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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO OCEANOGRÁFICO
DISCIPLINA: IOF-210 Introdução à Dinâmica da Atmosfera e dos Oceanos

Profa. Sueli Susana de Godoi

Dupla: 12412068 Rodrigo Fachina Fabrício


12412093 Marcos Alexandre Azevedo de Sena

Terceira Lista de Exercícios


Data de entrega: 16 de junho

1) EQUAÇÃO DO MOVIMENTO EM OCEANOGRAFIA

1.1) Comentar sobre o significado físico da propriedade conservação de quantidade


de movimento.

Momento linear ou quantidade de movimento é definido como:

Aplicando o Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento:

Essa relação nos diz que se uma resultante de forças F atua em um corpo de massa
m, o corpo irá adquirir uma aceleração (ou mudança na taxa de velocidade) a. Notar que
o adjetivo “resultante” significa que mais de uma força pode estar atuando
simultaneamente e encontrar essa resultante de forças é necessário.
Tal relação implica que se F=0, então a=0. Essa situação é governada pela 1ª Lei
do Movimento de Newton, um caso especial da Segunda Lei de Newton.
Também, se observarmos que a=0, podemos concluir que F=0. Notar também que
a=0 implica movimento em linha reta; logo, sempre que observamos que o movimento é
curvo, há aceleração centrípeta e, portanto, uma força resultante (centrípeta) deve estar
atuando.

1.2) Explicar o significado físico da equação do movimento em Oceanografia.


𝐷𝑚
No oceano há conservação de massa, logo = 0. Tem-se então:
𝐷𝑡

Conclui-se que o princípio de conservação da quantidade de movimento é a Segunda


Lei da Mecânica:

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Em Oceanografia, é conveniente escrever:

Logo, a interpretação física que se tem é que as acelerações estão em balanço com
as forças atuantes no sistema por unidade de massa.

2) REFERENCIAL INERCIAL X REFERENCIAL EM ROTAÇÃO

2.1) Identificar cada termo da referida equação, comentando o significado físico.

Deve-se lembrar que as leis de Newton são válidas apenas para um referencial
inercial. No entanto, os movimentos oceânicos são estudados em um sistema referencial
rigidamente ligado a Terra, que gira com velocidade angular =2/24h. Deve-se então
adequar a equação da quantidade de movimento para que este se adeque ao referencial
em rotação. Isso é feito através da introdução de forças fictícias.
O primeiro termo da equação aR representa as componentes das acelerações
relativas a um eixo fixado à Terra e é a derivada em função do tempo da velocidade em
relação a Terra.
O segundo termo (2 x VR) representa a aceleração de Coriolis que fisicamente
representa a mudança de trajetória observada por um corpo (massa) que apresenta
velocidade relativa em relação a um sistema de rotação. A força de Coriolis surge como
consequência de observarmos os movimentos num sistema de coordenadas não inercial,
isto é, um sistema de coordenadas fixo sobre a superfície, que gira com ela.
O terceiro termo  x ( x r) é a aceleração centrípeta, que fisicamente representa
a aceleração requerida para fazer um objeto na superfície da Terra rotacionar com a Terra.
O último termo seria referente à aceleração tangencial mas como a velocidade de
rotação da Terra é constante, esse termo acaba se tornando zero.

3) CONSERVAÇÃO DE MOMENTO LINEAR

A equação de movimento (Navier-Stokes) para os oceanos terrestres é dada por:

D𝑽 1
= − ∇p + A∇2 𝑽 + 𝒈 + 𝛀 × (𝛀 × 𝒓) − 2𝛀 × (𝑽)
Dt 𝜌

3.1) Identificar e interpretar fisicamente os termos que compõem a referida


equação.
D𝑽
Aceleração total: representado por Dt indica a aceleração das massas de água
analisadas através da derivação total da velocidade;
Gradiente de pressão: a aceleração cresce na tendência oposta ao crescimento da
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força de gradiente de pressão por unidade de massa, representado por − 𝜌 ∇p;
Forças de fricção/viscosidade: representando as forças de atrito por unidade, tanto
as componentes verticais quanto as horizontais, há o termo A∇2 𝑽;
Gravidade: representando a influência da aceleração da gravidade, há o termo 𝒈;

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Aceleração de Coriolis: o giro da Terra influenciará na movimentação das massas
de água, uma vez que nosso sistema referencial, a própria Terra, é não-inercial. Portanto
esse fenômeno é representado pelas seguintes componentes: 𝛀 × (𝛀 × 𝒓) − 2𝛀 × (𝑽) (o
primeiro termo representa a componente centrífuga, enquanto o segundo representa a
força de Coriolis em si).

Alguns autores preferem representar a Equação do Movimento da seguinte forma:

A componente 2𝛀 × (𝑽) continua representando a força de Coriolis, no entanto g


aqui representa a aceleração gravitacional (gf) somada à componente centrífuga:

Isso se dá de forma a representar que a aceleração da gravidade (g) não aponta


para o centro de massa da Terra, uma vez que que a aceleração centrífuga causa uma
deformação, de forma que a superfície oceânica adquira o formato de um elipsoide.

Figura 1

3.2) Escrever as três componentes da equação do movimento, comentando sobre os


diversos termos.

Expandindo a Equação do Movimento (Navier-Stokes), chega-se a três


componentes, relacionadas aos eixos x-y-z:

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Componente u da velocidade (leste/oeste):

Componente v da velocidade (norte/sul):

Componente w da velocidade vertical:

Significado dos termos para o primeiro caso (componente u):

Aceleração local

Aceleração advectiva
Componentes da aceleração de Coriolis
Força de gradiente de pressão por unidade de massa
Força de atrito por unidade de massa (componentes
horizontais), em que AH é o coeficiente de viscosidade
turbulento horizontal
Força de atrito por unidade de massa (componentes
verticais), em que AV é o coeficiente de viscosidade
turbulento vertical

Tabela 1

O significado é análogo para os outros dois casos.

3.3) Comentar se o número de incógnitas corresponde ao número de equações.


Comentar sobre possíveis soluções.

No conjunto de equações das componentes da velocidade há cinco incógnitas: u,


v, w, p e ρ. Para a solução do problema, pode-se usar a Equação da Continuidade para um
fluido incompressível:

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E usar a Equação de Estado da Água do Mar na forma diferencial, na qual é
possível calcular a densidade da água do mar em função da salinidade e temperatura:

Salienta-se que é necessário estabelecer as condições de contorno adequadas para


o problema estudado.

3.4) O que mudaria na equação de Navier-Stokes se, mantida a duração do dia, a


Terra invertesse de sentido de rotação?

Invertendo-se o sentido de rotação da Terra, as componentes de Coriolis, que são


as componentes que possuem o termo da velocidade de rotação da Terra (Ω), teriam o
sinal oposto ao apresentado na Equação do Movimento.

3.5) Como ficaria a mesma equação se a Terra estivesse parada e os astros girassem
ao seu redor?

Considerando-se a Terra agora um referencial inercial, as componentes advindas


da aceleração de Coriolis, que representam fenômenos associados a um referencial não-
inercial, não estarão mais presentes na Equação do Movimento. Podendo então ser
reescritas como:

D𝑽 1
= − ∇p + A∇2 𝑽 + 𝒈
Dt 𝜌

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