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NO ARTIGO
Figura 1: A - Telógeno extraído por tração (a) e telógeno caído espontaneamente (b) (100x); B -
Telógeno com saco epitelial na tricotilomania (40x); C - Telógenos sem saco epitelial no eflúvio
(40x); D - Telógenos na alopecia areata. Notar sinal de Widy, afinamento da haste com
hipopigmentação e formas bizarras das clavas (40x)
Figura 2: A - Telógeno com sinal de Widy (100x); B - Telógenos na alopecia androgenética. Notar
diferença do tamanho das clavas (40x); C - Anágenos normais com e sem bainhas radiculares na
alopecia artefacta (100x); D - retração da bainha radicular interna (100x)
Figura 4: A - Anágeno normal e anágeno distórfico (100x); B - Corte transversal das hastes (5x);
C - Cutícula da haste (200x); D - Corte a pique da haste na alopecia artefacta (40x)
Figura 5: A - Cabelo normal (A). Cabelo ondulado pós-estiramento (b) (200x); B - Tricosquisia na
tricotilomania (200x); C - Quebra da haste na alopecia areata. Notar sinal de Widy (40x); D -
Telógeno na alopecia areata. Notar abrupto afinamento e clareamento da haste (40x)
Autoria
Resumo
A análise dos cabelos eliminados espontaneamente faz parte de um grupo de exames
propedêuticos para o diagnóstico das alopecias. Em algumas patologias esse exame se
torna primordial para o diagnóstico. Neste trabalho são discutidas forma de coleta dos
cabelos, técnica de leitura e intepretações.
INTRODUÇÃO
A preocupação com a queda de cabelos é tão antiga quanto a própria humanidade. O
egiptólogo Jorge Moritz Ebers publicou, em 1875, o livro Papiros de Ebers, que narra a
medicina egípcia há 4 milênios, e, já naquela época, os cabelos e suas patologias eram
muito valorizados. O indivíduo que vê grande quantidade de seus cabelos soltarse no
pente, banho, toalha, etc., com certeza, sente a possibilidade de ter sua estética afetada,
e isso lhe ocasiona grande desconforto e angústia. Assustado, com muita freqüência,
junta esses cabelos e traz ao consultório verdadeiros chumaços. Embora grande parte
dos dermatologistas menospreze essa amostra, ela pode, após análise laboratorial
detalhada, ser de grande valia e, em alguns casos. fundamental para o diagnóstico.
Curiosamente, a literatura, incluindo livros clássicos em Dermatologia e específicos em
tricologia, não valoriza essa análise.
Em qualquer trabalho que se refira à tricologia é sempre bom lembrar o ciclo biológico
ou evolutivo dos cabelos.13 Eles apresentam um ciclo de vida que determina seu
crescimento e repouso, com conseqüente queda. Na fase de crescimento, a chamada
fase anágena, a matriz está em plena atividade mitótica, e esse período pode variar
muito de pessoa para pessoa, porém, em média, dura de três a cinco anos. Encerrada
essa fase, cessam as mitoses, a matriz, com conseqüente desaparecimento, e o bulbo
tornam-se totalmente ceratinizado. A bainha radicular interna desaparece, pois também
é formada pela matriz, e a bainha radicular externa, então denominada saco epitelial,
engloba o bulbo, conhecido nesse momento como clava. Essa é a fase telógena, que
dura em média de três a seis meses, culminando com a queda espontânea do cabelo.
Entre a fase anágena e a telógena, existe uma fase intermediária, chamada catágena.
Supondo que o ser humano possua entre 100 mil e 150 mil hastes de cabelos a serem
substituídos a cada período de três a cinco anos, conclui-se, por cálculos matemáticos,
que normalmente pode-se eliminar entre cinquenta e cem fios por dia, embora, essa
média varie muito entre as pessoas. É importante lembrar que cabelos que caem
espontaneamente estão todos na fase telógena.
