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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DOS FEITOS DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE PALMAS – ESTADO DO


TOCANTNS

ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA DOS SERVIDORES


PÚBLICOS NO ESTADO DO TOCANTINS – AJUSP-TO, entidade classista
associativa de primeiro grau, representativa dos servidores públicos no Estado do
Tocantins, fundada em 01.02.2022, inscrita no CNPJ nº 46.405.997/0001-60, com sede
na Quadra 103 Sul, Rua SO-01, Lote 14, Sala 02, Plano Diretor Sul, CEP: 77015-018,
Palmas/TO, e-mail: ajusp.to@gmail.com, telefone (63) 99252-4313, representada pelo
seu Presidente CLEITON LIMA PINHEIRO, brasileiro, divorciado, servidor
público, CPF: 530.094.361-49, RG: 5927 - SSP/TO, residente na Quadra 304 Norte,
Alameda 02, QI 04, Lote 18, Plano Diretor Norte em Palmas/TO, e-mail:
cleitonlimapinheiro@gmail.com, vem, por advogado e procurador bastante, o
profissional infrafirmado, email jk@jkg.adv.br, comparece pra propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA COLETIVA c/c OBRIGAÇÃO DE


FAZER E DE PAGAR COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA DE EVIDÊNCIA

em face do ESTADO DO TOCANTINS, pessoa jurídica de direito público interno,


neste ato representado pelo Procurador Geral do Estado, com endereço na Praça dos
Girassóis, Esplanada das Secretarias, Palmas/TO, pelos fatos e fundamentos que a
seguir serão transcritos.
1. SÍNTESE DOS FATOS

No dia 19/11/2007 o Governador Marcelo Miranda enviou para Assembleia


Legislativa os Projetos de Lei nº 71/2007 e 72/2007, modificando vários artigos das
Leis nº 1.534/2004 e 1.588/2005, que dispuseram sobre o Plano de Cargos, Carreiras e
Subsídios dos servidores Públicos do Quadro Geral e dos Profissionais da saúde,
respectivamente.

Assim, no dia 03/12/2007, após regular e regimental votação, a Assembleia


Legislativa aprovou:

a) A Lei nº 1.855/2007, que concedeu aumento de 25% na


tabela de subsídios dos servidores públicos do Quadro Geral,
sancionada pelo Governador e Publicada no Diário Oficial nº
2.543, de 03/12/2007;

b) A Lei nº 1.861/2007, que concedeu aumento de 25% na


tabela de subsídios dos profissionais de saúde, sancionada pelo
Governador e publicada no Diário Oficial nº 2.548, de
10/12/2007.

Ocorre que, no dia 20/12/2007, após regular e regimental votação, a


Assembleia Legislativa aprovou e o Governador sancionou com publicação no Diário
Oficial nº 2.556, de 20/12/2007, as Leis nº 1.866/2007 e 1.868/2007, revogando o
aumento de 25% concedidos aos servidores públicos do Quadro Geral e dos
Profissionais de Saúde.

Ato contínuo, no dia 30/01/2008, o Partido Verde – PV, por meio do


causídico que assina a presente peça, protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal a
Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 4013, em face do Estado do Tocantins e
Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, que teve como Relatora a Ministra
Carmem Lúcia.
Após o regular trâmite processual, no dia 31/03/2016, o Tribunal Pleno, por
maioria, e nos termos do voto da Relatora conheceu em parte do pedido, e, na parte
conhecida, julgou procedente a Ação, vencidos os Ministros Roberto Barroso, Teori
Zavascki, Dias Toffoli, Ricardo Lewandosski (Presidente) e Gilmar Mendes, ensejando
na publicação do Acórdão (Decisão de Julgamento), no dia 08/04/2016, ná página nº
27, do Diário da Justiça Eletrônico – DJE nº 66/2016, de 08/04/2016, in verbis:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


