Fibromialgia Água micelar Embalagens

Difícil de diagnosticar, é preciso Do teste a 20 desmaquilhantes, Consumidores desconhecem

estar atento aos sinais da doença recomendados custam até 4,50 euros perigos da libertação de químicos

www.deco.proteste.pt | 162 | abril/maio 2023 | bimestral | 11,75 €

Diretora e editora Cláudia Maia

Elixires com flúor

Maioria dos produtos testados são bons. Mas não substituem a escovagem

MAIS CAROS
PORQUÊ?
Governo subiu o preço
dos medicamentos mais
baratos para combater a
rutura de stocks. Solução
não pode ser feita à custa
dos consumidores
 sumário BREVES

04
CHECK UP Jovens estão a
ficar surdos • Menos mortes
por poluição atmosférica
• Alergias • Genética nos
distúrbios obsessivo-
-compulsivos • Mercúrio no

04
peixe • Estilo de vida afeta
memória • Centros auditivos

EM FOCO

162
08
Fibromialgia Como se
diagnostica e possíveis
tratamentos.
abril/maio 2023

11
Doces da Páscoa Atividades
para abater os excessos da
época festiva.

12
CAPA
Preços dos medicamentos
OS NOSSOS VALORES Saiba como se formam e
quanto aumentaram.

12
INDEPENDÊNCIA
A nossa missão exige independência total:

16
financeira, política e ideológica. Os conselhos Qual a dose certa?
e tomadas de posição resultam dos nossos Quantidade diária

24
estudos e análises, livres de qualquer tipo
de pressão. A totalidade das receitas recomendada para os sete
da nossa atividade é reinvestida em prol grupos de alimentos.
dos consumidores.

CREDIBILIDADE

20
A concretização da nossa missão assenta Embalagens Risco de
na credibilidade e no reconhecimento da migração de componentes
qualidade do nosso trabalho. Esta resulta
do profissionalismo das nossas equipas para os alimentos.
e de métodos comprovados, transparentes
e permanentemente reavaliados, baseados

24
Medicação 1151 portugueses
numa ética profissional exigente. identificam principais erros no
PROXIMIDADE uso de medicamentos.
A nossa missão é permanentemente orientada
para a satisfação das necessidades dos

28
consumidores. A sua concretização passa Entrevista Rodrigo Santos,
por interagir com todos os interlocutores – presidente da ACAPO, mostra
consumidores, comunicação social, poderes
políticos, etc. –, respondendo às suas o mundo dos cegos.
solicitações de forma direta, concreta
e adequada.

31
Águas micelares Teste a 20
produtos revela eficácia na
desmaquilhagem.
31
34
CONTACTE-NOS Elixires com flúor Poupe 3,80
Telefone euros com a Escolha Acertada.
218 410 801

Serviço de informações
218 410 858 PERTO DE SI
Cidadãos Surdos

38
LEITORES EM DIRETO
12472 ou Skype
Num computador com câmara, smartphone Acompanhamento de familiar
ou tablet, procure “Serviin-intérprete LGP à justifica falta ao trabalho?
Distância”
• Comprar genéricos de
laboratórios diferentes? •
Assinaturas e encomendas
pela internet Massa fresca insuflada • Aulas
www.deco.proteste.pt/contactos de pilates no IRS.

2 testesaúde 162
 Medicamentos
11
"Ah... está
esgotado!"
Quem não recebeu idêntica resposta nos últimos meses,
Filipa Rendo
pelo menos uma vez, na sequência de um pedido para aviar
Jornalista uma receita, considere-se um privilegiado!
e coordenadora A escassez de medicamentos tem sido amplamente reportada
editorial
nos últimos meses, não só em Portugal, mas na Europa,
em geral. O inverno tornou evidentes ruturas em stocks de
antibióticos, mas também de fármacos mais corriqueiros,
como paracetamol infantil, xaropes para a tosse ou
comprimidos para regular a tensão arterial.
Incompreensível? Não. A falta de matérias-primas, a inflação
16 Num país
galopante em diversos setores, como na energia e na logística,
explicam, em parte, um problema que sempre existiu, mas que

28 de baixos recentemente se agravou. Inaceitável, por isso.

Perante um diagnóstico há muito feito, cabe aos governos, em
salários e geral, e ao nosso, em particular, acautelar soluções, para que
reformas, as populações não fiquem sem resposta, sobretudo quando a
o combate saúde e o bem-estar estão em causa.
A portaria que vem, desde o início de março, rever o preço
à escas- de venda dos medicamentos pretende, de alguma forma,
sez não combater essa escassez. Ao aumentar o custo de todos os
pode fármacos até 15 euros, em que se inclui uma grande fatia dos
mais consumidos por cá, tem como objetivo tornar a produção
basear-se dos medicamentos mais baratos apetecível aos fabricantes.
no aumen- É impossível aferir, para já, se a medida surtirá os efeitos
to dos desejados, pelo que acompanharemos de perto este tema.
Em contrapartida, temos, por certo, a penalização do bolso
preços de dos consumidores. Tomando como exemplo o casal fictício
venda ao do artigo da página 12, esta portaria vem incrementar em
público 2,50 euros a fatura da farmácia, um montante que ganha ainda

34 mais expressão se a ele juntarmos o aumento das restantes

despesas que o casal já está a suportar.
Num país de baixos salários e reformas, o combate à escassez
não pode basear-se na subida dos preços de venda ao público.
São necessários planos criteriosos na gestão de stocks e na
prevenção de interrupções de fornecimento. Também a
indústria tem de ser parte responsável, com o reforço de
stocks e o reporte atempado de falhas. Um problema com
esta dimensão não pode querer ser resolvido às expensas dos
consumidores, sobretudo quando os mais afetados já são, pela
sua situação clínica, também os mais vulneráveis.

Envie-nos os seus comentários editorial@deco.proteste.pt

162 testesaúde 3
Checkup
Infeção
por mpox
MENOS
CASOS
Desde 27 de
Perda de audição janeiro que não
há reporte de

MILHÕES EM RISCO novos casos de

infeção por mpox
em Portugal.
Mais de mil milhões de jovens estarão em risco de surdez,
Foram vacinadas
devido à forma como ouvem música: demasiado alta
2672 pessoas
entre 16 de julho
Um estudo publicado na conceituada revista científica
de 2022 e 20 de
BMJ Global Health estima que cerca de 1,35 mil milhões de
fevereiro deste
jovens em todo o mundo possam estar em risco de perder a
ano. Mas ao nível
audição por “práticas auditivas pouco seguras”. Ouvir música
internacional o
muito alta, tanto através de auscultadores, como em concertos
surto continua
ou discotecas, são os principais fatores na origem deste risco.
ativo, pelo que
O estudo indica que um em cada quatro jovens entre os 12 e
a Organização
os 34 anos está exposto a níveis perigosos de ruído, devido,
Mundial da
nomeadamente, ao volume elevado do som do smartphone,
Saúde mantém
que ouve através de auriculares, e metade devido a eventos,
o caráter de
como concertos. Os autores do estudo definem como “prática
emergência
auditiva pouco segura” uma exposição ao ruído superior
global de saúde
a 80 decibéis durante, pelo menos, 40 horas por semana.
pública.
Os dados do estudo, sublinham, são fundamentais para se
A infeção deve
perceber a urgência de alertar governos, indústria e outros
ser vigiada,
responsáveis, incluindo a sociedade civil, para a importância
prevenida
de medidas preventivas da perda auditiva. A investigação
e tratada
científica já demonstrou, acrescentam os autores, que
sobretudo no
tanto eventos singulares como a exposição repetida a
âmbito da saúde
volumes elevados de ruído podem prejudicar a audição,
sexual, VIH
potencialmente de forma permanente, e que os efeitos desta
e infeções
incapacidade têm grande impacto na vida. A perda de audição
sexualmente
está associada a pior desempenho académico, diminuição
transmissíveis.
da mobilidade económica e problemas de saúde, referem.

4 testesaúde 000
 Poluição atmosférica Faltas até
três dias
MORTES LIGUE
CAÍRAM SNS 24
EM 30 ANOS A partir de abril,
as “baixas
Entre 1990 e 2019, médicas” até três

mortes na Europa dias podem ser

substituídas
diminuíram mais por justificações
de 40 por cento de falta emitidas
pelo serviço
Em três décadas, o total de mortes SNS 24. Os
atribuíveis à poluição atmosférica caiu trabalhadores
42,4% na Europa, destaca a Comissão podem Alergias
apresentar este

Bem-vinda,
Europeia (CE), com base num estudo
da Nature publicado no final de 2021 documento até
e que abrangeu 43 países. Cerca de duas vezes
90% das mortes associadas à poluição por ano. Têm,
devem-se à exposição a partículas
finas em suspensão. Entre 1990 e 2019,
verificou-se uma redução de 33,7% da
exposição a estas partículas na Europa.
portanto, até seis
dias de faltas
anuais cobertos.
A justificação é
primavera!
emitida mediante
No total, o número de mortes baixou
de 639 052, em 1990, para 368 006, a autodeclaração Pólenes, ácaros, pó... como
em 2019. Em proporção, a poluição de doença do enfrentar a estação do atchim
atmosférica também é responsável por trabalhador,
menos óbitos: deixou de ser a causa sob o seu É longa a lista do que pode provocar uma reação
de 6,3% de todas as mortes na Europa compromisso de excessiva do sistema imunitário. Pólenes, ácaros,
para 3,5%, no mesmo período. A CE honra. Tal como fungos, pó, picadas de insetos, cosméticos, alimentos e
sublinha os progressos alcançados nos acontece com medicamentos: todos podem desencadear uma reação
últimos 30 anos, mas lembra que, em as “baixas alérgica. A primavera é, para muitos, a estação em que
2019, três quartos dos países europeus médicas” até três os sintomas surgem com mais frequência e intensidade.
ainda apresentavam níveis de partículas dias, as faltas Quem tem predisposição para tal e familiares alérgicos
finas superiores aos definidos pela justificadas com enfrenta um risco maior. Um teste cutâneo ou uma
Organização Mundial da Saúde. a declaração análise ao sangue podem identificar a alergia.
do SNS 24 não Os sintomas dependem, sobretudo, da causa da
dão direito ao alergia, da substância que a provoca e da idade da
pagamento pessoa, e incluem, genericamente, olhos inflamados
de subsídio e lacrimejantes, corrimento nasal ou nariz entupido,
de doença. erupções cutâneas – muitas vezes, avermelhadas e
com prurido –, falta de ar, fadiga, debilidade e dores
de cabeça. Para os alérgicos aos pólenes, a previsão
polínica da Sociedade Portuguesa de Alergologia e
Imunologia Clínica pode ajudar a prevenir os espirros.
O mapa nacional interativo, em www.rpaerobiologia.
com, indica a concentração de pólen no ar, diariamente
e em cada região. Para saber mais sobre alergias, como
preveni-las e tratá-las, veja os conselhos da DECO
PROTESTE em www.deco.proteste.pt/saude/doencas.

162 testesaúde 5

Perturbação
obsessivo-compulsiva
TRANSMISSÃO
GENÉTICA?
Qual a influência dos
progenitores na perturbação
obsessivo-compulsiva dos
filhos? Estudo sueco aponta
para transmissão genética
Uma equipa de investigadores
suecos, intrigada com o pouco que
se sabe sobre a transmissão da
perturbação obsessivo-compulsiva
entre gerações, partiu para uma
investigação com uma dupla pergunta
em mente. Qual a influência dos pais na
transmissão desta doença psiquiátrica
aos filhos, e se há alguma associação
familiar com as perturbações da
ansiedade? E os resultados apontam
para que a causa seja genética, mais
do que influência dos comportamentos
no desenvolvimento da perturbação.
Verificou-se que há uma correlação
genética moderada entre a perturbação
obsessivo-compulsiva e as perturbações
da ansiedade, correlação que é mais
forte quando se trata da perturbação
de ansiedade generalizada. Em suma:
a perturbação obsessivo-compulsiva
nos filhos terá como origem fatores
genéticos, e esse fator hereditário
está relacionado com o risco genético
associado a outras perturbações
da ansiedade.
6 testesaúde 162
Excesso de mercúrio
Peixes a ter
em atenção
A DECO PROTESTE encontrou níveis elevados de
mercúrio no cação e no espadarte. Mas a maioria
dos produtos de pesca e aquicultura são seguros
Num estudo internacional que envolveu Portugal, Bélgica,
Espanha e Itália, a DECO PROTESTE descobriu níveis de
mercúrio especialmente elevados em cinco espécies de peixe
no nosso país. O cação e o espadarte apresentaram os níveis
mais elevados. Mas não é de estranhar que assim seja, já que
são espécies que se encontram no topo da cadeia alimentar,
em que é habitual haver maiores concentrações de mercúrio.
O conselho, portanto, é para que sejam consumidos com
parcimónia. A sardinha e o carapau, peixes mais pequenos,
acusaram níveis baixos de mercúrio e podem, por isso, ser
ingeridos diariamente sem riscos para a saúde. O peixe de
aquicultura também exibe níveis muito reduzidos de mercúrio,
devido, em parte, ao controlo das rações.
A ingestão semanal tolerável de metilmercúrio (MeHg) –
a forma mais tóxica deste metal pesado – estabelecida
pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos
corresponde a 1,3 microgramas de MeHg por quilo de peso
corporal. Cerca de 90% do mercúrio total está nesta forma.
Sendo que uma dose de peixe tem cerca de 156 gramas, um
indivíduo de 70 quilos que consuma cação de dois em dois
meses, ou espadarte uma vez por mês, arrisca-se a ultrapassar
a ingestão semanal tolerável de metilmercúrio. Para estas
contas, a DECO PROTESTE usou as amostras que revelaram
níveis mais elevados de mercúrio nos testes em laboratório.
Não devem ser ultrapassadas seis doses de cação por
ano, 13 de espadarte, 24 de cherne, 28 de cantarilho e 31
de tintureira. O mercúrio é tóxico para o ser humano. Nocivo
para o sistema nervoso, o cérebro é o órgão mais afetado.
 Centros auditivos
TESTE
SAÚDE
ERROU
Ao contrário do que escrevemos na
última edição da TESTE SAÚDE,
no artigo sobre centros auditivos,
a Acústica Médica tinha um
audiologista a fazer os exames de
diagnóstico na altura da nossa visita.
No quadro da página 18 da edição
n.º 161, que resume os resultados

