Chocolate preto Antibióticos Parkinson

Das 19 tabletes em prova, Uso excessivo ou inapropriado Como a família e o tratamento

três superaram as expectactivas está a torná-los ineficazes ajudam a ultrapassar dificuldades

www.deco.proteste.pt | 166 | dezembro 2023/janeiro 2024 | bimestral

Diretora e editora Cláudia Maia

Amaciadores de cabelo
Descubra a Escolha Acertada abaixo de 2 euros
PROTEÍNA

D EC O PROTES TE
D ES CA R R EG U E

Os batidos prometem ganhos de força e

R E V I S TA S
A A PP

de músculo. Mas são recomendados para

quem faz exercício ligeiro ou moderado?
A DECO PROTeste analisou 31 produtos
 sumário

BREVES
04
04
CHECK UP Picada de
percevejo • Antibióticos:
resistência no ar • Vinho:
166 rótulos com novas regras•
Óculos para luz azul • Pão
com bolor • Vacina da gripe
dezembro 2023/janeiro 2024 • Acesso à prescrição está
mais fácil

EM FOCO

08
Doença de Parkinson
Conheça histórias de quem
vive com a doença.

12 12
CONTACTE-NOS Amaciadores de cabelo
Telefone Teste revela dois produtos
218 410 801 insatisfatórios.

Serviço de informações
23
16
218 410 858 Seguro oncológico
Em que situações vale a
Cidadãos Surdos pena contratar um seguro
12472 ou Skype
Num computador com câmara, smartphone para doenças graves
ou tablet, procure “Serviin-intéprete LGP ou oncológicas.
à Distância”

19
Assinaturas e encomendas CAPA
pela internet Concentrados de proteína
www.deco.proteste.pt/contactos Como escolher o produto
para o pós-treino.

23
ATUALIZAÇÃO DO PREÇO Ansiedade Eficácia dos
produtos à base de plantas.
Num momento em que empresas e
organizações de todo o mundo enfrentam

28
grandes desafios, a DECO PROTeste Chocolate preto Descubra o
não foge à regra. O impacto financeiro que distingue os 19 produtos
decorrente do aumento do preço das testados.
matérias-primas e da inflação crescente
32
32
obriga a medidas excecionais. Para garantir Bolo-rei Preço nos
a total independência, a DECO PROTeste supermercados e pastelarias.
não recebe qualquer financiamento do
Estado ou das marcas, pelo que só com

34
Antibióticos Como combater
uma atualização extraordinária do preço
as resistências das bactérias.
da subscrição lhe é possível manter a
organização em atividade, defendendo
e apoiando os consumidores nos
PERTO DE SI
momentos difíceis. Por essa razão, o preço
da assinatura mensal da TESTE SAÚDE

38
passará para 4,18 euros. Os novos preços LEITORES EM DIRETO
só entrarão em vigor, para os atuais Depilação com manchas •
subscritores, na data de vencimento da Fungos sem fundo • De cartão
respetiva assinatura. à porta • Atestado em várias
frentes

2 testesaúde 166
NotíciasFlix

08
Suplementos alimentares

Ansiedade
Fátima Ramos
Jornalista
da TESTE SAÚDE
natural
Suplementos alimentares há-os para tudo. Do reforço
da imunidade ao desenvolvimento de músculo, passando
pelo combate à ansiedade e à perda de cabelo, tudo parece
ter alguma solução nestes produtos vistos como naturais
e, quiçá, mais seguros do que os medicamentos.
Mas os suplementos alimentares são, tão-só, suplementos
alimentares. A lei coloca-os na categoria dos géneros
16 alimentícios e exige-lhes tanto como a qualquer outro
produto alimentar. Destinam-se a completar a dieta

28 Os suple- normal, não a tratar, curar ou prevenir problemas de saúde.

Não estão sujeitos às normas rígidas e aos processos de
mentos controlo de qualidade dos medicamentos. Porém, natural
alimen- não é necessariamente sinónimo de seguro. Longe disso.
tares Os produtos à base de plantas, como os que se descrevem
na página 23, podem causar reações adversas e interagir
podem com os medicamentos, potenciando ou reduzindo os seus
causar efeitos terapêuticos. Podem, pois, causar sérios problemas
reações de saúde. Por cá, não se conhecem números, mas um
estudo realizado nos Estados Unidos estimou em 23 mil o
adversas número de urgências anuais causadas por reações adversas
e reduzir o decorrentes de suplementos alimentares, entre 2004 e 2013,
efeito dos algumas relacionadas com problemas cardíacos. Os riscos
são reais, não podem ser subestimados. Consumidores e
medica- profissionais de saúde têm de tomar consciência de que
mentos natural também pode ser perigoso. Por isso, os rótulos dos
suplementos alimentares deveriam ser obrigados a indicar

34 as possíveis reações adversas e interações. Em Portugal, já

existe um observatório de reações adversas para suplementos
alimentares. Todas as suspeitas de reações causadas por estes
produtos podem (e devem) ser comunicadas à Direção-Geral
de Alimentação e Veterinária. É preciso divulgar o serviço e
incentivar as notificações. Ao nível europeu, deveria também
ser criado um sistema de informação e vigilância de reações
adversas de suplementos alimentares, à semelhança do
que existe para os medicamentos, de modo a aumentar o
conhecimento e pôr alguma ordem nesta área. Pela saúde
e segurança do consumidor.

Envie-nos os seus comentários editorial@deco.proteste.pt

166 testesaúde 3
Checkup
Picada de percevejo
DESCONFORTÁVEL,
MAS SEM PERIGO Ozempic
falsificado
Além de comichão e dificuldade em dormir, os
percevejos não trazem grande perigo para a saúde.
VENDA
Saiba o que fazer se for picado
A Agência
Europeia do
Os percevejos são pequenos insetos achatados que
Medicamento
se alimentam exclusivamente do sangue de pessoas
alertou para a
e animais, principalmente enquanto dormem. De cor
venda, na União
castanho-avermelhada, estes insetos sem asas medem apenas
Europeia,
entre um e sete milímetros e conseguem viver vários meses
de Ozempic
sem se alimentarem. Não são conhecidos por espalharem
falsificado, um
doenças. Mas podem causar perda de sono e comichão,
medicamento
que, em muitos casos, levam a arranhões e ao aumento das
para a diabetes.
hipóteses de infeção cutânea. A reação à picada de percevejos
Em Portugal,
varia entre a total ausência de sintomas e uma pequena marca
ainda não foram
ou reação alérgica.
detetadas
Quando os percevejos mordem, injetam um anestésico e
embalagens
um anticoagulante, que evita que a pessoa perceba que está
falsificadas.
a ser mordida. As marcas de picada surgem dois a vários dias
O Infarmed
após o ataque inicial e são semelhantes às de um mosquito
aconselha
ou de uma pulga: uma área ligeiramente inchada e vermelha,
a comprar o
que pode dar comichão e causar irritações cutâneas.
medicamento em
Problemas de insónia ou ansiedade são outras consequências
farmácias físicas,
possíveis. A melhor maneira de tratar é aplicar cremes ou
até porque não
loções anti-histamínicas, tomar um anti-histamínico e evitar
pode ser vendido
coçar. Se tiver uma infestação em casa, o melhor é contratar
online.
uma empresa de controlo de pragas.

4 testesaúde 000
 Antibióticos
Vale
RESISTÊNCIA cirurgia

NO AR DIGITAL
O vale cirurgia
O aumento da passa a ser

poluição atmosférica enviado ao

doente por
parece estar e-mail, caso
associado a maior o endereço
conste no registo
risco de desenvolver da inscrição
resistência aos para a cirurgia.

antibióticos O objetivo do
Ministério da

Uma análise de estudos realizados em

Saúde é tornar Rótulo com novas regras
o processo mais

Vinho
116 países ao nível mundial, durante
rápido, barato
quase duas décadas, liga, pela primeira
e sustentável.
vez, a poluição do ar, nomeadamente
Se não houver

informa?
de partículas finas (PM2,5), ao aumento
um e-mail
da resistência aos antibióticos (ver
validado, os
também o artigo da página 34). Invisíveis
documentos
a olho nu e facilmente inaláveis, estas
seguem pelo
partículas podem transportar material
correio para
genético de resistências e contribuir
a morada A partir de 8 de dezembro,
para a sua disseminação.
De acordo com a investigação, o
do utente. os rótulos dos vinhos devem
Recorde-se
crescimento de 10% nas emissões
que, se o
dar acesso à declaração
de PM2,5 poderá levar ao aumento de
1,1% nas resistências a antibióticos.
hospital não tiver nutricional
vagas para
Apesar de serem necessários mais
realizar a cirurgia Os vinhos produzidos a partir de 8 de dezembro
estudos para perceber as causas do
no prazo legal, devem incluir uma declaração nutricional no rótulo.
fenómeno, estes dados, publicados
pode ser A explicitação do valor energético é indispensável.
na revista The Lancet, somam-se ao
proposto outro A restante informação nutricional, como o teor em
rol de argumentos que sustentam
hospital ao açúcares, pode não constar na garrafa, desde que haja
a necessidade de tomar medidas
doente, do uma ligação para a mesma numa plataforma eletrónica
para baixar a poluição atmosférica.
Serviço Nacional (com código QR, por exemplo). A lista de ingredientes
de Saúde passa a ser obrigatória, mas pode igualmente não
ou privado. vir no rótulo, se for fornecida de forma eletrónica na
embalagem. Os vinhos produzidos e rotulados antes
daquela data podem ser vendidos até esgotarem.
O acesso a este género de dados é essencial para
fazer escolhas informadas, pelo que a obrigação de
fornecê-la é uma boa notícia. Porém, se outros géneros
alimentícios são forçados a mostrá-la nos rótulos,
porque não os vinhos? A DECO PROTeste considera
não haver uma razão plausível para esta diferenciação,
até porque discrimina os consumidores que não têm
meios ou habilidade técnica (ou, mesmo, vontade)
para chegar à informação via eletrónica.

166 testesaúde 5
 Usar ou deitar fora?
PÃO COM
BOLOR
Um pequeno sinal
de bolor numa
fatia de pão pode
significar que
toda a peça está
contaminada
Tem mesmo de deitar fora. O pão é um
Interrupção alimento macio e poroso. Os fungos
da gravidez (bolores) desenvolvem esporos, que,
apesar de não serem visíveis, penetram

Óculos para
MAIS no interior e contaminam toda a
15% peça. Estes filamentos podem causar
reações alérgicas ou ser portadores
de micotoxinas, algumas das quais

luz azul?
Em 2022, foram
perigosas para a saúde – tóxicas para
realizadas 15 870
os rins e para o fígado, podem contribuir
interrupções
para o aparecimento de cancro. Assim,
da gravidez
se o pão tiver bolor, por pequena que
a pedido
seja a extensão, não ceda à tentação de
da mulher.
Não há evidência de que os óculos com filtro o retirar. O mais seguro é mesmo não
Os números
para luz azul reduzam a fadiga ocular em pessoas comer. Para evitar desperdício alimentar,
traduzem um
que passam muito tempo em frente ao ecrã, revela tenha cuidados redobrados: guarde
aumento de 15%
uma revisão de estudos publicada na base de dados o pão num local seco ou congele.
face ao ano
científica Cochrane Database of Systematic Reviews
anterior,
seguindo a
Os óculos com filtro para luz azul são promovidos como
tendência de
escudos de proteção contra os potenciais efeitos negativos do
outros países da
uso de ecrãs, incluindo fadiga ocular, olhos secos e problemas
União Europeia.
de sono. Contudo, uma revisão de 17 estudos realizados
Os dados são
em seis países indica que, provavelmente, estas lentes não
do Relatório
oferecem vantagens, a curto prazo, contra a fadiga ocular
de Análise
devida ao uso do computador, quando comparadas com as
dos Registos
que não incluem o filtro. Também não é claro que possam
da Interrupção
beneficiar a visão ou contribuir para reduzir os problemas
da Gravidez de
de sono, nem para proteger a retina a longo prazo. Porquê?
2022, da Direção-
Os investigadores ressalvam que a luz azul recebida através
-Geral da Saúde,
de ecrãs é muito pequena (face à que tem origem na luz
que indica ainda
do dia) e que as lentes filtram apenas 10 a 25% da mesma.
que a maioria
Para reduzir a fadiga ocular, os especialistas recomendam
ocorre em
a redução do tempo de exposição e intervalos frequentes.
unidades do
Se tem dificuldade em adormecer, além de limitar o uso de
Serviço Nacional
ecrãs durante, por exemplo, uma a duas horas antes de se
de Saúde.
deitar, não deve usar computador ou telemóvel na cama.

6 testesaúde 166
 Desconhecimento

Vacina
da gripe
Doenças crónicas
ACESSO À
Os portugueses com mais de 65 anos que optaram
por não se imunizar contra a gripe desconfiam
PRESCRIÇÃO
da vacina e não se consideram vulneráveis
à doença. Os serviços de saúde têm de apostar
ESTÁ MAIS
no esclarecimento FÁCIL
Um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo O doente crónico já pode comprar
Jorge (INSA) estima que 34% dos portugueses com 65 anos os medicamentos habituais sem
ou mais não se vacinaram contra a gripe na época de 2020/21. passar pelo médico
“Não pareceram fazê-lo por desconhecerem a recomendação,
mas porque desconfiaram da vacina e não se consideraram A legislação recentemente publicada
vulneráveis a contrair gripe”, diz aquele instituto. autoriza o farmacêutico “a aceder
a todas as prescrições, emitidas e
Falta de informação Os dados obtidos por entrevista
telefónica, entre julho e setembro de 2021, “sugerem possíveis dispensadas, nos últimos 12 meses,
lacunas no conhecimento que a população tem acerca da mediante o consentimento do utente
vacina e da doença, podendo as campanhas de vacinação e a apresentação do Número Nacional
potenciar a sua adesão”, conclui o INSA. de Utente e Código de Acesso e
Dispensa” da prescrição. As receitas
Reduzir a gravidade Ao contrário do que parece crer parte (desmaterializadas), quando dirigidas
das pessoas que responderam a este inquérito, a população
a tratamentos prolongados, passam
com mais idade pode contrair o vírus da gripe, havendo o risco
a incluir medicamentos para um ano,
de a doença evoluir, por exemplo, para pneumonia e, nalguns
casos, exigir hospitalização. A vacina é um meio eficaz de reduzir
de modo a facilitar o acesso, sem passar
a gravidade, tanto mais quanto a sua composição corresponder pelo médico. As farmácias apenas
às estirpes do vírus que se encontrem em circulação. Devido poderão dispensar medicamentos para,
à constante alteração do vírus, a Organização Mundial da no máximo, dois meses, de cada vez.
Saúde monitoriza continuamente a situação e atualiza as O Serviço Nacional de Saúde promete
vacinas todos os anos. ainda a criação de um canal digital
que permita a comunicação entre
Não causa doença A vacina não inclui vírus vivos, pelo que
o farmacêutico e o médico que
não causa a doença. O que pode acontecer é a pessoa contrair
prescreveu, para troca de informações
outras infeções respiratórias com sintomas semelhantes
aos da gripe. relevantes. Que esta medida facilite
a vida ao cidadão e ajude a melhorar
a adesão ao tratamento.

