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Colégio Estadual professor Isaías

Aleixo

Julia Dos Santos Barreto

IRAJUBA-BA
2023

A Termodinâmica estuda a troca de matéria e a troca de


energia pelo trabalho e pelo calor entre sistemas ou
entre um sistema e sua vizinhança. Trabalha com os
estados de equilíbrio e com as propriedades
macroscópicas que caracterizam os sistemas.
A Termodinâmica, como teoria Física, é estruturada por
quatro leis: lei zero, associada ao conceito de
temperatura, primeira lei, associada ao conceito de
energia, segunda lei, associada ao conceito de entropia,
e terceira lei, também chamada de postulado de Nernst,
associada ao limite constante da entropia quando a
temperatura Kelvin se apoxima de zero. Não
abordaremos aqui esta última lei.

• Aqui é importante frizar que utilizaremos os termos


calor e trabalho para indicar processos:
• Calor é o processo de transferência de energia causado
por uma diferença de temperatura.
Trabalho é o processo mecânico de transferência de
energia.

Lei Zero

Tomamos dois sistemas diferentes e colocamos um em


contato com o outro através de uma parede imóvel,
impermeável à passagem de matéria, mas que permita a
passagem de energia por calor. A partir do momento em
que as propriedades dos sistemas deixam de variar, eles
terão alcançado o equilíbrio térmico.

A lei zero da Termodinâmica estabelece o seguinte: dois


sistemas em equilíbrio térmico com um terceiro estão
em equilíbrio térmico ente si.

Esta lei justifica o conceito de temperatura como sendo


a propriedade que, sendo igual para dois sistemas,
indica que estão em equilíbrio térmico.

Em termos práticos, para saber se dois sistemas têm a


mesma temperatura não é necessário colocá-los em
contato térmico entre si, bastando verificar se ambos
estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo,
chamado termômetro.

Dito de outra forma, consideremos que quando o


sistema A está em equilíbrio térmico com o termômetro,
ele indica a temperatura TA e quando o sistema B está
em equilíbrio térmico com o mesmo termômetro, ele
indica a temperatura TB. Então, se TA = TB, os sistemas
A e B estão em equilíbrio térmico um com o outro.

Primeira Lei

A energia interna U de um sistema é a soma das


energias cinéticas e das energias potenciais de todas as
partículas que formam esse sistema e, como tal, é uma
propriedade do sistema. Isto significa que qualquer
variação ΔU na energia interna só depende do estado
inicial e do estado final do sistema no processo
considerado.

A primeira lei da Termodinâmica estabelece o seguinte:


se um sistema troca energia com a vizinhança por calor e
por trabalho, então a variação da sua energia interna é
dada por:

ΔU = Q – W
Esta lei representa a aplicação do princípio de
conservação da energia a sistemas termodinâmicos. W
representa a quantidade de energia transferida do
sistema para a vizinhança por trabalho e Q representa a
quantidade de energia transferida da vizinhança para o
sistema por calor. Por isso:

W > 0: o sistema se expande e perde energia para a


vizinhança.
W < 0: o sistema se contrai e recebe energia da
vizinhança.
Q > 0: a energia por calor passa da vizinhança para o
sistema.
Q < 0: a energia por calor passa do sistema para a
vizinhança.
Embora ΔU só dependa do estado inicial e do estado
final do sistema, porque representa a variação da sua

energia interna, as quantidades de energia W e Q


dependem, também, do processo que leva o sistema do
estado inicial ao estado final. Para discutir essa
propriedade importante da energia interna vamos
considerar uma amostra de gás que é levada do estado 1
para o estado 2 por três processos diferentes.

A quantidade de energia associada ao trabalho realizado


pelo sistema sobre a vizinhança no processo 1-A-2 é
dada pela área sob a isóbara 1-A, no processo 1-B-2 é
dada pela área sob a isóbara B-2 e no processo 1-2 é
dada pela área sob a curva correspondente. Por isso, a
quantidade de energia associada ao trabalho depende
do processo.

Por outro lado, se uma certa quantidade de energia


entra no sistema por calor e a pressão do sistema
permanece constante, uma parte da energia fica no
sistema como energia interna, aumentando a sua
temperatura, e a outra parte volta à vizinhança, pelo
trabalho de expansão do sistema. Entretanto, se essa
quantidade de energia associada ao calor entra no
sistema e o volume do sistema permanece constante,
não existe trabalho do sistema sobre a vizinhança e toda
a energia fica no sistema como energia interna,
causando um aumento maior na sua temperatura. Por
isso, a quantidade de energia associada ao calor
depende do processo.

A primeira lei afirma que, apesar da quantidade de


energia W trocada por trabalho e da quantidade de
energia Q trocada por calor entre o sistema e a
vizinhança dependerem, cada uma delas, do processo
pelo qual o sistema passa de um estado para outro, a
diferença Q – W não depende.
Segunda Lei
A primeira lei da Termodinâmica representa a aplicação
do princípio de conservação da energia a sistemas que
podem trocar energia com a vizinhança por calor. Esta
lei, assim como o princípio de conservação da energia,
não contém restrições quanto à direção do fluxo de
energia entre dois sistemas. Por exemplo, estão de
acordo com essa lei tanto a passagem de energia, por
calor, de um corpo de temperatura maior a outro de
temperatura menor, quanto a passagem de energia, por
calor, de um corpo de temperatura menor a outro de
temperatura maior. No entanto, na Natureza,
observamos que é possível a passagem espontânea de
energia por calor apenas de um corpo de temperatura
maior a outro de temperatura menor. A segunda lei da
Termodinâmica dá conta desta falta de simetria.

