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Fundamentos e Contextos da Educação Especial e da

Inclusão Escolar
SUMÁRIO

1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR .................................... 3

2 O DESPREPARO E O MEDO .................................................................... 6

3 A PRÁTICA ESCOLAR ............................................................................. 10

4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL .................................................... 11

5 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ...................................... 14

6 A INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES


EDUCATIVAS ESPECIAIS NO SISTEMA ................................................................ 15

7 O MOVIMENTO INCLUSIVO .................................................................... 21

8 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ................. 24

8.1 Como trabalhar em parceria com o AEE? .......................................... 26

8.2 Institucionalização do AEE no Projeto Político Pedagógico ............... 28

8.3 Professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE ........... 29

8.4 Estudantes Público Alvo do AEE ........................................................ 30

8.5 Objetivos e Ações do Programa Implantação de Salas de Recursos


Multifuncionais ....................................................................................................... 31

8.6 Critérios para a Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais 33

8.7 Adesão, Cadastro e Indicação das Escolas ....................................... 34

8.8 Funcionamento das Salas de Recursos Multifuncionais .................... 34

9 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 37

10 A CRIANÇA PORTADORA DE NECESSIDADES EDUCATIVAS


ESPECIAIS E A SUA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR ..................................... 38

11 RESUMO ............................................................................................... 38

12 INTRODUÇÃO....................................................................................... 38

13 CAPITULO 1 – A INCLUSÃO DO ALUNO PORTADOR DE


NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS........................................................... 40

14 CAPITULO 2 - A ESCOLA E A INCLUSÃO ........................................... 43

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15 CAPÍTULO III- PARCERIA ESCOLA E FAMILIA DO ALUNO PORTADOR
DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS..................................................... 47

16 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 49

17 BIBLIOGRÁFIA ...................................................................................... 50

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1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR

Fonte: cdn.doutissima.com.br

A Constituição Federal, através do artigo 205, garante o direito à educação a


todos os indivíduos. Quando a constituição se refere ao termo “todos os indivíduos”,
subtende-se que não há distinção. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de
condições para acesso e permanência na escola.
Observa-se então que, a constituição garante a todos o direito de a educação
sem distinção de raça, sexo, cor, origem ou deficiência. Fica claro que não é permitido
nenhum tipo de discriminação ou impedimento da matrícula do indivíduo com
deficiência na rede regular de ensino.
A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da
Espanha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em 1994,
ressalta que o direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração
Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela Declaração Mundial
Sobre Educação para Todos. Na Declaração de Salamanca ficou estabelecido que

Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a


oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e “toda
criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagens que são únicas. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem
o direito de expressar seus desejos com relação á sua educação, tanto
quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de
serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às

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necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (MEC/SEESP,
2006:33)

A inclusão requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada


um, considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com
deficiência e a opinião da família em relação ao sujeito incluído.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9.394/96), o Atendimento Educacional Especializado, Assegurado no artigo 58, § 1º e
§ 2º, ressalta que:
7§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não
for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (LDB 9.394/96).
O artigo da LDB assegura o serviço de apoio especializado, ou atendimento
educacional especializado, aos indivíduos com deficiência sempre que for necessário
para atender as necessidades de cada aluno.
Quando não for possível a integração do aluno nas classes comuns de ensino
regular, poderá ocorrer o atendimento educacional através do serviço de apoio
especializado.
A lei Nº 10.845, de 5 de março de 2004, institui o programa de Complementação
ao Atendimento Educacional Especializado às pessoas com Deficiência e ressalta no
artigo 1º que:
Fica instituído, no âmbito do Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação
– FND, programa de complementação ao Atendimento Educacional Especializado às
Pessoas Portadoras de deficiências – PAED, em cumprimento do disposto no inciso
III do artigo 208 da Constituição, com os seguintes objetivos:
I – Garantir a universalização do atendimento especializado de educandos
portadores de deficiência cuja situação não permita a integração em classes comuns
de ensino regular;
II – Garantir, progressivamente, a inserção dos educandos portadores de
deficiência nas classes comuns de ensino regular. ” (MEC/SEESP, 2006: 190).

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Fonte: www.clmais.com.br

A lei citada destaca a necessidade de garantir às crianças com necessidades


especiais nas escolas inclusivas, apoio e suporte extra que assegurem uma educação
efetiva evitando-se o encaminhamento dessas crianças a escolas, classes ou seções
permanentes de Educação Especial, salvo exceções, quando há incapacidade de o
aluno frequentar a classe regular de ensino.
Há estruturas de ação em Educação Especial, adotadas pela Conferência
Mundial em Educação Especial, que se compõe de aspectos que visam à
implementação de políticas, recomendações e ações governamentais que visão
aspectos de melhoria para a Educação Especial, dentre eles estão incluídos os
serviços externos de apoio à Educação Especial.
De acordo com a LDB (artigo 58), existe a possibilidade do Atendimento
Educacional Especializado, ocorrer fora do ambiente escolar, entretanto, o ensino
regular não deve ser substituído, e sim, apoiado através de intervenções que visem o
aprendizado e o desenvolvimento do aluno. A importância do apoio ou suporte ao
professor que possui em sala de aula um aluno com deficiência é percebida através
da dificuldade que o educador apresenta em alfabetizar esse aluno, visto que,
normalmente as salas de aula do ensino regular público, onde a inclusão ocorre de
forma mais efetiva, normalmente apresentam problemas de superlotação. Tal fato
impossibilita o professor de desenvolver com este aluno, um trabalho mais específico
que atenda suas reais necessidades.

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Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua
de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe
regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e
expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores
especializados e pessoal de apoio externo. (MEC/SEESP, 2006:335)

2 O DESPREPARO E O MEDO

O despreparo e o medo do desconhecido ainda pairam sobre as salas de aula


frente à inclusão. Incluir um aluno na escola regular vai muito além de permitir a
frequência e participação do mesmo nas aulas sem dá-lo condições para aprender. A
inclusão requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem,
socialização e vivência. Para que isto ocorra de forma efetiva é necessário que a
escola se organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí-
lo. O currículo deve ser adaptado às necessidades dos alunos, promovendo
oportunidades que se adéquem as habilidades e interesses diferenciado na intenção
de promover a inclusão de todos.
A Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a
educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que
necessitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, uma
maior eficiência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual
está inserido.
O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma
escola para todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os alunos
com necessidades especiais.
Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que
se refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm
avançado aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que a
inclusão bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente
do atualmente disponível.

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Fonte: portal.mec.gov.br

Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições linguísticas,


sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou outras e
requer sistemas educacionais planejados e organizados que deem conta da
diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e
necessidades.
A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que
representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e
de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável.
Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade
brasileira, reconhecidamente ampla e diversificada.
Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos
sistemas educacionais de todo o país (nos estados e municípios), há que se
contemplar alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê?
O professor especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam
deficiências?
O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos
obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário
defronta-se com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como
recursos humanos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora,
mesmo nos grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em

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futuro remoto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente
específicas de programas-modelos ou experimentais.
O que se afigura de maneira mais expressiva ao se pensar na viabilidade do
modelo de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos
humanos, especificamente dos professores das classes regulares, que precisam ser
efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa.
A formação e a capacitação docente impõem-se como meta principal a ser
alcançada na concretização do sistema educacional que inclua todos,
verdadeiramente.
É indiscutível a dificuldade de efetuar mudanças, ainda mais quando implicam
novos desafios e inquestionáveis demandas socioculturais. O que se pretende, numa
fase de transição onde os avanços são inquietamente almejados, é o enfrentamento
desses desafios mantendo-se a continuidade entre as práticas passadas e os
presentes, vislumbrando o porvir; é procurar manter o equilíbrio cuidadoso entre o que
existe e as mudanças que se propõem.
Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com
necessidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente
na rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração
no texto da lei, não devendo a integração – seja como política ou como princípio
norteador – ser penalizada em decorrência dos erros que têm sido identificados na
sua operacionalização nas últimas décadas.
O êxito da integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no
atendimento à diversidade da população estudantil. Como atender a essa
diversidade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas, dentre outras
medidas: elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos,
desde a concepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades
presentes na escola; sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de
aprendizagem dos educandos; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliar
os educandos numa abordagem processual e emancipadora, em função do seu
progresso e do que poderá vir a conquistar.

