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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE PEDAGOGIA

GLEICIANE CASTRO DA SILVA

ADAPTAÇÕES CURRICULARES INCLUSIVAS

CABO FRIO
2020
GLEICIANE CASTRO DA SILVA

ADAPTAÇÕES CURRICULARES INCLUSIVAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Curso de Pedagogia da Universidade
Estácio de Sá como requisito parcial para
obtenção do grau Licenciado Pleno em
Pedagogia.

Orientadora: Profa.: Andréa do Nascimento Sant’Anna

CABO FRIO
2020
Aos meus pais, que sempre
acreditaram nos meus sonhos. São
minha inspiração.
AGRADECIMENTOS

A Deus, toda honra e toda glória, pois Ele me sustentou do inicio ao fim, me
dando força e garra para completar este curso, e não só nesse momento, mas em
toda minha vida e minha caminhada, pois é guiada por Ele.
Aos meus familiares, principalmente meus pais, que são meus maiores
incentivadores, e me dão forças para prosseguir e não me deixaram desistir, estão
sempre ao meu lado e compreendem minhas lutas e se alegram com minhas
vitórias.
Finalmente, a todos que me ajudaram direta ou indiretamente, para que eu
pudesse realizar minha tão sonhada graduação.
Ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção.
Paulo Freire
RESUMO

Este trabalho analisa a forma como são utilizadas as adaptações curriculares


na educação pública regular. Através de documentos legais que embasam as
adaptações curriculares inclusivas praticadas em sala de aula, quais meios são
necessários para que ocorram efetivamente as adaptações curriculares inclusivas
para esse aluno com necessidades educativas especiais a fim de incluí-lo de forma
igualitária sem restrições de atividades ou de segregação em sala de aula. A
formação continuada também é abordada como forma de capacitação necessária
para que o professor tenha uma base teórica para realizar as adaptações
necessárias para o aluno com necessidades educativas especiais, incluindo: a
abordagem da sala de recursos como forma de oferecer um suporte tanto para o
aluno, quanto para os professores de classe comum, acompanhando o
desenvolvimento e a adaptação deste aluno na rede regular de ensino, fazendo
articulação com a equipe pedagógica para uma educação igualitária que é um direito
do aluno.

Palavras-chave: Educação especial; adaptações curriculares; formação continuada.


ABSTRACT
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 10

2. CAPITULO I - INCLUSÃO.................................................................................12
1.1 Educação inclusiva ......................................................................................12
1.2 Inclusão e práticas
pedagógicas...................................................................16
1.3 Atendimento educacional
especializado.......................................................18
1.4 Capacitação dos profissionais da
educação.................................................23

3. CAPITULO II – ADAPTAÇOES CURRICULARES ...........................................27


2.1 Adaptações curriculares inclusivas...........................................................27
2.2 O papel do professor educação inclusiva..................................................29
2.3 Educação inclusiva e currículo .................................................................33

4. CAPITULO III - PESSOA COM DEFICIÊNCIA.........................................................36


3.1 Pessoa com deficiência intelectual............................................................36
3.2 Pessoa com deficiência visual...................................................................37
3.3 Pessoa com deficiência auditiva................................................................39

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................42
7. REFERÊNCIAS...................................................................................................43
INTRODUÇÃO

A presente pesquisa é uma reflexão sobre as adaptações curriculares


necessárias no que tange a educação inclusiva, um desafio atual para o
docente em sala de aula, tanto no aspecto sócio afetivo, quanto nos avanços
pedagógicos disciplinares. O papel do professor para adaptar os conteúdos às
necessidades do aluno se torna um desafio, devido à pouca promoção de
formação docente pelo poder público.
As políticas públicas para a formação continuada do professor da rede
pública de ensino, não acontecem de maneira a acompanhar os avanços das
leis para inclusão do aluno com necessidades educativas especiais.
Desde a Declaração de Salamanca (UNESCO,1994), passou-se a
defender que as crianças com necessidades educativas especiais pudessem
ser incluídas às classes regulares, partindo do pressuposto que receberiam
atendimento pedagógico-didático que lhes envolvessem e aprendessem
independente da necessidade do aluno. Abrindo as portas das escolas para
que os alunos com necessidades especiais pudessem ter acesso ao
conhecimento oferecido aos alunos de classe comum, sendo um desafio para o
professor ao receber este aluno com suas características e necessidades
singulares de aprendizagem o que reforça a necessidade de capacitação dos
profissionais de educação na busca de oferecer aos alunos com necessidades
especiais uma educação voltada a incluir adequando os conteúdos as
especificidades do aluno.
O presente artigo tem como objetivo analisar bibliograficamente os
aspectos da adaptação do currículo para inclusão do aluno com necessidades
educativas especiais em escola regular em suas necessidades de
aprendizagem.
O texto se organizará em três capítulos subdivididos em temas o
primeiro explicará sobre inclusão fazendo um apanhado de como a educação
especial se fundiu na escola de classe comum para uma nova concepção de
educação inclusiva, o segundo a necessidade de capacitação dos profissionais
da educação para a inclusão de pessoas com necessidades especiais na rede
regular de ensino e as barreiras para inclusão, o terceiro tópico abordará as
adaptações curriculares e por último tema abordado a um apanhado de cada
deficiência para o esclarecimento sobre as especificidades das pessoas com
deficiência.
CAPITULO I - INCLUSÃO

Neste primeiro capítulo tão importante para a pesquisa pode-se


compreender através da pesquisa bibliográfica em que se baseou o trabalho e
inicia a reflexão da pesquisa que insere em uma análise sobre a abordagem do
tema tão presente no cotidiano escolar, devido à mudança na concepção de
educação inclusiva onde o termo inclusão ganha vida para oferecer ao aluno
com necessidades especiais além de direito garantido por lei, acolhe o aluno
adequando as suas necessidades a escola, uma tomada de decisão que deve
ser pensada e discutida com toda comunidade escolar para que o aluno possa
desenvolver suas potencialidades e habilidades tornando a instituição escolar
um ambiente de interação e conhecimento.
Inclusão pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das
diferenças humanas, contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais,
culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos.
Implica a transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na
escola e nos sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação e
a aprendizagem de todos, sem exceção.

1.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva leva-nos a pensar na seguinte pergunta: o que é


incluir? Esse questionamento do que essa palavra abrange no sentido de
proporcionar uma educação de qualidade para os alunos com deficiência.

Educação Inclusiva significa provisão de oportunidades equitativas a


todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas,
para que eles recebam serviços eficazes, com os necessários
serviços suplementares de auxílios e apoios, em classes adequadas
à idade, em escolas da vizinhança, a fim de prepara-los para uma
vida produtiva com o membros plenos da sociedade. (Centro Nacional
de Reestruturação e Inclusão Educacional, 1994 apud Sassaki,1999)

A definição que o autor oferece a inclusão engloba mais que matricular o


aluno com necessidades educativas especiais em uma escola de classe
regular. Oportunizar ao aluno uma educação de qualidade é o desafio que
enfrentam todos os dias os professores que recebem o aluno com
necessidades especiais, devido à falta desses serviços suplementares, apesar
de todas as dificuldades houve um grande avanço ao longo dos anos de
segregação em que as pessoas com necessidades especiais viveram a partir
das mudanças de conceitos da sociedade e governamentais.
A Declaração de Salamanca foi o começo da mudança um movimento
pela inclusão na Educação no final do século XX (UNESCO, 1994), passou-se
a defender mundialmente que as crianças com necessidades educacionais
especiais pudessem ser incluídas em classes regulares, partindo da premissa
que receberiam um atendimento pedagógico didático que lhes desenvolvessem
e aprendessem independente da necessidade do aluno.