Vamos discutir, a seguir, dois enunciados equivalentes


para a segunda lei da Termodinâmica. Estes enunciados
são muito úteis nas discussões que envolvem máquinas
térmicas e refrigeradores.

Enunciado de Kelvin: nenhum sistema pode realizar


qualquer processo cíclico cujo único efeito seja retirar,
por calor, certa quantidade de energia de um único
reservatório térmico e ceder, por trabalho, uma
quantidade igual de energia para a vizinhança.
Aqui é muito importante observar que esse enunciado
se refere a um processo cíclico. Podemos perfeitamente
imaginar um processo não cíclico através do qual certa
quantidade de energia é retirada, por calor, de um único
reservatório térmico e uma quantidade igual de energia
é devolvida, por trabalho, à vizinhança.

Como exemplo, podemos considerar uma amostra de


gás ideal que se expande isotermicamente (isto é, a
temperatura constante) em contato com um
reservatório térmico. A amostra recebe energia, por
calor, do reservatório térmico e, simultaneamente, cede
energia, por trabalho, para a vizinhança. Nesse processo,
ΔU = 0 e pela primeira lei, Q = W, isto é, a quantidade de
energia recebida pelo gás por calor é igual à quantidade
de energia cedida por trabalho.

Enunciado de Clausius: nenhum sistema pode realizar


qualquer processo cíclico cujo único efeito seja retirar,
por calor, certa quantidade de energia de um
reservatório térmico com temperatura baixa e ceder,
também por calor, igual quantidade de energia a um
reservatório térmico com temperatura alta.
Aqui, novamente, é muito importante observar que esse
enunciado se refere também a um processo cíclico. Se o
sistema não volta ao estado inicial, a transferência de
energia, por calor, do reservatório térmico com
temperatura baixa para o reservatório térmico com
temperatura alta é perfeitamente possível.

Como exemplo, podemos considerar uma amostra de


gás ideal que é expandida isotermicamente em contato
com um reservatório térmico de temperatura baixa T1
(processo A-B), depois comprimida adiabaticamente
(isto é, sem trocar energia por calor com a vizinhança),
de modo que sua temperatura aumente de T1 para T2
(processo B-C) e, finalmente, comprimida
isotermicamente em contato com um reservatório
térmico de temperatura alta T2 (processo C-D).

No processo A-B, o gás recebe do reservatório térmico


de temperatura baixa certa quantidade de energia por
calor e cede energia por trabalho. No processo B-C, o gás
recebe energia por trabalho. No processo C-D, o gás
cede certa quantidade de energia por calor ao
reservatório térmico de temperatura alta e recebe
energia por trabalho. De qualquer modo, podemos
ajustar o processo global de modo que a quantidade de
energia associada ao trabalho seja nula e, mesmo assim,
uma certa quantidade de energia diferente de zero é
transferida por calor do reservatório térmico de
temperatura baixa para o reservatório térmico de
temperatura alta.

Há um terceiro enunciado para a segunda lei da


Termodinâmica baseado no conceito de entropia.

Enunciado pela Entropia: a entropia de um sistema


isolado não se altera se ele realiza um processo
reversível e aumenta se ele realiza um processo
irreversível.

Um sistema isolado não troca energia e não troca


matéria com a vizinhança.

De modo geral, os processos naturais são espontâneos


e, portanto, não são quase-estáticos. Isto significa que
eles são irreversíveis e ocorrem, sempre, com aumento
de entropia. Assim, a entropia do universo aumenta
sempre.

O aumento da entropia em processos irreversíveis é


muito importante para dar sentido ao próprio conceito
de entropia.

A energia e a entropia de um sistema isolado não variam


se o sistema evolui reversivelmente. Por definição, os
estados do sistema, associados a qualquer processo
reversível, são estados de equilíbrio termodinâmico.
Além disso, leva um certo intervalo de tempo para que o
sistema, uma vez perturbado, atinja um novo estado de
equilíbrio termodinâmico. Desta forma, um processo só
pode ser completamente reversível caso se desenvolva
muito lentamente. Os processos naturais não são
reversíveis justamente por isso.

Por outro lado, a energia se conserva e a entropia


sempre aumenta nos processos irreversíveis que
ocorrem num sistema isolado. A propriedade de
conservação da energia, sendo inerente a um sistema
isolado, quaisquer que sejam os processos, reversíveis
ou não, pelos quais ele passa, mostra que a energia não
pode indicar o sentido da evolução de tais processos.
Contudo, o aumento da entropia nos processos
irreversíveis, aumento esse também inerente a um
sistema isolado, mostra que a entropia pode indicar,
sim, o sentido da evolução de tais processos: o estado
inicial pode ser diferenciado do estado final porque este
último tem, necessariamente, maior entropia.

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