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TEMOS AO SENHOR
Como Loirvar e Adorar sob a Direção do Espírito
BEST-SELLER

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^Dicki Bernai

Bompastor
EXALTEMOS AO SENHOR
Como Louvar e Adorar sob a Direção do Espírito
Ron Kenoly e Dick Bernal
Copyright © 1999 Bompastor Editora
Publicado originalmente em inglês por Creation House, Lake Mary, FL, USA, com o título:
UftingHim Up by Ron Kenoly and Dick Bernal
Copyright © 1995 by Creation House. Todos os direitos reservados.
Publicado em português por Bompastor Editora Ltda.
Rua Pedro Vicente, 90 01109­010­São Paulo —SP Brasil
Fone: (11) 3311­7888 Fax: (11)228­5890 www.bompastor.com.br info@bompastor.com.br
Tradução: Darci Dusilek Revisão: Theófilo José Vieira Capa e Arte: Fábio Azevedo
Todos os direitos reservados. Permissão escrita deve ser obtida da editora para usar ou reproduzir qualquer parte
deste livro, exceto para citações breves em críticas, revistas ou artigos.
As citações bíblicas são da Edição Revista e Corrigida no Brasil dejoão Ferreira dc Almeida (1BB), exceto
quando especificada outra versão.
Editoração eletrônica: Bompastor Editora
Produto: 95443
Impresso no Brasil
Sumário
Prefácio........................................................................................5

Parte I por Ron Kenoly

Introdução....................................................................................9
1 O Poder da Presença de Deus.............................................13
2 Em Sua Presença.................................................................19
3 Evitando o Espírito de Lucifer...........................................27
4 Dando à Luz um Cântico....................................................33
5 Características de um Líder de Louvor e Adoração 39
6 Deus E Capaz......................................................................47
7 Dando o Melhor de Nós Para Deus ....................................55
8 O Próximo Passo.................................................................61

Parte II por Dick Bernai

Introdução..................................................................................71
9 Reconhecendo o Louvor e a Adoração ..............................73
10 Os Princípios da Adoração...............................................81
11 O Tempo da Adoração......................................................91
12 Estabelecendo Prioridades Para o Ministério ..................99
13 A Adoração e a Batalha Espiritual.................................105
14 O Papel da Música na Adoração ....................................117
15 Adoração — o Cimento de Deus Para o Corpo .... 127
16 A Natureza Profética da Adoração ................................ 137
Epílogo....................................................................................147
Prefácio
vío final de 1944 dois meninos nasceram, um de pais negros em CoffeyviUe, Kansas,
e o outro de pais brancos em WatsonviUe, Califórnia. Nascidos durante uma guerra
mundial, seus pais não compreenderam inicialmente que aquelas preciosas e alegres
vidas se desenvolveriam ao ponto de se tornarem os principais líderes da maior
guerra de todos os tempos — o conflito espiritual e final entre Deus e Satanás.
Passaram-se 41 anos até que os dois homems se encontrassem, mas os eventos na vida
de ambos os prepararam para o companheirismo na batalha. Ambos os rapazes,
crescidos sem a presença do pai, se arriscaram na vida quando ainda eram bem
jovens. Cada um deles possuía dons naturais os quais começaram a usar nos anos de
sua adolescência. Ron Kenoly podia cantar e cantava muito bem. Sua cabeça estava
cheia de músicas e cânticos originais. Seu futuro parecia destinado para
EXALTEMOS AO SENHOR
o mundo da música. Dick Bernal era um líder natural capacitado a inspirar outras
pessoas. Seus companheiros e líderes freqüentemente o elegiam presidente, relator
ou capitão de um grupo ou outro. Na época em que esses rapazes chegaram à idade de
vinte anos, o futuro deles parecia estar assegurado.
Ron tornou-se um cantor de boates e um artista com muitas músicas gravadas. Los
Angeles, um centro de diversões, o provia de contratos de gravação, festivais de
jazz e de todos os contatos de que necessitava. A perspicácia para os negócios que
Dick tinha atraiu a atenção de uma grande companhia siderúrgica, e ele conquistou
uma posição de liderança antes dos 26 anos de idade. A vida parecia boa para
ambos, mas nenhum deles deixara espaço para Deus em sua vida.
A infância de Ron, desenvolvida num ambiente de igreja, parecia muito remota para
o seu atual estilo de vida. Dick nunca freqüentara a igreja e não desejava fazê-
lo. A disciplina de sua avó parecia apropriada para protegê-lo dos maus caminhos
ao longo da estrada acidentada da vida. Mas, à medida que os confusos anos da
década de 1960 deram espaço para os egoístas anos da década de 1970, ambos os
homens através das orações e encorajamento de suas esposas, Tavita Kenoly e Carla
Bernal, encontraram Deus e aceitaram o plano dele para a sua vida. No início da
década de 1980 eles também fizeram um pacto entre si que fez com que sua vida e
ministério fossem desenvolvidos em conjunto. Neste livro poderemos ler as
histórias da vida de Ron e Dick e compreender como podemos exaltar a Jesus em
nosso louvor.
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PARTEI
POR
RON KENOLY
Agradecimentos
Agradeço a Deus a sua misericórdia e paciência. Precisei de um longo tempo para
aprender algumas das lições que ele me ensinou. Tenho certeza de que ele
completará aquilo que começou em mim.
Tavita, dou graças a Deus por você. Não sei onde eu estaria sem você. Seu
encorajamento e amor me ajudaram a manter o foco e o compromisso de minha vida nas
coisas que Deus me chamou para fazer.
Agradeço à minha mãe, Edith Kenoly. A senhora sempre acreditou em mim e nunca
deixou de orar em meu favor.
Meus filhos, Tony, Ronald e Sam, vocês são minha inspiração. Obrigado porque vocês
participam comigo no corpo de Cristo.
Agradecimentos são estendidos aos meus pastores, Dick e Carla Bernal, bem assim,
aos membros e equipe de trabalho do grupo Jubilee por seu amor, seu ensino e suas
orações.
Mike Coleman, Don Moen e família da Integrity Music, agradeço a vocês por
permitirem que eu seja um parceiro de vocês no ministério de estabelecer a glória
de Deus por meio do louvor e da adoração.
Agradeço, também, a Stephen Strang da Creation House e Tessie Guell por sua ajuda
no texto deste livro. Vocês realmente abençoaram a minha vida, e eu os amo.
Agradeço às equipes de trabalho do ministério de Ron Kenoly do passado e do
presente, bem assim, aos voluntários e amigos ao longo do caminho. Amo a todos
vocês.
Introdução
i4í noites na área da Baía de São Francisco sâo notoriamente frias mas, naquele verão, estava sufocante. Com a sua cabeça inclinada, e seus
largos ombros arqueados pelo desânimo, Ron Kenolj caminhou para a pequena Igreja do Evangelho Quadrangular na esquina da Avenida 64
com o Boulevard Bancroft.
Entrando silenciosamente na igreja va^ia, ele caminhou na quietude daquele santuário avançando pelo corredor adentro. “Deus ainda
está interessado em minha música?”perguntou-se.
Embora as gravadoras seculares estivessem competindo pelo seu talento, as gravadoras cristãs ignoravam seus pedidos para uma
entrevista e apresentação. Seria possível que a sua carreira de músico terminara no dia em que ele rededicou sua vida ao Senhor?
EXALTEMOS AO SENHOR
Sentando-se ao piano, Ron Kenoly começou a tocar os poucos corinhos de louvor e adoração que ele conhecia. Cercado por bancos
vadios na igreja deserta, ele ofereceu a Deus a música que estava em seu coração.
Quando o “concerto” terminou, um novo homem emergiu de uma piscina de lágrimas. Daquela noite em diante Ron Kenoly teve
consciência de que fora chamado para tocar e cantar para um auditório de uma única pessoa — Deus, e somente Deus.

É dessa forma que a revista Charisma descreveu o meu “Concert for One” (Concerto
Para Um) naquela noite de agosto de 1982. A expressão não poderia ter sido melhor,
porque existem algumas experiências na vida em que você não consegue encontrar as
palavras apropriadas para descrever. Aquela noite foi decisiva em minha vida.
Olhando para trás, é surpreendente e humilhante para mim ver tudo o que o Senhor
fez. Deus sc deleita em transformar coisas feias em coisas belas e, muito embora
não possa dizer que sou belo, fico pasmado com tudo aquilo que ele fez em minha
vida.
Foi uma honra para mim escrever este livro em parceria com o pastor Dick. Meu
desejo é que aqueles que lerem este livro cresçam profundamente em seu
relacionamento com o Senhor e que os princípios aqui apresentados os levem a um
conhecimento mais completo da presença de Deus.
Meu relacionamento com o pastor Dick, que além de ser meu pastor é meu amigo, me
ensinou sobre a importância de um bom relacionamento entre um pastor e um líder de
música na igreja. Creio que esse é um dos mais importantes relacionamentos dentro
da igreja e, conseqüentemente, tem sofrido grandes ataques do inimigo. Muito
embora este assunto seja expandido posteriormente, permita-me dizer que sinto um
peso no meu coração por desejar que o rela
10
Introdução
cionamento entre os pastores e os líderes da música seja restaurado ao seu lugar
apropriado no corpo de Cristo. Minha oração é que Deus possa usar este livro para
atingir também essa finalidade.
li
1
O Poder da Presença de Deus

^^Quando me converti, sabia, em princípio, que poderia tocar o coração de Deus


através do louvor. Mas em agosto de 1982 compreendi este princípio de fato quando
fui à igreja e fiz aquele concerto para Deus. Ao sair da igreja naquela noite,
sabia que Deus estava sorrindo para mim e que eu o havia agradado.
Eu o havia adorado muitas vezes antes daquela noite, mas penso que o que fez
daquela noite uma noite especial é que 100% da minha atenção estava concentrada em
Deus. Outras vezes, quando participara de uma equipe de louvor, ou mesmo quando
dirigia o período de louvor, havia muitas distrações: assegurar que estávamos
tocando os instrumentos corretamente, tentar falar as palavras adequadas para
exortar as pessoas no auditório e assim por diante.
EXALTEMOS AO SENHOR
O que nos impede de concentrar toda a nossa atenção no Senhor é o medo que temos
do ser humano. Preocupamo-nos com aquilo que a pessoa que está próxima de nós irá
pensar ou dizer. As pessoas que realmente adoram a Deus não se importam com
aqueles que estão ao seu redor. Tudo o que sabem é que estão em comunhão com Deus
e que, se houver qualquer tipo de problema, Deus o resolverá.
Mudei algumas das minhas estruturas e modo de pensar a fim de assumir uma nova
postura na adoração ao Senhor. Entrei na presença do Senhor. Era um lugar em que
nunca tinha estado antes. Compreendi que não existe coisa mais importante do que
estar em sua presença. Depois de ter estado ali, então você é compelido a levar
outros a ter a mesma experiência — você deseja que todos saibam quão gloriosa é
essa experiência.
Sei o tipo de sentimento que a mulher samaritana teve depois de conversar com
Jesus. Ela correu para a cidade e disse a todas as pessoas que encontrava: “Venham
ver este homem! Ele sabe tudo sobre mim! Ele sabe tudo o que eu já fiz no
passado!” (veja jo 4.29). Algo especial acabara de lhe acontecer — ela havia
estado com Deus!
A adoração e o louvor têm um papel indispensável na vida do crente. E a coisa mais
importante — a coisa última — que um crente pode fazer. O ato da adoração
desenvolve e aprofunda o relacionamento com Deus. E algo que todo mundo pode fazer
sem exceção, porque é uma questão de voltar o coração para Deus, reconhecendo a
sua soberania e ouvindo a sua voz.
Cinco Elementos Para a Adoração
Creio que pelo menos cinco elementos acontecem durante o nosso tempo de adoração.
Para descobri-los vamos analisar o comissionamento de Isaías:
14
O Poder da Presença de Deus
E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de
fumaça. Então, disse eu:
Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no
meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos
exércitos! Então, voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva,
que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou-me a boca e disse: Eis que
isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu
pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá
por nós? Então, disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Disse, pois, ele: Vai e
dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis e vedes, em verdade, mas não
percebeis (Is 6.4-9, V. Revisada).
Analisemos os cinco elementos que ocorrem quando entramos na presença de Deus.
1. Respondemos ou permitimos que o Senhor nos encontre.
Isaías permitiu que o Senhor o encontrasse. Jesus afirmou que o Pai estava
procurando adoradores (veja Jo 4.23). Da mesma forma que Isaías, você deve
permitir-se ser achado por Deus.
2. Rendemo-nos ativamente ao seu senhorio e recebemos o seu abraço.
Fazemos isto através da expressão física e emocional. Levantamos as mãos ou nos
prostramos; assim fazendo, colocamo-nos numa posição de rendição completa.
EXALTEMOS AO SENHOR
3. Declaramos o senhorio de Deus.
Falamos palavras de amor, de gratidão, de adoração, de exaltação e declaramos seu
poder. As coisas que confessamos afirmam e fortalecem o que cremos. Isto se torna
evidente na profecia de Isaías.
4. Recebemos o perdão de Deus.
Este fato pode ser dividido em dois estágios. Primeiro, somos convencidos e
purificados dos nossos pecados. Quando adorarmos, o Senhor nos convencerá do
pecado, mas ele nos purificará tão logo peçamos o perdão. Com freqüência,
carregamos culpas das quais Deus deseja nos libertar. Chegamos até ele mas nos
recusamos a largar nossa bagagem.
Precisamos aprender a permitir que ele nos abençoe. Isso somente ocorrerá quando
permitirmos que sejamos purificados. Em segundo lugar, passamos a olhar para nós
mesmos através dos olhos dele. Deus não mais vê nossos trapos de imundícia. Ele vê
o manto de justiça que ele mesmo colocou sobre os nossos ombros (veja Is 61.10).
Não precisamos comparecer diante da sala do trono com a cabeça inclinada sob o
peso da vergonha. O Rei nos convida à sua presença como convidados de honra. O
perdão tem um grande efeito colateral: alegria. Em sua presença há plenitude de
alegria (veja SI 16.11).
5. Respondemos ao comissionamento de Deus.
Isaías mostrou-se disponível, e o Senhor o comissionou a falar e profetizar ao
povo de Israel. Começamos a perceber que somos vitoriosos e podemos fazer todas as
coisas através de Cristo. Então compreendemos que podemos ir e cumprir o seu
comissionamento, como corpo e como indivíduos, porque ele nos faz mais do que
vencedores.
16
O Poder da Presença de Deus
Adoração Corporativa e Pessoal
Podemos ir até a presença de Deus de duas diferentes formas: pessoal e
corporativa.
A adoração corporativa acontece quando duas ou mais pessoas se reúnem em seu nome
e reconhecem a sua presença. Toda vez que estivermos em um ambiente público, vamos
precisar ser amáveis para com as outras pessoas com as quais estamos prestando
culto. Aquilo que fazemos como pessoas pode não ser apropriado na adoração
corporativa. Isto porque poderia tornar-se motivo de distração para alguma outra
pessoa.
Muito embora creia que precisamos adorar o Senhor com liberdade e sem inibições,
também quero dizer que creio fortemente que devemos procurar o equilíbrio. Falando
em termos gerais, penso que temos usado a “liberdade” como desculpa para um
comportamento errado e temos atribuído coisas da carne ao Espírito de Deus. Paulo
disse que devemos fazer tudo “decentemente e com ordem” (1 Co 14.40).
Se a forma pela qual louvo a Deus no ambiente público vai interferir no seu desejo
sincero de adorar o Senhor, então, acontece o conflito. Esta é a razão pela qual
raciocino: por que o Espírito Santo me pediria para fazer algo que viesse a
interferir na capacidade de outra pessoa na adoração? Muito embora o corpo seja
composto de partes individuais, essas partes necessitam de trabalhar juntas a fim
de que o corpo funcione adequadamente e cumpra suas finalidades.
Deus edificou um corpo que precisa apresentar-se diante dele como um único corpo.
A adoração do Senhor em conjunto constrói a unidade na igreja.
A adoração pessoal, ou hora íntima, é a forma primária para que você desenvolva
seu relacionamento com o Senhor.
EXAJLTEMOS AO SENHOR
É quando você ajusta a sintonia fina dos seus ouvidos a fim de ouvir a sua voz. E
quando ele sussurra segredos e compartilha o que está no coração dele com você.
Tenha em mente, também, que há uma forma especial pela qual só você pode tocar o
coração de Deus. Você é um indivíduo único, criado por Deus, e somente você pode
adorá- lo como o faz. Há um lugar especial no coração de Deus que somente você
pode ocupar através do seu momento a sós com ele.
O mesmo aplica-se à adoração corporativa. Há uma forma através da qual uma igreja
enche o coração de Deus. Cada igreja em particular tem um propósito especial nos
planos de Deus. Não importa se é uma pequena congregação ou uma igreja de cinco
mil membros — há algum projeto especial que cada igreja é comissionada a realizar,
pessoas especiais que cada igreja é comissionada a alcançar.
E, assim como temos um comissionamento corporativo, coisas que o Senhor nos ordena
a fazer como um corpo — também temos comissionamentos individuais — coisas que
devemos fazer que ninguém mais, a não ser nós mesmos, pode realizar.
E no momento da adoração pessoal e íntima que o Senhor nos dá muitos desses
comissionamentos. Prossiga na leitura deste livro e descubra que tipo de coisas
especiais Deus deseja que você e a sua igreja façam.
2
Em Sua Presença
-AL função de um líder de louvor é levar outras pessoas à presença de Deus. Com
freqüência me perguntam como posso saber que realizei o meu trabalho. A verdade é
que não se trata de algo que se possa ver com o olho natural. Não tenho uma
fórmula escrita. Algumas vezes sei que o trabalho está feito quando sinto de tal
forma a presença do Senhor no ambiente que a única coisa apropriada para eu fazer
é sair do caminho de Deus. Muitas vezes, julgo não ser adequado falar ou fazer
qualquer coisa.
Quando chego ao ponto em que percebo que não sou mais eu a conduzir o povo mas,
antes, o Espírito do Senhor, sei,
EXALTEMOS AO SENHOR
então, que Deus está ali. As Escrituras descrevem esse fato conforme aconteceu por
ocasião da dedicação do templo edificado por Salomão.
Quando os trombeteiros e os cantores estavam acordes em fazerem ouvir uma só voz,
louvando ao Senhor e dando-lhe graças... então se encheu duma nuvem a casa, a
saber, a casa do Senhor... porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus (2 Cr
5.13- 14, V. Revisada).
Note como o versículo fala que o povo “louvava em uníssono”. Estavam todos de
acordo mental, espiritual e emocionalmente. Quando isso acontece, sei que Deus
está operando no meio do seu povo, de sua família. E quando saio de cena.
Completei o meu trabalho.
Entretanto, isso tudo não significa que devemos evitar o planejamento. Devemos nos
organizar, porque somos pessoas diferentes e, quando nos reunimos para adorar ao
Senhor, precisamos ter unidade entre nós. A música é uma dessas coisas que unem as
pessoas. E um veículo que nos ajuda a evitar que nossas mentes se distraiam com
problemas. O líder de louvor deve planejar músicas que unifiquem o corpo de Cristo
a fim de facilitar o acesso das pessoas à presença de Deus.
Pré-requisitos de um Líder de Louvor
Creio firmemente que é importante ministrar a ele para que possamos ministrar por
ele. O Senhor, muitas vezes, me confirmou essa verdade. Um texto que, creio, dá
suporte a essa idéia é Mateus 6.33:
20
Em Sua Presença
Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos
serão acrescentadas.
Muito embora Jesus esteja falando, neste versículo, de forma específica, sobre a
provisão de Deus para nós, também creio que ele está descrevendo um princípio
espiritual sobre a adoração. Para mim, a expressão “e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” significa que Jesus está me ensinando sobre a forma adequada de eu
liderar as pessoas no louvor. O pré-requisito básico é que eu mesmo devo procurar
o Reino de Deus em primeiro lugar na minha vida.
Jesus vivenciou esse princípio em sua própria vida. Percebemos isso em sua oração
pelos discípulos:
Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci; e estes conheceram que tu
me enviaste a mim. E eu lhes fi? conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais (To
17.25-26a).
Um líder de louvor deve gastar tempo com o Pai a fim de descobrir aquilo que o Pai
deseja que ele, ou ela, faça. Somente então o líder de louvor terá condições de
conduzir a congregação à consciência da presença de Deus. Quando isso acontece, o
Espírito pode operar maravilhas como: curas, libertação, revelação de mistérios e
muito mais. Tudo o que ele fizer será bom. A essa altura, o líder de louvor
tornou-se um facilitador.
Para que eu possa conduzir outras pessoas à presença de Deus, devo conhecê-las e
ser um líder em que elas possam confiar. O modelo é o de um bom pastor. Jesus
declarou: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou
conhecido” (Jo 10.14). Quando as pessoas sabem que eu as amo, então, posso ser um
líder para elas.
EXALTEMOS AO SENHOR
Por exemplo, quando estive na Coréia do Sul, as pessoas que viviam na região em
que ministrei cantavam sem muita expressão. Mas, quando se tratava de orar ou
cantar no Espírito, eles o faziam com liberdade total! Nunca, em toda a minha
vida, vi pessoas orarem com tal fervor e intensidade.
Como líder de louvor, tive de me ajustar às necessidades dos coreanos e precisei
compreender que as expressões de louvor deles eram diferentes das minhas. Caso eu
não fosse capaz de compreender esse fato, então, uma diferença cultural teria se
tornado em um obstáculo no louvor. Eu poderia tentar obter uma resposta que eles
não poderiam me dar. Agindo assim, eu teria frustrado e impedido o Espírito de
Deus em lugar de ser um assistente na realização de sua obra.
Podemos nos habituar a ver as coisas de apenas uma forma e interpretar
erroneamente o que está acontecendo ou, até mesmo, pensar que Deus não está
agindo. A verdade é que Deus faz coisas de formas diferentes, em diferentes
lugares e com pessoas diferentes.
Costumava me aborrecer com aquelas pessoas que, claramente, não demonstram a
intenção de adorar ou de se envolver. Graças a Deus, já fui liberto desse
sentimento, e tais pessoas já não mais me incomodam. Devemos liderar os que
desejam seguir nossa liderança. Não me preocupo com aqueles que não desejam seguir
minha orientação no louvor. Sei para onde estou indo. Se eles desejarem me seguir,
ótimo! Caso contrário, tudo bem. Descobri que a melhor forma de conduzir o louvor
é concentrando-me em estar na presença de Deus. Quando isso acontecer, aqueles que
estão ao meu redor serão atraídos de forma natural para perto do Senhor.
Num culto recente de louvor, realizado na Pennsylvania, havia uma senhora idosa
assentada bem na minha frente. Era bem visível que ela não estava se envolvendo
com os cânticos.
22
Em Sua Presença
A expressão do rosto dela me dizia que ela não via a hora de o louvor terminar.
Quase ao final do culto, o Senhor colocou no meu coração um hino que eu não havia
planejado cantar. Comecei a cantar: “Em Jesus amigo temos”. Fui até onde ela
estava enquanto cantava e segurei suas mãos. Continuei cantando: “Haverá um outro
amigo, de tão grande compaixão...”.
Ficou óbvio para mim, durante aquele encontro, que, mesmo que ela desejasse
participar, não poderia fazê-lo, porque não estava familiarizada com os cânticos
contemporâneos. Para falar de modo mais simples e direto, eu não estava
“caminhando na calçada da casa dela”. De repente o seu semblante inteiro mudou, e
ela se tornou como uma criança. Foi uma libertação total para ela. Lágrimas
escorriam por sua face, as mãos erguidas, era como se não houvesse ninguém mais
naquele lugar a não ser ela e o Senhor. Era visível a mudança no seu semblante.
Algumas vezes é a congregação inteira que necessita de ouvir alguma coisa
específica. Poucos anos atrás, eu estava com o grupo Worship International numa
pequena cidade perto de Houston, Texas. Worship International, o departamento da
Integrity Music, que não tem finalidade de lucro, organizara um seminário de
louvor e adoração em que eu deveria falar e liderar o louvor em duas noites. O
lugar comportava cerca de duzentas pessoas e era menor do que o espaço normal
destinado para esses seminários. Por essa razão, Worship International decidiu
cobrar uma taxa mínima de inscrição a fim de ter algum tipo de controle do grupo.
Não desejávamos que as pessoas viajassem quilômetros a fio e, ao chegarem,
descobrissem que não poderiam ter acesso ao recinto da reunião.
O lugar estava lotado. O problema é que, pagando a taxa de inscrição, as pessoas
comparecem como se fossem a um concerto. Permitam-me dizer que a atitude que você
tem ao
23
EXALTEMOS AO SENHOR
assistir a um concerto é completamente diferente da atitude que deve ter para
adorar a Deus. A atitude de quem vai a um concerto é: “Paguei o ingresso. Agora
você me deve a apresentação. E bom que você cante os cânticos que desejo ouvir, dê
os agudos e graves, se movimente no palco e dê um grande sbon A mentalidade de
louvor é completamente oposta. O líder, nesse caso, não está ali para dar um show
mas para conduzir as pessoas à presença de Deus. Ele está ali para dar ao povo
aqui
lo que Deus quer, não o que o auditório quer. Deus não está interessado em
entretê-los ou em se apresentar para eles. Antes, o interesse de Deus é realizar
uma obra no coração deles.
Passados cerca de quinze minutos, compreendi que as pessoas me olhavam como quem
queria “algo mais”. Mudei, então, toda a ordem de culto e comecei a cantar alguns
cânticos que não estavam na lista sem ensaio algum. Ainda assim o povo não
respondeu. Finalmente, interrompi tudo o que estava acontecendo e compartilhei com
eles a diferença entre uma mentalidade de concerto e a mentalidade que devemos ter
na adoração. Disse-lhes: “Vim adorar o Senhor com vocês e é isto o que pretendo
fazer. Se há alguma forma pela qual eu possa ajudá-los a chegar à presença de
Deus, eu o farei. Mas quero deixar claro que não estou preocupado com o fato de
vocês gostarem de mim ou da minha apresentação. Desejo ministrar ao Senhor e
convido-os a me acompanhar. Como o rei Davi declarou: ‘Engrandecei ao Senhor
comigo, e juntos exaltemos o seu nome!’ Tirem-me de qualquer pedestal em que me
tenham colocado, pois não o mereço. Sou uma pessoa como vocês e também necessito
adorar ao Senhor”.
Comecei a cantar um cântico que todos conheciam: “Sim, Jesus me ama, a Bíblia diz
assim”. O lugar se encheu com a presença de Deus, e o seu Espírito começou a se
mover entre o povo. Cantamos apenas um terço dos cânticos que havíamos
24
Em Sua Presença
ensaiado, mas foi surpreendente o espírito de adoração que encheu aquele lugar!
Vimos o poder de Deus se manifestando de forma poderosa. Foi necessário demonstrar
sensibilidade para com o Senhor e para com as pessoas, conduzindo o coração delas
a ouvir sua voz. Amigo, em tudo o que fizermos, e não apenas nos momentos de
louvor e de adoração, é imperativo que nos isolemos de tudo quanto nos impeça de
chegar até a presença de Deus a fim de dar-lhe, de forma íntegra, o nosso coração
e a nossa vida.
25
3
Evitando o Espírito de Lúcifer