Princípio fundamental da escola inclusiva é o que todas as crianças


devem aprender juntas, sempre que possível independente de
qualquer dificuldade ou diferenças que elas possam ter escolas
inclusivas deve reconhecer e responder às necessidades diversas de
seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de
aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos
através de um currículo apropriado, arranjo organizacional,
estratégias de ensino, usa de recurso e parceria com as comunidades
(UNESCO, 1994, p.5).

Uma vitória mundial para os milhões de alunos com necessidades


educativas especiais que viviam segregados em suas casas ou que tinham
como educação escolas especiais com pouquíssimas vagas muito longe de
suas residências, tornando a escola um bem inalcançável ou para alunos mais
abastados.
No Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em seu art. 59 define:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,


transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação. I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos
e organização específicos, para atender as suas necessidades
(BRASIL,1996).

A LBD 9394/96 especifica a importância de adquirirem o currículo, os


métodos, as técnicas e os recursos educativos para atender às necessidades
dos alunos com deficiência transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidade sou superdotação. O termo adaptação ou flexibilização curricular
não é citado, então a forma de incluir “atender” este aluno com o currículo
voltado para uma educação regular?
A política pública de educação proporciona o acesso do educando as
classes comuns do ensino regular, entretanto o que parece é que o aluno
incluso se adaptará a escola, ao currículo do aluno, acompanhando e
desenvolvendo as mesmas atividades curriculares e no mesmo ritmo de
aprendizagem dos outros alunos considerados normais. A lei não menciona
nenhuma mudança curricular, dessa forma compreende-se que neste contexto,
o ritmo de aprendizagem dos alunos ditos normais foi estabelecido como
norma para estar na escola regular, o que não quer dizer que o aluno com
necessidades educativas especiais não aprenda.
Segundo Vygotsky, (1989 p, 3) “A criança cujo desenvolvimento se há
complicado por um defeito, não é simplesmente menos desenvolvido que seus
coetâneos normais, é uma criança desenvolvida de outra forma.” O autor
reafirma a necessidade de igualdade de direitos quando evidencia a
capacidade de um aluno com necessidades educacionais especiais se
desenvolverem comparado as crianças não deficientes, possibilitando a
educação e a sociedade refletirem sobre a aprendizagem abranger a todas as
crianças “alunos” sem qualquer distinção.

No momento em que nós enquanto cidadãos entendermos que


somente através da educação as possibilidades de inclusão das
pessoas com necessidades podem se concretizar, a sociedade abrirá
de forma natural os espaços a quem tem alguma limitação física ou
psicológica, modificando suas estruturas e serviços oferecidos,
tornando-se a cada dia um lugar onde as pessoas de todos os tipos e
inteligências possam sentir-se a vontade para desenvolver suas
habilidades e aptidões de acordo com suas possibilidades, sendo
reconhecidas pelas suas potencialidades e não discriminadas e
excluídas por suas limitações (SILVA, 2009, p.13).

A autora direciona novas concepções e mudança de comportamento da


sociedade, em que a escola juntamente com seus profissionais deva promover
a educação para todos, incluindo em classes regulares o aluno com
necessidades educativas especiais sendo estimulado a participar das aulas.
Um ser que aprende de maneira diferente, necessitando apenas de
instrumentos para desenvolver-se plenamente.
A capacidade de cada educando deve ser estimulada para que este
aluno obtenha ganhos educacionais, toda e qualquer situação que o professor
e equipe pedagógica encontrem deve ser encarada como desafio e não como
barreira.
A família se tornará parte importante deste processo de inclusão,
quando se articular junto à escola e aos professores para que o aluno com
necessidades educativas especiais possa ter oportunidades iguais aos demais
alunos, como afirma Stainback:

Apenas com o estabelecimento de uma boa relação entre escola e


família é que as propostas educacionais relativas à formação de
cidadãos nos dias de hoje, poderão acontecer. Para que a inclusão
seja bem sucedida, as diferenças dos alunos devem ser reconhecidas
como um recurso positivo. As diferenças entre os alunos devem ser
reconhecidas e capitalizadas para fornecer oportunidades de
aprendizagem para todos os alunos da classe consequentemente a
educação inclusiva torna-se um meio privilegiado para alcançar a
inclusão social, algo que não deve ser alheio aos governos e estes 28
devem dedicar os recursos econômicos necessários para estabelecê-
la. Mais ainda, a inclusão não se refere somente ao terreno educativo,
mas o verdadeiro significado de ser incluído. (STAINBACK, 1999, p
13).

Para que a educação inclusiva seja bem sucedida necessita-se que se


atendam os alunos com necessidades educativas especiais de forma a
desenvolver suas capacidades e habilidades, como aponta Omote:

A mera inserção do aluno deficiente em classe comum não pode ser


confundida com a inclusão. Na verdade, toda a escola precisa ter
caráter inclusivo nas suas características e no funcionamento para
que sejam matriculados alunos deficientes e sejam acolhidos. Uma
escola que só busca arranjo especial determinado pela presença de
algum aluno deficiente e na qual a adequação é feita para as
necessidades particulares dele não pode ser considerada
propriamente inclusiva. (OMOTE, 2004. p. 6).

A unidade escolar deve garantir a igualdade de acesso e condições de


permanência, a todos os alunos, com ou sem necessidades educativas
especiais respeitando-o deverá ser capaz de oferecer a aprendizagem
necessária para os alunos, transformando esse espaço em trocas que
promovam aprendizagens mútuas na comunidade.

A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não escondê-


la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também
estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O
resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma Educação
melhor para todos. (MENDES, 2012).

A autora cita uma parte importante no processo de inclusão à sala de


aula,
onde as trocas de experiências entre os alunos e a diversidade entre eles
podem
ser superadas com a intervenção do professor estimulando a participação de
todos no processo de construção do conhecimento, organizando atividades
didáticas que incluam todos os alunos tornando a sala de aula ambiente
propício de aprendizagem, neste processo que modifica a vida de ambos, estas
estratégias contemplam a organização de um ambiente onde os alunos se
sintam acolhidos, seguros e apoiados.
Os colaboradores para que a inclusão aconteça são: os pais,
professores, equipe pedagógica e gestão escolar, que podem incentivar
comportamentos inclusivos em que todos participem efetivamente deste
processo, essas ações não devem se restringir apenas ao ambiente escolar ela
deve fazer parte de um conjunto de ações que seguirão este sujeito que
internalizou todos esses conceitos de igualdade e refletirá em sua vida em
sociedade.

1.2 INCLUSÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

As necessidades educativas especiais não devem se limitar a pessoa


com deficiência, pois em sala de aula o professor identifica as dificuldades e
necessidades que cada aluno apresenta nas realizações das atividades, muitas
vezes não precedidos de laudos. O ministério da educação através de uma
nota técnica orienta quanto à documentação prevista para atendimento em
salas de (AEE):