166 testesaúde 7
 Progressão
da doença
OCORRE
POR FASES
Evolui de forma
gradual, indo de
sintomas leves até

doença de Parkinson
à incapacidade
severa.

o tremor que
trai o corpo
João Pedro Bello, doente há 30 anos, e Maria Adelina Marques, antiga cuidadora informal
do marido, são dois dos rostos da doença de Parkinson. Esta comunica através de sintomas motores
e não-motores. Não há cura, mas o tratamento melhora a qualidade de vida. Conheça a doença
e saiba qual é o papel da família no seu processo de evolução
Texto Rita Santos Ferreira e Filipa Rendo

8 testesaúde 166
D
ecorria a década de 1990,
quando o primeiro sintoma
da doença visitou João Pedro
Bello. “Comecei a notar que não
apoiava bem a perna direita; era como
se tivesse um prego no sapato que
me impedia de assentar o calcanhar”,
explica, descansando a mão tremente
na coxa. Porém, era só o começo
de algo mais sério. A ansiedade, o
nervosismo constante, os tremores e os
desequilíbrios levaram‑no a procurar
um neurologista, que acabou por ser
o portador da notícia que lhe mudaria
a vida para sempre: aos 35 anos, João
Pedro foi diagnosticado com a doença
de Parkinson. Atualmente, o lisboeta,
ex-publicitário, tem 65 anos e vive há
30 de braço dado com esta condição.
Doença de Parkinson, o que é?
É uma doença neurodegenerativa
progressiva que afeta principalmente
os neurónios dopaminérgicos – células
nervosas responsáveis pela produção
de dopamina, um neurotransmissor
que ajuda a transmitir mensagens
entre as várias partes do cérebro que
controlam os movimentos. A destruição
destas células leva a uma redução da
quantidade de dopamina no cérebro,
causando a falência das estruturas
responsáveis pelo controlo dos
movimentos. Para que os sintomas
motores se manifestem, tem de haver
a morte de 30% a 70% dos neurónios
dopaminérgicos, numa área específica
do cérebro (substância nigra).
Tremor, geralmente mais proeminente
num dos lados do corpo e mais
frequente nos dedos das mãos, quando
se está em repouso; rigidez muscular;
bradicinesia, que se traduz na lentidão
dos movimentos; e alterações
posturais e de marcha, provocando
os desequilíbrios e as quedas, são
os principais sintomas motores
da doença de Parkinson. Porém,
estes não se limitam ao movimento.
Os doentes também podem ter sintomas
não‑motores incapacitantes, tais
como alterações de sono, depressão,
ansiedade e demência.
Um diagnóstico difícil
de desvendar... e de lidar
Segundo a Organização Mundial da
Saúde, a prevalência da doença duplicou
nos últimos 25 anos. João Pedro Bello é
um dos cerca de 20 mil indivíduos que
se estima terem a doença, em Portugal.
Deste leque também faz parte Mário,
marido de Maria Adelina Marques,
ambos com 82 anos.
O diagnóstico da doença de Parkinson
pode ser difícil, porque ainda não existe
nenhum marcador biológico para esta
condição. Ou seja, não há nenhum
exame, nenhuma análise laboratorial,
nem nenhum outro teste que permita
obter um diagnóstico definitivo. Porém,
há estudos promissores na procura
desse biomarcador. Adicionalmente,
existem várias outras condições
clínicas que podem abranger sintomas
comuns à doença de Parkinson, como
bradicinesia, a rigidez e o tremor em
repouso. Por essa razão, é essencial
que o médico neurologista avalie
criteriosamente os sintomas de cada
doente e realize um diagnóstico
diferencial. Uma vez conhecidos os
sintomas, o diagnóstico final será
assente numa avaliação médica, que terá
por base a história clínica do doente,
a evolução dos seus sintomas e a sua
resposta à terapêutica instituída.
Adelina, professora reformada, garante
que nada a assustou no diagnóstico
do marido. Porém, com o passar
do tempo, começou a sentir pena,
visto que Mário era “um homem dos
números” e perdeu completamente a
capacidade de fazer contas simples.
“Fazíamos a administração do
condomínio e ele deixou de conseguir
somar as mesadas; foi aí que vi
que o Mário estava mesmo doente.
Refugiava‑me no quarto a chorar
com pena”, conta. João Pedro explica
que aprendeu a viver sem medo do
Parkinson: “Deus deu‑me esta doença
muito cedo; são perto de 30 anos com
sintomas, nos quais aprendi como se
estivesse a tirar um curso intensivo.”
Porém, conserva a amargura de já não
ter capacidade física para, por
Sintomas
da doença
Tendem a desenvolver-se
gradualmente e a piorar
com o passar do tempo.
São, por isso, progressivos.
Bradicinesia
A lentidão dos movimentos
traduz-se na diminuição
progressiva da velocidade
e da amplitude dos
movimentos.
Rigidez
dos músculos
Pode provocar dor e diminuir
o equilíbrio dos membros
superiores ao caminhar.
Tremor
Traduz-se num movimento
involuntário, rítmico e
oscilatório, que acontece, regra
geral, em repouso. Por norma,
é a primeira queixa.
Alterações
posturais
Provocam desequilíbrio durante
a marcha, podendo levar
a quedas e fraturas ósseas.
Deterioração
cognitiva
Disfunções na atenção, na
memória, na linguagem e nas
funções visioespaciais. A longo
prazo, a demência pode afetar
80% dos doentes.
Outros sintomas
Depressão, ansiedade,
psicose, apatia, queixas
gastrointestinais, disfunção
sexual, distúrbios do sono
e hipotensão ortostática são
> outros sintomas não-motores.
166 testesaúde 9
 Doença de
Parkinson
11 DE ABRIL
É nesta data
que se celebra
o Dia Mundial
da Doença de
Parkinson. A túlipa
é o símbolo.
> caso dos medicamentos, as doses terão
exemplo, sair de casa num dia de chuva,
sob pena de cair.
O que a ciência não explica
A causa da doença de Parkinson
permanece desconhecida, pois não
existem certezas quanto à origem
da degeneração das células nervosas.
Porém, suspeita‑se de que o seu
desenvolvimento esteja relacionado com
fatores genéticos e ambientais. A doença
é mais frequente em pessoas acima
de 60 anos, mas pode atingir qualquer
idade. Em doentes com sintomas antes
dos 40 anos, como é o caso de João
Pedro Bello, atribui‑se a designação de
parkinsonismo juvenil. A idade é, assim,
o maior fator de risco para a doença
de Parkinson. Depois, os homens
apresentam um risco um pouco superior
ao das mulheres, e, apesar de raramente
ser hereditária, certas alterações
genéticas podem aumentar o risco de
a doença se desenvolver. A exposição
a pesticidas agrícolas e a toxinas, bem
como os traumatismos cranianos e as
inflamações intestinais, podem também
estar associados ao aparecimento
do Parkinson.
Tendo em conta que a causa da doença
continua por desvendar, ainda não é
possível preveni‑la. Apesar de não ser
uma doença fatal, as complicações que
dela derivam (quedas, por exemplo)
podem levar à morte. Cada caso é um
caso, e a complexidade da doença não
permite traçar um prognóstico concreto.
Terapêutica que ajuda a viver
Não existe cura para a doença de
Parkinson, pois nenhuma terapêutica
é capaz de travar o processo
neurodegenerativo, nem de substituir
os neurónios perdidos. O tratamento
é, assim, direcionado para os
sintomas, e deve ser individualizado
e multidisciplinar. Estão disponíveis
10 testesaúde 166
tratamentos farmacológicos,
não‑farmacológicos e cirúrgicos.
As opções variam consoante
os sintomas, a idade, o grau de
incapacidade e a fase da doença. No
de ser ajustadas ao longo da evolução
da doença, e a substituição de fármacos
tende a ser recorrente. Hoje em dia, quer
Mário, quer João Pedro, estão medicados
e têm passado por vários ajustes durante
o tratamento. Porém, o estado de
Mário é mais avançado e, como tal, já
não há mais fármacos que possam ser
administrados. “Chegámos ao limite”,
O cuidador
e a medicação
Conheça os medicamentos
O cuidador deve saber para que serve
o medicamento e os seus efeitos
secundários. É crucial transmitir sintomas
novos ao médico.
Administre de forma correta Se a
medicação for preparada pelo cuidador,
este deve organizá‑la por nome, dose
e horário de toma. Use uma caixa com
vários compartimentos, para facilitar.
Atente que há medicamentos que não
podem ser divididos ou manipulados. Em
caso de atraso na administração, alguns
não podem ser tomados em dobro.
Respeite os horários Os horários de
toma, à medida que a doença progride,
podem ir mudando. Por vezes, é preciso
aumentar a frequência.
Não omita as tomas Siga a prescrição
médica. Mesmo que haja melhorias,
garanta que o doente não deixa de tomar
a medicação, pois pode fazer o efeito
contrário.
Presencie a toma da medicação
Em doentes com alterações cognitivas,
para evitar esquecimentos, o cuidador
deve presenciar a toma da medicação.
relata Maria Adelina.
Como os sintomas da doença são
causados pela
​​ falta de dopamina no
cérebro, a maioria dos medicamentos
para o Parkinson atua de forma a
atenuar a falha. São estes medicamentos
dopaminérgicos que ajudam a reduzir
a rigidez muscular, melhorando
a velocidade e a coordenação
dos movimentos e diminuindo o
tremor. Entre as opções disponíveis,
destacam-se a levodopa, os agonistas
da dopamina, os inibidores da
catecol-o-metiltransferase, os
inibidores da monoamina oxidase B, os
medicamentos anticolinérgicos e outros
como a amantadina. Existem, ainda,
fármacos que, não sendo específicos
para a doença de Parkinson, podem e
devem ser usados na gestão de sintomas
não‑motores (antidepressivos, por
exemplo).
Os doentes devem estar cientes de que
a resposta ao tratamento farmacológico
pode tornar‑se irregular. Habitualmente,
e numa fase mais avançada da doença,
podem surgir flutuações motoras, que
se caracterizam pela alternância entre
períodos em que a medicação está a
fazer efeito e fases em que aparenta
não estar a resultar, e o doente se
sente mais “bloqueado”. As principais
complicações motoras consistem em
fases de bloqueio, os chamados períodos
OFF, e movimentos involuntários,
independentes da vontade do doente
e que podem surgir em qualquer parte
do corpo. Com a progressão, a doença
pode tornar‑se muito incómoda e
incapacitante.
Para as fases mais avançadas, nas quais
os sintomas motores já não podem
ser controlados com fármacos, há a
possibilidade de recorrer à cirurgia.
A mais realizada é a de estimulação
cerebral profunda, que, através de
implantação de elétrodos numa área
do cérebro, conectados a um aparelho
elétrico implantado debaixo da pele,
permite bloquear ou regular mensagens
anormais que causam certos sintomas
motores. O doente deve ser avaliado
regularmente pelo neurologista,

para otimizar a terapêutica. “Tenho
o mesmo médico há 15 anos, e o seu
papel de conhecedor da minha doença é
fundamental”, garante João Pedro Bello.
A “cura” que não está nos livros
O ex-publicitário esteve cerca de dez
anos a morar em casa da irmã, e, durante
esse período, os sintomas tornaram‑se
mais agressivos: falta de força muscular,
que o obrigava a ficar acamado,
descoordenação motora, desilusão,
depressão e isolamento. Estava a piorar
de dia para dia, tendo mesmo entregado
a carta de condução e pedido a reforma.
Foi nesse momento que passou a
olhar de frente o Parkinson: pediu ao
neurologista que revisse a medicação,
passou a fazer fisioterapia e dedicou‑se
a duas atividades que lhe deram anos
de vida: colecionar moedas e relógios e
escrever um livro. “O livro tornou‑se o
maior motor da minha recuperação, e,
com isso, ganhei autoestima e uma força
estrondosa”, afirma, sorrindo. Outra das
suas “curas” foi ter‑se mudado de Lisboa
para Pero Moniz, no Cadaval. Sair da
confusão e afastar‑se dos problemas
permitiu‑lhe “encontrar a paz”
respeitando a doença.
4 SEE/ Luís Miguel Sousa
João Pedro Bello ultrapassou fases
bastante difíceis da doença e,
atualmente, consegue viver sozinho
4 SEE/ Luís Miguel Sousa
À semelhança de João Pedro, Mário
tentava estimular o cérebro com
pequenas atividades. Segundo Adelina,
por não conseguir dormir, fazia cópias
de textos. Semanalmente, ia também
a sessões de fisioterapia. Há várias
intervenções não‑farmacológicas
seguras, que podem ajudar os doentes
a reforçar a sua capacidade física
e a promover a qualidade de vida.
Por norma, estas opções têm como
objetivo a melhoria de sintomas como
dificuldades na fala, na deglutição e
na marcha. A fisioterapia, o exercício
padronizado, a terapia da fala e a terapia
ocupacional são alguns exemplos.
Cuidar por amor
“Sem a família, não se consegue nada.
As coisas não são estanques e não são os
estranhos que nos vão ajudar”, evidencia
João Pedro. E sem dúvida que Adelina
Marques é a personificação desse apoio
incondicional. “Cuidei do Mário durante
dez anos. Começámos a namorar com
oito anos de idade, temos 82; e conservei
ao longo destes últimos tempos a ideia
do nosso namoro, agarrei‑me a isso”,
relembra a antiga cuidadora informal.
Para Adelina, o companheirismo e o
amor são a chave para lidar com as
adaptações que a doença de Parkinson
implica: os horários exigentes da
medicação (ver caixa da página 10),
as mudanças de humor, a falta de
mobilidade e os cuidados de higiene.
Pedir ajuda a instituições que prestem
auxílio foi um passo crucial para
Adelina, pois é um processo desgastante
e insustentável para o cuidador.
“Ultimamente, ele estava muito teimoso,
não o podia contrariar”, acrescentou,
explicando que tinha de guiar as
Maria Adelina
Marques,
ex‑professora
de português
e francês,
preparava
diariamente
a caixa de
medicamentos do
marido e cuidava
dele, com a ajuda
de auxiliares
de saúde
conversas com pinças para conseguir
que Mário tomasse a medicação, por
exemplo. Recentemente, Adelina teve
mesmo de internar o marido numa
instituição. Os sintomas já eram muitos:
desequilíbrios e quedas constantes,
perda de memória, incontinência
urinária e tremores. “O médico disse
que, para o meu bem, isto não era
uma opção, mas, sim, a única solução”,
lamenta a professora reformada.
Durante o tempo em que cuidou de
Mário, Adelina fazia questão de ir,
de comboio, duas vezes por semana,
à sua aula de ginástica – o escape
que a ajudava a manter a saúde mental.
Doentes lamentam a falta
de apoios
Dependentes da família, dos
medicamentos, da fisioterapia,
dos médicos e da própria doença,
os pacientes têm mais uma
preocupação: a falta de apoio do Estado.
“Eu fui reformado, antecipadamente,
por invalidez, aos 40 anos, e, desde
então, recebo pouco mais de 400 euros”,
explica João Pedro Bello, lamentando
a falta de apoio financeiro, sobretudo
para doentes que têm de viver com
pouca pensão e apresentam avultadas
despesas.
Segundo os dois protagonistas deste
artigo, a sociedade não está preparada
para lidar com o Parkinson, e a receita
para “curar” a doença está na aceitação,
na construção de uma rede de apoio e
de rotinas, e na coragem de não desistir
de si próprio. Segundo João Pedro, “se a
pessoa não faz nada e vive com medo do
Parkinson, a doença come‑a viva”.
Dossiê técnico Ânia Rosado
166 testesaúde 11
 cabelo
para que a c
Dos 20 produtos testados, um nada
faz e outro deixa o cabelo mais
difícil de pentear do que lavado só
com água. Mas também existem
muito bons condicionadores,
que se destacaram nas provas
feitas em laboratório e ao
serem experimentados por 128
utilizadoras. Quanto ao impacto
ambiental, há aspetos a melhorar
Isabel Vasconcelos

