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BALISTÍCA

TEN CEL PM ALAN RAYOL DA CUNHA PAES


INSTRUTOR
Divisão da Balística
• Balística Interna -> estudo do
comportamento do projétil no interior da
arma de fogo;
• Balística Externa -> estudo do caminho do
projétil desde a saída do cano da arma até o
impacto no alvo;
• Balística Terminal -> estudo dos efeitos
produzidos pelo projétil no alvo;
• Balística Forense -> ramo da Criminalística;
Unidades de Medida
• Comprimento: polegada (in)
– 1 in = 25,4 mm
– 1 in = 2,54 cm

• Massa: grain (gr)


– 1 gr = 0,0648 g
– 1 g = 15,43gr
NOÇÕES DE FÍSICA

@peritocriminalbarros
A PRIMEIRA LEI DE NEWTON
• LEI DA INÉRCIA
- Carro popular x Caminhão-caçamba;
Momento Linear
• Teoria das Colisões;
• Q = massa X velocidade;
– Bicicleta versus Caminhão;

• Impacto do Projétil;
– Impulso = Força x Δtempo;
– Pressão = Força / área;
– Não é o impacto que incapacita;
Princípio da Conservação da
Quantidade de Movimento
Q=m.V
p -> projétil Qinicial = Qfinal
32g = 0,032kg Qp + Qc = Qfinal

c -> Corpo mp . Vp + mc . Vc = mc+p . Vc+p


80kg 0,032 . 420 + 0 = (80 + 0,032) . Vc+p

Vc+p = 0,167m/s
Deslocamento de 1,67CM
TRABALHO E POTÊNCIA
• Energia
necessária para se
realizar uma
tarefa;

• Se uma máquina é capaz de


realizar o mesmo trabalho que
outra em um tempo menor, sua
potência é maior que a da outra
máquina.
QUAL O CALIBRE MAIS POTENTE ?
ENERGIA
• Energia é a capacidade que um corpo têm de
realizar trabalho;
• Energia não existe – é apenas uma
propriedade;
• ENERGIA CINÉTICA
Energia Cinética
• Parcela da energia mecânica que se deve ao
movimento do projétil:

• Quanto maior a energia transferida* para o alvo,


melhor será o desempenho do projétil;
• Não existe transferência de energia, ocorre
transformação de Ec em outras formas de
Energia, como a térmica, mecânica, sonora, ETC.

@peritocriminalbarros
CONCEITO DE
TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA
• O conceito de transferência de energia foi proposto pelo
Coronel do Exército dos EUA, Townsend Whelen, em sua
obra "Small Arms Design and Ballistics", em 1945.

• Baseia-se na quantidade de energia cinética do projétil


transferida para o alvo. Quanto maior é a energia
transferida para o alvo, melhor é o desempenho do projétil;

• Não considera a região de impacto do projétil ou a


penetração alcançada pelo projetil;

• Erros conceituais;
INCAPACITAÇÃO POR TIRO
• Localização;

• Penetração;

• Diâmetro;

• Fragmentação?
INCAPACITAÇÃO POR TIRO
• Calibres de baixa velocidade -> 2 formas
De forma Imediata:
SNC – Sistema Nervoso Central – Tronco Encefálico;
Cervical Alta – C1, C2 e C3;
Dr. Martin L. Flacker;

De forma Não Imediata:


Perda de Sangue – Choque Hipovolêmico
CHOQUE HIPOVOLÊMICO

• Produzir ferimentos mais profundos;

• Produzir ferimentos maiores;

• Produzir ferimentos em maior quantidade;


