Mitos Incontinência Dietas

O pão integral não engorda? E o sal Perdas de urina não devem ser A vegan custa mais 760 euros
rosa será mesmo mais saudável? encaradas como normais por ano do que a mediterrânica

www.deco.proteste.pt | 161 | fevereiro/março 2023 | bimestral | 11,75 €

Diretora e editora Cláudia Maia

Imunidade
Há suplementos alimentares a fornecer doses acima do valor diário de referência

INVESTIGAÇÃO

NÃO ESTOU A OUVIR!

Próteses indicadas nos 17 centros auditivos visitados eram adequadas.
Mas o diagnóstico nem sempre foi feito por profissionais habilitados
e o “orçamento” resumiu-se a um rabisco num papel
 sumário
BREVES

04
CHECK UP Pinturas
faciais • Vitamina D:
ossos menos quebráveis •
Dieta mediterrânica: tónico
para a saúde • Espera no

04
Serviço Nacional de Saúde
• Probióticos: intestino mais
resistente

EM FOCO
161
08
Mitos alimentares Açúcar
engorda mais do que gordura?
fevereiro/março 2023 Sal rosa é mais saudável?
Conheça a resposta a estas
e outras questões.

12
Entrevista Soraia Coelho,
fisioterapeuta pélvica,
explica como se combatem
as disfunções sexuais
OS NOSSOS VALORES e a incontinência.

12
INDEPENDÊNCIA

16
CAPA
A nossa missão exige independência total:
financeira, política e ideológica. Os conselhos Centros auditivos Propõem
e as tomadas de posição resultam dos soluções à medida, mas

21
nossos estudos e análises, livres de qualquer
tipo de pressão. A totalidade das receitas não entregam exames, nem
da nossa atividade é reinvestida em prol orçamentos.
dos consumidores.

21
Suplementos de imunidade
CREDIBILIDADE
A concretização da nossa missão assenta Alguns contêm aditivos
na credibilidade e no reconhecimento da duvidosos e vitaminas
qualidade do nosso trabalho. Esta resulta
do profissionalismo das nossas equipas em excesso.
e de métodos comprovados, transparentes
e permanentemente reavaliados, baseados

24
Herpes labial Como prevenir
numa ética profissional exigente. o contágio e tratar as lesões.
PROXIMIDADE
A nossa missão é permanentemente orientada

27
para a satisfação das necessidades dos Custo das dietas
consumidores. A sua concretização passa Entre a vegan, mais cara,
por interagir com todos os interlocutores – e a planetária, mais agressiva
consumidores, comunicação social, poderes
políticos, etc. –, respondendo às suas para o planeta, está o equilíbrio
solicitações de forma direta, concreta ovolactovegetariano.
e adequada.

32
Apps de saúde Segundo

CONTACTE-NOS
o inquérito realizado, quem
as usa está satisfeito. 27
Telefone

36
Despesas de saúde O que
218 410 801 pode deduzir no IRS e como.
Serviço de informações
218 410 858
PERTO DE SI
Cidadãos Surdos
12472 ou Skype

38
Num computador com câmara, smartphone LEITORES EM DIRETO
ou tablet, procure “Serviin-intérprete LGP Tiroide: atenção à vitamina
à Distância”
B7 • Taxas na saúde privada •
Idade ideal para a depilação a
Assinaturas e encomendas
pela internet laser • Aplicadores de tampões
www.deco.proteste.pt/contactos são recicláveis?

2 testesaúde 161
 Centros auditivos

08 Ouvidos
moucos ao
consumidor
Todos temos presentes, pelo menos, um ou dois anúncios
Fátima Ramos
a centros e aparelhos auditivos, protagonizados por
Jornalista figuras públicas. E todos conhecemos alguém que recebeu
da TESTE SAÚDE convites insistentes para realizar rastreios, que, já se sabe,
acabam na tentativa, muitas vezes, bem-sucedida, de venda
de próteses, por milhares de euros.
O rastreio pode até ter alguma utilidade, mas não dispensa
a consulta médica. E é preciso que seja prestado um serviço
de qualidade, por profissionais habilitados, com informação
clara e uma boa gestão das expectativas dos utentes - porque
16 Há pro- um aparelho auditivo não substitui, nem repara, o ouvido.
E é preciso, sobretudo, que se dê tempo à pessoa para refletir,
fissionais
24
sem pressões, e com dados suficientes para comparar ofertas
não habili- e tomar decisões conscientes.
tados que Os principais alvos destas campanhas são, como é óbvio,
os mais velhos, mais afetados pela perda auditiva e, regra
fazem geral, mais vulneráveis, nomeadamente ao nível económico.
audio- As queixas que chegam à plataforma Reclamar, da DECO
gramas. PROTESTE, dão conta da frustração de idosos que pagam
quatro ou cinco mil euros por próteses, com grande sacrifício,
Pede-se e não obtêm qualquer benefício. É claro que estas pessoas
interven- têm de ser avisadas para consultarem o médico, antes de
ção e mão se deixarem envolver pela melodia da “prótese-milagre”.
Mas os serviços também deveriam conceder um período
firme à de experiência e acompanhar de perto a adaptação ao
Entidade dispositivo. Esta tarefa assenta bem ao audioprotesista, que
Regulado- apenas pode intervir “na aplicação dos aparelhos auditivos e
sua programação”, segundo a Entidade Reguladora da Saúde.
ra da Porém, não é raro encontrar estes profissionais a realizarem

32 Saúde exames de diagnóstico, como mostra o estudo da página

16, que só deveriam ser feitos por otorrinolaringologistas
ou audiologistas. Exige-se mais fiscalização àquela entidade
e mão firme a fazer cumprir a lei.
Os centros auditivos, além de respeitarem a lei, devem abrir
caminho a uma maior transparência. Não satisfazer o pedido
de entrega de audiogramas e de orçamentos escritos, como
sucedeu no estudo, é, no mínimo, má prática. De que têm
medo? Do escrutínio do seu trabalho? Da comparação das
propostas? Querem-se práticas mais harmoniosas e afinadas
com as necessidades e os interesses dos consumidores.

Envie-nos os seus comentários editorial@deco.proteste.pt

161 testesaúde 3
Checkup
Atenção às alergias Notificação
de reações
PINTURAS FACIAIS adversas
A maquilhagem para crianças pode conter ingredientes MAIS DE
suscetíveis de causarem alergias ou irritações na pele. 117 MIL
Prefira os produtos à base de água Em 2021,
o portal RAM,
Os produtos à base de água, além de fáceis de aplicar, com
do Infarmed,
um pincel ou uma esponja molhada, são menos propensos
registou mais
a causarem reações indesejáveis. Contudo, nenhum é
de 117 mil
recomendado para crianças com menos de três anos.
notificações
Na altura da compra, verifique a lista de ingredientes
de suspeitas
e evite produtos que incluam, por exemplo, Ethylhexyl
de reações
methoxycinnamate, conhecido como OMC e suspeito de
adversas a
interferir com a fertilidade, assim como BHA e triclosan -
medicamentos.
encontra a lista completa em www.deco.proteste.pt/cuidados-
A maioria foi feita
-pele. Caso a criança tenha tendência para sofrer de alergias,
por profissionais
é preferível optar por produtos sem perfume. Quando abrir,
de saúde, tendo
escreva a data na embalagem e respeite o prazo de validade
os utentes
ou o período após abertura (PAO). Se a pintura tiver cheiro
contribuído com
a ranço, ou se verificar que há uma separação entre a parte
19% (em 2020,
gordurosa e aquosa, deite-a fora, mesmo que ainda esteja
foram 10 por
dentro do prazo.
cento). Grande
Antes de pintar, passe um creme hidratante na zona que
parte das
vai servir de suporte à obra de arte. Assim, protege a pele
notificações
e facilita a posterior remoção. Caso surja alguma reação,
envolveu as
como vermelhidão ou borbulhas, remova de imediato
vacinas contra
a maquilhagem e lave bem com água. Se não passar, vá
a covid-19.
ao médico e leve o produto consigo.

4 testesaúde 161
 Vitamina D Fármacos
OSSOS MENOS LINHA
1400
QUEBRÁVEIS? AJUDA
Tomar suplementos NAS
de vitamina D não BUSCAS
diminui a ocorrência A farmácia
de fraturas não tem o
medicamento
A toma de suplementos de vitamina D que procura?
não parece influenciar a incidência Se for sujeito a
de fraturas totais, não-vertebrais e na receita médica,
anca, mostra um ensaio clínico que a linha 1400
pode ajudar a
Dieta mediterrânica
envolveu mais de 39 mil participantes da

Tónico para
população geral - não exclusivamente encontrá-lo.
doentes com osteoporose, osteopenia Peça a pesquisa
(perda de massa óssea) ou défice de por telefone
ou online

vitamina D. Estes começaram por tomar
um placebo (produto sem substâncias
ativas) durante três meses. Na segunda
fase, os que cumpriram as regras (cerca
de 26 mil) foram divididos em dois
grupos: metade tomou vitamina D
e os restantes mantiveram o placebo.
Os resultados mostram não haver
diferenças entre os dois grupos quanto à
incidência de fratura. Os investigadores
verificaram ainda que os participantes
com diferentes níveis de vitamina D
no organismo tinham igual incidência
de fraturas, sugerindo um reduzido
benefício dos suplementos. Alertam,
contudo, que as conclusões podem não
se aplicar a doentes com osteoporose
ou idosos que vivam em lares.
a saúde
(www.1400safe.
pt). Convém ter
consigo a guia
de tratamento
ou a prescrição,
para preencher
Reduzir o sal e o açúcar e
o formulário. reforçar a dieta mediterrânica
Posteriormente,
o serviço entrará
são os grandes objetivos
em contacto para a alimentação até 2030
consigo, para
indicar onde A alimentação inadequada é uma das principais
e quando o causas evitáveis de doença crónica não transmissível,
fármaco estará em Portugal. Para tentar inverter a curva, o Programa
disponível. Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável
(2022-2030), da Direção-Geral da Saúde, aponta
uma série de medidas que visam aumentar a literacia
alimentar e melhorar os hábitos. Informação mais clara
nos rótulos, controlo do marketing alimentar, reforço
do aconselhamento nutricional nos cuidados de saúde
primários e uma política de preços que conduza os
consumidores a opções saudáveis são apenas alguns
dos caminhos apontados pelo programa.
O documento estabelece ainda metas a curto, médio e
longo prazo. As primeiras deverão ser alcançadas já em
2027: redução do teor em sal e açúcar em 10% e 20%,
respetivamente, nos alimentos que mais contribuem
para a ingestão destes ingredientes; e aumento, em
20%, do conhecimento dos consumidores sobre a
dieta mediterrânica. Os objetivos são ambiciosos.
Esperemos que não se fiquem pelo papel.

161 testesaúde 5
 Serviço Nacional de Saúde
Espera!
Aumenta o número de cirurgias e consultas
realizadas no SNS, mas as listas de espera
continuam a engrossar
O relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS)
sobre a monitorização dos tempos de espera no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) indica que, no primeiro semestre
de 2022, foram realizadas 265 226 cirurgias programadas
nos hospitais, o que corresponde a um aumento de 18% face
aos primeiros seis meses de 2021. Contudo, as listas de espera
continuam a engrossar: a 30 de junho de 2022, 167 456 utentes
aguardavam por uma intervenção cirúrgica (mais 4% do que
em 2021), sendo que 23% já tinham excedido o tempo máximo
de resposta garantida por lei (TMRG).
Ao nível da oncologia, a atividade operatória aumentou 13%
face ao período homólogo, mas também cresceu o número
de doentes à espera de cirurgia (11% ), em muitos casos já
fora dos TMRG. Estavam nesta situação, por exemplo, 45%
dos doentes considerados muito prioritários.
O acesso à primeira consulta hospitalar, a pedido dos
cuidados de saúde primários, segue a mesma tendência.
No primeiro semestre de 2022, aumentou 18% em relação
ao período ano anterior, mas, para 35% dos utentes, o tempo
de espera para a consulta superou o definido na lei. No fim
do semestre, mais de meio milhão aguardava por uma primeira
consulta da especialidade, sendo que, em 37% dos casos,
os TMRG já tinham sido ultrapassados.
Em outro estudo, sobre a monitorização do acesso aos
cuidados de saúde primários, a ERS salienta o forte aumento
das consultas médicas e de enfermagem não-presenciais, em
2020. As primeiras mantiveram a tendência em 2021, enquanto
as segundas diminuíram face ao ano anterior. Contudo, ambas
apresentam valores superiores aos dos anos pré-pandemia.
6 testesaúde 161
Probióticos
INTESTINO
MAIS
RESISTENTE
A toma de probióticos juntamente
com antibióticos ajuda a reduzir
a inflamação intestinal e a manter
o microbioma
Uma revisão sistemática de estudos
realizada nos Estados Unidos revela
que, aquando de um tratamento com
antibióticos, há vantagem em tomar
também probióticos, que se encontram,
por exemplo, em iogurtes e suplementos
alimentares.
Os antibióticos visam combater as
bactérias responsáveis por infeções,
mas também podem atacar outras,
inofensivas, que habitam no intestino
(microbioma) e ajudam a manter
a saúde. É por isso que alguns
antibióticos podem causar sintomas
gastrointestinais, como náuseas, diarreia
e vómitos. O referido estudo mostra
que a toma de probióticos durante
o tratamento ajuda a prevenir ou a
diminuir as alterações na composição
microbiana do intestino induzidas
pelos antibióticos. Pode ainda contribuir
para restaurar bactérias benéficas e,
consequentemente, para reduzir a
inflamação e os sintomas intestinais
desagradáveis.
 PATUDOS MAIS
PROTEGIDOS
O seguro de saúde animal Fidelidade Pets, para cães e gatos, permite optar por três
níveis de proteção e reembolsa 70% das despesas médicas. Se o patudo tiver até oito
anos na altura da subscrição, não há limite de permanência. Acede ainda a um serviço de
assistência que inclui, entre outros, transporte de urgência e envio de veterinário a casa.

