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i.1
i.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 0

2 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR .............................. 1

3 O DESPREPARO E O MEDO .............................................................. 4

4 A PRÁTICA ESCOLAR ........................................................................ 8

5 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL ............................................. 10

6 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ............................... 12

7 A INTEGRAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS


ESPECIAIS NO SISTEMA ........................................................................................... 14

8 O MOVIMENTO INCLUSIVO ............................................................. 19

9 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO .......... 22

10 COMO TRABALHAR EM PARCERIA COM O AEE? ......................... 25

11 INSTITUCIONALIZAÇÃO DO AEE NO PROJETO POLÍTICO


PEDAGÓGICO 27

12 PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO


– AEE 29

13 ESTUDANTES PÚBLICO ALVO DO AEE .......................................... 30

14 OBJETIVOS E AÇÕES DO PROGRAMA IMPLANTAÇÃO DE SALAS


DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS ......................................................................... 32

15 CRITÉRIOS PARA A IMPLANTAÇÃO DAS SALAS DE RECURSOS


MULTIFUNCIONAIS .................................................................................................... 33

16 ADESÃO, CADASTRO E INDICAÇÃO DAS ESCOLAS .................... 34

17 FUNCIONAMENTO DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS


35

18 A EXTINÇÃO DA SECADI ................................................................. 37

19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................... 39

i.2
i.

20 ARTIGO PARA REFLEXÃO ............................................................... 42

i.3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR

Fonte: www.cdn.doutissima.com.br

A Constituição Federal, através do artigo 205, garante o direito à educação a


todos os indivíduos. Quando a constituição se refere ao termo “todos os indivíduos”,
subtende-se que não há distinção. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de condi-
ções para acesso e permanência na escola.
Observa-se então que, a constituição garante a todos o direito de a educação
sem distinção de raça, sexo, cor, origem ou deficiência. Fica claro que não é permitido
nenhum tipo de discriminação ou impedimento da matrícula do indivíduo com defici-
ência na rede regular de ensino.
A Convenção dos direitos da criança (ONU, 1989) garante o cumprimento dos
demais direitos da constituição para com as pessoas em condição de deficientes no
Artigo 23:

Atendendo às necessidades particulares da criança deficiente, a assistên-


cia fornecida nos termos do no 2 será gratuita sempre que tal seja possível,
atendendo aos recursos financeiros dos pais ou daqueles que tiverem a
criança a seu cargo, e é concebida de maneira a que a criança deficiente
tenha efetivo acesso à educação, à for 16 Crianças deficientes A criança
deficiente tem direito a cuidados especiais, educação e formação adequa-
dos que lhe permitam ter uma vida plena e decente, em condições de dig-
nidade, e atingir o maior grau de autonomia e integração social possível.
Direitos, aos cuidados de saúde, à reabilitação, à preparação para o em-
prego e a atividades recreativas, e beneficie desses serviços de forma a

1
assegurar uma integração social tão completa quanto possível e o desen-
volvimento pessoal, incluindo nos domínios cultural e espiritual.

A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da Es-


panha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em 1994, ressalta
que o direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de
Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela Declaração Mundial Sobre Educa-
ção para Todos. Na Declaração de Salamanca ficou estabelecido que

Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a oportu-
nidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e “toda criança
possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendiza-
gens que são únicas. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito
de expressar seus desejos com relação á sua educação, tanto quanto
estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem con-
sultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, cir-
cunstâncias e aspirações de suas crianças. (MEC/SEESP, 2006:33)

A inclusão requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada


um, considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com defi-
ciência e a opinião da família em relação ao sujeito incluído.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9.394/96), o Atendimento Educacional Especializado, Assegurado no artigo 58, § 1º e
§ 2º, ressalta que:
7§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não
for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (LDB 9.394/96).
O artigo da LDB assegura o serviço de apoio especializado, ou atendimento educaci-
onal especializado, aos indivíduos com deficiência sempre que for necessário para
atender as necessidades de cada aluno.
A declaração de salamanca diz que:

O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar


todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças
deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de ori-
gem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lin-
guísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desvantajosos ou
marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios
aos sistemas escolares. No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades
educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas
2
necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências
ou dificuldades de aprendizagem. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994)

Quando não for possível a integração do aluno nas classes comuns de ensino
regular, poderá ocorrer o atendimento educacional através do serviço de apoio espe-
cializado.
A lei Nº 10.845, de 5 de março de 2004, institui o programa de Complementação
ao Atendimento Educacional Especializado às pessoas com Deficiência e ressalta no
artigo 1º que:
Fica instituído, no âmbito do Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação
– FND, programa de complementação ao Atendimento Educacional Especiali-
zado às Pessoas com deficiências – PAED, em cumprimento do disposto no inciso III
do artigo 208 da Constituição, com os seguintes objetivos:
– Garantir a universalização do atendimento especializado de educandos com
deficiência cuja situação não permita a integração em classes comuns de ensino re-
gular;
– Garantir, progressivamente, a inserção dos educandos com deficiência nas
classes comuns de ensino regular. ” (MEC/SEESP, 2006: 190).

Fonte: www.clmais.com.br

A lei citada destaca a necessidade de garantir às crianças com necessidades


especiais nas escolas inclusivas, apoio e suporte extra que assegurem uma educação
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efetiva evitando-se o encaminhamento dessas crianças a escolas, classes ou seções
permanentes de Educação Especial, salvo exceções, quando há incapacidade de o
aluno frequentar a classe regular de ensino.
Há estruturas de ação em Educação Especial, adotadas pela Conferência Mun-
dial em Educação Especial, que se compõe de aspectos que visam à implementação
de políticas, recomendações e ações governamentais que visão aspectos de melhoria
para a Educação Especial, dentre eles estão incluídos os serviços externos de apoio
à Educação Especial.
De acordo com a LDB (artigo 58), existe a possibilidade do Atendimento Edu-
cacional Especializado, ocorrer fora do ambiente escolar, entretanto, o ensino regular
não deve ser substituído, e sim, apoiado através de intervenções que visem o apren-
dizado e o desenvolvimento do aluno. A importância do apoio ou suporte ao professor
que possui em sala de aula um aluno com deficiência é percebida através da dificul-
dade que o educador apresenta em alfabetizar esse aluno, visto que, normalmente as
salas de aula do ensino regular público, onde a inclusão ocorre de forma mais efetiva,
normalmente apresentam problemas de superlotação. Tal fato impossibilita o pro-
fessor de desenvolver com este aluno, um trabalho mais específico que atenda suas
reais necessidades.
Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua de
apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regu-
lar até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo,
conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados
e pessoal de apoio externo. (MEC/SEESP, 2006:335)

3 O DESPREPARO E O MEDO

O despreparo e o medo do desconhecido ainda pairam sobre as salas de aula


frente à inclusão. Incluir um aluno na escola regular vai muito além de permitir a fre-
quência e participação do mesmo nas aulas sem dá-lo condições para aprender. A
inclusão requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, socializa-
ção e vivência. Para que isto ocorra de forma efetiva é necessário que a escola se
organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí- lo. O cur-
rículo deve ser adaptado às necessidades dos alunos, promovendo oportunidades

4
que se adéquem as habilidades e interesses diferenciado na intenção de promover a
inclusão de todos.
Para Edler Carvalho (2011, p. 103):

Existem também desafios nas políticas educacionais que são: a base ideo-
lógica, a quantidade e a qualidade da oferta educativa, o sentido e o signifi-
cado da proposta inclusiva e integradora, a valorização do magistério, a ter-
minologia adotada para o alunado da educação especial, a administração dos
sistemas educativos e a organização do atendimento educacional escolar.

A Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a


educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que neces-
sitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, uma maior efi-
ciência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual está inse-
rido.
O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma
escola para todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os alunos
com necessidades especiais.
Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que
se refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm avan-
çado aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que ainclusão
bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente do atual-
mente disponível.

Fonte: www.portal.mec.gov.br

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Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições linguísticas, senso-
riais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou outras e requer sis-
temas educacionais planejados e organizados que deem conta da diversidade dos
alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e necessidades.
A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que
representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e
de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável.
Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade bra-
sileira, reconhecidamente ampla e diversificada.
Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos sis-
temas educacionais de todo o país (nos estados e municípios), há que se contemplar
alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê? O professor
especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam deficiências?
Para Salvi (2002, p. 2):

Atualmente, todo o segmento de profissionais, pais e as próprias pessoas


com necessidades educativas especiais denominam como inclusão um novo
paradigma de pensamento e ação, no sentido de incluir todos os indivíduos
socialmente, inclusive no contexto educacional.

O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstá-


culos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se
com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos huma-
nos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos
grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em futuro re-
moto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente específi-
cas de programas-modelos ou experimentais.
O que se afigura de maneira mais expressiva ao se pensar na viabilidade do
modelo de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos
humanos, especificamente dos professores das classes regulares, que precisam ser
efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa.
A formação e a capacitação docente impõem-se como meta principal a ser al-
cançada na concretização do sistema educacional que inclua todos, verdadeiramente.
É indiscutível a dificuldade de efetuar mudanças, ainda mais quando implicam
novos desafios e inquestionáveis demandas socioculturais. O que se pretende, numa
fase de transição onde os avanços são inquietamente almejados, é o enfrentamento
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desses desafios mantendo-se a continuidade entre as práticas passadas e os presen-
tes, vislumbrando o porvir; é procurar manter o equilíbrio cuidadoso entre o que existe
e as mudanças que se propõem.
Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com neces-
sidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente na
rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração no
texto da lei, não devendo a integração – seja como política ou como princípio nortea-
dor – ser penalizada em decorrência dos erros que têm sido identificados na sua ope-
racionalização nas últimas décadas.
O êxito da integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no
atendimento à diversidade da população estudantil. Como atender a essa diversi-
dade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas, dentre outras medidas:
elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos, desde a con-
cepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola;
sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem dos edu-
candos; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliaros educandos numa
abordagem processual e emancipadora, em função do seu progresso e do que poderá
vir a conquistar.

Fonte: www.portals1.com.br

Alguns educadores defendem que uma escola não precisa preparar-se para
garantir a inclusão de alunos com necessidades especiais, mas tornar-se preparada
como resultado do ingresso desses alunos. Indicam, portanto, a colocação imediata

7
de todos na escola. Entendem que o processo de inclusão é gradual, interativo e cul-
turalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na construção do
ambiente escolar que lhe seja favorável. Embora os sistemas educacionais tenham a
intenção de realizar intervenções pedagógicas que propiciem às pessoas com neces-
sidades especiais uma melhor educação, sabe-se que a própria sociedade ainda não
alcançou níveis de integração que favoreçam essa expectativa.
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar
a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a
contribuição de cada um conforme suas condições pessoais.
A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o pro-
cesso de inclusão social dos cidadãos, tendo como mediadora uma escola realmente
para todos, como instância sociocultural.

4 A PRÁTICA ESCOLAR

A prática escolar tem evidenciado o que pesquisas científicas vêm compro-


vando: os sistemas educacionais experimentam dificuldades para integrar o aluno
com necessidades especiais. Revelam os efeitos dificultadores de diversos fatores de
natureza familiar, institucionais e socioculturais.
A maioria dos sistemas educacionais ainda se baseiam na concepção médico-
psicopedagógico quanto à identificação e ao atendimento de alunos com necessida-
des especiais.
Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importância do
fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população específica.
Essa visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar dos
alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais.
Outras análises levam à constatação de que a própria escola regular tem difi-
cultado, para os alunos com necessidades especiais, as situações educacionais co-
muns propostas para os demais alunos.
Direcionam a prática pedagógica para alternativas exclusivamente especializa-
das, ou seja, para alunos com necessidades especiais, a resposta educacional ade-
quada consiste em serviços e recursos especializados.
Segundo GLAT (2007):

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Para o aluno com necessidades especiais aproveitar plenamente da escola-
ridade no contexto do ensino regular, a escola precisará dispor de um sistema
de suportes que lhe permita adaptar métodos e práticas de ensino e avalia-
ção, incorporando recursos e adaptações que se façam necessárias para pro-
mover o seu desenvolvimento e aprendizagem. (p.10)

Tais circunstâncias apontam para a necessidade de uma escola transformada.


Requerem a mudança de sua visão atual. A educação eficaz supõe um projeto peda-
gógico que enseje o acesso e a permanência – com êxito – do aluno no ambiente es-
colar; que assume a diversidade dos educandos, de modo a contemplar as suas
necessidades e potencialidades.
A forma convencional da prática pedagógica e do exercício da ação docente é
questionada, requerendo-se o aprimoramento permanente do contexto educacional.
Nessa perspectiva é que a escola virá a cumprir o seu papel, viabilizando as finalida-
des da educação.

Fonte: www.gestaoescolar.org.br

Em uma dimensão globalizada da escola e no bojo do seu projeto pedagógico,


a gestão escolar, os currículos, os conselhos escolares, a parceria com a comunidade
escolar e local, dentre outros, precisam ser revistos e redimensionados, para fazer
frente ao contexto da educação para todos. A lei nº 9.394 – de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – respalda, enseja e oferece elementos para a transformação re-
querida pela escola de modo que atenda aos princípios democráticos que a orientam.

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5 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma pers-
pectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especiali-
zados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos.
Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação esco-
lar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania. Como
elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se transversalmente,
em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto, organização e
prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir diferenciações
nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos.
Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem desen-
volver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação
e visar suas finalidades gerais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da
comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações
curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos.
Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam
em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas,
também, seus interesses e motivações.
A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à
melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem
como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspec-
tiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade.
As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas,
podendo e devendo ser fatores de enriquecimento.
A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimen-
são de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diver-
sas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de
condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
 Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sen-
soriais diferenciadas;
 Crianças com deficiência e bem-dotadas;

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 Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;
 Crianças de populações distantes ou nômades;
 Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
 Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.
A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para
referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capaci-
dade ou de suas dificuldades para aprender.

Fonte: www.observatoriodorecife.org.br

Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessaria-


mente vinculada a deficiências. O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de
expressões utilizadas no contexto educacional – deficientes, excepcionais, subnor-
mais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. – para referir-se aos alunos com
altas habilidades/superdotação, aos com deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e
sensoriais. Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as res-
postas educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou con-
dições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização.
É uma forma de reconhecer que muitos alunos, tenha ou não necessidades
especiais tanto deficiência ou de superdotação, apresentam necessidades educacio-
nais que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.