Alimentar
do estudo, trocámos a informação
deste centro auditivo com a da
Bela Acústica. Ou seja: na Acústica
Médica, o diagnóstico esteve a

a memória
cargo de um audiologista e, na Bela
Acústica, de um audioprotesista.
Dispositi- Pelo lapso, pedimos desculpa
vos sem aos leitores e aos centros visados.
finalidade Lembramos que, segundo a
médica Seguir uma alimentação saudável, exercitar o cérebro lei, o diagnóstico de problemas
e praticar atividade física são medidas que retardam auditivos só pode ser feito por
NOVAS o declínio da memória associado ao envelhecimento otorrinolaringologistas e técnicos
REGRAS Um estilo de vida equilibrado ajuda a manter a memória.
de audiologia. Os audioprotesistas,
diz a Entidade Reguladora da
A conclusão é de um estudo realizado na China, e publicado Saúde, “apenas podem intervir
Lentes
no British Medical Journal, com mais de 29 mil participantes. após a fase final do diagnóstico,
de contacto
No início da investigação, todos tinham mais de 60 anos e uma realizado por um profissional de
coloridas,
atividade cognitiva normal. Mediu-se-lhes a memória, através saúde devidamente habilitado para
aparelhos para
de testes específicos, registaram-se-lhes os hábitos de vida e o efeito, e apenas para a aplicação
lipoaspiração e
verificou-se-lhes a presença do gene APOE4, o principal fator dos aparelhos auditivos e sua
depilação a laser
de risco para a doença de Alzheimer. Dez anos depois, e programação, com vista ao correto
ou a luz pulsada,
terminado o estudo, os investigadores concluíram que funcionamento”.
ou equipamentos
a combinação de comportamentos saudáveis – como a A DECO PROTESTE avaliou a
a laser para
alimentação equilibrada, a prática de atividades cognitivas e qualidade do atendimento e da
remover
de exercício físico, a interação social e a abstinência de tabaco informação, segundo a metodologia
tatuagens, entre
e bebidas alcoólicas – permite retardar a perda de memória. do “cliente mistério”, que consiste
outros, passam
A dieta é o fator que mais influência parece ter na prevenção em visitas anónimas, por
a estar sujeitos
do declínio, seguindo-se as atividades cognitivas, como colaboradores formados. No caso, a
ao Regulamento
ler, escrever e fazer jogos, e o exercício físico. Os resultados pessoa tinha problemas de audição,
Europeu dos
revelam ainda que o desvanecimento da memória foi mais usava um aparelho, mas estava a
Dispositivos
rápido nos portadores do gene APOE4, mas, entre estes, os ouvir cada vez menos, pelo que
Médicos a partir
que tinham comportamentos mais saudáveis mantiveram procurava uma solução. Para isso,
de junho.
a faculdade durante mais tempo. Há ainda a registar visitou 17 centros auditivos. Com a
O objetivo é
que as pessoas que tinham quatro a seis hábitos saudáveis exceção do lapso referido, todas as
aumentar o perfil
apresentavam quase 90% menos de probabilidades conclusões do estudo se mantêm.
de segurança.
de desenvolverem demência do que as restantes.

162 testesaúde 7
 fibromialgia
a doença invisível
A fibromialgia é uma síndrome de difícil diagnóstico, porque análises clínicas e exames não
são suficientes para a identificar. E, enquanto não existir tratamento específico, o segredo
está em aprender a gerir uma dor que, tal como o amor camoniano, arde sem se ver
Fátima Ramos

A
os 40 anos, Ricardo Fonseca
não se lembra “de ter um único
momento sem dor”. Em criança,
julgava‑se que era por ter brincado
muito - até porque, naquela altura,
a fibromialgia era uma perfeita
desconhecida e, ainda hoje, raramente
surge em crianças antes dos nove anos.
Na adolescência, a justificação passou
a ser “dores de crescimento”, porque
os resultados dos sucessivos meios
complementares de diagnóstico e
terapêutica teimavam em não revelar
qualquer alteração. Mais tarde, já
na faculdade, chegou a ter ataques
de pânico, com receio do contacto
com outras pessoas. “A dor era tanta,
que um simples toque era extremamente
doloroso”, recorda Ricardo Fonseca.
Depois de muitos anos a tomar
analgésicos e anti‑inflamatórios,
e de múltiplas análises e exames
inconclusivos, decidiu recorrer a
um reumatologista. Por essa altura,
em 2006, já era enfermeiro, uma
profissão desgastante, mas pela qual
optou por vocação, talvez porque
desde pequeno estava familiarizado
com o setor da saúde.
Poucos anos antes, em 2003, Portugal
tinha reconhecido a fibromialgia
como uma afeção a considerar,
por exemplo, para efeitos de certificação
de incapacidade temporária (vulgo
“baixa”). A Organização Mundial da
Saúde já a considerava como doença
do foro reumático desde 1992.
Uma invisibilidade dolorosa
Uma dor constante e generalizada ao
nível dos músculos e dos tecidos moles
(tendões e ligamentos) que rodeiam
as articulações é o principal sintoma
da fibromialgia. Esta dor, geralmente,
afeta muitos pontos dos dois lados do
corpo. E, mesmo que, de início, possa
ser localizada (por exemplo, no pescoço
ou nos ombros), a sensação dolorosa

8 testesaúde 162

expande‑se rapidamente, sendo comum
os doentes referirem que lhes “dói tudo”
ou que têm dor “da cabeça aos pés”,
como acontece com Ricardo Fonseca.
A dor de quem sofre de fibromialgia
não tem origem numa inflamação das
articulações, como a artrite reumatoide,
nem em cartilagens deterioradas, como
a osteoartrite. É outra coisa, mas não se
sabe exatamente o quê, porque ainda
não foi possível esclarecer as suas causas
por completo.
Esta sensação dolorosa é descrita como
uma tensão e, até, rigidez - sobretudo
ao acordar ou após longos períodos de
inatividade. Vinte a 30% dos doentes
relatam dormência, “formigueiro” ou
sensação de queimadura (parestesia)
em ambos os braços e pernas, na cabeça
e no tronco - é comum dizerem que é
como se sentissem “alfinetes e agulhas”.
O segundo sintoma mais presente
é a fadiga, descrita como uma
sensação de cansaço ou exaustão, algo
semelhante a uma gripe ou à covid‑19,
mas persistente ao longo de meses
ou anos. Esta fadiga pode ser física,
mental ou ter ambas as formas. Pode
ocorrer em qualquer momento do dia e
intensificar‑se com pequenos esforços.
Em geral, os doentes não têm um
sono reparador, mesmo que a sua
qualidade e a sua duração sejam
normais. Acordam frequentemente
durante a noite - “muitas vezes, à
procura de posição para minimizar a
dor”, como explica Ricardo Fonseca
- e relatam dificuldade em voltar a
dormir, o que contribui para o cansaço.
Há a acrescentar sintomas, que podem
ir da dor de cabeça à hipersensibilidade
à luz (ver caixa na página 10).
A fibromialgia é acompanhada
maioritariamente por reumatologistas,
mas também podem ser médicos
de outras especialidades a liderar
o processo, devido à diversidade
de sintomas. Mais: os especialistas
suspeitam, agora, de que esta síndrome
tenha implicações neurológicas.
Ou seja, pode ser resultante de
alterações nos sistemas nervoso
central e periférico, que perturbam
Limitações
diárias
FIBROMIALGIA
Dez a 30% dos
doentes não
conseguem
trabalhar, devido
à gravidade dos
a forma como o organismo processa sintomas.
a dor.
Dificuldade de diagnóstico
Ricardo Fonseca foi diagnosticado com
fibromialgia em 2014, “depois de muitos
anos sem saber o que tinha” e de passar
por vários médicos.
A doença não provoca nenhuma
10 661
alteração nos parâmetros verificados
por análises laboratoriais ou em exames
imagiológicos, como raio‑X e TAC, nem
existem biomarcadores específicos
para avaliar a gravidade e a evolução.
Na ausência de dados objetivos, o
diagnóstico e o acompanhamento
portugueses
são puramente clínicos, baseados entrevistados
nos sintomas relatados pelo paciente.
NO EPIREUMA, O MAIOR ESTUDO
Antes do veredicto, o médico deverá
NACIONAL SOBRE DOENÇAS
excluir patologias com sintomas
REUMÁTICAS (2011‑2013)
semelhantes, como é o caso de outras
doenças reumáticas, alterações
imunológicas e lesões musculares.
1,7%
Um longo caminho
até ao conhecimento
Apesar de clinicamente reconhecida
como doença crónica - encontra‑se
no grupo de patologias responsáveis PREVALÊNCIA GERAL DA FIBROMIALGIA
pela dor crónica -, a fibromialgia NA POPULAÇÃO PORTUGUESA
ainda impõe dificuldades a quem
dela sofre. Para Ricardo Fonseca, ser
doente no masculino é ainda mais
penalizador, uma vez que a patologia
3,1%
está associada a mulheres (no geral, a
partir dos 40 anos). E “o homem ainda
é visto como um ser forte, que não cede,
nem demonstra sofrimento”, lamenta.
Ricardo chegou a ouvir dizer que “tinha
PREVALÊNCIA DA DOENÇA
a doença das mulheres que não querem
EM MULHERES. NOS HOMENS,
fazer nada”.
É DE APENAS 0,1%
Defensor da aceitação da doença,
em vez da vitimização, o entrevistado e
atual presidente da Myos - Associação
Nacional contra a Fibromialgia e
3,7%
Síndrome de Fadiga Crónica recorda
que “a tabela de incapacidades não
está adaptada às limitações resultantes
da fibromialgia”, não sendo atribuídas
aposentações de invalidez por esta
doença. Lembra também que a TAXA DE PREVALÊNCIA NA REGIÃO
maioria das entidades patronais AUTÓNOMA DA MADEIRA, A MAIS
não são suficientemente sensíveis > ELEVADA DO PAÍS
162 testesaúde 9
 Doença
crónica
AVALIAÇÃO
A fibromialgia
é difícil de
diagnosticar e
ainda não tem
um tratamento
específico.
Os sinais
da fibromialgia
Dor constante e generalizada
por mais de três meses é o principal fator
de diagnóstico, seguido do cansaço
físico e mental e de distúrbios de sono
(insónia, despertares noturnos e sono
não reparador).
Rigidez matinal, sobretudo nos
músculos das pernas, com uma duração
não superior a uma hora, é também
frequente.
Sintomas psicológicos, como estados
de angústia generalizada que resultam em
ansiedade e depressão. Nestas pessoas,
o stresse mental, assim como o físico,
está associado ao agravamento da dor.
Outros sintomas. São comuns as dores
de cabeça e a enxaqueca, além de
problemas cognitivos, como dificuldade
de concentração, pensamento confuso
e défice de memória. Há também quem
refira dor abdominal, síndrome do
intestino irritável, hipersensibilidade
à luz ou aos sons, dores menstruais,
problemas digestivos ou visão turva.
10 testesaúde 162
>
para o problema, de modo a adaptarem
os contextos laborais às necessidades
destas pessoas.
Apesar de reconhecer a crescente
sensibilização para a fibromialgia,
divulgada a partir do caso da jornalista
Maria Elisa Domingues e, mais
recentemente, da cantora Lady Gaga
e de Sónia Tavares, vocalista da banda
The Gift, o enfermeiro diz que ainda há
quem associe estes doentes a pessoas
preguiçosas, por exemplo, devido
a baixas médicas sucessivas.
A aceitação e o tratamento
possível
Não obstante os esforços, até ao
momento, não foi encontrada uma
cura para a doença, nem identificadas
causas inequívocas. Os tratamentos
disponíveis visam reduzir a intensidade
dos sintomas, que, embora comuns
a muitos doentes, se manifestam de
forma diferente ao longo do tempo e
da realidade de cada um. Os sintomas
podem “flutuar”, e os pacientes podem
viver períodos com mais ou menos
dor e fadiga, mas as queixas nunca
desaparecem. Por isso, a terapia
é ajustada a cada pessoa e a cada
momento da doença.
Os medicamentos utilizados nestas
situações atuam sobre o sistema nervoso
central, controlando a disponibilidade
de neurotransmissores específicos e a
atividade dos neurónios, com o objetivo
de reduzir a dor. É importante que os
doentes cumpram as indicações do
médico em relação ao tratamento e
sejam acompanhados em consultas com
regularidade, para eventuais retificações.
Importa ainda que adotem hábitos
saudáveis, como uma alimentação
equilibrada, perder peso (se necessário)
e praticar exercício físico moderado,
como caminhadas, cuja intensidade
deve ser adaptada a cada caso.
Para contornar, de alguma forma,
os problemas de sono, convém
deitar‑se sensivelmente à mesma hora
todos os dias, num ambiente calmo,
e afastar‑se de situações de tensão
ou stresse. Evitar bebidas com cafeína,
durante a tarde, e refeições pesadas,
à noite, são medidas que também
podem ajudar.
Aprender a gerir a fibromialgia é o
principal trunfo dos doentes. No caso
de Ricardo Fonseca, “a vida continua”,
mas com algumas mudanças. Em vez
de trabalhar num hospital da área
metropolitana de Lisboa, onde viveu de
muito perto a pandemia de covid‑19, é
enfermeiro num lar de idosos. Mudou‑se
para uma pequena cidade do Oeste,
e está sujeito a menos stresse e menos
exposto à poluição, além de contar
com o apoio de familiares.
Mas a mudança também pode passar
por ignorar “um colega de quem
não se gosta”, “acordar 30 minutos
mais cedo” para fazer tudo mais
devagar, ou “colocar o que é preciso
em prateleiras mais altas”, para mais
bem lidar com a rigidez matinal. E,
se tem “dias relativamente fáceis”,
em que consegue caminhar durante
cinco quilómetros, outros há que não
consegue sair da cama. Em qualquer
caso, é importante ser resiliente.
Também as associações de doentes
podem fazer a diferença. Além da
Myos, existe a Associação Portuguesa
de Jovens com Fibromialgia e, ao nível
regional, a Associação Barcelense de
Fibromialgia e Doenças Crónicas e a
União de Doentes Fibromiálgicos de
Viseu. Todas prestam apoio presencial,
telefónico ou por e‑mail. Disponibilizam
ajuda de serviço social e psicossocial
e permitem o acesso a consultas de
psicologia cognitivo‑comportamental a
preços mais reduzidos. As associações
promovem ainda reuniões em que os
doentes e os seus familiares podem
partilhar experiências de gestão da
doença, de modo a evitar o isolamento.
A quem não sofre desta síndrome,
Ricardo Fonseca deixa uma mensagem:
“Não julguem os doentes pelas
aparências, porque há quem esteja
em sofrimento, mas tenha bom aspeto.
Isso é porque a pessoa conseguiu
reconciliar‑se com a doença.”
Dossiê técnico Ana Ventura
 Amêndoas
CHOCOLATE
DE LEITE

Doces de Páscoa
Seis equivalem a
174 quilocalorias.
Livre-se delas com
uma caminhada
de 42 minutos.