0 espírito de Lúcifer, na minha perspectiva, é o espírito de um indivíduo que, por


causa de seus talentos e habilidades, começa a pensar que ele é mais importante do
que realmente é. Isto acontece bastante com pastores associados e líderes de
louvor. Isto é especialmente comum quando os talentos e as habilidades dos líderes
de louvor são um pouco mais refinados (de acordo com os padrões do mundo) do que
os das pessoas que exercem autoridade sobre eles.
Como exemplo, analisemos a experiência de Moisés. Moisés não era um grande orador.
Ele não desejava falar a Faraó porque sabia que iria gaguejar ao comunicar a
mensagem. Por esta
EXALTEMOS AO SENHOR
razão seu irmão Arão foi chamado para acompanhá-lo e falar em seu lugar.
Vemos o espírito de Lúcifer em ação quando Moisés subiu ao monte e Arão ficou com
o povo. O que aconteceu? Houve rebelião no meio do povo e, embora as Escrituras
não sejam claras a esse respeito, tenho para mim que parte da luta foi o
questionamento de Arão sobre a razão de ele ter de obedecer a Moisés se era ele o
porta-voz do grupo. Arão permitiu-se ser manipulado pelas palavras do povo (veja
Ex 32).
O Espírito de Lúcifer Divide
Tenho visto casos de cantores que pregam melhor que pastores veteranos. Como
resultado, eles se permitem receber aplausos e adulação das pessoas. Eles
alimentam a idéia de que são melhores do que aqueles que exercem autoridade sobre
eles. Começam, então, a utilizar sua popularidade para manipular e estabelecer a
sua própria agenda, contrariando o mandato dado pelo Senhor ao pastor titular.
Vemos, então, como o espírito de Lúcifer pode manifestar-se por meio de alguém que
deseja assumir o controle por pensar que ele é melhor do que o outro.
Tenho visto isso acontecendo mais freqüentemente do que gostaria de admitir. O
resultado geralmente é uma igreja dividida. Essa não é a estratégia de Deus para
multiplicar o corpo de Cristo. O Senhor, ainda assim, agirá a despeito das
circunstâncias, mas a pessoa que está no centro do problema deve procurar ser
uma bênção e não uma maldição. Quando Deus envia alguém, ele o faz para abençoar,
e essa pessoa é enviada com a bênção da congregação. Entretanto, o oposto foi
verdadeiro quando Deus expulsou Lúcifer dos céus. Ele não deu sua bênção em
virtude de as ações de Lúcifer terem sido resultado de rebelião.
28
Evitando o Espírito de Lúcifer
Podemos ver todos os erros de Lúcifer em Ezequiel 28. Ele tinha a responsabilidade
de manter a atitude de louvor e adoração ao redor do trono de Deus. O Senhor o
provera de grandes talentos e habilidades, e Lúcifer tinha todos os recursos de
que necessitava para realizar o trabalho para o qual fora criado. Mas quando ele
achou que tudo quanto fizera era bom e decidiu assumir o controle das coisas, seu
orgulho extrapolou, e ele caiu. A iniqüidade dele foi traçar planos para destronar
a Deus.
Vemos outro exemplo na narrativa da morte de Herodes. Deus fez de Herodes um rei,
mas o orgulhoso Herodes não deu a glória devida a Deus. A Bíblia diz que um anjo
do Senhor o feriu, e ele morreu, comido de vermes (veja At 12.21-23).
Controle o Seu Ego
Você deve estar pensando que tudo isto, se parece com o pecado do orgulho. Você
está parcialmente correto. O orgulho está estreitamente ligado ao espírito de
Lúcifer. O orgulho é arrogância e promove a exaltação do ego.
Pessoalmente, pela graça de Deus, nunca precisei lidar com o orgulho do espírito
de Lúcifer. Mas tenho lidado com aquilo que pode levar ao orgulho, se não for
mantido sob controle — o ego.
A sociedade tem uma imagem distorcida da palavra ego. O dicionário de Webster
define ego como o ser interior de alguém. O ego pode ser santificado para o
propósito de Deus. Representa a capacidade de você saber e ter confiança naquilo
que é capaz de fazer. Se o ego for deixado sem controle e não for santificado,
conduz ao orgulho. Uma coisa é ter confiança naquilo que você pode fazer através
de Cristo; outra coisa é fazê-lo por sua própria força e não dar a glória devida a
Deus.
EXALTEMOS AO SENHOR
Em outras palavras, quando não reconhecemos o Senhor, nosso ego se infla, e
cometemos o pecado do orgulho.
O ego pode ser recuperado e utilizado para a glória de Deus. O apóstolo Paulo
tinha um ego enorme: fora muito bem educado e tinha uma impressionante linhagem
110 que diz respeito à raça judaica (At 22.3). Ele confiava em sua capacidade.
Quando Paulo se encontrou com Jesus, ele não perdeu a confiança. Ele simplesmente
entregou toda a sua capacidade para servir ao Senhor. Ele nunca utilizou suas
habilidades para controlar os outros; mas confiava nas coisas que Deus havia
colocado em sua vida. Em todos os seus ensinos, em todas as coisas que fez, vemos
que Paulo era seguro de si mesmo.
No meu caso, tenho confiança daquilo que o Senhor me chamou para fazer. Sou um
líder de louvor. Sei que ele me abençoou com uma bela voz. Ele me deu as
experiências que me permitiram chegar aonde cheguei. Sei que sou um bom líder de
louvor, mas não sou o melhor. Há muitos que eu admiro e reconheço que são melhores
líderes do que eu. Entretanto, o reconhecimento desse fato não impede que eu me
veja como um bom líder de louvor. Também sei que meus motivos são corretos e que
amo o povo de Deus. Desejo que eles experimentem a presença de Deus.
Quando me vejo através dos olhos de Deus, e não dos meus, afirmo: “Sim! Sou
capaz!” Com sua força e ajuda, e por sua graça, posso todas as coisas em Cristo
que me fortalece (Fp 4.13). Esse é o ego redimido; sei quem eu sou em Cristo e sei
o que posso fazer! Mas, ainda assim, coloco a minha sabedoria, os meus talentos, o
meu conhecimento e as minhas experiências aos pés da cruz, porque sei que somente
por meio dele posso fazer todas as coisas.
30
Evitando o Espírito de Lúcifer
Meu amigo, tenha confiança na vocação de Deus para a sua vida. Se você não a
tiver, abrirá uma porta para que o inimigo o derrote. Se o inimigo conseguir fazê-
lo duvidar de sua identidade em Cristo e da capacidade dele de fazer com você o
que ele deseja fazer, então, o inimigo venceu.
4
Dando à Luz um Cântico

X-Jma área que pode ser de frustração particular para algumas pessoas é a de
escrever cânticos. Perguntam-me, com freqüência, de que forma escrevo minhas
composições, ou, se há ocasiões quando me assento para escrever uma canção e nada
acontece.
A verdade é que tenho facilidade de compor c muito raramente experimentei o
bloqueio dos compositores. Creio que compor hinos é uma habilidade da mesma forma
que edificar uma casa. Os materiais que você pode utilizar incluem sua Bíblia,
sermões, experiências da vida, frases cativantes, dicionários e uma enciclopédia.
EXALTEMOS AO SENHOR
Você precisa também levar em conta o público para o qual está escrevendo. Se você
escreve para uma congregação no seu todo, então, o arranjo vocal tem de ser
limitado. Já se você escreve para alguém como Matthew Ward, então, pode tornar-se
criativo e escrever um cântico que explore a sua incrível habilidade vocal.
Na minha experiência aprendi que existem três formas pelas quais os hinos são
compostos. Existem aqueles que vêm como resultado da inspiração pessoal. Esses
cânticos surgem depois que você vê ou experimenta alguma coisa que o inspira a
escrever. Outros cânticos podem ser escritos a pedido. Esses são escritos quando
um pastor, líder ou qualquer outro indivíduo lhe solicita para compô-lo a partir
de um tema específico para uma ocasião especial. Escrevi muitos cânticos que
nasceram das mensagens do pastor Dick. Finalmente, existem os cânticos que nascem
da inspiração divina. São aqueles hinos que vêm direto do trono e cujo crédito
você receia assumir.
“Jesus Is Alive” (Jesus Vive!) é um desses cânticos divinamente inspirados. Foi
composto em 1987, quando eu estava tentando escrever uma canção que servisse de
título para um musical que escrevera. Senti que não poderia utilizar nenhum dos
cânticos que já havia composto como título. De repente, a música e a poesia de
“Jesus Is Alive” começaram a brotar de minha cabeça, e escrevi todo o hino em
cerca de dez minutos. Não precisei mudar ou alterar nada.
Isto não significa que somente aqueles cânticos diretamente inspirados por Deus
sejam os mais ungidos e abençoados. Uma passagem da Escritura que você lê pode
despertar a inspiração pessoal de um cântico. Da mesma forma, se o motivo da
inspiração forem os ensinos do seu pastor, isso
34
Dando à Luz um Cântico
também deve ser considerado como a palavra de Deus. Indiretamente, todos os
cânticos são inspirados por Deus, se levarmos em conta que é Jesus e o seu
Espírito Santo que habitam em nós. Ele abençoará os nossos esforços.
Selecionando Cânticos
Quer seja um compositor ou não, o líder de louvor sabe as agruras que passa para
selecionar os cânticos de uma liturgia. Essa tarefa requer o mesmo tipo de
planejamento e inspiração como a própria tarefa de escrever os cânticos!
Se você está liderando o louvor no culto de uma igreja, é essencial que você saiba
de antemão o assunto sobre o qual o pastor irá pregar. Por exemplo, o pastor Dick
com freqüência prega mensagens em série. Digamos que ele está pregando uma série
sobre batalha espiritual. Então, sei que devo localizar todos os cânticos de
batalha espiritual que possa encontrar a fim de fazer a minha seleção. Escolherei
cânticos como: “Making War in the Heavenlies” (Guerreando nos Lugares Celestiais),
“Victory in Jesus” (Vitória em Jesus) e “Going Up to the High Places” (Subindo às
Alturas).
Depois de falar com o pastor sobre sua seleção de cânticos, não esqueça de levar a
congregação em conta. Você não utilizaria a mesma seleção de cânticos para uma
reunião juvenil caso a reunião fosse de pessoas idosas. Algumas vezes, o tipo de
culto e o tempo disponível interferem na seleção dos hinos. Üm culto de sexta-
feira à noite, em que não há limitação de tempo, é bem diferente de um culto no
domingo de manhã que está sendo televisado. Entretanto, em todas as ocasiões, o
fundamental é levar as pessoas até a presença de Deus. O líder de adoração deve
ajudá-las a colocar sua mente e seu coração no lugar em que possam ver tudo quanto
Deus fez por elas.
EXALTEMOS AO SENHOR
Muitos líderes de louvor caíram na armadilha de selecionar cinco cânticos de
louvor e cinco hinos de adoração. Mas o mesmo padrão não funciona da mesma forma
todas as vezes. Um líder de louvor é mais do que um regente congregacional. Ele,
ou ela, precisa estar em sintonia com o Espírito Santo e mover-se de acordo com a
sua orientação. Se, durante o cântico de um hino particular, ficar óbvio que o
Senhor está-se movendo, não se deve passar para o próximo cântico só porque está
no programa. Fique com Deus, e, se você tiver de repetir aquele cântico particular
várias vezes, deixando os outros de lado, então faça-o!
Penso, também, que em muitos círculos carismáticos temos exagerado nos cânticos de
louvor que falam sobre Deus em lugar de cantarmos cânticos de louvor a Deus. Não
colocamos bastante ênfase para destinar um período da adoração a fim de
desenvolver intimidade com o Senhor. Podemos cantar cânticos de louvor e não ter
comunhão com Deus. A adoração começa quando nos tornamos íntimos de Deus. O louvor
nos coloca naquele lugar em que podemos adorar o Senhor.
Cânticos Especiais
Creio que uma das responsabilidades do líder de louvor é reforçar o ensino do
pastor. Esta é a razão por que encorajo os líderes de louvor a escreverem hinos
que reforcem aquilo que o pastor prega.
Um pastor pode pregar um sermão específico apenas uma vez à mesma congregação, mas
essa mensagem pode ser uma mensagem que as pessoas necessitam ouvir mais de uma
vez a fim de praticá-la. Como seres humanos, aprendemos por meio da repetição e da
redundância. E nesse momento que os hinos reforçam o que o pastor ensinou. Quanto
mais repe
36
Dando à L.uz um Cântico
tirmos uma coisa em nossa mente, tanto mais iremos crcr e praticá-la.
Quando começamos a cantar repetindo os hinos diversas vezes, gravamos aquela
experiência ou mensagem em nossa vida. Moisés escreveu um cântico sobre a
libertação de Israel da terra do Egito a fim de que o povo pudesse lembrar-se do
que Deus havia feito, passando esse ensinamento de geração em geração. Mesmo hoje
temos grupos de pessoas que transmitem sua história e herança cultural através dos
cânticos. Que herança mais rica poderia haver que a de Cristo? Haveria melhor
mensagem para cantar?
Como indivíduos e como congregações todos temos cânticos especiais que significam
muito para nós. Você se lembra do hino que foi tocado por ocasião do seu batismo?
ou quando você recebeu uma mensagem do Senhor? ou quando ele o lembrou de uma
promessa? ou quando ele o repreendeu, ainda que de forma terna e gentil? Todas
essas canções servem de lembretes de sua fidelidade e são verdadeiros marcos que o
inimigo não pode destruir.
O fundamental ao escrever hinos é permitir que Deus opere através de você. Somos
semelhantes de muitas e variadas formas, e aquilo que toca o seu coração pode
tocar o coração de muitas outras pessoas. Sendo assim, permita que os louvores que
estão no seu coração fluam não somente através de sua boca mas, também, através de
suas mãos.
5
Características de um Líder de Louvor e Adoração