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O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionali-
dade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando fre-
quenta a escola. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola pode re-
percutir no risco de tornar-se um aluno com necessidades especiais. Não se trata de
mero jogo de palavras ou de conceitos.
Dificuldades e obstáculos sempre existiram e serão encontrados sempre, usa-
dos como argumentos para muitos para acomodarem-se. Mas não podemos esquecer
do imenso potencial humano e o que é impossível hoje, amanhã poderá ser superado.
De acordo com Dusik (2013, p. 30):

Com o advento do paradigma de um sistema educacional inclusivo e de uma


sociedade inclusiva, assume-se o compromisso de garantir que as pessoas
com deficiência não sejam excluídas do sistema geral de ensino, nem das
atividades sociais comuns. Para tanto, adequações precisam ser realizadas
com vistas a possibilitar sua efetiva participação em ambientes que maximi-
zem seu desenvolvimento acadêmico, laboral e social, respeitando a digni-
dade humana das pessoas com deficiência e a promoção de suas potencia-
lidades, aprendizagem criatividade e participação.

Diferentes autores trazem contribuições diversificadas a partir de suas práticas


e vivências. Para Kortmann (2006, p. 235):

Embora reconheçamos ser difícil apresentar uma postura face à deficiência,


que desloca o comodismo social e descaracteriza as diretrizes institucionais,
a convicção de que uma saída honrosa para essa problemática é a de partir
de ideias construtivistas de educação, nos quais o portador de necessidades
especiais possa ser considerado como um ser sujeito, que, orientado seja
capaz de adequar-se à realidade cotidiana.

6 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar


nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer
para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que
apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os alu-
nos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que temporariamente,
de atenção específica e poder requerer um tratamento diversificado dentro do mesmo
currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos
que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode

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conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com
ela?
Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os
especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os traba-
lhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula com os
demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica “nor-
mal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos
acentuadas dificuldades para aprender.
Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a
atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de priorida-
des no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para
quem dele necessitar.
Nessa perspectiva, define como aluno com necessidades especiais aquele que
“... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio
das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos peda-
gógicos e metodologias educacionais específicas. ” A classificação desses alunos,
para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado (preferencial-
mente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a:
 Pessoas com deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;
 Pessoas com condutas típicas (problemas de conduta);
 Pessoas com Superdotação.

A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou particula-


res. As políticas recentes de educação especial têm indicado as seguintes situações
para a organização do atendimento:
Integração plena na rede regular de ensino, com ou sem apoio em sala de re-
cursos.
Classe especial em escola regular. Pelas dificuldades de integração dos alunos
em salas de ensino regular, algumas escolas optam pela organização de salas de aula
exclusivas ao atendimento de alunos com necessidades especiais.

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Escola especializada, destinada a atender os casos em que a educação inte-
grada não se apresenta como viável, seja pelas condições do aluno, seja pelas do
sistema de ensino.

7 A INTEGRAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPE-


CIAIS NO SISTEMA

A integração dos alunos com necessidades educativas especiais no sistema de


ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política
governamental há pelo menos uma década.

Fonte: www.fireflyfriends.com

Mas, apesar desse relativamente longo período, tal diretriz ainda não produziu
a mudança necessária na realidade escolar, de sorte que todas as crianças, jovens e
adultos com necessidades especiais sejam atendidos em escolas regulares, sempre
que for recomendado pela avaliação e suas condições pessoais.
A concepção da política de integração da educação especial na rede regular
de ensino abrange duas vertentes fundamentais:
O âmbito social, a partir do reconhecimento das crianças, jovens e adultos es-
peciais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados à sociedade o mais
plenamente possível.

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A inclusão escolar permite muitas abordagens e discussões, a avaliação cer-
tamente é extremamente relevante, de acordo com Edler Carvalho (2011, p. 150):

A avaliação deve ser entendida como fonte principal de informação e referên-


cia para a formulação de práticas educativas que levem à formação global de
todos os indivíduos. Isso implica, necessariamente, dar a avaliação um outro
papel institucional, substituindo a função controladora pela dimensão forma-
dora.

O âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do es-


paço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos) quanto na qualificação
dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar como um todo
deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma escola integra-
dora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da comunidade
é fator essencial.
Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a
diversidade, quer porque o aspecto das necessidades especiais é variado, quer por-
que as realidades são bastante diversificadas no país.
Quanto às escolas especiais, a política de inclusão as reorienta para prestarem
apoio aos programas de integração.
Enquanto modalidade de ensino, a educação especial deve seguir os mesmos
requisitos curriculares dos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. No
entanto, de modo a considerar as especificidades dessa modalidade de ensino e au-
xiliar no processo de adaptação à nova política de integração, os sistemas de ensino
contam atualmente com o documento Adaptações curriculares.
Esse documento define estratégias para a educação de alunos com necessi-
dades educativas especiais e orienta os sistemas de ensino para o processo de cons-
trução da educação na diversidade.
Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os
arts. 26 e 27 da LDBEN, a ser suplementada e complementada por uma parte diver-
sificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos.
Em casos muito singulares, em que o educando com graves comprometimen-
tos mentais e/ou múltiplos não puder beneficiar-se de um currículo que inclua formal-
mente a base nacional comum, deverá ser proposto um currículo especial para aten-
der suas necessidades, com características amplas apresentadas pelo aluno.

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O currículo especial – tanto na educação infantil como nas séries iniciais do
ensino fundamental – distingue-se pelo caráter funcional e pragmático das atividades
previstas.
Alunos com grave deficiência mental ou múltipla têm, na grande maioria das
vezes, um longo percurso educacional sem apresentar resultados de escolarização
previstos no Inciso I do art. 32 da LDBEN: «o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cál-
culo».
Nesse caso, e esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. 24 da
LDBEN, deve ser dada, a esses alunos, uma certificação de conclusão de escolari-
dade, denominada «terminalidade específica». Terminalidade específica, portanto, é
«uma certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresenta,
de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos cujas necessidades es-
peciais, oriundas de grave deficiência mental ou múltipla, não lhes permitem atingir
o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental, respeitada
a legislação existente, esgotadas as possibilidades pontuadas no art. 24 da Lei n.º
9.394/96 e de acordo com o regimento e a proposta pedagógica da escola.
A referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas alternativas edu-
cacionais, tais como o encaminhamento para cursos de educação de jovens e adultos
e de preparação para o trabalho, cursos profissionalizantes e encaminhamento para
o mercado de trabalho competitivo ou não.
A educação especial para o trabalho é uma alternativa que visa à integração
do aluno com deficiência na vida em sociedade, a partir de ofertas de formação pro-
fissional. Efetiva-se por meio de adequação dos programas de preparação para o tra-
balho, de educação profissional, de forma a viabilizar o acesso das pessoas com ne-
cessidades educacionais especiais em cursos de nível básico, técnico e tecnológico,
possibilitando o acesso ao mercado formal ou informal. As adequações efetivam-se
por meio de:
Adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento, cur-
rículo e outros.

