada
particularmente a Timóteo. A carta nos mostra algumas evidências da particularidade
deste escrito:

“ó filho Timóteo” (1.8)


“escrevo-te estas coisas esperando ir verte em breve” (3.14)
“ninguém despreze a tua mocidade” (4.12)
“não continues a beber somente água” (5.23)

Essa foi uma das epístolas pastorais de Paulo (1 Tm, 2 Tm e Tt), escrita com o objetivo
de animar, estimular e instruir o jovem Timóteo a respeito de questões bastante práticas.
Com Paulo surgiu o que poderíamos chamar de uma "escola ministerial". Paulo ensinou a
Timóteo que, por sua vez, deveria ensinar a outros e estes continuariam a transmissão do
ensinamento.

Esboço

I – Saudação – 1.1-2.
II – A incumbência de opor-se aos falsos mestres – 1.3-11.
III – O testemunho de Paulo – 1.12-17.
IV – Exortação a que se milite a boa milícia – 1.18-20.
V – A oração – 2.1-8.
VI – Os deveres das mulheres cristãs – 2.9-15
VII – Oficiais da igreja – bispos e diáconos – 3.1-13.
VIII – Admoestações contra a apostasia e as doutrinas de demônios – 3.14 a 4.5.
IX – Instruções sobre a conduta do ministro – 4.6 a 6.19.
X – O tratamento com os transgressores, as viúvas, os anciãos, os escravos e os ricos.
(5.1 a 6.19).
XI – Conclusão – 6.20-21.

Comentário

- Saudação – 1.1-2

- A incumbência de opor-se aos falsos mestres – 1.3-11.


Paulo adverte contra os falsos mestres da lei que promovem controvérsias em vez
de fazerem progredir o trabalho de Deus (1.3-11). O problema é que os gnósticos e
os judaizantes estavam em plena atividade em seus ensinamentos. Isso se
constituía em problema sério para a igreja. Paulo estava preocupado com as falsas
doutrinas e a futura apostasia.

- O testemunho de Paulo – 1.12-17


Paulo dá ações de graça pela maneira como a misericórdia e a graça de Deus
esteve operando em sua vida. Este exemplo de Paulo deveria servir como estimulo
para o discípulo Timóteo continuar no seu firme no seu trabalho em favor do reino
de Deus. Timóteo precisaria entender que a sua segurança ministerial residia na
graça divina.

- Exortação a que se milite a boa milícia – 1.18-20


Neste ponto Paulo mostra de maneira clara qual era o seu objetivo ao escrever ao
jovem pastor; era o de incentivá-lo a combater o bom combate. A vida cristã e o

54
ministério não são apresentados como meio de enriquecimento nem como um
descanso confortável. É uma milícia, um combate constante.

- A oração – 2.1-8
Paulo insta que sejam feitas orações por todos, principalmente por aqueles em
posição de autoridade, afim de que promovam condições em que as pessoas
possam chegar à salvação. Não só nas cartas pastorais, mas em todas as
epístolas, o apostolo Paulo parece revelar um precioso segredo, a oração. A vida
de oração é a base da vida cristã para Paulo. Na maioria de suas cartas ele inicia
com ações de graça e oração, e sempre diz estar orando pelos seus queridos
irmãos (exemplos: Cl 1.3; Fp 1.3; Ef 3.14-21).

No caso da carta a Timóteo, Paulo mostra a força do seu pensamento com a expressão
“antes de tudo”, demonstrando prioridade e urgência. Conversar com deus é tão
necessário que o apóstolo se utiliza de quatro expressões sinônimas: súplicas, orações,
intercessões, e ações de graças.

- Por quem orar?


Por todos os homens - I Tm 2.1
Pelos reis – I Tm 2.2
Por todos que exercem autoridade – I Tm 2.2
Pelos irmãos em Cristo – II Tm 1.3

- Para que orar?


Tenhamos uma vida pacífica – I Tm 2.2
Muitos cheguem ao conhecimento da verdade – I Tm 2.4
Desenvolvimento da piedade e dignidade I Tm 2.2

- Onde orar?
Em todo lugar – I Tm 2.8
Na prisão – II Tm 2.8,9 (Paulo estava preso, e mostra que a oração deve estar
presente em locais e situações extremamente adversas). Conf. At 16.24-26

- Como se deve orar?


Levantando mãos santas (sem ira e sem discussões, ou seja, com uma vida
correta e integra) – I Tm 2.8
Constantemente – II Tm 1.3

- Com Gratidão (Paulo demonstra a motivação correta de uma vida de oração; com
alegria, e não por obrigação ou imposição) – II Tm 1.3

Os deveres das mulheres cristãs (2.9-15) – Aqui Paulo fala da maneira como as
mulheres devem se vestir e viver. Como já foi comentado na análise de Coríntios,
primeiramente é importante considerar que o cristianismo sempre foi uma religião de
revelação escrita e as mulheres naquele tempo não tinham oportunidade de alfabetização
e de estudo. Assim era muito difícil a mulher ter alguma participação no culto, pois não
tinham bom conhecimento da Palavra (Antigo Testamento).