De forma geral, pode-se definir queda patológica de cabelos como uma alteração no
ciclo biológico capilar, que, em excesso ou não, leva à diminuição do número total de
cabelos, ou seja, uma alopecia que pode ser total, difusa ou em áreas.
A queda telógena apresenta algumas particularidades. Existe uma queda diária média de
cabelos variável nos indivíduos; porém, se esse valor se exceder, o paciente parcebe-o
com facilidade. Se uma pessoa elimina em média cinqüenta hastes por dia e passa a
perder cem fios, nota que algo está errado e que pode tratar-se de uma patologia. Já o
paciente que sempre perdeu em média cem fios diariamente, está dentro da
normalidade. Pessoas que perdem número elevado de telógenos, acima de 150,
apresentam condição patológica. Alterações estruturais, ou seja, qualitativas nos
cabelos telógenos, geralmente indicam doença.
Queda de cabelos sem bulbo, ou seja, com haste partida, também é uma situação
patológica, porém não constitui alopecia verdadeira, e sim "pseudoalopecia". As
extrações compulsórias, obviamente, não são situações de normalidade.
A coleta
contrastante estendida sobre o lavatório, para filtrar todos os cabelos soltos naquele
momento e, na medida do possível, durante o dia, juntar cabelos também obtidos em
escova, pente, entre, travesseiros, etc, e, ao final do dia, contá-los e guardá-los em um
envelope. Após esse procedimento, obtêm-se cinco envelopes com as respectivas
contagens. Em duas patologias, na alopecia artefacta e na tricotilomania, os pacientes
extraem os cabelos intencionalmente; logo, o termo queda espontânea não é adequado,
porém, a coleta é válida e de grande valor. De posse dessas amostras, cabe ao
dermatologista analisá-las.
Cabelos obtidos pela coleta podem ser conservados ao ar livre por várias semanas, sem
perder suas qualidades para análise, porém, a parir de certo tempo, a proliferação de
fungos nas bainhas radiculares dos anágenos é muito intensa, o que dificulta o seu
reconhecimento.
ANÁLISE QUANTITATIVA
Na experiência do autor, nos casos mais intensos em jovens, geralmente esse número
não passa de duzentos pêlos por dia. Curiosamente, muitas pessoas ficam calvas sem
perceber aumento na quantidade de cabelos que caem e procuram o médico pelo
afinamento e rarefação dos cabelos. Outro fato interessante é que, na maioria dos casos
de alopatia areata, o paciente nem chega a perceber que seus cabelos estão caindo em
demasia, e as placas alopécicas são detectadas ao acaso. Nos casos em que a doença
ainda esteja em atividade, a queda pode ser bastante exuberante. Na tricotilomania e na
alopecia artefacta, os estalos são extraídos deliberadamente; por isso a análise
quantitativa deve ser feita com paiência. Na tricotilomania, geralmente quando se pede
ao paciente para fazer a coleta, a quantidade de cabelos recolhidos é muito pequena. Na
alopatia artefacto, o número de cabelos pode ser muito grande e com diversas
características, como será exposto no momento oportuno.
Deve-se também ficar atento para a possibilidade do paciente juntar cabelos de vários
dias e tentar ludibriar o médico, alegando que os mesmos são todos de uma única
coleta. Nesses casos, cabe ao dermatologista julgar a situação e, na dúvida, pedir de
imediato uma nova coleta, não dando tempo ao paciente de juntar novos cabelos.
Persistindo a incerteza, despreza-se a análise quantitativa e parte-se apenas para a
qualitativa.
Nos casos de quebra da haste, a análise quantitativa pode ter pouco valor, uma vez que
a haste pode ser seccionada em vários níveis, produzindo muitos fragmentos, falseando
assim o valor real da contagem.
ANÁLISE QUALITATIVA
Uma primeira observação a ser feita é comparar os cabelos coletados com o couro
cabeludo do paciente, pois esse procedimento pode, em alguns casos, ser útil, conforme
ver-se-á oportunamente.