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Fonte: www.portals1.com.br

Alguns educadores defendem que uma escola não precisa preparar-se para
garantir a inclusão de alunos com necessidades especiais, mas tornar-se preparada
como resultado do ingresso desses alunos. Indicam, portanto, a colocação imediata
de todos na escola. Entendem que o processo de inclusão é gradual, interativo e
culturalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na construção
do ambiente escolar que lhe seja favorável. Embora os sistemas educacionais tenham
a intenção de realizar intervenções pedagógicas que propiciem às pessoas com
necessidades especiais uma melhor educação, sabe-se que a própria sociedade
ainda não alcançou níveis de integração que favoreçam essa expectativa.
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar
a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a
contribuição de cada um conforme suas condições pessoais.
A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o
processo de inclusão social dos cidadãos, tendo como mediadora uma escola
realmente para todos, como instância sociocultural.

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3 A PRÁTICA ESCOLAR

A prática escolar tem evidenciado o que pesquisas científicas vêm


comprovando: os sistemas educacionais experimentam dificuldades para integrar o
aluno com necessidades especiais. Revelam os efeitos dificultadores de diversos
fatores de natureza familiar, institucionais e socioculturais.
A maioria dos sistemas educacionais ainda se baseiam na concepção médico-
psicopedagógico quanto à identificação e ao atendimento de alunos com
necessidades especiais.
Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importância do
fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população específica.
Essa visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar dos
alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais.
Outras análises levam à constatação de que a própria escola regular tem
dificultado, para os alunos com necessidades especiais, as situações educacionais
comuns propostas para os demais alunos.
Direcionam a prática pedagógica para alternativas exclusivamente
especializadas, ou seja, para alunos com necessidades especiais, a resposta
educacional adequada consiste em serviços e recursos especializados.
Tais circunstâncias apontam para a necessidade de uma escola transformada.
Requerem a mudança de sua visão atual. A educação eficaz supõe um projeto
pedagógico que enseje o acesso e a permanência – com êxito – do aluno no ambiente
escolar; que assume a diversidade dos educandos, de modo a contemplar as suas
necessidades e potencialidades.
A forma convencional da prática pedagógica e do exercício da ação docente é
questionada, requerendo-se o aprimoramento permanente do contexto educacional.
Nessa perspectiva é que a escola virá a cumprir o seu papel, viabilizando as
finalidades da educação.

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Fonte: gestaoescolar.org.br

Em uma dimensão globalizada da escola e no bojo do seu projeto pedagógico,


a gestão escolar, os currículos, os conselhos escolares, a parceria com a comunidade
escolar e local, dentre outros, precisam ser revistos e redimensionados, para fazer
frente ao contexto da educação para todos. A lei nº 9.394 – de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – respalda, enseja e oferece elementos para a transformação
requerida pela escola de modo que atenda aos princípios democráticos que a
orientam.

4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma


perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos
especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos.
Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação
escolar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania.
Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se
transversalmente, em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo
projeto, organização e prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos,
a exigir diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades
educacionais de todos.
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Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem
desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de
educação e visar suas finalidades gerais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da
comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações
curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos.
Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam
em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas,
também, seus interesses e motivações.
A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à
melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem
como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa
perspectiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a
desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação
educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento.
A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla
dimensão de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em
diversas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como
decorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
 Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e
sensoriais diferenciadas;
 Crianças com deficiência e bem-dotadas;
 Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;
 Crianças de populações distantes ou nômades;
 Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
 Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.
A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para
referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada
capacidade ou de suas dificuldades para aprender.

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Fonte: www.observatoriodorecife.org.br

Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não


necessariamente vinculada a deficiências. O termo surgiu para evitar os efeitos
negativos de expressões utilizadas no contexto educacional – deficientes,
excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. – para
referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos portadores de
deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o
foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem,
evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na
sua aprendizagem e escolarização.
É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de
deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que
passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.
O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de
funcionalidade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo
quando frequenta a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre
quando se transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com
necessidades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola
pode repercutir no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais. Não se
trata de mero jogo de palavras ou de conceitos.

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5 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar


nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer
para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que
apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os
alunos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que
temporariamente, de atenção específica e poder requerer um tratamento diversificado
dentro do mesmo currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e
dos efeitos adversos que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação
extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa
dificuldade em lidar com ela?
Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os
especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os
trabalhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula
com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação
pedagógica “normal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com
maiores ou menos acentuadas dificuldades para aprender.
Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a
atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de
prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola
para quem dele necessitar.
Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessidades especiais
aquele que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos
no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer
recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas. ” A classificação
desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado
(preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase
a:
• Portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;
• Portadores de condutas típicas (problemas de conduta);
• Portadores de Superdotação.

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Fonte: s2.glbimg.com

A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou


particulares. As políticas recentes de educação especial têm indicado as seguintes
situações para a organização do atendimento:
• Integração plena na rede regular de ensino, com ou sem apoio em sala de
recursos.
• Classe especial em escola regular. Pelas dificuldades de integração dos
alunos em salas de ensino regular, algumas escolas optam pela
organização de salas de aula exclusivas ao atendimento de alunos com
necessidades especiais.
• Escola especializada, destinada a atender os casos em que a educação
integrada não se apresenta como viável, seja pelas condições do aluno, seja
pelas do sistema de ensino.

6 A INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS


ESPECIAIS NO SISTEMA

A integração dos portadores de necessidades educativas especiais no sistema


de ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política
governamental há pelo menos uma década.

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Fonte: www.fireflyfriends.com

Mas, apesar desse relativamente longo período, tal diretriz ainda não produziu
a mudança necessária na realidade escolar, de sorte que todas as crianças, jovens e
adultos com necessidades especiais sejam atendidos em escolas regulares, sempre
que for recomendado pela avaliação e suas condições pessoais.
A concepção da política de integração da educação especial na rede regular
de ensino abrange duas vertentes fundamentais:
O âmbito social, a partir do reconhecimento das crianças, jovens e adultos
especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados à sociedade o mais
plenamente possível;
O âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do
espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos) quanto na
qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar
como um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma
escola integradora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação
da comunidade é fator essencial.
Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a
diversidade, quer porque o aspecto das necessidades especiais é variado, quer
porque as realidades são bastante diversificadas no país.
Quanto às escolas especiais, a política de inclusão as reorienta para prestarem
apoio aos programas de integração.

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Enquanto modalidade de ensino, a educação especial deve seguir os mesmos
requisitos curriculares dos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. No
entanto, de modo a considerar as especificidades dessa modalidade de ensino e
auxiliar no processo de adaptação à nova política de integração, os sistemas de
ensino contam atualmente com o documento Adaptações curriculares.
Esse documento define estratégias para a educação de alunos com
necessidades educativas especiais e orienta os sistemas de ensino para o processo
de construção da educação na diversidade.
Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os
arts. 26 e 27 da LDBEN, a ser suplementada e complementada por uma parte
diversificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos.
Em casos muito singulares, em que o educando com graves
comprometimentos mentais e/ou múltiplos não puder beneficiar-se de um currículo
que inclua formalmente a base nacional comum, deverá ser proposto um currículo
especial para atender suas necessidades, com características amplas apresentadas
pelo aluno.
O currículo especial – tanto na educação infantil como nas séries iniciais do
ensino fundamental – distingue-se pelo caráter funcional e pragmático das atividades
previstas.
Alunos com grave deficiência mental ou múltipla têm, na grande maioria das
vezes, um longo percurso educacional sem apresentar resultados de escolarização
previstos no Inciso I do art. 32 da LDBEN: «o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
cálculo».
Nesse caso, e esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. 24 da
LDBEN, deve ser dada, a esses alunos, uma certificação de conclusão de
escolaridade, denominada «terminalidade específica». Terminalidade específica,
portanto, é «uma certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que
apresenta, de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos cujas
necessidades especiais, oriundas de grave deficiência mental ou múltipla, não lhes
permitem atingir o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino
fundamental, respeitada a legislação existente, esgotadas as possibilidades

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pontuadas no art. 24 da Lei n.º 9.394/96 e de acordo com o regimento e a proposta
pedagógica da escola».