Neste liame não se pode considerar imprescindível a apresentação


de laudo médico (diagnóstico clínico) por parte do aluno com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas
habilidades/superdotação, uma vez que o AEE caracteriza-se por
atendimento pedagógico e não clínico. Durante o estudo de caso,
primeira etapa da elaboração do Plano de AEE, se for necessário, o
professor do AEE, poderá articular-se com profissionais da área da
saúde, tornando-se o laudo médico, neste caso, um documento
anexo ao Plano de AEE. Por isso, não se trata de documento
obrigatório, mas, complementar, quando a escola julgar necessário. O
importante é que o direito das pessoas com deficiência à educação
não poderá ser cerceado pela exigência de laudo médico (BRASIL,
2014, p.03).
A palavra “imprescindível” neste documento torna a o atendimento
educacional especializado acessível a todos os alunos com necessidades
educacionais especiais, uma barreira que deve ser abolida, pois o direito a
educação é superior a documentos complementares que auxiliarão o professor
de AEE.
Consideram-se serviços e recursos da educação especial àqueles que
asseguram condições de acesso ao currículo por meio da promoção da
acessibilidade aos materiais didáticos, aos espaços e equipamentos, aos
sistemas de comunicação e informação e ao conjunto das atividades escolares.
O artigo 4º do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, considera
pessoa com deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:
deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência mental e
deficiência múltipla.
A definição de pessoa com deficiência em categorias, assegurando
através de leis seus direitos e sua necessidade de participar ativamente da
sociedade, através de equidade de condições e direitos para que essa
realidade exista a escola regular necessita ser inclusiva, oferecer a pessoa com
deficiência à possibilidade de aprendizagem em qualquer unidade escolar,
incluindo-a em sala de aula. É evidente a necessidade de acontecerem
adaptações que vão além do currículo escolar, abrangendo as barreiras
arquitetônicas.
Tornar a escola inclusiva necessita de uma ação conjunta entre o
sistema regular de ensino e a educação especializada. O MEC sugere através
das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
(BRASIL, 2001.p. 67) diversas possibilidades de interação entre a escola
comum e a escola especial. Esses serviços devem ocorrer no espaço da
escola regular e pode ser de três tipos: “Nas classes comuns: o planejamento
seria realizado pelo professor da classe comum em conjunto com o professor
especializado – da Instituição Especial – visando garantir a inclusão da criança”
(BRASIL, 2001. P.67).
A inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais em
classes comuns torna-se um grande benefício principalmente para os
estudantes sem deficiência, pois a grande maioria descobre um novo colega e
convive cooperando, tornando com esse convívio cidadãos mais
compreensivos tolerantes e confiantes nas relações com os outros.
A educação inclusiva é uma forma de abranger todo alunado ao acesso
à educação, mas a reflexão que ainda não se faz é o ganho que esse aluno
pode ter em se relacionar com alunos ditos normais e não seus pares. Em
minha experiência trabalhando com educação especial, percebo o quanto os
alunos com necessidades especiais buscam seus pares (alunos com
deficiência) na hora do recreio, em sala de aula, percebendo uma semelhança
entre eles. Para o aluno da escola regular o ganho é conviver com a diferença
a diversidade de ter um colega que necessita de adaptações, transformando o
espaço escolar em uma propagação de ser cidadão algo que há muito tempo
tem se perdido no ambiente escolar, socializando e transformando cada um na
unidade escolar, quando se tem a oportunidade de se utilizar dessa diversidade
para ensinar a todos que as convivências com as diferenças estruturam a
nossa sociedade.

1.3 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO.

Os suportes necessários para a inclusão do aluno com necessidades


educativas especiais são ferramentas que agregadas ao trabalho da equipe
escolar ajudam no processo inclusivo em escola regular, oferecendo ao aluno
com necessidades educativas especiais um atendimento especializado
proporcionando recursos específicos, um desses suportes é a sala de recursos.

Nas salas de recursos: processo de aprendizagem realizado na sala


de recursos ou em outro espaço da escola que não a sala de aula,
com o professor especializado. O aluno deve frequentar esse local
em horário que não coincida com o seu período em sala de aula.
(BRASIL, 2001. P.67)

O atendimento educacional especializado que assegura que os alunos


aprendam de forma diferente do currículo do ensino regular em classes comum
o que é necessário para esse aluno. O atendimento Educacional Especializado
foi regulamentado pelo Decreto Nº 6.571, de 2009 em seu artigo 5º:
O atendimento Educacional Especializado é realizado,
prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola
ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da
escolarização, não sendo substitutivos às classes comuns, podendo
ser realizado, também, em Centro de Atendimento Educacional
Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópica sem fins lucrativos, conveniadas com a
secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito
Federal e Municípios (BRASIL 2008).

Todo atendimento especializado deve ser realizado por um profissional


que apoiará o trabalho dos professores de classe comum. Em equipe pode ser
direcionados a desenvolver estratégias educativas visando à superação das
dificuldades de aprendizagem dos alunos, a Resolução nº 04, de 2 de outubro
de 2009, e indica as atribuições do professor de atendimento educacional
especializado.

Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional


Especializado: I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços,
recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando
as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação
Especial; II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional
Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos
recursos pedagógicos e de acessibilidade; III – organizar o tipo e o
número de atendimentos aos alunos na sala de recursos
multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade
dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum
do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V –
estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de
estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI –
orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia
assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,
promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação
com os professores da sala de aula comum, visando à
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos
alunos nas atividades escolares. (BRASIL, 2009)

Através do professor do Atendimento Educacional Especializado, que


faz um atendimento individualizado, semanal em sala de recurso multifuncional,
no contra turno atuando como um complemento durante o processo de
formação educacional, promovendo a inclusão em todos os seus aspectos,
adequando melhor os métodos de ensino, auxiliando o professor de classe
comum disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e
orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas
comuns do ensino regular. O serviço de AEE identifica, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades
específicas. As atividades desenvolvidas no AEE diferenciam-se daquelas
realizadas na sala de aula comum, e não são substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com
vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.

O AEE deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino


comum ao longo de todo processo de escolarização
Consideram-se serviços e recursos da educação especial àqueles que
asseguram condições de acesso ao currículo por meio da promoção da
acessibilidade aos materiais didáticos, aos espaços e equipamentos, aos
sistemas de comunicação e informação e ao conjunto das atividades escolares.
Esse profissional agrega saberes e experiências trazidas da educação
especial para a educação inclusiva. Sua ação se faz em Salas de Recursos
Multifuncionais são espaços localizados nas escolas de educação básica, onde
se realiza o AEE. Essas salas são organizadas com mobiliários, materiais
didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos
específicos para o atendimento aos alunos público-alvo da educação especial,
em turno contrário à escolarização (contraturno).
Nunes (2006, p.94), comenta sobre a relação entre as duas modalidades
de atendimento educacional (o atendimento inclusivo em classes comuns e o
atendimento em educação especial) e esclarece que, ao se falar de inclusão
escolar, é necessário se afastar da ideia de que a ação contida neste ato, não
se limite à colocação de um aluno com necessidades especiais em uma classe
comum de uma escola regular. As necessidades advindas com o aluno com
necessidades educativas especiais são inúmeras e superam a capacidade
estrutural e profissional. Para a autora a educação especial e a educação em
classe regular de ensino, dois sistemas que surgiram separados, cada qual a
sua necessidade aparente de realidade, possam unir as forças para buscar
uma educação de qualidade para todos os alunos, para que aconteça de forma
hegemônica o ensino.
Os professores das classes comuns e os da educação especial
precisam se articular para que seus objetivos específicos de ensino sejam
alcançados, compartilhando um trabalho interdisciplinar e colaborativo. As
frentes de trabalho de cada professor são distintas: ao professor da sala de
aula comum, é atribuído o ensino das áreas do conhecimento, e ao professor
do AEE, cabe complementar/suplementar a formação do aluno com
conhecimentos e recursos específicos que eliminam as barreiras que impedem
ou limitam sua participação com autonomia e independência nas turmas
comuns do ensino regular.

As funções do professor de educação especial são abertas à articulação


com as atividades desenvolvidas por professores, coordenadores pedagógicos,
supervisores e gestores das escolas comuns, tendo em vista o benefício dos
alunos e a melhoria da qualidade de ensino, como por exemplo:

 A elaboração conjunta de planos de trabalho durante a construção do


projeto político pedagógico, em que a educação especial não é um
tópico à parte da programação escolar;

 Acolhimento do aluno com necessidades educacionais especiais,


oferecendo suporte tanto para o aluno quanto para seus familiares.