O exame qualitativo dos cabelos requer alguns cuidados básicos. Análise mais
panorâmica das hastes é feita com uma lupa, cuja potência pode variar de vinte a
cinquenta vezes. Nesse momento, os cabelos são colocados entre duas placas de vidro
de dois milímetros, medindo aproximadamente 5cm de largura e 10cm de comprimento.
Obtem-se melhor visualização das hastes quando elas são embebidas em água. O exame
com lupa faz-se necessário principalmente quando a quantidade de cabelos é muito
grande, e estes se apresentam emaranhados. Essa visão inicial já poderá fornecer o
diagnóstico ou dar uma idéia do que se procurará analisar melhor com o microscópio.
Alguns procedimentos especiais são possíveis, por exemplo, exame micológico, luz
polarizada, lâmpada de Wood, dosagem do enxofre dos cabelos, medida da resistência
ao rompimento da haste, elasticidade, exame ao microscópio eletrônico, etc; essas
técnicas, porém, fogem ao propósito deste trabalho, que se ocupa de uma análise rápida
e de fácil realização, em nível de ambulatório ou consultório.
O exame clínico consiste em colocar várias hastes paralelas em uma lâmina de vidro
comum com todas as extremidades proximais direcionadas no mesmo sentido, embebê-
los com água e cobrí-los com lamínula. Caso haja interesse, os fios podem ser fixados
com verniz cristal ou qualquer outro fixador, para serem arquivados. O exame é feito
com microscópio óptico comum, quando poderão ser encontrados cabelos catágenos,
telógenos, anágenos, normais ou distróficos, bem como alterações da haste.
Catágenos
A presença de cabelos catágenos na coleta é muito rara e sempre patológica. As únicas
situações observadas com esse tipo de cabelos ocorrem nas extrações propositais, como
a alopecia artefacta e a tricotilomania.
Telógenos
Alopécia areata
Tricotilomania
Na tricotilomania o paciente não procura o médico por estar com queda de cabelos, e
sim por apresentar áreas alopácicas. Alguns admitem a extração compulsiva dos
cabelos, outros não. O interessante é que, quando se pede ao paciente que colete os
cabelos, o número de hastes acumulados é pequeno, e eles são, na maioria, telógenas,
muitos cem saco epitelial (Figura 1 B). Na tricotilomania, a alopecia, bem como a
extração dos cabelos, é de forma insidiosa, constante e geralmente acomete crianças.
Eflúvio telógeno
Alopecia areata
Na alopecia areata já instalada, por vezes não existe aumento na quantidade de cabelos
eliminados espontaneamente, porém, na fase aguda essa quantidade pode ser muito
grande. São cabelos telógenos, e suas características são muito importantes.
Inicialmente, notamos que não existe uniformidade no tamamho das clavas e, por vezes,
alterações bizarras nesse nível podem ser encontradas (Figura 1D). Outro achado mais
raro, porém característico, é o sinal de Widy, pigmentação melânica intrabulbar que
também pode se estender pela medula (Figura 2A). Segundo alguns autores, esse
achado é patognomônico da alopecia areata. Geralmente, existindo ou não essa
pigmentação, as clavas são mais claras do que habitualmente.
Alopecia androgenética
Agressões químicas
Sincronização telógena
Bosse3 descreveu uma possível onda da telogenização que se estende por todo o couro
cabeludo, tendo como epicentro um foco bacteriano ou fúngico, localizado no próprio
Trauma
O autor fez o seguimento de duas crianças que tiveram aumento na queda de cabelos
algumas semanas após pancada no couro cabeludo. A coleta mostrou em ambas grande
aumento na quantidade de cabelos telógenos com aspecto normal, sem saco epitelial.
Passados alguns dias, elas desenvolveram área alopécica no local do traumatismo.