Fonte: nutrifilhos.com

A referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas alternativas


educacionais, tais como o encaminhamento para cursos de educação de jovens e
adultos e de preparação para o trabalho, cursos profissionalizantes e
encaminhamento para o mercado de trabalho competitivo ou não.
A educação especial para o trabalho é uma alternativa que visa à integração
do aluno com deficiência na vida em sociedade, a partir de ofertas de formação
profissional. Efetiva-se por meio de adequação dos programas de preparação para o
trabalho, de educação profissional, de forma a viabilizar o acesso das pessoas com
necessidades educacionais especiais em cursos de nível básico, técnico e
tecnológico, possibilitando o acesso ao mercado formal ou informal. As adequações
efetivam-se por meio de:
• Adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico,
equipamento, currículo e outros.
• Capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e
profissionais especializados.
• Eliminação de barreiras arquitetônicas.

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• A educação especial para o trabalho pode ser realizada em escolas
especiais, governamentais ou não, em oficinas pré-profissionais ou
oficinas profissionalizantes (de forma protegida ou não), em escolas
profissionais do sistema S (SESI, SENAI, SENAC, etc.), em escolas
agro técnicas e técnicas federais ou em centros federais de educação
tecnológica e em outras congêneres.
Os arts. 3º e 4º do Decreto n.º 2.208/97 contemplam a inclusão de alunos em
cursos de educação profissional de nível básico, independentemente de escolaridade
prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com
necessidades especiais também podem, com essa condição, beneficiar-se desses
cursos, qualificando-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do
trabalho.
A educação para o trabalho oferecida aos alunos com necessidades especiais
que não apresentarem condições de se integrar aos cursos profissionalizantes acima
mencionados deve ser realizada em oficinas profissionalizantes protegidas, com vista
à inserção não-competitiva no mundo do trabalho.
Sendo a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa os
diversos níveis de ensino, o nível de formação exigido equivale aos requisitos para
atuação nos respectivos níveis de ensino aos quais está associada.
Sendo assim, para atuação na educação infantil e no primeiro segmento do
ensino fundamental, exige-se formação mínima em nível médio, na modalidade
Normal. Para atuação no segundo segmento do ensino fundamental e no ensino
médio, exige-se formação em nível superior.
A partir de 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos
níveis de ensino e, portanto, na modalidade de educação especial será a licenciatura
plena, obtida em nível superior.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial,
também desenvolve o Programa Nacional de Capacitação de Recursos Humanos,
dirigido aos profissionais que atuam no ensino regular.

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Fonte: www.celsoantunes.com.br

O Programa prevê atendimento gradual dos municípios brasileiros, utilizando-


se de recursos da educação à distância, de modo a possibilitar maior oferta de
atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais.
O conhecimento da realidade da educação especial no país é ainda bastante
precário, porque não se dispõe de estatísticas completas nem sobre o número de
pessoas com necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do
ano 2000, o Censo Demográfico passou a oferecer dados mais precisos, permitindo
análises mais profundas da realidade.
A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população
de um país têm necessidades especiais de diversas ordens: visuais, auditivas, físicas,
mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e, também, superdotação ou altas
habilidades. Se essa estimativa se aplicar ao Brasil, estima-se a existência de cerca
de 15 milhões de pessoas nessa condição.
A informação mais recente de que se dispõe, em âmbito nacional, foi obtida
pelo Censo Demográfico de 1991, que investigou a existência de pessoas portadoras
de cegueira, surdez, paralisia, falta de membros ou parte deles e deficiência mental,
em uma amostra com aproximadamente 10% dos domicílios do país. Apuradas as
respostas, a parcela de pessoas portadoras de deficiência foi calculada em 1,5% da
população brasileira, bem inferior, portanto, às estimativas dos organismos
internacionais de saúde.

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De qualquer forma, o atendimento nos estabelecimentos escolares mostra-se
muito inferior ao necessário. Em 1999, havia cerca de 311 mil alunos matriculados,
distribuídos da seguinte forma: 53,8% deficientes mentais; 12,6% com deficiências
múltiplas; 12,6% com deficiência auditiva; 4,9% com deficiência física; 4,6% com
deficiência visual; 2,7% com problemas de condutas típicas. Apenas 0,4% com altas
habilidades/superdotados e 8,5% com outro tipo de deficiência.

7 O MOVIMENTO INCLUSIVO

Assim como o movimento inclusivo exige mudanças estruturais para as escolas


comuns e especiais, ele também propõe que haja uma articulação entre os diferentes
profissionais envolvidos neste processo.
O diálogo entre diversos profissionais é necessário para o aprofundamento e
melhor desempenho, seja do aluno, do professor ou do especialista.
No entanto, o diálogo só acontece quando as partes que se respeitam
mutuamente e não assumem uma posição de superioridade de conhecimento e de
dominação sobre o outro.
Desta forma, para que cada espaço se organize e cumpra com o que se propõe,
sem ocupar ou se sobrepor ao trabalho do outro, faz-se necessário destacar:
• Escola (sala comum): Espaço educacional responsável pela saída da
vida particular e Familiar para o domínio público tem função social
reguladora e formativa para os alunos. A escola cabe ensinar a
compartilhar o saber, introduzir o aluno no mundo social, cultural e
cientifico, ou seja, cabe a escola socializar o saber universal.

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Fonte: tatianebaptista.blogspot.com.br

• Atendimento Educacional Especializado: Tem por objetivo ampliar o


ponto de partida e de chegada do aluno em relação ao seu
conhecimento. Não se atém a solucionar os obstáculos da
deficiência, mas criar outras formas de interação, de acessar o
conhecimento particular e pessoal. É de caráter educacional, mas ao
contrário da escola que trabalha o saber universal, o AEE trabalha
com o saber particular do aluno, aquilo que traz de casa, de suas
convicções visando propiciar uma relação com o saber diferente do
que possui ampliar sua autonomia pessoal, garantir outras formas de
acesso ao conhecimento (como por exemplo, através do BRAILLE,
LIBRAS, uso de tecnologia, uso de diferentes estratégias de
pensamento, etc.)
• Atendimento Clínico: Preocupam-se com os sintomas específicos, as
patologias apresentadas em cada área, que são trabalhados de
maneira a superar ou reabilitar o indivíduo nas manifestações que
ocorrem. Exemplo: o fonoaudiólogo trabalhará com a dificuldade de
linguagem expressiva ou receptiva, melhorando a condição da
pessoa neste aspecto, o fisioterapeuta buscará, por exemplo,
melhorar os movimentos perdidos, etc.

22
Sabemos que a pessoa é um ser indivisível, em que cada uma de suas partes
interage com a outra, influenciando e determinando a condição do seu funcionamento
e crescimento como pessoa.
Como exemplo, podemos citar o atendimento educacional especializado, que
na construção do conhecimento toca em questões subjetivas para o aluno, o que
fatalmente acarretará consequências no seu desenvolvimento global e
consequentemente na resposta ao atendimento clínico.
Se uma instituição especializada mantém o atendimento educacional e clínico,
esses especialistas devem interagir, embora cada um mantenha os limites de suas
especificidades.
E mesmo naquelas escolas especiais e comuns que não têm o propósito de
desenvolver o atendimento clínico, o diálogo com os especialistas é fundamental. E
que esta interação não se estabeleça para encerrar as possibilidades do aluno em um
diagnóstico que contempla apenas as deficiências, mas para descobrir saídas
conjuntas de atuação em cada caso.
Todos esses três saberes: o clínico, o escolar e o especializado devem fazer
suas diferentes ações convergir para um mesmo objetivo, o desenvolvimento das
pessoas com deficiência.
O atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para
os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo.
De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008:
Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de
ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto,
com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. § 1º Considera-se
atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma
complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. § 2o O
atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da
escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as
demais políticas públicas.