ARTIGOS DAS LEIS TOCANTINENSES NS. 1.855/2007 E 1.861/2007
REVOGADOS PELAS LEIS TOCANTINENSES NS. 1.866/2007 E
1.868/2007. REAJUSTES DE SUBSÍDIOS DE SERVIDORES
PÚBLICOS ESTADUAIS. IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS.
DIREITO ADQUIRIDO. ARTS 5º, INC. XXXVI E 37, INC. XV, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÃO JULGADA
PROCEDENTE.
1. Ação conhecida quanto ao art. 2º da Lei n. 1.866/2007 e o art. 2º da Lei n.
1.868/2007. Ausência de impugnação específica dos outros dispositivos das
leis. Arts. 3º e 4º da Lei n. 9.868/1999.
2. Diferença entre vigência de lei e efeitos financeiros decorrentes de sua
disposição. Vigentes as normas concessivas de aumentos de vencimentos dos
servidores públicos de Tocantins, os novos valores passaram a compor o
patrimônio de bens jurídicos tutelados, na forma legal diferida a ser
observada.
3. O aumento de vencimento legalmente concedido e incorporado ao
patrimônio dos servidores teve no mês de janeiro de 2008 o prazo inicial para
início de sua eficácia financeira. O termo fixado, a que se refere o § 2° do art.
6° da Lei de Introdução ao Código Civil, caracteriza a aquisição do direito e
a proteção jurídica que lhe concede a Constituição da República.
4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei tocantinense n. 1.866/2007 e do art.
2º da Lei tocantinense n. 1.868/2007.

Após o Supremo Tribunal Federal - STF julgar procedente a Ação Direta de


Inconstitucionalidade - ADI 4013, com publicação no DJE nº 78, divulgado em
18/04/2017, o Estado do Tocantins protocolou em 27/04/2017 recurso aclaratório –
Petição 20481, tendo este recurso a seguinte ementa:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PROPÓSITO MODIFICATIVO COM
INTENÇÃO DE MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE
DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO, OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO
MATERIAL. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEITOS
INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.
I – Embargos de declaração opostos pelo Governador do Tocantins contra
acórdão que julgou procedente declarar inconstitucionais o art. 2° da Lei
estadual da Lei estadual 1.868/2007.
II – Aclaratórios manejados com a finalidade alterar o que foi decidido, não
sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes, salvo em situações
excepcionais, o que não ocorre no caso em questão.
III – Embargos de declaração rejeitados”

Não obstante o STF rejeitar, por unanimidade, os Embargos de Declaração


opostos pelo Estado do Tocantins, com publicação no DJE nº 66, divulgado em
02/04/2019, com o propósito protelatório, a Procuradoria Geral do Estado do
Tocantins, em 10/04/2019, protocolou novo recurso de Embargos de Declaração,
Petição 19704, que teve julgamento em Sessão Virtual de 04/11/2022 a 11/11/2022,
sendo que, neste último Embargos de Declaração, o STF, por maioria rejeitou
novamente os aclaratórios, tendo a seguinte decisão:

(....)
Decisão: O Tribunal, por maioria, rejeitou os embargos de declaração, nos
termos do voto do Relator, vencidos o Ministro Marco Aurélio (que votaram
na sessão virtual em que houve o pedido de destaque), não conhecendo dos
embargos, e o Ministro Roberto Barroso, que os provia parcialmente. Não
votou o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro Marco Aurélio.
Plenário, Sessão Virtual de 4.11.2022 a 11.11.2022.

No dia em 08/02/2023 ocorreu a Certificação do trânsito em julgado pelo


Supremo Tribunal Federal, do acórdão/decisão da Ação Direta de
Inconstitucionalidade – ADI 4013, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 2º
das Leis tocantinenses nº 1.866/2007 e 1.868/2007, que haviam revogados o aumento
de 25% dos servidores públicos do Quadro Geral e dos Profissionais da Saúde.

Desta forma, a Suprema Corte reconheceu o aumento de vencimento


legalmente concedido e incorporado ao patrimônio dos servidores, tendo o mês de
janeiro de 2008, o prazo inicial para início de sua eficácia financeira.

Assim, é público e notório que as Leis nº 1.855/2007 e 1.865/2007


reestruturaram os Planos de Cargos, Carreiras e Subsídios dos Servidores Públicos do
Quadro Geral do Poder Executivo e dos Profissionais da Saúde, respectivamente,
concedendo o aumento de 25% nas tabelas financeiras, atingindo todos os cargos
efetivos da categoria profissional.

Mas, passados mais de 5 (cinco)meses, esta decisão do Supremo Tribunal


Federal ainda não fora cumprida pelo Estado do Tocantins, não restando à requerente
outra opção senão o protocolo da presente ação.