Anágeno normal
Alopecia artefacta
A extração proposital dos cabelos não é situação rara. Geralmente esses pacientes
tentam valorizar muito sua queixa. Alguns apresentam verdadeira obsessão pelos
cabelos, outros são psicopatas. Na maioria dos casos têm um objetivo, e o autor cita
como exemplo pessoas que trabalham em ambientes com possibilidade de radiação,
como raios X. e querem tirar proveito da situação, alegando que a queda é devida à
radiação, a fim de obter indenização. Normalmente, o próprio paciente procura o
médico e, se pedida a coleta, a quantidade de cabelos recolhida é grande. Os anágenos
presentes geralmente têm aparência normal, com ou sem bainhas radiculares interna e
externa (Figura 2C). É freqüente observar-se retração da bainha radicular interna
(Figura 2D) ou da cutícula da haste (Figura 3A). Em algumas ocasiões, a bainha
radicular interna pode se descolar da região distal para a proximal, invertendo se como
se fosse a imagem de "banana descascada" (Figura 3B). Quando a extração proposital
leva à alopecia total, na coleta durante a formação da alopecía, os cabelos anágenos
chegam de 80 a 90%, e, nesse quadro, praticamente o único recurso diagnóstico é a
coleta:
Tricotilomania
Quando o paciente com essa patologia é orientado a coletar os cabelos, geralmente traz
pouca quantidade, e, com freqüência, nessa amostra, são encontrados cabelos anágenos
normais em número bastante reduzido em relação ao da artefacta, porém com as
mesmas características daquela patologia;
Pseudopelada de Brocq
Pseudotinha amiantácea
Recentemente foi descrita uma patologia em que os cabelos anágenos se soltam com
grande facilidade do folículo piloso.1 Trata-se de uma alteração da bainha radical
externa, que reduz a adesão entre o cabelo e o folículo piloso com sua queda. Na análise
da queda espontânea, nota-se presença de alguns cabelos anágenos com ou sem bainhas
radiculares, podendo a cutícula da haste estar enrugada.
Anágeno distrófico
A matriz em atividade mitótica pode sofrer uma agressão química, como, por exemplo,
um citostático; ou física, como uma radiação ionizante, ou outro processo qualquer,
levando à parada abrupta de sua proliferação, ocasionando queda do cabelo ainda na
fase anágena, porém com matriz alterada. É o chamado anágeno distrófico. Esse tipo de
queda identifica o deflúvio anágeno. As características desses cabelos são a ausência ou
perda parcial da matriz e bainhas radiculares interna e externa, alinamento e atrofia
bulbar com hipopigmentação (Figura 4A). A análise da queda espontânea dos cabelos é
o método mais preciso e seguro para o diagnóstico do deflúvio anágeno.
Alteração da haste
A haste do cabelo pode sofrer vários tipos de alteração, quer congênitas ou adquiridas.
Muitas vezes as alterações encontradas na haste são causa da queixa do paciente,
porém, em alguns casos, os achados são puramente ocasionais, como, por exemplo,
lêndeas e cilindros capilares. Exame rotineiro consiste em juntar um feixe de hastes e
cortá-las transversalmente para analisar a forma dos pêlos (Figura 4B), que pode ser
circular, ovalada, uniforme, triangular, de configurações bizarras, etc, sendo, em alguns
casos, decisivo para o diagnóstico, como, por exemplo, na síndrome dos cabelos
impenteáveis e na síndrome da queda anágena.
O autor lembra também que, às vezes, se procura uma patologia que pode estar na
extremidade distal ou proximal da haste e, para se saber em qual extremidade se está,
basta visualizar a cutícula do cabelo. As células cuticulares estão dispostas umas sobre
as outras, como escamas de peixe, apresentando aborda livre direcionada para a parte
distal do cabelo. Logo, se os cabelos são percorridos no sentido da borda livre da
cutícula, está-se caminhando para sua extremidade distal, e vice-versa (Figura 4C).
A seguir descrevem-se algumas das alterações mais freqüentes que levam à ruptura da
haste:
Alopecia artefacta
Quando o paciente extrai os cabelos deliberadamente as hastes coletadas mostram,
junto à região do rompimento, alterações marcantes da cutícula. As células cuticulares
estão desunidas, com suas bordas livres levantadas e irregularmente distribuídas.