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 Coma de
tudo, mas
menos
DIETA EFICAZ
O corte calórico
brusco pode gerar
riscos cardíacos.
Pesquise
“ementas” em

10
deco.proteste.pt

mitos sobre alimentação

Circulam muitas crenças e ideias erradas sobre alimentação.
Saiba o que pode comer sem peso de consciência
e o que é preferível ingerir com moderação
Cécile Rodrigues e Filipa Rendo

8 testesaúde 161
 4
Para perder
peso é preciso

2
banir os
hidratos de
carbono.
Falso. Mesmo uma
dieta hipocalórica
O sal rosa dos deve respeitar
Himalaias é as seguintes
mais saudável. proporções: 45 a
60% de hidratos de
Falso. Sal fino, carbono; 10 a 15%

3
sal grosso, sal de proteínas; e 20
marinho ou rosa, a 35% de gorduras.
flor de sal e ainda O problema não
sal kosher: o nome são as massas ou o
difere, mas “sal é arroz em si, mas os
sal”. As diferenças condimentos e os
entre os vários Os ovos são ricos em colesterol, molhos. Um prato
tipos residem pelo que devemos reduzir o seu de 100 gramas

1
sobretudo na consumo. de esparguete ou
forma e no local de arroz cozido
de extração, assim Falso. Os ovos, ou melhor, a gema de fornece apenas
como no grau ovo, é efetivamente rica em colesterol, 102 kcal e 125 kcal,
de refinação. A mas o mau colesterol elevado no sangue respetivamente.
percentagem não se deve à ingestão de alimentos ricos Ao condimentar
O açúcar engorda mais do que de cloreto de em colesterol, mas antes ao consumo os seus fusilli com
a gordura. sódio, que poderá de gorduras ricas em ácidos gordos muita manteiga,
aumentar a saturados, presentes principalmente queijo ou molho
Falso. Um grama de hidratos de carbono pressão arterial, nos alimentos de origem animal como de natas, irá
(açúcares) fornece quatro quilocalorias, não varia o as carnes gordas, os produtos de ingerir uma
enquanto a mesma quantidade de suficiente para que charcutaria e queijos gordos, a manteiga, “bomba” calórica.
gorduras (lípidos) proporciona nove se possa tolerar as natas, etc. Se as servir com
quilocalorias. a ingestão de O ovo, na verdade, é bastante nutritivo e um condimento
Os alimentos são o combustível do maior quantidade saudável. Contém proteínas de elevado ligeiro (um fio de
corpo. Para calcular a quantidade de uma ou de valor biológico, tanto na clara, como azeite com alho,
de alimentos ideal para o bom outra versão. na gema, além de vitaminas e minerais por exemplo), as
funcionamento do organismo, A Organização como fósforo, ferro e selénio, sendo massas são um
recorremos normalmente a uma Mundial da Saúde este último benéfico para o músculo ótimo alimento
unidade de medida, a quilocaloria (kcal), (OMS) recomenda cardíaco. A forma de confecionar em qualquer
conhecida, na linguagem corrente, por o consumo um ovo pode mudar o seu valor dieta, porque são
“caloria” (a energia também pode ser máximo de 5 nutricional, mas não altera, de forma ricas em hidratos
expressa em quilojoules). As substâncias gramas de sal por significativa, a sua composição. Por de carbono
nutritivas essenciais que transportam a dia para um adulto exemplo, um ovo cozido ou escalfado complexos.
energia são as proteínas, os hidratos de (uma colher de tem as mesmas calorias de um ovo Além disso, as
carbono e as gorduras. chá rasa), e isso cru (85 quilocalorias), e a mesma massas, sobretudo
Postas nos pratos da balança as mesmas é válido para percentagem de gordura e proteína, integrais,
quantidades de hidratos de carbono qualquer tipo de 11% e 13%, respetivamente. Ao fritar fornecem muita
(açúcares) e de gorduras, é maior o sal, cuja principal o ovo, aumenta as calorias para 105 kcal, fibra, pelo que
aporte energético (calórico) da gordura diferença reside e o teor de gordura para 15%, mas a saciam mais
face ao do açúcar. no preço. percentagem de proteína mantém-se. depressa.

161 testesaúde 9
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7
5
Os alimentos
integrais não
engordam.

6
Falso. Os
alimentos
O azeite é saudável, pelo que integrais não são
pode ser consumido à vontade. necessariamente
menos calóricos.
Falso. Uma colher (ou 10 gramas) de azeite Podem possuir
fornece 90 quilocalorias (kcal) enquanto Devemos evitar o peixe gordo. as mesmas ou até
10 gramas de manteiga fornecem cerca mais calorias do
de 75 kcal. Devemos, por isso, preferir Falso. As qualidades nutricionais do peixe são que as versões
a manteiga? Não, porque o azeite, inegáveis. De fácil digestão, inclui proteínas refinadas. A única
que contém sobretudo ácidos gordos de alto valor biológico. É rico em vitamina A diferença é que
insaturados e outras substâncias como os e algumas do complexo B (B1 e B2). As espécies são (mais) ricos
polifenóis, tem também, por comparação gordas, como o salmão, a cavala ou a sardinha, em vitaminas,
com a manteiga, muito mais vitamina E, apresentam também quantidades apreciáveis minerais e fibras.
importante pela sua ação antioxidante. de vitamina D, indispensável para a utilização Saciam mais e por
Além disso, é de origem exclusivamente do cálcio e a formação dos ossos e dos dentes. um maior período
vegetal. A manteiga fornece sobretudo Além disso, contêm ácidos gordos essenciais do de tempo, por
ácidos gordos saturados, prejudiciais para tipo ómega 3, os quais, segundo investigações serem absorvidos
o sistema cardiovascular. científicas, podem contribuir para prevenir mais lentamente
Mas atenção, embora saudável, o azeite doenças cardiovasculares. Apesar de fornecerem pelo corpo.
não deixa de ser uma gordura, o que o mais calorias do que as espécies magras, não se Como tal, podem
torna muito calórico. Cada grama de azeite justifica eliminar peixes gordos da dieta. ser úteis para
fornece nove calorias. Por essa razão, Resumindo: pode e deve comer peixe quem pretende
consuma de forma moderada. Por dia, um regularmente, mas procure variar as espécies, perder peso.
adulto não deve ultrapassar três porções dando primazia às espécies pequenas, como Mas, se forem
de gorduras e óleos. Para ter uma ideia, sardinha, carapau, cavala e dourada. Se possível, consumidos em
uma porção corresponde a uma colher opte por pescado produzido em aquicultura, excesso, também
de sopa de azeite ou a uma colher de mais sustentável e com as mesmas qualidades podem aumentar
sobremesa de manteiga. nutricionais. o peso.

10 testesaúde 161
 Como ler
o rótulo dos
alimentos

9
COMPRAR BEM
Para escolher
produtos mais
saudáveis, vá
a www.deco.
proteste.pt/
deolhonorotulo.
Não se justifi-
ca eliminar as
carnes verme-
lhas da dieta.
Verdadeiro.
Entre as carnes
vermelhas,
algumas são
melhores do que
outras. O borrego
e o porco contam
com partes
particularmente

10
gordas, que
não devem ser
incluídas por
quem faz dieta.
As partes magras
destes animais,
pelo contrário, Os valores diários de referência
são totalmente na rotulagem/declaração nutri-
adequadas, assim cional são valores a atingir.

8
como o escalope
de vitela e o rosbife Falso. A informação nutricional nos
de vaca. As carnes rótulos dos produtos pré-embalados
brancas, como − quantidade de calorias, lípidos
as de frango e de (gordura), ácidos gordos saturados,
peru, são ricas em hidratos de carbono (dos quais açúcares)
Comer uma maçã tocada não faz mal. proteínas e pobres e sal, acompanhados da percentagem
em gorduras, da do valor diário de referência − é
Verdadeiro. Se uma parte da polpa da maçã mesma forma meramente indicativa. Tem em conta
escurecer depois de ter caído no chão ou ter sofrido que o pombo recomendações para a maioria da
um choque, não é caso para deitá-la fora. O choque e a codorniz. população adulta, cuja alimentação deve
danifica localmente o fruto, levando a zona atingida Logo, podem fornecer, em média, 2000 quilocalorias
a oxidar e escurecer. Para prevenir esta reação, ser consumidas por dia. Homens fisicamente ativos terão
mergulhe a peça de fruta que caiu num pouco de sem pesos de necessidades energéticas maiores do
água com sumo de limão. Pode também retirar só consciência. A que mulheres e crianças.
a parte escurecida, pois a maçã não deixa de ser carne de coelho Na rotulagem, além dos valores por
comestível por ter uma zona tocada. também é uma 100 gramas ou mililitros, surgem, muitas
Claro que uma fruta escurecida com sinais de boa opção. Já vezes, os dados por porção. Mas cuidado
podridão não deve ser ingerida de todo, pois pode os produtos de com o que se entende por “porção”. Se
conter toxinas perigosas para a saúde. charcutaria, como for uma bolacha (de dez gramas, por
E não se assuste com o ar lustroso de algumas salame e patê, são exemplo), o mais provável é que não se
maçãs. Muitas têm a casca gordurosa, como se de evitar. Opte por contente com uma só…
tivessem sido cobertas com cera artificial. Mas grelhar a carne Para mais informações sobre as doses
não é o caso, e também não se trata de resíduos numa frigideira certas por tipo de alimento, consulte o
de pesticidas nem de substâncias adicionadas antiaderente artigo online sobre a roda dos alimentos,
para evitar que fiquem ressequidas ou para lhes ou estufá-la em https://dproteste.pt/roda-
dar brilho. Nada disso. Esta película gordurosa num recipiente -alimentos. 
forma-se naturalmente para evitar que a maçã especial, sem
fique desidratada e escureça. juntar gordura. Dossiê técnico Sofia Mendonça

161 testesaúde 11
 "Para quem
perde urina,
toda a

incon
gestão de
um passeio
é complexa"
Soraia Coelho
Fisioterapeuta
especialista em
nunca é nor
reabilitação pélvica
e uroginecológica

O combate às disfunções sexuais

e à incontinência urinária passa
pela prevenção. Soraia Coelho,
fisioterapeuta pélvica, alerta para
a importância de avaliar a saúde
do pavimento pélvico, o conjunto
de músculos e ligamentos que
mantêm a bexiga, o reto e o útero,
no caso das mulheres, na sua
posição correta
Entrevista Alda Mota
Fotografia João Ribeiro

A partir de que idade é

ENTREVISTA COMPLETA
Leia o QR code ou vá a www.
deco.proteste.pt/saude/doencas/
noticias/nem-todas-mulheres-
devem-fazer-exercicios-kegel
preciso fazer a reabilitação
do pavimento pélvico?
Costumamos dizer que o ensino sobre
a saúde pélvica deveria começar com
a primeira menstruação, porque assim
a mulher (e o homem também) vai
ter uma noção do que é a sua saúde
pélvica e ter noção de pequenas
alterações que possam gerar disfunções.
Mas, maioritariamente, deve ocorrer
em momentos‑chave: caso de uma
gravidez, se houver dor durante a
relação sexual e quando a mulher
entra na menopausa. Nesta fase em
concreto, é muito importante uma
avaliação, por todas as alterações que
ocorrem. A perda de estrogénio na
entrada na menopausa faz alterar toda
a componente musculoesquelética e
ligamentar, e a fisioterapia pode ajudar.
E, depois, quando existem alterações

12 testesaúde 161

tinência
mal haver perdas de urina
gastrointestinais. Se a mulher sofre de
obstipação crónica, de endometriose,
de adenomiose, de síndrome do
ovário policístico, os fisioterapeutas
podem ajudar para que estas mulheres
tenham uma boa qualidade de vida.
É ainda importante noutras patologias
que possam influenciar o pavimento
pélvico, como doenças autoimunes,
que também levam a estas alterações:
por exemplo, fibromialgia, artrite
reumatoide, lúpus ou mesmo esclerose
múltipla ou lateral amiotrófica.
Que principais preocupações
traz a menopausa à saúde
pélvica da mulher?
A sexualidade da mulher durante a
menopausa não é falada, e é importante.
A mulher não morre no momento em
que fica com a menopausa; tem todo
o direito a uma vida sexual prazerosa.
Mas a menopausa traz algumas
alterações físicas que podem dificultar
a boa qualidade de vida ao nível sexual,
nomeadamente, atrofia muscular -
que são músculos que ficam com muita
dificuldade em alongar -, atrofia ao
nível do tecido da vulva - que fica
mais retraído e pode levar a dor -,
fissuras recorrentes… Por outro lado,
pode levar a incontinência urinária
e a incontinência fecal, que afetam
a qualidade de vida e o bem‑estar.
A mulher, muitas vezes, deixa de sair à
rua, com medo da perda de urina. Toda
a gestão de um passeio é uma gestão
complexa: quantas casas de banho vai
haver? Será que a pessoa vai sentir?
Muitas vezes, isola‑se também, porque
tem receio de que quem esteja a seu
lado sinta - ou cheire - que houve uma
perda de urina. Notam‑se alterações
no comportamento destas pessoas, no
sentido de terem uma roupa cada vez
mais escura, para evitarem que se veja,
se tiverem uma perda. Tudo isto deve ter
um acompanhamento multidisciplinar.
Seja ao nível da medicina,
nomeadamente da ginecologia, com
a possibilidade ou não de uma terapia
hormonal de substituição, para ajudar
a minimizar os efeitos que decorrem da
menopausa, seja ao nível da fisioterapia,
para ajudar nas alterações pélvicas, seja
de outras componentes que se achem
necessárias para um bom trabalho,
como a nutrição ou a endocrinologia.
Em que consiste a
fisioterapia de reabilitação?
Tudo depende do que vamos encontrar
e da queixa que a pessoa nos apresenta.
Se estamos a falar de uma mulher que
nos diz que tem uma atrofia vulvar
ou atrofia vaginal, que apresenta
dor durante a relação sexual, ou que
sempre que tem uma relação fica com
fissuras, o trabalho do fisioterapeuta
vai ser no sentido do relaxamento
da musculatura e para melhorar a
qualidade do tecido da vulva. Temos
várias técnicas, como radiofrequência,
fisioterapia dermatofuncional - que
é uma fisioterapia mais estética, mas
que também pode trabalhar na área
vulvar -, e trabalhamos também na
componente musculoesquelética, para
dar função. O músculo não serve só para
fortalecer. Por vezes, temos de ensinar
o músculo a relaxar e, assim, ter uma
função. Costumo dar o exemplo de uma
Raparigas
e mulheres
INCONTINÊN-
CIA URINÁRIA
Afeta 50%
da população
feminina. Só 25%
a 61% procuram
tratamento.
bailarina: é uma atleta extremamente
forte, mas extremamente flexível. E é
assim que deve ser o nosso pavimento
pélvico. Deve ter uma boa capacidade
de contração, mas, ao mesmo tempo,
ter capacidade de alongar e relaxar.
Se não há essa capacidade, a própria
penetração é dolorosa. Vamos exigir
a esse músculo um relaxamento, um
estiramento, que não vai conseguir
fazer porque está sempre muito tenso.
Na parte da incontinência, é importante
avaliar de onde vem. Pode ser causada
pelo prolapso dos órgãos pélvicos, que é
a queda do útero, da bexiga ou do reto.
Podemos ter tanto uma incontinência
urinária, como uma incontinência fecal.
Pode ser por fraqueza da musculatura
pélvica, ou seja, músculos que estejam
muito fracos, muito lassos, que não
tenham capacidade de contrair, e aí
podem levar a incontinência. Também
podemos ter incontinência com
músculos extremamente tensos, em
que não há uma função correta do
encerramento dos esfíncteres. Por isso,
é muito importante essa avaliação,
para depois saber indicar que tipo
de exercícios devem fazer‑se.
Qual é o melhor treino para
prevenir a incontinência?
Muitas pacientes vêm a consultas de
reabilitação pélvica a título preventivo.
“Venho perceber se está tudo bem com
o meu pavimento pélvico” ou “venho
avaliar se preciso de fazer alguma coisa”.
Porque já têm este ideal, que era o que
devia estar implementado mesmo ao
nível do Serviço Nacional de Saúde, de
prevenir a doença, e não de tratar >
161 testesaúde 13
 Fator
de risco
OBESIDADE
Obesas têm risco
três vezes superior
de incontinência
urinária face às
mulheres com
peso normal.
> tem muita dificuldade em atingir o
depois os sintomas, quando já está
estabelecida. A mulher vem fazer apenas
uma avaliação. E, aí, se for o caso,
delineamos um plano, ou - tudo OK,
vida normal - é para continuar a fazer o
que faz. Para prevenir a incontinência,
sobretudo na menopausa, como há
as alterações hormonais, é muito
importante trabalharmos para a
prevenção. É importante a mulher fazer
exercícios que estejam virados para
as suas necessidades. Os exercícios de
Kegel poderão, em caso de necessidade,
ser realmente uma boa opção. Manter
uma boa atividade física também é
importante. Uma das grandes falhas,
enquanto sociedade, é não termos muito
tempo para a atividade, e, para a mulher,
o exercício físico é fulcral. Sabemos
que, muitas vezes, com a menopausa,
vêm patologias, como a osteoporose
ou a osteopenia [perda de densidade
óssea precoce], e o exercício físico
minimiza bastante esta vulnerabilidade
óssea. É também essencial trabalhar
essa componente em conjunto com
a área pélvica, sem exageros. É muito
importante ter em atenção os sinais de
alerta de que alguma coisa não está bem.
Tal como fazemos frequentemente o
Papanicolau e as mamografias, é preciso
agir, se sentimos que alguma coisa não
está bem.
Que sinais de alarme
devem levar uma mulher
a procurar ajuda?
Deve procurar ajuda sempre que tiver
uma perda, tanto de urina como de
14 testesaúde 161
fezes, ou mesmo dificuldade em suster
os gases, ou sentir dor na penetração.
Este é um problema gritante na nossa
sociedade: temos cada vez mais
mulheres com disfunção sexual, que
não sabem que poderiam ter ajuda, e é
muito importante perceber que existe
ajuda no caso de dor sexual e que esta
situação tem de ser avaliada. Há ainda
a dificuldade em atingir o orgasmo,
que ocorre quando há muita tensão
pélvica. Esta mulher sente que está
sempre no limbo, sente prazer, mas
orgasmo. A avaliação pélvica também é
muito importante sempre que, ao fazer
exercício físico, haja desconforto na zona
da anca, porque a anca está interligada
com toda a musculatura pélvica. Com a
fisioterapia, há uma melhoria ao nível
"Os exercícios de
Kegel poderão ser
uma boa opção,
mas nem todos
os deveriam fazer"
da flexibilidade e da força. Por exemplo,
para mulheres que tenham hiperlordose
[aumento da curvatura da coluna
lombar] ou tenham passado por uma
remoção do útero, ou mesmo por uma
histerectomia total, a reabilitação pélvica
é essencial, porque vai ensinar outra vez
esta estrutura a funcionar, sem o suporte
que seria o útero. O mesmo se passa em
casos de endometriose e adenomiose.
Conseguimos melhorar a qualidade de
vida a estas mulheres, que passam a ter
ciclos menstruais um pouco mais curtos,
com menos dor e mais funcionalidade.
Sobretudo na menopausa, costumo
indicar às minhas pacientes que não
é muito normal estarmos sempre
a sentir um peso no baixo‑ventre,
como se estivéssemos sentadas
em cima de uma bola. Esse pode
ser um dos sinais de um prolapso
dos órgãos pélvicos. E, para estes
prolapsos, se forem classificados
como de grau 1 ou grau 2, e se forem
tratados precocemente, a fisioterapia
é a única linha de tratamento, que
consegue melhoras drásticas. Se
chegamos ao ponto em que a mulher
sente - por exemplo, quando se lava
- que alguma coisa está a sair pela
zona pélvica, já podemos estar em
risco de grau 3, e isso significa que,
possivelmente, o tratamento poderá
ter de passar por cirurgia.
Que maus hábitos podem
conduzir a este tipo
de situações?
Por exemplo, passar muitas horas
sem ir à casa de banho ou viver com
obstipação crónica, que é um dos
principais fatores que levam a uma
incontinência, pois o pavimento pélvico
está sempre sob tensão e tem muitos
movimentos no que toca à evacuação.
A própria maneira como vamos à casa
de banho é errada: seja para urinar,
seja para evacuar, deveríamos usar um
banco por baixo dos pés, para ficarem
mais elevados e, assim, haver um
relaxamento da musculatura pélvica.
Essa é a posição adequada. Quando
fazemos esse movimento de flexão,

