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RESUMO: O instituto Lauro Sodré, exemplo de instrução pública, foi uma renomada
instituição que forneceu educação profissionalizante para meninos pobres, órfãos e desvalidos,
oferecendo ensino primário, cursos técnicos e ofícios, qualificando-os em diversas áreas. O
objetivo deste trabalho é reforçar como o instituto contribuiu para desenvolvimento da
formação educacional dos alunos, preparando-os para a inserção profissional no mercado de
trabalho. Através da análise documental de periódicos da biblioteca nacional (hemeroteca
digital) entre os anos de 1900 a 1920, compreende-se o papel fundamental do Instituto Lauro
Sodré no processo de formação profissional dos educandos, visto que, o instituto utilizou-se de
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Discente do curso licenciatura plena em História na Universidade do Estado do Pará,
Campus CCSE-Belém.
² Discente do curso licenciatura plena em História na Universidade do Estado do Pará,
Campus CCSE-Belém.
estratégias pedagógicas e recursos didáticos para promover essa formação. Portanto, como
resultados destacam-se a importância da educação profissional na vida dos alunos e conclui-se
que a formação profissional no Instituto Lauro Sodré, não apenas cooperou para uma inserção
profissional bem-sucedida, mas capacitou os educandos a enfrentar os desafios do mercado de
trabalho.
INTRODUÇÃO
O Instituto Lauro Sodré desde a sua criação completa no ano de 2023, cento e cinquenta
e um anos. Ao longo de sua existência, consolidou-se como referência em instrução pública,
fornecendo educação profissionalizante para meninos pobres, órfãos e desvalidos. Sua atuação
abrangeu desde o ensino primário, cursos técnicos e ofícios, qualificando os alunos em diversas
áreas.
Esse modelo de educação vai perdurar até o século XX, entretanto com o a Proclamação
da República e a imersão das ideias positivistas na sociedade que buscava civilizar a nação em
moldes políticos-ideais europeu, Muitas instituições educacionais iram surgir com base nesses
ideais.
A escola profissional de artes e ofícios Lauro Sodré tem sua origem datada no ano de
1894, quando durante o governo de Lauro Sodré foram iniciadas reformas no prédio Instituto
Paraense de Educandos Artífices, o qual originalmente funcionava em uma chácara na estrada
de Nazareth (atualmente avenida Nazaré), necessitava de instalações mais apropriadas para a
prática pedagógica, passando a funcionar na avenida Tito franco (atualmente avenida Almirante
Barroso) em 1899 durante o governo de Paes de Carvalho, este homenageou seu antecessor
mudando o antigo nome do instituto para Lauro Sodré. (LOBATO, 2014)
Sendo difundido pela elite os ideais europeus, o objetivo era modernizar e civilizar o
país para acompanhar o crescente capitalismo industrial, desse modo, o regime republicano no
final do século XIX buscou transformar o pensamento da sociedade de acordo com os ideais
republicanos (FRANÇA, 2004), portanto, a construção das instituições de instrução pública
destinadas ao ensino profissionalizante, primário e técnico foram prioridade e essenciais na
consolidação do novo regime.
O edifício com sua extraordinária arquitetura, que possuía grandes janelas, escadaria em
pedra de mármore, dormitórios, salas de estudos e refeitórios, era destinado a atender, acolher
e instruir especificamente meninos em condições de pobreza e orfandade, fornecendo educação
profissional, teórica e prática para os menores. O Instituto oferecia ensino primário com
conteúdos de aritmética, álgebra, história geral, geografia geral, português, física, química,
música, ginástica e esgrima. Além de disponibilizar diversos ofícios como: alfaiataria,
carpintaria, serralheria, marcenaria, funilaria, litografia, tipografia, encadernador, impressor,
formação de ferreiros, pintor de casas e caldeireiro.
No âmbito das tarefas teóricas, o curso era dividido em elementar e complementar, com
ambos apresentando em sua grade curricular matérias como: Leitura, Escrita e aritmética. A
partir do terceiro e quarto ano, as duas modalidades do curso apresentavam matérias de moral
cívica. Sobre as atividades teóricas, era recomendado que o professor realizasse perguntas ao
aluno afim de ver se o mesmo compreendeu o assunto. (SILVA ,2020 p.109).