16
Fonte: www.nutrifilhos.com

Capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e profissionais es-


pecializados.
Eliminação de barreiras arquitetônicas.
A educação especial para o trabalho pode ser realizada em escolas especiais,
governamentais ou não, em oficinas pré-profissionais ou oficinas profissionalizantes
(de forma protegida ou não), em escolas profissionais do sistema S (SESI, SENAI,
SENAC, etc.), em escolas agro técnicas e técnicas federais ou em centros federais de
educação tecnológica e em outras congêneres.
Os arts. 3º e 4º do Decreto n.º 2.208/97 contemplam a inclusão de alunos em
cursos de educação profissional de nível básico, independentemente de escolaridade
prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com necessida-
des especiais também podem, com essa condição, beneficiar-se desses cursos, qua-
lificando-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho.
A educação para o trabalho oferecida aos alunos com necessidades especiais
que não apresentarem condições de se integrar aos cursos profissionalizantes acima
mencionados deve ser realizada em oficinas profissionalizantes protegidas, com vista
à inserção não-competitiva no mundo do trabalho.
Sendo a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa os diver-
sos níveis de ensino, o nível de formação exigido equivale aos requisitos para atuação
nos respectivos níveis de ensino aos quais está associada.

17
Sendo assim, para atuação na educação infantil e no primeiro segmento do
ensino fundamental, exige-se formação mínima em nível médio, na modalidade Nor-
mal. Para atuação no segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio,
exige-se formação em nível superior.
A partir de 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos ní-
veis de ensino e, portanto, na modalidade de educação especial será a licenciatura
plena, obtida em nível superior.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, tam-
bém desenvolve o Programa Nacional de Capacitação de Recursos Humanos, dirigido
aos profissionais que atuam no ensino regular.

Fonte: www.celsoantunes.com.br

O Programa prevê atendimento gradual dos municípios brasileiros, utilizando-


se de recursos da educação à distância, de modo a possibilitar maior oferta de aten-
dimento aos alunos com necessidades educacionais especiais.
O conhecimento da realidade da educação especial no país é ainda bastante
precário, porque não se dispõe de estatísticas completas nem sobre o número de
pessoas com necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do
ano 2000, o Censo Demográfico passou a oferecer dados mais precisos, permitindo
análises mais profundas da realidade.
A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população
de um país têm necessidades especiais de diversas ordens: visuais, auditivas, físicas,

18
mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e, também, superdotação ou altas habilida-
des. Se essa estimativa se aplicar ao Brasil, estima-se a existência de cerca de 15
milhões de pessoas nessa condição.
A informação mais recente de que se dispõe, em âmbito nacional, foi obtida
pelo Censo Demográfico de 1991, que investigou a existência de pessoas com ce-
gueira, surdez, paralisia, falta de membros ou parte deles e deficiência mental, em
uma amostra com aproximadamente 10% dos domicílios do país. Apuradas as res-
postas, a parcela de pessoas com deficiência foi calculada em 1,5% da população
brasileira, bem inferior, portanto, às estimativas dos organismos internacionais de sa-
úde.
De qualquer forma, o atendimento nos estabelecimentos escolares mostra-se
muito inferior ao necessário. Em 1999, havia cerca de 311 mil alunos matriculados,
distribuídos da seguinte forma: 53,8% deficientes mentais; 12,6% com deficiências
múltiplas; 12,6% com deficiência auditiva; 4,9% com deficiência física; 4,6% com de-
ficiência visual; 2,7% com problemas de condutas típicas. Apenas 0,4% com altas
habilidades/superdotados e 8,5% com outro tipo de deficiência.

8 O MOVIMENTO INCLUSIVO

Assim como o movimento inclusivo exige mudanças estruturais para as escolas


comuns e especiais, ele também propõe que haja uma articulação entre os diferentes
profissionais envolvidos neste processo.
O diálogo entre diversos profissionais é necessário para o aprofundamento e
melhor desempenho, seja do aluno, do professor ou do especialista.
No entanto, o diálogo só acontece quando as partes que se respeitam mutua-
mente e não assumem uma posição de superioridade de conhecimento e de domina-
ção sobre o outro.
Desta forma, para que cada espaço se organize e cumpra com o que se propõe,
sem ocupar ou se sobrepor ao trabalho do outro, faz-se necessário destacar:
Escola (sala comum): Espaço educacional responsável pela saída da vida par-
ticular e Familiar para o domínio público tem função social reguladora e formativa para
os alunos. A escola cabe ensinar a compartilhar o saber, introduzir o aluno no mundo
social, cultural e cientifico, ou seja, cabe a escola socializar o saber universal.

19
A necessidade de quebra de barreiras para um trabalho colaborativo é pri-
mordial pode ajudar a quebra de estigma. A professora da sala regular não
entende a inclusão escolar, e sua dificuldade de acolher o aluno é evidente,
marca da descrença e reflexo de uma cultura de que a escola não é para ele.
(BEDAQUE, P. 161. 2014)

Fonte: www.tatianebaptista.blogspot.com.br

Atendimento Educacional Especializado: Tem por objetivo ampliar o ponto de


partida e de chegada do aluno em relação ao seu conhecimento. Não se atém a solu-
cionar os obstáculos da deficiência, mas criar outras formas de interação, de acessar
o conhecimento particular e pessoal. É de caráter educacional, mas ao contrário da
escola que trabalha o saber universal, o AEE trabalha com o saber particular do aluno,
aquilo que traz de casa, de suas convicções visando propiciar uma relação com o saber
diferente do que possui ampliar sua autonomia pessoal, garantir outras formas de
acesso ao conhecimento (como por exemplo, através do BRAILLE, LIBRAS, uso de
tecnologia, uso de diferentes estratégias de pensamento, etc.)
Atendimento Clínico: Preocupam-se com os sintomas específicos, as patolo-
gias apresentadas em cada área, que são trabalhados de maneira a superar ou reabi-
litar o indivíduo nas manifestações que ocorrem. Exemplo: o fonoaudiólogo trabalhará
com a dificuldade de linguagem expressiva ou receptiva, melhorando a condição da
pessoa neste aspecto, o fisioterapeuta buscará, por exemplo, melhorar os movimen-
tos perdidos, etc.
20
Sabemos que a pessoa é um ser indivisível, em que cada uma de suas partes
interage com a outra, influenciando e determinando a condição do seu funcionamento
e crescimento como pessoa.
Como exemplo, podemos citar o atendimento educacional especializado, que
na construção do conhecimento toca em questões subjetivas para o aluno, o que fa-
talmente acarretará consequências no seu desenvolvimento global e consequente-
mente na resposta ao atendimento clínico.
Se uma instituição especializada mantém o atendimento educacional e clínico,
esses especialistas devem interagir, embora cada um mantenha os limites de suas
especificidades.
E mesmo naquelas escolas especiais e comuns que não têm o propósito de
desenvolver o atendimento clínico, o diálogo com os especialistas é fundamental. E
que esta interação não se estabeleça para encerrar as possibilidades do aluno em um
diagnóstico que contempla apenas as deficiências, mas para descobrir saídas conjun-
tas de atuação em cada caso.
Todos esses três saberes: o clínico, o escolar e o especializado devem fazer
suas diferentes ações convergir para um mesmo objetivo, o desenvolvimento das pes-
soas com deficiência.
O atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para
os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo.
De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008:
Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de
ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto,
com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.
§ 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de ativi-
dades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente,
prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino
regular.
§ 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta peda-
gógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação
com as demais políticas públicas.