Cavidades:
Permanente e Temporária

vídeo
Mecânica dos Ferimentos
• Mecanismo de rompimento = Coeficiente de
Penetração + Cavidade Permanente;
• Martin Flacker
Desenvolveu a gelatina balística a 10%;
1º escrever sobre a importância da profundidade
da ferida;
• Vincent Dimaio
Penetração, Topografia Corporal, Cavidade
Permanente;
O Mito do Stopping Power
• Definição;
• Origem do Mito – 2ª Guerra do Ópio, A “bala”
Dum Dum, Hatcher´s Notebook (13 kfgm –
127,45 J);
• Início dos estudos: melhorar eficiência dos
projéteis.
• Thompson e LaGarde -1904, Fator de Nocaute de
Taylor – 1ª metade do séc. XX, Teste de
Estrasburgo (FRA)-1993;
• Maior estudo desenvolvido até hoje: Handgun
Stopping Power: The Definitive Study. Evan P.
Marshall & Edwin J. Sanow.;
“O Poder de Parada é uma ilusão. É
importante começar um livro sobre o poder de
parada de armas portáteis com isso em mente.
Não existem projéteis mágicos. Não existem
calibres ‘paradores de homens’. Não existe
essa coisa de Poder de Parada com um tiro.”
(MARSHALL E SANOW, 1992)
Munições

Baixa velocidade- protocolo FBI


Alta velocidade - protocolo FBI
MUNIÇÕES

Artefato completo, pronto para carregamento e disparo


de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição,
iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre
pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais;
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – ALMA RAIADA
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – ALMA LISA
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO - COMPONENTES

• ESTOJO
• ESPOLETA
• PROPELENTE (PÓLVORA)
• PROJETIL
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
ESTOJO

O estojo é um recipiente, podendo ser


metálico, plástico ou de papelão,
responsável pela união mecânica de
todos os componentes da munição.
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE ESTOJOS
QUANTO AO FORMATO DO CORPO
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE ESTOJOS
ELEMENTOS DO ESTOJO

Corpo
Pescoço
Ombro
Gargalo
Virola
Culote
Aloj. espoleta
Parede
Evento
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE ESTOJOS
QUANTO AO FORMATO DA BASE
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE ESTOJOS
QUANTO AO TIPO DE ESPOLETA E EVENTO
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE ESTOJOS
QUANTO AO TIPO DE ESPOLETA E EVENTO

BERDAN BOXER
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
ESPOLETAS

A espoleta é um recipiente metálico que contém a mistura


detonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central.
A mistura detonante é um composto que queima com facilidade,
bastando o atrito gerado pelo amassamento do copo contra a
bigorna provocada pelo percussor para a incendiar. A queima
dessa mistura gera centelha, que passa para o propelente através
de pequenos furos no estojo, chamados eventos.
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
ESPOLETAS – BERDAN E BOXER

1.COPO
2.MISTURA INICIADORA
3.SELADOR
4.BIGORNA
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
ESPOLETAS - BATERIA
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
ESPOLETAS - MISTURA

As primeiras misturas iniciadoras utilizadas eram compostas de


fulminato de mercúrio, clorato de potássio e trisulfeto de antimônio,
atualmente é composta de Diazodinitrofenol.
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
PROPELENTE (PÓLVORA)

Mistura inflamável e explosiva, que, quando confinada em uma


câmara, ao ser queimada se transforma em gases aumentando seu
volume e gerando grande quantidade de energia.

Peso determinado em Grains – Gn


MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
PROPELENTE (PÓLVORA)

• China – século VI – Dinastia Han


• Descoberta por acidente dos alquimistas
• Elixir da longa vida
• Textos dos alquimistas
• Século X – Propósitos militares – bombas
• 1126 – Canhões de bambu
• 1290 – Canhões de metal
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
PROPELENTE (PÓLVORA)

• XIV – Europa – Fabricação do Salitre


• 1304 – Rifle – Arábia
• XV a XVII – Mosquetes
• 1886 – Paul Vieille – França – Poudre B
• 1887 – Alfred Nobel - Cordite
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROPELENTE

• PÓLVORA NEGRA

• PÓLVORA SEM FUMAÇA (QUÍMICA)


BASE SIMPLES
BASE DUPLA
BASE TRIPLA
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROPELENTE

• PÓLVORA NEGRA

Composição:
Carvão vegetal
Salitre
Enxofre
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROPELENTE

• PÓLVORA SEM FUMAÇA (QUÍMICA)

BASE SIMPLES:
Nitrocelulose
BASE DUPLA:
Nitrocelulose + Nitroglicerina (até 50%)
BASE TRIPLA:
Nitrocelulose + Nitroglicerina + Nitroguanidina
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROPELENTE
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
PROJÉTEIS

Corpo pesado, lançado pela boca do cano das armas de fogo, que
quando arremessado a um objetivo é capaz de produzir sobre ele
efeitos destrutivos. Ao deslocar-se no espaço, descreve uma curva
denominada trajetória.