Também Paulo fala para as mulheres usarem o véu. Dentro do contexto histórico da
prostituição cultual á Afrodite, comentaristas nos informam que quando uma mulher usava
o véu, isso significava que ela estava submissa a um homem, quer seja seu marido, seu

55
pai ou um parente responsável. Quando se via uma mulher sem véu e com o cabelo
tosquiado, ou até mesmo raspado, já se deduzia que a mesma está totalmente disponível.
Essa era a maneira como as prostitutas eram identificadas.

Sendo assim as mulheres precisavam agir com modéstia, precisavam usar o véu e
manter seus cabelos compridos. (veja 3.11 e Rm 16.1 – mulheres no serviço da igreja),
(Confira com 1 Co 11.3-16 e 14.34-40 e 1 Pe 3.1-6).

Oficiais da igreja (bispos e diáconos) (3.1-13) – Paulo especifica qualificações,


requisitos, o caráter, as capacidades e os deveres dos líderes eclesiásticos. Isso era
extremamente necessário para que se evitasse a infiltração dos falsos mestres na igreja.
Para Paulo o principal efeito do evangelho era a transformação de vida. Uma pessoa não
pode ser um líder na igreja se não passar por este requisito básico.

No NT parece que os apóstolos ou os seus representantes faziam esta nomeação oficial.


A palavra “nomear” no NT significa “dar reconhecimento oficial”, e “não selecionar”. O
processo parece indicar confiança crescente da congregação em alguns membros e o
reconhecimento de sua maturidade. Só quando as qualificações de liderança tinham sido
desenvolvidas na congregação local, que os líderes recebiam reconhecimento oficial por
meio de “nomeação” apostólica. Tanto em 1Tmóteo, como em Tito, Paulo descreve as
qualificações e responsabilidades dos líderes da Igreja:

Devem administrar a vida da Igreja (1 Tm 3.5).


Devem receber a tarefa da obra de Deus (Tt 1.7)
Devem encorajar a sã doutrina e enfrentar os que se opõe a ela. (Tt 1.9)

Em resumo, os líderes são responsáveis tanto pela crença quanto pelo estilo de vida da
comunidade cristã local. Não interessa o tipo de liderança, ou o departamento da Igreja
local, são todos responsáveis pela transmissão da fé.

Admoestações contra a apostasia e as doutrinas de demônios (3.14 a 4.5) – Apesar


de todo o cuidado de Paulo, o Espírito Santo já o tinha avisado que a apostasia seria
inevitável. As doutrinas de demônios seriam adotadas por muitos. Observe as estratégias
do maligno. Em algumas circunstâncias ele quer nos fazer acreditar que tudo é permitido.

Em outros momentos, ele nos diz que não podemos fazer nada. É o tipo de estratégia
apresentada em 1 Tm 4.3: "Proibindo o casamento e ordenando a abstinência de
alimentos que Deus criou para os fiéis".

É preciso preservar a liberdade cristã. Sem manipulações (4.1-10). As necessidades


básicas são legítimas, mas não podem nos dominar através do excesso ou da
licenciosidade.

Instruções sobre a conduta do ministro (4.6 a 6.19) – O valor do estudo e do ensino


para combater o erro. (4.13). O apóstolo Paulo entende que as Escrituras é uma arma
indispensável para combater o bom combate. O soldado do exército de Cristo que não
gosta de ler a Bíblia, de aprender sobre ela e não se submete a ela, torna-se um peso
para reino de Deus. Observe que na explanação da armadura cristã, em Efésios 6.17, que
o único utensílio que serve como ataque é a Palavra de Deus.

56
Por isso precisamos entender o que a Bíblia representa para nós em tempos de combater
o bom combate. Veremos abaixo que a Bíblia é autoridade, que ela é necessária e que
ela é suficiente.

A autoridade das Escrituras – O principio cristão da autoridade bíblica significa que


Deus é o autor da Bíblia: a Bíblia e fruto do sopro de Deus. Os textos abaixo nos mostram
o caráter Divino das Escrituras.

Sã – 1 Tm 1.10; 6.3 Boa – 1 Tm 1.8; 4.6


Sagrada – 2 Tm 3.15 Inspirada – 2 Tm 3.16

A necessidade das Escrituras – Deus nos deu a Bíblia para dirigir a crença e o
comportamento do seu povo. Nossas ideias a respeito de Deus e nossa conduta devem
ser medidas, testadas, e quando necessárias corrigidas e ampliadas de acordo com a
Bíblia, como padrão de referência. Os textos abaixo nos mostram que a Bíblia é
necessária para:

Ensino – 2 Tm 3.16
Repreensão – 2 Tm 3.16; 4.2
Correção – 2 Tm 2.16; 4.2
Educação na Justiça – 2 Tm 3.16.
Exortar – 2 Tm 4.2
Tornar sábio – 2 Tm 3.15

Podemos fazer uma pergunta: quando esta Palavra é necessária? Segundo Paulo em
todas as ocasiões, “a tempo e a fora de tempo”, mesmo por que ela não esta presa a
nenhuma circunstancia da vida (2 Tm 2.9). Toda a necessidade implica em urgência.