23
Fonte: www.celsoantunes.com.br

8 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza


recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas
atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC,
2009).
Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e
preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento
acontecer em uma escola próxima.
Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos
multifuncionais que é um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos,
equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades
educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário a estes alunos,
favorecendo seu acesso ao conhecimento. (MEC, 2007).
O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços
na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular.

24
Fonte: www.vilavelha.es.gov.br

Os professores destas salas devem atuar de forma colaborativa com o


professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que
favoreçam o acesso ao aluno ao currículo e a sua interação no grupo, entre outras
ações que promovam a educação inclusiva.
Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com
deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá
para a inclusão, evitando atos discriminatórios.
O objetivo do AEE é Complementar ou suplementar a formação do estudante
por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que
eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento
de sua aprendizagem.
É um serviço da Educação Especial. Ele não realiza aulas, mas atendimentos
planejados, orientados e avaliados por um professor de Educação Especial. O AEE
se difere do Apoio Pedagógico. Seus conteúdos são: Educação Cognitiva,
Comunicação Suplementar e/ou Alternativa, Língua Brasileira de Sinais/Libras, ensino
da Língua Portuguesa escrita aos alunos com perda auditiva, orientação e mobilidade,
Braille, diferentes Tecnologias Assistivas etc.
O Atendimento Educacional Especializado/AEE atua como um complemento
e/ou suplemento durante o processo de formação acadêmica de alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e

25
superdotação. Ele deve ser realizado nas Salas de Recursos Multifuncionais das
escolas comuns podendo também ser oferecido por instituições especializadas.
Seu objetivo é criar condições para que o aluno acesse os conhecimentos,
conteúdos e informações que são compartilhados e produzidos nas salas do ensino
comum. Ao AEE não cabe o ensino de conteúdos escolares.
Um aluno com deficiência pode se beneficiar das atividades realizadas nos
Grupos de Apoio Pedagógico de uma escola e do Atendimento Educacional
Especializado/AEE. Os serviços que a ele serão oferecidos devem ser definidos
durante a realização de um estudo de caso.
O mais importante é que não criemos espaços separados apenas para pessoas
com deficiência, a fim de que conteúdos escolares sejam ensinados.
Tampouco descaracterizemos o Atendimento Educacional Especializado/AEE
ministrando aulas e trabalhando com conteúdos de Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências e outras disciplinas curriculares.
Gestores, professores, familiares e diferentes profissionais devem conhecer os
propósitos do AEE para que possam identificá-los e adequá-los sempre que
necessário.

8.1 Como trabalhar em parceria com o AEE?

Para fazer a inclusão de alunos com deficiência, conte com um parceiro


importante: o educador responsável pelo atendimento educacional especializado
(AEE)
Os alunos com deficiência têm muito a ganhar com a parceria entre professor
da sala regular e o docente responsável pelo atendimento educacional especializado
(AEE). Este profissional trabalha nas salas de recurso, ambientes adaptados para
receber estudantes com uma ou mais deficiências durante o contra turno.
O objetivo do AEE é preparar os alunos para desenvolver habilidades e utilizar
instrumentos de apoio que facilitem seu desenvolvimento.

26
Fonte: 3.bp.blogspot.com/

Por exemplo: crianças surdas estudam o alfabeto em Libras com o professor


do atendimento educacional especializado para aproveitar melhor o intérprete em
sala; cegos aprendem o braile; deficientes intelectuais usam jogos pedagógicos
complementares ao aprendizado; quem tem paralisia cerebral descobre como usar
pranchetas com figuras para se comunicar etc.
O AEE não pode ser confundido com aulas de reforço ou recuperação paralela.
Ele serve para ajudar o aluno a adquirir habilidades que são essenciais para garantir
o bom desempenho nas aulas regulares.
Para firmar uma boa parceria com o profissional do AEE é preciso fazer um
planejamento conjunto para cada aluno, discriminando quais as atividades serão
desenvolvidas e o tempo estimado.
A partir deste momento, e ao longo de todo o ano letivo, o contato entre os
educadores é permanente. Se você trabalha na sala regular e percebe que há pouca
ou nenhuma evolução, deve informar quem está na sala de recursos, para que o plano
seja modificado. Outra atitude fundamental é transmitir o conteúdo das aulas regulares
com antecedência.
Se a sua escola não possui uma sala de recursos, converse com a coordenação
e a direção. A solicitação deve ser feita via Secretaria de Educação ao Ministério da
Educação, que mantém o Programa de Implantação de Salas de Recursos
Multifuncionais.

27
8.2 Institucionalização do AEE no Projeto Político Pedagógico

Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, art. 10º, o Projeto Político


Pedagógico - PPP da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE,
prevendo na sua organização:
I - Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais
didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
II - Matrícula no AEE de estudantes matriculados no ensino regular da própria
escola ou de outra escola;
III - Cronograma de atendimento aos estudantes;
IV - Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas
dos estudantes, definição dos recursos necessários e das atividades a serem
desenvolvidas;
V - Professores para o exercício do AEE;
VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira
de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente nas atividades
de alimentação, higiene e locomoção;
VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do
desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre
outros que maximizem o AEE.
Para fins de planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e
estratégias pedagógicas e de acessibilidade, utilizadas no processo de escolarização,
a escola institui a oferta do atendimento educacional especializado, contemplando na
elaboração do PPP (Anexo I), aspectos do seu funcionamento, tais como:
• Carga horária para os estudantes do AEE, individual ou em pequenos
grupos, de acordo com as necessidades educacionais específicas;
• Espaço físico com condições de acessibilidade e materiais
pedagógicos para as atividades do AEE;

28
Fonte: 1.bp.blogspot.com

• Professores com formação para atuação nas salas de recursos


multifuncionais;
• Profissionais de apoio às atividades da vida diária e para a
acessibilidade nas comunicações e informações, quando necessário;
• Articulação entre os professores da educação especial e do ensino
regular e a formação continuada de toda a equipe escolar;
• Participação das famílias e interface com os demais serviços públicos
de saúde, assistência, entre outros necessários;
• Oferta de vagas no AEE para estudantes matriculados no ensino
regular da própria escola e de outras escolas da rede pública,
conforme demanda;
• Registro anual no Censo Escolar MEC/INEP das matrículas no AEE.

8.3 Professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE

Conforme Resolução CNE/CEB n.4/2009, art. 12, para atuar no atendimento


educacional especializado, o professor deve ter formação inicial que o habilite para
exercício da docência e formação continuada na educação especial.
O professor do AEE tem como função realizar esse atendimento de forma
complementar ou suplementar à escolarização, considerando as habilidades e as

29
necessidades educacionais específicas dos estudantes público alvo da educação
especial.
As atribuições do professor de AEE contemplam:
• Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do estudante;
• Definição do cronograma e das atividades do atendimento do
estudante;
• Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção
de recursos acessíveis;
• Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais
como: Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa
para alunos surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa
e Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades
mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular;
• Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de
tecnologia assistiva na sala de aula comum e demais ambientes
escolares;
• Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes
etapas e modalidades de ensino;
• Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre a
aplicabilidade e funcionalidade dos recursos utilizados pelo
estudante;
• Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras.

8.4 Estudantes Público Alvo do AEE

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva tem como objetivos, a oferta do atendimento educacional especializado, a
formação dos professores, a participação da família e da comunidade e a articulação
intersetorial das políticas públicas, para a garantia do acesso dos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, no ensino regular.
Os estudantes público-alvo do AEE são definidos da seguinte forma:

30
Fonte: www.cidade24.com.br

• Estudantes com deficiência - aqueles que têm impedimentos de


longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem ter obstruída sua
participação plena e efetiva na escola e na sociedade;
• Estudantes com transtornos globais do desenvolvimento - aqueles
que apresentam quadro de alterações no desenvolvimento
neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na
comunicação e/ou estereotipias motoras. Fazem parte dessa
definição estudantes com autismo infantil, síndrome de Asperger,
síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância;
• Estudantes com altas habilidades ou superdotação - aqueles que
apresentam potencial elevado e grande envolvimento com as áreas
do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade.