Peso determinado em Grains - Gn


MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS
MUNIÇÕES

MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS

Copper Bullet
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS

FRANGÍVEIS - TG
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS

RIP
MUNIÇÕES E BALÍSTICA

MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS

JHP/ EXPO
MUNIÇÕES
MUNIÇÃO – COMPONENTES
TIPOS DE PROJÉTEIS – ALMA LISA
MUNIÇÕES

MUNIÇÃO – COMPONENTES
CALCULO CALIBRE EM ESPINGARDA

DIVIDIR 1 LIBRA = 453 gr


453/12
Ou seja:
Calibre 12 Ga = 1/12 libras
Calibre 20 Ga = 1/20 libras
36 = Medida adotada fora do
Cálculo acima.
Actual Bullet Effectiveness

@peritocriminalbarros
• Metodologia errada;
• A manutenção do Mito: venda de munições e
indústria cinematográfica;
• Livro Balística Forense: Aspectos Técnicos e
Jurídicos: Capítulo sobre Poder de Parada;
• Equivocada veneração à Cavidade Temporária
e a supervalorização da transferência* de
energia;
@peritocriminalbarros
https://escolasuperior.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=370
EVOLUÇÃO DOS CALIBRES
POLICIAIS
MIAMI SHOOTOUT

• 1986 -> 8 agentes do FBI contra 2 assaltantes


de bancos;
• Agentes do FBI com pistolas 9mm, revólveres
.357 Magnum (.38 SPL+P), espingardas 12GA;
• Criminosos: uma espingarda 12GA, uma
carabina (.223 REM) e revólveres;
• 04 minutos, 127disparos (78 x 49) -> 04
mortos e 05 feridos;
• Exame toxicológico;
“O TIRO QUE FALHOU E MUDOU O
CURSO DA HISTÓRIA POLICIAL .”
CONSEQUÊNCIAS

• Comitê Consultivo -> FBI 1987 Wound


Ballistics Workshop -> SWAT e Oesp;
• Processo de Seleção: calibres 9mmLuger e
.45ACP;
• Grupo de Especialistas -> workshop 3 dias ->
apresentação de relatório;
9mmLuger X .45ACP
• 03 recomendaram o uso do .45ACP e não do
9mmLuger;
• 05 -> calibre não faz diferença;
• 01 -> recomendou o calibre 9mmLuger;
• 10mm Auto
• Criação do calibre .40 S&W e posterior
migração;
MUDANÇA DE PARADIGMA
• 2014 – FBI realizou testes comparativos
entre os calibres 9mm Luger, .40 S&W e .45
Auto;
• 9mm Luger x .40 S&W: mais barata, menos
estresse mecânico, maior capacidade de
munições;
• Habilidade do atirador: mais rápido e mais
agrupado;
• Prova de tiro no FBI -> G-23 – G19;
• Percentual de acerto em confronto real
– : 1 em cada 6 disparos;
– : 17%;
PRF Adota o calibre 9x19 mm
O MITO DOUBLE TAP
• Técnica criada na década de 30 por dois policiais
britânicos em Xangai, passando também pela década
de 50 com Jeff Cooper e o IPSC;
• A princípio foi criada para superar as limitações das
munições FMJ (Full Metal Jacket);
• Definição; ->Desta forma, conseguiria aumentar o
poder de parada das munições do tipo FMJ;
• Idolatria à cavidade temporária e à fixação ao
Stopping Power;
• Duração -> 5 a 19s;
• Atirador bem treinado: 1s -> 4 acionamentos;
• Um tiro a cada 0,019s (53 tiros/s);
• Problema: baixa a guarda;
“O tão discutido ‘choque’ do impacto do projétil
é uma fábula e o ‘poder de parada’ é um mito.
O elemento principal é a penetração. O projétil
tem que atravessar grandes órgãos que
contenham sangue e ser de diâmetro suficiente
para provocar rápido sangramento.” (PATRICK,
Urey W. Handgun Wounding Factors and
Effectiveness. FBI Academy. Firearms Trainning
Unit)
Calibres de Alta Velocidade