estamos a relaxar a musculatura.
Ora, a posição comum na casa de banho
e na sanita fecha a musculatura pélvica
e vai encerrar a zona da ampola retal.
E, claro, deveríamos evitar aqueles
movimentos que conhecemos, de fazer
força para evacuar. Fomos ensinados a
fazer força, mas esse ensinamento está
incorreto. Também não deveríamos
bloquear a respiração para fazer
força, porque isso abaúla o pavimento
pélvico. Ao fazermos força para baixo e
alongarmos constantemente os tecidos,
chegamos a um ponto em que os tecidos
podem ceder. Há também a questão
do exercício de impacto, e de muitas
mulheres relatarem perdas de urina
durante esta prática e menosprezarem
o problema, porque “é normal ter‑se
perdas de urina com exercício físico”.
Ora, nunca é normal ter perdas de urina.
O normal é tossir, rir, saltar, pular, pegar
em pesos, fazer uma cambalhota, e
não ter uma perda de urina. Se houver,
existe um problema, que tem de ser
avaliado, tem de ser tratado, e não
deve ser menosprezado. É comum,
nas primeiras semanas após um parto,
ocorrer perda de urina por causa do
percurso do parto vaginal. Já não é
normal uma mulher com um ou dois
meses de pós‑parto ainda ter perdas
"A
própria
maneira
como
vamos à
casa de
banho é
errada"
de urina, como também não é normal
uma mulher no pós‑menopausa ter
perdas de urina. Não é porque entrou
na menopausa que tem de ser normal.
Pode ser comum, mas não é normal.
Que tipo de exercícios
as mulheres devem fazer?
Vamos supor que há uma mulher que
suspeita de que tem uma fraqueza
muscular. A avaliação vai dar‑nos
as respostas do exercício correto.
Por exemplo, os exercícios de Kegel:
ouve‑se muitas vezes que todas as
mulheres os devem fazer, mas é um
mito. Nem todas os devem fazer.
Mas os exercícios de Kegel, se forem
necessários, podem ajudar imenso
a fortalecer o pavimento pélvico e
melhorar no que toca à incontinência
urinária, à incontinência fecal e mesmo
aos prolapsos dos órgãos pélvicos,
do útero, da bexiga ou do reto. Se
estamos a falar da necessidade de
alongamento, então, há exercícios
que envolvem alongamento ao nível
da pélvis, de abertura, de respiração.
Por exemplo, o ioga é uma boa técnica
de exercício de alongamento. E também
se trabalha esta perceção corporal do
relaxamento pélvico com exercícios
de respiração. Se a mulher se sentir
confortável com o seu toque pessoal,
pode tentar colocar o dedo no interior
da vagina, para perceber se sabe
contrair e se sabe relaxar, e trabalhar
um pouco nesse sentido. Mas uma das
coisas que devem ser absolutamente
evitadas, qualquer que seja a situação,
é a mulher tentar fazer os exercícios
de Kegel enquanto está a fazer chichi.
Muitas fazem isso: tentam parar o fluxo
de urina, para, assim, trabalharem
a força pélvica. É um erro, e um erro
grave, porque traz problemas sérios
à mulher, como alterações dos padrões
de micção ou infeções urinárias...
E qual é a importância da
reabilitação do pavimento
pélvico nos homens?
Muita! A mesma das mulheres.
Nas questões de hiperplasia (aumento)
da próstata, conseguimos dar um pouco
mais de função nesta componente.
E, na prostectomia radical, era muito
importante que estes homens, mal
tivessem alta da cirurgia, começassem
a reabilitação pélvica com um
fisioterapeuta, e não fazerem apenas,
como, muitas vezes, ouvimos que lhes
foi ensinado, a contração dos músculos.
Deve haver também uma reeducação
muscular.
Existe tabu em relação
ao tratamento?
Não creio, porque as pessoas até
aderem muito bem quando explicamos
o que vamos fazer, porque sabem
que vão ter um resultado depois.
Quando se começou a falar, há uns
dez ou 15 anos, de reabilitação pélvica,
sim, havia muito tabu. Nos dias de hoje,
já não sinto esse tabu, nem sequer
da parte dos homens, que, muitas
vezes, já vêm procurar ajuda, porque
não querem ter uma perda de urina.
Temos homens a fazer prostectomias
com 60 a 65 anos. Para os homens
com essa idade, é extremamente
redutor apresentarem perdas de urina.
Eles próprios já vêm procurar ajuda,
para melhorarem a incontinência
urinária.
161 testesaúde 15
centros auditivos
diagnóstico sem habilitações
A DECO PROTESTE enviou um cliente mistério a 17 centros auditivos, à procura de soluções para ouvir melhor.
Todos recomendaram próteses adequadas, mas, muitas vezes, o diagnóstico esteve a cargo de profissionais
não habilitados, a entrega dos exames foi recusada e o “orçamento” resumiu-se a um número gordo, escrito
num cartão de visita. Antes de se aventurar nesta busca, deve consultar o médico
Fátima Ramos

Ouço mal. E agora?

1CONSULTA MÉDICA
Tem dificuldade em manter uma
conversa, por não ouvir ou perceber o que
lhe dizem? Não consegue distinguir sons
que outros ouvem na perfeição? Fale com
o médico de família, que pode prescrever
exames, ou vá ao otorrinolaringologista.
No Serviço Nacional de Saúde, as consultas
da especialidade têm de ser requisitadas
pelos cuidados de saúde primários.
2 COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO
Além de escutar as queixas do utente,
o médico deve inteirar-se da sua história
clínica, incluindo hábitos de vida, exposição
ao ruído (profissional ou em lazer), toma
de certos medicamentos e existência
de problemas auditivos na família, entre
outros. Poderá também fazer exames de
diagnóstico ou prescrevê-los. Neste caso,
o utente deve seguir para um audiologista.
3 EXAMES MÉDICOS
Os meios complementares de
diagnóstico a prescrever dependem da
situação clínica de cada um. A otoscopia
e os audiogramas (tonal e vocal) são os
mais utilizados para avaliar a perda auditiva.
Mas também pode ser necessário recorrer
ao timpanograma, por exemplo, se houver
uma obstrução ou disfunção da trompa
de Eustáquio.

16 testesaúde 161

O Só a Wells
televisor ganha volume, as
janelas deixam de ressoar a
melodia das noites chuvosas,
os pássaros calam o chilrear e as
conversas esmorecem a cada repetição.
Perder capacidade auditiva significa,
muitas vezes, fechar a porta ao mundo
e criar espaço para a frustração, o
medo, a vergonha e o isolamento
social. O problema afeta sobretudo
os mais velhos, porque, como o resto
do organismo, o ouvido vai perdendo
funcionalidade com o passar dos anos.
Aliás, dos cinco sentidos, a audição
é o que envelhece mais cedo, devido
à existência de um reduzido número
de células ciliadas e neurónios,
estruturas responsáveis pela audição,
na cóclea. Regra geral, a partir dos
40 anos, o processo de degeneração
acelera e o défice auditivo começa
a ganhar estatuto de residente. A
velocidade da etapa varia com a
pessoa, mas a exposição frequente ao
ruído e a diferenças de pressão, fatores
hereditários, doenças, como otites e
meningites, e alguns medicamentos
podem dar um forte empurrão.
Em Portugal, há poucos dados de
prevalência de problemas auditivos,
sendo os mais recentes os dos Censos
2021: das pessoas que responderam
às perguntas facultativas sobre
as dificuldades do dia-a-dia, 16%
reportaram problemas auditivos, na
maioria, leves. A frequência aumenta
com a idade, agravando-se a partir
4 ESCOLHER A PRÓTESE AUDITIVA
Avaliada a perda auditiva, se se concluir
que a prótese pode ajudar, o profissional
deverá explicar os prós e contras dos vários
tipos e ajudar a escolher, tendo em conta
as atividades, necessidades e expectativas
do utente. Por exemplo, os aparelhos
retroauriculares (modelos clássicos, com
parte exterior) são maiores e mais fáceis
de manusear, mas menos discretos.
entregou o
resultado dos
audiogramas
ao cliente
dos 40 anos. Segundo o Inquérito
Nacional de Saúde com Exame Físico,
realizado pelo Instituto Nacional
de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em
2015, cerca de 42% dos idosos tinham
dificuldade em ouvir, situação que,
provavelmente, não melhorou, dado
termos uma população ainda mais
envelhecida.
Não admira, pois, que os anúncios
de próteses auditivas sejam
protagonizados, sobretudo, por pessoas
mais velhas. Estes aparelhos não
reparam as lesões que levaram à perda
da audição, mas podem atenuar os
seus efeitos. Aparelhar o ouvido não
significa ficar com o ouvido “bom”,
mas pode restabelecer um canal de
comunicação com o mundo e, assim,
melhorar o bem-estar e a qualidade
de vida. Para isso, o problema tem de
ser bem diagnosticado, e o aparelho
adaptado às necessidades do utente.
O ideal é começar por consultar o
médico e fazer os exames necessários.
5 PEÇA UM ORÇAMENTO
Tomada a decisão sobre o tipo de
aparelho, se possível, visite várias lojas e
peça orçamentos. Além da identificação
do vendedor e do período de validade das
condições, estes devem incluir a marca e as
características do aparelho, o preço (com
IVA), o período de adaptação e os serviços
prestados durante e após o mesmo.
Se houver resistência na entrega, insista.
Dificuldade
auditiva
IDOSOS
Num inquérito do
INSA, de 2015,
cerca de 42% dos
idosos reportaram
dificuldade auditiva.
Se a solução for uma prótese, terá de
passar inevitavelmente por um centro
auditivo. A DECO PROTESTE quis
saber se ficam em boas mãos, pelo que
enviou um colaborador com problemas
auditivos a 17 destes locais, em busca
de soluções para o seu caso (ver caixa
metodológica, na página 19). O objetivo
não foi avaliar a qualidade dos atos,
nem dos aparelhos, mas verificar se
os centros seguem as boas práticas de
diagnóstico e se propõem a solução mais
adequada para a pessoa.
Profissionais (des)habilitados
Quando entra numa destas lojas, o
consumidor espera que o seu problema
de saúde auditiva seja avaliado, isto
é, espera um diagnóstico. Segundo
a lei, este apenas pode ser feito por
otorrinolaringologistas e técnicos
de audiologia, também designados
por audiologistas. Mas isso nem
sempre acontece. O estudo revela
que, muitas vezes, a tarefa é entregue >
6 PERÍODO DE ADAPTAÇÃO
A prótese deve ser feita à medida do
ouvido, e o utente precisa de tempo para
se habituar a usá-la. Neste período, a loja
deve fazer um acompanhamento próximo
e ajudar a ultrapassar as dificuldades.
Aproveite para experimentar a prótese
em diversos ambientes sonoros e dê conta
dos resultados e de eventuais dúvidas
a quem o segue no centro.
161 testesaúde 17
 Despesas
de saúde
PARA O IRS
Os gastos com
próteses auditivas,
que estão sujeitas
a taxa de IVA de
6%, podem ser
deduzidos no IRS. responsável pela supervisão destes prescrição ou relatório, este “encaminha
serviços. para audiologista ou médico otorrino”.
A DECO PROTESTE penalizou os Da Audição Perfeita, dizem que os
estabelecimentos em que o diagnóstico técnicos se limitam a ler e interpretar
não foi feito por um audiologista, e dados. “A responsável pelos
procurou obter um comentário dos seus audiogramas é a audiologista.” Até pode
responsáveis. Até à data de fecho desta ser, mas, na visita avaliada, o cliente não
> edição, poucos tinham respondido, levava exames e a pessoa que conduziu
a audioprotesistas. São profissionais e só a Otovida se comprometeu a o processo não se identificou como
que “apenas podem intervir após a fase tomar medidas: “A situação descrita audiologista.
final do diagnóstico, realizado por um vai totalmente contra as orientações
profissional de saúde devidamente transmitidas aos funcionários [...]. Avaliação incompleta
habilitado para o efeito, e apenas para Iremos reforçar junto dos mesmos os Passando à parte prática. Para bem
a aplicação dos aparelhos auditivos e procedimentos de atendimento”, refere. avaliar a perda auditiva do utente, o
sua programação, com vista ao correto Já a Excellent Ótica reforça a qualidade profissional deve colocar-lhe questões
funcionamento”, esclarece a Entidade e experiência do seu audioprotesista, relevantes sobre a sua história clínica,
Reguladora da Saúde (ERS), entidade dizendo que, quando for necessária observar o ouvido (otoscopia) e fazer