A suficiência das Escrituras – A Bíblia é suficiente para atingir seus propósitos últimos.
A expressão “suficiência” exclui qualquer outra coisa que posa ajudar ou complementar as
Escrituras. Não há nenhuma sabedoria humana que possa conduzir o homem às
finalidades que a bíblia propõe. A bíblia é suficiente em si mesmo para que:

O homem seja perfeito – 1 Tm 3.17


Habilitado para a boa obra – 1 Tm 3.17
Para a salvação – 1 Tm 3.15

Como devemos usar as Escrituras – Para o apóstolo Paulo só a sucesso no combate


da fé quando nos utilizamos bem a nossa principal arma, a “Palavra de Deus”. Se não
soubermos manuseá-la seremos fracassados. É por isso que Paulo adverte a Timóteo
com duas orientações chaves:

Maneje bem a Palavra – 2 Tm 2.15


Aplica-te à Leitura – 1 Tm 4.13

A palavra “maneje”, no grego, era usada com referência aos instrumentos de corte, que
eram utilizados para fabricação de certos utensílios e exigia que os cortes tivessem uma
precisão cirúrgica. Isso mostra a seriedade que devemos ter ao manejar a palavra de
Deus, e essa “precisão” só será alcançada com aplicação. Também Paulo o instruía
santidade pessoal. 4.11-16.

57
O tratamento com os transgressores, as viúvas, os anciãos, os escravos, os ricos
(5.1 a 6.19) (Confira com Tito 1.10 a 3.11) – Paulo dá conselhos ao jovem Timóteo de
como tratar homens mais velhos e mais novos, mulheres mais velhas e mais novas e
viúvas (5.1-16) e dá instruções especiais sobre presbíteros (5.17-20), o comportamento
do próprio Timóteo (5.21-25) e sobre escravos (6.1-2).

Uma vez mais Paulo adverte contar mestres e o perigo do amor ao dinheiro (6.3-10); ele
insta Timóteo a fugir de todo esse tipo de conduta, exortando-o a viver corretamente
(6.11-16). Timóteo deve determinar aos ricos que façam o bem e, desse modo, acumulem
tesouros onde é importante tê-los (6.17-19).

Conclusão (6.20-21) – A carta termina com outra exortação ao jovem amigo de Paulo
para que esteja firme na fé. Paulo, por fim, acrescenta sua bênção.

58
SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO

Autor – Paulo; 2 Tm 1.1 - (veja o Comentário em 1Tm)


Data – Provavelmente esta era a ultima prisão de Paulo antes da sua morte. Se a data do
historiador Eusébio, para a morte de Paulo está correta (67 d.C.), então este ano ou o
anterior é a dada de 2 Timóteo.

Local de Escrita – Paulo escreve consciente de que sua vida está quase no fim (4.6). A
palavra para “defesa” (apologia – 4.16) é com frequência usada para uma defesa em
tribunal. Parece então que devemos concluir que Paulo está preso, e tem diante de si a
perspectiva de ser executado em breve. Ele diz que Onesífero o procurou e o achou em
Roma (1.16-17), o que torna provável que era ali que ele se achava preso. Essa seria a
sua segunda prisão em Roma, o que não está registrado em Atos.

Destinatário – A carta declara ter sido escrita a Timóteo (1.1-2), e o conteúdo confirma
isso. Detalhes pessoais como referências a Lóide e Eunice (1.5); as lágrimas de Timóteo
(1.4); a imposição das mãos de Paulo sobre ele (1.6); as referências ao fato de Paulo ter
sido abandonado (1.15; 4.10); as orações por Onesífero e a referência a suas atividades
anteriores em Éfeso (1.16-18). Este é o tipo de coisa que se espera em uma carta pessoal.
O mesmo vale para as admoestações pessoais a Timóteo (2.1-2, 22.26; 3.14; 4.2, 5) e o
trecho no final da carta, em forma de conversa informal, em que Paulo dá notícias de
amigos e algumas informações sobre si mesmo (4.9-22).

Esboço

I – Saudações – 1.1-5
II – Incumbência para Timóteo: desperte o dom – 1.6-18.
III – 2ª incumbência – seja forte – 2.1-19.
IV – 3ª incumbência – seja vigilante – 2.20 a 3.17.
V – 4ª incumbência – pregue a palavra – 4.1-8.
VI – Saudações finais – 4.9-22.