8.5 Objetivos e Ações do Programa Implantação de Salas de Recursos


Multifuncionais

O Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, instituído pelo


MEC/SECADI por meio da Portaria Ministerial nº 13/2007, integra o Plano de

31
Desenvolvimento da Educação – PDE e o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência – Viver sem Limite.
No contexto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva, o Programa objetiva:
• Apoiar a organização da educação especial na perspectiva da
educação inclusiva;
• Assegurar o pleno acesso dos estudantes público alvo da educação
especial no ensino regular em igualdade de condições com os
demais estudantes;
• Disponibilizar recursos pedagógicos e de acessibilidade às escolas
regulares da rede pública de ensino;
• Promover o desenvolvimento profissional e a participação da
comunidade escolar. Para atingir tais objetivos, o MEC/SECADI
realiza as seguintes ações:
• Aquisição dos recursos que compõem as salas;
• Informação sobre a disponibilização das salas e critérios adotados;
• Monitoramento da entrega e instalação dos itens às escolas;
• Orientação aos sistemas de ensino para a organização e oferta do
AEE;
• Cadastro das escolas com sala de recursos multifuncionais
implantadas;
• Promoção da formação continuada de professores para atuação no
AEE;
• Publicação dos termos de Doação;
• Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas pelo
Programa;
• Apoio financeiro, por meio do PDDE Escola Acessível, para
adequação arquitetônica, tendo em vista a promoção de
acessibilidade nas escolas, com salas implantadas.

32
8.6 Critérios para a Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais

Aos gestores dos sistemas de ensino cabe definir quanto à implantação das
salas de recursos multifuncionais, o planejamento da oferta do AEE e a indicação das
escolas a serem contempladas, conforme as demandas da rede, atendendo os
seguintes critérios do Programa:

Fonte: agencia.sorocaba.sp.gov.br

• A secretaria de educação a qual se vincula a escola deve ter


elaborado o Plano de Ações Articuladas – PAR, registrando as
demandas do sistema de ensino com base no diagnóstico da
realidade educacional;
• A escola indicada deve ser da rede pública de ensino regular,
conforme registro no Censo Escolar MEC/INEP (escola comum);
• A escola indicada deve ter matrícula de estudante(s) público alvo da
educação especial em classe comum, registrada(s) no Censo
Escolar MEC/INEP;
• A escola de ensino regular deve ter matrícula de estudante(s) cego(s)
em classe comum, registrada(s) no Censo Escolar MEC/INEP, para
receber equipamentos específicos para atendimento educacional
especializado a tais estudantes;

33
• A escola deve disponibilizar espaço físico para a instalação dos
equipamentos e mobiliários e o sistema de ensino deve disponibilizar
professor para atuação no AEE.

8.7 Adesão, Cadastro e Indicação das Escolas

A Secretaria de Educação efetua a adesão, o cadastro e a indicação das


escolas a serem contempladas pelo Programa, por meio do Sistema de Gestão
Tecnológica do Ministério da Educação – SIGETEC, conforme orientações disponíveis
no Anexo II.
Ao aderir ao Programa, as secretarias de educação devem:
• Informar às escolas sobre a adesão ao Programa Implantação de
Salas de Recursos Multifuncionais;
• Monitorar a entrega e instalação dos recursos nas escolas;
• Orientar as escolas, quanto à implantação das salas de recursos
multifuncionais e à institucionalização da oferta do AEE no PPP;
• Acompanhar a organização e oferta do atendimento educacional
especializado pela 11 escola;
• Validar as informações de matrícula dos estudantes público alvo da
educação especial, junto ao Censo Escolar MEC/INEP;
• Promover a assistência técnica, a manutenção e a segurança dos
recursos disponibilizados;
• Apoiar a participação dos professores nos cursos de formação
continuada para o AEE;
• Regularizar o patrimônio, após a publicação do termo de Doação pelo
MEC/SECADI.

8.8 Funcionamento das Salas de Recursos Multifuncionais

As salas de recursos multifuncionais devem manter seu efetivo funcionamento,


com oferta do atendimento educacional especializado – AEE, aos estudantes público
alvo da educação especial, matriculados em classes comuns do ensino regular,
devidamente registrados no Censo Escolar MEC/INEP.

34
Com base nos dados do Censo Escolar, o MEC/SECADI faz o planejamento
de expansão do Programa, bem como de novas ações a serem disponibilizadas às
escolas com salas de recursos multifuncionais, em efetivo funcionamento, tais como:
• Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas em
escolas, que continuam apresentando matrículas de estudantes
público alvo da educação especial;

Fonte: oregionalpr.com.br

• Apoio Complementar do Programa Escola Acessível e do Programa


de Formação Continuada de Professores na Educação Especial.
• Visita Técnica para verificação do funcionamento da sala de recursos
multifuncionais, realizada por técnico do MEC/SECADI.
• Informativos: encaminhamento da Revista Inclusão e outras
publicações pedagógicas do MEC/SECADI.
• As informações sobre o funcionamento das salas de recursos
multifuncionais e suas respectivas escolas são imprescindíveis para
fins da efetivação dos procedimentos de doação dos recursos, para
o recebimento de outras ações de apoio complementar às escolas
contempladas pelo Programa, bem como para a realização dos
procedimentos de avaliação.
• Essas informações devem ser enviadas ao MEC/SECADI, por meio
de ofício do Secretário de Educação, comunicando sobre:

35
• Mudança de endereço ou de denominação da escola, informando os
dados novos;
• Troca da sala para outra escola da rede de ensino, devidamente
justificada e de acordo com os critérios do Programa;
• Destruição dos recursos por calamidade pública, com documento
declaratório e relação dos itens danificados em anexo;
• Eventual furto de algum de seus itens, com Boletim de Ocorrência
(BO) em anexo.
• Todas as salas de recursos multifuncionais deverão manter
atualizado seu registro de funcionamento no Censo Escolar, bem
como preencher formulários enviados pelo MEC/SECADI para
atualização de cadastro, que se faz necessário para:
• Envio de materiais pedagógicos para formação continuada dos
professores do AEE e demais correspondências do Programa;
• Informações relativas à realização de cursos de formação docente;
• Estabelecimento de redes de colaboração entre professores e
escolas com salas de recursos multifuncionais;
• Acompanhamento e avaliação do Programa;
• Recebimento de itens relativos à atualização das salas;
• Participação em programas e ações de apoio complementar.
• Outras informações sobre o Programa Implantação de Salas de
Recursos Multifuncionais poderão ser obtidas pelo e-mail
srm@mec.gov.br.

BIBLIOGRAFIA

________. Notas sobre a evolução dos serviços de educação especial no


Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial. V. 01, 1992. p. 101-107.
BRASIL, Presidência da República. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº
5.692, de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da união, 11 de agosto de 1971.
CARVALHO, R. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA,
1997.
CARVALHO, R. E. Temas em educação especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998.

36
CORREIA, Luís de Miranda. Alunos com Necessidades Educativas Especiais
nas classes regulares: Porto Editora, 1997.
CUNHA, B. Classes de Educação Especial para Deficiente Mental? São Paulo:
IPUSP, 1989. (Dissertação de Mestrado).
EDLER-CARVALHO, R. Avaliação e atendimento em educação especial.
Temas em educação especial. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, v.
02, 1993, p. 65-74.
FERREIRA, J. R. A construção escolar da deficiência mental. Tese de
Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP, 1989.
JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil.
Campinas/SP: Editores Associados, 1992.
KIRK, S. A.; GALLAGHER, J. J. Education exceptional children. Boston:
Houghton Miffin Company, 1979.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas.
São Paulo: Cortez, 1996.
MENDES, E. G. Deficiência mental: a construção científica de um conceito e a
realidade educacional. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Paulo,
1995.
PEREIRA, O. et al. Educação especial: atuais desafios. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1994.
SASSAKI R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de
Janeiro: WVA, 1997.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais. As transformações na Política
da Pedagogia e na Pedagogia da Política. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