P
ara se ter um cabelo macio e
brilhante, pode não ser suficiente
usar apenas champô, sobretudo
se for comprido ou seco. Encontra à
venda todo um conjunto de produtos
que ajudam a cuidar do cabelo. Um dos
mais usados, a seguir ao champô, é o
amaciador (ou condicionador). Dado
que o primeiro pode remover de forma
excessiva a oleosidade natural do cabelo,
o segundo torna-se necessário, para que
o pentear não seja penoso.
Mas, na escolha, há que considerar o
tipo de cabelo. Se for encaracolado,
requer um tratamento diferente de
um que esteja pintado, por exemplo.
Contudo, nem sempre é fácil chegar
ao produto ideal. Além disso, um nível
de condicionamento muito baixo não
proporcionará o toque, o brilho e os
benefícios desejados para um cabelo
frisado, e, se for demasiado elevado,

12 testesaúde 166
 Cabelo
macio e
sedoso
COMPLEMENTO
AO CHAMPÔ
O uso de
condicionador
é importante em
cabelos secos ou

o macio
danificados.

abeça não sofra

pode deixar os fios pesados e com um
aspeto gorduroso.
Para ajudar a encontrar produtos que Como se testa a eficácia
facilitem o pentear, a DECO PROTeste Para se medir a influência do amaciador ao pentear o
testou 20 condicionadores. Optou por cabelo molhado, mediu-se a força necessária para passar
produtos adequados a cabelos normais um pente antes e depois da aplicação do produto, mas
ou todos os tipos de cabelo. Na ausência após a lavagem com o champô. Cada produto foi testado
em cinco madeixas.
desta opção, a escolha recaiu em
amaciadores para cabelos secos. O teste
revelou bons produtos, mas também
dois que não cumprem a sua função ou
que deixam as madeixas mais difíceis
de pentear do que quando são lavadas
só com água.

Há produtos que nada fazem

Existem diferentes tipos de
condicionadores. Os instantâneos
ou enxaguáveis aplicam-se a seguir à Pequenas madeixas, feitas de cabelo A barra do condicionador sólido foi
lavagem do cabelo com champô, atuam verdadeiro, foram lavadas com uma esfregada nas mãos até produzir espuma
uns minutos e são retirados com água. solução (constituída por lauril éter sulfato que foi usada para massajar o cabelo por
São recomendados para quem lava a de sódio) que atua como agente lavante. 1 minuto e ficou a atuar o mesmo tempo.
cabeça com alguma frequência e tem No final, foi enxaguado.
cabelo sem ou com poucos danos.
Os profundos, conhecidos por máscaras,
também se aplicam a seguir à lavagem
com o champô, e devem atuar por
mais tempo (20 a 30 minutos), antes de
serem retirados com água. Destinam-se
a cabelos secos ou danificados e não
devem ser usados todos os dias. Por fim,
há os amaciadores que se aplicam com
o cabelo molhado e que não se passam
por água. Podem ser usados com a O amaciador líquido foi aplicado e a Um aparelho permitiu medir a força
mesma frequência dos primeiros e para madeixa massajada durante um minuto. necessária para pentear as madeixas.
o mesmo tipo de cabelos. O produto ficou a atuar durante outro Esta medição foi feita, pelo menos, cinco
O teste incidiu sobre os produtos que se minuto e o cabelo foi passado por água. vezes, antes e depois da aplicação do
enxaguam após atuarem uns minutos: os amaciador.
mais usados. Como, recentemente,
surgiram amaciadores sólidos – em >

166 testesaúde 13
A SELEÇÃO DA DECO PROTESTE
MELHOR
DO TESTE
84 MUITO BOA
QUALIDADE MELHOR
DO TESTE
84 MUITO BOA
QUALIDADE ESCOLHA
ACERTADA
78 BOA
QUALIDADE

L’ORÉAL Elvive Hidra PANTENE Nutri-Plex DELIPLUS Suavidade

Hialurónico Cuidado Clássico e Brilho (Mercadona)
Excelente eficácia. Muito eficaz. Fácil de Muito eficaz. Sem
Apreciado na prova espalhar e de enxaguar. fragrâncias alergénicas
prática. Impacto Menor impacto ou silicones. Apreciado
ambiental a melhorar, ambiental se incluísse pelos utilizadores.
sobretudo nos material reciclado na Embalagem a melhorar,
ingredientes usados. embalagem. para evitar desperdício.
3,57 € a 6,49 € 2,99 € a 3,99 € 1,85 € por embalagem
por embalagem por embalagem

QUALIDADE GLOBAL (%)

PREÇO (€) CARACTERÍSTICAS RESULTADOS
POUPE
€ 27
Fragrâncias alergénicas
Condicionadores

Impacto ambiental
Teste de utilização
Capacidade (ml)

de cabelo
Por embalagem
setembro 2023

Rotulagem
por 200 ml

Silicones

Eficácia
F L’ORÉAL Elvive Hidra Hialurónico 3,57 - 6,49 3,52 300 G G A B D B 84
F PANTENE Nutri-Plex Cuidado Clássico 2,99 - 3,99 3,43 180 G G A B B B 84
TRESEMMÉ Rich Moisture 6,25 - 7,99 1,52 900 G G A B D A 82
GARNIER Ultra Suave Óleo de Abacate e Manteiga de Carité 2,64 - 5,99 3,54 200 G A B B A 82
HERBAL ESSENCES Hidrata Leite de Coco 3,59 - 4,99 2,89 275 G G A B D C 82
GARNIER Fructis Força & Brilho 2,39 - 3,99 2,51 300 G A B D B 81
KLORANE Nutrição 12,39 12,39 200 A B B B 81
GARNIER Ultra Suave Água de Coco e Aloe Vera 5,59 5,59 200 G A C C A 81
F DELIPLUS Suavidade e Brilho (Mercadona) 1,85 0,37 1000 A B C B 78
SYOSS Repair 3,79 - 7,59 1,91 440 G G A B C B 77
H&S (Head & Shoulders) Derma X Pro Hidratante 4,48 - 6,59 4,58 220 G G A B D B 77
CIEN Professional Oil Care (Lidl) 1,99 - 2,49 1,99 200 G A B D C 75
KERASTASE Nutritive Lait Vital 28,03 28,03 200 G G A B D B 75
GARNIER Fructis Nutritivo Banana Hair Food 3,94 - 6,59 2,85 350 G A B B E 74
MY LABEL Hidratação Intensa (Continente) 1,99 0,44 900 G G B B C A 73
BE BEAUTY Natural Nourishing (sólido) (Pingo Doce) 2,49 8,30 60 G B B B B 72
FRANK PROVOST Expert Nutrição Manteiga de Karité 5,99 1,60 750 G B B D B 71
SCHWARZKOPF Gliss Oil Nutritivo 2,49 - 5,59 3,44 200 G G B B D B 69
BE BEAUTY Reparação e Nutrição (Pingo Doce) 1,89 1,26 300 G D B D B 41
FOAMIE Condicionador Sólido Aloe Vera (sólido) 6,95 17,37 80 G E B B C 31

Resultados completos www.deco.proteste.pt/saude

F MELHOR DO TESTE PRODUTO COM OS MELHORES RESULTADOS NOS TESTES F ESCOLHA ACERTADA PRODUTO COM A MELHOR RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE E O PREÇO
F MAIS EM CONTA PRODUTO COM QUALIDADE ACEITÁVEL E PREÇO MUITO VANTAJOSO F ESCOLHA VERDE PRODUTO DE BOA QUALIDADE COM O MENOR IMPACTO AMBIENTAL
A MUITO BOM B BOM C MÉDIO D MEDÍOCRE E MAU MUITO BOA QUALIDADE BOA QUALIDADE MÉDIA QUALIDADE MÁ QUALIDADE

14 testesaúde 166

> o tipo de cabelo
barra –, juntaram-se dois exemplares
ao teste, para avaliar a eficácia. No total,
foram avaliados 20 condicionadores, dos
quais 18 líquidos e dois sólidos.
Das várias provas efetuadas, a que mede
a eficácia, traduzida na força necessária
para pentear o cabelo molhado, é a que
mais peso tem na Qualidade Global.
Afinal, um dos principais motivos pelo
qual se usa amaciador é pentear as
madeixas com mais facilidade. Quanto
aos resultados, há produtos muito bons,
mas também um que faz tanto como
água (Be Beauty Reparação e Nutrição,
vendido no Pingo Doce), e outro que
deixa o cabelo pior para pentear: Foamie
Condicionador Sólido Aloe Vera.
No quadro ao lado, encontra os
resultados obtidos pelos 20 amaciadores.
Ao optar pelo Deliplus Suavidade e
Brilho, vendido no Mercadona, poupa
27 euros, por 200 ml, face ao Kerastase
Nutritive Lait Vital.
Como avaliam as utilizadoras
Um teste prático de utilização, com
128 participantes, permitiu obter
opiniões práticas sobre vários aspetos.
Para não serem reconhecidos, os
amaciadores líquidos foram colocados
em embalagens iguais. Facilidade em
pentear, aspeto, brilho, consistência,
aroma e facilidade em espalhar e em
enxaguar foram alguns dos critérios
analisados. Cada produto foi testado
por 30 utilizadoras.
Em geral, os produtos foram bem
apreciados, mas registaram-se algumas
diferenças. O Herbal Essences obteve
cinco estrelas na consistência, no
aroma e na facilidade em espalhar no
cabelo e em retirar o produto com água.
O Pantene e o Tresemmé receberam
classificação máxima na facilidade
de aplicação e no enxaguamento.
O Frank Provost também mereceu
cinco estrelas no último critério. Quanto
à facilidade em pentear, o Foamie
foi o único a receber três estrelas,
enquanto os restantes obtiveram quatro.
A perceção das utilizadoras comprovou
os resultados obtidos em laboratório
para este produto.
Cada
cabelo seu
produto
ESCOLHER BEM
Para obter um bom
resultado, opte
por um produto
indicado para
que tem.
Como usar
Bem aplicado, o amaciador
deixa o cabelo fácil de pentear
1
Impacto ambiental a melhorar
LAVAR O impacto da embalagem de cada
Lave o cabelo com produto e dos ingredientes que vão
champô e, ao passar por água, retire bem
todo o produto. Retire o excesso de água parar à água no enxaguamento são os
com as mãos. aspetos avaliados no impacto ambiental.
Nenhum produto atingiu as cinco
2
estrelas, revelando que há aspetos
a melhorar, sobretudo ao nível dos
ingredientes usados.
Na análise aos rótulos, foi verificada
APLICAR a presença de menções obrigatórias e
Use a quantidade de voluntárias, mas também de alegações.
amaciador recomendada na embalagem Uma das menções obrigatórias é o
(em regra, o equivalente ao tamanho de
uma moeda). prazo de validade ou a data até à qual
o produto cosmético, armazenado
3
em condições adequadas, continua a
desempenhar a função e se mantém
conforme. Contudo, no último caso,
implica que o utilizador aponte a data
MASSAJAR em que começa a usar o produto, o
Coloque o produto nas que dificilmente acontece. Por isso, é
pontas, evitando as importante a embalagem também referir
raízes. Em cabelo comprido, aplique do o prazo de validade. Dos 20 amaciadores
queixo para baixo. Massaje as madeixas,
para que todas fiquem com amaciador. analisados, todos indicavam o tempo
durante o qual podem ser usados, mas
4
só o Deliplus mostrava também o prazo
de validade. Os dois produtos Garnier
Fructis foram os únicos sem instruções
de utilização. Por fim, 11 produtos nada
ESPERAR indicam sobre o fim a dar à embalagem
Deixe o condicionador no final, não promovendo a reciclagem.
atuar alguns minutos: siga as indicações Quem tem tendência para alergias
da embalagem. deve evitar produtos com fragrâncias
5
alergénicas. Quanto aos silicones,
embora tenham alguns inconvenientes,
os usados nos amaciadores não são
tóxicos nem perigosos para a saúde.
Descoberto o condicionador adequado,
ENXAGUAR siga os cinco passos ao lado para saber
Passe o cabelo
abundantemente por como o aplicar.
água até se certificar de que o produto
saiu. Dossiê técnico Susana Costa Nunes
e Susana Santos
166 testesaúde 15
 Custo do
seguro de
saúde
IDADE CONTA
Por norma,
o prémio anual
a pagar aumenta
com a idade
do beneficiário
do seguro.