Comentário – Paulo se encontrava preso novamente em Roma. Dessa vez, seria morto.
Essa foi sua última epístola, embora não esteja em último lugar na ordem adotada para o
Novo Testamento. O apóstolo demonstra coragem, mesmo estando consciente do seu
destino (4.6-8). Ele não se entrega as murmurações. Apenas relata que foi abandonado
por todos, exceto por Lucas (1.15; 4.11). Encontra-se velho e teme pelo inverno que se
aproxima. Pede que Timóteo vá ter com ele levando sua capa e seus livros (4.13,21).

- Capitulo 1 – A segunda epístola tem muita semelhança com a primeira. Paulo se


aplica a encorajar Timóteo, orientado-o no que diz respeito à vida cristã e ao
ministério. Lembrando os ensinamentos que o jovem pastor recebera na infância,
bem como as profecias a respeito de seu ministério e também sua consagração
mediante a imposição de mãos, o apóstolo o encoraja a assumir seu papel de
obreiro de Deus. A epístola fala dos desafios e da postura determinada do obreiro.
Timóteo deveria despertar o dom ministerial (1.6) e defender a sã doutrina contra o
erro (1.13). Paulo chama a Timóteo de “filho amado”. Parece não haver dúvidas de
que o jovem tinha sido levado a aceitar Cristo por intermédio do apóstolo em sua
primeira viagem missionária. Não é de admirar que Paulo visse em Timóteo um
jovem promissor para a obra do ministério na igreja primitiva.
59
- Capítulo 2 – Paulo compara o obreiro ao soldado (2.3). Na prisão, Paulo estava
cercado por soldados. Assim, observava a disciplina militar e aplicava tudo isso à
sua própria vida espiritual. Como um soldado, o obreiro de Deus deve ser:
- Forte (2.1).
- Disciplinado.
- Submisso.
- Preparado para o combate.
- Firme e constante em seu objetivo, sem desistir.
- Vestido com a armadura de Deus (Ef.6.12-17).

O ministro é ainda comparado ao atleta (2.5), o qual persegue um objetivo e para


isso se aplica, se disciplina e de muitas coisas de abstém (I Cor.9.24-27). A cultura
grega havia valorizado muito o atleta. Foi desse contexto que surgiram as
olimpíadas em homenagem aos deuses mitológicos. Paulo também compara o
obreiro de Deus a um lavrador (2.6), com seu exemplo de trabalho e paciência na
expectativa dos frutos (Tg.5.7-8; Lc.9.62). Utilizando de comparações, Paulo passa
a Timóteo a orientação para que ele fosse um ministro fiel, cuidando do rebanho,
pregando e sendo, antes de tudo, exemplo. Deveria também ser vigilante e evitar
contendas (2.14-26). De nada adiantaria se Timóteo fosse forte, mas não vigilante.
Seria como um forte que está dormindo. Assim poderia ser destruído.

- Capítulo 3 – Paulo adverte contra os males e as corrupções dos últimos dias, e


apresenta uma relação de suas características:
- Amigos de si mesmo mais do que amigos de Deus;
- Avarentos; farão todo para obter o que desejam;
- Jactanciosos e arrogantes; o orgulho domina seu coração;
- Blasfemadores; tomam o nome de Deus em vão;
- Desobedientes aos pais;
- Irreverentes; não se interessam nem por Deus nem pelos homens;
- Desafeiçoados; sem sentimentos e afetividade;
- Traidores;
- Amigos dos Prazeres.
O apostolo diz que tos quantos forem contra estas características dos últimos dias
e tiverem uma vida piedosa serão perseguidos, assim como ele estava sendo
(3.10-13). Mas a principal fonte de segurança nesta dura caminha da é a Escritura
Sagrada, pois ela é inspirada e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção e para a educação na justiça. (3.14-17).

- Capítulo 4 – Um último apelo é feito a Timóteo: “prega a Palavra, insta, a tempo e


a fora de tempo” (4.2), pois viriam tempos ainda piores, em que as pessoas não
desejariam mais ouvir a mensagem do evangelho, mas apenas aquilo que lhe
agradasse.
Paulo sente que seu martírio está próximo, mas se sente aliviado por ter sido
participante do sacrifício de Cristo como libação. Ele diz: “combati o bom combate,
completei a carreira e guardei a fé” (4.7). Por fim Paulo parece se sentir
abandonado (4.10,16) e diz que somente Lucas ainda estava ao seu lado (4.11).
Ele pede para Timóteo levar sua capa e alguns livros quando fosse visitá-lo. Por
fim, o apóstolo faz algumas saudações e reafirma a sua pressa (4.9,21) em ter a
visita de Timóteo, e se possível antes do inverno.

60
EPISTOLA DE PAULO A TITO
Local de origem – Macedônia

Data – Início da década de 60 d.C. Após a libertação de Paulo de sua primeira prisão em
Roma. (veja o comentário em Primeira Timóteo)

Tema – Organização da igreja e comportamento cristão.