21
Fonte: www.celsoantunes.com.br

9 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza


recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena parti-
cipação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
O Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução CNE/CEB nº
4/2009, estabelece as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Espe-
cializado na Educação Básica, definindo que:

Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifunci-


onais da própria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da
escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser reali-
zado, em centro de atendimento educacional especializado de instituição es-
pecializada da rede pública ou de instituição especializada comunitárias, con-
fessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria
de educação ou órgão equivalente dos estados, do Distrito Federal ou dos
municípios.

O Decreto Nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011, especifica mais o atendi-


mento educacional especializado e da outras providência, vejamos as diretrizes esti-
puladas no Art 1º :

“ I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem


discriminação e com base na igualdade de oportunidades;
22
II - aprendizado ao longo de toda a vida;
III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;
IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas
adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais;
V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com
vistas a facilitar sua efetiva educação;
VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes
que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a
meta de inclusão plena;
VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de en-
sino; e
VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas
sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação
especial.
§ 1o Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação espe-
cial as pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento
e com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão obser-
vadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto no 5.626, de 22 de de-
zembro de 2005.”

O Decreto n° 7.611/2011 corrobora as orientações para a construção de siste-


mas educacionais inclusivos, que garantam às pessoas com deficiência o acesso ao
sistema regular de ensino. Para a efetivação do direito inalienável à educação, este
Decreto, em seu art. 1º, incisos I e III, dispõe:

O dever do estado com a educação das pessoas público alvo da educação


especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de
um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e
com base na igualdade de oportunidades; III - não exclusão do sistema edu-
cacional geral sob alegação de deficiência.

Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas ativida-
des se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009).
Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e
preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento
acontecer em uma escola próxima.
Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos
multifuncionais que é um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos,
equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades edu-
cacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário a estes alunos, fa-
vorecendo seu acesso ao conhecimento. (MEC, 2007).
O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços
na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular.

23
Fonte: www.vilavelha.es.gov.br

Os professores destas salas devem atuar de forma colaborativa com o profes-


sor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o
acesso ao aluno ao currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que pro-
movam a educação inclusiva.
Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com
deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá
para a inclusão, evitando atos discriminatórios.
O objetivo do AEE é Complementar ou suplementar a formação do estudante
por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que
eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento
de sua aprendizagem. Assim o AEE é:

uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,


graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, iden-
tificar as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar
planos de atendimento, visando ao acesso e à participação no processo de
escolarização em escolas comuns, atender o aluno com deficiências no turno
oposto àquele em que ele freqüenta a sala comum, produzir e/ou indicar ma-
teriais e recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com de-
ficiência aos conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em
sala de aula, verificando sua funcionalidade, sua aplicabilidade e a necessi-
dade de eventuais ajustes, e orientar as famílias e professores quanto aos
recursos utilizados pelo aluno (SARTORETTO; SARTORETTO. 2010, p 2).

É um serviço da Educação Especial. Ele não realiza aulas, mas atendimentos


planejados, orientados e avaliados por um professor de Educação Especial. O AEE
24
se difere do Apoio Pedagógico. Seus conteúdos são: Educação Cognitiva, Comunica-
ção Suplementar e/ou Alternativa, Língua Brasileira de Sinais/Libras, ensino da Língua
Portuguesa escrita aos alunos com perda auditiva, orientação e mobilidade, Braille, di-
ferentes Tecnologias Assistivas etc.
O Atendimento Educacional Especializado/AEE atua como um complemento
e/ou suplemento durante o processo de formação acadêmica de alunos com deficiên-
cia, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Ele
deve ser realizado nas Salas de Recursos Multifuncionais das escolas comuns po-
dendo também ser oferecido por instituições especializadas.
Seu objetivo é criar condições para que o aluno acesse os conhecimentos, con-
teúdos e informações que são compartilhados e produzidos nas salas do ensino co-
mum. Ao AEE não cabe o ensino de conteúdos escolares.
Um aluno com deficiência pode se beneficiar das atividades realizadas nos Gru-
pos de Apoio Pedagógico de uma escola e do Atendimento Educacional Especiali-
zado/AEE. Os serviços que a ele serão oferecidos devem ser definidos durante a re-
alização de um estudo de caso.
O mais importante é que não criemos espaços separados apenas para pessoas
com deficiência, a fim de que conteúdos escolares sejam ensinados.
Tampouco descaracterizemos o Atendimento Educacional Especializado/AEE
ministrando aulas e trabalhando com conteúdo de Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências e outras disciplinas curriculares.
Gestores, professores, familiares e diferentes profissionais devem conhecer os
propósitos do AEE para que possam identificá-los e adequá-los sempre que necessá-
rio.

10 COMO TRABALHAR EM PARCERIA COM O AEE?

Para fazer a inclusão de alunos com deficiência, conte com um parceiro impor-
tante: o educador responsável pelo atendimento educacional especializado (AEE)
Os alunos com deficiência têm muito a ganhar com a parceria entre professor
da sala regular e o docente responsável pelo atendimento educacional especializado
(AEE). Este profissional trabalha nas salas de recurso, ambientes adaptados para re-
ceber estudantes com uma ou mais deficiências durante o contra turno.

25
A aprendizagem não ocorre em situação de isolamento. Portanto as socieda-
des devem garantir a todos os educandos assistência em nutrição, cuidados
médicos e o apoio físico e emocional essencial para que participem ativa-
mente de sua própria educação e dela se beneficiem. (UNESCO, 1990, art.
6)

O objetivo do AEE é preparar os alunos para desenvolver habilidades e utilizar


instrumentos de apoio que facilitem seu desenvolvimento.

Fonte: www.3.bp.blogspot.com

Por exemplo: crianças surdas estudam o alfabeto em Libras com o professor


do atendimento educacional especializado para aproveitar melhor o intérprete em
sala; cegos aprendem o braile; deficientes intelectuais usam jogos pedagógicos com-
plementares ao aprendizado; quem tem paralisia cerebral descobre como usar pran-
chetas com figuras para se comunicar etc.
O AEE não pode ser confundido com aulas de reforço ou recuperação paralela.
Ele serve para ajudar o aluno a adquirir habilidades que são essenciais para garantir
o bom desempenho nas aulas regulares.
Para firmar uma boa parceria com o profissional do AEE é preciso fazer um
planejamento conjunto para cada aluno, discriminando quais as atividades serão de-
senvolvidas e o tempo estimado.
A partir deste momento, e ao longo de todo o ano letivo, o contato entre os
educadores é permanente. Se você trabalha na sala regular e percebe que há pouca
ou nenhuma evolução, deve informar quem está na sala de recursos, para que o plano

26
seja modificado. Outra atitude fundamental é transmitir o conteúdo das aulas regulares
com antecedência.
Se a sua escola não possui uma sala de recursos, converse com a coordenação
e a direção. A solicitação deve ser feita via Secretaria de Educação ao Ministério da
Educação, que mantém o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifun-
cionais.