Oficina de Alfaiate:
Era produzido diversos tipos de vestes como: blusas, calças, sapatos, gorros de pano, lençóis e
guardanapos. Geralmente os educandos produziam suas próprias roupas, como também
confeccionavam vestimentas para o regimento militar do Estado.
Oficina de tipografo:
Oficina de encadernador:
Oficina de funileiro:
Na oficina de Funileiro era ensinado sobre os cortes e soldaduras; trabalhos com folhas de
metal, zinco e cobre, além da fabricação de telas de arame;
Nessa oficina, os alunos aprenderia a produção de mobílias escolares como: mesas, quadros
negros, pranchetas para aula de desenho, balcões, cadeiras, estantes, cabides, armários, guarda
roupas, bancos para as demais oficinas, dentre outros artigos de madeira, boa parte desses
materiais produzidos eram utilizados no próprio instituto.
Nessa oficina era ensinado aos alunos a fabricação de artigos como portões, colunas grades,
parafusos, balaústres para o encanamento de banheiros, tenazes e turquesas para a oficina
(ferramentas utilizada por ferreiros e serralheiros) e outros materiais feitos a ferro e o manuseio
dos mesmos.
No instituto além das oficinas e das aulas teóricas existiam também outras atividades
realizados pelos educandos. Em um escrito de 1910, o viajante Paul Walle durante uma missão
em Belém, descreve da seguinte forma o instituto, ofícios anteriormente mencionados e as
atividades extras praticadas pelos educandos:
CONCLUSÃO
A educação profissional oferecida pelo Instituto Lauro Sodré não apenas contribuiu para
a capacitação dos alunos e posteriormente para uma inserção profissional bem-sucedida, mas
também contribuiu para a formação dos educandos como um todo. O instituto proporcionava
um ambiente propício ao aprendizado, crescimento pessoal e desenvolvimento profissional dos
alunos, preparando-os não apenas para o trabalho, mas também para uma vida em sociedade.
FONTES:
a ) PARÁ. Governador do Estado. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará pelo Dr.
Augusto Montenegro em 10 de setembro de 1901, Apresentado o projeto de orçamento para
1901. Belém, Imprensa oficial do Estado do Pará, 1901.
b ) PARÁ. Governador do Estado. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará pelo Dr.
Augusto Montenegro em 7 de setembro de 1902. Belém, Imprensa oficial do Estado do Pará,
1902.
c ) PARÁ. Governador do Estado. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará pelo Dr.
Augusto Montenegro em 7 de setembro de 1903. Belém, Imprensa oficial do Estado do Pará,
1903.
d) PARÁ. Governador do Estado. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará pelo Dr.
Augusto Montenegro em 7 de setembro de 1906. Belém, Imprensa oficial do Estado do Pará,
1906.
e ) PARÁ. Governador do estado. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará pelo Dr.
João Antonio Luiz Coelho em 7 de setembro de 1911. Belém, Imprensa oficial do Estado do
Pará, 1911.
f ) PARÁ. Lauro Sodré. Mensagem dirigida ao congresso legislativo do Pará em sessão solene
de abertura da 1.a reunião de sua 10.a legislatura em 7 de setembro de 1918. Pará–Brasil,
Imprensa oficial do Estado do Pará. 1918
REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, Telmo Renato da Silva. “Criminalidade infantil e educação militar no Pará em finais
do século XIX. In: FRANÇA, Maria do Perpétuo Socorro G. S. A.; LOBATO, Sidney; NERY,
Vitor Souza Cunha (Orgs.). História da Educação na Amazônia: múltiplos sujeitos e
práticas. educativas. Curitiba, CRV, 2018, pp. 77-89.
FONSECA, Celso Suckow. História do Ensino Industrial no Brasil. Rio de Janeiro: Escola
Técnica, 1961. v.1.