A través dos anos tenho observado características semelhantes entre pessoas que
considero como bons líderes de louvor. Antes de compartilhar o resultado de minhas
observações com você, quero deixar claro que a decisão sobre quem deve tornar-se
um líder de louvor pertence ao Senhor. Ele é quem decide quem é chamado para fazer
uma obra em seu nome.
Um Líder de Louvor é...
Um líder de louvor não é apenas um regente congregacional. A.doração é a palavra-
chave para esse líder. Quando adoramos,
EXALTEMOS AO SENHOR
essa pessoa nos ajuda a introduzir-nos na presença do Senhor. Se você está
servindo ao Senhor como um líder de louvor, ou se sente chamado para fazê-lo, as
cinco descrições de quem exerce essa função se aplicam a você:
1. Um bom estudante da Palavra
Por quê? Para que você possa cantar e dirigir cânticos que estejam em harmonia com
a Palavra. Nem todo o cântico cristão popular está em harmonia com a Palavra de
Deus. Muitos corinhos através dos anos têm-se mostrado sem qualquer base bíblica.
Podem ter sido muito cantados e ter abençoado muita gente, mas isso não os torna
bíblicos. O líder de louvor deve ser capaz de discernir se o material que utiliza
está alimentando o povo, em harmonia com as Escrituras.
2. Salvo, de forma radical, por uma experiência com Jesus Cristo
Em outras palavras, o líder precisa ser um crente acima de qualquer suspeita. É
importante que ele tenha habilidade de liderar outros em oração, porque, num grupo
de louvor, as pessoas irão até ele com todos os tipos de problemas e situações.
Caso você não seja capaz de tratar desses problemas, eles estarão ocupando seus
pensamentos quando você deveria estar adorando. Os problemas podem criar tamanha
confusão que você não conseguirá chegar à presença de Deus. Você não poderá levar
a congregação a um lugar aonde você mesmo não pode ir. Cada vez que vocês se
reunirem, devem orar: “Senhor, estamos diante de ti e queremos deixar de lado
todas as coisas que possam impedir a nossa adoração”. Então, você pode ir e
conduzir a congregação à presença do Senhor.
Características de um Líder de Louvor e Adoração
3. Um líder ousado
Se você entra em pânico ao estar diante das pessoas, o espírito de medo e timidez
se transferirá diretamente para a congregação. As pessoas não conseguirão adorar.
Elas precisam ter confiança de que você sabe o que está fazendo. Você precisa
liderar com autoridade. Quando o relógio diz que está na hora de começar, você
deve ser capaz de dizer às pessoas quando devem se assentar, quando devem se
levantar, quando devem sair do corredor, ou parar de falar. Você deve ser capaz de
dizer às pessoas que é tempo de adorar.
Em algumas igrejas, as manifestações do dom de línguas podem ser um fator de
distração durante o culto. Pode, ou não, ser uma palavra do Senhor. Um líder de
louvor deve manter o controle da situação e discernir se é a ocasião apropriada
para alguma palavra. Seja ousado o bastante para interpretar aquela palavra, para
pedir que aquele que falou a palavra a interprete, ou para dizer àquela pessoa que
fique calada e procure um presbítero para ajudá-la a discernir a palavra. Cuidado
para que as pessoas que dançam, quer no espírito, quer na carne, não se
transformem em uma distração. Você deve solicitar aos introdutores para conduzirem
tais pessoas a um lugar apropriado. Exerça autoridade e lidere.
4. Um músico ou cantor capaz
Davi nomeou músicos capacitados para exercerem essa função. Isso não significa que
você precise ser formado em música, mas que você deve evitar cantar desafinado. Se
a sua música for de péssima qualidade, então haverá uma distração, e as pessoas
não conseguirão adorar.
EXALTEMOS AO SENHOR
5. Ser submisso à autoridade
Um dos maiores problemas para os pastores são os líderes de louvor que têm a sua
própria agenda. O ministério de louvor é um ministério subordinado. Deus colocou
pastores sobre nós. Existem líderes de louvor que lideram melhor do que o pastor
prega, mas lembre-se de Lúcifer. Você não pode permitir-se ficar inchado.Você vai
liderar a música e introduzir as pessoas à presença de Deus, mas o Senhor dará ao
pastor uma palavra que servirá de sustento para o seu povo.
Conheça bem o seu pastor, a sua personalidade. Escolha hinos de que ele goste,
seus hinos favoritos, para que ele possa entrar na presença de Deus e ser ungido
na pregação. Isso o motiva de uma forma especial. Façam planos em conjunto.
Mantenha-o informado dos desafios que você tem com o departamento de música.
Esteja em sintonia com a sua pregação, a fim de reforçar a mensagem. Seja leal ao
seu pastor. Ele precisa estar seguro de sua lealdade. Construa um relacionamento
de união entre você e o seu pastor. Enalteça suas qualidades diante da
congregação.
Dez Coisas num Líder de Louvor Que Incomodam o Pastor
Tenho observado que existem dez coisas num líder de louvor que incomodam o pastor.
Eu mesmo tenho procurado evitar essas coisas, e isto tem feito com que o meu
relacionamento com o pastor Dick seja mais frutífero.
Não começar na hora.
Não terminar a tempo.
Falar muito antes, durante e depois do culto.
Cantar hinos que não são apropriados para a adoração.
42
Características de um Líder de Louvor e Adoração
Roupa inadequada.
Ir muito além das pessoas e perder-se no seu próprio mundo.
Abuso verbal com relação à congregação quando a resposta não é a desejada.
Cantar numa tonalidade muito alta, ou muito baixa, para a congregação.
Redundância por cantar os mesmos hinos semana após semana.
10. Ter a sua própria agenda. Por exemplo: usar a posição de líder de louvor como
um degrau para um contrato de gravação.
O pastor Dick compartilhou comigo dez coisas que ele, através dos anos, descobriu
que incomodam um líder de louvor no que diz respeito ao seu pastor. Ele também tem
feito tudo para evitar essas coisas.
Falta de apoio da parte do púlpito (do pastor).
Cortar o período de louvor em virtude de limitações de horário.
Um pastor (e esposa) que não participam do louvor.
Ouvir sobre todos os problemas sem qualquer apreciação pelas boas coisas.
Ser solicitado a executar um número de improviso (isso é muito constrangedor
quando a equipe de louvor não conhece o hino solicitado).
EXALTEMOS AO SENHOR
Quando a esposa do pastor deseja liderar o departamento.
Não enviar o líder de louvor a seminários e conferências que seriam de grande
ajuda à igreja.
Não alocar orçamento suficiente para a compra de um bom equipamento musical.
Pastores que não gastam um tempo de qualidade com os seus líderes de louvor para
orar e aconselhá-los, especialmente em tempos difíceis.
Pastores que não confiam na capacidade de seus líderes de louvor para formar uma
equipe de primeira qualidade.
Essas coisas são auto-explicativas. Entretanto, se você é um líder de louvor,
gostaria de encorajá-lo a colocar essas coisas em oração diante do Senhor. Depois
de ter feito isso, fale com o seu pastor e, humildemente, peça a ele para dizer se
você incorreu em alguma dessas faltas. Se você é um pastor, examine o seu coração
a respeito do seu relacionamento com o seu líder de louvor.
Agora você acabou de ler muitas coisas sobre o meu relacionamento com o pastor
Dick. Conhecê-lo, tanto co-mo pastor e como amigo, tem sido uma das grandes
bênçãos de Deus em minha vida. Aprecio o fato de que ele é alguém a quem não tenho
problema de me submeter. Caminhamos tanto juntos como individualmente e, mesmo
assim, ele permanece sendo um homem que lidera com espírito de serviço. Pastor, o
irmão está liderando de tal forma que os outros sejam encorajados a se submeterem
à sua autoridade?
44
Características de um Líder de Louvor e Adoração
Minha oração é que essas duas listas de coisas bem simples sirvam para quebrar o
gelo, a fim de curar e melhorar muitos relacionamentos entre pastores e líderes de
louvor.
6
Deus É Capaz

T_Jm dos mais preciosos momentos que tive como líder de louvor ocorreu em Atlanta,
Geórgia, durante a gravação do álbum God Is Able (Deus E Capaz). Esse álbum tem
uma canção intitulada “Use Me” (Usa-me).
Se o Senhor pode usar qualquer coisa, O Senhor pode me usar também. Tome minhas
mãos, Senhor ,
E os meus pés,
Toque no meu coração, Senhor,
E fale através de mim.
EXAJLTEMOS AO SENHOR
Se o Senhor pode usar qualquer coisa,
O Senhor pode me usar também.*
Lembro-me de que, ao cantar, estava pensando: “O Senhor! Isto é totalmente verdade
na minha vida”.
Tinha uma carreira bem-sucedida como cantor de música pop e soul em clubes
noturnos. Tinha contratos de gravação com MCA, United Artists, Warner Brothers e
A&M. Embora nunca tivesse um estouro de vendas em minhas gravações, obtivera
sucesso suficiente para garantir uma boa vida. Tinha uma boa carreira e o respeito
da indústria fonográfica.
Mas todo o meu sucesso fora alcançado com um preço muito alto: minha família.
Tavita e eu tivemos um casamento turbulento durante sete anos em que aconteceu
muito abuso físico, verbal e mental, que resultou em nossa separação.
Foi quando, na primavera de 1975, nossa vida mudou drasticamente. Tavita
reconsagrou sua vida ao Senhor durante um culto na Primeira Igreja Batista de Van
Nuys. Logo depois ela foi batizada com o Espírito Santo no Angelus Temple, a
famosa congregação do Evangelho Quadrangular de Los Angeles.
Como resultado nos reconciliamos. Para mim, a evidência mais óbvia do novo
compromisso de Tavita foi que ela deixou de ser egoísta. Ela tornou-se submissa de
uma forma que nunca fora antes. Ela começou a me reconhecer como o sacerdote do
nosso lar, como aquele que, em última análise, é o responsável pelo sucesso de
nosso casamento. Sua oração era: “Senhor, ajuda-me a vê-lo através dos teus
olhos”. Ela
* Copyright © 1993. Deindc Music / Integrity’s Praise! Music/Adm. por Integrity Music, Inc. Integrity’s Hosanna! Music, c/o Integrity Music, Inc., P.O. Box 851622, Mobile, AL., 36685.
Todos os direitos reservados. Copyright internacional assegurado. Usado com permissão.
Deus ±£ Capaz
começou a apoiar o plano de Deus para a minha vida e a me reconhecer como o esposo
que Deus preparara para ela, mesmo antes da separação.
Ela recebeu o dom de línguas, e eu pensei que ela perdera a cabcça. Mas percebi
que o problema não era comigo. Ela falava sobre ela e o Senhor, e eu desejei ter
parte naquela experiência.
Era 19 de novembro de 1975 quando entreguei a minha vida ao Senhor. Era oito e
trinta da manhã, e eu estava assistindo ao programa The 700 Club de Pat Robertson.
Alguns anos atrás diagnosticaram que eu tinha bronquite espasmódica crônica e,
naquela manhã em particular, eu estava com dificuldade de respirar. Logo a seguir
ouvi Robertson me chamando pelo nome! Ele disse: “Há um homem chamado Ronnie (que
é a forma pela qual minha mãe me chama), e ele está tendo problemas de respiração.
Receba a cura da parte do Senhor neste momento”.
Naquela hora, eu não apenas estava pronto para o toque, eu estava pronto para o
Senhor! Compreendi que minha vida estava uma desordem e desejei que o Senhor
fizesse comigo o que fizera com Tavita. No dia 20 de novembro, Tavita e eu fomos
ate a igreja para recebermos aconselhamento conjugal. Foi quando também recebi o
batismo com o Espírito Santo.
Uma Nova Vida em Cristo
A parte mais difícil no início da nova vida foi abandonar minha carreira de
sucesso. Tentei manter minha carreira secular mas não consegui. Precisava de uma
ruptura bem clara, de forma que abandonamos tudo e nos mudamos para Oakland.
Comecei a trabalhar no College of Alameda passando toalhas no vestiário. Foi um
tempo de humilhação, mas eu estava deter
49
EXALTEMOS AO SENHOR
minado a não retomar à minha antiga vida. Comecei a freqüentar aulas noturnas na Universidade a fim de obter meu diploma de música.
Comecei a escrever música evangélica c a enviar cartas e memorandos para
gravadoras cristãs. Nunca recebi qualquer resposta a não ser uma que dizia:
“obrigado, mas não, obrigado!” Ao mesmo tempo, estava recebendo todos os tipos
de ofertas de companhias seculares. Mas estava determinado a permanecer firme.
Depois de passar toalhas no vestiário por dezoito meses, fui chamado ao
escritório do deão da universidade para uma avaliação e promoção. Quando o
deão começou a verificar minha pasta, ficou espantado ao saber que eu tinha
nove discos gravados, canções sendo tocadas nos programas de rádio e todos os
tipos de acompanhamento musical. O deão submeteu meus registros ao Califórnia
Board of Regents e recebi credenciais equivalentes ao grau de mestre em música
e licença para ensinar. Imediatamente comecei a ensinar canto na faculdade.
Ainda assim, meu desejo era cantar. No verão de 1982 eu estava com a minha
vida em baixa. Mas como eu amava a música e amava muito mais a Deus, eu não
poderia voltar-me para a música secular, mesmo que isto significasse que eu
nunca mais voltaria a cantar.
Foi quando tive a experiência de compor o “concert for One” (Concerto Para Um).
E foi naquela noite que recuperei meu sonho c desejo de me tornar um artista
de gravação.
Depois daquele momento que mudou a minha vida, comecei a receber convites para
liderar o louvor e a adoração em outras igrejas e eventos. Alguns dos grandes
homens de Deus com quem tive a honra de trabalhar foram: Lester Sumrall, Jack
Hayford e Ed Cole, entre outros. O apoio desses
50
Deus É Capaz
líderes levou-me a ser contratado por Mario Murillo com a finalidade de
liderar o louvor em suas cruzadas.
Eventualmente, foi através de Mario e outros amigos que me encontrei, pela
segunda vez cm 1985, com o pastor Dick. (Havíamos nos encontrado brevemente em
1982). Ele havia iniciado o jubilee Christian Center em San Jose, Califórnia,
quatro anos antes, e estava procurando um líder de louvor. Comecei ajudando e,
em 1985, fui contratado como membro de tempo integral da equipe ministerial da
igreja.
Para ser honesto, de vez em quando, pensava em gravar sucessos, mas estava
muito feliz e realizado em liderar outros no louvor. Eu estava plenamente
feliz.
Submeta-se ao Senhor

Mas o Senhor, em sua extraordinária e eterna fidelidade, tinha planos muito


maiores do que eu poderia imaginar para mim. Em 1990, Don Moen, vice-
presidente do grupo Integrity Music, visitou a sede do grupo Jubilee, depois
que fora encorajado por outras pessoas a verificar como conduzíamos o louvor.
Depois da segunda manhã de apresentações, Don veio ao meu encontro e perguntou
se eu desejava gravar um álbum de louvor e adoração para o selo Integrity.
Existem algumas coisas pelas quais você não precisa orar. Aquela foi uma
dessas coisas!
O resto é história. Enquanto escrevo este livro já gravei quatro álbuns com o
selo Integrity e assinei um contrato de exclusividade com eles. Não falo isto
para a minha glória, mas para a glória de Deus!
Sei que você já ouviu e leu essa história. Entretanto, essa é a chance que
tenho de compartilhar a lição que deve ser aprendida com o meu testemunho.
51
EXALTEMOS AO SENHOR
Na caminhada cristã não há nada maior do que a entrega completa de nossa vida
— todos os aspectos da vida — ao Senhor. Não foi senão quando entreguei a ele
todos os meus desejos e sonhos com relação à música que ele começou a abrir as
portas para mim. Aconteceu dessa forma, mas não porque ele seja um tipo de
grande mestre assentado nos céus, desejando colocar-nos em sujeição. Falando
francamente, eu o tenho testemunhado fazer coisas e usar pessoas que, para ser
honesto, me deixa espantado.
Ele assim procede porque sabe, melhor do que ninguém, o que é melhor para nós.
Ele sabe que pode fazer coisas infinitamente maiores do que nós podemos pensar
ou imaginar com a nossa vida. Mas, para fazer isso, ele precisa que estejamos
completamente submissos e numa situação em que a nossa preocupação se
concentre unicamente nele. Permita que o meu testemunho seja um exemplo disso.
Hoje ainda luto com problemas respiratórios. E uma batalha que devo enfrentar.
Vários médicos me disseram que não sabem como consigo cantar, mas decidi que
vou continuar cantando para o Senhor. Apropriei-me do Salmo 150 que diz: “Tudo
quanto tem fôlego louve ao Senhor!” Sendo assim, vou consagrar ao Senhor todo
o fôlego que eu tiver.
Tem havido ocasiões quando não sabia se ia conseguir cantar em outro tom mas,
todas as vezes, Deus me tem dado o que preciso para realizar o que tenho de
fazer. Ele nunca me abandonou! Houve ocasiões em que peguei o microfone com
apenas um terço de minha capacidade respiratória. Mas tudo o que tenho de
fazer é abrir a minha boca e começar a cantar, pois Deus me dá tudo o de que
preciso. Deus é um Deus muito bom!
Coloquei o propósito de seguir adiante em meu coração e em minha mente, quer
me sinta bem ou não, quer eu seja
52
JJeus Ja Capaz
aceito ou não. E Deus fará o mesmo por você. Assim, qualquer que seja a sua
preocupação hoje, qualquer que seja o sonho que você tem, ou, qualquer que
seja o desejo que você quer ver realizado, entregue tudo a ele. Ele o
surpreenderá.
53
7
Dando o Melhor de Nós Para Deus

Creio que, como cristãos, somos chamados a uma experiência de crescimento


contínuo até à maturidade. Quando Jesus declarou, em Mateus 5.48, “Sede vós,
pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”, a primeira
menção da palavra “perfeito” refere-se à maturidade e ao crescimento.
Perfeição não significa que você nunca falhe, pois não atingiremos a perfeição
total senão quando contemplarmos a Deus face a face. O que a palavra quer
dizer é que somos chamados, de forma progressiva e contínua, a nos tornarmos
conforme a sua imagem e semelhança.
EXALTEMOS AO SENHOR
Perfeição é um processo de maturação contínua que encetamos através de nossos
esforços na educação, no treinamento e nas experiências práticas da vida a fim
de atingirmos o melhor de nós mesmos. Esse processo leva-nos à maturidade.
Como cristãos, devemos mergulhar fundo em nossas habilidades criativas.
Devemos forçar-nos a nós mesmos e permitir que Deus opere através de nós.
Nós, que somos pais, sabemos que os pais e as mães anelam que seus filhos
cresçam, amadureçam e se desenvolvam na melhor pessoa que possam ser. Deus,
como nosso Pai, deseja o mesmo para nós, seus filhos.
De forma bem clara, se isto se aplica a todas as áreas de nossa vida, também
se aplica à nossa experiência de adoração. Não queremos que nosso pastor
pregue o mesmo sermão a cada semana, pois esperamos que ele estude a fim de se
aperfeiçoar e amadurecer em sua capacidade cie pregar. O mesmo se aplica à
adoração e à equipe de louvor.
Nossas expressões de fé e adoração para com Deus passam por um processo de
atingimento de maturidade. É necessário que cada um de nós cresça em sua
experiência de adoração a fim de não deixá-la estagnada. Tudo aquilo que não
produz torna-se enfadonho e envelhecido. Em suma, fica algo sem vida. O
salmista escreveu repetidas vezes sobre a necessidade de cantarmos um novo
cântico ao Senhor e de tocarmos instrumentos e dar ao Senhor todo o nosso
coração. Todas essas coisas de que ele falou indicam um processo de
crescimento.
Olhemos, agora, essas referências que o salmista escreveu. (Preste atenção às
palavras escritas em itálico.)
Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo (SI 33.3).
56
Dando o Melhor de Nós Para Deus
Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e
temerão, e confiarão no Senhor (SI 40.3).
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todos os moradores da terra
(SI 96.1).
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele fez maravilhas; a sua destra e o
seu braço santo lhe alcançaram a vitória (SI 98.1).
A ti, ó Deus, cantarei um cântico novo\ com o saltério e com o instrumento de
dez cordas te cantarei louvores (SI 144.9)
Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; na presença dos deuses a ti
cantarei louvores (SI 138.1).
Devemos adorá-lo com tudo o que temos, com o melhor de nós, e devemos cantar-
lhe novos cânticos. Isto indica que necessitamos desenvolver novos materiais e
novos instrumentos; ou, simplesmente, que devemos crescer!
Um exemplo bíblico de crescimento na área da adoração pode ser visto quando
comparamos Exodo 15 e 2 Crônicas 5 — 7.
“Então, Miriã, a profetisa, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e
todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças” (Ex 15.20). O
versículo seguinte afirma que Miriã cantou para eles. Nesta primeira
referência bíblica de um cântico de louvor podemos observar como a adoração
brotou espontaneamente de um hino que Moisés escreveu agradecendo a libertação
que Deus provera ao povo. Não hou
EXALTEMOS AO SENHOR
ve ensaio ou preparação para esse “culto de louvor e adoração”.
Há uma diferença drástica quando lemos sobre a dedicação do templo, feita por
Salomão, conforme narrado em 2 Crônicas 5 — 7.
E quando os levitas, cantores de todos eles, isto é, Asafe, Hemã, Jedutum,
seus filhos e seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos, e com
alaúdes, e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar, e com eles até
cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas, e quando eles
uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir uma só voz,
bendizendo e louvando ao Senhor, e quando levantavam eles a voz com trombetas,
e címbalos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao Senhor, porque
era bom, porque a sua benignidade durava para sempre, então, a casa se encheu
de uma nuvem, a saber, a Casa do Senhor (2 Cr 5.12-13).
Vemos que os israelitas haviam progredido bastante desde que foram um povo que
tocava tamboris. No relato de Crônicas, houve uma tremenda procissão com
tamboris, trombetas, outros instrumentos e danças. O que mudou? É que o povo
havia amadurecido e crescido em sua experiência de adoração!
Antes de continuar, permita-me esclarecer uma coisa. Não estou promovendo um
estilo particular ou esplendoroso de adoração. Tampouco, estou dizendo que
somente as formas elaboradas e sofisticadas de adoração são “maduras”. Como
você já leu, no meu testemunho, pôde ver que o meu “concert for One” (Concerto
Para Um) aconteceu numa pequena igre-
58
Dando o Melhor de Nós Para Deus
ja, quando estava só com um piano e não sabia o que tocar. Em última análise,
a adoração é uma questão do coração.
Acontece, porém, que algumas pessoas podem argumentar que a adoração é apenas
uma questão de coração, e que o esplendor e sofisticação não têm lugar na
igreja; concordo e discordo.
Creio que a adoração é um assunto do coração e que você pode ter o melhor
conjunto instrumental, os melhores estandartes, mas, se não houver
envolvimento do coração, você não terá mais do que um show. Por outro lado, a
Bíblia não diz nada contra uma adoração sofisticada. Deus é um artista! Se
você deseja ver um real esplendor, veja quão belo e detalhado-é este mundo.
Desejo ser cuidadoso ao afirmar isto, porque sei que Deus irá abençoar
qualquer genuíno esforço de adoração, seja de alguém tocando uma guitarra que
aprendeu por si mesmo a uma orquestra completa acompanhada de um coral. O
problema surge quando usamos esse argumento como desculpa para não crescer ou
amadurecer. Creio de todo o meu coração que Deus deseja que o seu povo se
desenvolva, não apenas individualmente como também de forma corporativa.
Uma igreja que começa com trinta pessoas e um pastor que rege a congregação
com uma fita gravada como acompanhamento, eventualmente, crescerá para
sessenta pessoas e terá alguém para tocar o violão ou piano. Algum dia mais
tarde essa mesma igreja terá trezentos membros e uma pequena orquestra. Para
mim, tudo isso se explica como um processo de amadurecimento. Não estou
dizendo que toda igreja irá se transformar em uma mega-igreja. Mas seja o
estágio que for em que nos encontremos, precisamos dar o melhor de nós para
Deus a fim de amadurecermos e darmos o próximo passo.
8
O Próximo Passo