11 INSTITUCIONALIZAÇÃO DO AEE NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, art. 10º, o Projeto Político


Pedagógico - PPP da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE,
prevendo na sua organização:
- Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais didáti-
cos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
- Matrícula no AEE de estudantes matriculados no ensino regular da própria
escola ou de outra escola;
- Cronograma de atendimento aos estudantes;
- Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos
estudantes, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvi-
das;
- Professores para o exercício do AEE;
- Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de
Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente nas atividades de
alimentação, higiene e locomoção;
- Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvol-
vimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros
que maximizem o AEE.
Para fins de planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e estra-
tégias pedagógicas e de acessibilidade, utilizadas no processo de escolarização, a es-
cola institui a oferta do atendimento educacional especializado, contemplando na ela-
boração do PPP (Anexo I), aspectos do seu funcionamento, tais como:
Carga horária para os estudantes do AEE, individual ou em pequenos grupos,
de acordo com as necessidades educacionais específicas;

27
Espaço físico com condições de acessibilidade e materiais pedagógicos para
as atividades do AEE;

Fonte: www.1.bp.blogspot.com

 Professores com formação para atuação nas salas de re-


cursos multifuncionais;
 Profissionais de apoio às atividades da vida diária e para a acessibilidade nas
comunicações e informações, quando necessário;
 Articulação entre os professores da educação especial e do ensino regular e a
formação continuada de toda a equipe escolar;
 Participação das famílias e interface com os demais serviços públicos de sa-
úde, assistência, entre outros necessários;
 Oferta de vagas no AEE para estudantes matriculados no ensino regular da
própria escola e de outras escolas da rede pública, conforme demanda;
 Registro anual no Censo Escolar MEC/INEP das matrículas no AEE.

28
12 PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE

Conforme Resolução CNE/CEB n.4/2009, art. 12, para atuar no atendimento


educacional especializado, o professor deve ter formação inicial que o habilite para
exercício da docência e formação continuada na educação especial. Cabe ao profes-
sor do Atendimento Educacional Especializado:

Desenvolver atividades próprias do AEE, de acordo com as necessidades


educacionais específicas dos alunos: ensino da Língua Brasileira de Sinais –
Libras para alunos com surdez; ensino da Língua Portuguesa escrita para
alunos com surdez; ensino da Comunicação Aumentativa e Alternativa –
CAA; ensino do sistema Braille, do uso do soroban e das técnicas para a
orientação e mobilidade para alunos cegos; ensino da informática acessível
e do uso dos recursos de Tecnologia Assistiva – TA; ensino de atividades de
vida autônoma e social; orientação de atividades de enriquecimento curricular
para as altas habilidades/superdotação; e promoção de atividades para o de-
senvolvimento das funções mentais superiores (BRASIL, 2010b, p. 4; 2010c,
p. 5).

O professor do AEE tem como função realizar esse atendimento de forma com-
plementar ou suplementar à escolarização, considerando as habilidades e as neces-
sidades educacionais específicas dos estudantes público alvo da educação especial.
A formação dos professores deve fornecer

Os meios de um pensamento autônomo e que facilita as dinâmicas de auto


formação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal,
um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com
vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profis-
sional. (NÓVOA, 1992, p. 25)

As atribuições do professor de AEE contemplam:


 Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do estudante;
 Definição do cronograma e das atividades do atendimento do estudante;
 Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de
recursos acessíveis;
 Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como:
Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos
surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa -
CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores
e atividades de enriquecimento curricular;

29
 Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tec-
nologia assistiva na sala de aula comum e demais ambientes escolares;
 Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes eta-
pas e modalidades de ensino;
 Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre a apli-
cabilidade e funcionalidade dos recursos utilizados pelo estudante;
Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras.

A formação do professor deve ser um processo contínuo, que perpassa sua


prática com os alunos, a partir do trabalho transdisciplinar com uma equipe
permanente de apoio. É fundamental considerar e valorizar o saber de todos
os profissionais da educação no processo de inclusão. Não se trata apenas
de incluir um aluno, mas de repensar os contornos da escola e a que tipo de
Educação estes profissionais têm se dedicado. Trata-se de desencadear um
processo coletivo que busque compreender os motivos pelos quais muitas
crianças e adolescentes também não conseguem encontrar um “lugar” na es-
cola. (BRASIL, 2005, p.21).

13 ESTUDANTES PÚBLICO ALVO DO AEE

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclu-


siva tem como objetivos, a oferta do atendimento educacional especializado, a forma-
ção dos professores, a participação da família e da comunidade e a articulação inter-
setorial das políticas públicas, para a garantia do acesso dos estudantes com defici-
ência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
no ensino regular.
Os estudantes público-alvo do AEE são definidos da seguinte forma:

30
Fonte: www.cidade24.com.br

Estudantes com deficiência - aqueles que têm impedimentos de longo prazo de


natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem ter obstruída sua participação plena e efetiva na escola e na socie-
dade;
Estudantes com transtornos globais do desenvolvimento - aqueles que apre-
sentam quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometi-
mento nas relações sociais, na comunicação e/ou estereotipias motoras. Fazem parte
dessa definição estudantes com autismo infantil, síndrome de Asperger, síndrome de
Rett, transtorno desintegrativo da infância;
Estudantes com altas habilidades ou superdotação - aqueles que apresentam
potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano,
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e cria-
tividade. No AEE:

o aluno constrói conhecimento para si mesmo, o que é fundamental para que


consiga alcançar o conhecimento acadêmico. Aqui, ele não depende de uma
avaliação externa, calcada na evolução do conhecimento acadêmico, mas de
novos parâmetros relativos às suas conquistas diante do desafio da constru-
ção do conhecimento. (BRASIL, 2007, p.27)

31
14 OBJETIVOS E AÇÕES DO PROGRAMA IMPLANTAÇÃO DE SALAS DE RE-
CURSOS MULTIFUNCIONAIS

O programa da suporte ao sistema de ensino na implantação de salas de re-


cursos multifuncionais, com materiais pedagógicos e de acessibilidade, para a reali-
zação do atendimento educacional especializado, complementar ou suplementar a
escolarização.
De acordo com Souza (2001, p. 118):

Os objetivos básicos do tratamento psicopedagógico são, obviamente, a de-


saparição do sintoma e a possibilidade para o sujeito de aprender, normal-
mente ou, ao menos, no nível, mais alto que suas condições orgânicas, cons-
titucionais e pessoais lhe permitam.

A intenção é atender com qualidade alunos com deficiência, transtornos globais


do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, matriculados nas classes co-
muns do ensino regular. O programa é destinado às escolas das redes estaduais e
municipais de educação, em que os alunos com essas características estejam regis-
trados no Censo Escolar MEC/INEP.
A Secretaria de Educação Especial oferece equipamentos, mobiliários e ma-
teriais didático-pedagógicos e de acessibilidade para a organização das salas de re-
cursos multifuncionais, de acordo com as demandas apresentadas pelas secretarias
de educação em cada plano de ações articuladas (PAR).
No contexto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Edu-
cação Inclusiva, o Programa objetiva:
 Apoiar a organização da educação especial na perspectiva da educação
inclusiva;
 Assegurar o pleno acesso dos estudantes público alvo da educação es-
pecial no ensino regular em igualdade de condições com os demais es-
tudantes;
 Disponibilizar recursos pedagógicos e de acessibilidade às escolas re-
gulares da rede pública de ensino;
 Promover o desenvolvimento profissional e a participação da comuni-
dade escolar. Para atingir tais objetivos, o MEC I realiza as seguintes
ações:

32
 Aquisição dos recursos que compõem as salas;
 Informação sobre a disponibilização das salas e critérios adotados;
 Monitoramento da entrega e instalação dos itens às escolas;
 Orientação aos sistemas de ensino para a organização e oferta do AEE;
 Cadastro das escolas com sala de recursos multifuncionais implantadas;
 Promoção da formação continuada de professores para atuação no AEE;
 Publicação dos termos de Doação;
 Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas pelo Pro-
grama;
 Apoio financeiro, por meio do PDDE Escola Acessível, para adequação
arquitetônica, tendo em vista a promoção de acessibilidade nas escolas,
com salas implantadas.