2. DA LEGITIMIDADE ATIVA

A legitimidade da Associação requerente para a propositura da ação de


obrigação de fazer, se fundamenta no art. 5º, XXI e LXX, da Constituição Federal, que
dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;

(....)

Ainda nesse sentido, a jurisprudência pátria é uníssona em reconhecer a


legitimidade ativa da Associação requerente para propositura da competente ação para
defesa dos interesses de seus substituídos.

Ao julgar o REsp n. 1.845.716/RJ sob o rito do efeito repetitivo, o 1Superior


Tribunal de Justiça assim entendeu:

"Os sindicatos e as associações, na qualidade de substitutos processuais, têm


legitimidade para atuar judicialmente na defesa dos interesses coletivos de
toda a categoria que representam, por isso, caso a sentença do writ coletivo
não tenha uma delimitação expressa dos seus limites subjetivos, a coisa
julgada advinda da ação coletiva deve alcançar todas as pessoas da categoria,
e não apenas os filiados".

No caso em tela, é notório a defesa dos interesses dos associados, já que


busca a Associação Autora garantir a implementação de direitos adquiridos por seus
substituídos oriundo da decisão do STF na citada ADIN nº 4013.

A Associação Autora, entidade civil sem fins lucrativos, cumpre os requisitos


legais, eis que foi constituída em conformidade com a lei civil e tem entre os seus
objetivos estatuários a defesa judicial e extrajudicial de seus associados, conforme
demonstra o estatuto incluso.

Cumpre destacar que a entidade associativa atua no presente feito na


condição de substituta processual da classe que ora representa, quais sejam, servidores

1STJ - REsp: 1845716 RJ 2019/0323581-9, Relator: Ministro SÉRGIO KUKINA, Data de Julgamento: 21/10/2021,
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 14/12/2021
públicos estaduais, ora associados, sobretudo, consoante autorização do associado
expressa no item IV, da FICHA DE ASSOCIADO NA AJUSP-TO, nos termos em
que segue:

“IV) AUTORIZO AINDA AJUSP-TO REPRESENTAR-ME


ADMINISTRATIVAMENTE E JUDICIALMETE, PERANTE
AS DEMANDAS RELACIONADAS AO CARGO PÚBLICO;”

Desta forma, resta demonstrada a legitimidade ativa da Associação Autora


para propositura da presente ação de obrigação de fazer, assim como, o cabimento da
ação, eis que se trata da defesa de interesses coletivos dos servidores públicos estaduais,
requerendo, pois, o seu regular processamento.

A Carta Magna inovou ao garantir às entidades de classe, com exclusividade,


a defesa dos direitos e interesses coletivos (cuja legitimação seria a ordinária ou
autônoma) ou individuais homogêneos (legitimação extraordinária) da categoria, em
questões judiciais ou administrativas.

Na substituição processual, aquele que defende em juízo o direito alheio o


faz em nome próprio. Dessa forma, o substituto figura como parte processual ou formal
em substituição à parte material ou substancial (substituído) no qual sejam titulares
sujeitos indeterminados ligados por circunstâncias de fato.

Sobre o assunto:

Lei nº 8.078/1990
Art. 81. (...)
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se
tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código,
os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.

Neste contexto, no que diz respeito ao objeto da presente ação, a


atuação da entidade associativa de classe se mostra amparada por princípios
constitucionais, atuando na condição de substituta processual dos
representados, sendo que, os documentos outrora juntados servem como
provas dos direitos evocados, não possuindo o intuito de limitar os
beneficiários do resultado futuro da presente demanda.

Além de que a associação autora desta ação foi criada a mais de um ano,
conforme ata que ora encontra-se anexa nos documentos.

3. DA POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

A ação declaratória é aquela que visa à declaração judicial da existência ou


inexistência de relação jurídica.

O objetivo da presente ação é que seja declarado o direito ao aumento de


25% na tabela financeira dos servidores ocupantes dos cargos do quadro geral e saúde,
em face da decisão do Supremo Tribunal Federal resultado do julgamento da ADIN nº
4013.

O que, sendo declarado, por conseguinte, levará a condenação do requerido


em obrigação de fazer, consistente na realização do citado aumento dos servidores que
comprovarem que preenchem os requisitos previstos em lei.
Ao passo que efetivado o aumento, constituirá o direito de cobrança dos
valores que efetivamente deveria ter recebido, desde quando preencheram os requisitos
legais até a data em que efetivamente receberem o citado aumento.

4. DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE PAGAR OS VALORES


RETROATIVOS

Com a declaração do direito ao aumento na tabela financeira, surge a


obrigação de fazer do Estado para implementar esse direito deferido pelo Supremo
Tribunal Federal, aos servidores ora representados pelo requerente, que cumpriram os
requisitos legais para esse mister, sanando a arbitrariedade cometida pelo requerido.

Assim, é medida que se impõe a condenação do Estado do Tocantins, ora


requerido, à obrigação de fazer no sentido de efetivar o aumento na tabela financeira
dos servidores na ordem de 25%, , bem como, ao pagamento das diferenças salariais
até a efetiva concessão, com todos os acréscimos legais.

Dessa forma, após sentença imperiosa a habilitação dos servidores que se


encontram na situação narrada, para requerer a liquidação e execução da sentença no
que tange ao pedido de obrigação de fazer, consistente em outorgar aos servidores do
quadro geral e saúde o aumento de 25% em sua tabela financeira; desde o mês de
dezembro janeiro de 2008 até a presente data, com juros e correções legais, e em
obrigação de pagar, referente às diferenças apuradas de todos os retroativos referentes
à este direito, fazendo valer os ditames da Lei nº 1.855/2007, que concedeu aumento
de 25% na tabela de subsídios dos servidores públicos do Quadro Geral, sancionada
pelo Governador e Publicada no Diário Oficial nº 2.543, de 03/12/2007, além da Lei
nº 1.861/2007, que concedeu aumento de 25% na tabela de subsídios dos profissionais
de saúde, sancionada pelo Governador e publicada no Diário Oficial nº 2.548, de
10/12/2007, estas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento
da ADIN nº 4013.

5. DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO

Tendo em vista que a matéria ora debatida se trata de matéria unicamente de


direito, estando estas devidamente e patentemente comprovadas por meio dos
documentos anexos, requer, nos termos do art. 355, I, do Digesto Processual Civil, o
JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO, dispensando, desde logo, a
realização de audiência de conciliação, nos termos do art. 334, §4º, I, e §5º do mesmo
diploma legal.

6. DA TUTELA ANTECIPADA DE EVIDÊNCIA

O legislador, em atenção aos inúmeros casos concretos postos à apreciação


do Poder Judiciário em que o direito postulado é verossímil, mormente as provas
apresentadas que não dão sorte ao requerido de opor prova capaz de gerar dúvida
razoável sobre o direito pleiteado, inovou ao criar capítulo próprio versando sobre o
instituto da Tutela de Evidência, na nova sistemática da Lei n.º 13.105 de 16 de março
de 2015, conhecida como novo Código de Processo Civil, de forma a tornar mais
simples e céleres os processos judiciais que coadunam-se com algum dos requisitos do
art. 311 daquele códex.

Veja-se ipsis litteris o que dispõe aquele supramencionado dispositivo legal:

Art. 311. A tutela de evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando: I – ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte; II – as alegações de fato puderem ser
comprovadas apenas documentalmente de houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV – a petição inicial
for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.

Ao teor do disposto no artigo supramencionado, revela-se que a tutela de


evidência tem como primordial objetivo tutelar aquele que demonstra a absoluta
probabilidade do direito invocado. É a interpretação que fazem e expõem os
professores 2Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira que
vale transcrever:

Seu objetivo é redistribuir o ônus que advém do tempo necessário para


transcurso de um processo e a concessão de tutela definitiva. Isso é feito
mediante a concessão de uma tutela imediata e provisória para a parte que
revela o elevado grau de probabilidade de suas alegações (devidamente
provadas), em detrimento da parte adversa e a improbabilidade de êxito em
sua resistência – mesmo após uma instrução processual

Nos casos em que a tutela de evidência deve incidir, deve-se, também, dar
um tratamento diferenciado a eles, porque o direito pleiteado é tão evidente que a
demora no transcorrer do processo pode fazer surgir um sentimento de recusa à Justiça.

Neste sentido, é o magistério dos ilustres professores 3Maria Lúcia Lins


Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Mello, citando
o nobre ministro Luiz Fux, verbis:
Há situações em que o direito invocado pela parte se mostra com um grau de
probabilidade tão elevado, que se torna evidente. Nessas hipóteses, não se
conceber um tratamento diferenciado, pode ser considerado com uma
espécie de denegação de justiça, pois, certamente, haverá o sacrifício do autor
diante do tempo do processo.