E m todas as minhas viagens ao redor do mundo tenho visto a maturidade de


pessoas que dão o melhor de si para Deus. O que é mais fascinante é que, mesmo
pessoas que não têm muito a oferecer, adoram o Senhor com uma grande paixão e
sinceridade de coração. O Senhor falou diretamente a mim sobre este assunto
quando estive em Gana, África Ocidental.
Alguns anos atrás, participei de uma conferência com dezoito pastores e um
grupo de crentes dos Estados Unidos naquele país. Da mesma forma que muitos
outros naquela viagem, estava realizando um dos maiores desejos do meu
EXALTEMOS AO SENHOR
coração — ministrar o evangelho de Cristo na terra natal de meus ancestrais.
Nosso hospedeiro, Dr. Mensa Otibil, pastor da International Central Gospel
Church em Gana, pediu-me para liderar uma noite especial de louvor e adoração
e para dar uma palavra aos cantores e músicos cristãos na cidade de Acra.
Liderar o louvor e a adoração era algo que eu estava habituado a fazer, de
forma que fiquei grato pela oportunidade. Mas como poderia eu ensinar louvor e
adoração a pessoas que adoram o Senhor com uma paixão e intensidade jamais
vistas em parte alguma do mundo? Seria como desafiar Michael Jordan a uma
partida de basquete numa favela.
Contudo, concordei em orar e pedir a Deus que me desse uma palavra para
aquelas pessoas que cantam, dançam, oram e adoram com uma energia, um esforço
e uma sinceridade raramente vistos no cristianismo moderno.
Reconheço que, embora estivesse motivado pelo tipo de louvor e adoração que
testemunhei — isso para não mencionar o potencial incrível que vi naqueles
cantores e músicos —, eles tinham deficiência no conhecimento acadêmico dos
princípios básicos da música. Além do mais, a maioria dos instrumentos era de
pouca qualidade e o sistema de som deixava muito a desejar.
Depois de muita oração, o Espírito Santo me mostrou algo que, creio, é muito
importante para todos nós que somos chamados a exercer um ministério de louvor
e adoração: à medida que crescemos em nosso relacionamento e conhecimento de
Deus, também somos responsáveis pelo desenvolvimento maduro de nossas
expressões de louvor e adoração.
Com esta revelação comecei a estudar as Escrituras para ver como a experiência
de louvor e adoração evoluiu em sua forma de expressão na jornada dos
israelitas desde o deserto até o templo.
u i'roximo Passo
O Deserto
Antes do Êxodo, Israel tinha estado em escravidão em cuja experiência não
tinham cânticos de louvor em seus lábios, pois não tinham, ainda, atos
poderosos de Deus para cantar. Eles murmuravam e clamavam a Deus para livrá-
los da condição em que viviam.
Não foi senão quando Deus os libertou, partiu o mar Vermelho e os fez
atravessar como em terra seca que encontramos a primeira referência do povo de
Israel louvando a Deus (Êx 15.20-21). Depois que o Senhor demonstrou o seu
grande poder, Moisés escreveu um cântico relembrando todos os atos poderosos
de Deus. Miriã e as mulheres tomaram os tamborins
provavelmente os únicos instrumentos que possuíam — e dançaram e cantaram o
cântico que Moisés havia escrito.
Até que enfim! Agora eles tinham um hino para cantar. Tinham um Campeão, um
Libertador, um Deus que havia demonstrado um poder muito maior do que o poder
da temida e extraordinária nação do Egito.
Deus se agradou e recebeu a oferta de louvor do povo. Eles cantaram o único
hino de louvor que sabiam, aquele que Moisés escrevera. Eles se alegraram e
celebraram à medida que recitavam os versos sobre os atos poderosos do seu
vitorioso Libertador.
A Terra Prometida
Em Josué 6.2-5, onde lemos sobre o enfrentamento entre os israelitas e seus
inimigos na cidade de Jericó, o Senhor deu instruções específicas sobre como o
seu povo deveria louvá-lo a fim de permitir-lhe mostrar, de novo, o seu grande
poder a eles.
Eles tinham visto muitas coisas inusitadas durante os quarenta anos de
caminhada no deserto. Mas, agora, estavam sendo desafiados a fazer algo bem
diferente em termos de es-
63
EXALTEMOS AO SENHOR
tratégia militar: caminhar em silêncio ao redor da cidade até que os seus
inimigos ficassem confusos e, então, aterrorizá- los com músicas e gritos de
louvor até que os muros da cidade caíssem por terra.
Depois de atravessar o mar Vermelho, eles tiveram uma razão para louvar a
Deus. Ao entrarem na terra prometida, eles aprenderam sobre o poder do louvor.
Na experiência de Jericó, cinco novos elementos foram acrescentados à
experiência de louvor:
1. Obediência
O exército deveria obedecer minuciosamente às ordens de Josué.
2. Ordem
Eles deveriam marchar por seis dias ao redor dos muros da cidade sem falar uma
palavra sequer. Eles não deveriam expressar nenhum medo, nenhuma dúvida ou
reclamação. (Lembre-se de que essas foram as razões pelas quais seus pais não
puderam entrar na terra prometida.)
3. Ousadia
Sem levar em conta o que o inimigo poderia pensar, os guerreiros se
posicionaram corajosamente ao redor da arca do concerto e dos sacerdotes,
demonstrando sua fé e confiança em Deus.
4. Instrumentos musicais específicos
Deus desafiou o seu povo a tocar a trombeta — um instrumento mais sofisticado
do que o tamborim — quando entraram na batalha. Aparentemente, tocar o
tamborim não era suficiente para a execução da tarefa que tinham a realizar.
O Próximo Passo
5. Convocação
As mulheres cantaram e dançaram, mas Deus convocou seus guerreiros a tocar as
trombetas e a gritar expressões de louvor, declarando que o Senhor havia
entregue a cidade a eles.
A Nação de Israel
O Senhor, novamente, deu instruções específicas sobre os tipos de instrumentos
e cantores que deveriam acompanhar a sua presença em 1 Crônicas 15.16.
E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os
cantores, com instrumentos músicos, com alaúdes, harpas e címbalos, para que
se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria.
Todo o povo de Israel foi convidado a fazer parte do processional de
celebração. E como o rei Davi e os sacerdotes aprenderam que a presença de
Deus (representada pela arca do concerto) não deveria ser tratada de modo
casual ou superficial, todos, dessa vez, foram convidados a virem à presença
de Deus. Foi durante esse período que as ofertas, os sacrifícios, os trajes,
as músicas e as danças foram reconhecidas como tendo um lugar apropriado na
adoração.
Davi foi a extremos exagerados para servir a Deus com todos os dons e
capacidade que tinha, e ele usou os talentos e habilidades das pessoas da
nação de Israel. Obviamente, à medida que a nação se desenvolvia e amadurecia,
Deus esperava que o seu povo crescesse em sua expressão de louvor e adoração a
ele.
EXALTEMOS AO SENHOR
O Tabernáculo
Uma vez que a arca do concerto fora colocada no tabernáculo, o rei Davi
designou músicos capacitados para ministrar regularmente diante do Senhor
(veja 1 Cr 16.4-6). Ao assim proceder, ele estava permitindo que os filhos de
Israel soubessem que o louvor e a adoração não seriam mais um evento
ocasional; deveria ser um estilo de vida contínuo.
Davi escreveu hinos e encorajou outros músicos e cantores capacitados a
escreverem hinos que glorificassem a Deus. Ele os desafiou a não serem
letárgicos e preguiçosos mas a que levantassem suas mãos no santuário e
bendissessem ao Senhor.
No tabernáculo mosaico somente o sumo sacerdote tinha acesso ao lugar
conhecido como santo dos santos. Mas, agora, todos os sacerdotes que
ministravam no santuário foram autorizados a entrarem na presença de Deus.
O Templo
O rei Salomão ordenou grandes ofertas e sacrifícios para a cerimônia de
dedicação do novo templo (2 Cr 5). Ele ordenou que os cantores e músicos
produzissem e apresentassem o maior de todos os processionais que a nação já
havia visto.
A Escritura nos diz que havia cento e vinte corneteiros ao lado de muitos
cantores designados. Vestidos de suas brilhantes vestes sacerdotais, eles
cantavam e tocavam em uníssono, proclamando: “Porque ele é bom, porque a sua
benignidade dura para sempre” (v. 13. V. Revisada).
O santuário, então, encheu-se com uma nuvem — a presença extraordinária de
Deus. Ninguém foi capaz de ministrar, porque a presença do Senhor se
manifestou de forma tão extraordinária. Quando o povo, em uníssono, louvou e
O Próximo Passo
adorou ao Pai, ele se manifestou no meio deles, tornando-se um com eles.
Este “tornar-se um” não aconteceu por acaso. Foi necessário um esforço grande
e deliberado. Os israelitas tinham preparado um lugar para a presença de Deus.
Os sacerdotes se haviam santificado. Eles estudaram as leis concernentes ao
transporte da arca. Fizeram ofertas e sacrifícios cujo número era impossível
de contar. Prepararam e compuseram músicas de excelente qualidade. Depois de
tudo isso, eles se tornaram um diante do Senhor.
Os israelitas sempre perseveraram em dar o próximo passo a fim de estarem mais
perto do Senhor. No deserto, eles aprenderam como louvar a Deus; na batalha de
Jericó, aprenderam o poder do louvor; como nação jovem e florescente,
aprenderam os padrões do louvor; no tabernáculo, aprenderam sobre a prioridade
do louvor; e, no templo, se tornaram um e experimentaram a presença de Deus
através do louvor e da adoração.
Esta é a minha oração pela igreja nos dias de hoje. Meu coração pulsa com
paixão para que isso aconteça. Leia comigo a oração de Jesus quando falou
sobre o poder e a força da unidade:
Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra,
hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e
eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como
nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade,
para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que tens amado a eles
como me tens amado a mim (jo 17.20-23).
EXALTEMOS AO SENHOR
Isto é extraordinário! Pense sobre isso: quando nos tornamos um em Cristo,
então, somos capazes de nos tornarmos um com Deus!
Creio que o louvor e a adoração são o ambiente dado por Deus para que os seus
filhos se reúnam e cumpram a oração intercessória do Salvador. Quando nos
reunimos de forma unida a fim de cantarmos louvores ao Pai, somos capazes de
transcender todas as barreiras doutrinárias, culturais, raciais e políticas e,
assim, dar a glória devida a ele.
Se há uma coisa que oro para que você tenha aprendido da leitura deste livro é
a necessidade que temos de viver em sua presença. E lá que você encontrará a
plenitude dele — seu poder, seu amor, sua misericórdia, sua graça e seu desejo
de que estejamos unidos em um só propósito.
Tenho tido o privilégio de dar testemunho a pessoas de todas as partes do
mundo por meio de uma adoração prestada ao Senhor com paixão e intensidade.
Oro para que aprendam a louvar a Deus com propósito, poder e habilidade
crescentes e para que se tornem um diante do Senhor.
De fato, esta é minha oração por todos nós no corpo de Cristo: que
santifiquemos nossas vidas, que vençamos nossas divisões, que ofertemos sem
medida, que desenvolvamos e ofereçamos nossas habilidades para a glória de
Deus e nos tornemos um como adoradores do Deus Altíssimo.
Possivelmente, então, experimentaremos a presença do Senhor em uma medida que
ainda não conhecemos.
68
PARTE II
POR DICK BERNAL
EXALTEMOS AO SENHOR
Agradecimentos

Desejo agradecer a Deus por ser o Pai que eu nunca tive, a jesus por ser o
amigo mais chegado que um irmão, e ao maravilhoso Espírito Santo que
introduziu a emoção em minha vida cristã.
Carla, você é uma em um milhão. Sou grato a você por ser minha esposa, mãe
espiritual, amiga e amante. Que mulher!
Sou grato também aos meus três filhos, Adam, Sarah e Jesse que me trazem
indescritível alegria na vida.
A minha equipe de trabalho e igreja — vocês são especiais!
Sou grato a Larry e Melva Lea pelos momentos bons e ruins que passamos juntos
no fogo. Ao Dr. Cho por ter sido meu pastor e orientador.
Agradeço, também, a Mike Hayes, Casev Treat, Steve Munsey e ao grupo Integrity
Leadership Ministries por serem relevantes em minha vida e me manterem como
alguém responsável.
Sou muito grato a Stephen Strang e John Mason por permitirem que Ron e eu
realizássemos este projeto.
Graças dou por Brian, Pat e pela equipe de louvor e adoração do grupo Jubilce
que estiveram juntos semana após semana compartilhando os “bens” recebidos em
nome de Deus.
Finalmente, porém não menos importante, sou grato a Ron c Tavita e a toda a
família dos Kenoly por fazerem parte de nossa vida. Vocês nos enriqueceram
além do que podemos falar.
Introdução

Com a ajuda de meus amigos e parentes fundei o Jubilee Christian Center em novembro de 1980. Por volta de 1985 ele havia crescido
para, aproximadamente, duas mil pessoas que assistiam os programas semanalmente. As coisas estavam indo bem em outras áreas do
ministério, mas os serviços do grupo Jubilee se haviam transformado em reuniões mornas de adoração. Precisávamos de alguém que nos
“infundisse novo ânimo”.
Através da instrumentalidade de um amigo encontramos Ron Kenoly e o convidamos a cantar dois hinos no culto de dedicação de
nosso novo santuário. Quando ele chegou e começou o período de louvor e adoração daquele culto, per-
EXALTEMOS AO SENHOR
cebemos, quase que imediatamente, que ele era o homem certo para realizar o
trabalho e contratamo-lo.
Ron e eu desenvolvemos um novo estilo de ministério em conjunto. Ao fazê-lo,
afundamos alguns barcos, e algumas pessoas deixaram a comunhão de nossa
igreja. Mas, ao mesmo tempo, nosso período de adoração e louvor se tornou mais
real e poderoso do que jamais fora antes.
Em muitas igrejas, o profissionalismo e a unção têm sido comprometidos por
causa da comunhão e da idiossincrasia de grupos familiares. Muitos pastores
têm receio de quebrar estruturas ultrapassadas de pensamento com medo de
perder seus membros e, dessa forma, se acomodam a um estilo medíocre de louvor
e adoração.
Esse não é o meu estilo. Descobri que, quando seguimos alguns princípios
básicos de louvor e adoração, uma nova unção se derrama sobre a igreja.
Compartilho esses princípios com você neste livro, mas devo deixar claro que
não estou dando uma receita. Como Ron, freqüentemente, diz: “não há segredo”.
Você precisa apenas seguir a direção do Espírito Santo. Que o Espírito Santo
possa encher o seu coração com a alegria e o entusiasmo de adorar o nosso Rei.
9
Reconhecendo o Louvor e a Adoração

Por natureza, sou curioso e analítico em minha abordagem relacionada aos


assuntos da vida. Não compro coisas sem primeiro fazer uma pesquisa.
Recentemente, quando estava comprando um veículo com tração nas quatro rodas,
li diversos artigos e livros sobre o assunto e interroguei vários
proprietários desses veículos antes de decidir pela compra do veículo
particular que desejava. A pesquisa me ajudou a fazer uma escolha melhor e bem
informada.
Também estudei com muito cuidado sobre o assunto louvor e adoração. Descobri
que existem algumas poucas diferenças entre o louvor e a adoração. Mas ambos
são
EXALTEMOS AO SENHOR
elementos necessários em um culto e ambos têm qualidades diferenciadas.
O Elemento do Louvor
Um dos temas primários da Bíblia é a resposta humana para com a realidade de
quem Deus é. Os exemplos de louvor em alguns pontos da Palavra de Deus tendem
a ser impetuosos, alegres e espontâneos. Isto pode ser ilustrado pela resposta
dos filhos de Israel quando Deus os libertou da mão dos egípcios.
Então, cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico
ao Senhor; e falaram, dizendo:
Cantarei ao Senhor,
Porque sumamente se exaltou;
Lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.
O Senhor é a minha força e o meu cântico;
Ele me foi por salvação;
Este é o meu Deus; portanto, lhe farei uma habitação;
Ele é o Deus de meu pai; por isso, o exaltarei.
O Senhor é varão de guerra;
O Senhor é o seu nome (Ex 15.1-3).
Moisés e os filhos de Israel tiveram uma nova compreensão de quem Deus era.
Eles descobriram:
Ele é a minha força.
Ele é o meu cântico.
Ele é a minha salvação.
Ele é o meu Deus.
Ele é o Deus do meu pai.
Ele é um homem (varão) de guerra.
Reconhecendo o Louvor e a Adoração
Este cântico particular escrito por Moisés é mencionado como um “cântico de
libertação”. E um louvor a Deus por aquilo que ele fez pelo povo de Israel. Os
filhos de Israel foram conduzidos pelo deserto e precisavam aprender como dar
louvor a seu libertador pelo livramento recebido. Hoje, muitos dos cânticos
que cantamos são de louvor a Deus por livramentos e lembranças de
acontecimentos passados, pois ele nunca abandonou o seu povo.
Muitas vezes esquecemos nossa história. Louvar a Deus por aquilo que ele fez
nos lembra que Deus é “o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hb 13.8). Se ele
fez algo 110 passado, com certeza o fará novamente. A palavra latina para
louvor significa “valor” ou “preço”. Louvar a Deus é proclamar o seu valor. O
valor que damos a Deus determina o nosso louvor.
O resumo das expressões de louvor de todo o livro de Salmos pode ser
encontrado no Salmo 150:
Louvai ao Senhor!
Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder!
Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua
grandeza! Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.
Louvai-o com o adufe e a flauta;
louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas.
Louvai-o com címbalos sonoros;
louvai-o com címbalos altissonantes.
Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor.
Louvai ao Senhor!
Essa é uma conclusão adequada ao “livro dos louvores”. Ela também nos dá uma
visão detalhada dos vários elemen
EXALTEMOS AO SENHOR
tos encontrados na música do templo. Note a seqüência do louvor no Salmo 150.
Louvai-o no santuário (igreja) (v. 1).
E aqui onde a maioria de nós aprende a louvar a Deus. Algumas coisas são
ensinadas e outras são apanhadas de momento. Você pode pegar um resfriado
apenas estando perto de alguém que está infectado pelo vírus. Da mesma forma,
você pode “pegar” o louvor simplesmente estando rodeado de “louvadores”. Isto
acontece comigo. Seja o que for o que eu pego na igreja, eu ainda vou
permanecer com isso no meu carro, escritório, lar, ou seja onde for. Se eu
posso louvá-lo no domingo, por que não poderia fazê-lo também na segunda-
feira?
LouvaÍ-o no firmamento do seu poder! (v. 1).
Firmamento significa a expansão dos céus (veja Gn 1.8). Deus e maior do que os
meus problemas, maior do que a minha igreja e maior do que a minha nação. Você
entendeu?
Louvai-o pelos seus atos poderosos (v. 2).
Uma vez mais somos admoestados a nos lembrarmos de seus atos do passado,
especialmente de suas intervenções em nosso favor. Os desafios do amanhã são
mais fáceis de ser enfrentados quando nos lembramos das vitórias do passado.
Louvai-o conforme a excelência da sua grandeza (v. 2).
Sabemos onde louvar a Deus; agora somos informados da razão pela qual devemos
louvá-lo. Louvor deve ser ofere-
Reconhecendo o Louvor e a Adoração
eido em reconhecimento do seu grande poder e de seus atos poderosos. Sua
criação, sustentação e redenção demandam louvor. Quando testemunhamos algo
extraordinário, automaticamente respondemos com um sonoro “Uau!” Uma revelação
do Deus Todo-Poderoso deve ser recebida com uma reação semelhante.
Louvai-o com... (v. 3).
Nosso louvor é fortalecido quando acompanhado de instrumentos. A totalidade de
nosso ser pode tornar-se engajada na ação de louvar ao Senhor. Nossa
respiração pode soprar ar para dentro de um instrumento ou elevar nossas vozes
em louvor. Nossos dedos podem tocar as teclas dos instrumentos e nossas mãos
podem aplaudir ao ritmo da música à medida que nossos pés se movem ao dançar.
Todos os tipos de instrumentos podem ser utilizados na adoração. É o homem e
suas tradições que limitam seu uso. Não existe um instrumento mais santo ou
santificado do que o outro. O piano não é mais justo do que as cordas de uma
guitarra elétrica.
O Elemento da Adoração
Se o louvor é a nossa resposta à pessoa de Deus, então a adoração é a nossa
resposta à sua presença percebida. Sua presença transcende a atividade humana
normal e é santa.
Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar,
e eu não o sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é
outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus (Gn 28.16-17).
EXALTEMOS AO SENHOR
Antes do sonho de jacó, “este lugar” era apenas “aquele lugar”, como vemos em
Gênesis 28.11:
E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou
uma das pedras daquele lugar e pôs por sua cabeceira, e deitou-se naquele
lugar.
Um lugar comum foi transformado num lugar sagrado por causa da consciência da
presença de Deus. A presença de Deus sempre estivera ali, mas Jacó estava com
sono e cego para percebê-la. A consciência da presença de Deus evoca a
adoração. A adoração pode se manifestar de muitas formas e, mesmo assim, pode
ser intensamente privada e muito pessoal. Uma pessoa pode chorar, prostrar-se,
orar, ficar silenciosa, ajoelhar-se ou assumir qualquer postura física
apropriada para a ocasião. A música de adoração nos ajuda a evocar sentimentos
profundos e a consciência de que Deus está presente. Há uma presença tangível
de que mesmo a minha carne tem consciência.
Na história de Jacó, veja o que aconteceu depois de sua experiência.
Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha
posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela. E
chamou o nome daquele lugar Betei; o nome, porém, daquela cidade, dantes, era
Luz (Gn 28.18-19).
Jacó capturou aquele momento erigindo um memorial para que outros o pudessem
perceber. Muito embora a adoração seja a mais pessoal e íntima das
experiências espirituais, ela atingirá outras pessoas.
itccannccenao o juouvor e a suaoraçao
A adoração real no culto de uma igreja vai atingir o coração das pessoas na
congregação. Se reconhecemos o louvor e a adoração, podemos nos aproximar do
Senhor como se fôssemos uma só pessoa. Mas, antes de experimentarmos a
adoração “real”, devemos compreender os seus princípios.
10
Os Princípios da Adoração