cancro
vale a pena contratar um seguro?
Alguns seguros de saúde apresentam limites de capital específicos, mais elevados, para cobrir
despesas com doenças graves ou oncológicas. Saiba se compensa pagar um prémio anual
mais elevado para ter estas garantias
Fátima Ramos

A
s estatísticas indicam que as
doenças oncológicas surgem
sobretudo em fases avançadas
da vida. Contudo, um estudo publicado
recentemente na revista científica British
Medical Journal indica que houve um
aumento significativo em pessoas com
menos de 50 anos. De acordo com os
dados, em 2019, houve um crescimento
de 79% de novos casos de cancro
precoce face a 1990. A Europa Ocidental
está entre as regiões mais afetadas
do mundo, e o estilo de vida, entre os
fatores de risco. Neste contexto, e face
às debilidades cada vez mais notórias
do Serviço Nacional de Saúde, não é de
estranhar que, podendo, se procurem
acautelar vias alternativas para obter
assistência médica, através dos seguros
de saúde. Todos cobrem doenças graves
e oncológicas, mas os planos mais
completos, e mais caros, de algumas
seguradoras contemplam plafonds
específicos (e avantajados). Há também
os que permitem contratar coberturas
adicionais para estas patologias.
O que garantem as coberturas?
Antes de mais, convém esclarecer
o que as seguradoras entendem
por doenças graves e oncológicas.
O primeiro conceito inclui doenças do
foro oncológico, transplante de órgãos,

16 testesaúde 166
neurocirurgias, bypass das artérias
coronárias e acidentes vasculares
cerebrais. As doenças oncológicas,
como o nome indica, abrangem apenas
situações de cancro. As coberturas que
as incluem garantem o pagamento
total das despesas com diagnóstico,
tratamentos, internamento e serviços
ou prescrições médicas consideradas
clinicamente necessárias, quando
resultem das doenças indicadas.
No geral, não estão previstas
franquias, mas também não há
comparticipação por reembolso, pelo
que o acompanhamento tem de ocorrer
obrigatoriamente na rede de prestadores
indicada pela seguradora.
Reforço de um milhão para
cobertura de hospitalização
As melhores apólices de seguros de
saúde apresentam capitais reforçados
para hospitalização por doenças
graves e/ou oncológicas, sem aumento
do prémio. A maioria atinge um milhão
de euros.
No caso do ambulatório, que inclui
consultas e tratamentos fora do hospital,
as seguradoras acrescentam entre 1500
e cinco mil euros à cobertura de base,
se for diagnosticada uma doença grave
ou oncológica durante o contrato.
Doenças graves
só no estrangeiro
Ao contrário do que acontece com os
plafonds exclusivamente destinados
à oncologia, os de doenças graves,
geralmente, só são válidos para
despesas no estrangeiro, e com o
acordo prévio da seguradora, o que lhes
retira interesse. Apenas a Real Vida e
a Lusitania comparticipam também
despesas em Portugal, sendo que,
na última, a cobertura (de 50 mil euros)
é opcional.
A cobertura relativa às doenças graves
abrange despesas com transporte
em ambulâncias, se prescrito por um
médico e aprovado previamente pela
companhia de seguros. Estão também
incluídas as viagens de ida e de volta
para o país em que se realizam os
O MELHOR
SEGURO
MELHOR ESCOLHA
DO TESTE ACERTADA
72 BOA
QUALIDADE
ASISA + Saúde Premium
Esta apólice tem capital ilimitado. Por este
motivo, é mais vantajosa do que qualquer
outra com capital específico para doenças
graves e oncológicas. É também a que
oferece a melhor relação entre a qualidade
e o preço. Confira toda a informação
em www.deco.proteste.pt/seguro-saude.
Prémio anual para um consumidor
de 50 anos: 1010 €
Prémio anual para um consumidor
de 35 anos: 864 €
Dois critérios
de escolha
Reembolso ou copagamento
Na primeira modalidade, o consumidor
opta pelo profissional de saúde que
entender, paga a totalidade e envia a
fatura para a seguradora, que reembolsa
a percentagem contratada. Na segunda,
mais vantajosa, escolhe um prestador
da rede da seguradora e paga apenas a
fatia que lhe cabe (por exemplo, 15 euros
por consulta).
Coberturas Todas as apólices cobrem
despesas de internamento e a maior
parte também assistência ambulatória
(consultas, exames e tratamentos fora
do hospital). Podem ainda incluir parto
e estomatologia, entre outras. Quanto
maior for o número de coberturas e o
capital disponível em cada uma, mais
caro será o preço.
tratamentos, em classe económica,
para o beneficiário e para um
acompanhante.
Atenção às exclusões
Não há seguros totalmente inclusivos.
Apesar de alguns pacotes serem muito
abrangentes, nenhuma apólice cobre
a totalidade dos problemas de saúde –
abrangência total é uma competência
do Serviço Nacional de Saúde.
Para começar, quase todos os seguros
de saúde comparticipam apenas as
despesas com doenças que surjam
durante a vigência do contrato. Todos
os problemas de saúde preexistentes
ficam excluídos à partida.
A cobertura de doenças graves, na
maioria dos casos, só paga tratamentos
no estrangeiro. Exclui ainda problemas
de saúde sérios resultantes de atos
de imprudência ou negligência grave
do segurado (como as consequências
de uma tentativa de suicídio ou de um
transplante devido a cirrose alcoólica),
sida e patologias associadas, bem
como doença coronária tratada com
técnicas que não requeiram cirurgia.
Aparelhos e sapatos ortopédicos,
cintas, ligaduras, muletas, membros
ou órgãos artificiais e perucas, em geral,
também ficam de fora. As doenças
oncológicas, por seu lado, não incluem,
por exemplo, cancros de pele que não
sejam melanoma. O tratamento de
tumores localizados, que, clinicamente,
não apresentem risco de progressão,
também não é comparticipado.
Assim, antes de contratar um seguro
de saúde, convém verificar o que está
(e não está) abrangido, se pode ir a
qualquer profissional de saúde ou
apenas aos da rede da seguradora,
quais as comparticipações e os limites
de capital. As coberturas específicas
para doenças graves ou oncológicas,
quando opcionais, podem ter interesse,
se os limites de capital das coberturas
de base forem restritos e, sobretudo,
se houver história familiar deste tipo
de doenças.
Dossiê técnico Sandra Justino
166 testesaúde 17
 Proteína
em pó
SORO DE LEITE
Subproduto do
fabrico do queijo,
o soro de leite é
usado para produzir
os concentrados
de proteína.

proteína
concentrados de força e músculo
Populares entre quem pratica exercício físico, os concentrados de proteína prometem ganhos de força
e de músculo. A DECO PROTeste analisou 31 produtos, e descobriu uma dúzia de muito boa qualidade,
mas, também, três insatisfatórios. As Escolhas Acertadas permitem poupar 20 euros por quilo, em média
Fátima Ramos

T
omados por iniciativa própria ou
por recomendação de treinadores
ou nutricionistas, os concentrados
de proteína, que alguns designam
por batidos, têm vindo a conquistar
espaço nas prateleiras das lojas de
desporto, supermercados e ginásios,
fruto do aumento do interesse dos
consumidores ou funcionando como
estímulo à própria procura. Serão
necessários? Terão alguma utilidade?
A necessidade é relativa, já que as
proteínas fazem parte da composição
dos alimentos, e uma dieta saudável
e equilibrada fornece a quantidade
necessária para o bom funcionamento
do organismo – 0,8 gramas por quilo de
peso corporal. A carne, o peixe, os ovos
e os laticínios são particularmente ricos
neste nutriente. Do lado dos vegetais,
a soja, as leguminosas e os frutos
secos, por exemplo, também são bons
fornecedores de proteínas, embora de
qualidade inferior às de origem animal,
porque, ao contrário destas, não incluem
todos os aminoácidos ditos essenciais.
A principal função da proteína
é construir e reparar músculos.
Nas situações em que estes são mais
solicitados e desgastados, como durante
a prática desportiva, é necessária maior
quantidade de proteína. É aqui que os
produtos concentrados (dissolvidos
em água, principalmente) podem
entrar em ação, sendo particularmente
úteis no caso dos desportistas que >

166 testesaúde 19
MELHOR
DO TESTE
95 MUITO BOA
QUALIDADE
PROZIS Xtreme ISO-XP Chocolate
Dos produtos testados, é o que tem a maior
concentração de proteína (86 gramas por
100 gramas). Pode reduzir o teor de sal e
melhorar a rotulagem, traduzindo a lista de
componentes das proteínas (aminograma)
para a língua portuguesa.
84,99 € por embalagem
>
fazem exercício de força com a intenção
de desenvolverem os músculos.
A ciência tem mostrado que a ingestão
de uma quantidade adequada
de proteína após um esforço físico
intenso contribui para aumentar a
massa muscular e a força, dado que
ajuda a reparar e substituir as células
danificadas nos músculos, ossos, tendões
e ligamentos.
Não há recomendações oficiais sobre a
quantidade a ingerir, até porque depende
dos objetivos do consumidor e do seu
metabolismo, mas os nutricionistas,
normalmente, recomendam entre 1,6
e 2,4 gramas diários por quilo de peso.
Ou seja, 112 a 168 gramas para uma
pessoa com 70 quilos. É possível obtê-lo,
claro, comendo, por exemplo, 100 a 120
gramas de carne ou peixe por refeição, ou
quatro ovos inteiros. Mas estes alimentos
podem não ser muito apetecíveis e
práticos de ingerir na meia hora que se
segue ao treino, quando a necessidade
de proteína é maior. Para facilitar a
escolha a quem opta por batidos, a
DECO PROTeste analisou 21 produtos
de soro de leite e 10 de origem vegetal,
20 testesaúde 166
ESCOLHA
ACERTADA
93 MUITO BOA
QUALIDADE
EU NUTRITION 100% Whey Iso Evolution
Chocolate
Com 85 gramas de proteína por cada 100
gramas e excelente rotulagem, é o produto
do quadro com menor preço por quilo.
Pode melhorar a quantidade de sal,
diminuindo-a.
68,99 € por embalagem
A proteína
de soro de leite
hidrolisada é mais
fácil de absorver
com base na informação da rotulagem.
O quadro da página ao lado inclui apenas
os produtos com muito boa Qualidade
Global (pode conferir todos os resultados
no comparador online).
Alimento em pó
De acordo com a Direção-Geral
da Alimentação e Veterinária,
responsável pelo controlo dos
alimentos e suplementos alimentares,
os concentrados de proteína dirigidos
a desportistas, como os analisados,
pertencem à categoria “alimentos”,
não tendo de obedecer a nenhuma lei
específica. Assim, não há quaisquer
ESCOLHA
ACERTADA
93 MUITO BOA
QUALIDADE
EU NUTRITION 100% Whey Iso & Go
Chocolate
Tem 85 gramas de proteínas por 100 gramas
e um rótulo cinco estrelas. Apresenta uma
boa relação entre a qualidade e o preço,
mas pode diminuir o teor em sal.
16,14 € a 19,99 € por embalagem
obrigações, por exemplo, em relação
à quantidade de proteína. A avaliação
desta foi feita por especialistas,
tendo em conta as necessidades dos
desportistas e a quantidade de produto
para satisfazê-las. Sem surpresa, os
produtos de soro de leite, no geral,
obtiveram melhores resultados do que os
vegetais, à base de arroz, ervilha e soja,
por exemplo. No primeiro grupo, oito
concentrados obtiveram cinco estrelas,
por conterem mais de 83% de proteína;
no segundo, nenhum arrecadou a
classificação máxima e apenas o EU
Nutrition apresentou um bom teor
daquele nutriente (80 por cento).
Em contrapartida, os últimos lugares
da tabela são ocupados por vegetarianos,
com menos de 70 gramas de proteína
por 100 gramas de pó. Não significa,
contudo, que todos os concentrados de
origem animal sejam melhores do que os
vegetarianos. Há diferenças significativas
entre produtos, em grande parte, devido
ao método de fabrico: o isolado de soro
de leite mantém maior riqueza proteica
do que o concentrado.
Também foram avaliados os >
 Tomar
após
o treino

ESCOLHA MELHOR ESCOLHA

ACERTADA DO TESTE ACERTADA

PERÍODO IDEAL
Para obter o
máximo benefício
muscular, a
proteína deve ser
tomada até meia
hora após o treino.