 Estudo e a identificação da dificuldade de aprendizagem pelo qual um


aluno é encaminhado à educação especial;

 Suporte ao educador (a) da classe comum e auxiliar do aluno com NEE;

 O desenvolvimento em parceria de recursos e materiais didáticos para o


atendimento do aluno em sala de aula e o acompanhamento conjunto da
utilização dos recursos e do progresso do aluno no processo de
aprendizagem;

 A formação continuada dos professores e demais membros da equipe


escolar, entremeando tópicos do ensino especial e comum, como
condição da melhoria do atendimento aos alunos em geral e do
conhecimento mais detalhado de alguns alunos em especial, por meio
do questionamento das diferenças e do que pode promover a exclusão
escolar.
São conteúdos do AEE: Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Libras tátil;
Alfabeto digital; Tadoma; Língua Portuguesa na modalidade escrita; Sistema
Braille; Orientação e mobilidade; Informática acessível; Sorobã (ábaco);
Estimulação visual; Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA);
Desenvolvimento de processos educativos que favoreçam a atividade
cognitiva.
Os recursos de sala de AEE que devem ofertar em seu mobiliário para o
aluno e professores de sala de aula comum e auxiliares: Materiais didáticos e
pedagógicos acessíveis (livros, desenhos, mapas, gráficos e jogos táteis, em
Libras, em Braille, em caráter ampliado, com contraste visual, imagéticos,
digitais, entre outros); Tecnologias de Informação e de Comunicação (Tics)
acessíveis (mouses e acionadores, teclados com colmeias, sintetizadores de
voz, linha Braille, entre outros); e Recursos ópticos; pranchas de CAA,
engrossadores de lápis, ponteira de cabeça, plano inclinado, tesouras
acessíveis, quadro magnético com letras imantadas, entre outros.
O desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem é
favorecido pela participação da família dos alunos. Para elaborar e realizar os
Planos de AEE, o professor necessita dessa parceria em todos os momentos.
Reuniões, visitas e entrevistas fazem parte das etapas pelas quais os
professores de AEE estabelecem contatos com as famílias de seus alunos,
colhendo informações, repassando outras e estabelecendo laços de
cooperação e de compromissos.
Cabe aqui destacar ainda, como importante função do professor do AEE,
a avaliação, em cada caso, da necessidade do aluno em ser acompanhado por
um profissional de apoio escolar. Para que a inclusão seja efetiva, são
necessários diversos recursos: a parceria entre o AEE e os professores de sala
de aula, o amparo das famílias e o investimento em acessibilidade.
É muito importante destacar que nem todos que têm Necessidades
Educacionais Especiais (NEE) precisam de um auxiliar. Da mesma forma,
aqueles alunos que hoje precisam desse acompanhamento, com o passar do
tempo, podem ir vencendo antigas barreiras e deixar de precisar desse serviço.
O profissional de apoio escolar – comumente chamado de mediador,
quando sua atividade se relaciona com a parte pedagógica – entra em cena
quando há algum impedimento à inclusão. Em certos casos, a criança
necessita de alguém que a acompanhe em classe, flexibilizando as aulas. Em
outros, requer ajuda em questões motoras, com exercícios específicos e
adaptações para a escrita. Há ainda alunos que só conseguem frequentar a
escola se têm apoio para locomoção, higiene e alimentação, e demandam uma
pessoa capacitada para fazer esse atendimento da forma correta, evitando
lesões e constrangimentos. Para cada uma dessas situações, há um
profissional que melhor atende às necessidades dos alunos – podendo ser um
professor auxiliar, um especialista em inclusão, um estagiário de pedagogia ou
psicologia, ou alguém da área de saúde. No entanto, como as escolas podem
fazer para lidar com um quadro tão complexo?
O primeiro passo é conhecer bem os alunos com necessidades
educacionais especiais, encaminhando-os ao AEE. As características
individuais desses alunos serão determinantes para a avaliação de quais e
quantos profissionais devem ser contratados. O passo seguinte é identificar o
que a Secretaria de Educação pode oferecer e checar a possibilidade de firmar
parcerias com outras instituições, como as de saúde e assistência social, que
estão aptas a prestar serviços às escolas. Contratado o profissional de apoio
escolar, é preciso incluí-lo na rotina escolar e garantir que ele participe das
reuniões pedagógicas. Em contato com o restante da equipe, ele consegue ter
um olhar geral sobre o trabalho pedagógico, o que ajuda quando está em sala
de aula com o aluno. Ao mesmo tempo, ele compartilha com a equipe
informações sobre o desenvolvimento da criança que acompanha. Muitas
vezes, é nesse momento que os professores de sala de aula conhecem melhor
os estudantes que participam do AEE, com a fala desse profissional tão
importante que segundo a lei não determina sua capacitação para atuação
junto ao aluno com necessidades educativas especiais LDB 9394/96§
1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio, especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela da educação especial . Que
torna esse profissional que executa esse serviço junto ao professor de classe
comum pouco benéfico para o aluno, pois muito não tem qualificação
necessária para auxiliar o aluno em suas necessidades de aprendizado. Outra
barreira encontrada é a falta de sequência do trabalho do professor com o
aluno com NEE e seu auxiliar de apoio, pois esse aluno requer mais que um
incentivo para avançar nos estudos, muitos demoram meses para começar a
fazer as atividades devido as barreiras sociais que cria para ter confiança no
profissional que recebe e que cada ano tudo muda causando sempre uma nova
adaptação de um trabalho que já vinha em curso.

1.4 CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Os professores que recebem um aluno com necessidades educativas


especiais necessitam apenas de um curso normal de nível médio, sem a
necessidade de estágio na área específica. Muitos desconhecem as
necessidades das pessoas com deficiência, síndromes mais comuns e todas
as peculiaridades e necessidades que precisam um aluno. Nas unidades
escolares, muitos professores simplesmente ignoram o aluno com
necessidades especiais, pois não tem base metodológica para ensinar um
aluno que necessita mais do que os conteúdos que a mesma aprendeu, se
sentindo muitas vezes incapacitada para tal função.
A LDB 9394/96 estabelece a formação para atuação docente.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-


se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena,
em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil
e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em
nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996)

A educação inclusiva necessita que o professor capacitado tenha o


domínio de conhecimentos básicos quanto a procedimentos pedagógicos que
promovam a inclusão educacional, a partir de uma formação continuada que
inclua a diversidade e inclusão como conteúdo.

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


necessidades especiais: III - professores com especialização
adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração [leia-se inclusão] desses educandos
nas classes comuns (BRASIL, 1996).
O professor é um elemento chave, tanto no que se refere à
implementação de conteúdos adaptados, quanto para o desenvolvimento das
habilidades de cada indivíduo. Entretanto, o educador da educação especial
tem responsabilidades, que em certos momentos contrastam com as
características de um professor na área da educação.
Para (TUNES, 2002, p. 1) “a deficiência apresenta-se como uma das
questões mais interessantes que desafiam a nossa compreensão” a reflexão
contida nestas palavras nos faz pensar sobre um contexto muito maior que o
simples fato de se inserir um aluno na unidade escolar, pois o mesmo
necessita de especificidades e necessidades para superar as barreiras, que
impedem a inclusão em seus aspectos estruturais materiais e sociais quando
também incluem a falta de preparo dos profissionais da educação.
É de suma importância que o professor da educação inclusiva esteja
preparado para articular junto com os professores que formam sua equipe de
trabalho e que tenha conhecimentos mínimos essenciais para não se manter
desatualizado ao conhecimento das demais áreas.
A formação continuada possibilita ao professor a atualização e
transformação de sua prática profissional, quando as escolas disponibilizam
espaços que ofereçam ao professor continuidade de estudos e formação estão
contribuindo com sua prática.
As propostas para que a inclusão aconteça é ter uma equipe gestora,
que deverá organizar reuniões com temas para estudo e pesquisa para a
formação continuada dos educadores. A equipe estará disposta a compartilhar
saberes trazida pelos professores, como relatos das condições de
aprendizagens dos alunos, situações da sala de aula e discussão de
estratégias para enfrentar os desafios diários.
Nóvoa (1992, p.25) explica:

