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I – DOS FATOS
II – DO DIREITO
É importante destacar que a comprovaçã o da atividade especial até 28 de abril de 1995 era
feita com o enquadramento por atividade profissional (situaçã o em que havia presunçã o de
submissã o a agentes nocivos) ou por agente nocivo, cuja comprovaçã o demandava preenchimento
pela empresa de formulá rios SB40 ou DSS-8030, indicando o agente nocivo sob o qual o segurado
esteve submetido. Todavia, com a nova redaçã o do art. 57 da Lei 8.213/91, dada pela Lei
9.032/95, passou a ser necessá ria a comprovaçã o real da exposiçã o aos agentes nocivos, sendo
indispensá vel a apresentaçã o de formulá rios, independentemente do tipo de agente especial.
Nos períodos em aná lise, o Autor trabalhou no cargo de marceneiro em empresas que já
encerraram as atividades (comprovantes no processo administrativo), situadas no município de
CIDADE – UF.
Tais empresas atuavam no ramo de fabricação de esquadrias e aberturas, conforme
registrado na CTPS do Autor. Vale conferir (grifos acrescidos):
(DOCUMENTO PERTINENTE)
Outrossim, segue em anexo PPRA referente à empresa XXXXXXXXXXXXX, que também atua
no ramo de fabricaçã o de esquadrias.
Dessa forma, diante dos agentes nocivos presentes e considerando que as funçõ es de
marcenaria sã o facilmente delimitá veis, resta demonstrado que o Autor possui direito ao
reconhecimento do tempo de serviço especial correspondente.
De qualquer forma, caso Vossa Excelência entenda necessá rio, poderá ser produzida prova
testemunhal e pericial para a comprovaçã o das atividades desempenhadas e aferiçã o dos agentes
nocivos.
Nos períodos em aná lise, novamente o Autor laborou no cargo de marceneiro, mas desta
vez em empresas moveleiras que já encerraram as atividades (comprovantes no processo
administrativo).
Nã o obstante, caso Vossa Excelência entenda necessá rio, poderá ser produzida prova
pericial e ou/ testemunhal.
Período: 06/03/1985 a 25/01/1989
Empresa: XXXXXXXXXXXXX
Cargo: Marceneiro
Sendo assim, o procurador do Autor solicitou à empresa o laudo mais antigo existente nos
seus arquivos. Em resposta, a responsá vel pelos Recursos Humanos informou que somente é
fornecido quando solicitado pela autoridade competente (có pia do e-mail anexa).
Ocorre que esta lamentá vel e corriqueira conduta da empresa ignora a previsã o contida na
NR 9, que estabelece a obrigatoriedade de manter um banco de dados de PPRA (9.3.8.1), e
determina que “O registro de dados deverá estar sempre disponível AOS TRABALHADORES
INTERESSADOS OU SEUS REPRESENTANTES e para as autoridades competentes” (9.3.8.3).
Inconformado, foi enviada notificaçã o à empresa (em anexo), a fim de que fosse
apresentado o laudo solicitado. Entretanto, nã o houve resposta.
Dessa forma, faz-se necessá rio que seja oficiada a empresa para que apresente o banco de
laudos periciais, inclusive a avaliaçã o elaborada na data mais pró xima à época do contrato de
trabalho do Autor, sob pena de multa diá ria.
(DOCUMENTO PERTINENTE)
Em contato com a responsá vel pela empresa, o Autor foi informado que a descriçã o das
atividades foi apresentada a partir da data em que a empresa passou a ter profissional
responsá vel pela Medicina do Trabalho.
De qualquer forma, nã o há nenhuma razã o para se inferir que as atividades anteriores a
01/08/2012 eram diversas das atuais, haja vista que o Autor sempre ocupou o mesmo cargo.
Ademais, considerando a carência de informaçõ es do formulá rio PPP, segue anexo o laudo
judicial produzido no processo nº XXXXXXX-XX.XXXX.XXX.XXXX, que tramitou na Xª Vara Federal
de CIDADE, referente ao Sr. XXXXXXXXXXXXXXX, que laborou no mesmo local e cargo do Autor
da presente açã o, contemporâ neo na empresa.
Salienta-se que a avaliaçã o foi realizada in loco. Além disso, foi realizada entrevista com a
responsá vel pela empresa, a Sra. XXXXXXXXXXXXX.
Outrossim, em resposta ao quesito XX, o Perito afirmou que a exposiçã o ocorreu de forma
habitual e permanente.
Por fim, destaca-se que no PPRA da empresa constam mediçõ es individuais da pressã o
acú stica dos equipamentos utilizados pelo Autor, sendo constado que a grande maioria produzia
individualmente ruído superior ao limite legal. Ocorre que no ambiente de trabalho há ruído
simultâ neo proveniente de diversos equipamentos, o que expõ e os trabalhadores a nível médio
bastante superior aos registrados no PPRA.
Tal constataçã o é corroborada pela mediçã o aferida pelo Perito Judicial do processo
supracitado, eis que esta foi realizada através de dosimetria, método adequado para a avaliaçã o do
agente nocivo em casos de exposiçã o a níveis variados.
Sendo assim, comprovada a exposiçã o ao ruído em nível superior ao limite legal, deve ser
reconhecida a atividade especial realizada.