90 MUITO BOA
QUALIDADE 75 MUITO BOA
QUALIDADE

PROZIS 100% Whey Hydro Isolate EU NUTRITION Veggie Protein Chocolate

Chocolate
Com 85 gramas de proteína por 100
gramas. Reúne uma boa relação entre a
qualidade e o preço, mas tem margem para
aperfeiçoar os teores em ácidos gordos
saturados e sal, reduzindo-os.
71,99 € por embalagem
Com 80 gramas de proteína por 100
gramas, é a melhor opção para quem não
ingere produtos de origem animal ou tem
alergia à proteína do leite de vaca.
Deve melhorar a quantidade de sal.
20,99 € por embalagem

POUPE
20 € PREÇO (€) RESULTADOS

QUALIDADE GLOBAL (%)

Ácidos gordos saturados
Quantidade de proteína

Os melhores concentrados
Peso líquido (kg)

de proteína com sabor

Embalagem

Rotulagem
julho 2023

a chocolate
Açúcar
Quilo

Sal

F PROZIS Xtreme ISO-XP Chocolate 84,99 42,49 2 A A A C B 95

F EU NUTRITION 100% Whey Iso Evolution Chocolate 68,99 34,49 2 A A A C A 93
F EU NUTRITION 100% Whey Iso & Go Chocolate 16,14 - 19,99 37,06 0,5 A A A C A 93
GOLD NUTRITION
49,49 - 60,27 58,73 0,9 A C B B A 91
Total Hydro Whey Guilty Chocolate Flavour
F PROZIS 100% Whey Hydro Isolate Chocolate 71,99 35,99 2 A C A C B 90
BIOTECH USA Iso Whey Zero Chocolate Flavoured 42,90 - 49,95 50,84 0,908 A A A C B 87
OPTIMUM NUTRITION
49 - 56,95 55,04 0,930 A A A C C 84
Gold Sandard 100% Isolate Chocolate
PROZIS 100% Real Whey Isolate Chocolate 39,99 39,99 1 B A A B B 82
SCITEC NUTRITION
32,90 - 38,95 49,19 0,7 A A A E C 81
100% Whey Isolate Chocolate Flavour
ZUMUB 100% Whey Isolate Chocolate 34,99 34,99 1 B B A C A 80
F F EU NUTRITION Veggie Protein Chocolate 20,99 27,99 0,75 B A A D B 75

Resultados completos www.deco.proteste.pt/alimentacao/suplementos-alimentares

F MELHOR DO TESTE PRODUTO COM OS MELHORES RESULTADOS NOS TESTES F ESCOLHA ACERTADA PRODUTO COM A MELHOR RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE E O PREÇO
F MAIS EM CONTA PRODUTO COM QUALIDADE ACEITÁVEL E PREÇO MUITO VANTAJOSO F ESCOLHA VERDE PRODUTO DE BOA QUALIDADE COM O MENOR IMPACTO AMBIENTAL
A MUITO BOM B BOM C MÉDIO D MEDÍOCRE E MAU MUITO BOA QUALIDADE BOA QUALIDADE MÉDIA QUALIDADE MÁ QUALIDADE

166 testesaúde 21
 Aditivos
em análise
PERIGOSOS?
Pode verificar a
segurança dos
edulcorantes em
https://dproteste.
pt/aditivos-
>
-alimentares. teores em ácidos gordos saturados -
componentes das gorduras mais nocivas
para a saúde -, açúcar e sal. Este exige
A especialista da
atenção: duas amostras de soro de leite DECO PROTeste
e seis de proteína vegetal apresentavam
níveis elevados: mais de 1,5 gramas por
100 gramas. Apesar de útil para repor
perdas ocorridas durante o treino, o sal,
se consumido em excesso, aumenta o Dulce Ricardo
A proteína risco de problemas cardiovasculares. Responsável
pelo estudo
participa Rótulos dentro da lei, mas... O concentrado de proteína é útil?
na construção Por serem considerados alimentos, os
concentrados de proteína apenas têm
Pode ser. Garante uma ingestão

e na reparação
proteica suficiente, de forma prática
de respeitar a lei geral da rotulagem. e fácil de digerir, quando não é

do músculo Todos os fazem. Alguns, mais briosos,

vão além do obrigatório, indicando, por
exemplo, o modo de usar e a composição
das proteínas (aminograma). Esta
informação é importante na hora da
escolha, porque há aminoácidos, como
a leucina, mais “eficazes” do que outros.
Proteína animal ou vegetal?
Os estudos realizados para aferir o
papel da suplementação de proteína
no desempenho dos atletas têm usado
maioritariamente produtos à base de
soro de leite, que demonstram efeitos
positivos. Para a proteína vegetal, ainda
há poucos estudos, mas as conclusões
apontam no mesmo sentido, quando o
aporte proteico é adequado. Já a análise
da DECO PROTeste mostra que é mais
possível fazer uma refeição sólida.
O pós-treino é dos momentos
preferenciais para a toma. Mas, às
refeições, os alimentos não devem ser
substituídos por estes concentrados.
Há contraindicações?
Os concentrados devem ser
usados, de preferência, com
o acompanhamento de um
nutricionista, para assegurar a
ingestão de quantidades diárias
adequadas à idade, ao peso e às
necessidades específicas da pessoa.
Por precaução, grávidas e lactantes
devem evitá-los, até porque são
desnecessários, se a alimentação for
saudável e equilibrada. Também não
são recomendados para quem segue

Insuficiente difícil encontrar um produto vegetal

Três dos produtos testados
obtiveram nota negativa na
Qualidade Global, sobretudo
devido à baixa concentração
de proteína. Os valores indicados
variam entre 62 e 68 gramas por 100
gramas. O valor mais baixo consta
na embalagem do Isway Super
Vegan Protein Chocolate & Lion’s
Mane com Digezyme, e o mais alto,
na do Scitec Nutrition 100% Vegan
Protein. O Way Up (Continente)
Proteína Vegetal inclui 66 gramas
de proteína por 100 gramas
de produto.
com elevada concentração de proteína
do que um de soro de leite.
Em média, estes são 9 euros mais caros
por quilo, e não podem ser usados por
quem tem alergia à proteína do leite.
Quer opte por animal ou vegetal, as
Escolhas Acertadas permitem poupar
cerca de 20 euros face ao produto mais
caro do teste, em ambas as categorias.
Contudo, não é demais lembrar que
só vale a pena gastar dinheiro se fizer
treino de força e pretender desenvolver o
músculo. No dia-a-dia, uma alimentação
saudável e equilibrada fornece todos
os nutrientes necessários.
Dossiê técnico Dulce Ricardo
e Susana Costa Nunes
uma dieta hipoproteica, como alguns
doentes renais. De lembrar ainda
que os concentrados de soro de leite
são contraindicados para pessoas
alérgicas à proteína do leite de vaca.
Como escolher o produto?
Deve ter, pelo menos, 75% de
proteína e a menor quantidade
possível de edulcorantes – a stevia
e os glucosídeos de steviol são os
menos problemáticos. O ideal seria
incluir também 10 gramas de leucina –
componente da proteína – por 100
gramas de produto. Infelizmente, a
maioria dos rótulos não disponibiliza
a composição das proteínas, o que
dificulta a escolha.

22 testesaúde166
 Efeitos
adversos
ESTADOS
UNIDOS
Os suplementos
alimentares podem
ter causado 23 mil
urgência anuais,

ansiedade
entre 2004 e 2013.

controlo não está nas plantas

Da alfazema à valeriana, existem múltiplos produtos à base de plantas que dizem combater
a ansiedade, mas são poucas as evidências de eficácia. Ao nível da segurança, não são tão
inofensivos como a sua singela beleza pode sugerir
Fátima Ramos
"P
ode tomar. É natural. Mal não
faz.” Quantas vezes já ouviu
estas frases relativamente a
produtos à base de plantas? Muitas,
por certo. Há-os para todos os males e
maleitas, e sob as mais diversas formas.
No caso da ansiedade, por norma,
são feitos com partes ou extratos de
plantas (folhas, caules, cascas ou flores)
e promovem propriedades sedativas,
capazes de fortalecer o trio “humor,
relaxamento e sono”. Em geral, são
Óleo de alfazema
Descrição Os óleos extraídos da planta
Lavandula angustifolia Mill, conhecidos
por óleos essenciais de lavanda, são
usados, sozinhos ou associados a
outros ingredientes, em produtos
para aromaterapia e aplicação na pele,
mas também em chás e suplementos
alimentares, por exemplo, na forma
de cápsulas ou gotas para tomar
por via oral.
Eficácia Apesar de a investigação
sugerir alguns benefícios do óleo de
lavanda no combate à ansiedade, os
estudos apresentam várias limitações,
nomeadamente, no que respeita à
dimensão e à qualidade, pelo que não
permitem tirar conclusões definitivas
sobre a real eficácia. É necessária mais
investigação nesta área, com amostras
mais alargadas e metodologias
padronizadas, para clarificar os efeitos
exatos desta substância no controlo
da ansiedade clínica.
Reações adversas Os produtos para
aplicar na pele podem causar alergias
cutâneas. Tomado em doses elevadas,
o óleo de alfazema foi ainda associado
a náuseas, vómitos e anorexia.
Interações com medicamentos
Pode aumentar o efeito sedativo de
alguns medicamentos antidepressivos
e anticonvulsivantes (antiepiléticos),
e o risco de hemorragia, se tomado
em conjunto com anticoagulantes,
que tornam o sangue mais fluido.
24 testesaúde 166
percecionados pelos consumidores e,
até, por alguns profissionais de saúde
como benéficos e seguros. Mas não é
garantido. A evidência relativa à eficácia
e à segurança da grande maioria é
bastante limitada, e a utilização tende
a basear-se mais na tradição do que
em conhecimentos científicos sólidos.
Medicamento ou suplemento?
Produtos à base da mesma planta estão
à venda sob a forma de medicamento
Encontram-se à venda vários produtos à base de plantas, incluindo
sendo usados para combater a ansiedade. Q
Valeriana
Descrição Com o nome científico
Valeriana officinalis L, é usada para
problemas de sono, mas também tem
pretensões no combate à ansiedade
e ao stresse. Encontra-se à venda na
forma de medicamento e suplemento
alimentar. Nos primeiros, apenas pode
ser usado extrato da raiz, enquanto
nos segundos também se usam outras
partes da planta.
Eficácia Há pouca investigação sobre
o efeito da valeriana no controlo da
ansiedade, e os resultados indicam que
a eficácia não é superior à do placebo.
Reações adversas Geralmente, é
segura para utilizações de curto prazo
por adultos. No entanto, pode causar
dores de cabeça e de estômago,
confusão mental, boca seca e mal-estar.
Em doses elevadas, pode originar
sonolência matinal.
Interações com medicamentos
O uso em conjunto com outros
sedativos e depressores do sistema
nervoso central, prescritos, por
exemplo, para tratar a depressão,
requer vigilância, uma vez que pode
prolongar os efeitos sedativos.
e de suplemento alimentar. O primeiro
tem de obedecer a regras rígidas e
garantir a qualidade. Já os suplementos
alimentares apenas têm de cumprir as
normas relativas aos alimentos em geral.
Para começar, os medicamentos só
podem ser vendidos em farmácias
e lojas autorizadas a vender
medicamentos não sujeitos a receita
médica, enquanto os suplementos
alimentares também se encontram
noutros estabelecimentos, como
Produtos à ba
Passiflora
Descrição Os suplementos alimentares
da planta que dá pelo nome científico
de Passiflora incarnata L, também
conhecida por flor-da-paixão ou
maracujá, podem apresentar-se
na forma de chá, cápsulas
ou comprimidos.
Eficácia Não há evidência que permita
retirar conclusões sobre a eficácia
dos suplementos de passiflora na
diminuição da ansiedade, já que existe
um reduzido número de estudos.
Reações adversas Podem incluir
sonolência, náuseas, vómitos
e tonturas, mas são raras.
Interações com medicamentos
A passiflora pode contribuir para
tornar o sangue mais fluido, pelo
que não deve ser usada juntamente
com medicamentos anticoagulantes.