15 CRITÉRIOS PARA A IMPLANTAÇÃO DAS SALAS DE RECURSOS MULTI-


FUNCIONAIS

Fonte: agencia.sorocaba.sp.gov.br
Aos gestores dos sistemas de ensino cabe definir quanto à implantação das
salas de recursos multifuncionais, o planejamento da oferta do AEE e a indicação das
escolas a serem contempladas, conforme as demandas da rede, atendendo os se-
guintes critérios do Programa:
33
 A secretaria de educação a qual se vincula a escola deve ter elaborado
o Plano de Ações Articuladas – PAR, registrando as demandas do sis-
tema de ensino com base no diagnóstico da realidade educacional;
 A escola indicada deve ser da rede pública de ensino regular, conforme
registro no Censo Escolar MEC/INEP (escola comum);
 A escola indicada deve ter matrícula de estudante(s) público alvo da edu-
cação especial em classe comum, registrada(s) no Censo Escolar
MEC/INEP;
 A escola de ensino regular deve ter matrícula de estudante(s) cego(s)
em classe comum, registrada(s) no Censo Escolar MEC/INEP, para re-
ceber equipamentos específicos para atendimento educacional especi-
alizado a tais estudantes;
 A escola deve disponibilizar espaço físico para a instalação dos equipa-
mentos e mobiliários e o sistema de ensino deve disponibilizar professor
para atuação no AEE.
A sala de recurso tem como função flexibilizar o desenvolvimento da aprendi-
zagem ao aluno tendo como importante enfoque eliminar as barreiras do processo de
ensino aprendizagem. Oferecendo com isso recursos fundamentais para sanar suas
dificuldades e ao mesmo tempo buscar enriquecer as habilidades, destacando o Art.2º
da resolução nº4/2008 quando diz:

O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno


por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estra-
tégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e
desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Di-
retrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação daqueles
que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência
ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e
pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de
comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.

16 ADESÃO, CADASTRO E INDICAÇÃO DAS ESCOLAS

A Secretaria de Educação efetua a adesão, o cadastro e a indicação das esco-


las a serem contempladas pelo Programa, por meio do Sistema de Gestão
Tecnológica do Ministério da Educação – SIGETEC, conforme orientações disponíveis
no Anexo II.

34
Ao aderir ao Programa, as secretarias de educação devem:
 Informar às escolas sobre a adesão ao Programa Implantação de Salas
de Recursos Multifuncionais;
 Monitorar a entrega e instalação dos recursos nas escolas;
 Orientar as escolas, quanto à implantação das salas de recursos multi-
funcionais e à institucionalização da oferta do AEE no PPP;
 Acompanhar a organização e oferta do atendimento edu-
cacional especializado pela 11 escola;
 Validar as informações de matrícula dos estudantes público alvo da edu-
cação especial, junto ao Censo Escolar MEC/INEP;
 Promover a assistência técnica, a manutenção e a segurança dos recur-
sos disponibilizados;
 Apoiar a participação dos professores nos cursos de formação continu-
ada para o AEE;
 Regularizar o patrimônio, após a publicação do termo de Doação pelo
MEC.

17 FUNCIONAMENTO DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS

Fonte: oregionalpr.com.br

35
As salas de recursos multifuncionais devem manter seu efetivo funcionamento,
com oferta do atendimento educacional especializado – AEE, aos estudantes público
alvo da educação especial, matriculados em classes comuns do ensino regular, devi-
damente registrados no Censo Escolar MEC/INEP.
Com base nos dados do Censo Escolar, o MEC faz o planejamento de expan-
são do Programa, bem como de novas ações a serem disponibilizadas às escolas
com salas de recursos multifuncionais, em efetivo funcionamento, tais como:
 Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas em esco-
las, que continuam apresentando matrículas de estudantes público alvo
da educação especial;
 Apoio Complementar do Programa Escola Acessível e do Programa de
Formação Continuada de Professores na Educação Especial.
 Visita Técnica para verificação do funcionamento da sala de recursos
multifuncionais, realizada por técnico do MEC.
 Informativos: encaminhamento da Revista Inclusão e outras publicações
pedagógicas do MEC.
As informações sobre o funcionamento das salas de recursos multifuncionais e
suas respectivas escolas são imprescindíveis para fins da efetivação dos procedimen-
tos de doação dos recursos, para o recebimento de outras ações de apoio complemen-
tar às escolas contempladas pelo Programa, bem como para a realização dos proce-
dimentos de avaliação.
Essas informações devem ser enviadas ao MEC, por meio de ofício do Secre-
tário de Educação, comunicando sobre:
 Mudança de endereço ou de denominação da escola, informando os da-
dos novos;
 Troca da sala para outra escola da rede de ensino, devidamente justifi-
cada e de acordo com os critérios do Programa;
 Destruição dos recursos por calamidade pública, com documento decla-
ratório e relação dos itens danificados em anexo;
 Eventual furto de algum de seus itens, com Boletim de Ocorrência (BO)
em anexo.

36
Todas as salas de recursos multifuncionais deverão manter atualizado seu re-
gistro de funcionamento no Censo Escolar, bem como preencher formulários enviados
pelo MEC para atualização de cadastro, que se faz necessário para:
Envio de materiais pedagógicos para formação continuada dos professores do
AEE e demais correspondências do Programa;
Informações relativas à realização de cursos de formação docente;
Estabelecimento de redes de colaboração entre professores e escolas com sa-
las de recursos multifuncionais;
Acompanhamento e avaliação do Programa;
Recebimento de itens relativos à atualização das salas;
Participação em programas e ações de apoio complementar.

18 A EXTINÇÃO DA SECADI

A atuação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade


e Inclusão (SECADI/MEC), objetivava assegurar o direito do estudante à educação
com qualidade e equidade, tendo políticas públicas educacionais voltadas para a in-
clusão social. A extinção da Secadi por meio do Decreto nº 9.465, de 2 de janeiro de
2019
As atribuições que competiam à Secadi estavam no decreto n.º 7.690, de 2 de
março de 2012, que são os seguintes:
I – planejar, orientar e coordenar, em articulação com os sistemas de ensino, a
implementação de políticas para a alfabetização, a educação de jovens e adultos, a
educação do campo, a educação escolar indígena, a educação em áreas remanes-
centes de quilombos, a educação em direitos humanos, a educação ambiental e a
educação especial;
II- implementar ações de cooperação técnica e financeira entre a União, Esta-
dos, Municípios, Distrito Federal, e organismos nacionais e internacionais, voltadas à
alfabetização e educação de jovens e adultos, a educação do campo, a educação
escolar indígena, a educação em áreas remanescentes de quilombos, a educação em
direitos humanos, a educação ambiental e a educação especial;

37
III – coordenar ações transversais de educação continuada, alfabetização, di-
versidade, direitos humanos, educação inclusiva e educação ambiental, visando à efe-
tivação de políticas públicas de que trata esta Secretaria, em todos os níveis, etapas
e modalidades; e
IV – apoiar o desenvolvimento de ações de educação continuada, alfabetiza-
ção, diversidade, direitos humanos, educação inclusiva e educação ambiental, vi-
sando à efetivação de políticas públicas intersetoriais. (Brasil, 2012);

38
19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da união, 11 de agosto de 1971.