9 ARTIGO PARA REFLEXÃO

DISPONÍVEL EM: http://elianepedagogia2012.blogspot.com.br/


AUTORA: CAMILA MARTINS VIANA SOARES
DATA DE ACESSO: 10/05/2016

37
10 A CRIANÇA PORTADORA DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E
A SUA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR

CAMILA MARTINS VIANA SOARES

11 RESUMO

Este trabalho aborda o tema portadores de necessidades educacionais


especiais e como a escola regular está recebendo estes alunos. Organizou-se o
trabalho de modo a fornecer subsídios para que os professores possam compreender
quanto é importante considerar a individualidade do educando, atendendo às suas
necessidades. A educação é um direito de todos, mas sabe-se que ainda são muitas
as pessoas que não têm acesso à escola por apresentar alguma deficiência e, muitas
vezes por imposição da própria família, ficam segregadas, fora do âmbito escolar.
Muitas vezes espera-se que o aluno se adapte à escola, sem que a escola tenha
condições físicas de receber este aluno e oferecer-lhe condições de permanecer e
aprender na escola. Incluir é muito mais que receber apenas o aluno no espaço
escolar, é também favorecer o seu aprendizado, respeitá-lo como sujeito ímpar,
oferecer situações favoráveis à sua aprendizagem, sem deixar que, por apresentar
alguma necessidade educacional especial, o aluno deixe de desfrutar de todos os
momentos que propiciem o seu pleno desenvolvimento. Espera-se que o trabalho
forneça informações acerca do que é inclusão e de como a escola poderá se tornar
verdadeiramente inclusiva.
Palavras-chave: Inclusão. Educação. Família.

12 INTRODUÇÃO

Quando se fala em inclusão, há de se esperar que o termo aconteça de modo


a tornar a vida das pessoas cada vez mais com qualidade.O trabalho tem como tema:
Portadores de Necessidades Especiais e sua inclusão na escolar regular e, para tanto,
buscará trazer subsídios que auxiliem os educadores no atendimento aos alunos
portadores de necessidades educativas especiais. Sua relevância consiste no fato de
38
que, a partir das considerações aqui expostas, pode-se refletir acerca do que é a
inclusão e de como se deve incluir para que o portador de necessidades educativas
especiais tenha uma vida digna e com qualidade.
A criança que nasce com alguma deficiência ou que a adquire no decorrer da
sua vida tem no seu cotidiano uma série de dificuldades. São muitos obstáculos e
muitos desafios a serem alcançados. Não é apenas a deficiência apresentada que
torna o aprendizado, às vezes, difícil, mas também e, principalmente, a atitude da
sociedade em relação às suas dificuldades. Nesse sentido, sofre a criança, diante de
todos esses preconceitos e sofre a família, que geralmente não encontra muito apoio
nas instituições por onde passa.
Os objetivos do trabalho consistem em buscar subsídios para os educadores
que atuam com alunos portadores de necessidades especiais além de mostrar como,
de fato, a inclusão acontece no cotidiano brasileiro. Também e buscará apresentar as
principais maneiras de atuação dos professores diante de alunos portadores de
necessidades especiais.
O trabalho buscará responder aos seguintes questionamentos: como incluir um
aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular? As escolas
possuem estrutura física para atender a estes alunos? Através da inclusão os alunos
portadores de necessidades educativas especiais têm todo o desenvolvimento de que
necessitam? Que atendimentos e orientações são destinados aos pais desses
alunos?
A escola é uma instituição aberta a todos, é um direito de todos adentrar na
escola e nela permanecer, tendo a sua individualidade respeitada. Portanto, este
ambiente deverá estar preparado para atender a todos os alunos, independente das
suas dificuldades. O espaço escolar deve ser adequado para os portadores de
necessidades educativas especiais e nãos os estudantes que têm que adequar-se ao
espaço escolar.
O trabalho foi realizado através da pesquisa bibliográfica. Foram pesquisados
sites, revistas, livros e periódicos que tratam sobre a inclusão e sobre o atendimento
dentro das escolas aos portadores de necessidades educativas especiais. Em seguida
fez-se a seleção daqueles que são de interesse para o trabalho.

39
Dividiu-se o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo trata sobre a
inclusão do aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular,
ressaltando como estão estruturadas as escolas que recebem estes alunos.
A segunda parte do trabalho ressaltará a importância que é dada ao tema
inclusão dentro das instituições escolares, bem como ao que dizem as leis sobre o
tema em questão.A terceira e última parte do trabalho trata sobre a parceria que deve
ser estabelecida entre a escola e a família, ressaltando-se a importância do
atendimento que se destina à família do aluno portador de necessidades educativas
especiais.

13 CAPITULO 1 – A INCLUSÃO DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES


EDUCATIVAS ESPECIAIS

A inclusão Gonçalves (2005) cita que no Brasil há 24 milhões de pessoas que


apresentam algum tipo de deficiência e que isso deve ser tratado como uma questão
social de interesse de todos. Nos diversos períodos da história da humanidade, a
deficiência era vista de diferentes maneiras.
Na Idade Média, por exemplo, a deficiência era entendida como uma
degeneração humana, sendo que as pessoas portadoras de deficiência eram
abandonadas, mortas ou ficavam sujeitas a crenças ligadas ao sobrenatural. Havia,
nessa época, para aqueles que apresentavam deficiências a marginalização social, a
segregação, o asilamento e o prognóstico da incurabilidade. Era comum que muitos
portadores de necessidades educativas especiais sofrerem diversos tipos de
humilhação. Foi somente a partir do século XX que a sociedade passou a
compreender o conceito de diversidade, defendo o direito de singularidade de cada
indivíduo.
Segundo Cavalcante (2005) na maior parte das escolas brasileiras a inclusão
das crianças portadoras de necessidades educativas especiais não acontece da
maneira que deveria realmente acontecer. A referida autora cita que talvez por falta
de informação ou até mesmo pela omissão de muitos pais, dos educadores e do poder
público, muitas são as crianças que ainda vivem isoladas em instituições
especializadas, privadas de convier com as demais crianças em uma escola regular.
Pois, a partir da convivência das crianças portadoras de necessidades educativas

40
especiais dentro de uma escola regular, haverá muitas possibilidades de
desenvolverem plenamente as suas potencialidades, além de quê, as demais crianças
aprenderão a conviver com um colega que necessita de seu apoio e da sua
compreensão. Haverá nisso uma troca que favorecerá o aprendizado de todos. Como
cita:
O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço
genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o
diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver.
Por isso quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário.
(CAVALCANTE, 2005, p. 40)
Também Mantoan (2003) cita que as escolas de qualidade são espaços
educativos de construção de personalidades humanas autônomas e críticas. Segundo
a autora, nessas escolas os alunos aprendem a valorizar a diferença a partir da
convivência com seus pares. Nessas escolas as aulas são ministradas embasadas
em relações de afetividade. Uma escola que funciona dessa maneira estará aberta às
diferenças e os educadores são capazes de ensinar a turma toda sem discriminação.
0.2 Cuidados diferentes para cada deficiência
1- Quando a escola recebe um aluno portador de necessidades educativas
especiais, deve estar preparada para atender às suas necessidades. Algumas
orientações são norteadoras para que a atuação vá de encontro ao que cada sujeito
necessita.
Quando a escola recebe um aluno que apresente deficiência auditiva, se faz
necessário que na escola exista um professor ou um monitor que seja especializado
na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Pois para que a comunicação com a criança
aconteça é importante que o professor da sala e as demais crianças aprendam a
comunicar-se através da Língua Brasileira de Sinais.
No caso de alunos que utilizam aparelho auditivo, o professor da sala deverá
obter junto à família da criança o funcionamento e a potência do aparelho utilizado.
Para que o aprendizado aconteça mais sistematicamente, o professor também poderá
fazer uso de representações gráficas. Outro fator importante se refere à comunicação
direta com o aluno, pois todos devem falar sempre de frente para ele, o que facilita a
compreensão da situação comunicativa.