supermercados e lojas de produtos
naturais. Estes não têm de obedecer a
nenhum processo de aprovação, antes
da comercialização. Por sua vez, os
medicamentos à base de plantas têm de
passar pelo crivo da Agência Europeia
de Medicamentos. O caminho pode
tomar duas vias, mas, por norma, estes
produtos seguem um processo de registo
simplificado. Ao contrário dos fármacos
convencionais, que têm de seguir a outra
via, apresentando resultados de estudos
ase de plantas
medicamentos, que dizem ter propriedades calmantes e relaxantes,
ual a real eficácia? Saiba o que diz a ciência
Camomila
Descrição É uma das plantas
medicinais mais usadas em todo o
mundo. Está disponível para uso em
chá, cápsulas, comprimidos ou gotas.
Eficácia Há muito poucos estudos
sobre a ação dos suplementos
alimentares de camomila na ansiedade,
e os que existem apontam para efeitos
semelhantes aos do placebo (produto
sem substâncias ativas).
Reações adversas Podem incluir
náuseas, tonturas e reações alérgicas,
mas são muito raras.
Interações com medicamentos
A camomila pode aumentar os efeitos
de medicamentos que previnem
coágulos sanguíneos e dos sedativos,
e diminuir a absorção de suplementos
de ferro. Pode ainda interferir no efeito
dos contracetivos orais com estrogénio.
a comprovar eficácia e segurança, aos
medicamentos tradicionais à base de
plantas bastam provas bibliográficas
de “evidência plausível”. Deverão estar
em uso, pelo menos, há 30 anos (15 dos
quais na União Europeia), destinar-se
a ser utilizados, de forma autónoma,
pelo consumidor, e apresentar-se
em formas não injetáveis. Não são
necessários ensaios clínicos, se, com
base na informação relativa ao uso
tradicional, ficar demonstrado que >
Erva-cidreira
Descrição A folha de erva-cidreira,
ou Melissa officinalis L., é tomada
sobretudo em chás, mas também pode
ser encontrada em gotas e cápsulas,
por exemplo. Tradicionalmente usada
para sintomas digestivos, são-lhe ainda
atribuídos benefícios no combate a
sintomas ligeiros de stresse e insónia.
Eficácia Certos estudos indicam
alguma redução nos sintomas de
ansiedade e depressão, mas, por
serem de pequena dimensão e terem
metodologias diversas, não permitem
generalizar conclusões.
Reações adversas Dor de cabeça,
redução do estado de alerta, distúrbios
do sono e sintomas de abstinência
são alguns dos efeitos registados nos
estudos. Por precaução, a erva-cidreira
deve ser usada com cuidado em
pacientes com problemas de tiroide,
porque pode inibir a produção
de hormonas nesta glândula.
Interações com medicamentos
Pode potenciar o efeito sedativo
de ansiolíticos, sedativos e outros
medicamentos que atuam sobre
o sistema nervoso central.
Produtos
naturais
SEGURANÇA
Importa informar
o médico sobre
todos os produtos
que toma, mesmo
que lhe pareçam
irrelevantes.
Hipericão
Descrição Também designado
por erva-de-são-joão, o hipericão
(Hypericum perforatum) tem sido usado
como antidepressivo e ansiolítico.
Eficácia Pequenos estudos sugerem
que pode reduzir a ansiedade,
mas o resultado foi relatado como
efeito secundário (em ensaios sobre
tratamento da depressão), pelo que não
permite tirar conclusões.
Reações adversas Os efeitos
adversos mais comuns incluem
sintomas gastrointestinais, reações
cutâneas, fadiga e sedação,
inquietação ou ansiedade, tontura, dor
de cabeça e boca seca. Há também
casos de fotossensibilidade, que se
traduz em vermelhidão da pele exposta
à luz do sol. Não é recomendado na
gravidez, devido ao risco de aborto.
Interações com medicamentos
Pode interagir com medicamentos,
aumentando o seu metabolismo e
reduzindo a eficácia clínica. A situação
é particularmente grave, por exemplo,
no caso da ciclosporina, da varfarina
e da carbamazepina. A toma também
exige cautela quando se está a fazer
tratamento com imunossupressores,
antirretrovirais, antimicrobianos,
anticancerígenos e medicamentos para
o coração e o sistema nervoso central.
Há ainda relatos de efeitos graves:
entre outros, rejeição de transplante
e gravidez indesejada.
166 testesaúde 25
 Combate à
ansiedade
EXERCÍCIO
A atividade física
é uma boa forma
de fazer face
à ansiedade
e ao stresse
do dia-a-dia.
CONSUMIDORES EXIGEM
Atenção
aos riscos
Natural é percebido como seguro
por consumidores e, até, alguns
profissionais de saúde, pelo
que os riscos dos suplementos
alimentares são subestimados.
Importa, pois, que uns e outros
sejam informados acerca destes
riscos, e incentivados a comunicar
qualquer efeito adverso. No caso
dos medicamentos, as notificações
devem seguir para o Infarmed.
Se estiver em causa um suplemento
alimentar, deve ser informada
a Direção-Geral de Alimentação
e Veterinária (DGAV).
Em Portugal, já existe um sistema de
vigilância de reações adversas para
estes produtos. Deveria ser também
criado um sistema de monitorização
e comunicação ao nível europeu e
harmonizada a forma de recolher
os dados nos Estados-membros,
para aumentar a segurança no
uso dos suplementos alimentares.
Com o mesmo objetivo, exige-se
a descrição de possíveis efeitos
adversos e interações nos rótulos
dos suplementos alimentares.
Ao nível europeu, importa ainda
agilizar o processo de análise e
aprovação das alegações de saúde
que podem ser usadas por estes
produtos, que está parado há mais
de dez anos.
26 testesaúde 166
>
o produto é seguro. Os suplementos
alimentares, por sua vez, são géneros
alimentícios destinados a completar
a dieta normal e só têm de obedecer
à diretiva europeia que estabelece
regras para a rotulagem, de modo a
garantir um uso seguro. Este apenas
tem de indicar na embalagem a lista de
ingredientes e a respetiva quantidade,
bem como a dose diária a ingerir.
Ao contrário dos medicamentos, os
suplementos alimentares não podem
indicar propriedades de tratamento,
cura ou prevenção de doenças. Podem
incluir alegações de saúde, desde que
aprovadas pela Autoridade Europeia
para a Segurança Alimentar, mas o
processo de autorização está parado
há mais de dez anos para suplementos
alimentares à base de plantas. E não
há alegações relativas à ansiedade
aprovadas para os mesmos.
A composição destes suplementos,
em quantidade e qualidade, não é fixa.
O teor em substância ativa depende,
por exemplo, da parte da planta usada,
da formulação e das substâncias a que
está associada, pelo que a sua ação no
organismo também pode ser diferente.
A composição natural da própria planta
difere com as condições ambientais
em que é produzida, por exemplo.
Farmacovigilância
só para medicamentos
Uma vez no mercado, todos os fármacos,
incluindo os medicamentos à base
de plantas, estão integrados num
sistema de farmacovigilância, através
do qual são recolhidas e tratadas todas
as notificações de efeitos adversos e
tomadas as medidas de segurança
necessárias. Para os suplementos
alimentares, não existem normas
europeias sobre as obrigações das
entidades reguladoras e dos fabricantes
em relação à segurança antes e depois
de os produtos entrarem no mercado,
ou seja, não existe, ao nível europeu,
um sistema de vigilância específico.
Em Portugal, estes produtos estão
sob a alçada da Direção-Geral de
Alimentação e Veterinária, a quem
devem ser comunicadas todas as
suspeitas de reações adversas. Mas falta
divulgação a esta atividade.
Natural não significa seguro
Na prática, a segurança dos suplementos
alimentares à base de plantas pode
ser mais preocupante do que a dos
medicamentos, devido à falta de
controlo e à escassez de informação.
Estes produtos podem causar efeitos
adversos e interferir na ação de
outros medicamentos, diminuindo
ou potenciando o seu efeito.
Alguns produtos são conhecidos por
causarem alergias, hipertensão e, até,
danos em órgãos. Por isso, os grupos
mais vulneráveis, como crianças,
grávidas, mulheres que amamentam
e idosos, devem evitar a utilização.
O mesmo se recomenda a doentes
polimedicados, aos que tomam
medicamentos mais suscetíveis de
interação com as plantas indicadas
nas fichas das páginas anteriores,
como contracetivos hormonais (“pílula”)
e sedativos, a quem sofre de doenças
graves, em particular no fígado e nos
rins, e aos que vão fazer uma cirurgia.
Combater a ansiedade
Quando os sintomas de ansiedade
interferem no funcionamento da
pessoa no dia-a-dia, é preciso consultar
o médico e tratá-los, podendo ser
necessário recorrer a medicamentos
e psicoterapia.
Mas este é um problema com várias
dimensões, pelo que também pode
ser necessário mudar o estilo de vida,
dentro do possível. A prática regular de
exercício físico é um bom “ansiolítico”.
Seguir uma alimentação saudável, que
forneça ao organismo os nutrientes
necessários, e na quantidade adequada,
ajuda certamente ao equilíbrio.
A existência de um ambiente familiar
positivo, relações saudáveis com
as pessoas próximas e uma ampla
rede social talvez contribuam mais,
e de forma mais saudável.
Dossiê técnico Susana Santos
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 Chocolate
preto
INGREDIENTES
Contém pasta de
cacau, açúcar,
aroma, manteiga de
cacau, cacau em
pó e quase sempre
emulsionantes.

excelência em ta
Num teste a 19 marcas de chocolate preto, a DECO
PROTeste atribuiu resultados bastante positivos.
Conheça os produtos nomeados e descubra o que
distingue cada chocolate testado. Saiba ainda
os cuidados a ter com o seu doce preferido
Rita Santos Ferreira e Filipa Rendo
choc
D
as terras férteis da América
Latina, o chocolate preto faz
uma longa viagem até se tornar
a sua tablete preferida. De uma semente
chamada cacau nasce um dos doces
mais apreciados pela população
mundial. Mais de nove em cada dez
famílias consomem chocolate, e,
segundo dados de 2022, em Portugal,
o chocolate preto foi a segunda variante
mais vendida (21%), apenas destronada
pela de leite (29 por cento). Mas
será que costuma optar pelo melhor
chocolate preto do mercado?

28 testesaúde 166

bletes
colate preto
Resultados deliciosos
A DECO PROTeste levou o chocolate
preto a laboratório, e os resultados
dos 19 produtos testados são bastante
positivos. Foram selecionadas
tabletes de chocolate preto, com
100 a 200 gramas e 70% a 75% de cacau.
Os chocolates da Auchan, do El Corte
Inglés e da Nestlé mereceram o selo de
Melhor do Teste. Com a melhor relação
entre a qualidade e o preço e, como
tal, com o selo de Escolha Acertada,
destaca-se, novamente, o produto
do El Corte Inglés, desta vez, ao lado
do chocolate Porsi, do Intermarché.
Estes produtos obtiveram muito boa
Qualidade Global.
O cacau é que dita a qualidade
A qualidade é influenciada,
principalmente, pelo teor de cacau.
Por lei, o chocolate deve conter, no
mínimo, 35% de cacau e deve indicar
a quantidade no rótulo, através da
expressão “cacau:...% mínimo”. A DECO
PROTeste determinou o teor de cacau
em laboratório e comparou-o com o
valor declarado. Além disso, procurou
conhecer a presença de matérias
gordas vegetais diferentes da manteiga
de cacau. Esta adição é permitida por
lei se não ultrapassar os 5 por cento.
Os produtos sem esta adição são, assim,
valorizados. Todas as marcas testadas
mereceram nota máxima em ambos
os parâmetros (cinco estrelas). Ou seja,
todos têm a percentagem de cacau que
alegam e nenhum contém gorduras
vegetais além da manteiga de cacau.
Sem problemas
com contaminantes
Segundo o regulamento da União
Europeia relativo aos teores máximos
de certos contaminantes nos alimentos,
é definido um limite legal para a
presença de cádmio. Este metal pesado
pode contaminar a água e os solos
e, por conseguinte, os alimentos. Como
tal, a análise ao cádmio, bem como
ao chumbo, que não tem limite legal,
foi incluída no teste. Todas as marcas
passaram com distinção no que à
presença de metais pesados diz respeito,
pois não têm vestígios (ou têm poucos)
destes contaminantes, que, em excesso,
prejudicam a saúde.
Apesar de raro, o chocolate pode ser
contaminado por salmonela. Em 2022,
houve alguns casos, na Bélgica, de
chocolate com esta bactéria. Assim,
a DECO PROTeste pesquisou a sua
presença. No entanto, os resultados
foram bastante animadores. Não foram
detetadas salmonelas nos chocolates
pretos testados, comprados no mercado
português.
93%
dos lares
portugueses
COMPRAM CHOCOLATE,
SENDO QUE A FREQUÊNCIA É, NESTE
MOMENTO, MAIOR DO QUE NO
PERÍODO ANTERIOR À PANDEMIA
21%
dos portugueses
CONSUMIRAM, EM 2022,
CHOCOLATE PRETO. É A SEGUNDA
VARIANTE MAIS VENDIDA, ATRÁS
DA DE LEITE (29 POR CENTO)
É no provar que está a diferença
O critério que distinguiu o chocolate
preto das diferentes marcas foi, sem
dúvida, a prova de degustação. A DECO
PROTeste submeteu os chocolates ao
crivo de um painel de consumidores e
outro de especialistas. Os consumidores
avaliaram os produtos tendo em conta
o aspeto, o aroma, o sabor, a textura,
a amargura e a doçura, e, no final,
deram uma apreciação global. Todas
as amostras foram bem avaliadas, com
a exceção de duas marcas – Cachet e
Pingo Doce –, que não foram além das
três estrelas. Estes produtos receberam
as pontuações mais baixas em quase
todos os atributos, quando comparados
com os restantes. No que diz respeito
ao veredicto dos peritos, 11 chocolates,
incluindo os nomeados, passaram na
prova com quatro estrelas. Num nível
mediano, estão cinco produtos e, com
resultados negativos, encontram-se
os chocolates La Casa, Cachet e Pingo
Doce, que receberam as pontuações
mais baixas em quase todos os >
166 testesaúde 29
A SELEÇÃO DA DECO PROTESTE
MELHOR MELHOR ESCOLHA MELHOR
DO TESTE DO TESTE ACERTADA DO TESTE
83 MUITO BOA
QUALIDADE 83 MUITO BOA
QUALIDADE 83 MUITO BOA
QUALIDADE

AUCHAN Noir EL CORTE INGLÉS NESTLÉ Dark 70%

Intense 72% Negro 72% Com uma boa
Produto de Produto com muito rotulagem,
excelente boa qualidade agrada tanto a
qualidade, que e com bons especialistas como
agrada ao paladar resultados na prova aos consumidores.
de especialistas de degustação. A qualidade é
e consumidores. Apresenta um rótulo irrepreensível.
Tem um bom rótulo. completo. 2,26 € por 100 g
1,15 € por 100 g 1,09 € por 100 g

QUALIDADE GLOBAL (%)

PREÇO (€) RESULTADOS

Prova com consumidores

Prova com especialistas

Percentagem de cacau

Chocolate preto
Gordura vegetal

Metais pesados
Peso líquido (g)

Microbiologia
Embalagem

100 gramas

Rótulo
F AUCHAN Noir Intense 72% 1,15 1,15 100 A A A A B B B 83
F F EL CORTE INGLÉS Negro 72% 1,09 1,09 100 A A A A B B B 83
F NESTLÉ Dark 70% 1,99 - 3,99 2,26 120 A A A A B B B 83
JUBILEU Extra Fine Dark 70% 2,64 - 2,95 2,76 100 A A A A B B B 81
MOSER ROTH Preto 70% (Aldi) 1,59 1,27 125 A A A A B B B 81
FIN CARRÉ Preto 74% (Lidl) 1,15 1,15 100 A A A A B B C 80
HACENDADO Preto 74% (Mercadona) 1,15 1,15 100 A A A A B B C 80
CONTINENTE Chocolate Negro 74% 1,15 1,15 100 A A A A B B B 79
F PORSI Select Negro 72% (Intermarché) 1,79 0,90 200 A A A A B B B 78
LINDT Excellence 70% Intense Dark 2,24 - 2,99 2,95 100 A A A A B B C 77
REGINA Chocolate Preto 70% 1,99 - 2,42 2,11 100 A A A A B C C 75
MERCI Dark Chocolate 72% 2,99 2,99 100 A A A A B C C 73
CÔTE D'OR Noir 70% Intense 2,09 - 2,79 2,42 100 A A A A B C B 73
JACQUOT Dark Chocolate 70% 0,99 - 1,99 1,24 100 A A A A B B E 72
CEMOI Dark Chocolate 72% 1,99 1,99 100 A A A A B C C 71
GUYLIAN Premium Dark 72% 2,99 2,99 100 A A A A B C C 68
LA CASA Chocolate Negro 70% 1,64 - 2,19 2,02 100 A A A A B D C 66
CACHET Dark Chocolate 70% 3,29 1,83 180 A A A A C D C 65
PINGO DOCE Chocolate Preto 74% 0,99 - 1,15 1,02 100 A A A A C D B 64

F MELHOR DO TESTE PRODUTO COM OS MELHORES RESULTADOS NOS TESTES F ESCOLHA ACERTADA PRODUTO COM A MELHOR RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE E O PREÇO
F MAIS EM CONTA PRODUTO COM QUALIDADE ACEITÁVEL E PREÇO MUITO VANTAJOSO F ESCOLHA VERDE PRODUTO DE BOA QUALIDADE COM O MENOR IMPACTO AMBIENTAL
A MUITO BOM B BOM C MÉDIO D MEDÍOCRE E MAU MUITO BOA QUALIDADE BOA QUALIDADE MÉDIA QUALIDADE MÁ QUALIDADE