2 Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente,
coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela \ Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de
Oliveira – 11.ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016. Pág. 631.
3 Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo\ coordenação Teresa Arruda

Wambier... [et al.]. – 1.ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. Pag. 523.
Para tanto, necessário se faz a demonstração de dois requisitos: prova das
alegações de fato e a probabilidade de acolhimento da pretensão processual.

Os pressupostos exigidos afiguram-se, no caso em tela, com a apresentação


dos documentos que seguem em anexo como arquivo.

Todos esses documentos são suficientemente capazes de demonstrar que,


até o presente momento, o requerido não providenciou o aumento nas tabelas
financeiras dos servidores que preencheram os requisitos para tanto.

Em análise aos documentos carreados aos autos, vislumbra-se, com absoluta


clareza, que o aumento de 25% na tabela financeira dos servidores do quadro geral e
saúde é medida que se impõe, configurando como omissão ilícita estatal o não
cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal relativo à ADIN nº 4013.

Deste modo, havendo uma obrigação legal não cumprida voluntariamente,


cumpre ao Poder Judiciário, impor o seu adimplemento.

Destarte, deve ser imposto ao Estado o dever de dar o aumento de 25% na


tabela financeira dos funcionários do quadro geral e saúde e de imediato, em
homenagem aos princípios da isonomia, eficiência, legalidade e ao direito adquirido,
dando efetividade à tutela jurisdicional deferida pelo Supremo Tribunal Federal.

7 – DOS PEDIDOS FINAIS


Ex positis, suplica a autora da ação:

a) O recebimento da presente ação, sua autuação e processamento na forma


e rito ordinário, juntando, para tanto, os documentos em anexo para, após reconhecer
a competência das varas fazendárias para o julgamento do presente pleito;
b) A antecipação da tutela de evidência, nos termos do art. 311 do Código de
Processo Civil, para que o Estado do Tocantins corrija a arbitrariedade cometida, e se
proceda ao imediato pagamento do aumento de 25% determinado pelo Supremo
Tribunal Federal na tabela financeira dos servidores do quadro geral e saúde que
porventura tiverem esse direito;

c) A determinação de apuração, em caso de crime de desobediência, aplicável


quando do descumprimento das ordens determinadas por Vossa Excelência e pelo
Supremo Tribunal Federal;

d) A citação do Estado do Tocantins para, querendo, no prazo legal,


contestar os termos da presente ação, sob as penas da Lei;

e) A intimação do Ministério Público Estadual para se manifestar na


condição de custus legis;

f) O julgamento antecipado do mérito, por se tratar de matéria,


exclusivamente, de direito e por todos os fatos estarem perfeitamente comprovados
pelas provas anexas à exordial;

g) Ao final, em decisão de mérito, a confirmação dos efeitos da tutela de


evidência porventura deferida, para DECLARAR a obrigatoriedade do Estado do
Tocantins de pagamento imedidato do aumento de 25% na tabela financeira dos
servidores do quadro geral e saúde, e, em consequência, para condenar o requerido em
OBRIGAÇÃO DE FAZER e OBRIGAÇÃO DE PAGAR para que seja efetivada o
citado aumento nos respectivos subsídios nos seguintes termos:

g1) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, restabelecendo as tabelas de


vencimentos constante da Lei nº 1.534/2004, de 29 de dezembro de 2004, corrigidas
com aumento de 25% a partir de 1º de janeiro de 2008, até a data de sua revogação pela
Lei nº 2.669/2012, de 19 de dezembro de 2012, do Quadro Geral do Poder Executivo
do Estado do Tocantins;
g2) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de
vencimentos constante da Lei nº 2.669/2012, de 19 de dezembro de 2012, com o
aumento de 25% a partir de 19 de dezembro de 2012, desmembrando assim, da Lei nº
1.534/2004, de 29 de dezembro de 2004, do Quadro Geral do Poder Executivo;

g3) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, restabelecendo as tabelas de


vencimentos constante da Lei 1.588, de 30 de junho de 2005, corrigidas com aumento
de 25% a partir de 1º de janeiro de 2008, até a data de sua revogação pela Lei nº
2.670/2012, de 19 de dezembro de 2012, do Quadro da Saúde do Poder Executivo do
Estado do Tocantins;