41
Quando o aluno atendido apresentar dificuldades visuais existem determinados
materiais que devem ser usados para que as situações de aprendizagem sejam
realmente significativas para ele: o uso de regletes (uma espécie de régua para
escrever em braile). Se faz importante que o professor saiba como se dá o uso desse
material, que seja capacitado para este fim. Algumas orientações que devem ser
passadas para o aluno no que diz respeito à locomoção, comunicação e
acessibilidade. É necessário, por exemplo, colocar cercados no chão, abaixo dos
extintores de incêndio e também deve ser instalado corrimões nas escadas, caso
existam escadas na escola. Também é importante que não se modifique a disposição
dos móveis e utensílios da sala, pois o aluno aprende a posição em que se encontram
e usa essa orientação para locomover-se na sala de aula.
Quando a escola recebe um aluno portador de deficiência física os espaços
das escolas devem ser adequados as suas necessidades e não o contrário. Não é o
aluno que deve adaptar-se à escola, mas sim a escola que deve ser adaptada para
atende às necessidades do educando. A adaptação do espaço físico deve conter:
rampas de acesso, barras de apoio e portas largas, móveis adequados para tender as
necessidades do aluno.
No caso de alunos que fazem uso de cadeiras de rodas, deve-se atentar para
que a posição seja mudada constantemente evitando desconforto e cansaço para o
aluno. Se faz importante questionar aos pais do aluno se existem posições adequadas
para ficar e o professor deve certificar no decorrer das aulas se esta posição está
correta.
Nos casos em que a escola recebe alunos portadores de deficiência mental
deve possuir uma equipe que possa realizar um acompanhamento individual e
contínuo. Sabe-se que, geralmente os deficientes mentais têm dificuldades para
operar ideias abstratas. O professor deverá receber todo o apoio dos profissionais
especializados para que possa oferecer ao aluno condições de aprendizagem
adequadas às suas necessidades, de modo que o mesmo tenha todas as suas
potencialidades desenvolvidas.
Existem algumas posturas que devem ser adotadas pelos educadores para
favorecer o aprendizado e crescimento do aluno, tais como: posicionar o aluno já nas
primeiras fileiras de modo que possa está a todo instante está sempre atento a ele;
estimular o aluno a desenvolver habilidades interpessoais e ensiná-lo a pedir

42
instruções e solicitar ajuda; trata-lo de acordo com a faixa etária, somente deverá
adaptar os conteúdos curriculares se receber orientações de uma equipe de apoio
multiprofissional; avalie a criança sempre com base no seu crescimento individual e
respeitando o que ela é capaz de fazer até aquele momento, sem jamais comparar o
seu desenvolvimento com o dos demais colegas da sala.
O professor deve estar atento às necessidades de cada aluno, para que a partir
dessa observação possa auxiliá-lo nas dificuldades que o mesmo apresenta. É
importante afirmar que nem sempre quando um aluno vai mal e toda a sala tem um
desenvolvimento satisfatório, esse aluno apresenta algum tipo de deficiência. Deve-
se considerar que, muitas vezes a forma como é ministrada a aula atinge
determinados alunos, mas não foi a forma correta para atender a necessidade de
aprendizagem de outro. Daí a importância do olhar sempre atento do professor.

14 CAPITULO 2 - A ESCOLA E A INCLUSÃO

Camargo (2005) define que para que todas as necessidades dos alunos
portadores de necessidades educativas especiais sejam verdadeiramente atendidas
se faz necessário que os professores e todos os outros profissionais saibam como
atuar de modo a atender estas necessidades. Não se pode falar de inclusão quando
dentro da instituição escolar a equipe não tem o devido preparo para atender aos
alunos. Muitas vezes é fundamental a atuação de uma equipe multidisciplinar.
Também Baptista e Rosa (2002) tratam sobre o tema inclusão, afirmando quão
importante é a integração da pessoa portadora de necessidades educativas especiais.
Os autores citam que na Itália, país em que há um alto índice de inclusão existem
alguns critérios nas escolas para que a inclusão seja realmente eficaz para o aluno.
Como citam os autores mencionados:
A limitação numérica de 20 alunos para as classes que possuem alunos com
necessidades educativas. A presença de, no máximo, dois alunos com necessidades
educativas especiais em uma sala. A presença de um professor de apoio para atuar
junto à classe, como suporte de todos os envolvidos (professor e alunos). (BAPTISTA
E BOSA, 2002, P. 131)

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Outra autora que trata sobre os portadores de necessidades educativas
especiais Maria Tereza Mantoan (2003) que diz ser a inclusão uma das melhores
maneiras para que as escolas revejam diversos fatores dentro do seu quadro.
O aluno portador de necessidades educativas especiais não pode ser tratado
como um sujeito que não tem habilidades a serem desenvolvidas. Deve-se acreditar
e investir no seu potencial.
A escola inclusiva oferece a todos as mesmas oportunidades. Mantoan (2005)
em entrevista concedida à Revista Pátio (2005, p. 24-26), quando questionada sobre
o que é inclusão diz que:
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio
de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva
acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física,
para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as
minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer
que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus ou até na sala de aula com
pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Cada aluno que a escola recebe deve ser visto dentro da sua singularidade,
independente das necessidades que este apresenta, ele é um ser único e que tem
direito à educação de qualidade. O espaço escolar deve ser organizado de modo a
tornar a educação acessível a todos os alunos. A LDB nº 9394/96 tem um capítulo
destinado à Educação Especial e, em seu artigo 58 diz que a Educação Especial é
uma modalidade destinada aos portadores de necessidades educativas especiais e
que deve ser ofertada, de preferência na escola regular e, se necessário, os serviços
especializados atuarão juntamente com a escolar regular em que o aluno está
matriculado.
Mesmo com as leis diversas que buscam assegurar aos portadores de
necessidades educativas especiais todos os seus direitos, é importante que cada
cidadão procure compreender o quanto é importante que a sociedade esteja pronta a
oferecer a todos boas condições de acesso e permanência na escola, no mercado de
trabalho e no meio social em geral.
2.1. Os direitos dos portadores de necessidades educativas especiais
Em dezembro de 1982 foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas
o Programa de Ação Mundial para pessoas com deficiência. A principal finalidade

44
desse programa é servir de base para todos os países interessados em lutar para
defender os direitos das pessoas portadores de deficiência, de forma que as mesmas
tenham os seus direitos garantidos.
Outro marco importante aconteceu em 1990, em Jomtien, na Tailândia, foi
aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para todos. Esta declaração serve
de referência para governos, organizações internacionais, ONGs e todos que estão
interessados e envolvidos na meta de Educação para todos.
No ano de 1994 foi elaborada pela Unesco e pelo governo da Espanha a
Declaração de Salamanca de Princípios, Política e Prática para as Necessidades
Educativas Especiais. Consta nessa declaração o princípio de integração e
preocupação em garantir escola para todos. Como se afirmar, a Declaração de
Salamanca:
Proporcionou uma oportunidade única de colocação da Educação Especial
dentro da estrutura de “Educação para todos” firmada em 1990. Ela promoveu uma
plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das
crianças com necessidades educativas especiais. (UNESCO, 1994, p. 15)
A Declaração de Salamanca cita ainda quão importante é que os governos
executem ações que acolham todas as crianças na escola, independentemente de
condições físicas, sociais, intelectuais, emocionais e linguísticas.
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os
alunos, provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a
mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas
práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação
das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as
pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e
privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um
de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação
especial e suas modalidades de exclusão.
O sucesso da inclusão de alunos portadores de necessidades especiais com
na escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos
significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas
pedagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso,

45
quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas
deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a
aprendizagem é concebida e avaliada.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser
assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a
educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se
de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos
modelos tradicionais de organização do sistema escolar.
É de suma importância que o aluno portador de alguma necessidade
educacional especial seja visto como um sujeito eficiente, capaz, produtivo e
principalmente um ser que tem aptidão para aprender a aprender. Esse aluno deve
receber todo o apoio para que se desenvolva em toda a sua potencialidade.
Todos têm direitos à educação, isso é um direito que é assegurado por lei e
que precisa ser cumprido para que se garanta a todos o seu pleno desenvolvimento e
o pleno exercício de sua cidadania. Independentemente de qualquer necessidade,
transtorno ou distúrbio que apresente todo e qualquer aluno merece ser tratado em
condições de igualdade com os demais, não se pode de forma alguma excluir o aluno
das situações vivenciadas na escola. O que se pode é criar condições que assegurem
a todos as melhores formas de aprender e de atender as suas necessidades.
Na luta por uma educação que respeite a individualidade de cada sujeito pode
entrar todo e qualquer cidadão que esteja comprometido com o crescimento e
desenvolvimento da sociedade.
A LDB 9394/96 em seu artigo 59 prescreve que é de responsabilidade dos
sistemas de ensino assegurar aos educandos com necessidades especiais a sua
efetiva integração na vida no meio social, inclusive criando condições de inserção no
mercado de trabalho para aqueles que possuem condições de exercer uma profissão.
Mesmo tendo garantido por lei o seu acesso e permanência na escola, sabe-
se que o aluno portador de necessidades educativas especiais ainda não tem todos
os seus direitos garantidos, uma vez que, a Educação Especial ainda é mal
interpretada e questionada. O que pode ser considerado como favorável é que, cada
vez mais cresce o reconhecimento por parte da sociedade e dos responsáveis pelas
políticas públicas a necessidade de atender a todos, sem discriminação.