Texto chave – Tt 1.5

Classificação – Eclesiologia. Essa é uma das epístolas pastorais. (Em ordem cronológica
foram escritas 1 Tm. Tito e 2 Tm.)

Tito – Embora fosse grego, seu nome vem do latim e significa "louvável". As referências a
Tito no Novo Testamento apresentam seu itinerário ministerial:

 Tt 1.4 – Paulo o trata como "filho na fé", dando a entender que


sua conversão se deu mediante a pregação do apóstolo. Paulo
demonstra ligação espiritual e fraternal com Tito.
 Gálatas 2.1,3 – Tito acompanhou Paulo na viagem a
Jerusalém e esteve presente no concílio de Atos 15, embora
não tenha sido mencionado naquele livro.
 2 Co 2.13; 7.6-7; 7.13-15; 8.6; 8.16-18; 8.23-24; 12.18 – Tito
trabalhou em Corinto e levou relatório para Paulo sobre a
situação da igreja.
 Tt 1.5 – Trabalhou também em Creta.
 Tt 3.12 – Foi encontrar-se com Paulo em Nicópolis.
 2 Tm4.10 – Trabalhou também na Dalmácia.

De acordo com a tradição, Tito se estabeleceu em Creta, ficando ali até a sua velhice.

A Cidade de Creta – É uma ilha montanhosa do Mar Mediterrâneo, pertencente à Grécia


e ao continente europeu. Descobertas feitas no Egito, e em locais como Ras Sharmra, na
Síria, mostram que o comércio cretense se estendera para a Ásia ocidental (no período
do Antigo Testamento), e deste tempo em diante, os movimentos étnicos nos quais os
filisteus desempenharam papel de vulto e os quais culminaram nas invasões dos “Povos
Marítmos” (piratas) do século XIV a.C, começaram a ter lugar
Antes do primeiro século a.C. a ilha era dividida em várias cidades-estados adversárias,
até que finalmente a ilha foi subjugada pelos romanos em 67 a.C. Os cretenses eram
imorais e preguiçosos. O Trabalho seria difícil para Tito. Seu poeta famoso era
Epimênides (600 a.C.), e foi citado por Paulo em Tt 1.12 e em At 17.28.

A Igreja em Creta – A passagem de Paulo por Creta é apresentada em At 27.7-13 e 21


(A caminho da prisão em Roma). Ao que tudo indica Tito foi a Creta com Paulo depois
que o apóstolo foi solto em sua prisão, e que então foi deixado ali para consolidar a igreja
(Tt 1.5). A epistola mostra a necessidade do uso de autoridade no estabelecimento de um
grupo de ministros dignos, na eliminação de qualquer oposição, e no ensino de doutrina
sã.

Havia em Creta muitas cidades e, consequentemente, muitas igrejas (1.5), as quais


podem ter sido fundadas por Paulo, conforme nos parece pela epístola. Entretanto,

61
algumas podem ter surgido pela ação de judeus convertidos no dia de Pentecoste
(At.2.11).

Esboço

I - Introdução – 1.1-4.
II - Deveres e qualificações dos ministros – 1.5-9.
III - Os falsos mestres – 1.10-16.
IV - Instruções em relação ao comportamento cristão – 2.1-10.
V - A salvação – 2.11-15.
VI - A vida cristã na sociedade – 3.1-11.
VII - Conclusão – 3.12-15

Comentário

- Introdução (1.1-4) – Nesta saudação de Paulo ele chama Tito de “filho”, assim
como fez com Timóteo. De início o apóstolo j a mostra dois pontos centrais de sua
epístola quando ele fala do “pleno conhecimento da verdade segundo a piedade”
(1.1). Ele está projetando o assunto de ensino e conduta.

- Deveres e qualificações dos ministros (1.5-9) – Essa parte é bastante semelhante à


primeira epístola a Timóteo. Apresenta requisitos para os obreiros da igreja (1.5).
"Por esta causa te deixei em Creta". Se em algum momento Tito se sentisse
incomodado com os problemas das igrejas e do povo de Creta, deveria então se
lembrar das palavras do apóstolo. "Por esta causa te deixei em Creta, para que
pusesses em boa ordem o que ainda resta".

Não devemos reclamar daquilo que faz parte do propósito de Deus para nós. A
situação em Creta poderia não ser muito confortável para Tito, mas, se tudo
estivesse bem, sua presença não seria necessária.

- Tito recebeu a incumbência de constituir ministros. Observamos nisso a


capacidade de Tito e confiança de Paulo em sua pessoa. Paulo, prestes a morrer,
destaca para seus jovens sucessores a importância da escolha de discípulos e de
lideres confiáveis para as igrejas locais. O capítulo 3 de 1Timóteo e Tito 1 são os
textos chaves do Novo Testamento, pois descreve as qualificações para os
obreiros espirituais.