O professor é a pessoa. É uma parte importante da pessoa é o


professor. Urge por isso (re) encontrar espaços de interação entre as
dimensões pessoais e profissionais, permitindo aos professores
apropriar-se aos seus processos de formação e dar-lhes um sentido
no quadro de suas histórias de vida. A formação não se constrói por
acumulação (de cursos, de conhecimentos ou técnicas), mas sim
através de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas de
(re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é
tão importante investir a pessoa e dar estatuto ao saber da
experiência.
Nóvoa ressignifica a formação do professor quando o coloca em
situação de participação ativa neste processo de formação, tendo como
instrumento principal sua experiência de vida, fazendo parte do currículo do
professor para que suas práticas pedagógicas não estejam embasadas sós em
sua formação, tornando-se partícipe deste processo de inclusão. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação sobre a formação continuada define:

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos


profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos
dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I -
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II -
aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV -
progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na
avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos,
planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI -
condições adequadas de trabalho (BRASIL, 1996, p. 21).

A lei institui a formação do professor como parte integrante da qualidade


do ensino no Brasil, sabendo que quanto mais conhecimento adquirido pelo
professor o mesmo será capaz em sua prática diária oferecer uma melhor
qualidade de ensino aos seus alunos devido a sua capacitação, mas a lei deixa
em aberto como será esse incentivo ao professor, que acaba sem opção de
ingressar em uma universidade através do governo, pagando quando pode
uma graduação ou curso de qualificação por meios próprios.
A resolução Nº 4(BRASIL, 2009, P.2) define a formação do professor
para atuação em Atendimento Educacional Especializado, como: formação
inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a
educação especial. Uma necessidade da nova concepção da educação
inclusiva, um profissional que auxilia e traz um conhecimento específico sobre
todos os tipos de deficiência, sendo ferramenta fundamental na inclusão de
alunos com necessidades educativas especiais na escola regular de ensino.
CAPITULO II – ADAPTAÇÕES CURRICULARES

Neste segundo capítulo através de análise bibliográfica a pesquisa se


encaminha para seu tema principal servindo de base para a reflexão do
professor em sua atuação em sala de aula de como fazer a inclusão de forma
efetiva para a aprendizagem do aluno.
Tornar real as adaptações curriculares é o caminho para o atendimento
às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos. Identificar essas
“necessidades” requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas
as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas que se
organizem para construir uma real escola para todos, que dê conta dessas
especificidades.
A inclusão de alunos com necessidades especiais na classe regular
implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando à flexibilização do
currículo, para que ele possa ser desenvolvido de maneira efetiva em sala de
aula, e atender as necessidades individuais de todos os alunos.

2.1 ADAPTAÇÕES CURRICULARES INCLUSIVAS

O aspecto assistencialista da educação especial deve se desprender


das pessoas e principalmente dos profissionais da educação e reconhecer o
aluno com necessidades educativas especiais como capazes, apenas
necessitando de adaptações; Mendes (2006) evidencia o fato que no século
XVI identificou médicos e pedagogos, que iniciaram uma compreensão de que
os sujeitos “ineducáveis” até então, poderiam ter reais possibilidades de
desenvolvimento de aprendizagem. Então não cabe mais chegarmos em 2020
pensarmos de maneira retrógrada, pois tantos pesquisadores, pedagogos,
médicos e especialistas que comprovam que a oportunidade a ser oferecida à
pessoa com necessidades especiais definirá a sua inserção na sociedade,
oferecendo a estes indivíduos equidade de direitos.
Mendes (2006) atenta para o fato de que há uma visão “romantizada” da
história sobre como essa modalidade de ensino foi tornando-se mais comum
pelo mundo. Não podemos esquecer que de romântica essa história não tem
nada, foram anos de luta e segregação de pais e profissionais da área para
que esses alunos obtivessem seu espaço junto da sociedade, não se
escondendo da mesma e esperando esmolas.
Segundo Glat (2012) Adaptações curriculares são ajustes realizados no
currículo para que ele se torne apropriado ao acolhimento das diversidades do
alunado – currículo verdadeiramente inclusivo
As adaptações curriculares são um direito assegurado de aprendizagem
para o aluno com necessidades educativas especiais, pois se o mesmo
necessita de adaptações estruturais para se locomover e utilizar a escola de
maneira igual, o mesmo precisa de um currículo adaptado às suas
necessidades para que aprenda como os demais respeitando todas as suas
especificidades, entretanto não delimitando previamente onde o aluno irá
chegar com seu aprendizado, deixando de lhe proporcionar o mesmo conteúdo
que tem os demais alunos em um contexto de inclusão e igualdade que é o
lema da inclusão, agregando valores a atitudes que devem ser tomadas no
cotidiano escolar, para que sejam reproduzidas pelos alunos crianças apoiando
crianças; em um processo de inclusão escolar para ser bem sucedido vai
depender da participação de todos. Há necessidade da intervenção do
professor para que cada vez mais as crianças com habilidades variadas
possam aprender umas com as outras.
As adaptações curriculares no âmbito do Projeto Pedagógico devem
focalizar principalmente a organização escolar e a disponibilização de serviços
de apoio. Favorecendo as condições para que as demais adaptações
curriculares se façam necessárias para atender às necessidades especiais da
pessoa com deficiência, um trabalho em conjunto da equipe pedagógica que
fará de acordo com a necessidade educativa especial, onde se deve capacitar
os profissionais para que tenham a base necessária para atendimento deste
aluno, promovendo uma aprendizagem significativa para o mesmo. O Ministério
da Educação criou no ano 2000 uma cartilha sobre adaptações curriculares em
que exemplifica algumas normas a serem seguidas.

Exemplos de adaptações curriculares promovidas já no âmbito do


Projeto Pedagógico são: a abertura, por parte das instâncias
administrativas, para a flexibilização curricular (de objetivos, de
conteúdos, de método de ensino, de estratégias de avaliação, de
temporalidade, de organização), em função do conhecimento da
diversidade de seus alunos; consequentemente, definição de
objetivos gerais que levem em conta a diversidade do alunado na
unidade escolar; planejamento da realização de análise institucional,
sistemática, do contexto escolar, de forma a identificar os elementos
que interferem na instituição de um ambiente escolar inclusivo.
(BRASIL,2000,p.10)

A determinação de um documento nacional nada influencia no âmbito


educacional, pois as escolas que não se preparam previamente para receber o
aluno com necessidades educativas especiais, não conseguem fazer as
adaptações necessárias, dificultando a inclusão do aluno com necessidades
educativas especiais.

Um currículo que leve em conta a diversidade deve ser, antes de tudo,


flexível, e passível de adaptações, sem perda de conteúdo. Deve ser
desenhado tendo como objetivo geral a “redução de barreiras
atitudinais e conceituais”, e se pautar em uma “resignificação do
processo de aprendizagem na sua relação com o desenvolvimento
humano”. (Oliveira & Machado apud, GLAT, 2007).