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O que faz uma escola ser realmente inclusiva, inclui, acima de tudo, o seu
projeto pedagógico. Pois de acordo com MANTOAN (2005) quando se trata de
inclusão é importante considerar que não se trata apenas de se colocar dentro da
escola rampas e banheiros adaptados, mas sim uma a modificação nas práticas
pedagógicas, com atividades e programas diversificados afim de atender as
potencialidades de cada sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem.
Todos têm o direito a aprender e isso deve ser visto dentro da capacidade que cada
sujeito apresenta, cada um têm as suas condições e isso deve sempre ser levado em
consideração pela equipe escolar.
Ao educador que atua com alunos que apresentam alguma deficiência é de
responsabilidade está sempre atento às reais necessidades e dificuldades que o
educando apresenta. Em determinados momentos se faz importante que o aluno
receba um cuidado mais individualizado, uma atenção maior para que as suas
potencialidades sejam desenvolvidas plenamente. O aluno tem capacidade de
aprender, mas é de suma importância que o professor saiba como organizar as
atividades de forma que o aluno possa desenvolvê-las. Deve-se sempre respeitar o
ritmo de aprendizado de cada um. Isso vale para qualquer sujeito aprendiz, seja ele
um aluno com deficiência ou não.

15 CAPÍTULO III- PARCERIA ESCOLA E FAMILIA DO ALUNO PORTADOR DE


NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS.

3.1 A família

Sabe-se que para a família do aluno portador de necessidades educativas


especiais não é tarefa fácil lidar com todas as adversidades encontradas na
sociedade, pois elas vão desde barreiras reais até aquelas que existem baseadas nos
preconceitos que ainda existe na sociedade. Como cita Wise (2003):
O entendimento de que um bebê é diferente, e de que pode apresentar uma
variedade de limitações é o começo de uma longa e dura luta para garantir o melhor
para tal criança. Alguns pais sabem, desde o nascimento, que seu filho terá problemas
duradouros. Se o diagnóstico é óbvio, eles receberão a notícia logo após a criança
nascer. Esse é um momento crítico, e a maneira como eles recebem o diagnóstico

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pode ter um efeito duradouro sobre a atitude e as respostas dos pais para com as
dificuldades de seu filho. Os pais lembram para sempre a forma como a notícia foi
dada, do quão apoiadores os profissionais foram e que mensagens subjacente foi
transmitida. (WISE, 2002, p. 17)
Se faz importante que no contato com os pais, os professores e a coordenação
da escola questionem que tipo de ajuda o aluno necessita, qual o tipo de medicamento
faz uso, que horários são determinados para ir ao banheiro, por exemplo, se tem crise
e quais procedimentos devem ser adotados.
Para incluir verdadeiramente os portadores de necessidades educativas
especiais, a escola necessita contar com a participação da família do mesmo. A família
tem um significado de grande importância, principalmente no que se refere ao lado
emocional do aluno. É a partir do convívio familiar que se estabelecem as relações
sociais, é a família a primeira instituição social que o sujeito está inserido. Por isso, a
importância de que a escola a todo instante tenha a família como parceira.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) utilizaram como base o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) e determinaram que existem princípios que
servem de orientação para a educação escolar. Seguem as ideias centrais que regem
esses princípios, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Dignidade da pessoa humana - Implica respeito aos direitos humanos, repúdio
à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo
nas relações interpessoais, públicas e privadas.
Igualdade de direitos - Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma
dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há que se considerar
o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais, regionais,
de gênero, etárias, religiosas, etc) e desigualdades (socioeconômicas) que
necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada.
Participação - Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto
é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação
popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade
homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc...
Corresponsabilidade pela vida social - Implica partilhar com os poderes
públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos

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destinos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e
a ampliação da democracia no Brasil.
Se faz importante que a integração da pessoa portadora de necessidades
educativas especiais também abarque a família, ela deve estar inserida nesse
processo para que a aceitação e a adaptação aconteçam de modo a fazer com que o
pleno desenvolvimento do sujeito aconteça. A todo o momento o mais importante é o
bem-estar do portador de necessidades educativas especiais, a sua melhor qualidade
de vida e o atendimento às suas reais necessidades.

16 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é um espaço ao qual todos têm direito ao acesso, porém é de suma


importância que aqueles que nela ingressam tenham todas as suas necessidades
verdadeiramente atendidas. Os alunos portadores de necessidades educativas
especiais não são diferentes dos demais ditos “normais”, pois, cada sujeito apresenta
a sua singularidade e a escola como instituição que atende a todos deve levar essa
singularidade em conta em cada sujeito que atende.
Sabe-se que ainda existe muito preconceito contra os portadores de
necessidades educativas especiais, porém, também já foram quebradas muitas
barreiras. Prova disso é o maior acesso destes à escola regular. E não apenas o
acesso, mas o acompanhamento, o desenvolvimento que muitos têm conseguido
atingir.
A sociedade, a família e as instituições têm buscado juntas soluções e
encaminhamentos para fazer com que todos os portadores de necessidades
educativas especiais possam desenvolver todas as suas potencialidades. Não tem
sido tarefa fácil, porém, há a cada dia melhores resultados. Isso mostra que quando
todos se unem em prol de uma boa causa não há como não atingir os objetivos
almejados. O melhor de tudo é observar que a inclusão dos alunos nas escolas
regulares tem sido feita de modo a fazer com que sua qualidade de vida melhore, que
ele se sinta parte de um grupo e que, neste grupo ninguém é exatamente igual. Cada
sujeito que faz parte dele é diferente, aprende de uma forma diferente e deve ser
tratado de acordo com as suas peculiaridades.

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Ainda há muito para fazer, mas a bandeira da inclusão já foi levantada e tem
conseguido fazer a luta valer a pena. Com isso ganham a sociedade, a escola, a
família e os portadores de necessidades educativas especiais.

17 BIBLIOGRÁFIA

BAPTISTA, Cláudio Roberto e ROSA, Cleonice (org.). Reflexões e projetos de


intervenção. Porto Alegre. Artmed, 2002.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº9.394/96, de
20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades
educativas especiais. 2. ed. Brasília: CORDE, 1997.
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Apresentação dos temas transversais e Ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CAMARGO, Jr. Walter. Transtornos invasivos do desenvolvimento: 3º milênio.
Secretaria Especial dos direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência, Brasília, 2005.
CAVALCANTE, Meire. A escola que é de todas as crianças. IN: Revista Nova
Escola. São Paulo: Fundação Victor Civita,nº 183, 2005. p.40-45.
GUIMARÃES, Arthur. Inclusão que funciona. IN: Revista Nova Escola. São
Paulo: Fundação Victor Civita, 2003. p.43-47.
MANTOAN , Maria Teresa Eglér. Ensinando a turma toda, Revista pátio, ano v,
nº 20, fevereiro/abril 2005.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como
fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
WISE, Liz. Trabalhando com Hannah: uma criança especial em uma escola
comum. Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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