É impressionante, mas a maturidade espiritual deve ser levada em conta, quando


escolhemos líderes: não é o quanto a pessoa sabe, ou quantos diplomas têm, nem
mesmo a posição da pessoa na sociedade. O que os cristãos devem levar em conta,
primeiramente, na hora de escolher seus lideres é a extensão, demonstrada pela vida de
uma pessoa, do toque transformador de Jesus Cristo.

A Escolha de Líderes – No NT parece que os apóstolos ou os seus representantes


faziam esta nomeação oficial. A palavra “nomear” no NT significa “dar reconhecimento
oficial”, e “não selecionar”. O processo parece indicar confiança crescente da
congregação em alguns membros e o reconhecimento de sua maturidade. Só quando as
qualificações de liderança tinham sido desenvolvidas na congregação local, que os líderes
recebiam reconhecimento oficial por meio de “nomeação” apostólica.

62
Tanto em 1Tmóteo, como em Tito, Paulo descreve as qualificações e responsabilidades
dos líderes da Igreja:

devem administrar a vida da Igreja (1Tm 3.5);


devem receber a tarefa da obra de Deus (Tt 1.7);
devem encorajar a sã doutrina e enfrentar os que se opõe a ela. (Tt 1.9).

Em resumo, os líderes são responsáveis tanto pela crença quanto pelo estilo de vida da
comunidade cristã local. Não interessa o tipo de liderança, ou o departamento da Igreja
local, são todos responsáveis pela transmissão da fé.

Os falsos mestres (1.10-16) – Paulo demonstra novamente sua constante preocupação


com os falsos mestres e a saúde doutrinária das igrejas. Entre esses, estavam "os da
circuncisão" (1.10,14). Tal expressão designava os judaizantes, aqueles que queriam
impor a lei judaica sobre os gentios convertidos ao cristianismo. Em 3.10-11, Paulo instrui
Tito a como tratar o herege, o qual deveria ter oportunidade, através de admoestações.
Contudo, isso também teria um limite: "Depois da primeira e segunda admoestação, evita-
o". Não devemos perder o nosso tempo com discussões infindáveis sobre questões
polêmicas. Se não chegarmos a um acordo rapidamente, então não permitamos que isso
vire contenda (3.9).

Instruções em relação ao comportamento cristão (2.1-10) – Assim como ocorre em


várias epístolas, Paulo apresenta instruções práticas para a vida cristã. Ele se refere às
várias classes de pessoas que faziam parte da igreja. Sabendo que o povo de Creta era
imoral e preguiçoso, os convertidos deveriam ter um padrão de comportamento diferente.
Entretanto, este quadro só seria revertido se houvesse uma dedicação ao ensino. Tito 2 é
um capitulo chave que nos ajuda a entender, no que consiste este tipo de ensino.
Observe as palavras e grife-as no texto de Tito 2. Veja o que elas significam.

- “Falar” (v1) o que está de acordo com a sã doutrina é “laleo” - afirmar, proclamar”.
Não é um falar despretensioso, mas de compromisso. Isso só é possível quando
temos um estilo de vida de acordo com a sã doutrina.

- “Ensinar” (v.2). No grego esta palavra está no imperativo, “ensine”. Denota a


urgência para que os cristãos sejam “moderados, dignos de respeito, sensatos e
sadios na fé, no amor e na perseverança”.

- “Serem capazes de ensinar o que é bom” (v.3) é “kalodidaskalous”, usado somente


neste texto do NT. Mulheres mais idosas seriam responsáveis por serem pessoas
admiráveis, e que ensinassem as mais novas.

- “Orientar” (v.4) aqui é “sophronizo”, significa “encorajar, estimular, aconselhar”. Na


época do NT, esta palavra era usada para destacar o ensino da moralidade e do
discernimento correto. Era o papel das mulheres mais velhas.

- “Encorajar” é “parakaleo”, e também significa “exortar”. Sugere um relacionamento


íntimo, que permite um homem corrigir outro.

- “Ser você mesmo um exemplo” (v.6) é typon. Sugere um padrão a ser seguido.
Ensinamos os caminhos de Deus às outras pessoas por meio do nosso exemplo
de vida.

63
- “Ensinar” (v.7) é didaskalia, o ato da instrução tipicamente verbal.

- “Ensinar” (v.12) é paideuousa. A palavra sugere orientações paternas e a correção


diária, como fazemos com uma criança.

- “Repreender” (v.15) é elencho, que significa “trazer à luz, expor”. No contexto isso
significa convencer ou até mesmo reprovar.

Todas estas palavras de Paulo demonstram que o seu modelo de ensino tem um “fio
condutor” que é a afetividade. Estas variadas expressões de ensino nos mostram
compromisso, relacionamento, exemplo, empatia, e etc. Ao contrário de qualquer modelo
secular. Com estas orientações paulinas aprendemos que o verdadeiro discipulado tem
suas raízes no modelo de ensino dos hebreus, que têm objetivos extensivos à conduta de
vida, e que seu caráter é extremamente afetivo, de empatia.