A inclusão de alunos com necessidades especiais na classe regular


implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando à flexibilização do
currículo, para que ele possa ser desenvolvido de maneira efetiva em sala de
aula, e atender as necessidades individuais de todos os alunos.
A Educação Inclusiva, entendida sob a dimensão curricular, significa que
o aluno com necessidades especiais deve fazer parte da classe regular,
aprendendo as mesmas coisas que os outros – mesmo que de modos
diferentes – cabendo ao professor fazer as necessárias adaptações (UNESCO,
s/d).
Segundo Mendes (2002), para atender os alunos com necessidades
educacionais com qualidade, a escola deve modificar-se no aspecto político
(construção de uma rede de suportes capaz de formar pessoal e promover
serviços na escola, na comunidade, na região); no aspecto educacional
(capacidade de planejar, programar e avaliar programas para diferentes alunos
em ambientes da escola regular) e no aspecto pedagógico (o uso de
estratégias de ensino que favoreçam a inclusão e descentralize a figura do
professor, o incentivo às tutorias por colegas, a prática flexível, a efetivação de
currículos adaptados).

2.2 O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA


É um grande desafio aos professores o processo de inclusão dos alunos
com necessidades educacionais especiais, pois cabe a eles construírem novas
propostas de ensino, atuar com um olhar diferente em sala de aula, sendo o
agente facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Muitas vezes os
professores apresentam resistência quando o assunto é mudança, causando
certo desconforto, talvez o que deixe o professor mais preocupado, seja a
insegurança em relação à sua inexperiência, já que nos cursos superiores
aprendeu apenas a lidar com a teoria e não teve acesso às práticas
pedagógicas, diretamente com alunos especiais. Sendo assim, cabe aos
professores procurar novas posturas e habilidades que permitam
problematizar, compreender e intervir nas diferentes situações que se
deparam, além de auxiliarem na construção de uma proposta inclusiva,
fazendo com que haja mudanças significativas pautadas nas possibilidades e
com uma visão positiva das pessoas com necessidades especiais. O professor
deverá promover um ensino igualitário e sem desigualdade, já que quando se
fala em inclusão não estamos falando somente nos deficientes e sim da escola
também, onde a diversidade se destaca por sua singularidade, formando
cidadãos para a sociedade.

[...] a inclusão é um motivo para que a escola se


modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim
sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma
consequência natural de todo um esforço de atualização e de
reestruturação das condições atuais do ensino básico.
(MANTOAN,1997, p.120)

Dessa forma, a educação busca teorias e práticas focadas ao ensino de


qualidade, com profissionais comprometidos em dar aos seus alunos um
ensino de qualidade, independente de suas diferenças individuais. A
Constituição Federal de 1988 traz um dos principais objetivos fundamentais
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação” (ART.3º, INCISO IV). O artigo 205
garante a educação como direito de todos e o pleno desenvolvimento da
pessoa, formação de cidadãos para a sociedade e qualificação profissional. O
artigo 206 inciso I garante a “igualdade de condições de acesso e permanência
na escola” como um dos princípios para o ensino e garante que é dever do
Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente
na rede regular de ensino (ART. 208).
A educação para a diversidade pressupõe a preparação do professor e
do sistema educacional com a valorização profissional do educador, por meio
de apoio e estímulo o aperfeiçoamento das escolas, para a oferta do ensino, o
apoio e parceria da Educação Especial e a promoção do trabalho em equipe. A
inclusão escolar é um tema discutido no campo educacional, e pesquisadores
sinalizam a necessidade de transformação da escola, para que esta se adapte
às características de todo aluno (PROCÓPIO ET. al., 2010). A educação
inclusiva trabalha com as diferenças individuais que se encontram no ambiente
escolar, dando atenção para as experiências, formas de compreensão,
dificuldades e capacidades que precisam ser levadas em consideração no ato
educativo individualmente. Nesse sentido, reconhece-se que é preciso formar o
professor para trabalhar com a diferença, em uma perspectiva pluralista, sendo
que a formação continuada é um instrumento que potencializa a formação
inicial. Esta forma de atuação da Educação Especial não é contraditória aos
princípios da Educação Inclusiva; ao contrário, numa escola aberta à
diversidade as duas propostas se complementam.
Diante de tais necessidades especiais educacionais, o papel do
professor é de suma importância na educação inclusiva, visto que o professor é
a autoridade competente, direciona o processo pedagógico, interfere e cria
condições necessárias à apropriação do conhecimento, é nessa perspectiva de
está aberto a conhecer o outro Freire afirma que: O ideal é que na experiência
educativa, educandos, educadoras e educadores, juntos ‘convivam’ de tal
maneira com os saberes que eles vão virando sabedoria. Algo que não é
estranho a educadores e educadoras. (FREIRE, 2005, p. 58).
Sendo assim, cabe aos professores procurar novas posturas e
habilidades que permitam problematizar, compreender e intervir nas diferentes
situações que se deparam, além de auxiliarem na construção de uma proposta
inclusiva, fazendo com que haja mudanças significativas pautadas nas
possibilidades e com uma visão positiva das pessoas com necessidades
especiais. Por isso a importância do papel docente na percepção do aluno, no
acompanhamento do mesmo em sala de aula e na busca constante de
aprender e melhorar a si mesmo em sua prática atualmente, para construir uma
escola que atenda adequadamente a alunos com características,
potencialidades e ritmos diferentes de aprendizagem, não basta apenas que
tenham professores e demais profissionais que uma escola normal apresenta.
Faz-se necessário que os profissionais e principalmente os professores,
estejam capacitados para exercer essa função, atendendo a real necessidade
de cada educando.
A atuação pedagógica é um processo de investigação, estudo e de
solução de problemas, por isso, muitas vezes o professor se depara com
inúmeros desafios, que devem ser solucionados para superar os limites
impostos, exigindo do professor a busca por novas estratégias, procurando
identificar as possibilidades de cada aluno com o intuito de encontrar as
capacidades para que esse aluno possa aprender junto com os demais e
superar seus próprios limites. Diante de tal desafio, o professor deve planejar
suas aulas e recorrer entre alternativas possíveis para que todos tenham
acesso às oportunidades dentro da sala de aula.
A inclusão nada mais é que um processo de inovação que exige um
esforço de reestruturação e atualização de algumas escolas, fazendo com que
essas escolas busquem uma reorganização escolar, ampliando seu projeto
político pedagógico, incorporando novas práticas aos currículos e realizem
adaptações físicas necessárias para acolher os alunos nesse momento, é
importante ressaltar que a princípio básico da educação inclusiva. Além do
professor, a família dos alunos com necessidades educacionais especiais pode
participar a todo o momento do processo de ensino-aprendizagem dessas
crianças, visto que, o tripé escola-família-comunidade é de suma importância,
dado que, através dessa participação os professores têm a oportunidade de
melhor conhecer o seu educando e suas especificidades, surgindo a partir daí
uma troca de informações a fim de possibilitar o melhor aprendizado a todos, já
que, sozinho não poderá efetivar uma escola fundamentada numa concepção
inclusivista. De acordo com Silva (2010) “um bom relacionamento entre família
e professores amplia as possibilidades e cria novas formas de atividade e
afetividade”. A maneira que professor e aluno se relacionam cria a afetividade
que faz com que essa relação se fortaleça ainda mais. O aprendizado desse
aluno se dá no cotidiano, porque é através da prática que se constrói o
conhecimento é a afetividade.

2.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E CURRÍCULO

A adequação curricular para que a escola garanta equidade de direitos e


privilegia as potencialidades do sujeito, acima de suas dificuldades, e lhe
permite sustentar-se como aluno regular dentro do sistema educativo. Adaptar
uma proposta curricular não é desprestigiá-la, empobrecê-la, nem torná-la fácil,
mas, totalmente ao contrário, é currículo tornar o currículo funcional para o
estudante, para favorecer a construção do conhecimento.

Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de


ensino a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a
diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas
potencialidades e necessidades. Uma escola somente poderá ser
considerada inclusiva quando estiver organizada, para favorecer a
cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência,
condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo é
aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de
conhecimentos como recursos a serem mobilizados. (HENRIQUES ,
2012, p. 09).
Diversificar a proposta educativa é avançar para uma proposta,
direcionada para a escola inclusiva. A diversificação curricular pretende
trabalhar tanto a partir do heterogêneo, como a partir do comum e
compartilhado que se encontra em todo território didático, privilegiando sempre
o valor educativo do diverso. Diversificar é singularizar, dentro do contextual e
plural. Uma maior diversificação curricular, que contempla as variações do
alunado, vincula-se diretamente a uma menor necessidade de adequações
curriculares.

Constatamos, assim, uma escola desenhada para


promover a homogeneidade e negar a diversidade inerente à pessoa
humana. Uma escola que, embora se expandindo por meio de um
processo de universalização do ensino, contribui ainda para a
manutenção da exclusão por dentro de seus muros, por meio de
metodologias descontextualizadas e descompassadas, programações
lineares, temporalidade inflexível e categorias como de sucesso e
insucesso, normalidade e anormalidade, atraso e fracasso escolar.
(ALMEIDA, p. 2012, 151)

Adaptações são necessárias e possíveis para uma sala regular onde


está matriculado um estudante com necessidades educacionais, com ou sem
deficiência, já que as mesmas variam segundo as necessidades de cada caso,
o profissional de educação deve buscar estratégias para que o sujeito possa se
sentir parte do mundo escolar.

As adequações pretendem articular, dialogicamente, a estrutura


montada e configurada de antemão a partir do sistema educativo tradicional
para a população escolar em geral com as necessidades pontuais de um
sujeito em particular. Impõem-se, então, formas não tradicionais de produção
pedagógica. A propósito do debate sobre a organização da escola para
atender a diversidade e inclusão de todos os alunos, sobretudo, de pessoas
com deficiência, recobre de especial importância a discussão sobre o currículo
escolar adotado e/ou formulados pelas escolas. Tendo em vista que não
adianta o governo, o contexto educacional e/ou organismos sociais
trabalharem, lutarem para a adoção de uma escola diversa e inclusiva, e o
currículo não favorecer esse caminho:

Um currículo estanque, aplicado de maneira rígida, sem


a necessária reflexão, resulta, obviamente num potente recurso de
exclusão social, pois não permite espaço para discussões que levem
a adaptações curriculares, necessárias para o atendimento à
diversidade, presente na sala de aula. Infelizmente, o currículo ainda
tem sido entendido e aplicado de acordo com a perspectiva de que o
ensino regular possui um padrão de exigências de aprendizagem, que
todo aluno deve aprender, a fim de obter sucesso na escola. Esta
visão encontra-se arraigada no fato de que há áreas de 422
conhecimento ou conteúdos pré-determinados, que, se aprendidos
com eficácia, resultam em uma formação plena para a vida. (JUNG,
2012, p. 05).

As adaptações se fazem necessárias para a além de um currículo


adaptado, para que realmente haja inclusão a escola deve adotar medidas para
tornar o cotidiano escolar para alunos com necessidades educativas especiais.
Uma dessas estratégias é mapear a acessibilidade escolar, transformando a
escola em um lugar acessível para todos.
É sabido que nem todas as escolas contam com o equipamento
necessário para o desafio colocado, mas se pode ir arrumando artesanalmente.
Por exemplo: suportes, latas simples, coladas às carteiras, ou hastes de
madeira fincadas nos contornos das mesas para evitar a queda dos materiais,
rampas de madeira, incorporar às carteiras suportes para escrever no lado
esquerdo, destinados às pessoas canhotas, elevar ou rebaixar mesas,
cadeiras, quadros negros etc.
Adaptar objetos de escrita: lápis, canetas, giz, marcadores, letras
móveis, processadores de texto etc. Se o uso do lápis ou lapiseira for difícil,
pode-se embuti-lo em um cilindro de madeira para facilitar sua preensão ou
recobri-lo com borracha ou toalha para que não escorregue, o caderno comum
pode ser substituído por um de tamanho ofício ou por folhas soltas, maiores e
mais grossas, por quadros negros individuais, cartilhas, monitores. Material
impresso onde o aluno marca ou assinala a resposta. E se não se pode
escrever, trabalha-se de forma oral ou no monitor de um computador.
Adequar as avaliações de forma a fracionar o tempo, tomá-las de forma
parcial, solicitando diferentes conteúdos em duas ou três vezes sucessivas e
alternando a expressão escrita com a oral e gráfica, segundo se considere
pertinente a cada ocasião, trabalhar em roda, semicírculo, em pequenos
grupos, na sala, no pátio, na cozinha, na oficina, na praça, na rua etc.
Estas adequações específicas pretendem articular a proposta curricular
com o sujeito que for aprender, incluindo recursos, métodos, estratégias e
intervenções às quais se recorre tanto para ensinar como para avaliar.
Só podemos pensar em uma escola inclusiva, que possa trabalhar e
desenvolver-se na diversidade de seu alunado, se considerar a diversidade
como valor humano e educativo e se nos comprometermos em articular cada
sujeito com o mundo do saber.
CAPITULO III - PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Neste terceiro capítulo discorro sobre a pessoa com deficiência. Os


diversos termos usados para se referir às pessoas com deficiência, ao longo do
tempo, aparecem inseridos em modelos que governo e sociedade utilizam a fim
de criar estratégias capazes de atender melhor às suas necessidades. Nesse
sentido, há que se entender os contextos em que essas pessoas aparecem
inseridas nas diversas abordagens que são feitas.
Atualmente, nossa sociedade se encontra em um fértil momento de
discussão e aprendizado a respeito das diferenças, sobre todo e qualquer
aspecto. Nesse contexto, a informação sobre este tema da pessoa com
deficiência se apresenta como uma experiência de contribuição muito positiva
para essa reflexão.
Por sua vez, muito além da melhor terminologia aplicada, essa evolução
altera o conceito a respeito da própria condição de deficiência. Assim, em uma
importante inversão de paradigmas, a limitação passa a ser atribuída à
sociedade que ainda não derrubou as barreiras que impedem o pleno
desenvolvimento de todos os seus cidadãos.

3.1 PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

A pessoa com deficiência intelectual é um indivíduo que necessita do


currículo adaptado para que consiga aprender em seu momento, de acordo
com seu ritmo de aprendizagem, como qualquer outro indivíduo. Devido ao fato
que seu funcionamento intelectual ser abaixo da média, isto de acordo com
D'Antino (1997),

“Deficiência mental corresponde a um funcionamento intelectual


significativamente abaixo da media, coexistindo com outras limitações
relativas a duas ou mais das seguintes áreas de habilidades
adaptativas: comunicação, auto-cuidado, habilidades sociais,
participação familiar e comunitária, autonomia, saúde e segurança,
funcionalidade acadêmica, lazer e trabalho, manifestando-se antes
dos dezoito anos de idade.” D’Antino (1997, p. 97).

Estas limitações causam prejuízos na adaptação em classes regulares


de ensino destes discentes, na maneira como cada um enfrenta as exigências
da própria vida e o grau em que põe em prática a independência pessoal de
acordo com as experiências socioculturais em seu ambiente familiar. Deve-se
levar em conta o grau de comprometimento funcional e não a classificação que
leva em conta o QI, seja retardo leve, moderado, severo ou profundo, quando o
profissional da educação limita o aluno através de um laudo, não consegue
alcançar todas as habilidades e capacidades deste aluno, pois como afirma
Ballone, (2003), “o importante é saber em que área a pessoa com deficiência
intelectual necessita de apoio”. Devem-se observar critérios adaptativos de
avaliação, que percebam o aluno como um ser a receber oportunidades, para
desenvolver sua autonomia.
As adaptações ocorrerão quando o profissional da educação consiga
identificar o grau de comprometimento funcional para que possa realizar um
trabalho individualizado, adaptando as atividades as preferências do aluno,
inserindo-se em seu universo com afetividade e respeito as suas limitações.