RESULTADOS PREÇO (€)

Diagnóstico por um técnico

Processo de diagnóstico

Dois aparelhos auditivos

Centro auditivo
Solução proposta

Avaliação Global
de audiologia

propostos
WELLS Estrada Nacional 249-1, Venteira, Amadora G A A A 2290

WIDEX Centro Comercial Alegro, Av. dos Cavaleiros, 60, Carnaxide G B A A 3498 - 4858

CLÍNICA ACUSIS Av. da República, 50, 2, Lisboa G C A B 5260

CASA SONOTONE Rua Arco do Marquês de Alegrete, 4 E, Loja, Lisboa G C A B 3900

CENTRO PORTUGUÊS AUDITIVO Rua Elias Garcia, 180 B, Amadora G C A B 3420

AUDIÇÃO PERFEITA Rua Casal do Olival, Lote A 3, Queluz E A C 3500

AUDITIVA + Av. das Forças Armadas, 48 E, Lisboa E A C 2500

OTOVIDA Av. 5 de Outubro 20 A, Lisboa E A C 2980

SENTIDO AUDITIVO Rua Duque de Saldanha, 3 A, Odivelas E A C 3800

VIDA AUDITIVA Rua Tomás Ribeiro, 41, 5 Dt.º, Lisboa E A C 4700

AUDIOVITAL Largo César Alípio Ferreira, 12, 1.º, Alverca E A C 3690

ACÚSTICA MÉDICA Estrada de Benfica, 604, Lisboa G C D C 6480

MINI SOM Av. Elias Garcia, 261 B, Amadora G C D C 3700 - 4000

BELA ACÚSTICA Rua Brigadeiro Alberto Oliveira, 39, Alverca E D E 3400 - 3800

AUDIÇÃO ACTIVA Av. dos Bons Amigos, 69, Cacém E D E 4350

AUDISAÚDE Av. Heróis da Liberdade, 24, Massamá E D E 2740 - 2980

EXCELLENT ÓTICA (audição) Rua Virgílio Correia, 5 B, Lisboa E D E 5000 - 5500

18 testesaúde 161

exames complementares de diagnóstico.
A maioria fez as perguntas essenciais
para conhecer o paciente, como a
idade, desde quando usa aparelho, em
que situações ouve pior, se costuma
ter pus nos ouvidos e se teve alguma
doença grave. O que preocupou menos
profissionais foi saberem se a pessoa
havia consultado o médico e/ou se
tinha consigo uma prescrição médica.
Esta avaliação é importante, porque
os problemas de audição podem
estar associados a outras doenças
que precisem de tratamento.
A otoscopia, visualização do ouvido com
ajuda de um aparelho que tem uma luz
na ponta, é fundamental para perceber
se o problema tem origem ou é agravado
por algum corpo estranho ou excesso
de cera no canal auditivo. Nas clínicas
Acusis, Audiovital, Bela Acústica e
Audisaúde, saltaram este procedimento,
passando diretamente para a
determinação do grau de perda auditiva,
através de audiograma. O exame deve
ser realizado numa sala insonorizada -
aconteceu em todos os casos -, e incluir
as vertentes “som puro” (audiograma
tonal) e “voz humana” (audiograma
vocal). É com o último que se avaliam
as necessidades ao nível da perceção
das palavras ditas. Todos cumpriram a
primeira parte, mas só sete, a segunda.
Dados pessoais por mãos
alheias
Todos os centros visitados realizaram
exames médicos, nomeadamente,
audiogramas. O cliente solicitou-os,
mas só viu a sua pretensão satisfeita pela
Wells. Os restantes recusaram a entrega.
A DECO PROTESTE critica esta recusa,
por considerar que os dados de saúde
pertencem ao consumidor, mesmo não
lhe tendo sido cobrados.
Também a Entidade Reguladora da
Saúde entende que os resultados dos
exames fazem parte da informação de
saúde e, como tal, pertencem ao utente.
No Regulamento Geral da Proteção de
Dados, tal informação é considerada
sensível e, até, exige cuidados especiais
por parte de quem a armazena.
O estudo
Para avaliar a qualidade do
atendimento e da informação
prestada, a DECO PROTESTE enviou
um colaborador com perda auditiva
a 17 centros auditivos, na área
metropolitana de Lisboa, no último
trimestre de 2022.
Antes de iniciar as visitas, foi observado
por um otorrinolaringologista e
um audiologista, e fez os exames
complementares de diagnóstico.
Na loja, sem dizer quem representava,
o cliente mistério assumia que já usava
aparelhos, mas estava a ouvir cada vez
menos. Por isso, queria saber o que
tinham à venda e qual a solução mais
adequada para o seu caso. A seguir,
anotou toda a informação, incluindo
os preços das próteses recomendadas.
A avaliação da visita contempla o
processo de diagnóstico e a solução
proposta. O primeiro visou a recolha
de informação sobre a história clínica
do cliente - perguntas feitas pelo
profissional -, a observação (ou não)
do ouvido, a realização (ou não) de
audiogramas tonal e vocal e ainda a
entrega (ou não) dos resultados dos
exames. Segundo a lei, este processo
deve ser conduzido por um técnico
de audiologia, ou audiologista, pelo que
os centros em que tal não aconteceu
foram penalizados na avaliação.
Na solução proposta, além dos
aparelhos recomendados, foi
considerada a entrega (ou não)
do orçamento, expressamente pedido
pelo cliente. Os resultados devem ser
lidos como uma fotografia do momento,
sem pretensões estatísticas, e não
podem ser generalizados.
1,6
milhões
PORTUGUESES QUE REPORTARAM
DIFICULDADES AUDITIVAS, EM 2015
2,7
por cento
DOS PORTUGUESES INDICARAM USAR
PRÓTESE AUDITIVA, EM 2015
Aparelhos sem orçamento
Feito o diagnóstico, passa-se à
recomendação. O cliente já usava
aparelho retroauricular - o que se
prende atrás da orelha - nos dois
ouvidos. Estava habituado a manuseá-lo
e não manifestou preocupações de
ordem estética. O mais adequado seria,
pois, manter a solução, até porque estes
equipamentos são mais baratos, mais
robustos e, em geral, sofrem menos
avarias do que os que se introduzem
no ouvido. Foi essa a proposta dos 17
centros em análise: dois aparelhos
retroauriculares digitais e programáveis.
Passo seguinte: saber preços e obter um
orçamento por escrito. Os exames foram
gratuitos em todos os locais visitados.
Já no valor dos aparelhos, as diferenças
são abismais. A solução para o mesmo
problema auditivo tanto pode custar
2290 euros, na Wells, como 6480 euros, na
Acústica Médica. Por isso, convém pedir
orçamentos em várias lojas e comparar os
preços e as características dos aparelhos.
Mas, a avaliar pelo estudo, a tarefa pode
não ser tão simples como parece. Em seis
centros, não entregaram o orçamento por
escrito, apesar de o cliente o ter pedido
(três estrelas na “Solução proposta”).
Os profissionais limitaram-se a entregar
o preço manuscrito, por vezes, num >
161 testesaúde 19
 Garantia
da prótese
CONTRA
DEFEITOS
Por lei, os centros
auditivos têm de
dar três anos de
garantia à prótese.
A Casa Sonotone
e a Audição
Activa não
oferecem período
experimental
> acompanhado de dois orçamentos, de
cartão do centro. Um orçamento, além
da identificação do estabelecimento e do
preço detalhado do produto, deve incluir
a marca, o modelo e as características do
aparelho, as condições de pagamento,
eventuais descontos, os serviços
pós-venda e a data de validade da oferta,
entre outros. Deve ainda estar assinado
pelo vendedor. Não é ilegal negá-lo, se a
informação for fornecida de forma oral,
mas traduz uma má prática, sobretudo,
quando o documento é expressamente
solicitado pelo consumidor.
Quinze a 30 dias de experiência
Um bom diagnóstico e a recomendação
de aparelhos que respondam às
necessidades de quem procura ajuda
auditiva são fundamentais, mas não
suficientes, sobretudo para “marinheiros
de primeira viagem”. O utente tem
de aprender não só a lidar com o
aparelho, como também a ouvir de
outra maneira. Por isso, é importante
dispor de um período experimental,
com acompanhamento do profissional.
Na Casa Sonotone e na Audição Activa,
não mencionaram esta possibilidade.
Nos restantes centros, o tempo de
experiência varia entre 15 e 30 dias.
E se o consumidor não se adaptar?
20 testesaúde 161
Apesar de não ser obrigatório por
lei, porque o molde é feito à medida
do ouvido, a maioria não descarta a
possibilidade de devolução. As exceções
são novamente a Casa Sonotone e a
Audição Activa. A Audição Perfeita aceita,
mas cobra 70 euros.
Comparticipações limitadas
Com exceção da Audição Perfeita, todas
as lojas permitem pagar em prestações,
sem juros, muitas vezes, dando desconto
a quem o faz de uma só vez. Ainda assim,
a compra de um aparelho auditivo não
está ao alcance de todos.
A Segurança Social comparticipa a
totalidade do aparelho, ao abrigo do
sistema de atribuição de produtos de
apoio, se for prescrito pelo centro de
saúde ou por um centro especializado.
O pedido de comparticipação deve ser
lojas e marcas diferentes, e da respetiva
prescrição médica. Alguns seguros de
saúde e os subsistemas de saúde, como
a ADSE, o SAMS e os Serviços Sociais do
Ministério da Justiça, também financiam
as despesas. Se pertence a algum,
verifique as condições.
Por fim, pode deduzir 15% dos gastos
com próteses no IRS. À partida, não
precisa de prescrição médica, porque
estes produtos estão sujeitos a 6% de IVA.
Contudo, se a tiver, guarde-a.
Aparelhar ouvidos com cuidado
A quem procura ajuda para ouvir melhor,
recomenda-se alguma prudência.
Primeiro, deve consultar o médico e
fazer os exames aconselhados. Caso a
prótese seja a solução, deve avaliar, com
o técnico, se tem as funções necessárias
para o dia-a-dia. Tem ainda interesse
em conhecer as condições da garantia, o
prazo e o local para fazer a manutenção,
e averiguar se pode contar com apoio
do técnico durante a adaptação. Mais:
não falte às revisões periódicas e fale
com o técnico sobre qualquer problema
de comunicação. Pode bastar um ajuste
para voltar a ouvir.
Dossiê técnico Ana Ventura e Teresa Rodrigues
CONSUMIDORES EXIGEM
Direito à
informação
Entrega de exames
e orçamentos
Atendimento por profissionais
habilitados, direito a receber os
exames médicos e entrega de
orçamento completo, quando
solicitado, são as principais
exigências dos consumidores em
relação aos centros auditivos, tendo
em conta as conclusões do estudo.
Profissionais habilitados
O estudo revela que a lei, segundo
a qual só os técnicos de audiologia
podem fazer diagnósticos, não
está a ser respeitada. A DECO
PROTESTE enviou os resultados
à Entidade Reguladora da Saúde.
E os consumidores exigem que tome
medidas e reforce a fiscalização.
Os resultados dos exames
médicos são dados de saúde, pelo
que pertencem ao utente, mesmo
que este não tenha pago para os
realizar. A Carta dos Direitos e
Deveres dos Utentes, da Entidade
Reguladora da Saúde, é clara,
definindo o acesso à informação
como um direito fundamental para
o exercício de outros, como o de
obter uma segunda opinião médica.
A recusa da entrega é inadmissível.
O orçamento é importante para
comparar as características e os
preços dos aparelhos (bem como
eventuais serviços associados), e
para pedir a comparticipação dos
aparelhos à Segurança Social.
Senhores responsáveis pelos
centros auditivos, o preço escrito
num cartão de visita não é um
orçamento, nem nesta, nem qualquer
outra atividade.