Um dia não são dias. E como nem só de ginásio vive a queima calórica,
propomos um conjunto de atividades para abater os excessos da quadra festiva
Texto Filipa Rendo e Deonilde Lourenço • Dossiê técnico Sofia Mendonça

Folar com ovo Arroz-doce

225 kcal por fatia 140 kcal por dose

29 minutos a 65 minutos 18 minutos a 40 minutos

andar de bicicleta a aspirar andar de bicicleta a aspirar

54 minutos 72 minutos a 34 minutos 45 minutos a

a caminhar passear o cão a caminhar passear o cão

Aletria Pão de ló cremoso

382 kcal por dose 221 kcal por fatia

49 minutos a 110 minutos 28 minutos a 64 minutos

andar de bicicleta a aspirar andar de bicicleta a aspirar

91 minutos 121 minutos 53 minutos 70 minutos a

a caminhar a passear o cão a caminhar passear o cão

162 testesaúde 11
 preço dos medicamentos

para onde vai?

O aumento dos custos e a escassez chegaram e instalaram‑se na saúde dos portugueses.
Alguns medicamentos estão mais caros. A DECO PROTESTE explica o que determina o preço de um
medicamento e exige medidas do Governo para evitar que a rutura de stocks penalize os portugueses
Ricardo Nabais e Filipa Rendo

Total
ANTES DE
1 DE MARÇO

Maria, 78 €
77 anos

Total
Manuel, DEPOIS DE
84 anos 1 DE MARÇO
80,5 €
LISTA DE COMPRAS NA FARMÁCIA*
Medicamento Antes Agora Medicamento Antes Agora
Calcitab D 3,98 € 4,17 € Rantudil 10,61 € 10,61 € **
Cartia 5,41 € 5,68 € Metformina Generis 1000 mg 1,58 € 1,79 €
Pantoprazol Bluepharma 20 mg 5,48 € 5,92 € Sertralina Bluepharma 50 mg 5,24 € 5,66 €
Beta‑histina Pentafarma 24 mg 3,66 € 3,92 € Synjardy 4,61 € 4,61 € **
Clopidogrel Tecnigen 75 mg 1,71 € 2,22 €
Enalapril + Lercanidipina
6,61 € 6,84 €
Generis 10 mg + 10 mg
Crestor 10 mg 29,05 € 29,05 € **

TOTAL 18,53 € 19,69 € TOTAL 59,41 € 60,78 €

* Preços após comparticipação. ** Aguardava atualização até ao fecho desta edição.

12 testesaúde 162
 Reformas
baixas

"M
anuel, não te esqueças do
comprimido dos diabretes...”
Todos os dias, Maria tem
de lembrar o marido para tomar um
dos sete medicamentos que o médico
prescreveu. Neste caso, recorda‑lhe,
com humor, a hora da metformina,
deturpando o nome da doença a que se
destinam estes comprimidos: a diabetes.
Manuel, por sua vez, tem uma resposta
ritual e convicta, sempre a par da sua
memória: “Sim, já os tomei.” E lá vem
Maria, novamente, com zelo, olhar
para a caixa com cores diferentes, que
guarda os medicamentos do marido,
para conferir. Ele lembrou-se...
Todos os dias, a cena repete‑se.
O casal fictício, Maria, de 77 anos,
e Manuel, de 84, faz parte de um
imenso grupo de portugueses que são
polimedicados. Ou seja, têm de tomar
diversos medicamentos por dia, para
manterem algum equilíbrio na saúde
e na qualidade de vida. São, por isso,
um alvo particularmente sensível ao
aumento do preço dos medicamentos.
que tem assolado o mercado - não só o
português, como também o europeu...
O Governo, entretanto, publicou MÉDIA
DE 485 EUROS
a portaria anual para a atualização dos
preços dos medicamentos. Todos os que O preço dos
medicamentos
tenham um preço de venda ao público pode ser um
(PVP) máximo inferior a 10 euros são fardo para muitos
aumentados em 5%, face ao valor que portugueses.
vigorava até março. Os medicamentos
de marca já foram atualizados. Para
genéricos, a atualização ocorre em abril.
No patamar seguinte, todos os
medicamentos com PVP máximo entre
os 10 e os 15 euros são aumentados
em 2 por cento. A comparação, mais
uma vez, é com o PVP máximo em
O preço dos
vigor até março, ou abril. Quando medicamentos
os medicamentos ultrapassam os
15 euros, a oscilação dos preços é genéricos
variável, estabelecidos por comparação
com a média de quatro países
é atualizado
de referência: Espanha, França, > a 1 de abril

Como se forma
Em 2022, os consumidores sentiram
nos bolsos um disparo na despesa de
7,5 por cento. Se olharmos para a figura
da página anterior, que representa
o casal imaginário, verificamos que
o preço?
está previsto, com a implementação
da portaria, um aumento de 2,5 euros
IVA
na totalidade dos medicamentos Taxas de
que têm de comprar habitualmente,
0,80 € comercialização
já descontando a comparticipação.
Não parece muito, mas pesa 0,05 €
no orçamento.
Margem do
armazenista
Reformas sem remédio Margem das
Mais importante ainda, por menor 0,92 € farmácias
que um aumento pareça, o ponto de
partida para o enfrentar é escasso. média dos
2,33 €
Basta pensarmos que a média das quatro países
reformas, em Portugal, é de 485 de referência
euros, para perceber que uma fatia
considerável destes rendimentos irá
10 €
para medicamentos. E as reformas
não têm remédio... as atualizações
raramente acompanham a progressão PVP 14,10 €
do custo de vida.
Há ainda que somar a este cenário
* Espanha, França, Itália e Eslovénia.
o da escassez de medicamentos,

162 testesaúde 13
 Ruturas
de stocks
DECO
PROTESTE
REIVINDICA
Medidas claras
e eficazes para
conter a escassez >
de medicamentos. Itália e Eslovénia. Neste caso, e sempre Um medicamento com PVP de 14,10
que o preço esteja acima da média, euros resultou da média do custo
ocorrerá uma redução de até 5 por deste fármaco nos tais quatro países
cento. Há exemplos simples. Um vulgar de referência (de 10 euros), ao qual
paracetamol, bastante consumido se juntam 0,92 euros de margem do
pelos portugueses, como o Ben‑u‑ron, armazenista, 2,33 euros de margem
custava 2,17 euros e vai passar a exigir das farmácias, 5 cêntimos de taxas de
2,30 euros aos bolsos dos consumidores. comercialização e 0,80 euros de IVA.
Estes preços são considerados já com Está completa a posologia de quanto vai
a comparticipação do Estado. E os custar o fármaco ao consumidor.
O aumento de medicamentos não comparticipados? Voltemos, um instante, à situação de

despesa com
O Concor IC 2,5 custava 3,88 euros
e agora tem um preço de 4,07 euros.
medicamentos O nascimento de um preço
para os utentes É complexo explicar, no sem‑número de
Maria e Manuel. Apesar do aumento
generalizado das caixinhas de
medicamentos do casal, é possível
poupar, ao substituir alguns de marca
por genéricos; e os genéricos por outros

foi de 7,5%
categorias existentes de medicamentos,
como se forma um preço. Há uma série
em 2022 de variáveis a ter em conta. Vejamos,
de maneira simples, com um exemplo.
mais baratos.
As poupanças possíveis
Maria e Manuel poderão reduzir o
impacto. Desde 1 de março, Maria pode
passar a usar o Ácido Acetilsalicílico
Mylan (2,49 euros), em vez do Cartia,
que custa mais de 5 euros, para prevenir

Como estão a ser

o risco de enfarte. Se passar a usar o
Pantoprazol Ciclum, em detrimento

revistos os preços?
do Bluepharma, poupará quase 5 euros.
A beta‑histina em forma de genérico,
mas de outro laboratório, também
São três os intervalos considerados para a revisão permite aliviar as finanças em quase
do valor dos medicamentos 3 euros. Resultado: uma poupança total
de quase 8 euros.
Para Manuel, a margem da diminuição
PREÇO DO
de custos é maior, tendo em conta o
MEDICAMENTO SUBIDA
arsenal de medicamentos com que

até 10 € 5%
se debate todos os dias. Os fármacos
consistem num antiagregrante
plaquetário (para profilaxia do reenfarte)
e outros para combater a osteoartrose,
a diabetes, a hipertensão e o colesterol.

de 10 €
Poderia substituir cinco de sete desses

2%
fármacos para poupar quase 35 euros
por mês. No caso da metformina,

a 15 €
por exemplo, utilizada no combate à
diabetes do tipo 2, se escolhesse a versão
dos laboratórios Azevedos, pagaria
7 cêntimos. A opção pela sertralina

acima Bluefish vale uma poupança de mais de

3 euros. Já o enalapril com lercanidipina
variável
de 15 €
da Farmoz custaria menos 5 euros do
que a opção atual. Já a diferença entre
a rosuvastatina Aristo e a Crestor está
em pagar 4,56 euros ou 29,05 euros...

14 testesaúde 162
Desculpe, estão esgotados
Na Europa,
A maioria dos medicamentos atingidos
O casal pode ter de enfrentar outro por esta razia não se encontra no grupo
problema ainda, se é que não passou
já por ele: a escassez de alguns
daqueles de que o casal Maria e Manuel
necessitam. Em todo o caso, não estão
durante o
medicamentos. Três quartos dos livres de surpresas desagradáveis na inverno, os
antibióticos foram
países da União Europeia sofreram farmácia. Na Europa, durante o inverno,
com a falta de alguns fármacos este os antibióticos lideraram o ranking
inverno. Alguns até reportaram mortes
eventualmente ocorridas por causa da
da escassez, que inclui ainda xaropes
para a tosse, paracetamol destinado
os medicamentos
escassez. E há números que assustam:
na Áustria, as autoridades de saúde
a crianças e fármacos para controlar
a pressão arterial.
que mais faltaram
deram conta da falta de 600 fármacos, Várias razões se conjugam para o
enquanto, na Alemanha, foram 408... surgimento desta conjuntura, entre as
quais épocas de gripes e de problemas
respiratórios que começaram mais

Medidas
cedo, com os desconfinamentos
pós‑covid. Mas também os efeitos da
guerra na Ucrânia se têm feito sentir, contra a rutura
Novos preços com a inflação e a crise energética,
de dez medicamentos que têm afetado a oferta. A DECO PROTESTE exige melhorias
na gestão de medicamentos e reporte
A conta não pode ser de falhas.
paga pelos consumidores
Comparticipação

1
A DECO PROTESTE exige medidas
Preço atual (€)
Preço anterior

A indústria farmacêutica deve

Medicamento

para contrariar as ruturas de stocks de manter stocks de segurança

a março (€)

medicamentos (veja a caixa ao lado). adequados e definir planos de

Portugal define todos os meses uma lista prevenção, partilhando‑os com as
(%)

de medicamentos cuja exportação está autoridades de saúde.

proibida temporariamente. Além disso,

2
Ben‑u‑ron Comp
2,79 2,92 37 a tónica do combate à escassez está no Os fabricantes devem respeitar
1000 mg 18
aumento do preço dos medicamentos. as notificações das autoridades
Tromalyt Cáps Lib
2,58 2,70 69 Mas não podem ser os consumidores e os respetivos prazos. E devem
Mod 150 mg  28
a compensar as falhas. Até porque reportar falhas rapidamente, com total
Lasix Comp muitos dependem de alguns fármacos transparência.
4,82 5,06 69
40 mg 60
para sobreviverem e para a promoção

3
Concor Comp do seu bem‑estar. Trata-se de uma Farmácias e hospitais devem ter
4,82 5,06 69
Revest 5 mg 28 a capacidade de constituir stocks
sobrecarga para as famílias com mais
Zolpidem vulnerabilidade económica e saúde em larga escala para prevenir
Aurovitas (MG) mais débil. situações de escassez.
3,19 3,34 37
Comp Revest
Por isso, a DECO PROTESTE defende

4
10 mg 20
que o combate à escassez se faça Os farmacêuticos devem, em
Paracetamol com rigorosos planos de gestão de caso de rutura, preparar e adaptar
Pharmakern (MG) 2,41 2,53 37
stocks e prevenção de interrupções medicamentos destinados a
Comp 1000 mg 18
nos fornecimentos. A indústria deve adultos para serem administrados
Paracetamol a crianças.
ser obrigada a reforçar os seus stocks
Generis (MG) 2,34 2,45 37
de segurança e a antecipar o reporte

5
Comp 1000 mg 18
das falhas. E o poder político deve ter A Agência Europeia de
Concor IC Comp Medicamentos e as autoridades
3,88 4,07 0 total transparência a comunicar falhas
Revest 2,5 mg 30
nos stocks. A conta não pode ser paga nacionais devem cooperar no
Brufen Comp combate à escassez de antibióticos,
4,75 4,98 37 com a saúde dos consumidores...
Revest 600 mg 20
que está a afetar vários países em toda
Zilpen Comp Dossiê técnico Susana Santos a Europa.
7,89 8,28 37
75mg + 650 mg 20
e Teresa Rodrigues

162 testesaúde 15
 Ementa
variada e
equilibrada
RODA DOS
ALIMENTOS
Como combinar
os alimentos e
planear o cardápio
em dproteste.pt/
roda-alimentos.

qual a dose?
3 a 5 porções de hortícolas por dia
Descubra as doses certas de cada grupo alimentar, para assegurar uma dieta saudável,
e privilegie produtos de origem vegetal, como cereais, fruta e legumes,
em detrimento dos de origem animal
Cécile Rodrigues e Filipa Rendo

A
roda dos alimentos, que revela,
de forma simplificada, como
seguir uma alimentação saudável
e equilibrada, é válida para toda a
população. Inclui os sete grupos de
alimentos ilustrados na página ao lado,
que devemos ingerir diariamente,
nas devidas proporções, para garantir
todos os nutrientes indispensáveis ao
organismo. Cada grupo alimentar tem
características nutricionais próprias,
pelo que não se deve excluir nenhum
da ementa diária, nem por quem esteja
a seguir uma dieta de emagrecimento.
A roda dos alimentos destaca, ainda, o
número de porções diárias por grupo de
alimentos. Mas sabe a que corresponde
uma porção? E qual a importância de
cada grupo alimentar?
Cereais e tubérculos são a base
da alimentação
Nos cereais e derivados e tubérculos,
incluem-se o arroz, a massa, o pão ou as
batatas, mas também a broa e os cereais
de pequeno-almoço, por exemplo.
São alimentos essenciais por fornecerem
energia na forma de hidratos de carbono
complexos. Dê preferência às versões
integrais, pois garantem maiores
quantidades de fibras alimentares,
vitaminas do grupo B e minerais, como
magnésio e ferro.
No caso da batata, porque não
substituir, por vezes, a tradicional
por batata-doce? Ambas têm cerca