^^ompreendi ao longo dos anos que Deus não é apenas um Deus de amor mas é,
também, um Deus que tem suas leis. Ele é conhecido por sua misericórdia e
graça, mas não podemos nos esquecer de seus princípios e verdades. Em nossa
sociedade moderna em que se fala muito do politicamente correto, da tolerância
e do respeito pelas idéias alheias, tornou-se impopular o apego às noções de
certo e errado. Contudo, somos advertidos em Provérbios 29.18: “Não havendo
profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado”.
Gênesis, o livro dos começos, é o nosso primeiro retrato sobre Deus e os seus
caminhos. Em Gênesis, Deus, pela primeira vez, trata de questões e estabelece
os precedentes da maioria
ÜAAJL lÜIVLUS AU bJiJNJH.UK
dos fatos da vida. O caos se torna ordenado sob a Palavra de Deus. A
sementeira se torna colheita. O pecado exige sacrifício de sangue. A
desobediência precisa ser julgada. A fé traz a bênção, e a obediência sempre é
recompensada. Esses e outros “primeiros” são estabelecidos em princípio e
transcendem dispensações. Os princípios e verdades de Deus são eternos.
Olhemos para a primeira vez em que a palavra adoração é utilizada na Bíblia.
E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o
jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós
(Gn 22.5).
Esta narrativa representa uma das mais dramáticas decisões da vida de Abraão.
Deus disse para Abraão levar seu filho ao monte Moriá a fim de sacrificá-lo
ali. Abraão obedeceu, dizendo a seus servos que ele iria adiante com Isaque a
fim de adorar.
O Senhor está nos ensinando sobre a verdadeira adoração em Gênesis 22. Devemos
compreender os princípios da adoração antes de podermos acrescentar nossas
vozes, música e participação à experiência de adoração. Nas páginas que
seguem, vamos considerar cinco princípios de adoração, conforme observados nos
doze primeiros versículos do capítulo 22 de Gênesis.
A adoração envolve relacionamentos— nesse caso, o relacionamento de pai e filho
(w. 1-3).
Se a nossa experiência de adoração for correta, ela será um relacionamento —
um relacionamento entre você e o Pai .
Cresci num lar que consistia de uma avó, u‘a mãe, duas irmãs mais velhas e um
avô que dava duro no trabalho. Meus
(Js Princípios da Adoração
pais se divorciaram antes de eu completar dois anos. Por essa razão, a palavra
“pai” significava muito pouco para mim.
Quando cresci, um homem alto e bem vestido, até mesmo simpático, nos visitava
regularmente em casa. Ele me chamava de “filho”, mas eu não tinha segurança
para chamá-lo dc “papai”, “paizinho” ou, simplesmente, “pai”. Ele não parecia
ser muito importante em minha vida. Eu sabia que outras crianças tinham seus
pais, mas eu não sentia que precisava de um. Eu era muito amado pela família
no meu lar.
O primeiro dia no jardim de infância foi uma experiência traumática para mim.
Minha avó me acompanhou à escola e ficou esperando numa sala com os outros
pais quando a aula começou. A Sra. Tyson, minha nova professora, pediu a cada
aluno para ficar em pé, falar seu nome e dizer aos colegas o que o seu pai
fazia para ganhar a vida. Porque eu estava assentado bem atrás tive vários
minutos para me lembrar o que meu pai fazia para ganhar a vida. Na realidade,
eu não tinha a mínima idéia! Muito mal o conhecia, por isso, não sabia a
profissão dele.
Um a um, cada aluno ficou em pé e falou orgulhosamente sobre seu pai. Quando
chegou a minha vez, olhei para a minha avó como que pedindo ajuda. Pude
percebê-la preocupada e quase pude ler a mente dela. “ Dickie, não minta!” ela
parecia me dizer com seus olhos. Comecei a perceber que eu era diferente das
outras crianças. Uma sensação de vergonha, uma sensação que era estranha para
mim, começou a me varrer. Senti desejo de sumir da sala, mas era tarde demais.
Meu amigo Gary Goldman estava sentado perto de mim. Ele ficou em pé e, com um
sorriso de orelha a orelha disse: “Meu pai é dono de um posto de gasolina”.
Era a minha vez. Olhei uma vez mais para a minha avó, levantei-me devagar e
sussurrei: “Meu nome é Dickie Bernal,
EXALTEMOS AO SENHOR
e meu pai também tem um posto de gasolina!” Sem hesitação, assentei-me a
seguir. Parecia ter passado uma eternidade antes de eu poder olhar para a
minha avó novamente. Em sua face eu podia ler bem claramente: “Espere até
chegar em casa, garoto!”
Alguém declarou certa vez que preocupar-se é pior do que sentir medo, porque
lhe dá muito tempo para perceber aquilo que vai dar errado. Eu me lembrei de
todos os detalhes do castigo que iria receber enquanto caminhava de volta para
casa. Minha avó era da velha escola — a escola que acreditava em uma
disciplina rígida e na perda de privilégios como forma de ensino.
Logo que cheguei em casa, ela me chamou para conversar. O seu dedo indicador
apontado para mim acentuava suas palavras: “Você deveria se envergonhar,
Dickie”, ela me falou zangada. Mas eu sabia que preferiria receber uma surra
dela a ter de enfrentar a vergonha e constrangimento que senti na sala de
aula.
Meu problema cresceu comigo. Ao participar de eventos atléticos na escola,
meus amigos sempre perguntavam: “Dickie, o seu pai virá?”
“Sim, ele virá depois. Ele está trabalhando até mais tarde esta noite”, mentia
eu. Criei um mundo de fantasia sobre o meu pai a fim de evitar a verdade sobre
a minha situação.
O problema não desapareceu quando aceitei a Cristo como meu Salvador.
Identifiquei-me, de forma imediata, com Jesus quando o aceitei. Ele fora um
carpinteiro e eu, um ferreiro. Ele fora criado por um pai adotivo, e eu,
também, tinha um pai adotivo. Ele gostava de pescar, coisa que eu, também,
gostava de fazer.
Mas eu tinha um problema com Deus-Pai. Eu não tinha a mínima idéia de como era
falar com um pai. Por essa ra
zão, não sabia como orar a Deus. Podia falar com Jesus, e eu, até mesmo,
acostumei-me às coisas do Espírito, mas o Dcus-Pai era uma situação confusa
para mim. Sentia-me estranho e desconfortável quando tentava me relacionar com
ele. Tinha medo de aproximar-me do Deus-Pai, pois receava me machucar.
Como jovem pastor, ensinava sobre muitos assuntos relacionados ã vida cristã
mas ignorava, por completo, a idéia da paternidade de Deus. Deus, que conhecia
o meu dilema, começou a me seduzir durante os períodos de adoração de que
participava. Comecei a ter visões dele que não eram diferentes da visão que
Isaías teve de Deus no capítulo seis da profecia que leva o seu nome. A medida
que ele revelava o seu coração de pai para mim, fui finalmente convencido de
que ele nunca me abandonaria ou se esqueceria de mim. A partir de então
formamos um relacionamento.
Hoje não me sinto mais como alguém espiritualmente disfuncional, solitário ou
carente. Não, meu Pai não é dono de um posto de gasolina — ele é o dono do
universo. Não me envergonho do seu evangelho, pois ele é o poder de Deus.
Adoração implica em uma jornada. Abraão e Isaque caminhavam para onde Deus
desejava que eles fossem (v. 4).
Na década de 1960 eram muito populares, especialmente aqui na Bay Area (região
de São Francisco, na Califórnia), as chamadas “viagens”. Muitos jovens tomavam
drogas que alteravam o seu estado mental e comportamento de tal forma que
podiam “fugir” do sofrimento e dos problemas da vida, dando-lhes, por assim
dizer, um entusiasmo artificial. Essa era uma prática perigosa e,
freqüentemente, fatal. Abria a porta
85
EXAJLTJtiMOS AO SENHOR
para o espírito do mundo, permitindo, assim, que demônios invadissem a vida
das pessoas.
A adoração, para usar esse tipo de linguagem, é adrenalina pura! Deus é o Ser
Supremo! A adoração é uma viagem santificada — uma jornada no Espírito! A vida
com Deus está sempre se movendo para alguma direção.
Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17.28).
As jornadas dos filhos de Israel estão registradas no capítulo trinta e três
do livro de Números. Eles acamparam, arrumaram suas coisas, partiram e
acamparam novamente cerca de cinqüenta vezes neste capítulo. Durante aqueles
anos formativos no deserto, os filhos de Israel aprenderam que viver com Deus
envolve uma boa quantidade de mudanças com paradas intermitentes ao longo do
caminho.
As nossas experiências de adoração podem nos ajudar no sentido de mover-nos em
direção a Deus. Com freqüência, as pessoas que participam de nossos cultos me
falam que se sentiram movidas pela presença de Deus. Eu mesmo tenho
experimentado esse mover de Deus durante os períodos de adoração; às vezes, é
uma visão que recebo sobre uma nova oportunidade de ministério através de uma
viagem à índia ou à China; outras vezes, é o desafio para que eu atinja um
novo nível de crescimento, como quando Deus me mostrou a necessidade de eu me
reconciliar com um irmão com quem estivera sem falar havia anos.
Adoração tem a ver com ordem. O fardo de lenha foi tirado das costas de Isaque
e colocado cuidadosamente em ordem sobre o altar (vv. 5-9).
17* jrruiuiuius ua n.uurni^nu
Jesus é o Alfa, o A, e o Ômega, o Z, de nossa fé. Mas ele é um Deus de ordem.
Adoração implica em ordem. Devemos caminhar de A até Z para obedecer à sua
ordem.
Na criação dos céus e da terra (veja Gn 1) vemos que Deus colocou ordem no
caos. O mundo em que vivemos é caótico, confuso, tentador, carnal e se
perverte cada vez mais a cada geração. Não é fácil nem popular viver uma vida
governada por princípios, por absolutos e por limites. Devemos aprender como
submeter a confusão do mundo ao controle de Deus.
Muitos domingos de manhã, ao dirigir-me para o Centro Jubilee, sinto-me como a
formiga atômica — sempre indo em frente! Estressado com a pressão enorme dos
problemas anseio o momento em que possa entrar em sua presença, erguer minhas
mãos para ele e, pela fé, louvá-lo em antecipação pela vitória que está a
caminho.
O quebrantamento, com freqüência, precede a ordem. No meio de um dos mais
escuros momentos da vida do rei Davi, depois que o profeta Natã denunciou o
pecado na cara do rei (2 Sm 12), ele escreveu as seguintes palavras:
Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado.
Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante
de mim.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.
Não me lances fora da tua presença
e não retires de mim o teu Espírito Santo.
Abre, Senhor, os meus lábios,
c a minha boca entoará o teu louvor (SI 51.2-3, 10-11, 15).
EXALTEMOS AO SENHOR
Adoração envolve sacrifício. A história demonstra a disposição de Abraão em dar
algo muito precioso para Deus (v. 10).
A palavra grega para sacrifício é “thusia”, que denota primariamente o ato de
ofertar ou aquilo que é ofertado. Pode ser a presença de alguém na igreja (Rm
12.1), pode ser uma oferta de fé (Fp 2.17), pode ser uma oferta financeira
para a causa de Cristo (Fp 4.18), podem ser sacrifícios espirituais oferecidos
por crentes como membros de um sacerdócio santo (1 Pe 2.5) ou um sacrifício de
louvor.
Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o
fruto dos lábios que confessam o seu nome (Hb 13.15).
A forma verbal da palavra sacrifício na língua grega é “thuo”. Essa palavra
denota matar ou apunhalar. A fim de verdadeiramente oferecermos um sacrifício
precisamos colocar morte na equação; morte ao orgulho, morte ao egoísmo, morte
à ambição e cobiça, morte à justiça própria e a outros impulsos carnais. Tive
de morrer diversas mortes para vir à igreja, para vir a Cristo e responder à
chamada para o ministério — e ainda creio que não estou pronto. Acostumei-me
demasiado com os meus próprios funerais!
Lembro-me muito bem da primeira vez em que levantei minhas mãos num culto.
Pensei que fosse morrer de constrangimento, mas esforcei-me em fazê-lo. Então,
houve, também, a primeira vez cm que dancei no Espírito. Eu, um ferreiro de
l,88m de altura e 97 quilos de peso, dançando dois passos com o Espírito
Santo. Mas uma vez que você faz os seus preconceitos morrer, eles permanecem
mortos. Hoje,
(Js Princípios da Adoração
sinto-me bem à vontade para adorar de forma integral — espírito, alma e corpo.
A adoração abre as portas da provisão. Deus faz provisão por meio da
substituição (w. 11-14).
Provisão — é o produto final, mas ela não chega senão depois de um longo
processo. Abraão e Isaque foram até à montanha para adorar a Deus. O processo
foi doloroso, até mesmo agonizante. Foi uma batalha entre o medo e a fé. Mas
aquilo que Abraão aprendeu durante o processo tornou a provisão muito mais
doce.
Recentemente um homem de negócios local doou 4,2 milhões de dólares ao Jubilee
Christian Center. Foi uma provisão milagrosa, mas um processo extenso e
demorado precedeu aquele milagre. Jubilee tem semeado e distribuído milhões de
dólares no campo missionário e em outros ministérios, ao longo dos anos, mas à
custa de nossas próprias necessidades. Seguíamos sem ter uma sede própria, sem
uma equipe adequada e sem um programa evangelístico pela televisão, a fim de
podermos ajudar outros ministérios.
Deus lembrou-se desse processo. Ele não se esqueceu de nossos esforços e amor,
e, um dia, o seu Espírito moveu aquele homem de negócios a fazer uma das
maiores doações na história da igreja.
Será uma jornada. Estou indo para onde ele deseja que eu vá no Espírito. Lutas
e confusões serão prontamente solucionadas. Sacrifícios de louvor serão
apresentados. Um desejo profundo de morrer para as disposições do ego não será
um problema à medida que avançarmos na adoração.
Finalmente, uma nova revelação do poder da ressurreição inundará nossas almas,
e alegremente celebraremos a Cristo com o todo de nossa mente, nosso coração e
nosso corpo.
11
O Tempo da Adoração

R.ecentemente, em uma manhã de domingo, estava em meu escritório em casa


repassando mentalmente os cultos que havíamos prestado a Deus no dia anterior.
O tempo não fora apropriado. Pareceu que a coisa andou aos empurrões, como se
houvesse semáforos numa auto-estrada.
O culto fora excepcional. Louvores exaltados a Deus encheram o santuário. Mãos
foram levantadas; as pessoas bateram palmas; o som das aleluias e dos améns
podia ser ouvido durante todo o culto. Os rostos resplandeciam com a alegria
do Senhor.
EXALTEMOS AO SENHOR
Ao refletir sobre esse dia, localizei o ponto no culto quando se percebeu como
que se alguém estivesse aplicando os freios. Foi quando saudamos os
visitantes, fizemos os anúncios e avisamos a diversas pessoas que elas haviam
esquecido as luzes dos faróis dos seus carros acesas. Também promovemos muitos
serviços e atividades semanais da igreja.
Compreendi que foi então que a unção nos abandonou
e bem na hora do ofertório. Depois do ofertório e de uma música especial
chegou o momento de eu pregar. Pelo menos quinze minutos haviam transcorrido
desde que o nosso período de louvor terminara. Por causa desse tempo
extremamente necessário, dentro do culto, para cuidarmos dos negócios da
igreja, a congregação, agora, necessitava de uma ressurreição. Era o momento
de o pastor pregar a Palavra do Senhor, mas as pessoas tinham-se tornado
mornas. Essa “síndrome de altos e baixos” acontece na maioria das igrejas
semana após semana.
Chegamos à profunda compreensão de que Deus não derrama a sua unção em
anúncios para a venda de guloseimas, para promover um retiro, para falar de
descontos na livraria da igreja ou para falar das atividades intermináveis que
acontecem numa igreja florescente. Todos esses anúncios já estão no boletim;
por que, então, temos de repisá-los novamente? E porque permitimos que nossa
equipe e diretores de departamentos nos pressionem para agirmos como
vendedores. Quando procedemos assim, as pessoas ficam sobrecarregadas com
fatos e informações e perdem a mística espiritual dos momentos de louvor e
adoração.
Desejo receber e capturar a unção — não matá-la ou amordaçá-la. A equipe de
louvor e adoração trabalha para introduzir a presença de Deus num culto, e não
podemos extinguir o Espírito com assuntos secundários.
Os aspectos mais importantes do culto de uma igreja são:
Louvor e adoração
A pregação da Palavra de Deus
O momento intercessório
O ofertório
Caso pudéssemos estruturar nossos cultos ligando essas quatro partes sem
nenhuma interrupção, creio que teríamos maiores e melhores resultados. O nível
de intensidade permaneceria elevado durante a pregação e o apelo para que as
pessoas venham à frente aceitando a Cristo, para serem curadas e para serem
libertas de opressão. Creio que as contribuições e ofertas aumentariam
bastante se as pessoas fossem desafiadas pelo Espírito Santo em lugar de o
serem pelos relatórios constantes sobre o comportamento orçamentário da
igreja. Coloquei pessoalmente esses princípios em prática na comunidade
Jubilee, e a mudança verificada foi imediata e para melhor.
Visitei nove vezes a Coréia do Sul. O Dr. Davi Cho é meu pastor e amigo. Como
membro da junta diretiva do grupo Church Growth International, tenho tido uma
grande oportunidade de ver sua igreja (a maior igreja do mundo com setecentos
mil membros) bem de perto. Depois dessas viagens e estudos, cheguei à
conclusão de que o Dr. Cho conserva a sua igreja de modo simples e sem
confusão. Ele permanece concentrado nas prioridades de seu objetivo e visão.
Estou procurando fazer o mesmo, muito embora tenha experimentado momentos em
que o Espírito Santo se move para além das estruturas que planejamos. Entendo
que devo estar preparado para esses momentos. Na história de Davi e Mical
encontramos um grande exemplo desse fato.
EXALTEMOS AO SENHOR
Alegria em Sião
Davi valorizava tanto a presença de Deus que ele preparou uma tenda para
abrigar a arca do concerto em Sião. Ele esforçou-se bastante para conduzir a
arca da casa de Abinadabe para Sião (veja 2 Sm 6.1-19).
Davi ficou tão contente pelo fato de a arca agora repousar na cidade de Deus
que lançou fora suas vestes reais e dançou com alegria na frente do povo que
observava o cortejo entrar na cidade. Ele humilhou-se a si mesmo e compareceu
diante de seu Pai celestial como uma criança que explode de alegria com a
presença de seu bem-amado pai. Mical, a esposa de Davi, ficou escandalizada.
Ela repreendeu a Davi por seu comportamento.
Mical representa a multidão dignificada que se escandaliza com aquelas pessoas
que se aproximam de Deus como se fossem criancinhas. Como resultado de sua
atitude, Deus lhe fechou a madre até o dia de sua morte (veja 2 Sm 6.23).
Igrejas que não conseguem produzir bebês espirituais nascidos de novo costumam
ter o espírito de Mical dentro delas. Mas estar na presença de Deus era a
coisa mais importante para Davi.
Como pastor e professor, conheço a tentação de interromper o fluxo do Espírito
de Deus num culto só porque os olhos de minha congregação estão grudados no
relógio acima do púlpito. As vezes é difícil, para mim, permitir que Deus
tenha livre curso no culto de minha igreja. Mas estou ficando cada vez melhor
no reconhecer e responder à obra do Espírito, porque tenho, mais do que nunca,
fome e sede de sua presença.
Hoje, como nos tempos de Davi, precisamos ter cuidado para não nos
atrapalharmos com coisas novas que Deus pode estar fazendo.
Gargalhada Santa
Quando Davi trouxe a arca do concerto de volta a Sião (Jerusalém), sua alegria
foi tão intensa que ele “ia bailando e saltando diante do Senhor” (2 Sm 6.16).
Note que quando o povo de Israel foi liberto do cativeiro na Babilônia e teve
permissão para voltar a Sião, aconteceu outra manifestação de alegria — “a
nossa boca se encheu de riso” (SI 126.2).
Esta manifestação está ocorrendo entre os crentes na atualidade, e devemos
estar preparados para ela. Talvez Deus esteja nos levando de volta para
desfrutarmos a alegria de nossa salvação. Os cristãos precisam de uma boa
gargalhada. As vezes o mundo nos vê como pessoas rígidas, chatas e
autojustificadas. Com freqüência nos levamos muito a sério. Nossas tradições e
expectativas nos levam a criar padrões e normas que são impossíveis de viver
no dia-a-dia de nossas vidas. Dessa forma, perdemos nossa alegria e nos
tornamos pessoas espiritualmente secas.
Há lugar para a gargalhada na igreja? E correto rir e gargalhar durante o
período de louvor e adoração? Significa irreverência ou desrespeito para com
Deus ou para com outras pessoas no auditório? Esse fenômeno está-se espalhando
ao redor do mundo sem uma explicação ou convite teológico. Aconteceu comigo.
Vindo não se sabe de onde, um senso de euforia absoluta o apanha e você
experimenta felicidade real, mesmo que isso seja contra a sua natureza
conservadora e circunspecta. Marilyn Hickey contou-me que, quando isso lhe
aconteceu uma noite num encontro, ela terminou caída no chão como se estivesse
bêbada. Isso é totalmente contrário ao seu caráter. Porém, talvez seja
totalmente de acordo com o caráter de Deus liberar a alegria em nossas vidas.
95
JtSXAJLTJtíMUS AU SENHUK
Você se lembra da mensagem do anjo aos pastores na noite em que J esus nasceu?
Ora, havia, naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam
durante as vigílias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio
sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande
temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de
grande alegria, que será para todo o povo (Lc 2.8-10).
O anjo não disse: “Religião para o mundo, o Senhor chegou! Pastores, eis aqui
um novo conjunto de regras para manterem vocês sob controle”. Tampouco disse:
“Alegria para a igreja”. O anjo anunciou: “Alegria para o mundo”.
Milhares de pessoas vivem deprimidas a ponto de terem de tomar algum tipo de
medicamento para aliviar a depressão delas. O único lugar aonde deveriam ir a
fim de encontrar uma razão para sorrir é a igreja, a casa de Deus.
Jesus proclamou uma mensagem de alegria para o mundo. Quando ele pregou às
multidões ao pé da montanha, ele declarou:
Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-
aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados
vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os
homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem
o vosso nome como mau, por causa do Filho do Homem. Folgai nesse dia, exultai,
porque é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos
profetas (Lc 6.20-23).
l/ ícmpo aa /xcioraçao
Não estou sugerindo que o riso e a gargalhada sejam uma parte de todos os
cultos na igreja. Como Salomão nos disse: “Tudo tem o seu tempo determinado, e
há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Na lista das coisas
para as quais existe uma estação própria, ele menciona:
Tempo para chorar
Tempo para rir
Tempo para lamentar-se
Tempo para dançar (v. 4).
Recentemente um amigo me falou: “Você deveria ver o filme Forrest Gump”.
Quando lhe perguntei por que, ele respondeu: “Porque o filme o fará sorrir e,
também, chorar. E quando você deixar o cinema estará se sentindo muito bem”.
Pensei: “E assim que a igreja deveria ser.” Deveríamos experimentar a gama
completa de emoções sob o toque do Espírito de Deus. Ao sairmos da igreja
deveríamos nos sentir alegres por termos vindo. E é o trabalho do pastor
assegurar que o tempo da adoração seja constante, de forma que possamos sair
da igreja nos sentindo dessa maneira.
12
Estabelecendo Prioridades Para o Ministério

Tenho perguntado a mim mesmo: “Qual é o principal propósito da igreja local?”