Acredita-se que as limitações maiores na deficiência mental, não


estão relacionados com a deficiência em si, mas sim com a
credibilidade e as oportunidades que são oferecidas às pessoas
portadoras de deficiência mental. É notável quão limitado é o mundo
dessas pessoas, quanto elas são segregadas, ou seja, privadas de
interação social.(TESSARO, 2005, p. 33 e 34)

Tessaro afirma que a maior limitação que a pessoa com deficiência


intelectual tem é a discriminação e a falta de oportunidade, o maior ganho que
a educação pode oferecer a este indivíduo é socializá-lo com a sociedade, a
ponto de não existir a discriminação quer seja por questões sociais ou por
diferenças diversas.

3.2 PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A pessoa com deficiência visual necessita de recursos para aprender. A


criança cega ou com visão subnormal, precisa de alguns recursos pedagógicos
diferenciados, como: a máquina braile em substituição ao caderno comum e
materiais com pautas ampliadas, que podem ser providenciados pela escola ou
pela família.
Segundo Cunha e Enumo (2003), a atividade de categorização para a
pessoa com deficiência visual é mais difícil que para criança vidente, em
função dela não poder alcançar as semelhanças e diferenças dos objetos do
ambiente através do canal visual. Sendo necessária a introdução de materiais
concretos para que o aluno possa tatear, um ledor para poder ouvir o que está
escrito, essa função pode ser revezado com um aluno da turma por dia para
que a pessoa com deficiência visual possa conhecer a todos e se socializar.
De acordo com a proposta curricular para pessoa com deficiência visual.
Pré-escolar. Rio de Janeiro: MEC, 1982. As adaptações que faz diferença
nesse caso ainda é a questão espacial (orientação e locomoção) e da
comunicação escrita em relevo, objetos de consideração na metodologia
didática, recursos específicos:

 Reglete e punção: A reglete é uma régua de metal


ou plástico com conjuntos de celas Braille dispostas em
linhas horizontais sobre um base plana de madeira com
alguns furos nas diagonais para quando preciso mudar a
régua da base para escrever na próximas linhas; a
punção é o instrumento para marcar escrever na cela em
Braille. A pessoa prende o papel na base plana e vai
fazendo perfuração de cada ponto, exige boa
coordenação motora e dificulta a correção de erros.
 Máquina Perkins: A máquina Braille é utilizada para
transcrever textos para o Braille, podendo ser utilizadas
por videntes que conheçam o método ou por pessoas
com deficiência visual. Para MEC (2004, p. 52), a
máquina de datilografia Braille é mais rápida, prática e
fácil e é constituída basicamente por seis teclas,
correspondentes aos pontos da cela Braille.
 Impressora Braille: A impressora Braille é capaz de
imprimir em caracteres do código Braille (pontos e
relevos) a partir de um programa no computador chamado
Braille fácil.
 Sorobã: De acordo com MEC (2004, p.52) é um
instrumento para cálculo que surgiu na Grécia por volta do
século IIIA.C. Atualmente ele é utilizado no Japão, China
e na Rússia por todos os alunos. Segundo o MEC, o
sorobã adaptado para alunos cegos contém cinco contas
por eixo e borracha compressora para deixar as contas
fixas, permitindo, portanto, a leitura tátil. Pode ser utilizado
para conceito de quantidade, comparar, relacionar
quantidades e para operações elementares.
 Bengala entre outros materiais adaptados, para a
locomoção.
 Softwares: São programas leitores de tela para que
o cego consiga navegar na internet, usar o computador e
quaisquer outro eletrônico, os quais são:
Dosvox: Sistema operacional, para computadores,
desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Virtual Vision: É um software brasileiro desenvolvido pela
Micropower, em São Paulo, concebido para operar com
ferramentas do ambiente Windows. É distribuído pela
Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos.
Jaws: Considerado atualmente o leitor de tela mais
popular do mundo, este software foi desenvolvido nos
Estados Unidos e mundialmente conhecido como o leitor
de tela mais completo e avançado. Possui uma gama de
recursos e ferramentas com tradução de diversos
idiomas.

Para a pessoa com deficiência visual a inserção dos recursos como


facilitador da aprendizagem torna o trabalho do educador uma ferramenta
educadora que inclui o aluno realmente em classes regulares de ensino.

3.3 - PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA


As adaptações curriculares para atender as necessidades da pessoa
com deficiência auditiva podem ser poucas e não significar alterações
expressivas no currículo dos demais alunos. O INES Instituto Nacional de
Educação dos Surdos define orientações para a inclusão da pessoa com
deficiência auditiva com estratégias de ensino –aprendizagem.
Situar alunos nos grupos em que possam trabalhar melhor; utilizar
métodos e técnicas de ensino aprendizagem específica para o aluno, na
operacionalização dos conteúdos.
- Propiciar apoio físico, visual, verbal e gestual ao aluno de modo a permitir a
realização das suas atividades escolares. Esse apoio poderá ser oferecido pelo
professor, pelos colegas ou pelo professor da sala de recursos.
- Utilizar-se de atividades individuais complementares para o aluno alcançar os
objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades poderão ser realizadas
na própria sala de aula, na sala de recursos ou em casa com o auxílio da
família;
- Eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou que ele seja incapaz de
realizar.
- Descartar objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser atingidos
pelo aluno, substituí-lo por outros acessíveis, significativos e básicos.
Como resultado percebeu que as adaptações curriculares acontecem de
maneira individual considerando o aluno incluso e suas necessidades
educativas especiais fazendo avaliação considerando os aspectos:
competência acadêmica; desenvolvimento sócio afetivo que indiquem que as
adaptações são realmente necessárias à sua educação. Análise do contexto
escolar, familiar afim de que possa haver mudanças necessárias à educação
desse aluno.
As adaptações curriculares oferecem apoio à educação dos alunos com
deficiência a serem oferecidas pelas unidades escolares por meio de
encaminhamento para os atendimentos nas salas de recursos.
Para que aconteça a inclusão do aluno com necessidades educativas
especiais é primordial a formação docente continuada para que o docente
tenha a capacidade de inserir o aluno no ambiente escolar de maneira a
conseguir superar as dificuldades, adaptando o currículo e atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de muitas mudanças ao longo dos anos tanto no que tange a


legislação quanto na busca por extinguir a discriminação ainda contida em
nossa sociedade.
As barreiras de diversos tipos como: esbarrar em conhecimentos
adquiridos como didático, mas pouco prático o que evidencia a necessidade de
busca por uma educação inclusiva, que ainda engatinha para oferecer ao aluno
com necessidades educativas especiais, incluso em uma sala de aula de
ensino regular comum, algo que está além de seu professor, que se apoiará
em pesquisas e ajuda da equipe pedagógica e seus meios de avaliar esse
aluno no convívio diário para que possa adaptar o currículo com atividades de
forma lúdica, prazerosa com material concreto para manipulação, dependendo
de um esforço do docente em criar materiais, pois em muitas escolas não
oferecem esses materiais nem suporte para confecção do mesmo.
Nas análises bibliográficas pode-se constatar que, a experiência
agregada à formação continuada torna a educação inclusiva uma realidade a
educação inclusiva na rede pública de ensino.
Algumas das ações para que a inclusão aconteça parte da formação dos
professores para a prática que são: promover cursos de capacitação para
professores possibilitando a criação de formas alternativas para que as
crianças possam se desenvolver e que não se sinta excluída do contexto
escolar. Portanto, é preciso que os professores sejam totalmente envolvidos
com a desmistificação das relações sociais, que tenham clareza teórica para
instigar o profissional que é passivo de erros, e que busque subsídios
adequados para compreender como ensinar os alunos com necessidade
especial.
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