16 testesaúde 162
 À roda com
os alimentos
Uma alimentação saudável passa por conjugar
diariamente todos os grupos de alimentos
Cereais,
de 90 quilocalorias (kcal) por 100
nas doses indicadas
gramas, quando cozidas. Contudo, a
batata-doce é rica em vitamina A e C,
cálcio e fibra, e apresenta um índice
fruta e
glicémico mais baixo (a subida do hortí-
Porções diárias
colas
açúcar é mais lenta), o que constitui
uma vantagem para quem faz dieta. Já
a batata comum fornece mais potássio
e vitaminas do complexo B, e contém
devem 4 a 11 3a5 3a5 2a3
mais proteína e menos sódio (sal). fornecer porções porções porções porções
Conclusão: ambas são uma boa fonte
de hidratos de carbono e nutrientes e cerca de
têm lugar numa alimentação variada.
Prefira consumi-las cozidas (mantêm
70% do Cereais e derivados Hortícolas Fruta Laticínios
as calorias) ou estufadas com um fio de peso da e tubérculos

azeite. Se as fritar, o valor calórico mais

do que duplica. nossa 1,5 a 4,5
porções
1a2
porções
1 a 3 1,5 a 3
porções
Se até há uns anos os acompanhamentos
dos pratos dos portugueses se resumiam
alimen- litros

quase exclusivamente ao arroz, à batata tação

ou à massa, temos hoje à disposição um
leque cada vez maior de opções menos diária Pescado, carnes
e ovos
Leguminosas Gorduras
e óleos
Água
tradicionais.
Ouse variar o leque de
O número de porções varia em função da idade e do nível de
acompanhamentos, servindo à família atividade: o limite inferior destina-se a crianças entre um e três
bulgur, cuscuz, milho-painço e teff, anos, e o superior, a homens ativos e rapazes adolescentes.
por exemplo. Além de quebrarem a A restante população deve orientar-se pelos valores intermédios.
monotonia dos pratos, são saudáveis e
repletos de nutrientes.
Particularmente ricos em proteínas,
quando comparados com o arroz e a Os 7 grupos de alimentos
batata, a quinoa e o cuscuz são boas
alternativas por quem segue um regime
vegetariano. Isentos de glúten, o teff e o 2%
milho-painço (ou millet) são indicados
para celíacos, pessoas intolerantes 4%
àquela proteína presente no trigo, na 5%
cevada e no centeio, por exemplo.
Para mais informações sobre estes 28%
cereais e saber como prepará-los,
leia o dossiê completo em www.deco. 18%
proteste.pt (pesquise “quinoa”).
Água
Três a cinco porções de fruta
e hortícolas por dia
Os hortícolas, frescos ou congelados,
consumidos crus ou cozinhados, são
ricos em água, minerais, oligoelementos,
vitaminas e fibras alimentares. Os mais
20% 23%
coloridos também fornecem muitos
antioxidantes. Além disso, têm poucas
gorduras, açúcares e apresentam
um valor energético baixo. >

162 testesaúde 17
 GUIA
PRÁTICO
100 EXERCÍCIOS
PARA FICAR EM
FORMA (G304)
Propostas para
praticar em casa
ou ao ar livre,
divididas em três
níveis: básico,
intermédio e
avançado.
Encomende já
com o código do
mês 23044 em:
deco.proteste.pt/
guiaspraticos
> Nunca fique mais de três horas e meia
A sopa é uma ótima forma de ingerir
hortícolas, pelo que é boa ideia incluí-la
à refeição. É um elemento fundamental
da dieta mediterrânica, que tem perdido
importância nas dietas ocidentais. A
mistura de produtos hortícolas com
leguminosas, arroz ou massa e azeite
é um ponto de partida ideal, pela
combinação de nutrientes, vitaminas,
sais minerais e fibras que proporciona.
A par do baixo teor calórico, a sopa tem
muitas fibras e é saciante. Uma porção
de hortícolas equivale a 140 ou 180
gramas de legumes, consoante estejam
cozinhados ou crus.
A fruta, por sua vez, contém muita água,
minerais, oligoelementos, vitaminas
e fibras, mas também hidratos de
carbono simples (açúcar). Por terem
uma composição muito variável, é
importante diversificar os frutos na
ementa. Procure ingerir um mínimo
de três porções de fruta por dia. Uma
porção de fruta equivale a 160 gramas,
ou seja, uma maçã, uma pera, uma
nectarina ou um quivi. No caso de frutos
18 testesaúde 162
Saiba onde
treinar ao ar
livre perto de si
e sem custos em
www.fitmap.pt
O essencial para
acertar nas doses
Programe, pelo menos, cinco
refeições por dia: três refeições
principais, além de uma merenda a meio
da manhã, um lanche a meio da tarde
e, eventualmente, uma ceia antes de se
deitar. Comer várias vezes ao longo do
dia não significa comer mais, mas sim
distribuir melhor as calorias diárias.
sem comer, sob pena de ter quebras
de energia, falhas de produtividade e
concentração. Esse é, aliás, um dos
motivos pelos quais nunca se deve
saltar uma refeição e, em particular,
o pequeno-almoço.
Para garantir refeições equilibradas,
a regra é simples: metade do prato deve
ser composto por vegetais (salada e/ou
legumes cozinhados), um quarto por um
acompanhamento, como arroz, massa,
batata, cuscuz ou quinoa, por exemplo,
e o restante quarto por fontes de
proteínas, como peixe, carne ou ovos.
A fruta e os legumes são
fundamentais, pelo que se recomendam
três a cinco porções por dia. Prefira
produtos da época, geralmente
mais saborosos, nutritivos e baratos.
Conheça os frutos e os legumes
típicos de cada mês e as suas virtudes
no calendário online em www.deco.
proteste.pt/calendario-legumes.
de maior dimensão, corresponde a uma
fatia de melão, uma rodela de abacaxi ou
a meia manga. Um pequeno cacho de
uvas, quinze cerejas ou sete morangos
perfazem também uma dose de fruta.
Proteínas e gorduras, sim,
mas com moderação
No grupo dos laticínios estão o leite e os
seus derivados, como o iogurte e todas
as variedades de queijo (para barrar,
queijo flamengo, etc.).
Este grupo de alimentos é muito
importante, pois fornece cálcio,
proteínas de alto valor biológico e
vitaminas do grupo B. O conteúdo em
sal e gordura é variável, pelo que se deve
variar os diferentes tipos de produtos
lácteos. Uma porção equivale, por
exemplo, a um grande copo de leite ou a
duas fatias finas de queijo.
A parcela da roda que inclui o pescado,
as carnes e os ovos, embora diminuta, é
fundamental para o equilíbrio alimentar,
por serem produtos ricos em proteínas
de alto valor biológico, em vitaminas,
em especial a B12, em ferro e outros
minerais e em oligoelementos. Também
se deve variar a escolha, privilegiando
o peixe e alternando entre espécies,
magras (pescada, dourada, corvina) e
gordas (salmão, cavala e sardinha). Um
ovo ou 25 gramas de carne ou pescado
cozido (do tamanho da palma da mão)
equivalem a uma porção.
O grupo das leguminosas, por sua vez,
é composto por feijão, favas, ervilhas,
grão-de-bico e soja. Fornecem energia
sob a forma de hidratos de carbono,
sobretudo amido. Contêm proteínas
de origem vegetal de grande qualidade
e são ricas em fibras alimentares,
vitaminas do grupo B e minerais, como
magnésio e ferro. Procure consumir, pelo
menos, uma dose de leguminosas todos
os dias (três colheres de sopa de grão ou
feijão cozidos, por exemplo).
Os óleos e as gorduras são uma fonte
importante de energia e ajudam a
garantir as doses de vitaminas A, D, E
e K. Não devem ser consumidos em
excesso, sobretudo os que são ricos
em ácidos gordos saturados, como a
manteiga e as natas, por exemplo. Prefira
os cremes vegetais para barrar, o azeite,
óleos alimentares, óleo de girassol ou
de soja. Independentemente do tipo,
consuma-os com moderação, mesmo
o azeite. Veja abaixo a que corresponde
uma porção.
Beba água e mexa-se mais
Além de combinar diariamente os sete
grupos de alimentos na dose certa, não
se esqueça de fornecer ao organismo a
quantidade necessária de líquidos, quer
através dos alimentos quer de bebidas.
Um adulto tem uma necessidade
média diária de 2,5 litros de líquidos. A
alimentação sólida fornece cerca de um
litro de água, pelo que cada pessoa deve
ingerir pelo menos 1,5 litros de líquidos
por dia, de preferência, água.
Evite petiscar a toda a hora. Bolos,
doces e aperitivos salgados não entram
na roda dos alimentos. Geralmente
ricos em açúcar e/ou gordura e muito
calóricos, apenas devem ser consumidos
ocasionalmente e em pequena
quantidade. O mesmo é válido para
os fritos, os pratos pré-cozinhados,
os refrigerantes e as bebidas alcoólicas.
Por fim, para um corpo e uma mente
saudáveis, mexa-se mais.
Mesmo que não pratique uma
modalidade desportiva, há outras
opções: caminhar, andar de bicicleta,
usar as escadas em vez do elevador,
tratar do jardim, etc. Na plataforma
online FitMap, explore locais para fazer
exercício ao ar livre. Também pode
agendar sessões com um personal
trainer. Saiba mais em www.fitmap.pt.
Dossiê técnico Sofia Mendonça

Quanto é uma porção?

A roda dos alimentos indica o número de porções diárias por grupo alimentar. Eis a que corresponde uma porção
de pão, de queijo, de fruta, de legumes, de carne ou peixe. Um adulto não deve ultrapassar três porções de
gorduras por dia, ou seja, três colheres de sobremesa de manteiga ou três de sopa de azeite.

Arroz ou massa Cereais de Bolachas tipo Maria Grão, feijão, lentilhas,

Pão Batata
cozinhados pequeno-almoço ou de água e sal ervilhas, favas cozinhadas

1 carcaça 4 colheres 1,5 de 5 colheres 6 bolachas 3 colheres

ou 2 fatias de sopa tamanho de sopa (35 g) de sopa
finas (50 g) (110 g) médio (125 g) (35 g) (80 g)

Leite Carne ou peixe

Iogurte Queijo Queijo fresco Requeijão
meio-gordo cozinhados

1 copo 1 líquido 2 fatias 1/4 queijo 1/2 queijo Pequeno bife

(250 ml) ou 1,5 sólido finas médio médio ou posta de
(40 g) (50 g) (100 g) peixe (25 g)
(200 g)

Legumes Manteiga
Fruta Legumes crus Azeite ou óleo Natas
cozinhados ou margarina

1 peça ou 2 chávenas 1 chávena 1 colher 4 colheres 1 colher de

equivalente em almoçadeiras almoçadeira de sopa de sopa sobremesa
peso (160 g) (180 g) (140 g) (10 g) (30 ml) (15 g)

162 testesaúde 19
 Embalagens
de alumínio Tachos e frigideiras
para guardar antiaderentes
alimentos Se riscados, a precaução
manda não usar.
A camada antiaderente,
incluindo inox, pode ser
de politetrafluoretileno
(PTFE) ou teflon, que se
degrada a temperaturas
elevadas. As zonas
riscadas ou lascadas
libertam substâncias
altamente nocivas.

Tachos
Embalagens de alumínio
e frigideiras
Não são aconselháveis
antiaderentes
para guardar alimentos
ácidos, como molhos e
tomate, ou frutas, caso
embalagens riscados

quais evitar?
da laranja e do ananás.

Portugueses ainda têm dúvidas

sobre a migração de componentes
(Info Dot)
Caixas das embalagens para os alimentos.
IFDOT_Body
de plástico Um inquérito a mais de mil consumidores
reutilizadas realça alguns equívocos
para alimentos
quentes Deonilde Lourenço

Embalagens de Garrafas de
plástico Pode utilizá-las plástico Reutilizá-las,
para guardar refeições. só para o mesmo fim,
Mas evite servir-se e se tal vier indicado
delas para reaquecer na embalagem.
comida, uma vez que Caso contrário, pode
as temperaturas muito Garrafas haver migrações
elevadas podem de plástico indesejáveis
degradar o plástico. reutilizadas de químicos.

20 testesaúde 162

P
rotetores, guardadores e
transportadores de alimentos e
de bebidas, utensílios, recipientes
e embalagens de matérias mil cercam
a nossa vida. Mas que sabemos
daqueles que, ao longo dos séculos,
se apuraram e diversificaram? As
possíveis contaminações para os víveres
que nos garantem a sobrevivência
são de tal ordem, que a sabedoria se
impõe. Sobre vidro, plástico, cerâmica
e aço inoxidável, e seus afins, o que
há a saber, para agirmos bem no
dia-a-dia? Em outubro de 2022, a DECO
PROTESTE realizou um inquérito a
uma amostra de 1059 consumidores,
ponderada por género, idade, região e
nível de educação, para representar a
população portuguesa. Que opiniões
elaboram sobre diferentes embalagens
e recipientes em contacto com os
alimentos? Às questões “Está bem
informado sobre como lidar com os
utensílios na preparação das refeições?”
e “Como guardar corretamente os
alimentos?”, apenas 44% dos inquiridos
responderam estar bem informados
sobre a primeira, e 38% sobre a segunda.
Entre 71 e 76% acreditam que certas
embalagens ou recipientes libertam
químicos para a comida. Em maior
ou menor grau, o risco depende da
temperatura e do tipo de material.
Um suspeito chamado plástico
Aço inoxidável, cerâmica e vidro são
tidos pelos inquiridos como materiais
de baixo risco de contaminação. O que
confirma o conhecimento científico
atual. Já os recipientes e as garrafas
de plástico foram percecionados,
respetivamente, por 66% e 62% dos
inquiridos, como apresentando
um médio ou elevado risco de
contaminação de químicos. O que é uma
aproximação precisa do estudado sobre
o assunto. Menos exata é a noção face
a outros materiais. A fibra de bambu,
misturada com plásticos, é considerada
de pouco risco. Contudo, precisamente
por suscitarem questões de segurança,
estes produtos não são permitidos
no espaço europeu.
Simbologias
As embalagens trazem logótipos
que nem sempre são corretamente
interpretados
Adequado
para contacto
com alimentos
Dos inquiridos que reconhecem o símbolo,
só 35% estão corretos. Há quem confunda
com um produto que pode ser lavado na
máquina ou como apropriado para comer
ou beber. Considerando o universo total
de inquiridos, apenas 27% acertam.
Apropriado
para micro-ondas
A grande maioria dos inquiridos que
reconhecem o símbolo interpretam-no
corretamente (78 por cento). O maior
equívoco? Ser considerado próprio
para micro-ondas (9 por cento).
Apropriado para
a máquina da loiça
A grande maioria dos que reconheceram
o logótipo fazem a tradução certa: que o
recipiente pode ser lavado na máquina.
Plástico de
uso único
TAXA DE 30
CÊNTIMOS
Deseja-se reduzir
estas embalagens
na União Europeia,
com metas
faseadas até 2030.
Embalagens sabem falar
delas próprias?
A informação inscrita nas embalagens
peca, por vezes, por defeito. Com
alguma regularidade, muitos inquiridos
enfrentam a falta de instruções de
manuseamento seguro, símbolos pouco
esclarecedores, incompreensíveis ou
invisíveis, ou ainda de leitura custosa.
Há também símbolos que só constam
num autocolante ou na embalagem, mas
que desaparecem assim que o produto
começa a ser usado. Quase metade de
quem respondeu ao questionário não
presta muita atenção à informação
específica sobre químicos (47 por cento).
E mais de um terço não se interessa
sobre os materiais.
Preferidas e preteridas
Como recipiente para resguardar carne
ou peixe fresco e refeições quentes,
o vidro reúne o maior consenso.
É a segunda opção para fruta, legumes,
queijo e comida a congelar. Na escala
de popularidade, segue-se o plástico,
para frutas, legumes, queijo e congelar
refeições. Se usar sacos de plástico
ou película aderente, escolha um
modelo próprio para o contacto
com os alimentos.
Entre os inquiridos que associam pouco
ou nenhum risco de contaminação a
certos materiais, a cerâmica é a eleita
para guardar comida quente, seguida
do silicone e do plástico. Verifique se
estes são adequados a temperaturas
mais altas ou a micro-ondas. Para >
162 testesaúde 21
 Embalagens
Que conhecimento temos sobre os recipientes? Que materiais
mais usamos e quais os riscos de migração para os alimentos?
Responderam 1059 participantes