Tricotilomania
Normalmente, na tricotilomania, existe manipulação constante dos cabelos, que pode
finalizar ou não com atração do fio. Ora o paciente fica torcendo ou enrolando os
cabelos com os dedos, ora fazendo tração direta, provocando várias alterações nas
hastes, tais como fissura longitudinal, tricorrexis nodosa, tricosquisia, etc, e alterações
marcantes na cutícula (Figura 5B);
Congênitas
Várias dermatoses congênitas são diagnosticadas pela simples observação dos cabelos
coletados da queda espontânea. Em geral são as patologias que deixam as hastes muito
frágeis, com pontos, de clivagem fácil, e responsáveis pela perda de cabelos. Entre elas.
pode-se citar: tricorrexis nodosa, tricoclasia, tricosquisia, tricorrexis invaginata,pili
torti, moniletrix, etc, cada uma com suas características próprias. A tricotiodistrofia é
uma genodermatose que merece estudo à parte. Embora na haste dos cabelos dessa
patologia sejam descritas alterações grosseiras, o diagnóstico requer alguns exames
mais sofisticados, tais como luz polarizada e dosagem de enxofre do cabelo.
Duas alterações da haste podem ser congênitas ou adquiridas e, pela sua importância,
merecem menção à parte. São elas a tricorrexis nodosa eo pili torti.
Tricorrexis nodosa
Pili torti
Existe uma série de genodermatoses que formam o pili torti. Geralmente são
dermatoses que levam a alterações dérmicas, como as displasias ectodérmicas, por
exemplo, a síndrome de Happ-Hodgkin, e outras. De forma semelhante, o pili torti
adquirido é uma expressão de agressão dérmica com envolvimento do folículo piloso,
tais como trauma fisicoquímico, lúpus eritematoso, esclerodermia, líquen plano, etc, ou
seja, o pili torti adquirido é indicador de alopecia cicatricial;
Alopecía areata
brancos. É sabido que a alopecia areata afeta inicialmente os cabelos escuros, que caem
primeiramente; os cabelos brancos demoram mais ou nem chegam a cair. Ao serem
comparados com os fixos, pode-se observar, em algumas ocasiões, que os coletados são
escuros, e os fixos apresentam grande quantidade de fios brancos, dando a impressão de
que a amostra não é do mesmo paciente.
O cabelo anágeno, ao ser agredido pelo processo que leva à alopecia areata, pode
algumas vezes tomar-se anágeno hipotrófico ainda por algum tempo, produzindo uma
haste muito mais fino e claro do que o habitual, para depois parar de crescer e formar o
telógeno. Nesses casos, a haste coletada apresenta diâmetro normal em sua extremidade
distal, e, se percorrendo-a em direção à sua extremidade proximal, depara-se com
abrupto afinamento e descoloração que, depois de alguns milímetros, culminam como
anágeno ou telógeno (Figura 5D). Quando esse tipo de pêlo permanece preso ao
folículo, em geral se fragmenta logo acima da região do afinamento, na parte
aparentemente normal (Figura 5C), tornando-se o pêlo peládico. Em algumas
circunstâncias, esse fenômeno ocorre dentro do próprio folículo piloso, e o pólo se
rompe junto ao óstio, restando neste apenas fragmentos do cabelo na região
intrafolicular: é o chamado pêlo "cadavérico".
A parte distal da haste, que forma tanto o pêlo peládico como o cadavérico, cai
espontaneamente e é muito característica quando observada ao mícróscopio óptico. São
hastes frágeis, trechos largos e estreitos, hipocrômicos, com vários pontos de clivagem,
ora com fissuras longitudinais, ora com aparência de total desintegração do pêlo (Figura
6A).