g4) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de


vencimentos constante da Lei nº 2.670/2012, de 19 de dezembro de 2012, com o
aumento de 25% a partir de 19 de dezembro de 2012, desmembrando assim, da Lei nº
1.588/2005, de 30 de junho de 2005, do Quadro da Saúde do Poder Executivo do
Estado do Tocantins;

g5) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de


vencimentos constante da Lei nº 2.806, de 12 de dezembro de 2013, com o aumento
de 25% a partir de 12 de dezembro de 2013, data que criou o Plano de Cargos, Carreiras
e Remuneração – PCCR do Quadro de Profissionais de Extensão Rural do Estado do
Tocantins - RURALTINS, desmembrando assim, da Lei nº 1.534/2004, de 29 de
dezembro de 2004, do Quadro Geral do Poder Executivo;

g6) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de


vencimentos constante da Lei nº 2.805, de 12 de dezembro de 2013, com o aumento
de 25% a partir de 12 de dezembro de 2013, data que criou o Plano de Cargos, Carreiras
e Remuneração – PCCR do Quadro de Profissionais de Defesa Agropecuária do Estado
do Tocantins - ADAPEC, desmembrando assim, da Lei nº 1.534/2004, de 29 de
dezembro de 2004, do Quadro Geral do Poder Executivo;
g7) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de
vencimentos constante da Lei nº 2.807, de 12 de dezembro de 2013, com o aumento
de 25% a partir de 12 de dezembro de 2013, data que criou o Plano de Cargos, Carreiras
e Remuneração - PCCR do Quadro de Profissionais de Análise, Inspeção e Fiscalização
Ambiental do Estado do Tocantins - NATURATINS, desmembrando assim, da Lei nº
1.534/2004, de 29 de dezembro de 2004, do Quadro Geral do Poder Executivo;

g8) IMPLEMENTAÇÃO IMEDIATA, corrigindo as tabelas de


vencimentos constante da Lei nº 2.890, de 07 de julho de 2014, com o aumento de 25%
a partir de 08 de julho de 2014, data que criou o Plano de Cargos, Carreiras e
Remuneração - PCCR do Quadro Técnico e de Apoio Administrativo da Secretaria da
Fazenda, desmembrando assim, da Lei nº 1.534/2004, de 29 de dezembro de 2004, do
Quadro Geral do Poder Executivo.

h) Depois disso, requer seja oportunizada a habilitação aos autos dos


servidores que fazem jus a esse aumento já deferido pelo Supremo Tribunal Federal,
para liquidação e execução da sentença, no que tange ao direito de receber as diferenças
salariaisl retroativos à data em que os requisitos para esse aumento foram preenchidos;

i) A produção de todas as provas em direito admitidas, inclusive


testemunhais, periciais e especialmente documentais;

j) E, por fim, que seja o Estado do Tocantins condenado ao pagamento das


custas e honorários sucumbenciais, nos termos do artigo 85 do Código de Processo
Civil que deverão ser deferidos tomando como base o valor total das indenizações
individuais que haverão de ser protocoladas;

Para os fins do art. 334, §4º, I, do Código de Processo Civil de 2015 e em


atenção ao disposto no §5º do mesmo dispositivo, a requerente manifesta-se pelo
interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação. Caso seja esse o
entendimento de Vossa Excelência, designe-se audiência antes de se oportunizar ao
requerido o direito de defesa no prazo mais breve possível.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins meramente
fiscais e legais, ante a impossibilidade de auferir um valor certo à presente causa, já que
se discute direito de inúmeros servidores públicos.

São estes os termos que, cumpridas as formalidades legais, aguarda-se o mais


célere deferimento, para que se preste justa homenagem à Constituição da República, à
Doutrina, à Jurisprudência e ao Direito, tornando-se a respeitável decisão a ser
proferido, um instrumento de expressão da tão costumeira e decantada justiça!

Palmas/TO, 18 de julho de 2023.

Assinado de forma digital


JUVENAL KLAYBER por JUVENAL KLAYBER
COELHO:3892929 COELHO:38929295134
Dados: 2023.07.18
5134 09:16:46 -03'00'
JUVENAL KLAYBER COELHO
OAB/TO Nº 182-A
(ASSINADO DIGITALMENTE)

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