Por fim, caso Vossa Excelência entenda necessá rio, poderá ser realizada prova pericial,
momento em que o Perito poderá inclusive entrevistar os proprietá rios da empresa, a fim de
confirmar as atividades desenvolvidas pelo Autor no período anterior à descriçã o das atividades
firmada no PPP, avaliando eventuais documentos disponíveis na empresa para comprovaçã o das
funçõ es, com fulcro nas atribuiçõ es previstas no art. 429 do CPC.
A Lei 8.213/91, em sua redaçã o original, foi disciplinada pelo Decreto 611/92, o qual
estabelecia a possibilidade da conversã o do tempo de serviço comum em especial, conforme
disposto no art. 64 deste diploma normativo.
Entretanto, a Lei 9.032/95 afastou esta hipó tese de conversã o ao alterar o §3º do art. 57 da
Lei 8.213/91, mas sem prejudicar o direito adquirido aos períodos anteriores à sua vigência, ainda
que os requisitos para aposentadoria somente sejam preenchidos posteriormente, entendimento
este que garante a aplicaçã o do disposto do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituiçã o Federal.
Desta forma, o Autor adquiriu o direito ao benefício, haja vista que laborou em condiçõ es
especiais durante 30 anos, 08 meses e 13 dias.
Quanto à carência, verifica-se que foram realizadas 375 contribuições, nú mero superior
aos 180 meses previstos no art. 25, II, da Lei 8.213/91.
Inicialmente, é necessá rio analisar as previsõ es contidas no pará grafo 8º do art. 57 e no art.
46 da Lei 8.213/91:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei,
ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei.
(...)
§ 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que
continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes
da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
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Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá
sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.
Com base nos dispositivos supracitados, a restriçã o ao trabalho para os beneficiá rios de
aposentadoria especial está embasada nos mesmos fundamentos da aposentadoria por invalidez,
o que constitui um evidente equívoco do legislador, uma vez que a vedaçã o ao trabalho imposta ao
jubilado por incapacidade decorre de ausência de capacidade laborativa. Assim sendo, o
cancelamento da aposentadoria por invalidez se justifica quando o segurado retorna as atividades
laborativas, à medida que a incapacidade terá cessado.
Por outro lado, o beneficiá rio de aposentadoria especial ainda goza de plena capacidade
laborativa, e a aposentadoria precoce deve tã o somente retribuir o desempenho das atividades
nocivas, sem qualquer medida que venha a coibir o livre exercício da sua profissã o, a qual
constitui uma garantia prevista no Artigo 5º, inciso XIII, da Constituiçã o Federal:
Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redaçã o dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
(...)
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os
casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos
termos definidos em lei complementar.
De fato, a ú nica restriçã o que deve ser obedecida é a vedaçã o ao trabalho noturno, perigoso
ou insalubre aos menores de dezoito anos, conforme previsto no art. 7º, inciso XXXIII, da
Constituiçã o Federal.
Cabe destacar, ainda, que a Autarquia Previdenciá ria nã o sofrerá nenhum prejuízo em
razã o da continuidade do desempenho da atividade do beneficiá rio da aposentadoria especial,
muito pelo contrá rio, visto que o segurado continua vertendo contribuiçõ es à Previdência Social.
Da mesma forma, caso mantida a determinaçã o para o afastamento das atividades, estaria
inviabilizada a aposentadoria especial para os segurados que obtém renda bastante superior ao
teto previdenciá rio, haja vista que seria necessá ria uma completa readequaçã o financeira e social
para a manutençã o do segurado apenas com o valor do benefício.
Isso porque é inviá vel exigir de um profissional que laborou a vida inteira na mesma funçã o
altere completamente as suas atividades.
Deve-se considerar ainda o fato de que muitas pessoas deixarã o suas profissõ es em idade
inferior aos cinquenta anos e em pleno auge de capacitaçã o profissional, o que, num país
absolutamente carente de mã o de obra qualificada, constitui um completo retrocesso.
Por todas as razõ es expostas, tal matéria possui natureza de ordem pú blica, sendo que a
vedaçã o prevista no § 8º do art. 57 da Lei 8.213/91 foi julgada inconstitucional pelo pleno do TRF
da 4ª Regiã o. A arguiçã o de inconstitucionalidade restou assim ementada:
Por fim, há que se atentar que o Supremo Tribunal Federal reconheceu Repercussã o Geral a
respeito da matéria em comento, no julgamento do RE 778.092.
O Requerente necessita da concessã o do benefício em tela para custear a pró pria vida. Vale
ressaltar que os requisitos exigidos para a concessã o se confundem com os necessá rios para o
deferimento desta medida antecipató ria, motivo pelo qual, em sentença, se tornará imperiosa a
sua concessã o.
Os agentes nocivos e o cará ter alimentar do benefício traduzem um quadro de urgência que
exige pronta resposta do Judiciá rio, tendo em vista que nos benefícios previdenciá rios resta
intuitivo o risco de ineficá cia do provimento jurisdicional final.
IV – DO PEDIDO
c) A citaçã o da Autarquia Ré, por meio de seu representante legal, para que, querendo, apresente
defesa;
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
____________,______de___________________20___
NOME DO ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX
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Demonstrativo de cá lculo do valor da causa em anexo.