Julga-se bem informado sobre... >

não arriscar, aqueça os alimentos em
44% 38% 25% 20% 18% 17% 16% recipientes de materiais inertes, como
aço inoxidável, cerâmica ou vidro.
Uso correto Armazenamento Símbolos em Composição Risco de Composição Risco de
dos utensílios correto dos recipientes e principais contaminação e principais contaminação Com o alumínio, aplica-se o mesmo às
na preparação alimentos (reconhece materiais em dos alimentos materiais de dos alimentos
das refeições e sabe o contacto com por químicos embalagens por químicos frutas e vegetais. Há o risco de absorção
significado) alimentos de utensílios alimentares de embalagens
de alumínio, por exemplo, com maçãs
ou tomate cortados: algo ainda feito
por 11% dos que responderam.
Perceção do risco de contaminação em...
Embalagem de plástico 66% Papel de alumínio 43% Com riscos e fissuras,
não me comprometo
Garrafa de plástico 62% Película aderente 43% Que panelas, tachos e outros recipientes
se desgastam com o uso é uma verdade
Embalagem reciclada 56% Copo de café de cartão 32% de La Palisse, isto é, bastante óbvia.
Mas, quando aparecem riscados
Recipiente de plástico reciclado 50% Saco de silicone com fecho 31% e com fissuras, para de usá-los ou
continua a dar-lhes o mesmo emprego?
Saco de conservação de plástico 49% Panela, tacho, forma e base antiaderente 31% A maioria de quem respondeu ao
questionário abandona-os, ao reparar
Espátula ou colher de plástico 49% Utensílio de fibra e de plástico de bambu 31% que um recipiente de vidro está estalado
e, em quantidade menos expressiva,
um de plástico ou de silicone.
Em relação às frigideiras com camada
Embalagens mais usadas para... antiaderente e com muitos riscos,
mais de metade dos utilizadores não
as põem de lado de imediato. Todavia,
é preferível deitá-las fora. O receio
Carne e peixe Fruta e vegetais Queijo Comida Comida quente de a comida sofrer contaminação é
a congelar
o motivo mais forte para os inquiridos
49% 42% 48% 58% 60% dispensarem os recipientes em menos
Vidro Plástico Plástico Plástico Vidro de um mês.
48% 36% 38% 35% 29% Dar nova vida?
Plástico Vidro Vidro Vidro Plástico*
Nem sempre é boa ideia
18% 14% 16% 12% 24% A exceção é o vidro. De resto, a
Cerâmica Cerâmica Alumínio Cerâmica Aço inoxidável recomendação, com base na evidência
* Risco de contaminação, se aquecido científica, é contra a reutilização
de recipientes de plástico rígido com
Deixam de usar, se tampa, sacos e garrafas de plástico de
Reutilizam… uso único e recipientes de plástico de
aparecer uma fissura... uso único para alimentos ou líquidos
Num recipiente de vidro 80%
81% 57% quentes. A lista não foi concebida para
repetições, pelo que a resistência não é
Frascos Recipientes de idêntica à de uma embalagem fabricada
Num recipiente de plástico 70% de vidro plástico rígido
com tampa com tampa para uso contínuo. Ainda assim, entre
Em formas ou bases de silicone 64% os que percecionam pouco risco na
56% 47% reutilização de recipientes de plástico,
3 em 4
não deixam logo de usar as
Sacos
de plástico
Garrafas
de plástico
um quarto guarda comida e bebidas
quentes. Não o faça e evite comprá-los.
frigideiras ou panelas sem de uso único de uso único
A saúde e o ambiente agradecem.
revestimento antiaderente,
embora seja recomendado fazê-lo
Dossiê técnico Ana Almeida e Dulce Ricardo

22 testesaúde 162
A VALIDADE
DA CARTA DE CONDUÇÃO
MUDOU!
Veja se a sua está

A carta de condução deve ser renovada

aos 40, 45, 50, 60 anos, etc. As regras

50
são complicadas e muitos condutores
estão a conduzir com a carta caducada.

Saiba quando deve renovar a carta

ANOS

RenovarCarta.pt
 medicação
os erros podem ser evitados
Podem ocorrer na prescrição, por responsabilidade do médico, na dispensa, por falha do farmacêutico, ou no
tratamento, por engano do paciente ou do cuidador. Ainda assim, o inquérito da DECO PROTESTE mostra que
grande parte dos erros relacionados com a medicação surgem na toma, e são evitáveis com alguns cuidados
Inês Lourinho

A
ntibiótico sob a forma de xarope,
a tomar de 12 em 12 horas. Uma
otite média aguda, diagnosticada
a uma criança, mereceu da pediatra
tal recomendação. Até aqui, tudo bem.
Acontece que, ao fazer a prescrição
eletrónica para tratar esta infeção do
ouvido médio, a médica se enganou na
dosagem, em miligramas de antibiótico
por mililitros de xarope, e indicou
metade do valor apropriado para o
peso da criança. A receita levantou
suspeita perante o escrutínio atento
da farmacêutica, que, depois de falar
com a mãe da criança, decidiu telefonar
à médica – e o engano foi desfeito.
Esta história, relatada pela mãe à DECO
PROTESTE, não teve consequências.
Mas poderia não ter sido assim.
Outro caso, publicado no Boletín
de Seguridad de Medicamentos de
la Comunidad de Madrid em finais
de 2021, mostra como, por vezes,
os desfechos são inesperados.
Uma paciente pediu ao médico que
lhe mudasse a marca do contracetivo
oral, devido a perdas de sangue
vaginais. Ao fazer a prescrição,
por lapso, o médico indicou uma
substância destinada à terapia
hormonal de substituição, que
tinha um nome muito semelhante,
ou seja, receitou um medicamento
para tratar os desconfortos associados à
menopausa. Um mês depois, a paciente
detetou o erro e recorreu a outro médico,

24 testesaúde 162

72%
DOS INQUIRIDOS RECORREM
AO MÉDICO DE FAMÍLIA COMO
PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÃO
SOBRE MEDICAMENTOS
16%
FAZEM AUTOMEDICAÇÃO
COM FÁRMACOS DE VENDA LIVRE
57%
NÃO INFORMAM O MÉDICO
SOBRE OS MEDICAMENTOS
QUE TOMAM POR SUA INICIATIVA
63%
DIZEM RESPEITAR AS
RECOMENDAÇÕES QUANTO
AO ARMAZENAMENTO
DOS MEDICAMENTOS
que lhe receitou o contracetivo certo.
Era tarde, porém. Face à ausência de
menstruação, fez um teste de gravidez,
e o resultado foi positivo...
Os erros na medicação podem, contudo,
ocorrer na farmácia ou até dever-se ao
próprio doente. Aplicar nos olhos gotas
destinadas aos ouvidos, não ter destreza
no uso de um inalador para a asma,
trocar caixas de comprimidos, saltar
a hora de uma toma ou falhar na dose,
para mais ou para menos, são distrações
que podem ter consequências no
sucesso de um tratamento. E não se
pense que estes contratempos são mais
a exceção do que a regra.
O inquérito realizado pela DECO
PROTESTE entre setembro e outubro
de 2022 mostra que ainda há quem
Organize os
medicamentos
Mantenha as embalagens em local
fresco e seco, longe das crianças.
A cozinha e a casa de banho não são
boas opções, por estarem expostas a
variações de humidade e temperatura.
Conservar os fármacos
na embalagem original, com o folheto,
ajuda em caso de dúvidas, entre
outros, sobre os efeitos secundários
e as contraindicações. Permite ainda
controlar o prazo de validade.
Use caixas, gavetas ou prateleiras,
e separe os medicamentos de uma
forma que lhe seja intuitiva. Por doença,
por tipo de medicamento (analgésico,
anti-histamínico, anti-inflamatório,
etc.) ou por apresentação (xaropes,
comprimidos, pomadas, etc.) são
algumas hipóteses.
Questione o médico e o farmacêutico
sobre os fármacos: quais os efeitos,
como devem ser tomados e por quanto
tempo. Conheça o princípio ativo,
para não tomar duas vezes o mesmo
medicamento. Escreva tudo na caixa e
recorra ao folheto, em caso de dúvida.
Não tome fármacos que não lhe tenham
sido prescritos, nem partilhe os seus.
Conheça os medicamentos de alto
risco. Se usados incorretamente, têm
mais probabilidade de danos graves ou
até fatais. É o caso de antiagregantes,
anticoagulantes, antiepiléticos,
anti-inflamatórios não esteroides,
citotóxicos orais, imunossupressores,
opioides, insulinas e antiarrítmicos.
Faça uma revisão periódica
aos medicamentos (por exemplo, a
cada seis meses). Entregue na farmácia
os que estiverem fora de prazo. Nunca
os descarte na sanita ou no lavatório.
Comunicar
efeitos
adversos
SITE DA DECO
PROTESTE
Vá a www.deco.
proteste.pt/saude/
medicamentos
e siga o passo
a passo.
não siga um tratamento até ao fim e o
interrompa assim que começa a sentir
melhoras. No caso dos antibióticos, esta
opção pode favorecer o aparecimento
de bactérias multirresistentes, um
problema extremamente complexo,
que se tem vindo a agravar e que é
responsável por muitas mortes em todo
o mundo. Realizado em simultâneo
na Bélgica, em Espanha, em Itália e em
Portugal, o inquérito traduz as opiniões
e as experiências de 5181 participantes,
1151 dos quais nossos concidadãos.
O estudo evidencia, assim, muitas
falhas que podem ser evitadas. Daí a
importância, do lado do paciente, de
bem organizar os medicamentos em
casa. E aqui vale tudo: listas, horários,
alarmes a tocar no momento certo,
caixas com compartimentos, gavetas
ou armários... O importante é resultar.
Ainda há quem não leve
o tratamento até ao fim
Dizem os compêndios que erros
de medicação são incidentes
evitáveis, os quais podem ocorrer
por responsabilidade do médico,
do farmacêutico ou do paciente, e
levar a um uso indevido de fármacos,
prejudicando um tratamento.
Entre os 1151 portugueses inquiridos,
29% sofreram um erro de medicação. O
mais comum, da sua responsabilidade,
foi não seguir o tratamento até ao
fim, indicado por 38 por cento.
Desrespeitar o horário das tomas foi
um cenário transmitido por 31 por
cento. Abster-se das restrições na dieta
recomendadas pelo médico completa
o trio das principais falhas, uma >
162 testesaúde 25
 O inquérito em números
O inquérito da DECO PROTESTE sugere que mais disciplina para seguir as regras do tratamento evitaria a maioria das falhas.
Mesmo assim, os erros cometidos por profissionais de saúde são uma realidade. Reporte os efeitos adversos ao INFARMED

O médico ou o farmacêutico costumam avisar Quando não é informado pelo médico ou

sobre possíveis interferências com outros farmacêutico, usa o folheto para se inteirar
medicamentos ou com alimentos? de possíveis interações?
Não
8%
Não Sim, para
Ambos 29% todos os
38% medicamentos
48%

Sim, para
alguns
medicamentos
Só o
farmacêutico Só o médico 44%
3% 30%

Adoto sempre os seguintes comportamentos O que referem os que sofreram um erro

relacionado com a medicação?
Mantenho os medicamentos na embalagem original 85%

Sigo os tratamentos até ao fim, mesmo que me sinta melhor 65%

Informo o médico sobre as minhas alergias ou reações conhecidas 65% 38% 31%
Informo o médico sobre o que estou a tomar 64%
Não segui o Desrespeitei o horário
tratamento pelo das tomas
tempo aconselhado
Leio o folheto dos fármacos que tomo pela primeira vez 58%

Quando tenho dúvidas, peço ajuda a um profissional de saúde 57%

Entrego na farmácia os restos de medicamentos, incluindo os fora de prazo 50%

27% 26% 22%
Não fiz as restrições Tomei um fármaco Não respeitei
Nunca tomo medicamentos sem falar com um profissional de saúde 34% na dieta fora de prazo ou que as regras da toma
recomendadas não estava em boas
condições

Quais foram os erros mais frequentes de médicos e farmacêuticos?