Creio que é prover um lugar para as pessoas se reunirem e honrarem a Deus com
sua presença, adoração, ofertas e disposição para servir.
A igreja é também um lugar para o ensino, treinamento e oração corporativa.
Essas funções eclodem numa variedade de ministérios que surgem espontaneamente
— creches comunitárias, escolas cristãs, centros de treinamento bíblico,
ambulatórios, restaurantes e um sem número de grupos especiais dentro do
contexto da comunidade da igreja.
O Jubilee Center não é diferente de nenhuma outra igreja grande e florescente.
Queremos ser relevantes. Mostramos
EXALTEMOS AO SENHOR
preocupação com a família. Sinto-me comissionado a evangelizar os jovens, por
isso começamos o que pode ser chamado de o maior clube noturno cristão do
mundo, o Clube J. Será um braço de evangelização da igreja criado com a
finalidade de alcançar centenas de jovens na área em que a igreja está
localizada. Esses tipos de programas são nobres e bons, mas se eu perco a
razão básica de ser da igreja, então, preciso revisar a minha lista de
prioridades.
Ao longo dos anos temos experimentado um tremendo escoamento dos fundos gerais
da igreja em razão de financiarmos muitos ministérios. Uma vez tivemos uma
escola elementar que apresentava um déficit mensal de oito mil dólares. Além
disso tínhamos problemas pelo fato de que o pessoal da administração da escola
questionava que nossas crianças da escola dominical deixavam as salas de aula
desarrumadas.
Compreendi que estávamos ferindo nossa finalidade primária de nos reunirmos
aos domingos pela manhã. Centenas de crianças estavam sendo privadas de terem
classes adequadas por causa de nossa escola. E essa escola nem mesmo fazia
parte da visão original de nossa igreja. Infelizmente, eu dera ouvido às
pessoas em lugar de dar ouvidos a Deus quando estabelecemos a escola.
Durante aquele duro período financeiro, Ron me procurou para apresentar uma
proposta de fortalecer e ampliar nosso departamento de música. Precisávamos de
equipamentos, de uma nova mesa de som e de músicos habilitados. Não tínhamos o
dinheiro necessário por causa de nossa escola. Eu tinha de tomar uma decisão
muito dura — o que era mais importante dentro da visão de ministério que Deus
me havia dado?
Não havia dúvida. A escola tinha de fechar. Sim, muitos pais ficaram
aborrecidos — isso para não mencionar os professores, mas eu tinha de fazer o
que era certo. A igreja no
seu todo estava sendo prejudicada na qualidade de sua adoração por causa de um
ministério que não parecia se ajustar bem na visão que tínhamos para a igreja
na sua totalidade. Realocamos as crianças para escolas cristãs bem
estabelecidas que poderiam provê-las com uma educação de melhor qualidade, e
isso demonstrou que a decisão foi acertada.
Essa questão me ensinou importantes lições sobre a necessidade de nos
mantermos firmes no tocante às prioridades. Se perco as prioridades de vista,
posso me tornar irrelevante para o corpo de Cristo. Haverá uma ruptura na
comunicação e, em úldma análise, na visão da igreja.
Em virtude de eu ter aprendido a manter a estrutura do Jubilee Center de forma
bem simples, a unção em nosso período de adoração tem continuado a se
manifestar de forma crescente. As pessoas têm sido abençoadas e desfrutam a
alegria do Senhor através dos louvores exaltados que prestamos a ele. E isto
demonstra que estamos cumprindo o propósito da igreja.
Creio que uma prioridade importante da igreja é a qualidade da adoração nos
cultos e, também, aquilo que a equipe de louvor acrescenta para que essa
qualidade seja atingida.
A Equipe de Música Deve Ser Remunerada?
Quando o rei Saul sentiu-se deprimido, seus servos começaram uma operação de
caça-talentos a fim de encontrar um músico experiente que pudesse ministrar de
forma efetiva ao rei (veja 1 Sm 16.14-18). Eles não queriam contratar o
primeiro que se apresentasse. Desejavam contratar uma pessoa detentora das
melhores habilidades musicais.
Houve época na história que, quando alguém desejava ouvir a melhor música
possível existente no mundo, ele ia à igreja. O mesmo não sucede hoje. Hoje
você vai a salas de concertos,
101
J&AAJÜI JilVlUS AU SJtiiNttVJJtV

clubes noturnos e cassinos. Os músicos estão nesses lugares porque é dessa


forma que ganham o seu sustento.
Creio no trabalho voluntário no ministério da igreja. Mas reavaliei minha
postura no que diz respeito aos músicos da igreja. Creio, agora, que certas
posições que exigem habilidade especial (piano, órgão, guitarristas e outros
instrumentistas de proa) devem ser remuneradas a fim de assegurar que o melhor
grupo instrumental esteja presente nos cultos das manhãs de domingo. Eles não
precisam ser empregados de tempo integral mas, pelo menos, devem ser
compensados pelo seu talento.
Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de
madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os
trabalhadores o salário de um denário por dia e mandou- os para a sua vinha.
Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça, e
disse-lhes:
Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram (Mt
20.1-4, V. Revisada).
Quanto Deve Ser Pago?
Com freqüência me perguntam: “Qual é um salário justo e qual deve ser a
planilha de salários para um líder de louvor?”
Uma forma de tomar essa decisão é considerar o que você requer do seu líder de
louvor de segunda a sexta-feira das nove horas da manhã às cinco horas da
tarde. Ele ministra em outras igrejas e desempenha outras funções? Se assim é,
aquilo que ele recebe pertence a ele ou essa importância é deduzida do salário
dele?
Minha filosofia pessoal sobre esse assunto é que o líder de louvor é um dos
“grandes três” na vida da igreja — pastor, administrador/controlador e líder
de louvor. Na Califórnia, esses três indivíduos são, geralmente, os melhores
salários dos membros da equipe de trabalho de uma igreja. Tanto o
administrador como o líder de louvor são extremamente importantes para a saúde
e vigor de uma igreja florescente.
Na Igreja Jubilee temos vários músicos na folha de pagamentos. São pessoas que
desempenham funções que exigem muitas habilidades. Nosso orçamento do
departamento de música é bem elevado, mas nossos períodos de louvor e adoração
atraem milhares de pessoas à igreja. É um bom investimento.
Se um ministro de louvor tem outras habilidades tais como aconselhamento,
computação, ensino e dons pastorais genéricos, ele deve receber um salário de
tempo integral e ter uma descrição de trabalho bem elaborada. Seja justo na
distribuição dos horários em que ele deverá estar no escritório, lembrando
sempre que ele normalmente está disponível durante os cultos.
No jubilee Center esses indivíduos devem estar presentes às noites de quartas
e sextas-feiras e a três períodos de culto aos domingos. Eles também são
solicitados a ajudar em cruzadas cvangelísticas, em conferências e seminários
durante o ano.
Encorajo o nosso líder de louvor a realizar viagens. Quando a popularidade de
Ron explodiu a nível internacional, assentamo-nos e discutimos sobre o seu
ministério. Ambos nos alegramos com os planos de Deus. Não tive medo de perder
Ron ou de que a qualidade de nosso louvor e adoração sofresse uma queda. Se
Deus estava operando esses planos, ele não abandonaria a mim e à Igreja
Jubilee.
103
1
ÜXAJL ÜMUS AU SJtíINílUK

Mesmo agora, Pure Jo}^ (que é o grupo de louvor e adoração da Igreja Jubilee)
e Mark, o irmão de Ron, estão ministrando por todo o país dos Estados Unidos.
Mantenho-os na folha de pagamento? Você acertou! Mas se eles, como Ron, derem
mais tempo fora do que à nossa igreja, c as ofertas que receberem forem
suficientes para sustentá-los, nos reuniremos e discutiremos o trabalho deles
na Igreja Jubilee.
Nossa igreja tem sido sempre um centro de treinamento ministerial. Temos
enviado centenas de pessoas para institutos bíblicos, para o campo missionário
e outras igrejas com a finalidade de ajudar. Sentimo-nos vocacionados para
treinar, preparar e equipar os santos para a batalha.
13
A Adoração e a Batalha Espiritual
Ensinar sobre o assunto batalha espiritual é um dos pontos fortes do meu ministério. Faço-o regularmente no meu programa
internacional de televisão toda semana. Escrevi quatro livros sobre o assunto e o ensino em igrejas ao redor do mundo. E uma
investidura que Deus colocou sobre mim, e faço o melhor que posso para me desincumbir da tarefa.
Descobri que não se pode ensinar a dinâmica da batalha espiritual começando com o cântico de corinhos animados como prelúdio
da mensagem.
Ron e eu aprendemos a trabalhar como equipe quando viajamos a fim de ministrar juntos. Sua liderança no louvor
EXALTEMOS AO SENHOR
dos cultos toma meu trabalho muito mais fácil. Ele prepara musicalmente a
congregação para receber a mensagem.
O texto básico que utilizamos é o Salmo 149 que define os passos que devemos
dar na adoração para nos prepararmos para a batalha espiritual.
Cantai ao Senhor um cântico novo (v. 1)
Este versículo fala sobre um novo cântico — um cântico que captura o mover de
Deus no tempo que se chama hoje. Amo os hinos antigos. De vez em quando
seleciono um a fim de cantá-lo para o Senhor. Aquele hino antigo, seja da
autoria de Lutero ou de Wesley, já foi novo um dia. Tiveram uma unção nova
quando foram compostos sob a inspiração do Espírito de Deus. Mas para a
maioria das pessoas, eles são considerados um monumento memorial àquilo que
Deus fez no passado. Devemos lembrar a obra de Deus no passado, mas devemos,
também, acompanhar o que Deus está fazendo hoje. Então seremos capazes de
capacitar a congregação “a se alegrar naquele que o fez... no seu Rei” (v. 2).
Louvem o seu nome (v. 3).
Permita que a congregação adore a Deus com liberdade. Sei que existe
estrelismo, exibição c demonstrações carnais que precisam ser controlados, mas
não ao preço de se extinguir o Espírito. Para mim não há nada mais belo do que
ver alguém expressando livremente o seu louvor a Deus dançando no Espírito.
Um membro de nossa igreja que veio de um contexto fortemente presbiteriano me
procurou uma noite para dizer- me o que lhe acontecera durante o culto. Ele
estava muito
excitado. Este profissional de meia-idade visitara, com relutância, a nossa
igreja com a sua esposa alguns meses antes. Ele gostou do culto e continuou a
vir regularmente. Ele nunca havia aplaudido, levantado as mãos ou gritado
expressões de louvor a Deus durante qualquer dos cultos. Ele vinha
principalmente para manter-se em paz com a esposa dele.
Naquela noite em particular o culto foi especialmente poderoso e emocionante.
Meu amigo presbiteriano sentiu um calor tomar conta dele enquanto estava em pé
na parte de trás da igreja. O calor desceu de sua cabeça e, quando chegou a
seus pés, ele foi para o corredor e dançou, sem qualquer constrangimento, para
o Senhor, com lágrimas de humildade correndo de sua face. Ele fora libertado
para adorar a Deus de uma forma que nunca acontecera antes.
Cantem de alegria no seu leito (v. 5)
Somos solicitados a levar a nossa adoração para casa — até mesmo para as
nossas camas. Cantar em voz alta em nossas camas? Isto é o que acontece quando
experimentamos um mover real de Deus. Você o adora em casa, no trabalho, ao
fazer compras ou em suas férias. A experiência o marca, e você deseja
compartilhá-la com as outras pessoas.
Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e
espada de dois fios, nas suas mãos (v. 6).
Agora a nossa adoração se torna em batalha. Nossos cânticos se transformam em
espada do Espírito. Esses cânticos são proféticos em natureza e, quase certo,
são expontâneos ou composições feitas na hora. Ron tem o dom de cantar um novo
cântico imediatamente depois da pregação. Anos atrás
107
ÜAAJ - 1 HMAJ3 AU 3 tliNnuI\

Reba Rambo McGuire profetizou que Ron receberia um novo cântico da parte do
Senhor imediatamente depois de ouvir o seu pastor ministrar a Palavra. Essa
profecia tem sido cumprida em seu ministério e continua a acontecer, ainda
hoje, quando ele ministra.
Para tomarem vingança das nações e darem repreensões aos povos (v. 7).
Note o crescimento na intensidade do conflito.
Para tomarem vingança das nações e darem repreensões aos povos, para prenderem
os seus reis com cadeias e os seus nobres, com grilhões de ferro; para fazerem
neles o juízo escrito; esta honra, tê-la-ão todos os santos. Louvai ao Senhor!
(w. 7-9).
A Igreja Jubilee tem uma responsabilidade local, como uma vocação nacional, de
lembrar a “palavra de Deus” às pessoas. Cada crente deve estar preparado para
entrar em conflito com o inimigo. Isso não é apenas uma responsabilidade — é
uma honra que nos foi dada pelo próprio Deus (v. 9). Essa honra inclui o ato
de amarrar os espíritos malignos (v. 8). O livro de Efésios nos diz que os
poderes contra os quais lutamos não podem ser vistos, pois são invisíveis, mas
eles são tão reais quanto os poderes humanos (veja Ef 6.12).
Para fazerem neles o juízo escrito (v. 9).
Amo esse versículo. A Bíblia é, em última análise, o julgamento escrito de
Deus. Ela é a autoridade final. O privilégio de executar a Palavra de Deus não
é reservado apenas
para aqueles que têm parte no quíntuplo ministério (apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres [veja Ef 4.11]), mas pertence a “todos os
santos”.
Declarando os Propósitos de Deus
O massacre da Tiananmen Square foi um dos piores eventos dos últimos anos,
senão deste século. Seis meses depois do terrível acontecimento, Ron, Carla e
eu estávamos em Pequim com Nora Lam, Carolyn Sundseth (que fora uma das
nomeadas por Reagan) e Ruth Cox (uma amiga pessoal do presidente George Bush e
de sua esposa Barbara).
As coisas ainda estavam tensas em Pequim naquela ocasião. Podíamos sentir a
tensão no ar. Tive uma oportunidade histórica de pregar na maior igreja
evangélica da China, pastoreada por meu prezado amigo, pastor Kan. Até aquele
momento nosso relacionamento tinha sido apenas através do movimento
subterrâneo dos cristãos na China. Foi um fato notável eu poder pregar
abertamente na sua igreja. Soube que Billy Graham foi o outro único ministro
americano que teve oportunidade semelhante. Fui o primeiro carismático a
ministrar nessa igreja histórica.
O movimento da igreja evangélica é sancionado pelo governo comunista e é
tolerado desde que as pessoas não se tornem muito radicais em suas ações. O
presidente Bush c esposa freqüentaram essa igreja quando serviam como
embaixadores dos E.U.A. sob o presidente Nixon.
O pastor Kan me concedeu trinta minutos para fazer o que eu quisesse. Antes de
minha mensagem Ron cantou o hino “Amazing Grace” e encantou a multidão. A
medida que Ron cantava, o Senhor cochichou para mim: “Não pregue — apenas dê o
seu testemunho”.
EXALTEMOS AO SENHOR
Mudei rapidamente o tema de minha mensagem, que já estava preparada, para o
testemunho de minha história pessoal. As pessoas riam, aplaudiam e choravam.
Não me contive. Falei-lhes que Jesus e o seu batismo de fogo eram a única
esperança para a China. Enquanto falava, fui capaz de identificar vários
agentes do serviço secreto chinês no meio daquela multidão. A polícia secreta
da China não é muito secreta — pode-se identificar esses agentes por meio dos
seus uniformes com suas jaquetas pretas de couro que os destacam na multidão.
Parecia que estavam desfrutando do que estava acontecendo no culto.
Posteriormente, naquele mesmo dia, quando entrei no escritório do pastor Kan,
ele veio ao meu encontro com um abraço. “Desde o tempo em que meu pai
pastoreou esta igreja até hoje, esta igreja não havia experimentado um mover
de Deus como o que houve nesta manhã. Em todos esses anos ninguém na
congregação jamais bateu palmas ou gargalhou livremente como nesta manhã”. O
pastor Kan estava tão impressionado que continuou me abraçando por vários
momentos.
No dia seguinte, Carolyn e Ru th foram capazes de obter crachás de
identificação para poder visitar a Tiananmen Square. A praça deserta estava
ocupada apenas por uns poucos soldados marchando ao redor do perímetro da
praça. A lei marcial tinha sido declarada desde a manifestação anterior.
Enquanto caminhávamos vagarosamente para o centro da Praça podíamos ver as
marcas das esteiras dos tanques de guerra e buracos de projéteis das
metralhadoras nas paredes. A cena provocou calafrios em nossas espinhas.
Tínhamos trazido um pouco do óleo da unção sobre o qual muitos dos santos na
igreja do pastor Kan tinham orado anteriormente. Abri o recipiente e derramei
o óleo sobre a Praça, conduzindo o pequeno grupo numa oração de arre-
pendimento. Pedimos a Deus que perdoasse o governo da China por aquele
terrível crime contra o povo e derramasse sua misericórdia e graça sobre a
China. Ao final da minha oração, Ron começou a cantar e nos liderou num
momento de adoração. Adoramos nosso Senhor e declaramos que a China pertencia
a ele. Declaramos que Satanás e seus governantes não tinham poder porque Jesus
os havia derrotado. Proclamamos que a China, um dia, iria prostrar-se de
joelhos diante do nosso Deus.
Oito dias depois a lei marcial foi suspensa na China. Hoje a China está
abrindo, de forma gradativa, suas portas para o mundo e, eventualmente, estará
aberta para Deus.
Quando regressamos à América, trouxemos a filha do pastor Kan conosco. Nossa
igreja a colocou no Bethany College da Califórnia, em Santa Cruz. O pastor Kan
tornou-se chefe do departamento de religião na China. Tenho um amigo que algum
dia me dará a luz verde para realizar uma cruzada massiva no maior país do
mundo.
Quebrando o Jugo de Satanás
Jesus nos deu o direito legal de utilizar o seu nome e poder, mas esse direito
legal deve ser exercido para provocar os seus efeitos. As promessas de Deus
não são automáticas. A salvação está disponível, mas é preciso que a pessoa
exerça fé para agarrá-la. A Bíblia está cheia de oportunidades, mas precisamos
agir a fim de aproveitá-las. Sim, Jesus destituiu e desarmou o poder das
trevas. Mas não posso ficar sentado e descansar sobre a vitória que ele me
outorgou. Preciso diariamente reivindicar a verdade do Calvário.
No estado da Califórnia existem leis de tráfego que determinam a velocidade
dos veículos. É lei. Está sinalizada nas ruas. Ainda assim, precisamos de
policiais para patrulhar
111
EXALTEMOS AO SENHOR
as ruas. Por quê? Se é lei, por que gastar tempo e dinheiro para contratar
mais patrulheiros a fim de exigir o cumprimento da lei? A razão é muito
simples. As leis podem ser quebradas. É uma lei do universo que Satanás já
está derrotado. Está registrado no livro. Está sinalizado. Mas Satanás não é
um cidadão submisso às leis. Ele é um criminoso derrotado, mas o simples fato
de Jesus o ter derrotado não é suficiente para impedi-lo de nos atacar.
Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém
que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o
alistou para a guerra (2 Tm 2.3-4).
A batalha espiritual começa com a renovação de nossa mente. Então nossas
famílias, igrejas, cidades, nações e os próprios céus podem, também, ser
renovados.
Vencendo o Medo e a Ira
Vários anos atrás, em 1990, minha esposa Carla e eu testemunhamos a um jovem
chamado Eric Pryor. Depois de seis horas, Carla levou Eric a Cristo. Nas
semanas que se seguiram ajudamos o Eric a se mudar para San Jose. Ali o
ajudamos a se mudar para um apartamento pequeno e barato, que ficava bem perto
de nossa igreja, com a finalidade de discipulá- lo. Alguém doou um carro velho
para que o Eric pudesse ir e voltar da igreja.
Larry Lea e eu, juntamente com outros ministros destacados naquela área,
promovemos uma vigília de oração no dia de Halloween na cidade de São
Francisco em outubro de 1990. Não tenho a intenção de causar qualquer problema
às
comunidades gays e de ocultismo de São Francisco, mas, na noite de nossa
campanha de oração, cerca de três mil homossexuais, lésbicas e bruxas se
reuniram do lado de fora do auditório cívico para protestar. Eles chingavam e
causavam embaraço aos crentes que chegavam para participar da vigília de
oração. A atmosfera estava bastante explosiva.
Eric, Carla e eu viajamos juntos para a vigília de oração. Os manifestantes
gritaram quando viram Eric sair do carro, porque ele era bem conhecido por
muitas pessoas que estavam na multidão. Mas eles ficaram silenciosos quando
Carla e eu nos colocamos ao lado dele. Éramos um trio bem excêntrico. O meu
amigo Dr. Peter Wagner me contou que este foi um dos mais significativos
confrontos entre o bem e o mal dos últimos cinqüenta anos.
Como resultado daquela vigília de oração e batalha espiritual, o clima
espiritual naquela área mudou para melhor. Estamos experimentando uma unidade
entre as igrejas como nunca houve nos duzentos anos da história da igreja
evangélica daquela região.
Houve algum resultado? Não tínhamos idéia de que o evento receberia cobertura
da mídia local, muito menos da internacional. Mas o evento esteve noticiado
nas páginas principais dos periódicos locais e do Wall Street Journal. Foi
divulgado pela rede de rádio da CNN e pela NBC. Current Affair, Inside
lELdition, Montei Williams e mesmo um jornal de Paris desejavam fazer
entrevistas ao vivo.
O evento foi o catalisador para uma divulgação nacional no programa Prime Time
Live, em que Diane Sawyer deu um soco no que chamou de reivindicações
questionáveis dos líderes religiosos. Tanto Larry Lea e eu sofremos, por três
anos, de problemas tanto a nível pessoal como público. Pagamos o preço, mas
mantivemos nossas posições, e Deus socorreu os
113
seus servos. Eric ainda está comigo e serve a Deus de todo o seu coração.
No domingo de manhã, após a divulgação do programa num canal de televisão a
nível nacional, fui de carro até à igreja. Sentia-me deprimido, desencorajado
e derrotado. Per- guntava-me se seria capaz de adorar a Deus de todo o meu
coração, perguntando-me, também, em quem a congregação acreditaria — no seu
pastor ou na imprensa. Ron sabia do tumulto pelo qual eu estava passando, de
forma que conduziu maravilhosamente o culto naquela manhã de domingo de
novembro. Como resultado, fui capaz de vencer meu medo e ressentimento por
esse ataque pessoal contra o meu ministério e senti que Deus renovava em mim o
vigor e me capacitava novamente com o seu poder.
O Louvor Amarra o Medo
Como criança crescida em uma pequena cidade, gostava muito de assistir à
matinê no cinema local.
Durante a parte final do outono e nos primeiros meses de inverno, saíamos do
cinema por volta das cinco horas da tarde e tínhamos de caminhar cinco a seis
quilômetros até nossa casa. Atirávamos pedras, chutávamos latas, corríamos e
brincávamos de pique no caminho. Normalmente estava escuro quando chegávamos
em casa. Na metade do caminho para casa tínhamos de passar perto de um antigo
cemitério. Ninguém falava quase nada, mas todos cochichávamos e ficávamos tão
frios e impassíveis quanto podíamos. Aquelas sepulturas sempre me deram, de
alguma forma, um sentimento de paz interior.
O medo é uma força atormentadora. Ele prende e assola a alma da pessoa. O medo
significa simplesmente o senti-
SÍ /xaoraçao c a tfatallia Espiritual
mento de perder alguma coisa ou pessoa, o medo de perder a vida, família,
carreira, juventude, reputação ou alguma coisa preciosa aos nossos olhos.
Também conota a definição de “fugir de medo”. Temos a palavra fobia, que deriva
do vocábulo grego phóbos, o qual é encontrado várias vezes no Novo Testamento.
O medo, sendo um dos grandes repressores da fé, foi o primeiro fruto da
desobediência do homem.
Mas chamou o Senhor Deus ao homem e perguntou- lhe: Onde estás? Respondeu-lhe
o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me
(Gn 3.9-10, V. Revisada).
O medo não respeita as pessoas. Acomete a todos nós de formas diferentes. Vez
após vez a Bíblia nos recomenda a “não ter medo”. Mesmo Davi teve de lutar
contra o medo em sua vida.
Estou esquecido no coração deles, como um morto; sou como um vaso quebrado.
Pois ouvi a murmuração de muitos; temor havia ao redor; porquanto todos se
conluiavam contra mim; intentam tirar-me a vida. Mas eu confiei em ti, Senhor;
e disse: Tu és o meu Deus (SI 31.12-14).
Mas lembre que no salmo 23 Davi também escreveu:
Não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
consolam (v. 4, V Revisada).
Lembro-me de ter medo da escuridão. Deitava-me na cama e procurava ouvir
alguma música que trouxesse paz à
EXALTEMOS AO SENHOR
minha alma. Hoje, como um homem de meia-idade, eu ainda luto contra meus medos
e temores. Só que agora os coloco diante de Deus. Não tenho de balbuciar ou de
ouvir músicas suaves à noite. Agora posso cantar os louvores de Deus e amarrar
o medo, sabendo que Deus está comigo. Ele tem o poder de trazer paz às águas
turbulentas de nossa alma.
14
O Papel da Música na Adoração