30 testesaúde 166

ESCOLHA
ACERTADA
78 MUITO BOA
QUALIDADE
PORSI Select
Negro 72%
(Intermarché)
Este produto alia
uma excelente
qualidade a
bons resultados
na rotulagem
e na degustação.
0,90 € por 100 g
> relacionado com a qualidade, pois
atributos. O La Casa e o Cachet foram
considerados demasiado doces e
com pouca intensidade de amargo.
Os atributos avaliados na prova
dos especialistas foram a textura na
boca, o sabor, o aroma bucal, o tempo
de permanência, o aspeto, a quebra
e o aroma. Mais uma vez, foi atribuída
uma apreciação global.
Rótulos cumprem
Os rótulos dos produtos têm de,
obrigatoriamente, apresentar
certas informações: entre outras,
a denominação, o peso líquido, a
data de durabilidade mínima, a lista
de ingredientes e o teor mínimo de
cacau. A informação deve ser clara e
legível, e estar na língua do país onde
o produto é comercializado. Todos os
chocolates pretos testados apresentam
as informações obrigatórias por lei,
exceto o produto da Jacquot, que não
ostenta estas menções traduzidas para
português, merecendo, assim, apenas
uma estrela. As restantes marcas
obtiveram classificações entre o médio
e o bom, devido, essencialmente, à
ausência de determinados extras,
como o contacto rápido de apoio
ao consumidor (telefone ou e-mail),
a informação nutricional completa
(incluindo a fibra) e por porção, o
resumo nutricional (Nutri-score) e
o número de porções contidas na
As provas dos
especialistas e
dos consumidores
ditaram a distinção
entre as marcas
Cuidados a ter
com o chocolate
Coma, mas não abuse O chocolate é
um alimento muito energético (tem cerca
de 550 calorias por 100 gramas), pobre
em água e rico em açúcar e gorduras.
A riqueza em gorduras pode provocar
transtornos intestinais. Porém, pode
ser interessante para pessoas ativas e
desportistas, especialmente quem treine
de forma intensiva. Já os sedentários,
ou quem precise de controlar o peso,
devem moderar ou mesmo evitar
o consumo.
Conserve-o bem O chocolate é um
produto frágil. Quando não é bem
conservado, pode perder o brilho
e adquirir uma coloração baça e
esbranquiçada, que pode resultar da
cristalização do açúcar ou das matérias
gordas, devido a um ambiente húmido.
Apesar de continuar próprio para
consumo, a textura e o aspeto tornam-se
menos apetitosos. Assim, guarde
o chocolate num lugar seco, arejado,
a uma temperatura entre os 18ºC
e os 20ºC, e abrigue-o da luz.
Formato
mais
consumido
TABLETE
Cerca de 49%
das pessoas
que consomem
chocolate
preferem-no
em tablete.
embalagem. A falta da indicação do
país de origem do chocolate e da data
de produção são outras falhas.
Poupe com a sua escolha
As marcas de chocolate preto testadas
apresentam preços que variam entre
0,90 e 2,99 euros, por tablete de
100 gramas. Porém, o preço não está
podemos encontrar bons chocolates
a preços baixos. Por exemplo, dois dos
melhores do teste, o Auchan e o El Corte
Inglés, custam 1,15 e 1,09 euros, por 100
gramas, respetivamente. Face às marcas
mais caras, a Guylian e a Merci, ambas a
2,99 euros por 100 gramas, a poupança,
caso opte pelas Escolhas Acertadas,
ronda os 2 euros por tablete de 100
gramas. Na Porsi, ultrapassa mesmo
esse valor: a poupança é de 2,10 euros.
O chocolate faz bem ao coração
e ao cérebro?
Não há uma resposta clara, nem existe
forte evidência científica que comprove
que o chocolate traz benefícios para
o coração e para o cérebro. Porém,
a Autoridade Europeia para a Segurança
dos Alimentos autoriza a alegação
“os flavonoides do cacau ajudam
a manter a elasticidade dos vasos
sanguíneos, o que contribui para o
normal fluxo do sangue”. Quanto mais
cacau o chocolate apresentar, mais
flavonoides vai conter. O chocolate
preto tem mais flavonoides do que o
branco, por exemplo. As tribos maias
apelidavam o chocolate de “licor
dos deuses”. Com a ajuda da DECO
PROTeste, escolha o pedaço divino
que mais agrada ao seu paladar.
Dossiê técnico Sofia Mendonça
e Susana Costa Nunes
166 testesaúde 31
 Será que
tem peso
a mais?

casal d
CALCULE
O SEU IMC
Preencha os
dados em www.
deco.proteste.pt/
simulador-calorias.

bolo-rei e
Os doces concorrem nas mesas natalícias, mas o bolo-rei e a s
Nalguns supermercados, igualam o preço. Nas pastela
Deonilde

N
ão há contabilização calórica
que amedronte os entusiastas do
Supermercado Natal e das suas manifestações
8 a 13 dulcificadas. Se uma fatia traz mais
de 400 calorias? Pouco importa,
euros numa época de mesas fartas. E o
por quilo preço? A resposta já se altera, uma
vez que, no exercício comparativo
entre hipermercados e pastelarias
tradicionais, o custo pende a favor
dos primeiros. As diferenças chegam
BOLO-REI a cerca de 17 euros por quilo.
As frutas Trazido para Portugal na segunda
caramelizadas metade do século xix, pelas mãos de
emprestam boa um pasteleiro francês contratado pela
parte ao valor Confeitaria Nacional, pastelaria do
calórico Rossio lisboeta, o bolo-rei haveria de
propagar-se a outros estabelecimentos
GORDURA e cidades. Até hoje, chegou a receita,
10 a 14 g matizada de versões mais ou menos
SAL aproximadas à original. Ornado de frutos
0,6 g a 0,8 g secos, o bolo-rainha fará as honras, se
a fruta cristalizada do aparentado rei

404 não satisfizer o paladar. E à disposição

existem outras versões: o bolo de frutos

a 428 secos (com ou sem gila), o bolo-rei

de chocolate – com frutos secos e
calorias chocolate –, de castanha e até o bolo-rei
Pastelarias por fatia confecionado com farinha de alfarroba.
14,50 a 27 Pastelarias com preços
euros amargos
por quilo Mas cultivar um gosto diferente do da
maioria tem o seu preço, normalmente,
superior. Qualquer pequena ronda feita
pelos supermercados e pastelarias da
sua zona elucidará sobre o melhor preço
iStock

para aplacar os instintos que alimentam

32 testesaúde 166
do ano
bolo-rainha
ua versão feminina têm o condão de chamar o protagonismo.
rias, o custo sobe, sobretudo se o bolo se chamar rainha
Lourenço

os desejos adocicados ressuscitados

durante a época natalícia.
Ao que ao bolo-rei diz respeito, o local de Supermercado
compra e os ingredientes já marcaram
mais a diferença de preços face ao bolo-
11,49 a 13
rainha. Esta versão é ligeiramente mais euros
cara do que o bolo-rei, mas em especial por quilo
nas pastelarias. Segundo a pesquisa da
DECO PROTeste, nos hipermercados,
por quilo, os preços dos dois bolos
arrancam nos oito euros (rei) e nos
11,49 euros (rainha) e prolongam-se até BOLO-RAINHA
aos treze. Já nas pastelarias, o bolo-rei Os frutos secos
começa nos 14,50 euros, parando nos conferem uma boa
27 euros. Também nas pastelarias, o maquia das calorias
bolo-rainha começa nos 15,60 euros – e
pode chegar quase aos 30 euros. Sem GORDURA
adição de fruta cristalizada, opções 11 a 16 g
como pinhões, ananás, praliné crocante, SAL
pétalas de violeta caramelizadas ou fios 1g
de ovos encarecem o bolo.

Pecado da gula 396

Descubra o valor calórico e o teor
médio em gordura e sal em cada fatia a 438
de bolo-rei ou rainha. Desengane-se, calorias
se pensa que são apenas sinónimo de por fatia
açúcar e gordura. Uma fatia contém
entre 0,6 e 1 gramas de sal. Ao saborear Pastelarias
estas iguarias, está a ingerir entre 12% e
20% do sal aconselhado por dia, quando
15,60 a 29,50
euros
a Organização Mundial da Saúde
recomenda, no máximo, cinco gramas.
por quilo
Mas não se iniba muito. Afinal, só há
um Natal por ano.
João Ribeiro

Dossiê técnico Dulce Ricardo

e Susana Costa Nunes

166 testesaúde 33
 Antibióticos
menos
eficazes
BACTÉRIAS
RESISTENTES
Infeções urinárias
ou no sangue,
gonorreia e diarreia
tornam-se mais
difíceis de tratar.

antibióticos mau uso põe vidas em risco

A guerra contra as infeções não está ganha, e as autoridades fazem um apelo: é preciso controlar
os microrganismos resistentes, capazes de semear doença e morte entre seres humanos e animais.
A vitória depende do uso criterioso de antibióticos, mas também de medidas de prevenção,
como vacinas e cuidados de higiene, e de mais investigação. Sem ações urgentes, simples feridas
podem voltar a matar
Inês Lourinho

Como se tornam a

1Há microrganismos de diversos tipos, como

bactérias, fungos e vírus. Os últimos não
reagem aos antibióticos: por isso, não devem
ser usados, por exemplo, para tratar gripes

34 testesaúde 166
 B
actérias, vírus e fungos há muitos,
e com o dom da omnipresença
nos ecossistemas, incluindo o
organismo de seres humanos e animais,
colonizado por incontáveis estirpes.
Alguns destes microrganismos têm
ação benéfica, outros nem por isso.
Alguns contribuem, por exemplo, para
digerir os alimentos, tornar os nutrientes
disponíveis e neutralizar as toxinas,
sendo condição obrigatória para a vida,
outros favorecem infeções e doenças
e, se não forem combatidos, seja pelo
sistema imunitário, seja por auxílios
externos, como, no caso das bactérias,
os antibióticos, podem levar à morte.
Como distinguir os bons dos maus?,
eis a questão mais científica do que
metafísica. Fazer esta destrinça, e aplicar
medicamentos que a concretizem,
nem sempre é missão bem-sucedida.
Por vezes, os antibióticos funcionam
como armas de destruição maciça,
eliminando bons e maus, sem distinção,
e provocando um desequilíbrio entre
as colónias de microrganismos dentro
de nós. Ao destruírem as bactérias
benéficas, digamos assim, com fogo
amigo, potenciam a multiplicação
das patogénicas, não sendo incomum,
depois de um tratamento com
antibióticos de largo espectro, surgirem
s bactérias resistentes aos antibióticos?
2
Os antibióticos destroem algumas bactérias
responsáveis por doenças, mas também
matam aquelas que protegem o organismo
das infeções
infeções noutra parte do corpo. Daí a
importância de um tiro preciso, contra
os microrganismos patogénicos apenas.
O tiro tem também de ser letal. Muitos
patógenos parecem seguir aquele
conhecido aforismo formulado pelo
filósofo germânico Friedrich Nietzsche,
segundo o qual o que não nos mata
corre o risco de nos tornar mais fortes.
Quando bactérias, vírus, fungos ou
parasitas não são eliminados (por
exemplo, porque o fármaco não era
o adequado ou não estava na dose
certa), podem sofrer mutações e deixar
de responder aos medicamentos.
Ficam, pois, com liberdade para
se multiplicarem e transmitirem
os superpoderes de resistência
aos microrganismos que originam.
As infeções tornam-se mais difíceis ou
mesmo impossíveis de tratar. Num caso
extremo, a consequência é a morte.
Estima-se que, na Europa, todos os anos,
um tal cenário leve à morte de mais de
35 mil pessoas, ou seja, quase cem vidas
perdidas por dia.
O mau uso dos antibióticos é, assim,
uma questão de saúde pública, que
preocupa as autoridades. Mas há boas
notícias: para esta guerra pela vida,
todos podemos contribuir. Saiba qual
deve ser o tamanho do seu esforço.
3
As bactérias patogénicas resistentes
aos antibióticos aproveitam a ausência
das que são benéficas, multiplicam-se
4No processo de multiplicação, essas bactérias
transmitem a sua resistência a novas bactérias.
Torna-se, assim, mais difícil controlar as
e espalham-se pelo organismo infeções com os antibióticos
A origem da resistência
As resistências não nascem do nada.
O uso de antibióticos em situações
em que não são eficazes é um dos
fatores que contribuem para um tal
cenário. Tomemos como exemplo
uma constipação ou uma gripe, que são
causadas por vírus. Ora, os antibióticos
não conseguem eliminar os vírus.
Mesmo assim, exercem pressão sobre a
flora do organismo, aumentando o risco
de surgirem bactérias resistentes.
Outra situação em que também não
faz sentido tomar antibióticos é a
da prevenção. Estes medicamentos
atuam contra bactérias presentes: não
evitam infeções futuras. Apenas em
contextos muitíssimo excecionais, como
a existência de membros da família
com meningite de origem bacteriana,
pode ser útil os restantes tomarem
antibióticos para prevenirem a doença.
Às más razões para usar estes
fármacos junta-se a administração
incorreta. Diminuir a dose e a
frequência das tomas são ações que
têm consequências – a quantidade de
medicamento pode não ser suficiente
para eliminar os agentes patogénicos,
que, sobrevivendo, terão a oportunidade
de se tornarem resistentes e de se
multiplicarem. >
166 testesaúde 35
 De onde vem
a resistência?
O uso excessivo ou inapropriado
de antibióticos, em humanos e
em animais, agrava o problema
Uso desadequado
A maioria das constipações e gripes são
causadas por vírus, que os antibióticos não
destroem. Mais: se tomados, podem fazer
pressão sobre a flora natural, aumentando
o risco de surgirem bactérias resistentes.
Administração incorreta
Se o doente não respeitar a dose ou a
frequência prescritas, a quantidade de fármaco
pode não chegar para controlar a infeção.
Diagnóstico sem rigor
Por vezes, os médicos prescrevem antibióticos
por precaução ou receitam substâncias
de largo espectro, por desconhecerem o
agente patogénico na origem da infeção.
Estes fármacos matam outras bactérias,
levando a um desequilíbrio na flora natural.
Antibiótico apropriado
não disponível
São comuns as quebras no fornecimento de
medicamentos às farmácias. Se o médico não
puder prescrever um fármaco específico, terá
de optar por uma substância de largo espectro.
Proliferação
e transmissão
de microrganismos
resistentes
Os microrganismos resistentes podem surgir
em humanos e em animais e plantas. Daqui,
propagam-se no meio ambiente: solo, água, ar,
vegetação e alimentos.
36 testesaúde 166
>
Um terceiro fator na origem da
resistência é o menor rigor do
diagnóstico. Às vezes, os médicos têm de
tomar decisões com base em informação
incompleta ou incorreta, por exemplo,
por não poderem recorrer a testes
laboratoriais rápidos. Assim, como não
conhecem o microrganismo que levou à
infeção, decidem-se por um antibiótico
de largo espectro, em vez de uma
formulação específica. E, já sabemos, as
opções de largo espectro podem matar
boas e más bactérias.
Mas, mesmo com um diagnóstico
rigoroso, os antibióticos mais específicos
podem não estar disponíveis nas
farmácias. No inverno passado,
por exemplo, foi noticiada a falta de
amoxicilina combinada com ácido
clavulânico, na maioria dos países da
União Europeia, incluindo Portugal.
Trata-se de um antibiótico usado
para o combate a muitos tipos de
infeções, desde urinárias a cutâneas
ou respiratórias. Na falta de opções
específicas, os médicos são obrigados a
prescrever antibióticos de largo espectro,
menos eficazes e, potencialmente,
com mais efeitos adversos. A União
Europeia formulou recomendações
com vista a evitar estas falhas durante o
inverno de 2023-2024, como o aumento
da capacidade de abastecimento,
a melhor vigilância da oferta e da
procura e a sensibilização dos cidadãos
para a importância de um uso racional.
Acontece que a resistência não atinge
apenas os seres humanos: os animais
e as plantas são igualmente afetados.
Destes hospedeiros, as bactérias com
superpoderes podem disseminar-se no
ambiente, e contaminar solo, ar, água e
plantas. Ficam, ainda, com o caminho
aberto para regressarem ao ser humano,
por via da alimentação e do consumo
de água. Até pode soar a clichê, mas, na
natureza, estamos todos interligados...
Retrocesso civilizacional
O uso mais criterioso dos antibióticos,
nos países da União Europeia, tem
levado a uma queda no consumo:
recuou 23% entre 2011 e 2020. Mesmo
As bactérias
resistentes
podem afetar
seres humanos,
animais e plantas
assim, é preocupante a tendência de
subida quanto a antibióticos de largo
espectro, tanto na comunidade, como
em meio hospitalar. Estima-se que o
recurso a formulações de largo espectro
seja três vezes e meia mais frequente
do que o uso de opções específicas.
Chipre, Grécia e Roménia, com perto
de 30 doses diárias por mil habitantes,
são os países onde mais antibióticos
se consumiram em 2020, enquanto
os Países Baixos e a Áustria registaram
os números mais baixos: menos
de um terço daquele valor. Portugal
posicionou-se a meio da tabela,
com cerca de 15 doses diárias por mil
habitantes. Naturalmente, é nos países
com uso mais intensivo de antibióticos
que se verifica a maior incidência
de bactérias resistentes.
O problema pode, pois, afetar
qualquer indivíduo, de qualquer
idade e de qualquer país, e extravasar
do setor da saúde para a veterinária
e a agricultura. Os impactos acabam,
então, por ser também económicos. Não
admira que a Organização Mundial da
Saúde (OMS), em 2019, tenha declarado
que este é um dos dez problemas
de saúde pública mais graves que a
Humanidade enfrenta. A Comissão
Europeia seguiu-lhe o exemplo, e, em
2022, indicou o combate às resistências
como uma prioridade na área da saúde.
E deixou o alerta: sem medidas urgentes,
é possível que caminhemos para uma
era pós-antibióticos, em que infeções
simples e feridas de pouca gravidade
poderão voltar a matar pessoas.
Um retrocesso civilizacional.