38%
O medicamento não
36%
O medicamento era
31%
A dose era incorreta
era para o meu caso errado (nome idêntico,
mas efeito diferente)

26 testesaúde 162

>
situação referida por 27 por cento.
Se examinarmos ainda a quarta e a
quinta falhas mais comuns, verificamos
que, na maioria das vezes em que
os erros acontecem, os pacientes
estão na sua origem. Com efeito,
tomar fármacos fora de prazo ou em
condições suspeitas, e não respeitar
as regras da toma, circunstâncias
indicadas, respetivamente, por
26% e 22%, traduzem erros da sua
responsabilidade. Medicamentos
fora de prazo devem ser entregues
na farmácia. Já no capítulo das
regras, não há volta a dar – por isso,
é que se chamam regras. Se, por
hipótese, o médico indicar que o
comprimido deve ser tomado em
jejum ou, noutro cenário, depois
das refeições, a ordem é para cumprir.
E a razão é muito simples: a absorção
dos medicamentos pode ser
influenciada pela presença ou ausência
de alimentos no estômago.
Passividade não é escolha
O inquérito da DECO PROTESTE
mostra, contudo, que médicos e
farmacêuticos também se enganam:
17% dos inquiridos já vivenciaram uma
tal experiência. A falha mais frequente,
ocorrida a 38%, foi a desadequação
do medicamento ao problema. Já 36%
tiveram o fármaco trocado por outro
semelhante, mas de efeito diferente, e
31% receberam uma dosagem incorreta.
Ao olharmos para os erros mais
recentes, a maioria deles ocorridos nos
últimos três anos, 40% dos inquiridos
dizem que contactaram um médico
para retificá-los, e 9% confessam nada
terem feito. O engano mais comum
envolveu um medicamento para
controlar uma infeção (por exemplo,
antibiótico). E, apesar da experiência,
quatro em dez dos inquiridos afirmam
que não teve consequências negativas
para a saúde. Pelo menos, tanto quanto
podem avaliar...
Dossiê técnico Ana Ventura e Bruno Carvalho
Admissões
no hospital
CAUSAS
Estima-se que
6 a 7% se devem a
efeitos adversos,
70% dos casos
por erros
na medicação.
Fique atento aos erros
PACIENTE
Trocar a forma de administração (por exemplo,
aplicar nos olhos gotas para os ouvidos)
Não seguir o esquema de administração
(por exemplo, trocar as horas ou o medicamento
a tomar em determinada hora)
Usar dispositivos médicos de forma incorreta
(por exemplo, não saber aplicar inaladores para
a asma ou injeções de insulina para a diabetes)
Desrespeitar a dose (por exemplo, não acertar
num esquema que exija um comprimido num dia
e meio no seguinte)
Duplicar a dose (por exemplo, tomar duas
vezes o mesmo princípio ativo, porque o nome
do medicamento de marca e do genérico são
diferentes)
Confundir medicamentos (por exemplo, trocar
fármacos com nomes e embalagens idênticas,
mas efeitos diferentes)
Errar no volume de água usado para preparar uma
solução oral (por exemplo, xarope) para pediatria
FARMACÊUTICO
Errar na dispensa (por exemplo, o medicamento ou
a dose não correspondem à prescrição médica)
Falhar na interpretação, ao dispensar fármacos
não sujeitos a receita ou com receita em papel
MÉDICO
Indicar a posologia errada (por exemplo, referir
uma injeção ou um comprimido por dia, quando
o adequado seria uma unidade por mês)
Não averiguar alergias ou interações com
medicamentos que o paciente esteja a tomar
162 testesaúde 27
 "Precisamos
de recorrer aos

aces
olhos de quem
esteja por perto"
Rodrigo Santos
presidente
da Associação
dos Cegos
e Amblíopes
de Portugal
(ACAPO)
serviços falh
Os exemplos de inovações que
não foram pensadas de forma
inclusiva sucedem‑se na saúde,
na educação, nos transportes
ou no supermercado. Rodrigo
Santos, presidente da Associação
dos Cegos e Amblíopes de
Portugal (ACAPO), reconhece os
benefícios que a tecnologia trouxe
aos cidadãos com deficiência
visual. Mas muitas vezes falta
sensibilidade a quem decide
Entrevista Alda Mota e Ana Santos Gomes
Fotografia Vítor Machado

Falar de inclusão está a

tornar‑se moda ou já é muito
mais do que isso?
Começou por ser uma moda, e estamos
a entrar num processo que não sei se
é de estabilização ou de declínio de
interesse. Naturalmente que, para nós,
a inclusão é mais do que uma moda.
Construir uma sociedade inclusiva passa
por uma questão de cidadania e por
reconhecermos que é com o contributo
de todos que a sociedade pode melhorar.

O que falta para a inclusão

ENTREVISTA COMPLETA
Leia o QR code ou vá a https://
dproteste.pt/entrevista-
-presidente-acapo
ser uma realidade?
Falta a consciência de que o outro
é uma pessoa como eu. As minhas
necessidades são exatamente as mesmas
de qualquer outra pessoa. O que muda
é a forma como as nossas necessidades
podem ser satisfeitas, e que não pode
passar por informação ou estímulos
visuais que recorram à perceção visual,
porque essa não a temos.

28 testesaúde 162

sibilidade
am no atendimento a deficientes
Nos hospitais, o “chamar
pelo nome” deu lugar a um
sinal sonoro que indica o
chamamento de uma senha.
É um exemplo de algo não
pensado para todos?
Antes disso, eu já tive dificuldade em
tirar a senha. Não há nada que me
indique qual é o botão para tirar uma
senha de consulta, e a máquina que
imprime a senha também não me diz
qual é o número da senha que acabei
de tirar. Bastava que houvesse uma
descrição áudio sempre que eu carrego
no botão do terminal, a indicar se estou
na opção de consulta, e que, depois, me
indicasse “a sua senha é a A25”.
Qual a alternativa atual?
É recorrer à ajuda dos olhos de alguém
que esteja por perto. Aliás, notemos
o que acontece quando vamos a uma
consulta de oftalmologia num hospital.
Se aparece lá uma pessoa cega, a
primeira coisa que dizem é “ah, deveria
ter trazido um acompanhante”. Mas
porquê? O hospital é que deveria ter
aquele serviço acessível! Quem organiza
os serviços de saúde pressupõe que a
pessoa cega vai sempre acompanhada
e por isso não se preocupa em pôr
pisos táteis a indicar o caminho,
sinalética em braille ou sinalética áudio.
Quando muito, há um serviço de apoio
voluntário para guiar a pessoa cega,
e não um serviço profissional pago
pelo próprio hospital, onde alguém
teria formação para conduzir um
cego, pois às vezes parece que somos
levados como sacos de batatas. Quem
planeia a forma como se vai processar
o atendimento em estabelecimentos
de saúde deve envolver as pessoas com
deficiência, perguntando como é que os
serviços podem corresponder às suas
expectativas.
Pressupõe‑se que haja um
acompanhante?
Sim. Particularmente na área da saúde,
pressupõe‑se muito isso. É, aliás, na
área da saúde que mais acontece aquela
situação clássica, em que eu, cego, estou
acompanhado, e a pessoa que está a
atender fala para o meu acompanhante
e não para mim, o que é profundamente
errado. Nós apenas não vemos. Outras
vezes, quando vamos a uma consulta,
perguntam ao acompanhante se quer
entrar. Para quê?
Que outros casos há de mau
planeamento inclusivo na
área da saúde?
Não há a preocupação de tornar as
prescrições acessíveis, e é impossível
aceder à prescrição em formato
braille ou noutro formato alternativo.
Ainda assim, há um avanço, pois hoje
já consigo ter a prescrição no meu
e‑mail, ou recebê‑la por SMS, e essa
prescrição já inclui a posologia, porque
até aqui pensava‑se na prescrição
apenas como meio para aviar um
medicamento na farmácia. Além disso,
alguns profissionais de saúde ainda não
entendem que não é fácil, para uma
pessoa cega, contar o número de gotas
de um medicamento, por exemplo.
Porque na medicina não há uma
formação de base sobre como lidar com
pessoas com deficiência. Tal como não
há noutros cursos técnico‑profissionais
que implicam atendimento ao público,
Pessoas
com
deficiência
CENSOS 2021
10,9% da
população
residente com 5
ou mais anos tem
pelo menos uma
incapacidade.
da hotelaria ao turismo. O que se pensa
sempre é que este segmento das pessoas
com deficiência é tão reduzido que,
um dia, quando for preciso, lá se irá
conseguir desenrascar qualquer coisa.
Esquecemo‑nos de que as pessoas com
deficiência representam cerca de um
quinto da população mundial.
Como funciona o acesso a
ajudas técnicas?
O acesso pode ser feito no âmbito
da saúde, através de uma prescrição
médica, ou no âmbito da Segurança
Social, como acontece com as ajudas
para autonomia, que nem sempre obriga
à intervenção de um médico. Neste
caso, há uma equipa multidisciplinar
de prescritores, que avalia o produto e a
sua possível contribuição para atenuar
ou eliminar barreiras que impeçam
a pessoa com deficiência visual de
participar na sociedade em plenas
condições de igualdade. A partir daí, é
emitida a ficha de prescrição, e com ela
a pessoa com deficiência pode pedir três
orçamentos distintos e entregar todo o
processo na Segurança Social. Em teoria,
seguem‑se 60 dias de espera. Na prática,
chegámos a ter casos de mais de 36
meses de espera.
Estamos a falar de que tipos
de ajuda?
Por exemplo, de leitores de ecrã, de
linhas braille, de impressoras braille ou
até de uma simples bengala. Porque eu
tenho uma bengala que se pode partir. E
se não tiver dinheiro para comprar outra
no dia seguinte e depender da aprovação
do financiamento, provavelmente tenho
de ficar alguns meses fechado em >
162 testesaúde 29
 Causas da
cegueira
DIABETES
Retinopatia
diabética é
uma importante
causa da perda
de visão.
> provavelmente vou
casa, enquanto espero que a verba
seja disponibilizada. Esta é uma das
principais críticas ao sistema de apoios.
Há ainda produtos de apoio
para a educação que não
podem ser deduzidos no IRS
por serem comercializados
em estabelecimentos que
não são da área educativa.
Como se contorna a questão?
Os produtos têm de ser financiados pelo
Ministério da Educação; não é suposto
serem comprados pelo utilizador. O
problema é que o sistema de prescrição
de produtos de apoio no âmbito da
educação só prevê o financiamento para
utilização na escola. Então e os que são
para utilizar em casa? Eu não vou andar
com o computador, a linha braille e a
impressora braille, todos os dias, de casa
para a escola e da escola para casa. É
impraticável. E é aqui que deve entrar o
sistema de apoios da Segurança Social.
Tem de haver esta complementaridade.
Ainda recentemente tivemos o caso
de uma criança que pediu apoio para
um produto em casa e viu o pedido
negado com a justificação de já lhe ter
sido financiado um produto similar no
âmbito da educação. Só que o produto
não é o mesmo, e a utilização não é a
mesma. Em casa, este produto iria servir
para estudar e para ganhar autonomia.
Está a escola pública
preparada para receber
crianças e jovens com
deficiência visual?
Não, continua a não estar. Há uma região
do país – o Algarve – onde não há uma
única escola de referência para crianças
com deficiência visual. O ideal seria que
cada escola tivesse condições, para elas
frequentarem a mesma escola que os
30 testesaúde 162
"Se para comprar
a bengala preciso
da aprovação do
financiamento,
ficar uns meses
fechado em casa"
seus colegas de brincadeiras, de bairro,
de cidade. Nem sempre acontece, e é
particularmente violento no interior do
País. Mas mesmo em Lisboa existem
duas ou três escolas de referência e,
se a criança nasceu em Sete Rios, a
escola de referência que tem mais
perto é nas Olaias ou em Alvalade.
Até aceitaríamos este modelo se, em
troca, todas essas escolas estivessem
perfeitamente apetrechadas, não só ao
nível técnico, mas sobretudo ao nível
humano, para receberem crianças com
deficiência visual. Mas muito raras
vezes se verifica. Há défices enormes de
formação de professores especializados.
No âmbito do chamado Grupo de
Recrutamento 930, que são os docentes
para a educação inclusiva de pessoas
com deficiência visual, há docentes
que ao longo da sua formação específica
tiveram duas horas e meia de braille
ou cinco horas de orientação para a
mobilidade. Como é que estas pessoas
têm ferramentas para formar alunos
com deficiência visual e lhes dar a
capacidade para lerem e escreverem em
braille e para se orientarem e andarem
autonomamente no espaço público?
Nos primeiros anos de escola, todos
temos de ter o contacto com o braille,
que é o único meio de leitura e escrita.
Se ouvir o meu sintetizador de voz dizer
“casa”, tanto pode estar escrito “casa”,
“caza” ou “kaza”, e o aluno não vai saber
reproduzir. Isto não é admissível.
O ensino do braille deveria
ser alargado?
Deveria ser estendido a todos os alunos
com deficiência visual obrigatoriamente.
Pelo menos, àqueles que podem, porque
há pessoas que, por exemplo, em função
da diabetes, não conseguem desenvolver
sensibilidade tátil na ponta dos dedos,
portanto nunca vão conseguir ler braille,
por mais que treinem. Ou as pessoas
amputadas, que, como é lógico, nunca
vão poder ler braille na vida. Mas,
além de ser estendido às pessoas com
deficiência visual, deveria sensibilizar‑se
a própria comunidade da sua
importância, dando noções de braille,
que não são assim tão complicadas de
dar e até ajudam a estimular o raciocínio
abstrato.
Quais os entraves?
Para quem não esteja inteiramente
motivado para aprender braille, os
motivos para desistir são mais do que
muitos. O braille em papel é pesado.
Com um computador e um sintetizador
de voz, estou imediatamente apto a
escrever para o mundo e a ler o que o
mundo está a escrever, sem precisar de
fazer nada. Mas isso não me força a fazer
o exercício de construir a representação
mental das palavras, a forma como
elas são escritas, e todos sabemos que
a apreensão do conhecimento é muito
mais deficitária quando é feita apenas
com recurso a áudio.
 águas micelares
eficazes e suaves para a pele
A DECO PROTESTE testou, pela primeira vez, 20 águas micelares, e os resultados são
bastante positivos. Conheça os nomeados, poupe com as Escolhas Acertadas e descubra
os discos de algodão mais sustentável: serão os reutilizáveis ou os descartáveis?
Rita Santos Ferreira e Fátima Ramos

A
pele é o maior órgão do corpo
humano, responsável, entre
outras funções, por nos proteger
dos agentes externos. Como tal, o nosso
dever é também protegê‑la da melhor
forma possível, proporcionando‑lhe
todos os cuidados necessários à sua
conservação. Por exemplo, há pessoas
que quase todos os dias expõem a
pele, sobretudo a do rosto, a produtos
cosméticos de maquilhagem, que, se
não forem corretamente removidos,
podem danificar esta barreira protetora.
A limpeza é, assim, crucial para manter a
pele saudável, eliminando o excesso de
sebo, a maquilhagem e as células mortas
da sua superfície. Ao fim do dia, cuide
do seu escudo protetor. Para remover a
maquilhagem, use um desmaquilhante.
A água que desmaquilha
Os desmaquilhantes devem ser tão
eficazes quanto possível, visto que,
muitas das vezes, os resíduos se
acumulam nas pregas da pele, podendo
obstruir os poros e dar origem a pontos
negros, por exemplo. Existem vários
produtos concebidos para a remoção
da maquilhagens: toalhetes e géis
desmaquilhantes, loções de limpeza,
óleos de limpeza, desmaquilhantes
sólidos e águas micelares. As últimas
mereceram especial atenção por parte
da DECO PROTESTE.
As águas micelares são um produto cada
vez mais popular para a limpeza facial
e para a remoção da maquilhagem.
Parecem simplesmente água, mas
eliminam a maquilhagem com >