Pouco tempo atrás, enquanto me dirigia do trabalho para casa, sintonizei o


rádio. Não me lembro do que estava procurando mas, repentinamente, ouvi um
daqueles hinos da década de 1950 que fazia mais de trinta anos que não ouvia.
Conhecia cada palavra do hino e, por isso, cantei-o junto com o artista da
mesma forma que havia aprendido anos atrás. Esse hino me fez lembrar de
experiências da minha infância vividas com velhos amigos na idade da
inocência.
Não sei de nada que seja mais nostálgico do que a música. Anunciantes oferecem
coleções especiais de músicas das décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970. Os
psicólogos recomen-
dam música para seus pacientes a fim de acalmá-los das tensões diárias da
vida. Casais apaixonados se lembram da história do seu amor através das
palavras “daquela canção que se tornou especial para eles”.
Algum tempo atrás, um membro de nossa congregação me perguntou: “Pastor, por
que me é tão difícil memorizar versículos da Escritura se sei de cor todos os
hinos e cânticos que cantamos?”
“Não tenho certeza”, respondi. “Mas, por que você não elabora uma melodia
simples para os versículos da Escritura que deseja memorizar para ver o que
acontece?”
Faz já um bom tempo que os publicitários e propagandistas captaram o poder da
música para garantir a permanência de sua mensagem na mente das pessoas. Ainda
me lembro de jinglcs que aprendi a cantar na década de 1950 quando assistia a
programas na televisão preto e branco da minha avó — desde os jingles de Alka
Seltzer até os da Chevrolet.
O Senhor, compreendendo plenamente o poder da música para a memória, deu
instruções a Moisés para que ensinasse um cântico aos filhos de Israel.
Agora, pois, escrevei-vos este cântico e ensinai-o aos filhos de Israel;
ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os
filhos de Israel. Porque os meterei na terra que jurei a seus pais, a qual
mana leite e mel; e comerão, e se fartarão, e se engordarão; então, se tornará
a outros deuses, e os servirão, e me irritarão, e anularão o meu concerto. E
será que, quando os alcançarem muitos males e angústias, então, este cântico
responderá contra eles por testemunha, pois não será esquecido da boca de sua
semente; porquanto conheço a sua imaginação, o que
eles fazem hoje, antes que os meta na terra que tenho jurado. Assim, Moisés
escreveu este cântico naquele dia e o ensinou aos filhos de Israel (Dt 31.19-
22).
O Senhor sabia que o seu povo iria tropeçar e desobedecer. E a melhor forma
para eles se lembrarem de sua Palavra foi através de um cântico. O capítulo 32
de Deuteronômio registra o “Cântico de Moisés”. Foi uma das últimas coisas que
ele fez para Deus. O hino cobriu um tempo que ia de Adão até o tempo presente
em que Moisés recebeu a instrução, avançando para o futuro imediato de Israel.
O hino dizia tudo!
Muitas vezes, depois que termino de pregar, Ron compõe de imediato um novo
cântico que captura a mensagem que preguei. Uma mensagem à qual dei o título
“De A até Z” me tomou quarenta e cinco minutos para pregar. Mas Ron compôs uma
música simples ao ritmo de reggae a fim de acompanhar a mensagem logo que
acabei de pregar. As pessoas não se lembram de cada detalhe ou dos pontos do
meu sermão, mas elas deixaram a igreja cantando aquela canção.
Anos atrás, meu cunhado era proprietário de uma casa de shows de música country
e caipira que era conhecida como Silver Saddle. Logo depois de sua conversão,
ele permitiu-me levar um cantor evangélico para fazer uma apresentação junto
com um grupo de crentes que iriam distribuir folhetos e dar o seu testemunho
aos freqüentadores do saloon. Logo no início do programa boa parte dos
assistentes estavam embriagados e exaltados. Quando o cantor cantou hinos de
louvor a Deus e distribuímos nossos folhetos para a multidão, eles nos
amaldiçoavam e falavam palavras pesadas contra nós.
Alguns se aborreceram e saíram, mas a maioria deles permaneceu. Eventualmente
a multidão ficou mais calma e, de fato, começou a prestar atenção e a ouvir as
músicas que esta-
119
vam sendo cantadas. Logo as pessoas que estavam assentadas no bar começaram a
pedir em voz alta: “Hei! cante-nos o hino ‘Amazing Grace’ ou, que tal cantar
agora o hino ‘Rude Cruz?”’ Uma mulher meio embriagada que ali estava cantou
esses hinos lembrando cada uma das palavras enquanto se podia observar
lágrimas escorrendo por seu rosto. “Há quarenta anos que eu não cantava esses
hinos”, declarou.
Antes do término da apresentação no saloon naquela noite muitas pessoas oraram
conosco. Depois, pediram ao meu cunhado que incluísse uma noite gospel menos
uma vez por semana na programação. Entretanto, ele estava ansioso em viver uma
vida que agradasse a Deus e vendeu aquela casa de espetáculos. Hoje, o lugar
se transformou em uma florescente igreja em Morgan Hill, Califórnia.
Lúcifer na Igreja
Há um provérbio antigo que diz: “Quando Lúcifer foi expulso dos céus, ele
aterrizou no coral da igreja!” Normalmente, quem utiliza essa citação é um
pastor frustrado. Seja qual for a razão de uma rixa ou desunião entre o pastor
e o líder de louvor, abre-se a porta para a manifestação do “espírito de
Lúcifer”.
Na profecia de Ezequiel encontramos uma lamentação sobre o rei de Tiro. Muitos
eruditos acreditam que essa é uma referência direta a Satanás (Lúcifer).
Muitos textos do Antigo Testamento contêm esse tipo de referência dupla.
Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro e dize-lhe: Assim
diz o Senhor Jeová:
Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Estavas no Éden, jardim de
120
DeUvS; toda a pedra preciosa era a tua cobertura: a sardônia, o topázio, o
diamante, a turqueza, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o
ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que
foste criado, foram preparados (Ez 28.12-13).
Lúcifer era único — bonito de aparência e lindamente adornado. Ele era um ser
que conhecia a música e era muito talentoso. Mas era um ser criado.
Ele era perfeito nos seus caminhos. Quem não gostaria de contratá-lo? Ele
podia fazer de tudo! Era capaz de administrar, de organizar, de trabalhar de
forma criativa e era tremendamente capacitado! Tinha excelente aparência.
Muitos pastores, com toda a certeza, fariam de tudo para colocá-lo numa
posição de liderança. Entretanto, a iniqüidade estava implantada em seu
coração. Ele tinha a sua própria agenda.
Em lugar de demonstrar interesse por aquilo que o seu Senhor queria que ele
fizesse, preferia colecionar uma série de “Eu desejo” (veja Is 14.12-14). Essa
é a raiz da maioria dos problemas entre o pastor e o líder de louvor.
Lúcifer se esquecera de que Deus o criara. O problema dele aconteceu em
decorrência da “multiplicação do seu comércio” (Ez 28.16). Lúcifer estava
negociando com os outros anjos de Deus nos céus. Ele se envolveu ativamente em
aliciar os outros anjos a se revoltarem contra Deus. E ele ainda continua a
fazer isso nos dias de hoje.
Será que Lúcifer começou a dar ouvidos aos elogios de certos seres angelicais,
e esses elogios tiveram o efeito de subir à sua cabeça? “O Lúficer, você é tão
bonito e talentoso!”. Sua influência foi tão grande que cerca de um terço dos
anjos fo
121
ram expulsos dos céus juntamente com ele, na primeira divisão da igreja de que
temos notícia. Devem ter pensado que ele era superior a Deus. Na verdade, ele
desejava ser Deus.
A investidura de liderança e autoridade no contexto da igreja permanece sendo
o pastor titular. Todos os outros membros da equipe foram chamados por Deus
para auxiliar no ministério do pastor titular. Isso se aplica, também, aos
líderes de louvor. E necessário que o líder de louvor trabalhe junto com o
pastor o programa de culto na seleção de hinos e cânticos a fim de assegurar
unidade entre os hinos e a mensagem. Esse comportamento cooperativo ajudará na
manutenção de um bom canal de comunicação entre os dois, impedindo, assim, a
manifestação do espírito de Lúcifer.
A Igreja Bennetton
O Jubilee Christian Center é formado por pessoas de diferentes culturas e
grupos étnicos. Com freqüência me perguntam: “Como você trabalha com uma
composição étnica tão diversificada?”
Essa composição mixta não aconteceu por acaso. Carla e eu decidimos ter uma
igreja diversificada culturalmente. Anos atrás tivemos uma visão sobre uma
igreja desse tipo.
Desde pequeno aprendi a apreciar os valores culturais das pessoas. Meus
melhores amigos eram hispânicos, negros, judeus e orientais. Fiquei
“poliaculturado” com facilidade. Talvez seja essa uma das razões para que a
Igreja Jubilee seja como é hoje.
Meu braço direito, Larry Hayashida, é japonês; o pastor Ron, Brian Walker e
Ellis Carter são negros; o presidente dos presbíteros é coreano; minha
secretária é hispânica — bem, você percebe —Jubilee é uma coalisão que se
parece realmente com um arco-íris.
Programamos nossos cultos para atingir não somente as várias culturas
existentes na igreja como também as diversas faixas etárias. Queremos atingir
os “empresários bem-sucedi- dos (os boomers)”, as “patotas” e a todos, desde o
adolescente de catorze anos até as avós de noventa anos de idade.
A Califórnia do Norte, especialmente o Vale do Silício, é um verdadeiro
microcosmo das pessoas e raças existentes no mundo. Desejo alcançar o membro
de gangues, o jovem empresário em ascensão, a segunda e terceira gerações de
latinos, os jovens que lutam por se afirmar na sociedade e os homossexuais que
procuram, desesperadamente, se libertar de sua escravidão.
Sei que precisamos ter poder em nossos cultos, porque essa é a primeira coisa
que essas pessoas irão experimentar. Sem termos a pretensão de ofender as
pessoas de maior idade, de índole mais tradicional, mantemos o som das músicas
em nível elevado e intenso. E, para a maior parte, cantamos “novos cânticos”
para o Senhor.
Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo (SI 33.3).
Seguindo minhas instruções, Ron, ou Brian, iniciam o culto com o coral
cantando um ou dois hinos contemporâneos a fim de que as pessoas se acomodem e
fiquem sintonizadas no Espírito. Depois, cantamos por dez ou mais minutos
corinhos animados, acompanhando o compasso com a batida das mãos, movimentos
do corpo, e uma música alegre mas militante.
Depois desse momento de adoração, os líderes do louvor mudam para músicas mais
lentas e suaves a fim de conduzir as pessoas a uma atitude de humildade e de
oração. Durante essa parte do culto muitas pessoas vêm até o altar e se
prostram ou ajoelham diante do Senhor. Finalmente, passamos ao tempo
123
UXJÍIAAV/JLIL
JDAnJ-i 1 UiU v/o rxv/

da reflexão, com tempo suficiente para manifestar lágrimas de alegria e de


arrependimento.
Algumas vezes incluímos um hino tradicional nessa altura do culto. Quando
concluímos essa parte, temos celebrado a Deus
o único que é “supremo e que é exaltado” — e tornado a nossa adoração em algo
bem pessoal por reconhecer a sua presença em nosso ser interior (ls 57.15).
Assim, nos movemos desde os céus até o nosso próprio coração num período de
cerca de vinte minutos. O último cântico que entoamos faz com que o período de
louvor e adoração retorne ao elevado nível de intensidade que havíamos
atingido momentos antes. Procuramos programar um hino que se ajuste à mensagem
daquela manhã. Quando começo a pregar, é comum estar em pé diante de uma
congregação que se encontra espiritualmente abrasada. Não preciso de me
preocupar com o relógio durante o culto. Se a congregação deseja um tempo
maior de adoração, estou preparado para reduzir o meu sermão de trinta e cinco
minutos para algo em torno de vinte e cinco ou trinta minutos para não tirar
do povo a oportunidade de celebrar a Cristo e à sua ressurreição.
Tem havido domingos em que não consegui pregar por causa do calor do Espírito
que foi tão intenso que eu simplesmente não conseguia parar de louvar e adorar
— e eu também não queria parar. Algum tempo atrás preparei um efeito especial
para a mensagem. Quase não dormi por causa da ansiedade de chegar logo à
igreja. Mas Deus estava mais desejoso de ser adorado do que em ouvir a minha
mensagem. Tivemos um derramamento do Espírito, e cerca de cento e cinqüenta
pessoas fizeram decisão de seguir a Cristo em sua vida naquele domingo de
manhã.
O mover do Espírito de Deus pode acontecer a qualquer momento de um culto — e
na forma que ele achar melhor de
124
se manifestar. O Espírito não está amarrado a tradições ou a esquemas rígidos
de programas. Quando uma congregação toca o coração de Deus por meio do louvor
e adoração, ele responde com o enchimento do coração faminto das pessoas com a
sua presença e poder.
Muitos pastores estão orando por um reavivamento, pedindo um grande mover de
Deus dentro de suas igrejas. Muitos cristãos anelam que Deus se revele a eles
de uma forma nova e diferente. Não tenham medo do fato de que Deus poderá se
manifestar de uma forma que você não possa prever ou escolher. Compareça à
presença dele em união, desejando apenas estar aberto para as manifestações do
seu Espírito. Reconheça a presença dele no meio do contexto da igreja.
Celebre-o.
A música pode pavimentar nossa estrada de acesso ao próprio coração de Deus.
Adore-o com suas músicas e hinos; seja abundante na alegria de uma celebração
íntima do seu amor.
125
15
Adoração — O Cimento de Deus Para o Corpo

Recentemente celebramos nosso VIII Seminário Anual de Louvor e Adoração no


Jubilee Christian Center. Worship International, um dos departamentos da
Hosanna Integrity Recording Company, co-patrocinou esse evento. Cerca de mil
líderes de louvor e pastores vindos de todas as partes da América do Norte
freqüentaram o seminário. A noite de sexta-feira era um culto de louvor e
adoração que estava aberto ã participação de qualquer pessoa que desejasse
participar. Ainda que tivéssemos colocado todas as cadeiras extras que
encontramos, o nosso santuário, que tem a capacidade para duas mil pessoas
assentadas, estava com-
üAAJL1 JtLIVUJS AKJ SJtUNnUtt.

