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6. Avaliação ................................................................................................................................................................. 48
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Coleção Resumos – Poemas de Cesário Verde
2. Contextualização histórico-literária
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2. Contextualização histórico-literária
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Coleção Resumos – Poemas de Cesário Verde
• o olfato:
Um cheiro salutar e honesto ao pão no forno.
“O Sentimento dum Ocidental” [p. 55]
• a visão:
– a luminosidade
A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
[…]
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
“O Sentimento dum Ocidental” [pp. 52-57]
– a cor
E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
[…]
E pendurando os seus bracinhos brancos.
“Num Bairro Moderno” [p. 29]
• o paladar:
Ó minha loura e doce como um bolo!
“Em Petiz” [p. 64]
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3. As temáticas estruturantes
• a audição:
Entretanto, não há maior prazer
Do que, na placidez das duas horas,
Ouvir e ver, entre o chiar das noras,
No largo tanque as bicas a correr!
“Nós” [p. 73]
• o tato:
Roçavam no veludo as guarnições das rendas;
“Humilhações” [p. 16]
Mas a poesia de Cesário Verde não contém apenas uma descrição ob-
jetiva da realidade. Na verdade, essa realidade, que o sujeito poético des-
creve minuciosamente, dá lugar à imaginação, que transfigura o real. A
realidade captada pelos sentidos, observada e descrita em pormenor, é
transformada noutras formas ou visões por meio da imaginação do
poeta. Ele vê uma coisa e imagina nela outra realidade.
Esta transfiguração do real permite ao sujeito poético a fuga, a evasão
de uma realidade exterior que oprime, que faz sofrer.
Vamos observar alguns exemplos:
• o sujeito poético, num dado bairro da cidade, observa e descreve uma
pequena hortaliceira que carrega um cesto de fruta pesado – os frutos
dão lugar à visão de um corpo humano (“Há colos, ombros, bocas, um sem-
blante / Nas posições de certos frutos. […] Surge um melão, que me lembrou
um ventre.” – “Num Bairro Moderno”, p. 31);
• ao deambular pelo cais da cidade, o sujeito poético observa os edifícios
e as pessoas mas tem a impressão de ver imagens do passado e ima-
gina nesse cais outras visões (“Luta Camões no Sul, salvando um livro a
nado! / Singram soberbas naus que eu não verei jamais!” – “O Sentimento
dum Ocidental”, p. 49);
• ao observar “árvores despidas”, realidade que descreve, o sujeito poético
imagina nelas “Mastros, enxárcias, vergas!”, isto é, objetos que fazem parte
dos barcos construídos com a madeira das árvores (“Cristalizações”, p. 36).
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