162 testesaúde 31
 Produtos
para a zona
dos olhos
ATRIBUTOS
ESPECÍFICOS
Devem ter pH igual
ao das lágrimas.
Não devem ser
gordurosos, nem
provocar irritação.
Que discos são
mais sustentáveis?
A DECO PROTESTE calculou o impacto
ambiental dos discos de algodão
reutilizáveis e de uso único, analisando
18 categorias de impacto ambiental. As
opções reutilizáveis são as melhores para
quase todos os perfis de consumidores,
com a exceção dos que raramente usam
maquilhagem e, como tal, quase nunca
recorrem a discos de algodão. Mas os
resultados dependem do consumidor e
da durabilidade dos discos reutilizáveis.
Mesmo quando o gasto anual é reduzido,
os algodões reutilizáveis podem ser mais
vantajosos, se o consumidor os mantiver
por mais de um ano. Se a frequência for
superior a duas vezes por mês, e mesmo
que o consumidor tenha de deitar fora
os discos reutilizáveis ao final de um ano,
estes continuam a ser mais sustentáveis.
Ao fim de um ano, a utilização de discos
de algodão reutilizáveis pode evitar a
emissão de até 1,76 quilos de dióxido
de carbono equivalente (CO2eq) e a
utilização de 3,73 metros quadrados
de terreno para o cultivo de algodão.
Permite, ainda, poupar até 468 litros
de água na produção do algodão.
Os discos reutilizáveis têm de ser
usados um elevado número de vezes
para serem a opção mais sustentável.
Se o consumidor não for capaz de os
reutilizar — por não gostar ou por serem
difíceis de lavar —, então, o melhor são os
discos de uso único. Neste caso, deve
gastar apenas os discos necessários.
Por exemplo, se utilizar três discos
descartáveis, em vez de cinco, reduz
em 40% os impactos ambientais.
32 testesaúde 162
>
eficácia, após algumas passagens do
disco de algodão. São compostas por
água e micelas. E o que é uma micela?
Ora, é uma estrutura complexa,
composta por surfactantes não iónicos
suaves (agentes de limpeza), que
assume a forma de uma microesfera
invisível, e tem duas características:
uma cabeça hidrofílica, que é solúvel em
água, e uma cauda lipofílica, que atrai
materiais oleosos e é incompatível com
a água. Assim, a água micelar, destinada
a peles secas e mistas, atrai todo o tipo
de impurezas e prende‑as ao algodão:
tem uma ação eficaz, mas suave. Se a sua
pele é mais oleosa, poderá ser necessário
outro produto de limpeza.
Vamos ao teste
Pela primeira vez, a DECO PROTESTE
realizou um estudo a águas micelares,
avaliando 20 produtos à venda.
Todas as marcas examinadas revelaram,
pelo menos, boa Qualidade Global.
O teste dividiu‑se em quatro
fases. Cada produto foi testado
por 30 utilizadoras, durante cinco
dias, de forma a percecionarem a
eficácia, a qualidade cosmética e a
tolerância da pele. Os produtos foram
descaracterizados, para não serem
identificados. Paralelamente, as águas
micelares foram avaliadas por uma
especialista, que também testou a
eficácia, a qualidade e a tolerância
da pele.
De seguida, a DECO PROTESTE
analisou os materiais das embalagens,
quer da primária, quer da secundária
(se existente), identificando os
impactos ambientais. Verificou,
ainda, a proporção de embalagem
face à quantidade de produto e a
quantidade de produto que não se
consegue remover da embalagem. Por
último, avaliou a rotulagem. Esta deve
apresentar os dados do fabricante, o
volume, a durabilidade, o lote e a função
do produto, as precauções durante a
utilização, a lista de ingredientes e as
alegações. As informações devem ser
legíveis e visíveis, e vir no idioma do país
onde o produto é vendido.
Quatro águas micelares
nomeadas
A DECO PROTESTE elegeu o produto
Garnier Skin Active Tudo em 1 como
Melhor do Teste. Obteve as cinco
estrelas da nota máxima em quase
todos os critérios, exceto no teste de
utilização, em que mereceu quatro
estrelas. Esta água micelar pode custar,
em média, 6,47 euros por 400 mililitros
de produto, o que se traduz numa
poupança de 28 euros face ao preço
da marca mais cara — a Lancôme.
Quantos às Escolhas Acertadas,
destacaram‑se três produtos: o Deliplus
Facial Clean (Mercadona), o Be Beauty
Care Ácido Hialurónico (Pingo Doce)
e o Cien Pele Normal e Mista (Lidl).
A água micelar da Deliplus, da
Mercadona, recebeu quatro estrelas
no impacto ambiental da embalagem
e cinco nos restantes critérios. Já o
produto da Be Beauty, que obteve
excelentes resultados na avaliação
da especialista, desceu para bom
quanto ao desempenho nos outros
parâmetros. A água micelar da Cien
é a Escolha Acertada com menor
Qualidade Global. No teste da
tolerância, mereceu uma nota razoável
da especialista. Ainda assim, mostrou
bom desempenho no teste de utilização,
no impacto ambiental da embalagem
e na rotulagem. Se optar por uma
das Escolhas Acertadas, poupa cerca
de 31 euros por 400 mililitros, tendo
em conta o preço da água micelar
mais cara.
Se faz alergias...
Evite produtos com fragrâncias
alergénicas. Estas substâncias podem
provocar irritações, vermelhidão
ou erupções na pele de pessoas com
predisposição para o desenvolvimento
de reações alérgicas. Se é o seu caso,
deve evitar as águas micelares da
Garnier Bio, da Rituals e da Kiko,
pois contêm as tais fragrâncias.
Está tudo no quadro comparativo.
Dossiê técnico Fábio Aparício,
Susana Costa Nunes e Susana Santos
MELHOR ESCOLHA ESCOLHA ESCOLHA
DO TESTE ACERTADA ACERTADA ACERTADA

87 MUITO BOA
QUALIDADE 85 MUITO BOA
QUALIDADE 82 MUITO BOA
QUALIDADE 73 BOA
QUALIDADE

GARNIER Skin Active Tudo em 1
Excelente na avaliação
da especialista, no impacto
ambiental da embalagem e
na rotulagem. Mereceu quatro
estrelas no teste de utilização.
desde 4,47 € por embalagem
DELIPLUS Facial Clean BE BEAUTY CARE Ácido CIEN Pele Normal e Mista (Lidl)
(Mercadona) Hialurónico (Pingo Doce) Mereceu quatro estrelas
Ótimo na avaliação da Excelente na avaliação da em todos os parâmetros de
especialista, na utilização e especialista. Bons resultados no avaliação. Porém, segundo
no rótulo. Boa nota no impacto teste de utilização, na rotulagem a especialista, é razoável
ambiental da embalagem. e no impacto ambiental. no critério da tolerância.
3,20 € por embalagem 3,19 € por embalagem 1,79 € por embalagem

PREÇO (€) CARACTERÍSTICAS E RESULTADOS

POUPE

QUALIDADE GLOBAL (%)

31 €

Avaliação da especialista
Fragrâncias alergénicas
Água micelar

Impacto ambiental
Teste de utilização
Capacidade (ml)

da embalagem
(janeiro 2023)

400 mililitros
Embalagem

Rotulagem
F GARNIER Skin Active Tudo em 1 4,47 - 6,99 6,47 400 A B A A 87
F DELIPLUS Facial Clean (Mercadona) 3,20 3,20 400 A A B A 85
GARNIER BIO Flor de Aciano Tudo em 1 5,19 - 7,99 5,99 400 G A B A A 84
LANCÔME Douceur Rose Extract 34,57 34,57 400 A B B B 84
BIODERMA Sensibio H20 19,57 - 21,93 16,42 500 A B A B 83
NUXE Very Rose 3 em 1 16,45 32,90 200 A B B C 82
F BE BEAUTY CARE Ácido Hialurónico (Pingo Doce) 3,19 3,19 400 A B B B 82
VICHY Pureté Thermale 17,99 17,99 400 A B B B 79
NIVEA O2 5 in 1 4,44 - 6,89 6,01 400 B B A B 79
NIVEA Naturally Good Aloe Vera Bio 4,39 - 7,99 5,91 400 A B A B 79
RITUALS The Ritual of Namaste Purify 12,90 20,64 250 G A B B C 77
NEUTROGENA Hydroboost 3-in-1 11,40 - 15,19 13,36 400 A B A B 77
YVES ROCHER Pure Algue 2 em 1 14,95 14,95 400 B A A B 76
URIAGE Termal 13,95 - 17,73 23,51 250 B B A B 75
EUCERIN DermatoClean 3 em 1 13,92 - 17,99 16,66 400 B B A B 75
CLARINS Re-move 12,33 24,66 200 B B C C 73
F CIEN Pele Normal e Mista (Lidl) 1,79 2,86 250 B B B B 73
KIKO Pure Clean 5,49 10,98 200 G B B B C 71
DIADERMINE Todos Tipos de Piel 4,49 - 8,99 5,39 400 B B A B 70
COSMIA BIO Calêndula (Auchan) 2,19 - 3,49 4,46 250 B B A B 69

F MELHOR DO TESTE PRODUTO COM OS MELHORES RESULTADOS NOS TESTES  F ESCOLHA ACERTADA PRODUTO COM A MELHOR RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE E O PREÇO 
F MAIS EM CONTA PRODUTO COM QUALIDADE ACEITÁVEL E PREÇO MUITO VANTAJOSO  F ESCOLHA VERDE PRODUTO DE BOA QUALIDADE COM O MENOR IMPACTO AMBIENTAL
A  MUITO BOM  B  BOM  C  MÉDIO  D  MEDÍOCRE  E  MAU  MUITO BOA QUALIDADE  BOA QUALIDADE  MÉDIA QUALIDADE  MÁ QUALIDADE

162 testesaúde 33
 Higiene
dos dentes
TÉCNICA 2X2X2
A saúde oral exige
duas escovagens
por dia, durante
dois minutos,
seguidas de duas
horas sem comer.

elixir com flúor

complemento útil, se bem usado

A DECO PROTESTE testou 12 colutórios, mais
conhecidos por elixires, e descobriu que dois
ultrapassam o limite de flúor por embalagem
imposto pela norma ISO. Porém, a maioria revela
boa qualidade. Embora não substituam a escovagem,
estes produtos têm lugar na higiene oral, desde que
não sejam usados logo a seguir a lavar os dentes
Fátima Ramos
É
dos que arrumam a escova de
dentes e pegam logo no frasco
do colutório para bochechar? É
melhor repensar o gesto. Usar elixir após
a escova e a pasta não tem qualquer
benefício, já que remove o flúor deixado
pelo dentífrico na boca, onde deveria
permanecer para ajudar a remineralizar
os dentes e a proteger o esmalte.
O elixir pode servir nas situações
em que habitualmente não lavamos
os dentes, como a seguir ao lanche.
Apesar de incluírem tensioativos,
substâncias “detergente”, os colutórios
são menos eficazes a remover a placa

34 testesaúde 162

bacteriana - película constituída
por bactérias e restos de alimentos -
do que a escovagem, por falta de ação
mecânica. Assim, os líquidos de lavagem
bucal têm mesmo de se contentar com
um papel secundário na saga da higiene
oral. De qualquer modo, os que contêm
flúor, como os testados pela DECO
PROTESTE, participam na prevenção de
cáries, já que este ingrediente reduz a
desmineralização dos dentes e estimula
a mineralização, e ajudam a proteger
o esmalte. Tal como o fio dentário e os
escovilhões, os elixires têm o mérito
de chegarem aos locais de difícil
acesso à escova, como são os espaços
interdentais. Há também quem os utilize
para manter o hálito fresco.
O teste em laboratório centrou-se na
análise da quantidade de flúor e do
nível de acidez (pH), os parâmetros que,
nestes produtos, são mais importantes
para manter a saúde dos dentes.
A maioria apresentou boa qualidade,
mas não foi particularmente apreciada
pelos consumidores na prova prática.
O elixir só deve
ser usado,
pelo menos,
30 minutos após
a escovagem
O estudo
em laboratório
A DECO PROTESTE testou 12
colutórios com flúor, vendidos
em supermercados, farmácias e
parafarmácias. As análises laboratoriais
recaíram sobre o flúor e o nível de acidez
(pH), com base na norma ISO 16408,
relativa a produtos de higiene oral,
especificamente para colutórios. Todas
as medições foram feitas em triplicado.
Para quantificar o flúor, os técnicos
diluíram o colutório em água tratada
(desionizada) e misturaram com
uma solução (TISAB II). A mistura foi
analisada por um elétrodo específico
para iões de flúor. A partir dos valores
obtidos, os especialistas calcularam
o teor da dita substância na amostra e
determinaram o total por embalagem.
O pH foi medido no produto puro (não
diluído) com um instrumento calibrado.
Ainda em laboratório, os elixires foram
reembalados, de modo a não se
reconhecer a marca. Cada produto foi
usado, em casa, por 30 consumidores,
durante uma semana, várias vezes
por dia. No final, avaliaram globalmente
o produto e classificaram diversos
parâmetros, como a intensidade do
sabor e a sensação limpeza, de hálito
fresco e de ardor.
Ao nível do desempenho ambiental,
verificou-se a toxicidade dos
ingredientes indicados no rótulo,
bem como o impacto da embalagem.
Por fim, foi examinada a rotulagem.
Desvios no flúor
Ao contrário do que sucede com as
pastas de dentes, não há consenso
quanto à quantidade mínima de flúor
recomendada nos colutórios. Pela lógica
da eficácia, dir-se-ia que, quanto mais,
melhor, mas a segurança impõe limites.
De acordo com o rótulo, a maioria
dos produtos testados apresenta
uma boa concentração de flúor:
200 a 225 partes por milhão (ppm).
O Oral-B, com apenas 100 ppm, é
o mais “sovina”. E o valor anunciado
reflete o que está dentro do frasco?
Na maioria dos casos, sim. Mas três
produtos apresentam um desvio
superior ao mínimo aceitável para
a DECO PROTESTE (5 por cento).
O pior resultado pertence ao Dentalux
(Lidl), que contém menos 17% de flúor
do que diz ter.
Segurança em risco
Por questões de segurança, a norma ISO
relativa aos colutórios com flúor impõe
um limite de 125 miligramas desta
substância por embalagem, seja qual
for o tamanho. Os colutórios Listerine
e Dentalux não cumprem. Qual o risco?
Apesar de não haver total consenso,
é geralmente aceite que uma dose
de 5 miligramas de flúor por quilo
de peso corporal é letal. Deste modo,
se uma criança de 25 quilos ingerir
um daqueles elixires, pode morrer.
Não será muito comum, mas há
sempre a possibilidade de um petiz
mais aventureiro ingerir a totalidade
do frasco.
O flúor é fundamental para prevenir
as cáries dentárias, desde que a criança
começa a lavar os dentes. Contudo,
a ingestão de quantidades excessivas,
de forma sistemática, pode danificar
os dentes, sobretudo quando estão
em formação. Trata-se da chamada
fluorose, que se manifesta por manchas
irreversíveis nos dentes, entre o branco
e o acastanhado, consoante a gravidade.
Esta é uma das razões por que as
crianças até aos seis anos não devem
usar colutórios - podem não conseguir
deitar fora a seguir ao bochecho. >
162 testesaúde 35
SELEÇÃO DE ELIXIRES DA DECO PROTESTE

