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Igor Stravinsky foi um compositor, pianista e maestro russo, considerado por muitos um dos
compositores mais importantes e influentes do século XX. Foi considerado pela revista Time como
uma das 100 pessoas mais influentes do século. Além do reconhecimento que obteve pelas suas
composições, ficou ainda famoso como pianista e maestro, estando nessa condição muitas vezes nas
estreias das suas obras.
A versão de 1947 foi escrita para 23 instrumentistas, tendo a seguinte orquestração: 3 flutes, 2
oboes, English horn, 3 clarinets, 3 bassoons (3rd doubling contrabassoon), 4 horns, 3 trumpets, 3
trombones, tuba.
A obra é inspirada em elementos folclóricos russos, formada por três episódios contrastantes com
tempos diferentes, onde não obstante, é mantida uma relação entre estes.
O coral que conclui a obra na última secção desta, foi originalmente publicado na revista La Revue
musicale numa edição intitulada Le Tombeau de Claude Debussy. Nesta edição foram incluídas
outras pequenas obras dedicadas à memória de Debussy, de compositores como, Maurice Ravel e
Manuel de Falla.
A estreia da Symphonies of Wind Instruments foi inicialmente recebida com risos e escárnio por
parte de um público não habituado ao trabalho experimental de Stravinsky. De acordo com Arthur
Rubinstein, que assistiu à actuação ao lado de Stravinsky, as gargalhadas iniciaram-se durante uma
passagem mais exposta do fagote. Koussevitzky, em vez de cancelar a actuação, dirigiu-se ao
público assegurando-lhes que se tratava de uma obra muito séria, ainda que numa linguagem
moderna. Não obstante todo o sucedido, Straviteinsky não deixou a sala, tendo inclusivamente
subido ao palco no final da apresentação, agradecendo ao público com uma vénia prolongada.
É ainda de salientar que entre estes blocos não existe nenhum tipo de transição, característica da
música de Stravinsky em toda a sua vasta produção, e que inequivocamente nos leva para o que se
entende como Forma Mosaico, bem associada a este compositor.
Tempo
Nesta obra em específico, o tempo é também um factor bastante importante. Stravinsky utiliza três
tempos principais (Œ72, Œ108 e Œ144), mantendo sempre a pulsação da colcheia em cada um destes,
alternando entre divisão binária/ternária, donde resulta métricas mistas. Ainda que estes sejam
frequentemente alterados de forma abrupta, eles estão relacionados pelo rácio 2:3:4, sendo assim
mais facilmente executáveis, pelo menos na visão de Stravinsky.
72 Œ 72 2
108 ‰. 72*1,5=108 3
144 ‰ 72*2=144 4
As indicações de metrónomo apresentam-se assim de diferentes formas, mas sempre mantendo uma
relação entre estas.
NE NE NE
0 38 46
6 39 56
9 40 57
11 42 58
26 43 64
29 44 65
37 45
NE
Segmentação
Como anteriormente dito as características da música de Stravinsky são transversais a toda a sua
obra, onde esta não será exceção. Assim no contexto de características como, “pequenas estruturas
ou células passíveis de se reconhecerem ao longo do discurso”; “o todo é construído a partir de
diversos elementos individuais”. Seguem-se alguns exemplos de segmentação desses elementos
individuais.
O motivo inicial que está atribuído ao 1º
clarinete, (com participação do 2º clarinete),
está diretamente associado ao primeiro gesto
da obra (A1).
Mesmo quando o discurso não é tão rítmico, a segmentação está presente, sendo o melhor exemplo
desse tipo de segmentação o que acontece no NE69, já dentro da Secção III, i.e., do coral final.
Ao longo da obra existem outros exemplos de segmentação, quer dos motivos melódicos (temas)
quer de outro tipo de elementos.
Universo Harmónico
Esta obra foi composta no início do período neoclássico de Stravinsky, tendo por isso conotações
muito óbvias ao período clássico. Para além do nome i.e., Sinfonia(s); encontramos no âmbito da
harmonia, vários momentos onde é possível estabelecer uma relação direta com o tonalismo e a
harmonia funcional.
Stravinsky utiliza maioritariamente dois universos escalares com uma conotação direta ao
tonalismo, sendo que o mais evidente é a escala octatónica (diminuta). Esta escala de 8 sons, está
intrinsecamente ligada à função de dominante, pois é a partir desta que por 3ªs consecutivas é
possível construir dois acordes diminutos, aos quais pode ser atribuída a função de dominante.
No NE41 a construção vertical, ainda que complexa consiste na utilização de duas estruturas
octatónicas/diminutas, e duas estruturas diatónicas/pentatónicas.
Não menos importante é salientar que este tipo de procedimento resulta no que pode ser visto como
politonalidade, ou melhor dizendo polimodalidade, sendo esta característica típica da música de
Stravinsky, "justaposição e sobreposição de blocos”. Desta forma Stravinsky garante uma
identidade musical, independentemente dos recursos estilísticos da linguagem que utiliza.
Ainda de um ponto de vista harmónico é eventualmente inequívoco que esta termina no centro tonal
de dó, ou que pelo menos a tuba encaminha o discurso para essa fundamental. O acorde que
encontramos no fim da obra é na realidade um acorde politonal (dois acordes).
NE
octatónico/diminuto 1 43
diatónico/pentatónico 40 42 65 71 74 75
sobreposição 0 9 26 54
Antes do NE15 encontramos ainda uma pequena secção que é exclusivamente atribuída às palhetas
duplas.
O solo da 1ª flauta que se inicia no NE40 e se prolonga até ao final da secção é na realidade o solo
que foi anteriormente apresentado no NE6. Está agora transposto uma 3ª maior acima e continua a
ser acompanhado pelas outras duas flautas.
NE46 Secção II
A Secção II é encerrada com um gesto muito semelhante ao que encerrou a Secção I. Na mesma
região, com o mesmo tempo,
NE total
A1 (M1) 0 2 9 (c.3) 26 (c.3) 37 39 6
A2 1 (c.7) 1 4 5 4
A3 (c.5) 1 (c.4) 4 (c.3) 4 (c.3) 10 26 (c.2) 27 [28] 37 (c.5) 39 8
A4 (M2) 3 1
AD (c.3) 13 48 2
T1 6 40 2
T2 8 38 2
TC (c.2) 15 18 (c.2) 22 (c.3) 29 4
Bibliografia
Rehding, A. (1998). Towards A “Logic of Discontinuity” in Stravinsky’s “Symphonies of Wind
Instruments”: Hasty, Kramer and Straus Reconsidered. Music Analysis, 17(1), 39–65. https://
doi.org/10.2307/854370
https://windliterature.org/2013/12/06/symphonies-of-wind-instruments-by-igor-stravinsky/