suplementos alimentares
dispense!
Sabia que também os suplementos contêm aditivos? E que alguns vitamínicos fornecem doses acima do valor
diário de referência? Se seguir uma alimentação variada e equilibrada, a suplementação não é necessária.
Conheça, ainda, as alternativas à toma de suplementos
O
s suplementos são géneros
alimentícios que se destinam
a complementar a dieta
normal. São fontes concentradas de
nutrientes ou de outras substâncias
(produtos à base de plantas ou própolis,
por exemplo), comercializadas de
forma doseada (cápsulas, pastilhas,
comprimidos, etc.), em unidades
reduzidas (25 g/ml). Não podem
alegar propriedades como prevenir ou
tratar doenças — função que cabe aos
medicamentos. Mas podem ser vendidos
em farmácias e em parafarmácias ou
supermercados, por exemplo.
Quanto a alegações de saúde
sobre imunidade, principalmente
sobre o contributo para o normal
funcionamento do sistema imunitário,
saiba que é possível utilizá-las nestes
suplementos. Porém, apenas as
alegações para algumas vitaminas
e minerais estão autorizadas pela
Autoridade Europeia para a Segurança
dos Alimentos (EFSA). Já a avaliação
das alegações referentes a plantas
encontra-se suspensa.
Se puder, prefira os alimentos
Uma alimentação saudável, em
situações normais, fornece todos
os nutrientes necessários ao
Rita Santos Ferreira e Fátima Ramos
desenvolvimento e à manutenção
da saúde. Por exemplo, se comer
uma laranja ou dois quivis, consegue
atingir a dose diária de referência de
vitamina C. Para prevenir a deficiência
de vitamina D, apanhe luz solar duas
vezes por semana, entre cinco e 30
minutos, expondo, de preferência, os
braços e as pernas. Já 100 gramas de
carne de vaca magra cozida garantem
87% do zinco necessário ao organismo.
Porém, há grupos da população
(grávidas e idosos) para os quais o
recurso a suplementos alimentares, por
indicação médica, se pode justificar.
O consumo destes produtos não é
isento de riscos. Se ultrapassadas
as doses recomendadas, em vez de
benéficos, podem tornar-se nefastos.
Por outro lado, frequentemente,
contêm substâncias para as quais não
existem estudos científicos robustos
que comprovem efeitos quanto à
imunidade. É que, dependendo dos
produtos, a toma simultânea de
suplementos com medicamentos, ou
até de diferentes suplementos, pode
causar sobredosagem ou interações
potencialmente perigosas.
Saiba que existem alternativas à toma de
suplementos alimentares para manter
o bom funcionamento do sistema
Alegações
nutricionais
e de saúde
LEI APLICA-SE A
SUPLEMENTOS
Veja a lista
de alegações
autorizadas em
ec.europa.eu/food/
food-feed-portal.
imunitário: fazer uma alimentação
variada e equilibrada, praticar exercício
físico, dormir o suficiente e evitar
comportamentos de risco, como
fumar e ingerir álcool em excesso.
Os suplementos alimentares não são
medicamentos. Mesmo assim, pelas
razões indicadas, não os tome sem
consultar um profissional de saúde,
e leia sempre a lista de ingredientes.
Como testámos?
As principais preocupações associadas
à utilização de suplementos são a
segurança e a qualidade. O aumento
da procura de suplementos deve-se,
em grande parte, à preocupação
dos consumidores com a saúde e o
bem-estar, à maior facilidade de acesso
a estes produtos e à perceção de que
podem ter o mesmo objetivo que os
medicamentos, mas com menor risco
de efeitos secundários, pois têm, por
exemplo, plantas na sua composição.
Mas ser aparentemente natural não
equivale a ser seguro.
A DECO PROTESTE procurou no
mercado suplementos alimentares
com alegações referentes à imunidade
e analisou a sua rotulagem. Consultou
a lista de ingredientes, bem como as
quantidades que continham de >
161 testesaúde 21
 Os aditivos
são
seguros?
NEM TODOS
Para mais
informação
sobre este tema,
vá a www.deco.
proteste.pt/aditivos-
-alimentares.
> em conta que estes produtos também
vitaminas e minerais. Depois, comparou,
quando aplicável, com a dose diária de
referência e o limite superior de ingestão
tolerável indicado pela EFSA — o valor
mais alto de ingestão diária continuada
que, aparentemente, não tem
nenhum efeito adverso para a saúde.
A DECO PROTESTE apresenta, assim,
exemplos de suplementos com plantas,
probióticos e outras substâncias, com
aditivos duvidosos e com quantidades
de vitaminas e minerais acima das doses
diárias de referência e, quando possível,
perto ou acima do limite máximo
de ingestão tolerável da EFSA.
PLANTAS? FALTA
LEGISLAÇÃO
Existem várias questões relacionadas
com os suplementos à base de plantas,
probióticos e outras substâncias, como
própolis, betaglucanos e cogumelos.
A primeira que se levanta é a falta de
alegações autorizadas. Muitas vezes,
são-lhes adicionados minerais e
vitaminas, precisamente para poderem
usar as alegações permitidas por lei
para esses nutrientes. Depois, não há
estudos que comprovem a verdadeira
22 testesaúde 161
eficácia de plantas e outras substâncias,
nomeadamente no que se refere ao bom
funcionamento do sistema imunitário.
ASSIM...
A falta de legislação sobre alegações
de saúde e nutrição nos suplementos
alimentares à base de plantas e outras
substâncias é prejudicial e induz
os consumidores em erro.
HÁ ADITIVOS NOS
SUPLEMENTOS
No fabrico de suplementos, também
podem ser, e frequentemente são,
usados aditivos, aromas e auxiliares
tecnológicos autorizados em produtos
para a alimentação humana. Existe
uma listagem europeia de aditivos
permitidos, reconhecidos por um
código “E” seguido de três dígitos.
Porém, alguns fabricantes mencionam
apenas o nome completo e a função.
Antes de comprar um suplemento
alimentar, leia a lista de ingredientes
e conheça os aditivos que contém.
A DECO PROTESTE analisou a lista
de ingredientes de alguns suplementos
e encontrou vários exemplos com
aditivos duvidosos: óxidos e hidróxidos
de ferro (E 172), dióxido de titânio
(E 171), dióxido de silício (E 551), silicato
de magnésio (E 553a) e edulcorantes,
tais como aspartame (E 951)
e acessulfame K (E 950).
ASSIM...
Ao comprarmos suplementos
alimentares, nem sempre levamos
contêm aditivos. Se alguns aditivos
não representam risco para a saúde,
há outros que não são recomendados.
Leia sempre a lista de ingredientes
e evite suplementos que contenham
aditivos duvidosos. À semelhança
do que se aconselha para os alimentos,
opte por suplementos com menor
quantidade de aditivos.
VITAMINA D EM DOSES
EXCESSIVAS
A vitamina D contribui para o normal
funcionamento do sistema imunitário.
Mas esta alegação só pode ser usada
em suplementos que contenham,
pelo menos, 0,75 microgramas
de vitamina D por 100 gramas de
produto. Em Portugal, as doses diárias
de referência para esta vitamina
são de 5 microgramas, tendo em
conta a legislação de informação
ao consumidor. No entanto, existem
vários suplementos à base de
vitamina D com diferentes teores.
A DECO PROTESTE encontrou no
mercado suplementos que fornecem
quantidades de vitamina D muito
superiores aos valores de referência,
e até ligeiramente acima dos limites
superiores toleráveis de ingestão
definidos pela EFSA: 100 microgramas.
ASSIM...
Os exemplos recolhidos são
meramente ilustrativos, podendo
haver outras marcas com doses
semelhantes ou até menores. Mas o
que é certo é que a DECO PROTESTE
encontrou suplementos que contêm,
numa dose, quantidades que atingem
ou ultrapassam o limite máximo
de ingestão tolerável diário definido
pela EFSA.
MESMA QUANTIDADE,
MAS TOMAS DIFERENTES
A DECO PROTESTE identificou casos
de dois produtos com as mesmas
quantidades de nutriente, mas com
diferentes recomendações quanto à
toma. Na imagem acima, podemos
observar um claro exemplo. Os dois
produtos, que são da mesma marca,
apresentam igual quantidade de zinco:
50 miligramas, ou seja, duas vezes
mais do que o limite máximo referido
pela EFSA para este mineral, que é
de 25 miligramas por dia. Ainda assim,
um aconselha a toma de uma cápsula
diária, ao passo que o outro indica que
deve ser ingerida uma cápsula diária
a cada dois dias.
ASSIM...
Não se compreende que alguns
fabricantes preconizem diferentes
formas de toma para suplementos
com as mesmas quantidades
de nutrientes.
VITAMINA C: SEM LIMITES
A alegação de que a vitamina C contribui
para o normal funcionamento do
sistema imunitário só pode ser utilizada
em suplementos que contenham, pelo
menos, 12 miligramas desta vitamina
por 100 gramas de produto. Em Portugal,
as doses diárias de referência para
a vitamina C são de 80 miligramas.
A EFSA não definiu limites superiores
toleráveis de ingestão neste caso.
O excesso de vitamina C é rapidamente
eliminado através da urina. No entanto,
tomar mais de 1500 miligramas
de vitamina C, por dia, pode aumentar
o risco de desenvolver pedras
no rim. A partir da ingestão de 1000
miligramas, por dia, pode provocar
problemas gastrointestionais, como
inchaço, dor de estômago ou diarreia.
No mercado, a DECO PROTESTE
encontrou suplementos de vitamina C
com 1000 miligramas, ou seja, 15 vezes
mais do que a dose diária de referência.
ASSIM...
Em pacientes com histórico de
cálculos renais ou com insuficiência
renal ou, ainda, em doentes que
foram submetidos a quimioterapia,
os suplementos de vitamina C podem
ter efeitos nefastos. Antes de tomar
qualquer suplemento, deve consultar
o médico.
Dossiê técnico Sofia Mendonça
CONSUMIDORES EXIGEM
Maior
proteção
É crucial fazer mudanças...
Os suplementos só têm de indicar
as substâncias que os compõem,
as quantidades e a toma diária
recomendada. Porém, deveriam
incluir informação acerca de
possíveis efeitos secundários,
nomeadamente quando consumidos
em combinação com medicamentos,
alimentos ou outros suplementos.
Não há razão para não informarem
os consumidores, tal como acontece
com os medicamentos. Nem
que, para isso, seja necessário
outro enquadramento, com vista
a garantir a mesma proteção
aos consumidores.
Caso sofra alguma reação adversa,
deve notificar a Direção-Geral de
Alimentação e Veterinária (DGAV),
através do formulário para esse
efeito, disponível no site.
Deveria ser também criado
um sistema de monitorização
e comunicação dos efeitos
secundários dos suplementos
alimentares ao nível europeu.
Mais informação tornará o uso
dos suplementos mais seguro para
os cidadãos da União Europeia.
... e legislar as alegações
para suplementos à base
de plantas
Uma das grandes lacunas legais
é a que se refere aos suplementos
à base de plantas e outras
substâncias. Não há alegações
de saúde autorizadas, e a avaliação
encontra-se suspensa há mais
de dez anos. É indiscutível a
necessidade de desbloquear
o processo de avaliação das
alegações de saúde referentes a
estas substâncias.
161 testesaúde 23
herpes labial
o suspeito do costume
Doença contagiosa causada pelo vírus herpes simplex do tipo 1, é bastante comum e, por regra,
não tem grandes complicações. Contudo, convém não descurar o que pode ser mitigado,
sobretudo quando as recaídas são frequentes ou se pertence a grupos de risco
Fátima Ramos

Cinco situações
para o médico ver
Erupção cutânea acompanhada
de febre elevada ou dor severa.
Propagação das vesículas para outras
zonas do corpo, como os olhos.
Mais de seis episódios de herpes
por ano.
Não regressão dos sintomas após
uma semana de tratamento.
Além de herpes, o doente sofre de
eczema e tem as defesas debilitadas.
Q
uase todos nós já tivemos ou
conhecemos alguém que, de
vez em quando, sofre de herpes
labial. Isso acontece porque o vírus
herpes simplex do tipo 1 (HSV-1) é
altamente transmissível, estimando-se
que 66% da população mundial esteja
infetada. A boa notícia é que, neste
caso, estar infetado não é sinónimo de
desenvolver sintomas. Há pessoas com
o vírus que nunca tiveram, nem vão
ter, herpes labial. Além disso, estima-se
que “apenas” 25% a 50% dos infetados
com o HSV-1 sofram recidivas.
Mas, afinal, o que é o herpes labial?
Trata-se de uma infeção que se
manifesta sob a forma de pequenas
lesões, por norma, na superfície externa
dos lábios, nas áreas à volta deles ou
junto ao nariz. As lesões começam
por surgir sob a forma de pequenas
vesículas ou bolhas repletas de líquido,
que se agrupam numa mesma área
de aparência avermelhada e inchada.
Posteriormente, tendem a romper-se,
secar e formar uma crosta, que, por
norma, cai sem deixar cicatriz. No total,
o herpes labial costuma demorar entre
cinco e dez dias a sarar completamente.
Em 80% dos casos, a primeira infeção
(infeção primária) não desencadeia
sintomas. Quando estes surgem,
os adultos podem apresentar dor
de garganta e inchaço dos gânglios
linfáticos cervicais, lembrando
a mononucleose infecciosa.
Nas crianças pequenas, é possível
surgir febre, dor de garganta, gengivas
inchadas, bolhas na boca e mau
hálito. Esta condição é a chamada
gengivo-estomatite herpética, que,
no geral, dura uma a duas semanas.