MELHOR MELHOR ESCOLHA

DO TESTE DO TESTE ACERTADA

80 MUITO BOA
QUALIDADE 80 MUITO BOA
QUALIDADE 71 MUITO BOA
QUALIDADE

COLGATE Triple Action AQUAFRESH Multi Action AUCHAN Total Care 6 in 1

Contém a quantidade de flúor que indica
no rótulo e um pH entre 5,5 e 10,5, que não
favorece a erosão. Apresenta rotulagem
completa e baixo impacto ambiental.
4,54 € a 5,24 € por embalagem
A quantidade de flúor corresponde Sem problemas ao nível do flúor, apresenta
à indicada no rótulo. Não tem acidez excelente rotulagem, ótimo grau de acidez
prejudicial para os dentes. Excelente e um preço apetecível. O desempenho
rotulagem e bom desempenho ambiental ambiental é aceitável.
4,11 € a 5,49 € por embalagem 1,35 € por embalagem

POUPE
3,80 €

QUALIDADE GLOBAL %
PREÇO CARACTERÍSTICAS
Flúor por embalagem

Colutórios
Diferença entre flúor
anunciado e medido
Quantidade de flúor

Impacto ambiental
Teste de utilização
anunciada (ppm)
Capacidade (ml)

com flúor
(janeiro 2023)

500 mililitros

(segurança)
Embalagem

Rotulagem
pH

F COLGATE Triple Action 4,54 - 5,24 4,98 500 225 A A A B B A 80

F AQUAFRESH Multi Action 4,11 - 5,49 4,87 500 220 A A A B B A 80

F AUCHAN Total Care 6 in 1 1,35 1,35 500 226 B A A B C A 71

BEXIDENT Anticáries Colutório 8,19 - 9,50 8,78 500 226 A A A C D B 71

ELUDRIL Protect 10,49 - 11,32 10,82 500 225 B A A C C B 70

DELIPLUS Explosion Action (Mercadona) 1,50 1,5 500 225 C A A C C A 68

CONTINENTE Total Care 6 em 1 1,49 1,49 500 250 D A C B B A 65

ELMEX Proteção Cáries Colutório 6,39 - 10,66 9,65 400 250 B A C C C B 64

PINGO DOCE Ação Total 6 em 1 1,49 1,49 500 226 D A C C B A 62

ORAL-B Pro-Expert Dentes Fortes 4,49 - 5,99 5,35 500 100 B A C B C B 62

LISTERINE Total Care 6 em 1 Menta 5,49 - 6,49 6,39 500 300 C E C C C A 52

DENTALUX 8 em 1 (Lidl) 1,35 1,35 500 450 E E C B C B 46

Resultados completos www.deco.proteste.pt/cuidados-pele

F MELHOR DO TESTE PRODUTO COM OS MELHORES RESULTADOS NOS TESTES  F ESCOLHA ACERTADA PRODUTO COM A MELHOR RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE E O PREÇO 
F MAIS EM CONTA PRODUTO COM QUALIDADE ACEITÁVEL E PREÇO MUITO VANTAJOSO  F ESCOLHA VERDE PRODUTO DE BOA QUALIDADE COM O MENOR IMPACTO AMBIENTAL
A  MUITO BOM  B  BOM  C  MÉDIO  D  MEDÍOCRE  E  MAU  MUITO BOA QUALIDADE  BOA QUALIDADE  MÉDIA QUALIDADE  MÁ QUALIDADE

36 testesaúde 162

> excesso pode
Ácido ou alcalino?
Além do flúor na quantidade certa, os
elixires devem ter um grau de acidez
que permita o máximo de limpeza com
o mínimo de danos para os dentes -
os produtos com acidez elevada podem
causar erosão no esmalte. De acordo
com a norma ISO, o pH destes produtos
deve situar-se entre 3 e 10,5, mas não
há evidência científica de que valores
entre 5,5 e 10,5 promovam a erosão do
esmalte. Por isso, a DECO PROTESTE
valorizou os seis produtos com pH
neste intervalo.
Não convencem os utilizadores
De pouco adianta um produto que
cumpra as regras a preceito, se não
agradar aos consumidores. Na prova
prática, realizada por 30 utilizadores
durante uma semana, metade dos
elixires não foi além de uma classificação
aceitável. O Eludril e o Bexident estão
entre os menos apreciados, tendo sido
apenas satisfatórios na maioria dos
critérios avaliados, incluindo o sabor
e a sensação de limpeza. Se procura
um hálito fresco, estes dois produtos
e o Dentalux serão os menos indicados,
de acordo com a experiência do painel
de utilizadores.
O Deliplus (Mercadona), o Pingo Doce
Ação Total e o Listerine causaram ardor,
o que talvez se explique por conterem
álcool. Porém, o Auchan e o Continente
também o incluem e não originaram
esta sensação de forma tão proeminente.
O ambiente é que sofre
Se não agradam por aí além aos
consumidores, os elixires também não
são grandes amigos do ambiente. Todos
incluem, pelo menos, um ingrediente
com impacto ambiental, isto é, que
persiste na água e pode afetar a vida
neste meio. O Bexident apresenta
demasiadas substâncias problemáticas,
pelo que obteve classificação negativa.
No que respeita ao material da
embalagem, dez produtos especificam
o tipo de plástico que utilizam, apesar
de não ser obrigatório. São exceção os
produtos Dentalux (Lidl) e Continente.
Como
utilizar bem
o elixir
O elixir bucal com flúor não substitui
o uso diário de dentífrico, mas pode
ser útil nalgumas situações.
QUANDO? O ideal será usar o elixir
numa altura em que não possa lavar
os dentes. Se quiser passar após
a escovagem, espere, pelo menos,
30 minutos, para não eliminar o flúor
que o dentífrico deixou.
COMO? A rotulagem deve indicar
a quantidade a utilizar de cada vez -
entre 10 e 20 mililitros, consoante
o produto. Siga as instruções
e bocheche durante um ou dois
minutos. Evite comer ou beber,
pelo menos, durante 15 minutos.
PARA QUE SERVE? Ajuda a remover
a placa bacteriana e fornece flúor
aos dentes, chegando a zonas
de difícil acesso à escova. Pode
combater o mau hálito.
INDICADO PARA CRIANÇAS?
Não é recomendado até aos seis
anos, devido ao risco de ingestão.
Dentes
das
crianças
FLUOROSE
Durante a
formação dos
dentes, a ingestão
de flúor em
causar danos.
Já o Elmex tem uma segunda (e
desnecessária) embalagem, em cartão.
Ao contrário do que seria desejável,
apenas metade dos colutórios incentiva
o depósito da embalagem no ecoponto.
Pior: o Oral-B indica que deve ser
deixada no contentor do lixo comum,
o que não faz qualquer sentido
No que toca à rotulagem, nenhum se
limita a fornecer apenas as informações
obrigatórias por lei, mas ainda há
aspetos a melhorar. Por exemplo, só
seis indicam o endereço do distribuidor
em Portugal e igual número, o contacto
telefónico ou o e-mail. Ao nível da
durabilidade, apenas o Aquafresh, o
Auchan e o Eludril indicam o prazo de
validade e o prazo após a abertura (só
um é obrigatório, mas ambos são úteis).
Classificados os produtos, resta saber
o preço. As diferenças são enormes e,
mais uma vez, fica provado que mais
caro não se traduz em mais qualidade.
Os Melhores do Teste (Colgate e
Aquafresh) podem custar, em média,
menos quase 6 euros por 500 mililitros
do que o Eludril, o mais caro. Mas é
ao Auchan (1,35 euros) que cabe a
melhor relação entre a qualidade e o
preço e, como tal, o título de Escolha
Acertada. Ao optar por este colutório,
o consumidor poupa 3,80 euros face à
média de preços dos produtos testados.
Não sendo indispensável, o elixir com
flúor pode ajudar a manter a saúde da
boca, se usado quando não lavamos
os dentes. Contudo, não substitui a
escovagem duas vezes por dia, uma
obrigatoriamente antes de dormir.
Esta deve ser antecipada pela limpeza
dos espaços entre dentes com fio
dentário. É através do trabalho que se
atingem os resultados desejados.
Dossiê técnico Susana Santos
e Teresa Rodrigues
162 testesaúde 37
em direto
leitores
Assistência
a familiar
Textos
leva a perda
Ricardo Nabais e Filipa Rendo de salário
Acompanhamento
de familiar justifica
uma falta?
Tenho de acompanhar o meu marido ao
hospital, porque vai fazer um exame que exige
acompanhamento. Como justificar esta falta ao
trabalho? Enquanto acompanhamento de familiar?
R.R., Lisboa
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA
Sónia Covita
Efetivamente, a falta é justificada, mas implica, regra geral,
perda de retribuição referente a esse dia. De acordo com a
lei, o trabalhador tem direito a faltar até 15 dias por ano para
prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de
doença ou acidente. A possibilidade aplica-se ao cônjuge ou à
pessoa que viva em união de facto ou economia comum com o
trabalhador, ou a um parente ou afim na linha reta ascendente
ou no segundo grau da linha colateral (primos, por exemplo).
Ao período de 15 dias, acrescem outros tantos, se o cônjuge
ou unido de facto for deficiente ou sofrer de alguma doença
crónica. A empresa pode exigir ao trabalhador uma prova do
caráter inadiável e imprescindível da assistência. Pode ainda
pedir uma declaração de que os outros membros do agregado
não faltaram pelo mesmo motivo ou estão impossibilitados
de prestar a assistência. Além disso, a falta implica perda da
parte da retribuição referente ao dia em que foi prestado o
auxílio. O mesmo acontece com as faltas por doença ou por
acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador, se beneficiar
da Segurança Social ou tiver direito a subsídio de seguro.
38 testesaúde 162
É indiferente
comprar qualquer
genérico?
Quando não tem indicação do médico em
contrário, uma leitora da TESTE SAÚDE diz optar
por um medicamento genérico de determinado
laboratório. Às vezes, porém, o fármaco não está
disponível. Pode comprar o genérico de qualquer
outro laboratório ou convém ser do mesmo?
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA
Susana Santos
Um genérico tem a mesma substância ativa, forma
farmacêutica, dosagem e indicação terapêutica que
o medicamento original, de marca, que lhe serviu de
referência. Além de incluir a mesma substância ativa,
na mesma quantidade e forma farmacêutica do original,
o genérico tem de demonstrar que produz igual efeito
terapêutico. Na altura do registo, o fabricante é obrigado
a apresentar estudos de bioequivalência a indicar
que o princípio ativo é absorvido pelo organismo em
quantidade e velocidade similares às do produto de
referência, o que garante um efeito equivalente. Significa
que mesmo medicamentos genéricos de diferentes
marcas (laboratórios) e produzidos em diferentes locais
têm de produzir efeitos terapêuticos iguais. As diferenças
residem apenas nos excipientes, ingredientes que não
têm atividade terapêutica e são adicionados, por exemplo,
para dar consistência, cor ou sabor: incluem substâncias
como lactose e amido. Mas qualquer ingrediente de um
medicamento, incluindo os excipientes, pode causar
alergias. Por isso, em situações raras, algumas pessoas
toleram bem uma das versões (original ou genérico)
e desenvolvem reações adversas a outra.
 TESTE SAÚDE
DECO PROTESTE,
Editores, Lda.

Pilates no IRS
Proprietária, Editora
e Redação
Av. Eng.º Arantes
e Oliveira, n.º 13, Olaias,
1900-221 Lisboa
Uma leitora inscreveu-se em aulas de pilates, Conselho de Gerência
por indicação médica. É possível, tendo prescrição, Armand De Wasch,
Guido Adriaenssens,
deduzir as despesas das aulas no IRS? Daniel Stons, Ivo Mechels,
Luís Silveira Rodrigues,
Vasco Colaço
Capital Social
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA . DECO - Associação
Magda Canas Portuguesa para a Defesa
do Consumidor (25%)
Presidente Luís Silveira
Embalagem Normalmente, as despesas com ginásios não são dedutíveis Rodrigues
. Euroconsumers (75%)
insuflada no IRS. Mas, tendo a frequência das aulas sido motivada Presidente Daniel Stons

é sinal por uma indicação médica, os exercícios têm fins clínicos Country Manager
e Representante Legal
de alerta e, assim, estão justificados. Conserve a prescrição durante
quatro anos. Pode validar a despesa na categoria “Saúde”
António Balhanas
Diretora e Editora
de Publicações
no e-Fatura. Mas, se não tiver a prescrição médica, ainda Cláudia Maia

Massa
existe outra possibilidade: valide as despesas na categoria Registo de pessoa coletiva
502 611 529
“Ginásios”. Neste caso, poderá recuperar 15% do IVA que lhe Registo da Editora
for cobrado. 215 705

fresca Registo na ERC 118 048

ISSN 0873-8807
Depósito legal 93633/95

insuflada?
Tiragem 234 000 exemplares
Execução gráfica/
/Distribuição

Cuidado
Capa iStock/Nuno Semedo
Fotografia sem crédito
atribuído em página
Fernando Piçarra/4See,
João Ribeiro e iStock
Um massa fresca para piza, Impressão Sogapal,
adquirida recentemente no Comércio e Indústria
de Artes Gráficas, S.A.
supermercado, intrigou uma leitora. Estrada de São Marcos, 27,
2735-521 Agualva-Cacém
Guardou-a no frigorífico, conforme
recomendado, verificando que RESTRIÇÕES AO USO
DA MARCA, DOS ARTIGOS
estava no prazo. Mas, passado E DOS CONTEÚDOS
A DECO PROTESTE proíbe
algum tempo, a embalagem a reprodução e a citação
insuflou. Será seguro consumir? dos seus artigos, bem como a
referência ao nome da editora
e às publicações (PROTESTE,
DINHEIRO&DIREITOS,
COMENTÁRIO DA ESPECIALISTA TESTE SAÚDE, PROTESTE
Dulce Ricardo INVESTE e guias práticos)
com fins comerciais.
O uso, com esse fim,
É melhor não. Uma embalagem opada das designações Escolha
Acertada, Melhor do
(“insuflada”), por vezes, indicia uma Teste e Escolha Verde só é
autorizado nas condições
contaminação microbiana. Alguns previstas em www.deco.
microrganismos, nomeadamente proteste.pt/selos. Também
não é admitido o uso dos
os coliformes, as bactérias lácticas conteúdos disponibilizados
e as leveduras, são produtores de no site, designadamente
dos comparadores, com
gás. Daí o aspeto da embalagem, propósitos comerciais.
Os artigos publicados
que se enche de ar e insufla. nas revistas e online podem
Assim, o conselho é não consumir ser reproduzidos para fins
não-comerciais, se for
este produto. O efeito sobre a saúde indicada a fonte e a data
será impossível de determinar - seria de publicação. Se o artigo
for divulgado na internet,
preciso quantificar e ver exatamente deve ainda conter uma
qual o microrganismo presente. ligação para a página.
Estatuto editorial
Mas não vale a pena arriscar. www.deco.proteste.pt/
estatuto-editorial

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