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RELATÓRIO

O Senhor Ministro Ricardo Lewandowski (Relator): Trata-se de


embargos de declaração opostos em face de acórdão do Plenário desta
Corte, que rejeitou embargos de declaração opostos contra acórdão que
julgou procedente a ação para declarar inconstitucionais o art. 2° da Lei
estadual 1.866/2007 e o art. 2° da Lei estadual 1.868/2007. O acórdão foi
assim ementado:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. PROPÓSITO MODIFICATIVO COM
INTENÇÃO DE MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE
DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO, OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO
MATERIAL. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEITOS
INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.
I – Embargos de declaração opostos pelo Governador do Estado
do Tocantins contra acórdão que julgou procedente a ação para
declarar inconstitucionais o art. 2° da Lei estadual 1.866/2007 e o art. 2°
da Lei estadual 1.868/2007.
II – Aclaratórios manejados com a finalidade clara e deliberada de
alterar o que foi decidido, não sendo possível atribuir-lhes efeitos
infringentes, salvo em situações excepcionais, o que não ocorre no
caso em questão.
III – Embargos de declaração rejeitados”.

O Governador do Estado do Tocantins alegou, em suma, que, do

“[...] cotejo entre a apresentação dos primeiros aclaratórios e o seu


respectivo julgamento, entende-se que há persistência de vícios, seja
erro material recém desvelado no integrativo, seja a continuidade de
omissões, que precisam ser debatidos, para que sejam definitivamente
apreciados no julgamento do Processo Objetivo, pois são capazes
inclusive de alterar o resultado da demanda, ainda que parcialmente”
(pág. 8 do documento eletrônico 94).

Sustenta, ademais, que,

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“[...] ao se afastar portanto a contradição ou obscuridade no
integrativo, apercebeu-se que houve erro material de premissa fática e
normativa para o julgamento realizado, uma vez que, tanto a relatora
no julgamento primordial, quanto o relator no interativo,
equivocaram-se quanto aos dispositivos que trataram do ‘Anexo III’ e
da expressão ‘passa a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2008’, pois a
regra específica, na verdade, estaria prevista nos artigos 6º da lei 1.855
/2007 e 5º da Lei 1.861/2007, e não nos artigos 7º e 6º das respectivas
leis.
Portanto, merece conhecimento os embargos declaratórios, por
fundamento no artigo 1.022, III, do CPC, uma vez que houve erro
material no julgamento do controle concentrado, pois as premissas
fáticas e normativas que justificaram a entrada em vigor da data da
publicação, com produção de efeitos futuros, fundamental para o
reconhecimento do Direito Adquirido e da Irredutibilidade Salarial,
referem-se a dispositivos diversos, que não possuem qualquer relação
com o Anexo III que trata da tabela remuneratória, conforme se
constata cristalinamente dos dispositivos estampados acima. Logo,
mesmo que mantida a inconstitucionalidade dos artigos 2º da Lei 1.866
/2007 e 2º da lei 1.868/2007, tal defeito do julgamento precisa ser
corrigido”.

Ao final, requereu:

“a) a aplicação liminar do efeito suspensivo aos presentes


Embargos de Declaração, ou seja, no momento do despacho de
recebimento dos aclaratórios, nos termos do permissivo positivado no
§ 1º do artigo 1.026 do Código de Processo Civil-CPC, a fim de que se
obste o cumprimento imediato ou execução provisória de quaisquer
decisões que dependam do acórdão ora embargado, até que se julgue
em definitivo este recurso;
b) o conhecimento e provimento dos presentes Embargos de
Declaração, com fundamento no artigo 1.022, Ili, do CPC, para que se
corrija o erro material no julgamento do controle concentrado, pois os
Nobres Julgadores, no acórdão e no seu integrativo, equivocaram-se
quanto aos dispositivos que trataram do "Anexo 111" e da expressão
"passa a vigorar a partir de 1° de janeiro de 2008", pois a regra
específica, na verdade, estaria prevista nos artigos 6° da Lei 1.855/2007
e 5° da Lei 1.861/2007, e não nos artigos 7° e 6° das respectivas leis,
cujas premissas fáticas e normativas destas justificaram a entrada em
vigor na data da publicação, com produção de efeitos futuros,
fundamental para o reconhecimento do Direito Adquirido e da
Irredutibilidade Salarial, embora não possuam qualquer relação com o
Anexo IlI que trata da tabela remuneratória. Portanto, mesmo que
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mantida a inconstitucionalidade dos artigos 2° da Lei 1.866/2007 e 2°
da Lei 1.868/2007, tal defeito do julgamento precisa ser corrigido;
c) o conhecimento e provimento dos presentes Embargos de
Declaração, com fundamento no artigo 1.022, II, do CPC, para que seja
suprimida a omissão, bem como protesta pela aplicação dos efeitos
infringentes, porquanto os argumentos são capazes de reformar a
decisão vergastada, ainda que parcialmente, com a finalidade de se
aplicar a modulação dos efeitos, na forma autorizada pela
Jurisprudência e no artigo 27 da Lei 9.868/99, para que as Leis 1.855
/2007 e 1.861/2007, ora repristinadas, coma declaração de
inconstitucionalidade das suas leis revogadoras, estendam-se no curso
do tempo, apenas entre as suas respectivas vigências estabelecidas até
o momento em que suas tabelas remuneratórias foram absorvidas por
aumentos posteriores, operados por leis que alteraram o Anexo III das
Leis 1534/2004 e 1588/2005, às quais faziam referência; e
d) o conhecimento e provimentos dos presentes Embargos de
Declaração, com fundamento no artigo 1.022, II, do CPC, para que se
supra a omissão, pronunciando-se a Egrégia Corte Suprema sobre a
inconstitucionalidade das Leis Estaduais nº 2.163/2009 e 2.164/2009,
por arrastamento , pois que estas autorizaram o acordo por adesão
baseados nas Leis 1.866/2007 e Lei nº 1.868/2007, ora consideradas
inconstitucionais; ou que sejam considerados, para os fins da
modulação requerida na alínea anterior, o cancelamento dos
reposicionamentos conferidos aos servidores que aderiram, aos
acordos, assim como que se considerem válidos os pagamentos
retroativos realizados àqueles, com a finalidade de se suprir a
repristinação dos efeitos financeiros das 1.855/2007 e 1.861/2007 para o
período compreendido entre 1º de janeiro de 2008 e 30 de setembro de
2009”.

Em 12/3/2020, o Sindicato dos Médicos no Estado de Tocantins – SIMED


/TO protocolou a PET 13.655/2020 na qual requereu seja dado cumprimento
ao acórdão proferido nesta ADI 4.013, sob o argumento de que

“a eficácia da decisão proferida em ação direta de


inconstitucionalidade produz efeitos a partir da publicação do Diário
de Justiça da ata da sessão de julgamento.
Com esse raciocínio, constata-se que o resultado do julgamento da
ADI 4013 foi publicado no Diário de Justiça nº 78, de 19/04/2017,
conforme consulta realizada do site do Supremo.

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O acórdão ainda não transitou em julgado em razão das
sucessivas interposições de embargos de declaração que, ao nosso
sentir, tem o intuito meramente procrastinatório, circunstância que
não impede seu imediato cumprimento” (p. 5 do doc. eletrônico 102).

É o relatório.

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