Cada vez menos investimento
Apesar do cenário de urgência,
observa-se um declínio na pesquisa e
no desenvolvimento de fármacos mais
eficazes. Segundo a OMS, desde 2017,
apenas 12 novos antibióticos foram
aprovados pela agência americana Food
and Drug Administration e pela Agência
Europeia de Medicamentos, dez dos
quais pertencentes a classes de fármacos
existentes. Em 2021, eram unicamente
27 os antibióticos na fase de testes
clínicos (com pessoas), destinados a
combater os patógenos indicados como
prioritários numa lista da OMS. Apenas
seis deste grupo cumpriam, pelo menos,
um critério de inovação da OMS, sendo
que só dois eram ativos contra, pelo
menos, uma bactéria resistente incluída
como crítica na listagem da organização.
Em síntese, não eram fármacos novos,
mas derivações de fórmulas existentes.
São várias as razões para a relutância das
farmacêuticas quanto ao investimento
em novos antibióticos. Mas resumem-se
ao seguinte raciocínio: produzir novos
antibióticos, com capacidade para
penetrarem a dupla membrana das
bactérias resistentes e levarem à sua
eliminação, pode ser um processo
longo, com um consumo imprevisível
de recursos financeiros, que não sabem
quando irão recuperar. Mesmo que
alcancem o sucesso, os fármacos terão
de passar por um longo período de testes
até serem introduzidos no mercado.
Daí as farmacêuticas preferirem
trabalhar sobre moléculas já aprovadas.
Vida para além dos antibióticos
A guerra contra as resistências faz-se,
ainda, sem antibióticos. Algumas armas
têm provas dadas, como as vacinas, que
também devem ser administradas em
animais de consumo humano, enquanto
outras são sobretudo promessas. Não
existem, infelizmente, vacinas contra
muitos dos patógenos resistentes.
Também aqui é preciso investir.
Entre as promessas, incluem-se os
anticorpos monoclonais. Em certas
circunstâncias, os anticorpos, proteínas
que o sistema imunitário produz em
resposta a uma infeção, podem ser
colhidos e usados em tratamentos.
Enquanto as vacinas levam semanas
a estimular a produção de anticorpos,
estes tratamentos reforçam a imunidade
de imediato. Porém, as vacinas conferem
proteção de longo prazo, e os anticorpos
monoclonais fazem efeito por um
período variável de pessoa para pessoa.
O uso de bacteriófagos tem sido
apontado como mais um possível futuro.
Bacteriófagos são vírus que só podem
multiplicar-se e crescer dentro de uma
bactéria: infetam-na com o seu material
genético, e fazem-na rebentar e libertar
mais bacteriófagos, que vão atacar
novas bactérias. Quando todas são
eliminadas, estes devoradores deixam
de multiplicar-se, por já não possuírem
hospedeiro. Têm surgido casos de
sucesso na manipulação de tais vírus,
inclusive para descontaminar alimentos.
Mas, apesar do entusiasmo, também
há inconvenientes. Algumas bactérias
podem tornar-se resistentes aos
bacteriófagos e, se tal ocorrer, é possível
que estes se comportem como veículos
de disseminação de resistências.
Há, assim, que continuar a investigar.
Outra técnica em estudo é o recurso à
microbiota. Sabemos que, ao visarem
os microrganismos patogénicos, os
antibióticos podem destruir as bactérias
benéficas e levar à multiplicação das
resistentes. O transplante de matéria
fecal, onde residem bactérias boas,
pode ajudar a recuperar o equilíbrio
na flora do organismo. Trata-se de um
tratamento eficaz, por exemplo, contra a
bactéria Clostridium difficile, causadora
de diarreia. Mais usos da microbiota
estão em investigação: por exemplo,
para prevenir infeções respiratórias e
doenças sexualmente transmissíveis.
Além destas técnicas, estão a ser
pesquisados meios de diagnóstico
mais rápidos, para identificar bactérias
em tempo útil, e aplicar o tratamento
adequado. Rapidez é crucial na guerra
contra as infeções. Para que uma simples
ferida nunca mais volte a matar.
Dossiê técnico Ânia Rosado
Regressam
doenças
evitáveis
TUBERCULOSE
Com a resistência
da Mycobacterium
tuberculosis,
o tratamento da
doença pode ficar
comprometido.
O que pode o
consumidor fazer?
Usar os antibióticos de forma
responsável Faça-o apenas com
prescrição médica, e seguindo o plano
de tomas. O mesmo vale para os animais
de estimação. Tão-pouco deve partilhar
ou aceitar medicamentos de terceiros.
Evitar infeções Lave as mãos com
frequência, incluindo depois de tocar
em animais de estimação (mantenha-os
asseados e com as vacinas em dia).
Prepare refeições de forma higiénica.
Tenha o cuidado de resguardar-se
no contacto com doentes.
Praticar sexo seguro Para evitar
doenças sexualmente transmissíveis,
use preservativo. Se for infetado, procure
tratamento de imediato: pela sua saúde
e para evitar mais infeções.
Preparar viagens ao estrangeiro
Tome as vacinas recomendadas,
verifique alertas de saúde para o país de
destino, consuma alimentos e bebidas
seguros (bem cozinhados, garrafas
seladas, etc.) e conheça os riscos
do turismo médico (viajar para fazer
procedimentos cirúrgicos, por exemplo).
Prestar atenção a mudanças no estado
de saúde Mantenha as vacinas em dia e
fique atento aos sinais de infeções, para
atacar o problema logo no início. Limpe
e desinfete feridas ou cortes até sararem.
166 testesaúde 37
em direto
leitores
Textos
Ricardo Nabais e Filipa Rendo
Quebra
de contrato
dá direito a
reclamação
Depilação
com manchas
Uma cliente da Clínica do Pelo queixa-se de uma
depilação feita com um laser desadequado à sua
pele, que lhe causou queimaduras e manchas,
além de dores nas zonas depiladas: a virilha
e as axilas. A consumidora pondera avançar
com um processo judicial.
G.S., Lisboa
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA DA DECO PROTESTE
Sofia Lima
A consumidora contratou a prestação de um serviço de
natureza estética. E a clínica, ao prestar o serviço em causa,
assumiu o compromisso de eliminar ou reduzir os pelos
da cliente. Contudo, ao provar-se – e é necessário fazer
prova – que a clínica causou queimaduras e manchas na
pele, em princípio, tal representa um incumprimento do
contrato. Ou seja, poderá estar em causa a responsabilidade
da clínica face à conduta praticada, com o consequente direito
de indemnização de G.S.
Caso assim o entenda, a consumidora poderá apresentar
queixa no livro de reclamações, seja no formato físico ou
eletrónico, que será apreciada pela entidade reguladora do
setor. Esta ação não exclui, como é evidente, a possibilidade
de levar o caso a tribunal.
38 testesaúde 166
Fungos
sem
fundo
Uma irritação cutânea
e vermelhidão nas
zonas das virilhas e
dos pés levou um leitor
ao médico. Veredicto
clínico: um fungo.
Poderá este fungo
desenvolver-se ao
mesmo tempo em partes do corpo diferentes?
Como prevenir uma tal propagação?
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA DA DECO PROTESTE
Susana Santos
As infeções fúngicas na pele são muito comuns, e a sua
incidência continua a aumentar. A maioria é causada
por dermatófitos, fungos que necessitam de queratina
para crescerem, o que restringe o seu desenvolvimento
à pele, às unhas e ao cabelo, poupando as mucosas.
As alterações produzidas por estes fungos designam-se
dermatofitoses ou tinhas (tinea, em latim). Classificam-se
segundo a localização: tinea capitis, no couro cabeludo;
tinea pedis, nos pés (o chamado pé-de-atleta); tinea
corporis, no corpo; tinea cruris, nas virilhas; e tinea
unguium, nas unhas. A tinea cruris está frequentemente
associada à tinea pedis, pois o vestuário é contaminado
ao passar pelos pés, entrando depois em contacto com
a região das virilhas. Por isso, é comum que os pés sejam
a fonte primária da infeção.
É importante evitar a exposição prolongada da zona
afetada à humidade, mantendo-a seca. Para prevenir
recaídas, devem ser também tomadas medidas como
o uso de vestuário pouco apertado, a perda de peso e a
lavagem de roupas contaminadas.
Para prevenir o pé-de-atleta, é recomendável a utilização
de chinelos em piscinas e balneários públicos. Os pés
devem ser secos cuidadosamente, evitando o calçado
fechado ou alternando-o a cada dois ou três dias, a fim
de reduzir a humidade. Para impedir a transmissão
da infeção dos pés para outras regiões, como as virilhas,
não use a mesma toalha com que os limpou para secar
outras partes do corpo, e tenha cuidado ao vestir-se.
 TESTE SAÚDE
DECO PROTeste,
Editores, Lda.
Proprietária, Editora
e Redação
Av. Eng.º Arantes
e Oliveira, n.º 13,
1900-221 Lisboa
Conselho de Gerência
António Balhanas,
Armand De Wasch,
Guido Adriaenssens,
Daniel Stons, Ivo Mechels,
Luís Silveira Rodrigues,
Vasco Colaço
Capital Social
Atestado . DECO - Associação

De cartão à porta
Portuguesa para a Defesa
comprova do Consumidor (25%)
. Euroconsumers (75%)
incapacidade Country Manager
e Representante Legal
Mesmo com o cartão europeu de saúde na mão João Ribeiro
e toda a documentação necessária, um cidadão Diretora e Editora
de Publicações
italiano não conseguiu ser atendido no Hospital CUF Cláudia Maia

Atestado
do Montijo. Na receção, pediram-lhe um documento Registo de pessoa coletiva
502 611 529
português ou passaporte, dizendo que o sistema Registo da Editora

em várias
informático não aceitava outra alternativa. É possível 215 705
Registo na ERC 118 048
recusar um serviço a um cidadão do Espaço ISSN 0873-8807

frentes
Comum Europeu com este argumento? Em resposta,
o hospital diz não conseguir identificar o cliente.
Um doente oncológico,
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA DA DECO PROTESTE
Sandra Silva
recém-diagnosticado, pergunta
como pode obter um atestado
multiúso e para que serve
Estamos perante uma unidade hospitalar privada. Mesmo o documento.
assim, dada a natureza do serviço, não pode recusar a sua
prestação. Fazê-lo com o fundamento de que o sistema
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA
informático não aceita o registo do cartão de cidadão
DA DECO PROTESTE
ou de outro documento estrangeiro é ilegal. Magda Canas
Aliás, a lei proíbe claramente “a recusa ou limitação de acesso
aos cuidados de saúde prestados em estabelecimentos
de saúde públicos ou privados”, em razão da origem racial O atestado de incapacidade multiúso
e étnica, da cor, da nacionalidade, da ascendência ou do visa comprovar uma incapacidade,
território de origem. O problema, neste caso, pode limitar-se atribuindo-se um grau em percentagem.
a um defeito informático, mas a CUF deveria ter capacidade Entre as vantagens do atestado,
para o resolver. É inadmissível que uma estrutura hospitalar destacam-se a isenção de taxas
se mostre impotente para dar solução a um problema deste moderadoras no Serviço Nacional de
género e deixe um cidadão europeu sem resposta. Saúde (SNS), benefícios fiscais e apoios
sociais. Mas, para tal, a incapacidade
deve ser igual ou superior a 60 por cento.
No caso dos doentes oncológicos
recém-diagnosticados, é sempre
atribuído um grau mínimo de
incapacidade de 60% pelo período
de cinco anos, sem a necessidade
de submissão a uma junta médica.
O atestado é emitido por um médico
Depósito legal 93633/95
Tiragem 218 000 exemplares
Execução gráfica/
/Distribuição
Capa iStock/Nuno Semedo
Fotografia sem crédito
atribuído em página
Fernando Piçarra/4See,
João Ribeiro e iStock
Impressão Incognit
Calculation - Unipessoal, Lda.
Estrada de São Marcos, 27,
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