24 testesaúde 161

Para a vida toda
Ao longo da vida, a lesão reaparece
(recidiva) sempre na área de pele
em que surgiu pela primeira vez, por
reativação do vírus, que fica latente.
Exposição à luz solar, febre, stresse,
ciclo menstrual, uso de corticosteroides,
trauma na zona da infeção ou
diminuição da resposta imunitária
(imunodeficiência ou imunossupressão)
são fatores que podem “acordar” o vírus.
As reincidências são geralmente mais
curtas e menos graves do que a infeção
primária. Em geral, a recorrência
da infeção não é acompanhada
dos chamados sintomas sistémicos
(febre, glândulas inchadas e mal-estar,
entre outros), mas 85% dos doentes
apresentam os sintomas típicos,
como ardor, comichão e formigueiro,
nas 24 horas antes das lesões.
A frequência do herpes labial varia
de pessoa para pessoa: há quem sofra
recidivas todos os meses e quem
Soluções para todos os gostos
Existem vários produtos, entre medicamentos de venda livre e dispositivos médicos, destinados
ao tratamento do herpes labial. Os preços indicados foram recolhidos em outubro de 2022
ANTIVIRAIS TÓPICOS
É o caso do aciclovir e do penciclovir,
disponíveis em forma de pomada. Podem
ser utilizados em recidivas pontuais, para
acelerar o processo de cicatrização em
cerca de 12 a 24 horas. A desvantagem é
que exigem várias aplicações ao dia – a
cada quatro horas, no caso do aciclovir,
e a cada duas horas, para o penciclovir.
4,95 € a 10,35 €
as apresente poucas vezes por ano.
Nos casos em que o HSV-1 ataca mais
de seis vezes por ano, é aconselhável
consultar o médico.
A transmissão e o seu pico
Pessoas de todas as idades podem
contrair o vírus, mas, por norma, a
infeção primária ocorre antes dos
20 anos, em especial na infância.
Estima-se mesmo que cerca de 80%
dos adolescentes tenham anticorpos
contra o vírus.
A infeção transmite-se através do
contacto direto com as lesões, a pele,
as membranas mucosas ou a saliva da
pessoa infetada - muitas vezes, por
meio de beijos ou partilha de utensílios,
como palhinhas, toalhas ou batom.
Estima-se que o pico da replicação
viral ocorra 24 a 48 horas após o
aparecimento das bolhas. Depois,
vai diminuindo até ao aparecimento
da crosta. A transmissão a terceiros é
ADESIVOS DE GEL HIDROCOLOIDE
Em dois ensaios clínicos, os adesivos de
gel demonstraram eficácia semelhante
à dos antivirais tópicos, no que se refere
à cicatrização. Vantagem: ao cobrirem a
ferida, protegem-na, evitam a transmissão
a outras pessoas e tornam o herpes mais
discreto.
8,20 € a 10,90 €
Doença
contagiosa
EM RISCO
O vírus herpes
simplex do tipo 1
pode causar lesões
nos lábios, e ainda
na boca, nos olhos
e nos genitais.
3,6% a 25%
dos doentes sem
sintomas podem
transmitir o vírus
pela saliva
mais provável quando a pessoa tem
lesões típicas de herpes nos lábios.
No entanto, sabe-se que 3,6% a 25%
dos assintomáticos são capazes de
transmitir o vírus pela saliva.
Quando a pessoa contacta com
o vírus, este entra na pele e viaja,
através dos nervos sensoriais, até às
estruturas nervosas localizadas perto
da coluna vertebral. Aí, permanece
inativo (latente), sem causar danos >
LÍQUIDOS PROTETORES LABIAIS
Formam uma película transparente, que
protege e “esconde” a ferida. A eficácia é
semelhante à dos outros produtos antivirais
tópicos e dos adesivos de gel hidrocoloide,
mas os líquidos parecem ter melhor
recetividade de médicos e pacientes.
Devem ser aplicados várias vezes por dia.
8,20 € a 13,40 €
161 testesaúde 25
 Grupos
de risco
MENOR DEFESA
Os bebés e
quem tem o
sistema imunitário
débil correm
maior risco de
complicações.
>
às células. Quando é reativado, o vírus
faz o percurso inverso, dando origem
ao aparecimento do herpes labial.
Para já, não existe vacina que impeça
a transmissão, nem tratamento
que permita erradicar o vírus do
organismo. Felizmente, na grande
maioria dos casos, o herpes labial não
requer intervenção terapêutica, já que
tende a manifestar-se de forma leve e
autolimitada - os sintomas, quando
surgem, tendem a desaparecer sem
tratamento.
Ainda assim, existem várias opções
terapêuticas para tentar reduzir a
frequência e a gravidade da infeção,
acelerar a cura das lesões e aliviar
os sintomas.
Se os sintomas forem ligeiros ou
moderados, o doente dispõe de várias
hipóteses de tratamento que podem
ser adquiridas sem receita médica.
De entre as opções disponíveis,
destacam-se os antivirais tópicos,
os adesivos de gel hidrocoloide
e os líquidos de proteção labial.
O trio apresenta eficácia semelhante,
distinguindo-se essencialmente pela
forma e regularidade da utilização.
Estes produtos devem ser aplicados
com cuidado: lave bem as mãos e, no
caso das pomadas, aplique com o dedo,
para evitar tocar com a embalagem na
lesão e contaminá-la. Depois, massaje
ligeiramente o local, de forma a facilitar
a absorção: não é necessário ficar com
pomada amontoada sobre o herpes.
As manifestações do herpes labial
consideradas severas podem exigir
a toma de medicamentos antivirais
sujeitos a receita médica, como aciclovir
ou valaciclovir.
Complicações raras
Embora raramente, o herpes labial
pode resultar em complicações graves,
particularmente em grupos de risco,
como recém-nascidos e bebés até aos
seis meses. Dado que não têm o sistema
26 testesaúde 161
Ainda não há
tratamento que
consiga erradicar
o vírus
Como evitar
contágios
Evite troca de fluidos. Se tiver herpes
labial ativo ou outra ferida causada pelo
vírus que está na sua origem, convém
evitar beijos e contactos íntimos.
O sexo oral é um potencial transmissor
para os órgãos genitais.
Não partilhe. Toalhas, lâminas, pratos,
copos, garrafas, latas, talheres,
palhinhas, bálsamo labial ou batom
podem transmitir o vírus.
Lave as mãos. Gesto popularizado
pela covid-19, há muito que é uma regra
básica para prevenir e controlar infeções.
Em caso de herpes, lave as mãos
com frequência.
imunológico totalmente desenvolvido,
estas crianças apresentam risco
acrescido de febre alta e convulsões, se
tiverem contacto com o vírus HSV-1.
Em crianças ou adultos com o sistema
imunológico enfraquecido devido
a outras doenças ou a tratamentos,
por exemplo, contra o cancro, o vírus
responsável pelo herpes pode potenciar
o desenvolvimento de encefalite, uma
infeção no cérebro. Já em doentes
com eczema, o vírus pode penetrar na
pele fragilizada e causar uma infeção
chamada eczema herpético.
Também preocupantes são as
infeções oculares: se mexer na ferida
e, de seguida, tocar nos olhos, o
HSV-1 pode espalhar-se e provocar
ceratoconjuntivite herpética, doença
grave da córnea que pode levar
à cegueira.
Há ainda a possibilidade de o
vírus atingir os órgãos genitais,
nomeadamente, através do sexo oral,
e causar feridas.
O panarício herpético é outro exemplo
de complicação associada ao HSV-1.
Trata-se de uma infeção da pele,
intensa e dolorosa, que se manifesta
através de bolhas e feridas em redor
dos dedos, podendo ser necessário
aplicar antivirais.
Apesar de graves e/ou bastante
incómodas, as complicações do
herpes labial são pouco frequentes.
Regra geral, a doença é leve, e a lesão,
circunscrita. A má notícia é que ainda
não se consegue eliminar o vírus, que
permanece latente no organismo,
podendo ser reativado, por exemplo,
em momentos de maior stresse.
Nessas alturas, convém ter cuidados
redobrados (ver caixa ao lado), para
evitar a transmissão a outras zonas do
corpo e a outras pessoas. E, sobretudo,
há que aprender a viver com o despertar
do vírus adormecido.
Dossiê técnico Ânia Rosado e Susana Santos
 Padrões
vegetais
DADOS DE 2021
Pelo menos, 12%
dos portugueses
seguem dietas
baseadas em
produtos de
origem vegetal

vegan
a dieta de duas faces
Comparados quatro regimes alimentares, o vegan é o mais dispendioso, exigindo mais de sete mil euros por
ano. Ao mesmo tempo, é o que menos danos causa ao ambiente. O oposto da dieta planetária, que custa cerca
de menos mil euros, e tem um impacto similar à mediterrânica. No meio-termo, fica o ovolactovegetariano
Deonilde Lourenço

A
angústia do comum dos mortais
cresceu na fila do supermercado,
com a subida paulatina do preço
dos alimentos. A guerra prolongada
veio desordenar as contas familiares.
A carne e o peixe fizeram-se sentir ainda
mais nos orçamentos. Resta saber se,
para quem retira aquelas proteínas do
menu, o aumento do cabaz alimentar se
refletiu de igual modo. Um movimento
crescente, revestido, não raras vezes,
de preocupações ambientais e de
bem-estar animal, orienta o recheio
dos pratos de uma fatia crescente da
população. Parece ideia assente que ser
vegetariano ou vegan é um caminho sem
danos ambientais e menos dispendioso,
dado excluir a carne e o peixe. Todavia,
a verdade é mais complexa e não se
coaduna com afirmações definitivas.
De acordo com dados de 2021, pelo
menos 12% dos portugueses seguem
planos baseados em produtos de
origem vegetal, em que se englobam os
regimes vegan e ovolactovegetariano.
E se o veganismo, excluindo qualquer
alimento de origem animal (até o mel),
é realmente menos nocivo, mas não
inócuo para os recursos do planeta,
o preço não é para todas as bolsas.
No polo oposto situa-se a chamada
dieta planetária, a mais económica,
que pretende combinar uma >

161 testesaúde 27
 Dieta
vegan
A eliminação de todo e qualquer alimento de origem
animal leva os vegans a incluírem equivalentes lácteos
que, só por si, representam 20% da despesa global.
Ou seja, 29 euros por semana. As hortícolas e os fungos
(cogumelos, por exemplo) ocupam igualmente uma
grande fatia no consumo (25%), à semelhança, aliás, dos
outros padrões alimentares. O dispêndio semanal é de
35 euros. Juntos, os dois grupos somam 45% da despesa
global. Esta dieta exige 142 euros por semana, o que,
mensalmente, se traduz em 608 euros. É a alternativa
mais exigente do ponto de vista económico. Por mês, é 46
euros mais cara do que a dieta ovolactovegetariana, mais
64 do que a mediterrânica e mais 95 do que a planetária.
Dieta
ovolactovegetariana
Ovos e laticínios ganham protagonismo, fornecendo
proteína animal, na falta de carne e de peixe. A proporção
de ovos pode ser três vezes e meia superior à das dietas
planetária e mediterrânica. Se os juntarmos aos lácteos,
a despesa perfaz 21%, mais do que o grupo da carne,
pescado e ovos das dietas mediterrânica e planetária
(16 e 17%, respetivamente). Porém, são as hortícolas
e os frutos a completar quase metade dos gastos
(44 por cento). Por semana, esta dieta totaliza 131 euros
e, por mês, 562. Entre as quatro dietas, é a segunda mais
cara. Mais 18 euros por mês do que a mediterrânica e
mais 49 do que a planetária. Em contrapartida, significa
menos 46 euros por mês do que a vegan.

3,63 € 2€
Gorduras 3% 2€
3,82 € Condimentos 2%
4,86 € Gorduras 3%
Leguminosas 3% Condimentos 1% 5,55 € 1,90 €
6,35 €
Frutos oleaginosos 4% Leguminosas 1%
Frutos oleaginosos 5% 35,49 €
Hortícolas e fungos 32,38 €
10,48 €
11,59 € Substitutos de 25% Hortícolas 25%
Substitutos de
proteína animal 8% proteína 8%

22 €
24,19€ Cereais e
Cereais e tubérculos 24,94 €
tubérculos 28,83 € 17% Frutos
17% Equivalentes
lácteos 19%
12,20 €
20% Ovos
Frutos 18% Lácteos 12%
9%
24,94 € 15,83 €

Custo semanal para quatro pessoas, a preços de novembro de 2022

608 € 7296 € 562 € 6743 €

CUSTO CUSTO CUSTO CUSTO
MENSAL ANUAL MENSAL ANUAL

IMPACTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL

CUSTO DOS ALIMENTOS (€) CUSTO DOS ALIMENTOS (€)

- + - +

28 testesaúde 161
 Dieta
mediterrânica
A UNESCO descreve-a como “um conjunto de saberes-
-fazer, conhecimentos, rituais, símbolos e tradições sobre
cultura, ceifa, pesca, criação de animais domésticos,
processamento, culinária” e sobre “partilha e o consumo
de comida”. A base é vegetal, com quantidades moderadas
de alimentos de origem animal, sobretudo de pescado.
Abundam hortícolas, cereais integrais, frutos (incluindo
oleaginosos), leguminosas e sementes. O azeite é de
uso preferencial. Laticínios e carne vermelha tocam em
modo comedido. Hortícolas, cereais e tubérculos e frutos
representam 59% da despesa total. Por semana, o gasto é
de 127 euros. Face à dieta planetária, custa mais 31 euros
por mês, mas menos 64 euros do que a vegan.
Dieta
planetária
Desenvolvida com base na evidência científica, alia dieta,
saúde e proteção do planeta. Na linha da frente, estão
as hortícolas, os cereais integrais, as leguminosas e as
oleaginosas e, com menos protagonismo, os tubérculos
e a fruta. E, reduzidos a figurantes, ficam os laticínios
e a carne vermelha. O pescado fala mais alto do que a
carne. Hortícolas, cereais e tubérculos, carne, pescado e
ovos, em uníssono, representam 62% do gasto total. Só as
hortícolas pesam 27% na fatura a pagar. O cabaz semanal
totaliza 120 euros. Mais económica face à mediterrânica
(menos 31 euros por mês), menos 49 em relação à
ovolactovegetariana e menos 95 perante a vegan.

2€
3,82 €
Condimentos 2% 2€
1,92 € Gorduras 3%
5,57 € Condimentos 2%
3,82 € Leguminosas 2%
Gorduras 3% Leguminosas 4%
5,64 € 8,29 € 31,71 €
32,38 €
Frutos oleaginosos 4% Frutos oleaginosos Hortícolas 27%
Hortícolas 25%
7%
22 €
12,82 €
Cereais e tubérculos
Frutos 11%
17%

13,29 €
20,29 € 20,29 €
Lácteos
17,81 € Carne, pescado
11% Carne, pescado
Lácteos e ovos e ovos
14% 16% 17%
Cereais e
Frutos 17% tubérculos 18%
21,16 € 22 €

544 € 6533 € 513 € 6161 €

CUSTO CUSTO CUSTO CUSTO
MENSAL ANUAL MENSAL ANUAL

IMPACTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL

CUSTO DOS ALIMENTOS (€) CUSTO DOS ALIMENTOS (€)

- + - +

161 testesaúde 29
 GUIA
PRÁTICO
RECEITAS
VEGETARIANAS
(G390)
Experimente
50 receitas
equilibradas.
Encomende já
com o código do Alimente melhor o ambiente
mês (23024) em:
deco.proteste.
pt/guiaspraticos DIETA VEGAN Se trocar a bebida de amêndoa
por uma de aveia, reduz 20% o gasto de água.
Numa semana, poupam-se mais de 1500 litros de
água e 2 quilos de CO2 equivalente. Ou seja, corta
o potencial de aquecimento em 10 por cento.

DIETA OVOLACTOVEGETARIANA Substituir

o leite de vaca por uma bebida de soja fortificada
com vitaminas e minerais diminui 5% a emissão
de CO2 equivalente, 6% o consumo de água e 1%
a ocupação do solo.

DIETA MEDITERRÂNICA As carnes vermelhas

exigem mais recursos. Por essa razão, se trocar
bifes de vaca por idênticos de frango, o potencial
de aquecimento e o consumo de água são
> reduzidos em 5 por cento.
alimentação saudável com a proteção
do planeta. Mas que, nesta comparação, DIETA PLANETÁRIA A substituição da ervilha
tem um desempenho ambiental por feijão-manteiga permite diminuir 5% na
idêntico ao da mediterrânica. Pelo meio, extensão da ocupação do solo utilizado, 3% no
fica o padrão ovolactovegetariano. consumo de água e 2% no aquecimento global.

Quatro dietas sem

ultraprocessados
O cabaz encarece diariamente. Quanto
pesarão estas dietas no orçamento e
nos recursos do planeta? Para avistar as
respostas, o estudo da DECO PROTESTE
pôs em cima da mesa os quatro
padrões alimentares: mediterrânico,
planetário, ovolactovegetariano e vegan.
Para cada um, ponderou a escolha
dos ingredientes e as quantidades
precisas para uma dieta semanal,
nutricionalmente equilibrada.
Com o objetivo de harmonizar os custos,
em cada categoria, confrontaram-se
ingredientes iguais, adaptando as
quantidades e a sua inclusão, ou não,
consoante o padrão. A retirada de um
ingrediente implicou um substituto
nutricionalmente equivalente. Da
despesa semanal, extrapolou-se a
mensal e a anual.
Qualquer que seja o regime, as
necessidades energéticas e nutricionais
são iguais, um princípio aplicado ao
menu semanal planeado para uma
família de quatro pessoas (dois adultos,
uma criança e um adolescente),
traduzido num valor energético médio
de 2200 quilocalorias, e adequado
para suprir as necessidades dos
macronutrientes (glícidos, lípidos
e proteínas) e micronutrientes
(vitaminas e minerais). Os alimentos
ultraprocessados foram excluídos
de todas as dietas.
Na mediterrânica, partiu-se dos
princípios e das quantidades ideais,
longe de serem comuns em Portugal.
O Inquérito Alimentar Nacional e de
Atividade Física, de 2016, revela que
apenas 18% dos portugueses aderem
corretamente à dieta mediterrânica.
Em 2020, outro estudo concluiu que só
um quarto da população adere a essa
alimentação.
Quanto a preços, a análise ocorreu
em dois momentos: julho e novembro
de 2022. Entre os dois períodos,
a despesa aumentou cerca de 7%,
em todas as dietas. A mediterrânica
e a ovolactovegetariana sofreram
os maiores aumentos.
As compras realizaram-se em seis
supermercados online: Auchan,
Continente, El Corte Inglés, Intermarché,
Mercadão/Pingo Doce e Minipreço.
Produtos frescos, a granel e de marca
própria, nos embalados, estiveram
na linha da frente.