PORTARIA Nº 1.222, DE 12 DE AGOSTO DE 2019


CALIBRE 5,56x45mm

Fonte: CBC
M193
• Projetil do tipo FMJ (Full Metal Jacket);

• Massa de 55 gr (3,56 g), velocidade de saída de 995m/s


e uma energia cinética de 1.763 J;

• É recomendada contra alvos não blindados;

• Foi projetada para ser utilizada em armas com passo de


raiamento lento, 1:12;
PASSO DO RAIAMENTO E MASSA DO PROJETIL
• As recartilhas ou canellures – fragmentação - ponto
fraco na estrutura da fina jaqueta do projetil;

• Possui um neck longo, de 6-8 polegadas para tombar


e fragmentar ;
NECK
NECK
SS109 ou M855
• Projetil com 62gr (4,02g), para tentar resolver
o problema de transpor barreiras
intermediárias da versão anterior, a M193;
• O projétil – base de chumbo e na ponta uma
parte cônica de aço, tudo isso revestido por
cobre;
• A SS109 foi projetada para um passo mais
rápido, de 1:7;
• Velocidade de saída de 940m/s e EC 1778J;
• Coeficiente de deformação do projétil mudou -
menor letalidade em alvos humanos - neck
longo;
M855A1 ou SAT
• Projetil 62gr (4,02g), com mais
velocidade;
• Ponta de aço maior e mais exposta
- grande capacidade de
penetração em barreiras –
atravessa paredes de alvenaria a
mais de 40 metros;
• SAT (Spear Arrow Tip);
• Velocidade de 926m/s e energia
cinética de 1716J;
• Neck curto, cerca de 1 – 3
polegadas (entre 2,5 e 7,5cm);
MK262 ou OTM
• MK262 (Sierra MatchKing) ou
OTM (Open Tip Match);
• Ponta aberta (OT);
• BTHP (Boat Tail Hollow Point);
• Projétil Sierra Match King
Canelure - excelente precisão;
• Massa de 77gr (5,0g), velocidade
de 850 m/s e EC de 1.803J;
• Neck curto, cerca de 1 – 3
polegadas;
SOFT POINTS
• Pontas macias (JHP – Jacket
Hollow Point) - Foram idealizadas
para o mundo da caça e depois
trazidas para o uso policial;
• Primeiras versões não atingiam
penetração mínima de 12” em
gelatina balística;
• De tecnologia Bonded/Cobre,
expansão regular, mantêm massa,
mais estável ao transpor barreiras
intermediárias, sem excesso de
penetração no alvo;
• Um projetil de 55gr, velocidade 990m/s e
1.745J de EC;
• Polymer Tip;
Ferimentos por Projéteis

Mecânica dos
Ferimentos
Calibres de Baixa Velocidade

PORTARIA Nº 1.222, DE 12 DE AGOSTO DE 2019


SNC
Vértebra Cervical

INCAPACITAÇÃO POR TIRO


Dr. Martin L. Fackler
• Serviu na Marinha dos EUA de 1960 a 1975 e no
Exército dos EUA de 1975 a 1991;
• Foi um cirurgião de campo;
• Foi o fundador e chefe do Laboratório de Balística de
Feridas – ligado ao Exército dos EUA;
• Foi membro e líder da Associação Internacional de
Balística de Feridas;
• Grande número de contribuições para o campo
da Balística Terminal;
• Morreu em maio de 2015 com 82 anos;
Sugestões de Livros

@professorjoaobosco @jcunhaneto12
@luiz_gaspar_17

@peritocriminalbarros
@humberto.wendling @linhadefrente.info

Site: www.infoarmas.com.br
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COMUNIDADE INFOARMAS

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