pletamente repleto. As pessoas ficavam no balcão e no estacionamento


procurando fazer parte daquela experiência de adoração.
Ron liderou uma equipe de cantores e músicos que eram as estrelas do mundo
evangélico naquela experiência vespertina de louvor que durou duas horas. Um
grande número de batistas, presbiterianos e representantes de outros grupos
evangélicos de expressão se inscreveram para a nossa conferência, contudo,
naquela noite todos os presentes estavam adorando a Deus com as mãos
levantadas, cantando e dançando no Espírito. Ninguém se sentiu ofendido ou
confuso em razão dessa liberdade litúrgica.
Muitas pessoas dos campos os mais conservadores possíveis pareciam estar muito
à vontade juntamente conosco. Ao final daquele culto, Ron pediu às pessoas que
precisavam de alguma ministração para virem à frente. Pessoas de todos os
tipos vieram à frente. Outros cristãos oravam, impunham as mãos sobre eles e
profetizavam palavras de encorajamento. Embora possa dizer que essa era a
primeira experiência do tipo para muitas daquelas pessoas, elas a adoraram. As
pessoas estavam famintas por receber um toque direto da parte do Pai.
O louvor parece ser um tipo de cimento ou cola que Deus está utilizando para
manter-nos unidos como um corpo. Muito embora as palavras de muitos hinos de
louvor contenham fortes conteúdos teológicos sobre a fé, cura, guerra
espiritual e prosperidade, cantar as palavras parece ser algo mais palatável
do que ouvir essas doutrinas pregadas em um sermão.
Um dos maiores desafios que os líderes de louvor têm de enfrentar é a forma
como irão introduzir esse tipo de experiência cúltica nas suas próprias
igrejas.
O Pastor Conduz as Ovelhas
Uma vez a esposa de um pastor perguntou: “Dick, como foi que você convenceu os
presbíteros de sua igreja a contratar Ron, um homem negro, cujo estilo e cuja
experiência prévia eram tão diferentes de você e de sua igreja?”
“Irmã”, respondi, “Deus é um Deus da teocracia; não da democracia. Ele sempre
trabalha diretamente com um homem ou com uma mulher, não com uma comissão ou
grupo”.
Continuei compartilhando minha filosofia de liderança com os participantes do
seminário. Sou um líder que lidera
não um líder sem opinião própria. Fui chamado por Deus para conduzir a minha
congregação. O restante da equipe de liderança foi chamado para seguir a visão
que me foi dada por Deus, a qual foi falada e manifestada por meu intermédio
aos líderes de nossa igreja.
Essa é a forma pela qual a liderança é exercida na Palavra de Deus. Deus falou
ao líder — fosse ele Adão ou Noé, Abraão ou Moisés, Davi ou mesmo Jesus.
Então, eles lideraram outros colaboradores a participarem e ajudarem na
implementação da visão.
Há apenas uma visão na Igreja jubilee e ela é a visão de Deus. Meus melhores
conselheiros são os membros de minha equipe pastoral. Tomo decisões baseado 110
conselho deles. Não peço votos de aprovação dos presbíteros ou da congregação.
Minha equipe pastoral sabe mais a respeito de nossa igreja e do nosso povo do
que um homem de negócios que visita a igreja aos domingos e deseja votar sobre
todos os assuntos na reunião da diretoria da igreja na segunda-feira à noite.
E trabalho do pastor liderar as ovelhas — não das ovelhas liderar o pastor.
129
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Moisés experimentou alguma dificuldade com o primeiro dos princípios da


adoração.
E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita, que tomara;
porquanto tinha tomado a mulher cuxita. E disseram: Porventura, falou o Senhor
somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu. E era o
varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E
logo o Senhor disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da
congregação. E saíram eles três. Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e
se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã, e eles saíram ambos.
E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o
Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou cm sonhos falarei com ele. Não é
assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca
falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do
Senhor. Por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra
Moisés? Assim, a ira do Senhor contra eles se acendeu; e foi-se (Nm 12.1-9).
Nesse exemplo Deus interveio em favor de Moisés. Miriã tornou-se leprosa como
resultado de sua deslealdade para com Moisés, seu líder. Foi somente quando
Arão se arrependeu e quando Moisés orou pela cura de Miriã que Deus restaurou-
lhe a saúde. Como uma lembrança da deslealdade dela para com Moisés, ela foi
lançada fora do arraial para estar junto com os leprosos por um período de
sete dias (v. 14).
130
Os presbíteros e diáconos de uma igreja devem compreender suas
responsabilidades de acordo com a Palavra de Deus. O pastor titular é o pastor
e deve atuar com uma liderança forte e ter uma clara visão de Deus para a sua
igreja. A unção de Deus está sobre ele — ele tem a investidura da liderança.
Mas tu exaltarás o meu poder, como o do unicórnio:
serei ungido com óleo fresco (SI 92.10).
Na versão do rei Tiago (King James version), como na de Almeida, foi utilizada
a palavra unicórnio. O salmista pode estar se referindo a um tipo de boi
selvagem, com um chifre na testa, de enorme tamanho e poder que ninguém podia
controlar ou domar. A palavra hebraica para boi selvagem ou unicórnio é reem
que, por sua vez, é derivada da palavra raam, cujo significado é “levantar” ou
“ser levantado”.
O Salmo 92 é chamado de um “salmo ou cântico para o dia de sábado”. O escritor
está nos dizendo que foi ungido com óleo fresco e, por causa disso, seu chifre
(símbolo de poder e força) é exaltado como a força de um boi selvagem.
O boi selvagem foi criado por Deus para viver de acordo como ele o criou. Seu
poder e força eram admirados por todos. Nossas igrejas necessitam de uma nova
unção do poder de Deus e da sua presença. Os pastores necessitam de se
libertar do medo das pessoas e da opinião pública. Líderes fortes constroem
igrejas fortes, e esquemas de poder na igreja são derrotados. A
responsabilidade dos líderes e diáconos de uma igreja — e da congregação — é
dar apoio e assistência ao pastor para que a visão que ele recebeu de Deus
seja realizada em toda a sua plenitude.
131
A Participação do Pastor na Adoração
Um domingo após o almoço, depois da celebração de um grande culto, Ron e eu,
juntamente com outras pessoas, estávamos assentados ao redor de uma mesa
grande discutindo o que havia acontecido naquela manhã. Enquanto
conversávamos, Ron interrompeu a conversa e disse: “Pastor, com toda a
certeza, o meu trabalho fica muito mais fácil pela forma como o irmão adora.
Quando o povo vê o irmão adorando, fica muito mais fácil para mim liderá-los a
que também adorem”.
Sua afirmação me pegou desprevenido, de forma que solicitei-lhe que explicasse
o que ele queria dizer com aquela afirmação. “A congregação observa tudo o que
o irmão e sua esposa, Carla, fazem na plataforma”, Ron continuou.
“Especialmente a forma pela qual vocês adoram”.
Isso é especialmente verdadeiro no que diz respeito aos homens. As mulheres
parecem entrar no clima de adoração com maior facilidade e rapidez do que os
homens. As emoções das mulheres conectam com mais facilidade com o mover do
Espírito. Os homens processam e arrazoam sobre todos os comos e os porquês da
maior parte dos problemas. Somos mais propensos a desenvolver uma atitude do
tipo “espera e verás”. Nosso orgulho, nosso ego e carreira impedem que sejamos
mais expontâneos na expressão de nossas experiências de fé.
Carla se sente plenamente à vontade para levantar as mãos, chorar, aplaudir,
falar e dançar sem hesitação. No passado, houve tempo quando eu ficava um
pouco constrangido com a liberdade dela e cheguei a pensar: “Não existe
nenhuma possibilidade de que este pastor venha a se comportar dessa forma”. Eu
tinha um metro e oitenta e sete centímetros de altura
e pesava cerca de 97 quilos. Fora um construtor, serralheiro e instrutor de
caratê. Não sou o tipo de homem que dança diante do Senhor — nem de forma
privada ou secreta e, muito menos ainda, na frente de muita gente. Precisei
aprender a adorar a Deus de forma livre e aberta.
Um domingo pela manhã, alguns anos atrás, algo aconteceu que eliminou meu
orgulho e minha insegurança. Percebi- me agindo de forma infantil e insana,
mas não dei a mínima para aquilo que iriam pensar de mim. Para minha surpresa,
muitos dos homens de minha congregação se uniram a mim, para o deleite de suas
esposas que intercediam por eles.
Ron me ajudou a compreender que, não importa o quão duro ele trabalhe para
conduzir o povo a uma liberdade de adoração em jesus, caso eu me mantenha frio
e indiferente, minha atitude exerce uma força determinante na congregação. Se
eu sou o líder espiritual da igreja e não estou participando alegremente da
adoração, por que o povo o iria fazer? Se desejo que Ron me ajude a preparar o
povo para receber a ministração da Palavra de Deus através do meu dom de
ensino, o mínimo que posso fazer é ajudá-lo a ministrar ao Senhor através do
dom da música. Uma igreja forte no louvor e adoração deve ter um pastor que
participe ativamente de sua adoração.
Liberte-se do Jugo
Recentemente, falei a uma igreja em Dallas, Texas. O pastor compartilhou
comigo uma história sobre antigos guias de camelos. Os camelos foram e, ainda
são, uma fonte primária de transporte na região do Oriente Médio. Os guias de
camelos têm uma palavra de ordem: “Galai!” Ao ouvir essa ordem, os camelos se
ajoelham ou deitam-se de lado para que
133
os seus donos os libertem dos fardos que transportam. Obviamente, os camelos
ficam contentes por se livrarem do fardo sobre suas costas. Quantos de nós
estamos carregando fardos que precisamos entregar aos cuidados do Senhor?
Pedro falou sobre uma forma de nos libertarmos de nossos fardos em 1 Pedro
5.6, 7:
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos
exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de
vós.
No livro de Mateus, Jesus falou das obras religiosas como fardos
desnecessários que os seres humanos são forçados a levar.
Então, falou Jesus à multidão e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de
Moisés, estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai
tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras,
porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar,
e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-
los (Mt 23.1-4).
Os líderes da Igreja primitiva reconheceram a importância de se evitar os
fardos pesados e cuidados que possam impedir o crescimento espiritual. Eles
aconselharam os convertidos de origem gentílica em Antioquia, Síria e Cilicia:
Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias (At 15.28).
A adoração pode ser o veículo pelo qual lançamos nossos pesados fardos aos pés
de Cristo. As pessoas entram em nosso santuário confusas e desencorajadas.
Apanham do mundo, estão deprimidas, perturbadas e indecisas. Porém, quando
começam a entrar em sua presença e levantam suas mãos pesadas em direção aos
céus, os fardos da semana são calmamente tirados de seus ombros cansados.
O nosso Mestre, desde os céus, está dando a ordem “galai” para nós, aqui na
terra.
Ajoelhem-se, deitem-se de lado, deixem-me desatar esse
grande fardo e libertá-los dos cuidados deste mundo.
Quando obedecemos a essa ordem, descobrimos que essa é a forma mais rápida de
entrarmos em uma atitude adequada de louvor e adoração para com o Pai
celestial.
135
16
A Natureza Profética da Adoração

Vi orno pastor e professor, orgulho-me da disciplina que tenho na preparação


das minhas tarefas. Minha função mais importante é trazer uma palavra de
aplicação nova e impactante toda vez que assumo o púlpito para pregar. As
notas e esboços que preparei ficam diante de mim, e meu propósito é ater- me a
elas enquanto falo. Mas tenho uma personalidade expontânea. Os cultos mais
memoráveis de nossa igreja foram aqueles em que me senti movido pelo Espírito
e falei de acordo com a sua orientação, ignorando por completo minhas
anotações.
Algumas vezes senti a necessidade de ouvir as fitas de áudio com as mensagens
gravadas a fim de tomar consciên-
cia do que falei durante uma unção ou declaração profética que não estavam nas
minhas notas. Através do Espírito posso ter falado de mandatos e decretos,
desafiado os poderes das trevas, falado aos anjos e, até mesmo, lembrado a
Deus de suas promessas. A unção é uma coisa extraordinária, e, enquanto ela
permanece com você, você sente o influxo do Espírito Santo movendo-se com
poder no seu interior.
Um jovem profeta que é meu estimado amigo, Kim Clcment, vem, com freqüência, à
Igreja Jubilee. Kim sempre traz com ele seu próprio líder de louvor. No início
senti-me ofendido com sua atitude. Pensava que era como levar um sanduíche a
um banquete. Esta é a Igreja Jubilee! O lar de Ron Kenoly e do grupo Pure Joy.
A Jerusalém do louvor e da adoração.
Mudei rapidamente meu modo de pensar na primeira noite que Kim ministrou em
nossa igreja. Israel, seu líder de louvor, ministrou cantando e tocando o
teclado, acompanhando, simultaneamente, a ministração do jovem profeta. Israel
irrompia num cântico espontâneo bem no meio de uma ênfase que Kim estava dando
em sua pregação. Nós nos uníamos a ele como igreja no louvor e cantávamos uma
unção profética em favor de nossa cidade. Isso aconteceu várias vezes durante
o culto. Era algo que fluía espontânea e livremente e, por isso mesmo, se
constituía em algo bem estimulante.
Kim compartilhou conosco a diferença entre a adoração normal de uma igreja e a
proclamação espontânea. Basicamente um culto normal é bem orquestrado e
previsível. Em sua maior parte as pessoas sabem o que irá acontecer.
Interrupções são proibidas.
Durante um período de adoração espontânea pode haver um tempo para se ouvir
uma palavra do Senhor, um apelo para que as pessoas que enfrentam problemas
venham à fren
138
te a fim de receber a ministração da igreja ou um período de espera pela
manifestação da renovação do Senhor. Tanto Ron como Brian estão abertos para
com esse novo fluxo de adoração espontânea. Creio que muitos ministros de
louvor desejam experimentar essa liberdade nos cultos em que atuam. Ela eleva
a congregação além das experiências de louvor e adoração já “esquematizadas”.
Tal tipo de adoração é muito previsível.
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele fez maravilhas; a sua destra e o
seu braço santo lhe alcançaram a vitória. O Senhor fez notória a sua salvação;
manifestou a sua justiça perante os olhos das nações. Lembrou-se da sua
benignidade e da sua verdade para com a casa de Israel; todas as extremidades
da terra viram a salvação do nosso Deus. Celebrai com júbilo ao Senhor, todos
os moradores da terra; dai brados de alegria, regozijai-vos e cantai louvores
(SI 98.1-4).
De Que Forma a Adoração nos Prepara Para a Hora Profética
Ron e eu concordamos que a maioria dos cultos das igrejas são, de alguma forma
e por natureza, comprimidos dentro de um horário mais ou menos rígido. Isso
não é de todo ruim. As pessoas necessitam ter algum tipo de esquema de
referência quanto à duração do culto. De fato, a pergunta número um que um
visitante sempre faz é: “Qual é a duração do culto?”
A fim de parar com essa história de limitar um mover do Espírito, oferecemos
um culto que é celebrado nas sextas-
139
feiras à noite. Chamo esses cultos de “Praticando a Presença de Deus”.
Quando fazíamos parte do estilo de vida do mundo, não nos preocupávamos com o
tempo quando íamos a uma festa. Nossas atividades eram espontâneas, livres e
estimulantes. Nossa adoração a Deus deveria prover esse tipo de
espontaneidade, liberdade de expressão e estímulo.
Nossos cultos de sexta-feira à noite são casuais e bem relaxantes. Vamos
prontos para receber uma visitação de Deus. Raramente preparo um sermão,
preferindo permanecer aberto para uma palavra rhema “vinda diretamente” dos
céus. Posso ler um salmo, citar uma passagem da Escritura ou dar um
testemunho, mas a ênfase da noite é colocada na adoração e no esperar em Deus.
Este tipo de culto pode tornar- se inebriante do ponto de vista espiritual.
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do
Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais;
cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por
tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Deus (Ef 5.18-21).
Meu dom de profecia se agita sob esse estilo livre de ministração em nome do
Senhor. Usualmente o Senhor me aponta pessoas que precisam de uma “palavra
apropriada para a ocasião”. Por natureza, sou um profeta relutante. Visto essa
capa mas não me sinto confortável com ela. Entretanto, quando sinto a unção,
falo com clareza e ousadia. Creio que os céus se abrem quando oferecemos um
louvor irrestrito ao nosso Pai celestial.
É muito importante que o líder de louvor e instrumentistas se movam sob o
mesmo influxo ou, então, pode acontecer que se impeça o mover do Espírito. Ron
sabe como me acompanhar quando surgem mudanças no decorrer do culto. Nosso
relacionamento é tão íntimo, especialmente no espírito, que trabalhamos juntos
como se fôssemos mão e luva.
Ora, pois, trazei-me um tangedor. E sucedeu que,
tangendo o tangedor, veio sobre ele a mão do Senhor (2 Rs 3.15).
Kim Clement reuniu um grupo de músicos que fizeram uma aliança de viajar com
ele a fim de fortalecer o seu ministério profético. Ron e eu aprendemos um
bocado ao observarmos o modo de Kim agir. Uma noite, em nossa igreja, ele
conseguiu manter o fervor em um nível bem elevado por mais de uma hora. Mais
tarde, ao jantarmos juntos naquela noite, perguntei-lhe por que ele fizera
aquilo.
Ele respondeu: “Houve grande resistência territorial nos céus nesta noite por
causa da palavra que deveria entregar a você e a esta igreja. Não podia
ministrar essa palavra senão quando irrompemos nos céus através do louvor.
Quando senti que as trevas haviam sumido, senti-me livre para entregar a
palavra profética”.
O discernimento é vital para compreendermos o mover de Deus. Sem ele
poderíamos interpretar de forma errônea o que Deus está procurando falar para
o seu povo. De fato, seria possível não percebermos de forma alguma o mover de
Deus.
Deus, com freqüência, se move de forma inusitada. No capítulo 16 de Atos,
vemos Paulo e Silas presos em uma cela
141
fria e escura. Contudo, as circunstâncias não impediram que eles louvassem e
adorassem a Deus. Por meio de seu louvor e adoração eles quebraram a
resistência territorial que estava sobre aquela prisão. Enquanto cantavam e
louvavam a Deus, o Senhor se moveu de uma forma inesperada e extraordinária
através de um grande terremoto. Ninguém, com exceção de Paulo e Silas,
reconheceu naquele momento a razão de ser daquele terremoto.
Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros
presos os escutavam. E, de repente, sobreveio um tão grande terremoto, que os
alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram
soltas as prisões de todos. Acordando o carcereiro e vendo abertas as portas
da prisão, tirou a espada e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham
fugido. Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que
todos aqui estamos (At 16.25-28).
Por causa daquele mover sobrenatural da parte de Deus, o carcereiro e toda a
sua família foram salvos.
Quando entramos na liberdade do louvor e da adoração, as nuvens escuras de
resistência, que Satanás utiliza para cegar os nossos olhos a fim de que não
vejamos o mover de Deus, são removidas. Seremos capazes de discernir o que
Deus está fazendo e como podemos tomar parte no seu mover entre nós. Sua
presença encherá plenamente nossa vida com a sua palavra rhema, da mesma forma
que a sua presença encheu o templo de Salomão quando os israelitas louvaram e
adoraram a Deus.
142
E quando eles uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir
uma só voz, bendizendo c louvando ao Senhor, e quando levantavam eles a voz
com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao
Senhor, porque era bom, porque a sua benignidade durava para sempre, então, a
casa se encheu de uma nuvem, a saber, a Casa do Senhor (2 Cr 5.13).
Então, disse Salomão: O Senhor tem dito que habitaria nas trevas (2 Cr 6.1).
Uma sexta-feira à noite, em 1984, tive um encontro bem pessoal com Deus. Carla
e eu estivéramos lutando a nível pessoal e corporativo com questões
financeiras. De fato, tínhamos vendido nossa casa e dado o dinheiro à igreja a
fim de que ela pudesse saldar seus compromissos. Senti-me culpado por mudar a
minha família para uma casa alugada de tamanho menor do que aquela em que
morávamos, mas todos concordaram que era por uma boa causa.
Tinha preparado, com todo o esmero, uma mensagem que, pensava, a nossa igreja
precisava ouvir. A mensagem falava de alguns desafios daqueles dias,
especialmente em nossa comunhão. Tudo transcorreu normalmente enquanto
cantávamos cânticos bem conhecidos e desfrutávamos da presença de Deus. Então,
de repente, o Dr. Gene Flood, um professor da Universidade de Stanford,
começou a mudar o culto a partir do teclado de seu órgão Hammond B-3.
Enquanto ele tocava, as pessoas começaram a encher os corredores e a dançar
diante do Senhor. Algumas daquelas pessoas nunca haviam dançado antes e, por
essa razão, fiquei estupefato com o que estava observando. Era como se uma
143
gigantesca dose de alegria tivesse sido derramada sobre todos os presentes.
Senti-me fraco, minhas pernas dobraram sob o peso do meu corpo e eu caí por
terra. Tentei manter a minha compostura, mas quanto mais eu lutava tanto mais
me sentia embriagado do Espírito de Deus. Lembrei-me como era quando alguém se
sentia embriagado em termos mundanos.
O culto continuou nessa forma por mais de duas horas. Eventualmente, os
introdutores me carregaram até o meu carro. Assegurei-lhes de que estava em
condições de dirigir. Era cerca de dez horas da noite quando me dirigi para
casa. Havia viajado apenas três quilômetros quando um policial me fez parar.
Explodi em gargalhadas.
Dois oficiais de porte grande me abordaram, um de cada lado do carro. Um dos
oficiais tinha uma de suas mãos no coldre, pronto para sacar sua arma caso eu
me tornasse perigoso.
“O senhor está se sentindo bem?” perguntou-me o oficial que estava ao meu lado
enquanto me iluminava o rosto com a luz de uma lanterna.
Tentei explicar-lhe o que havia acontecido mas podia sentir que ele suspeitava
de mim. Finalmente, declarei: “Sou o pastor de uma igreja localizada perto
daqui. Tivemos um culto extraordinário e estou embriagado com o Espírito
Santo”.
Observaram-me cuidadosamente sem piscar um olho sequer. Ao olharem ao redor do
meu carro, viram minha Bíblia, fitas com mensagens gravadas, fitas didáticas e
outro material próprio da igreja.
LIm dos oficiais perguntou-me: “Bem, pastor, o senhor pensa que tem condições
de permanecer dirigindo na estrada? Nós o paramos porque o senhor estava
andando em ziguezague”.
“Estou bem, rapazes. Realmente, estou me sentindo muito bem. Obrigado!”
respondi. Eu estava bem. Deus me havia ministrado de uma forma estranha,
diferente e poderosa naquela noite.
Deus anseia revelar-se ao seu povo de modo único e poderoso. A medida que
aprendemos a louvá-lo com todo o nosso ser, ele virá e habitará no meio de
nosso louvor. Quando Deus nos encontrar no meio do louvor, faremos eco às
palavras de Davi:
O meu louvor será para ti constantemente. [...] Mas eu esperarei continuamente
e te louvarei cada vez mais (SI 71.6, 14).
Deus habita no meio dos louvores do seu povo.
Sua presença é inebriante.
Sua presença é liberadora.
Sua presença nos dá energia e poder.
145
Epílogo

JR^on Kenoly e Dick Bernal nos ajudaram a compreender o poder do louvor. Eles
nos mostraram que, ao expressarmos o nosso ser interior através da música em
nosso louvor, podemos ser transportados ao próprio coração de Deus. Esse é o
lugar em que devemos estar. AH encontramos a força para deixar para trás os
problemas da vida que nos impedem de nos tornarmos um na experiência da
adoração. Ali derrotamos o inimigo, desarmando os poderes das trevas e vivendo
vidas cristãs vitoriosas. Ali recebemos uma nova unção que enchcrá a nossa
vida da mesma forma que a nuvem da presença de Deus encheu o santuário do
Templo. Ali nos tornamos no templo que Deus deseja que sejamos.
Quando Jacó despertou do sono, no lugar em que se encontrou com a presença
extraordinária de Deus, exclamou: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu
não o sabia”
(Gn 28.16). Aquele lugar comum e ordinário à beira da estrada foi transformado
em um lugar sagrado.
O santuário, o templo, tornou-se um lugar sagrado por causa da presença de
Deus. Isso pode acontecer conosco. Mantenhamo-nos firmes no louvor de
exaltação a Deus. Permitamos que ele nos eleve até a sua presença a fim de que
sejamos transformados de pessoas comuns em um povo santo para ele.

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