30 testesaúde 161
Entre julho e
novembro de
2022, a despesa
aumentou 7% em
todas as dietas
Ser vegan não é para todos
A balança de preços pende a favor
da dieta planetária, a mais leve para
o bolso. No lado oposto, a vegan
gasta mais recursos financeiros.
Mas o que a transforma na mais cara?
De onde provém a maior despesa?
O grupo das alternativas aos lácteos
é o mais caro. Essenciais para o
equilíbrio nutricional destes regimes,
são muito mais dispendiosas do
que os similares de origem animal.
Um iogurte natural custa, em média,
17 cêntimos. Ao equivalente vegetal,
há que acrescentar 33 cêntimos.
A alternativa vegetal ao iogurte clássico
de aroma custa mais 34 cêntimos.
E o fosso não fica por aqui. O preço
de um litro de leite meio-gordo é, em
média, de 85 cêntimos. Já um litro de
bebida de soja custa, em média, 97
cêntimos. Pela mesma quantidade de
bebida de aveia, paga-se, em média,
1,40 euros e pela de amêndoa, 1,58.
O custo imputado à fruta tão-pouco
é de negligenciar, já que as dietas
ovolactovegetariana e vegan devem
incluir uma maior fatia para suprir
as necessidades energéticas e
nutricionais. Face à planetária, a vegan
e a ovolactovegetariana têm o dobro da
despesa em frutas. O gasto de 60 euros
semanais em frutos e hortícolas superam
a despesa de qualquer outra dieta.
Dos vegan, bom ambiente
E qual o desempenho ambiental das
quatro dietas? Entre 18 categorias,
selecionaram-se as cinco mais
relevantes para o estudo: aquecimento
global, ocupação do solo, consumo
de água, ecotoxicidade da água e
eutrofização marinha (introdução de
nutrientes no mar).
Nenhum regime é irrepreensível,
contradizendo a generalização de que
a dieta vegan só soma vantagens e que
a vilania é atributo das que incluem
carne. É verdade que esta produz mais
impactos associados ao aquecimento
global e à escassez de recursos fósseis.
Porém, gasta menos água do que a
vegan, a qual reúne a favor a maior
sustentabilidade, por exemplo, nas
emissões de CO2 equivalente e de
partículas, na formação de ozono na
troposfera ou na eutrofização das águas.
No geral, comparando as quatro dietas,
a vegan tem menos impactos ambientais
em 11 das 18 categorias consideradas.
No padrão ovolactovegetariano, sem
carne e peixe, as emissões de CO2
equivalente e de partículas são muito
inferiores às do mediterrânico e do
planetário, mas superiores às do vegan.
Ao invés, o ovolactovegetariano tem a
vantagem de não exigir tanta água como
o vegan, sendo o melhor entre cinco das
18 categorias, e o pior apenas numa.
E a dieta mediterrânica? Apresenta os
melhores resultados na ecotoxicidade
da água. Mas, por englobar o consumo
de carne e de peixe, tem também
elevadas emissões de CO2 equivalente.
E é a pior em cinco das 18 categorias
analisadas.
O padrão planetário tem consequências
similares às da dieta mediterrânica.
Uma pequena diferença que pode ser
compensada com alimentos de menor
impacto. Um ponto a favor é requerer
menos água. Mas o impacto é maior
em nove das 18 categorias.
Na alimentação, o dilema é de difícil
resolução: entre um regime menos
lesivo para o planeta, mas mais caro,
e outro nos antípodas, qual escolher?
Um que se baseie numa alimentação
tendencialmente mais vegetal,
temperada com quanto baste de
proteína animal. Por agora, a virtude
está algures no meio.
Dossiê técnico Fábio Aparício
e Susana Costa Nunes
CONSUMIDORES EXIGEM
Mais
políticas
por dietas mais vegetais
Aumentar a ingestão de alimentos
de base vegetal é uma melhoria
nos hábitos. Que não significa
necessariamente ser vegetariano
ou vegan. Os consumidores podem
estar na origem da mudança,
mas precisam de apoio. Existem
iniciativas políticas, algumas
europeias, outras de pendor
nacional, posicionadas para
contribuir para essa transição
alimentar. A revisão da Política
Agrícola Comum (PAC) está em
curso, com incentivos financeiros e
práticas de produção sustentáveis,
revitalização rural e comércio mais
justo. Em estudo encontra-se
igualmente um redirecionamento
do investimento para políticas
agrícolas que promovam a
produção de alimentos mais
nutritivos (como frutos, hortícolas,
cereais e leguminosas), com recurso
a sistemas mais sustentáveis,
que tornem estes alimentos
mais acessíveis, económicos
e equitativos.
Em Portugal, o Programa Nacional
de Promoção da Alimentação
Saudável bate-se pela salvaguarda
da dieta mediterrânica, um padrão
cultural nacional, equilibrado e
de base vegetal, que também
pondera o impacto ambiental.
Avizinha-se ainda a transposição
das recomendações da PAC para o
território nacional. Outras medidas
passam por investir na literacia
alimentar e em políticas e incentivos
fiscais aos alimentos mais saudáveis
e sustentáveis, que os tornem mais
acessíveis. A aposta no comércio
local é outra medida a juntar à lista.
161 testesaúde 31
 A OMS
recomenda
150 A 300
MINUTOS
De atividade física
de intensidade
moderada
para adultos,
por semana.

saúde
sob controlo em dispositivos
Seja através do telemóvel ou de um relógio no pulso, há várias possibilidades de acompanhar
diferentes aspetos da nossa saúde, como exercício físico, batimentos cardíacos, sono ou
alimentação. O inquérito realizado revela que quem o faz está satisfeito com os resultados
Isabel Vasconcelos

H
á muito que o telemóvel deixou
de ser um equipamento que
serve apenas para telefonar.
Desde o surgimento dos smartphones
que a possibilidade de ter aplicações
para as mais diversas finalidades abriu
a porta a um novo mundo. Claro que
a saúde nunca poderia ficar de fora,
e são já muitas as apps que permitem
monitorizar vários aspetos relacionados
com o bem-estar de cada um, como
atividade física, sono, alimentação,
ciclo menstrual ou meditação. Além
dos smartphones, vários dispositivos
inteligentes, como relógios e pulseiras
de fitness, permitem monitorizar
a saúde ou a condição física.
Para averiguar se os utilizadores notam
benefícios na saúde com o uso destes
aparelhos, a DECO PROTESTE enviou
um questionário a uma amostra da
população portuguesa. Obteve 815

32 testesaúde 161
 Portugueses cuidam
de si mesmos
FAZEM, PELO MENOS, 30 MINUTOS
DE EXERCÍCIO FÍSICO
respostas válidas, cujos resultados foram
ponderados para serem representativos As apps
em relação a género, idade, região e
nível de educação. Além disso, realizou
ajudam 19% 13% 31% 37%
um inquérito online, dirigido apenas a a Nunca Menos de um dia
por semana
Um a dois dias
por semana
Três ou mais dias
por semana
utilizadores de dispositivos inteligentes,
para avaliar, entre outros aspetos, a motivar
satisfação com os mesmos. No total,
obteve 4183 experiências de utilizadores
ea DORMEM, PELO MENOS, 7 HORAS POR NOITE

portugueses, espanhóis, italianos e seguir 8% 14% 9% 69%

belgas, que permitiram avaliar diversas
marcas de dispositivos. Em geral, uma Nunca Menos de um dia
por semana
Um a dois dias
por semana
Três ou mais
dias por semana
aplicações e dispositivos satisfazem,
e os últimos ajudaram cerca de um
vida
terço a alcançar um estilo de vida mais mais COMO AVALIAM
saudável.
saudá- Condição física
Pré-pandemia 6,6
Bons hábitos de saúde
Durante os confinamentos provocados
vel, mas
pela pandemia, houve quem recorresse não Durante a pandemia 6,1

a sites ou aplicações com aulas online,

para se exercitar. Também as redes diagnos- Atualmente 6,5

sociais e as plataformas de comunicação

serviram para divulgar treinos,
ticam Saúde mental
acessíveis a qualquer cidadão com uma proble- Pré-pandemia 7,7

ligação à internet. Outros portugueses

optaram por fazer exercício em jardins mas de Durante a pandemia 7

ou parques perto de casa.

Segundo os dados do inquérito, cerca
saúde Atualmente 7,4

de metade dos portugueses que

responderam indicaram que, nos Saúde em geral
últimos dois anos, tentaram melhorar Pré-pandemia 7,5
os hábitos alimentares e, na mesma
proporção, a condição física. Quase um Durante a pandemia 7,1
terço também revelou que procurou
Atualmente 7,3
dormir mais horas. Dos que tentaram
melhorar, a maioria atingiu parte
dos objetivos. No caso do sono, 37%
Qualidade de vida em geral
conseguiram melhorar bastante.
Pré-pandemia 7,4
Quando se avaliaram certos hábitos
antes, durante e após a pandemia, Durante a pandemia 6,8
constatou-se que os portugueses
consideram que conseguem agora Atualmente 7,2
uma alimentação mais saudável.
Foi na saúde mental que ocorreu
muito insatisfeitos 1 10 muito satisfeitos
a maior queda durante a pandemia,
que, entretanto, está em recuperação.
Verifica-se a mesma tendência na
NOS ÚLTIMOS
qualidade de vida: mais afetada durante
a pandemia, mas começa a normalizar. DOIS ANOS,
PROCURARAM
58% 48% 31%
... os hábitos ... a condição ... os hábitos
Atualmente, os inquiridos mantêm alimentares física de sono
alguma preocupação com a saúde, MELHORAR...
ao ponto de 37% admitirem que >

161 testesaúde 33
 Exercício
físico
ao ar livre
FITMAP
Registe-se em
www.fitmap.pt
e aponte e planeie
as atividades
que costuma
praticar.
> o utilizador em diferentes desportos e
fazem, no mínimo, 30 minutos de
exercício físico três dias ou mais por
semana. Já 31% fazem um ou dois dias
por semana. E, nos últimos dois anos,
69% tiveram o cuidado de dormir,
pelo menos, sete horas por noite,
durante três ou mais dias por semana.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a prática de atividade
física regular pode ajudar a prevenir e a
controlar doenças cardíacas, diabetes
tipo 2 e alguns cancros. Também
tem benefícios para a saúde mental
e cognitiva e para o sono. Daí a OMS
recomendar, pelo menos, 150 a 300
minutos por semana de atividade física
de intensidade moderada, para adultos.
Pulseiras de fitness agradam
Existem várias aplicações que permitem
registar, com maior ou menor precisão,
o exercício que se faz, as calorias gastas,
as horas de sono, a frequência cardíaca,
além de outras variáveis. Apenas 29%
dos inquiridos usam aparelhos para
monitorizar a saúde ou a condição física.
Quem opta por não usar apresenta
como razões o facto de não precisarem
daqueles para terem hábitos saudáveis
(47%) ou considerarem-nos caros
(39 por cento).
Dos que usam algum dispositivo, os
mais comuns são os smartphones (18%),
onde se podem instalar diferentes
aplicações, e os relógios inteligentes
(15 por cento).
Vida saudável com apps
Cerca de 30% dos inquiridos usam
aplicações para monitorizar a saúde.
34 testesaúde 161
Pedro Mendes
Especialista em tecnologia
"Há pulseiras de
fitness com boa
qualidade a partir
de 30 euros. Saiba
mais em www.
deco.proteste.
pt/tecnologia/
smartwatches-
-pulseiras-
-desportivas"
As preferidas nos últimos dois anos
foram as de saúde e exercício físico.
Em geral, 43% dos inquiridos que
usaram aplicações de saúde, exercício
físico ou nutrição afirmaram que estas
os ajudaram bastante a alcançar um
estilo de vida mais saudável. Já 46%
indicaram que foram úteis em parte, e
apenas 11% que de pouco serviram.
Como a grande maioria das aplicações
para smartphone é gratuita (ou tem
uma versão gratuita, mesmo que com
menos funcionalidades), é sempre
possível experimentar várias até se
encontrar a que mais agrada. Mesmo
assim, nada como perguntar a quem já
as testou. Na página ao lado, encontra
o nível de satisfação dos inquiridos
com algumas das aplicações usadas.
É possível constatar que a satisfação não
varia muito entre as diferentes apps de
uma mesma categoria. Como tal, instale,
experimente e decida.
Medir passos com aparelhos
Os dispositivos, como relógios
inteligentes e pulseiras de fitness,
acabam por ser mais práticos: são
mais pequenos e podem acompanhar
situações. Daí que 48% dos inquiridos
tenham referido que usam os
equipamentos todos os dias. E mais de
um terço (35%) indicou que a utilização
do dispositivo tem vindo a aumentar
com o tempo. Mais de metade usa
o relógio ou a pulseira para medir
os passos (68%) ou o ritmo cardíaco
(56 por cento). Há ainda quem use
para ver as notificações do smartphone e
das mensagens (47%) e para melhorar os
hábitos de exercício físico (46 por cento).
Em geral, 34% dos utilizadores
consideram que ajudaram bastante
a alcançar um estilo de vida
mais saudável. Já 53% afirmaram
que ajudaram até certo ponto, e 13%
que não contribuíram muito.
A satisfação geral com os aparelhos
inteligentes é elevada, com os
utilizadores de smartwatches e relógios
de corrida a avaliarem os equipamentos
com 7,9 pontos em dez. As pulseiras de
fitness têm uma avaliação um pouco
mais baixa (7,5 pontos). Estas apenas
agradam mais do que os primeiros
no que toca ao preço.
Quando se analisa a satisfação com
marcas de aparelhos, notam-se algumas
diferenças numa mesma categoria.
É o caso dos relógios, onde os Fossil
são menos apreciados. A facilidade de
utilização e a capacidade da bateria é o
que menos agrada.
Independentemente do que se usa
(smartphone, relógio, pulseira ou nada),
o importante é procurar seguir um estilo
de vida saudável.
Dossiê técnico Bruno Carvalho
 Aplicações para controlar a saúde
APLICAÇÕES MAIS SATISFAÇÃO
USADAS
Saúde em geral Atividade física
Samsung Fit / Health 8 Garmin Connect 8,1

64% 59% 53%

Saúde e fitness Atividade Saúde e fitness
FitBit 8 Nike Run / Training 8,1

integrada no física integrada em

smartphone dispositivo Zepp 8 Adidas Run / Training 8,1

Google Fit / Health 7,9 Strava 7,9

44% 32% 19%

Monitorização Monitorização Relaxamento
Apple Fit / Health 7,9

do ciclo
menstrual
do sono e meditação
Mi Fit / Health (Xiaomi) 7,8 Monitorização do ciclo
menstrual

19%
Huawei Fit / Health 7,7 Clue 8,4

Flo 8,3
Dieta e nutrição
muito insatisfeitos 1 10 muito satisfeitos

Aparelhos inteligentes
NOS ÚLTIMOS DOIS SATISFAÇÃO GLOBAL POR MARCA
ANOS USOU
RELÓGIO OU PULSEIRA Relógio Pulseira
INTELIGENTE? inteligente de fitness
Nenhum Relógio inteligente Apple 8,2 Xiaomi 7,7

Samsung 8 Samsung 7,6

Honor 7,9 Fitbit 7,5

77% 16% Amazfit 7,9 Amazfit 7,4

Garmin 7,9 Garmin 7,2

Pulseira Relógio de corrida
de fitness ou ciclismo
Huawei 7,8 Huawei 7,1

Polar 7,8

Xiaomi 7,8
Relógio
4% 3% Fitbit 7,5 de corrida
Fossil 6,6 Garmin 8,1

EM QUE MEDIDA Polar 7,6

O DISPOSITIVO AJUDOU muito insatisfeitos 1 10 muito satisfeitos

A ALCANÇAR UM
ESTILO DE VIDA MAIS
SAUDÁVEL? COM QUE FREQUÊNCIA USOU O DISPOSITIVO?