Alopecia androgenética
Nessa patologia encontra-se grande diferença de diâmetro das hastes, que podem estar
hipocrômicas e geralmente sem medula. Muitas vezes os cabelos são pequenos, e suas
extremidades distais terminam lentamente em flâmula (Figura 6B). Quanto maior for a
quantidade desses cabelos e menores os seus tamanhos, mais intensa é a alopécia
androgenética;
Linhas de Beau
e cortes bizarros. A cutícula, a haste, bem como a medula, podem apresentar inúmeras
alterações;
Alisadores
Os produtos para alisar os cabelos, tais como foglicolato de amônio ou de cálcio, agem
sobre as pontes sulfúreas, rompendo-as. Estando os pólos esticados, as pontes, ao se
refazerem, mantêm o cabelo ereto. Em muitas ocasiões, essas novas ligações deixam
pontos de clivagem fácil na haste, com possível quebra, que pode ser logo após o
alisamento ou após alguns dias. Ao se analisarem as hastes, vê-se que elas
correspondem à parte lisa do cabelo, não apresentando o fio, em sua extremidade
proximal, a parte ondulada;
Onduladores
Nas ondulações químicas são usados os mesmos produtos para o alisamento, porém
com ação inversa, ou seja, os cabelos lisos são enrolados, e as pontes de enxofre recém-
formadas, mantêm os fios nessa forma. A análise do pólo com queda espontânea
mostra, ao contrário dos alizadores, a parte distal da haste ondulada, e a região proximal
lisa;
Clareamento
A tintura permanente para tons mais claros do que o normal envolve duas etapas. A
primeira consiste em tratamento prévio, que tem por finalidade deixar a cutícula mais
permeável e degradar a melanina. Na segunda fase, acrescentam-se substâncias
químicas que dão o tom desejado. Na primeira fase, usam-se mais freqüentemente o
peróxido de hidrogênio e amônia, sendo potencializados pelo persulfato de amônia ou
de potássio. Esses produtos têm grande afinidade pela ceratina, podendo lesá-la tanto na
haste como na epiderme. Porém, particularmente susceptível, é a zona de ceratinização
do bulbo que, dependendo de alguns fatores, como excesso do tempo de exposição aos
produtos, erro de cálculo na concentração dos mesmos e sensibilidade individual, pode
levar à quebra da haste a esse nível. A imagem do cabelo coletado é bem característica:
ausência total do bulbo, haste despigmentada, grumos de melanina esparsos pela haste e
afinamento da extremidade proximal, tipo “pena de caneta tinteiro” (Figura 6C).
Em pacientes com cabelos clareados há muito tempo e com queda, deve-se coletar os
cabelos e compará-los com os fixos no couro cabeludo. Pode-se notar, por exemplo,
que o chumaço é totalmente loiro, ao passo que os cabelos fixos no couro cabeludo são
das cor natural, mostrando que a ruptura ocorre na parte clareada. Nesses casos, a
análise da haste mostra que, ao se examinar o pêlo no sentido proximal, não se encontra
o cabelo de cor normal.
Tintura permanente
As tinturas de cores mais escuras podem ser de três tipos. Os corantes orgânicos
sintéticos temporários e os semipermanentes são inócuos às hastes; os corantes
orgânicos sintéticos permanentes, também conhecidos como oxidantes, podem,
entretanto, alterá-las. No tingimento permanente, usam-se basicamente três grupos
químicos: diaminas, aminofenóis ou fenóis, que reagem com peróxido de hidrogênio e
amônia, prévia ou concomitantemente adicionados, formando grandes moléculas
coloridas junto à medula e ao córtex da haste. Os últimos reagentes têm a mesma ação
descrita já no clareamento; e
Manipulações a quente
CONCLUSÃO
Existe um arsenal propedêutico para o diagnóstico etiológico em paciente que esteja
perdendo os cabelos.2,4,5,6,7,8,12,15
Esse exame não é feito para fins diagnósticos em casos de alopécia areata, alopécia
androgenética, pseudopelada, etc, ou seja, em quadros clínicos já bem instalados e de
diagnóstico evidente. Porém, a análise torna-se útil em algumas situações, tais como:
3. tricoses com formas atípicas, como, por exemplo, alopécia areata difusa; e
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ISSN 1806-4841Copyright © Sociedade Brasileira de Dermatologia