A salvação (2.11-15) – Como sempre, Paulo dedica parte de sua epístola para reforçar o
ensinamento a respeito dos fundamentos da fé cristã.

Universalidade da graça divina (2.11) – "a todos os homens". Esse texto é um dos que
derrubam a teoria da predestinação absoluta para a salvação ou para a perdição.

Divindade de Cristo (2.13) – a divindade de Jesus é algo bastante claro para o apóstolo
Paulo.

O valor das boas obras (2.14; 3.1,8 e 14) – Essas passagens às destacam, são os frutos
do cristão. Não se trata apenas de obras de caridade, mas ações justas de modo geral. A
salvação é pela graça e pelo amor de Deus (3.4-5), mas as boas obras acompanham a
salvação. É o testemunho diário do cristão.

O que o líder deve transmitir – Paulo tinha a preocupação com a transmissão eficaz da
fé cristã às gerações seguintes. Portanto, as cartas pastorais descrevem um sistema de
ensino, que foi divinamente preparado para transmitir tanto a verdade quanto a vida. Só
os temas tratados em Tito já são suficientes para nos apresentar o conteúdo da fé cristã,
como descriminado a seguir:

- A personalidade de Deus (2.11; 3.6);


- As qualidades do seu amor e sua graça (2.11; 3.4);
- O seu título como salvador (2.10; 3.4);
- A missão salvífica de Cristo (2.13; 3.6);
- O Espírito Santo (3.5);
- As implicações da Trindade de Deus (3.5,6);
- A divindade essencial de Cristo (2.13);
- A expiação vicária de Cristo (2.14);
- A universalidade da salvação (2.11);
- Salvação pela graça (3.5);
- A Vinda do Espírito Santo (3.5);
- A Justificação pela fé (3.7);
- A Santificação do seu povo (2.14);
- A separação do mal (2.12);
- A herança da vida Eterna (3.7);
- A volta de Cristo (2.13).

64
Essas verdades devem ser declaradas e preservadas. Mas se lermos Tito novamente,
perceberemos que esta carta também nos dá um bom resumo do estilo de vida cristão;
dos discípulos de Cristo e dos líderes. Nessa carta lemos algumas especificações.

- Santidade (1.1)
- Fé (1.2; 2.2)
- Qualidades do líder (1.5-9)
- Ministério do líder (1.8,9)
- Moderação (2.2)
- Amor (2.2-4)
- Autocontrole (2.2,5-6)
- Perseverança (2.2)
- Prática de boas obras (2.7; 3.1, 8, 14)
- Integridade pessoal (2.7,10)
- Seriedade (2.7)
- Sujeição à autoridade (2.9; 3.1)
- Confiabilidade (2.10)
- Rejeição do pecado (2.12)
- Humildade (3.2)
- Consideração (3.2)
- Pacífico (3.2)
- Harmonia (3.10)

Contudo o apóstolo Paulo Tinha plena consciência de que nenhum sistema é a prova de
“acidentes”; temos de prestar muita atenção ao elemento humano. Por isso, por repetidas
vezes Paulo ressalta a importância de “homens fiéis” (2Tm 2.2), aos quais deve ser
confiada a transmissão da fé; homens que estarão capacitados a ensinar a outros.

A vida cristã na sociedade (3.1-11) – A epístola fala das relações na igreja, na família,
no trabalho e na sociedade. Em todos esses lugares existe o conceito de autoridade e
governo. O evangelho afetará todas as áreas da vida do convertido.

Conclusão (3.12-15) – Paulo parece apressado ao escrever essa epístola. Não


especifica nomes na saudação e abrevia a bênção final (3.15).

65
EPÍSTOLA DE PAULO A FILEMOM

Data – Entre o fim da década de 50 ao inicio da década de 60 d.C.

Local – Roma ou Éfeso. Epístolas da prisão: Efésios, Colossenses, Filemom e Filipenses.


Veja o comentário em Filipenses

Tema – Retorno do escravo Onésimo.

Filemon – Era um homem rico da cidade de Colossos. Seu nome grego significa "amável".
Embora Paulo não tivesse visitado Colossos pessoalmente (Cl 2.1), Filemom
aparentemente se converteu por seu intermédio (v.19).

Propósito da carta – Epístola de caráter pessoal.


O âmago da carta é um apelo feito por Paulo a
favor de certo Onésimo, um escravo de Colossos
(Cl 4.9) cuja conduta havia feito contraste com o
sentido de seu nome, que significa “útil”. Ao que
parece ele havia furtado bens do seu senhor e
havia fugido. Mas agora Paulo roga que Filemom
perdoe e aceite seu escravo de volta.

Esboço
I – Saudações e ações de graças – 1-7.
II – Apelo de Paulo a favor de Onésimo – 8-21.
III – Saudações finais – 22-25.

Comentário
Paulo estava velho e preso em Roma (1.9-10 e 13).
Na casa de Filemom se reunia uma igreja. De acordo com os comentaristas, Áfia seria o
nome da esposa de Filemom e Arquipo, seu filho (1.2).
Retorno do escravo Onésimo (1.8-20).