34% 53% 13%

Muito Médio Pouco
48%Todos
9%
Cinco a seis
15%
Três a
17%
Um a dois dias
11%
Menos de um
os dias dias por quatro dias por semana dia por semana
semana por semana ou nunca

161 testesaúde 35
 faturas validadas
menos IRS
As despesas com produtos ou serviços de saúde permitem poupar nos impostos, se forem corretamente
inseridas e validadas na plataforma e-Fatura. Conheça os passos a seguir e preste atenção aos prazos
A
rotina repete-se todos os
anos. Chegamos a fevereiro e
começam a apertar os prazos
para completar tarefas relativas à
declaração de IRS do ano anterior -
imposto sobre o rendimento das pessoas
singulares, para quem não se lembra
do significado da sigla. E o que tem
isso que ver com saúde? Tudo. Além da
eventual taquicardia desencadeada pela
perceção do real valor do imposto, ou
pelo stresse de deixar tudo para a última
hora, há que prestar atenção às despesas
de saúde, porque estas estão entre
as que podem proporcionar maiores
deduções no IRS: 15% do valor total,
36 testesaúde 161
Fátima Ramos
com o limite de mil euros por agregado
familiar. Para isso, no entanto, as faturas
devem estar corretamente validadas na
plataforma e-Fatura. Algumas entram
de forma automática no sistema,
por via do vendedor ou prestador de
serviços, desde que tenham o número
de identificação fiscal (NIF), mas outras
exigem a intervenção do consumidor. Tal
acontece, por exemplo, quando a fatura
inclui medicamentos de venda livre com
taxa de IVA a 23% e/ou o seu emissor
está inscrito em mais do que uma
atividade nas Finanças (tem mais do
que um código de atividade económica,
o chamado CAE). No primeiro caso,
deverá associar uma prescrição médica
e, no segundo, registar a despesa na
categoria certa - para a saúde, basta
clicar no coração.
A data-limite prevista para validar
as faturas de 2022, ano a que respeita
a declaração a entregar este ano, é
25 de fevereiro de 2023. Mas o melhor é
fazê-lo quanto antes, de modo a evitar
possíveis dificuldades associadas ao
congestionamento da plataforma, no
fim do prazo. Terá de aceder ao e-Fatura
e autenticar-se com a senha que usa
no portal das Finanças, a chave móvel
digital ou o cartão de cidadão, se tiver
leitor de cartões.

O que é despesa de saúde?
Os gastos com medicamentos sujeitos a
23% de IVA e produtos como cosméticos,
colchões, muletas e calçado ortopédico,
entre outros, são despesas de saúde,
em termos fiscais, se receitados
por um médico e adquiridos num
estabelecimento com atividade na
área - como farmácias, parafarmácias,
muitos supermercados e lojas
especializadas.
A terapia da fala, o exercício físico
e a alimentação especial (por exemplo,
leites para bebés com intolerâncias
ou alergias e produtos sem glúten,
para doentes celíacos) também
podem entrar na dita categoria, se o
contribuinte tiver uma justificação
clínica. O mesmo se aplica, por exemplo,
a óculos e lentes de contacto, aparelhos
dentários e dentaduras. A justificação
ou prescrição devem ser associadas
às despesas no e-Fatura. Se não o fizer
até 25 de fevereiro, passam para o
grupo “Despesas gerais e familiares”,
que, na maioria dos casos, permite
deduzir apenas 250 euros. Exceção:
o exercício físico realizado em locais
registados como tendo “atividades
de ensino desportivo e recreativo”,
“atividades de ginásio-fitness”
ou “atividades de clubes desportivos”
é deduzido individualmente, permitindo
reaver 15% do IVA.
Terapias não-convencionais,
só por profissional com licença
As despesas com terapias
não-convencionais, como acupuntura
ou osteopatia, podem ser deduzidas no
IRS, na categoria de saúde, se executadas
por um profissional com cédula passada
pela Administração Central do Sistema
de Saúde, e tiver receita médica. Já os
produtos naturais, como chás ou outros,
não são considerados.
Despesas de saúde em lares
Por vezes, a mensalidade que se
paga nos lares ou residências para
idosos, além da alimentação e estadia,
contempla medicamentos, serviços
médicos e fraldas, entre outros. Nesta
As despesas com
fraldas para bebé
não podem ser
deduzidas no IRS
situação, os três últimos itens podem
ser declarados como despesas de
saúde, desde que a fatura discrimine
todas as parcelas. Para as fraldas e os
medicamentos, é também necessária
prescrição médica. Se estas condições
não forem cumpridas, a despesa será
registada em “lares”, categoria que
permite deduzir 25% do valor, com o
limite de 403,75 euros, o que poderá ser
menos vantajoso para o consumidor.
De salientar ainda que o lar deve estar
enquadrado nos setores de atividade
que prestam apoio a pessoas idosas, e
as faturas, comunicadas à Autoridade
Tributária.
E se o lar for pago por um filho?
O filho pode deduzir as despesas, se os
pais não tiverem um rendimento mensal
superior à retribuição mínima garantida
no ano anterior (705 euros, em 2022).
Também os netos e os parentes
colaterais até ao terceiro grau, como
Marcar na agenda
25 de fevereiro Data-limite para validar
faturas no e-Fatura.
15 a 31 de março Período em que
pode consultar os montantes apurados
para dedução, incluindo os que
não estavam visíveis em fevereiro,
como taxas moderadoras e despesas
comparticipadas por seguros de saúde.
1 de abril a 30 de junho Período
de entrega da declaração de IRS,
no portal das Finanças.
Despesas
de saúde
NO IRS
O Fisco subtrai ao
rendimento 15%
das despesas
de saúde, até mil
euros, antes de
calcular o imposto.
irmãos ou sobrinhos, o podem fazer.
A fatura deverá estar em nome de quem
paga, sendo o beneficiário do serviço
identificado no descritivo da mesma.
Aquando da entrega da declaração de
IRS, o contribuinte terá de identificar,
no quadro 7 B do modelo 3, o familiar
que não vive consigo, e introduzir
os valores.
Faturas em falta
Se, até 25 de fevereiro, verificar que não
constam todos os valores, ainda pode
introduzi-los, clicando em “Registar
faturas”. Se as falhas forem detetadas
após aquela data, nada está perdido: na
altura de entregar, rejeite a liquidação
automática (caso seja elegível), reveja
o quadro 6 do anexo H, não aceite a
importação automática de valores do
e-Fatura e digite os corretos. Por fim,
guarde o comprovativo da alteração.
Documentos a guardar
Nos quatro anos seguintes à entrega
da declaração, o Fisco pode exigir-lhe
provas de algumas despesas. Por isso,
é importante arquivar as faturas dos
medicamentos e dos serviços médicos
(como consultas), que deverão indicar
o nome da entidade que prestou
o serviço ou vendeu o produto e a
respetiva quantidade. Guarde também
a prescrição, nos casos em que é
exigida. O mesmo deve fazer com os
comprovativos de comparticipação
de encargos por entidades como ADSE,
SAMS ou companhias de seguros.
Dossiê técnico Magda Canas
161 testesaúde 37
em direto
leitores

Ainda as taxas,
na saúde privada
A nossa leitora I.V., de Lisboa, acompanhou em
dias diferentes, respetivamente, a filha e a mãe
às urgências de um hospital da CUF. Na primeira
vez, informaram-na da existência de uma “taxa
de segurança” de 3 euros. Na segunda ocasião,
nada disseram e procederam apenas à cobrança.
Esta Não deverá o consumidor ser sempre informado
Textos de uma despesa adicional?
Ricardo Nabais e Filipa Rendo vitamina
pode alterar
COMENTÁRIO DA NOSSA ESPECIALISTA
resultados Susana Santos
de exames
Perante recorrentes reclamações desta natureza,

Tiroide: atenção
temos afirmado que o prestador é obrigado a informar
previamente o consumidor de que custos acrescem ao
valor da consulta ou do tratamento. E temos citado um

à vitamina B7 parecer da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) relativo a

Tive conhecimento de um alerta sobre a interferência
de suplementos com vitamina B7 em medicamentos
para tratar o hipotiroidismo. Além disso, o Infarmed diz
que esta vitamina altera resultados de testes à tiroide.
C.R., Lisboa
COMENTÁRIO DA NOSSA ESPECIALISTA
Susana Santos
tais cobranças, segundo o qual os prestadores de cuidados
devem assegurar previamente uma “previsão de custos
correta”. Mais: os hospitais privados devem “abster-se de
proceder à cobrança de valores adicionais à prestação de
cuidados de saúde inicialmente acordada” com o cliente.
Uma cobrança adicional deve ser motivo de queixa da
parte do consumidor, que poderá solicitar no local o
livro de reclamações - ou usar a versão online - ou,
ainda, recorrer à nossa plataforma Reclamar, acedendo
a www.deco.proteste.pt/reclamar.

A toma de suplementos alimentares com vitamina B7 não

interfere nos medicamentos para tratar o hipotiroidismo.
No entanto, há muito que se conhece a interferência da
biotina (vitamina B7) no resultado de exames laboratoriais,
o que pode levar a erros de diagnóstico, nomeadamente nos
testes de determinação das hormonas tiroideias. A Agência
Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou que se
adicionasse informação “relativa à interferência da biotina
com os testes de função tiroideia” nos folhetos informativos
dos medicamentos destinados aos problemas de tiroide, como
a levotiroxina. O problema é a relativa falta de conhecimento
de técnicos e profissionais de saúde de que esta vitamina
interfere, de facto, em vários testes laboratoriais. Por isso,
devem questionar os pacientes sobre se consomem vitamina
B7, para depois não haver falsos positivos (ou negativos)
nas análises. Nos referidos casos, recomenda a EMA,
“devem ser utilizados, se disponíveis, testes alternativos não
suscetíveis a esta interferência”.

38 testesaúde 161
 TESTE SAÚDE
DECO PROTESTE,
Editores, Lda.
Proprietária, Editora
e Redação
Av. Eng.º Arantes
e Oliveira, n.º 13, Olaias,
1900-221 Lisboa
Conselho de Gerência
Devem seguir Armand De Wasch,

para o lixo
Guido Adriaenssens,
Daniel Stons, Ivo Mechels,

comum Luís Silveira Rodrigues,

Vasco Colaço
Capital Social
. DECO - Associação
Portuguesa para a Defesa
do Consumidor (25%)

Aplicadores
Presidente Luís Silveira
Rodrigues
. Euroconsumers (75%)

de tampões
Presidente Daniel Stons
Country Manager
e Representante Legal

recicláveis?
António Balhanas
Diretora e Editora
de Publicações
Cláudia Maia
Registo de pessoa coletiva
Preocupada com o planeta, 502 611 529
uma leitora apresentou-nos uma Registo da Editora
215 705
dúvida simples: se os aplicadores Registo na ERC 118 048
dos tampões Tampax (agora em ISSN 0873-8807
plástico, antes em cartão), estando Depósito legal 93633/95
Tiragem 236 000 exemplares
limpos, são biodegradáveis ou se Execução gráfica/
se devem reciclar. /Distribuição
Capa iStock/Nuno Semedo

Qual a idade ideal

Fotografia sem crédito
atribuído em página
COMENTÁRIO DA NOSSA Fernando Piçarra/4See,

para a depilação
João Ribeiro e iStock
ESPECIALISTA
Impressão Sogapal,
Elsa Agante Comércio e Indústria
de Artes Gráficas, S.A.

a laser?
Estrada de São Marcos, 27,
2735-521 Agualva-Cacém
Não temos dados quanto à
RESTRIÇÕES AO USO
biodegradabilidade destes produtos.
Existe uma idade ideal para fazer depilação a laser?, DA MARCA, DOS ARTIGOS
E DOS CONTEÚDOS
Normalmente, não são biodegradáveis,
pergunta uma subscritora. A filha, de 16 anos, A DECO PROTESTE proíbe
à semelhança de outros produtos a reprodução e a citação
demonstrou interesse, mas tem pele atópica e dos seus artigos, bem como a
de higiene. Por outro lado, não sendo
eczema. Nestas condições, pode fazê-lo? Há alguma referência ao nome da editora
resíduos de embalagem, não poderão e às publicações (PROTESTE,
técnica que seja mais adequada? A leitora presume DINHEIRO&DIREITOS,
seguir para o ecoponto amarelo. Resta
que não será aconselhável antes dos 18 anos. Já foi TESTE SAÚDE, PROTESTE
um só destino final: o mais adequado INVESTE e guias práticos)
a um instituto e garantiram-lhe não haver qualquer com fins comerciais.
é o lixo comum ou indiferenciado.
problema... O uso, com esse fim,
das designações Escolha
Acertada, Melhor do
Teste e Escolha Verde só é
COMENTÁRIO DA NOSSA ESPECIALISTA autorizado nas condições
Susana Santos previstas em www.deco.
proteste.pt/selos. Também
não é admitido o uso dos
conteúdos disponibilizados
Não existe consenso quanto à idade mínima a partir da no site, designadamente
dos comparadores, com
qual se pode realizar depilação a laser. Algumas fontes propósitos comerciais.
Os artigos publicados
bibliográficas recomendam que o procedimento seja nas revistas e online podem
realizado quando os pacientes já passaram da puberdade. ser reproduzidos para fins
não-comerciais, se for
Outros referem uma idade mínima de 15 anos. No entanto, indicada a fonte e a data
a maioria recomenda apenas após os 18 anos. Neste caso de publicação. Se o artigo
for divulgado na internet,
específico, uma vez que se trata de uma menor, e tendo em deve ainda conter uma
conta que tem pele atópica e eczema, o mais recomendável ligação para a página.
Estatuto editorial
é consultar o médico de família ou um dermatologista, www.deco.proteste.pt/
para avaliar a situação. estatuto-editorial

161 testesaúde 39
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