Onésimo havia fugido para Roma. Era um escravo esperto e visionário. Foi logo para a
capital do Império. Talvez tenha furtado de Filemom antes de fugir. Em Roma, encontra-
se com o apóstolo Paulo e se converte ao evangelho. Em seguida retorna a Colossos
junto com Tíquico, levando a carta a Filemom e também a epístola aos Colossenses
(Cl.4.9).

O nome Onésimo significa "útil", exatamente o que não tinha sido para Filemom, mas
passaria a ser (1.11). A carta enfatiza a transformação de uma vida. O convertido precisa
reparar o erro cometido, se isso for possível. Para Onésimo, era possível voltar à casa do
seu senhor. Portanto, devia fazê-lo. Restituir o dinheiro furtado, entretanto, não era
possível (1.18).

Nessa carta, chama-nos a atenção a questão da escravidão. Paulo não condenou tal
prática. Afinal, estava mandando o escravo de volta ao seu dono. Temos uma ideia de

66
escravidão muito vinculada à prática portuguesa no Brasil. Entretanto, podemos amenizar
esse conceito quando estudamos a respeito da servidão entre os judeus.

Um judeu poderia se tornar escravo do outro como forma de pagar uma dívida. O
contexto de Onésimo não era judaico, mas devemos observar que Paulo aconselhou
Filemom a tratar o escravo como um irmão amado. Então, o texto não está endossando a
prática de crueldades contra os escravos. Mesmo assim, a questão parece não estar
ainda resolvida. Talvez esperássemos que Paulo "proclamasse a liberdade" de Onésimo.
Contudo, não o fez. O fato é que o evangelho não é uma metodologia de revolução social,
mas de revolução pessoal. Paulo não poderia simplesmente dizer que Onésimo estava
livre. Onde ele iria morar? Quem garantiria o seu sustento. Então, o melhor a fazer era
retornar à casa de Filemom.

Manter Onésimo como escravo é totalmente contrário à "teologia da prosperidade" e a


"teologia da libertação". Entretanto, o cristão só não pode ser escravo do pecado nem do
Diabo. (1 Co.7.20-21). Escrevendo aos Coríntios, Paulo mostra que não importa se o
cristão é servo ou senhor.

Contudo, se tiver oportunidade de se libertar, não deve perdê-la. A libertação dos


escravos era ideal e desejável. Contudo, isso não poderia ocorrer de modo temerário,
mas dependeria da situação de cada um. Do mesmo modo, muitos empregados hoje
vivem em situação semelhante à de escravos. É verdade que ganham o seu salário
mensal, mas este é tão "mínimo" que talvez fosse melhor morar na casa do patrão e ter
roupa, comida e um teto. Proclamar a libertação de Onésimo seria como dizer a um
empregado de hoje: "Saia desse serviço. Deus tem algo melhor para você". Poderíamos
fazer isso sem ter algo a oferecer para a pessoa? Tal questão não pode ser definida
através de uma regra, pois trata-se de algo pertencente ao plano de Deus para cada
cristão individualmente. Acima de todas essas considerações, Deus tem todo controle
sobre a história e pode permitir ou encerrar os períodos de escravidão de acordo com os
seus soberanos e inescrutáveis propósitos. Lembremo-nos de Israel, do povo de Deus,
que foi escravizado no Egito durante 430 anos, mas, no tempo certo foi liberto pelo
Senhor. Nada disso acontece sem um propósito e sem uma razão, embora nem sempre a
conheçamos.
Em Fm 2.17-19 a epístola mostra o empenho de Paulo a favor de um escravo, a fim de
que seu senhor o recebesse pacificamente. O escravo convertido passa a ser chamado
de irmão amado (v.16), filho (v.10) e fiel (Cl 4.9). É fácil ver alguém se empenhando a
favor dos abastados. Entretanto, o amor de Cristo deve nos fazer agir a favor dos menos
favorecidos.

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QUESTIONÁRIO IV

I e II TIMÓTEO e TITO e FILEMON

1) O nome Timóteo significa


________________________________________________________________________

2) Com base na apostila responda:


Por quem devemos orar?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Para que orar?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Onde devemos orar?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Como devemos orar?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3) Com relação à epístola de II Timóteo diga:

a) Autor:
________________________________________________________________________

b) Data:
________________________________________________________________________

c) Local em que foi escrito:


________________________________________________________________________

d) Destinatário:
________________________________________________________________________

4) Com relação a epístola de Tito responda:

a) Qual o tema da epístola?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

b) Qual o significado do nome Tito? ___________________________________________

5) Quem era Filemon? E o que enfatiza sua epístola?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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Apostila do SEBEMGE – Anísio Renato Andrade
Bíblia de Referência Thompson - Tradução de João Ferreira de Almeida - Versão
Contemporânea - Ed. Vida.

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