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39
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Presidência da República. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe so-


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2011. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/legislacoes/decre-
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GLAT, R. Educação Inclusiva: Cultura e Cotidiano Escolar. Editora 7 letras, 2ª edi-


ção, 2013.

DE FREITAS E SOUZA, Maciana. A extinção da SECADI e o campo da Educação


na conjuntura atual. Justificando mentes inquietas pensam direito, 2019. Disponível

41
em:http://www.justificando.com/2019/01/17/extincao-secadi-campo-educacao-con-
juntura-atual/. Acesso em: 21 jul. 2020.

20 ARTIGO PARA REFLEXÃO

DISPONÍVEL EM: http://elianepedagogia2012.blogs-


pot.com.br/ AUTORA: CAMILA MARTINS VIANA SOARES

A CRIANÇA COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E A SUA IN-


CLUSÃO NA ESCOLA REGULAR

CAMILA MARTINS VIANA


SOARES

RESUMO

Este trabalho aborda o tema alunos com necessidades educacionais especiais e


como a escola regular está recebendo estes alunos. Organizou-se o trabalho de
modo a fornecer subsídios para que os professores possam compreender quanto é
importante considerar a individualidade do educando, atendendo às suas necessida-
des. A educação é um direito de todos, mas sabe-se que ainda são muitas as pes-
soas que não têm acesso à escola por apresentar alguma deficiência e, muitas vezes
por imposição da própria família, ficam segregadas, fora do âmbito escolar. Muitas
vezes espera-se que o aluno se adapte à escola, sem que a escola tenha condições
físicas de receber este aluno e oferecer-lhe condições de permanecer e aprender na
escola. Incluir é muito mais que receber apenas o aluno no espaço escolar, é também

42
favorecer o seu aprendizado, respeitá-lo como sujeito ímpar, oferecer situações fa-
voráveis à sua aprendizagem, sem deixar que, por apresentar alguma necessidade
educacional especial, o aluno deixe de desfrutar de todos os momentos que propi-
ciem o seu pleno desenvolvimento. Espera-se que o trabalhoforneça informações
acerca do que é inclusão e de como a escola poderá se tornar verdadeiramente in-
clusiva.
Palavras-chave: Inclusão. Educação. Família.

INTRODUÇÃO

Quando se fala em inclusão, há de se esperar que o termo aconteça de modo


a tornar a vida das pessoas cada vez mais com qualidade. O trabalho tem como tema:
Alunos com Necessidades Especiais e sua inclusão na escolar regular e, para tanto,
buscará trazer subsídios que auxiliem os educadores no atendimento aos alunos com
necessidades educativas especiais. Sua relevância consiste no fato de que, a partir
das considerações aqui expostas, pode-se refletir acerca do que é a inclusão e de
como se deve incluir para que, quem tenha necessidades educativas especiais tenha
uma vida digna e com qualidade.
A criança que nasce com alguma deficiência ou que a adquire no decorrer da
sua vida tem no seu cotidiano uma série de dificuldades. São muitos obstáculos e
muitos desafios a serem alcançados. Não é apenas a deficiência apresentada que
torna o aprendizado, às vezes, difícil, mas também e, principalmente, a atitude da
sociedade em relação às suas dificuldades. Nesse sentido, sofre a criança, diante de
todos esses preconceitos e sofre a família, que geralmente não encontra muito apoio
nas instituições por onde passa.
Os objetivos do trabalho consistem em buscar subsídios para os educadores
que atuam com alunos com necessidades especiais além de mostrar como, de fato, a
inclusão acontece no cotidiano brasileiro. Também e buscará apresentar as principais
maneiras de atuação dos professores diante de alunos com necessidades especiais.
O trabalho buscará responder aos seguintes questionamentos: como incluir um
aluno com necessidades educativas especiais na escola regular? As escolas possuem

43
estrutura física para atender a estes alunos? Através da inclusão os alunos com ne-
cessidades educativas especiais têm todo o desenvolvimento de que necessitam? Que
atendimentos e orientações são destinados aos pais desses alunos?
A escola é uma instituição aberta a todos, é um direito de todos adentrar na
escola e nela permanecer, tendo a sua individualidade respeitada. Portanto, este am-
biente deverá estar preparado para atender a todos os alunos, independente das suas
dificuldades. O espaço escolar deve ser adequado para os alunos com necessidades
educativas especiais e nãos os estudantes que têm que adequar-se ao espaço esco-
lar.
O trabalho foi realizado através da pesquisa bibliográfica. Foram pesquisados
sites, revistas, livros e periódicos que tratam sobre a inclusão e sobre o atendimento
dentro das escolas aos alunos com necessidades educativas especiais. Em seguida
fez-se a seleção daqueles que são de interesse para o trabalho.
Dividiu-se o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo trata sobre a inclu-
são do aluno com necessidades educativas especiais na escola regular, ressaltando
como estão estruturadas as escolas que recebem estes alunos.
A segunda parte do trabalho ressaltará a importância que é dada ao tema in-
clusão dentro das instituições escolares, bem como ao que dizem as leis sobre o tema
em questão. A terceira e última parte do trabalho trata sobre a parceria que deve ser
estabelecida entre a escola e a família, ressaltando-se a importância do atendimento
que se destina à família do aluno com necessidades educativas especiais.
CAPITULO 1 – A INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCATI-
VAS ESPECIAIS

A inclusão Gonçalves (2005) cita que no Brasil há 24 milhões de pessoas que apre-
sentam algum tipo de deficiência e que isso deve ser tratado como uma questão
social de interesse de todos. Nos diversos períodos da história da humanidade, a
deficiência era vista de diferentes maneiras.
Na Idade Média, por exemplo, a deficiência era entendida como uma degeneração
humana, sendo que as pessoas com deficiência eramabandonadas, mortas ou fica-
vam sujeitas a crenças ligadas ao sobrenatural. Havia, nessa época, para aqueles
que apresentavam deficiências a marginalização social, a segregação, o asilamento

44
e o prognóstico da incurabilidade. Era comum que muitas pessoas com necessida-
des educativas especiais sofrerem diversos tipos de humilhação. Foi somente a partir
do século XX que a sociedade passou a compreender o conceito de diversidade,
defendo o direito de singularidade de cada indivíduo.
Segundo Cavalcante (2005) na maior parte das escolas brasileiras a inclusão das
crianças com necessidades educativas especiais não acontece da maneira que de-
veria realmente acontecer. A referida autora cita que talvez por falta de informação
ou até mesmo pela omissão de muitos pais, dos educadores e do poder público, mui-
tas são as crianças que ainda vivem isoladas em instituições especializadas, priva-
das de convier com as demais crianças em uma escola regular. Pois, a partir da
convivência das crianças com necessidades educativas especiais dentro de uma es-
cola regular, haverá muitas possibilidades de desenvolverem plenamente as suas po-
tencialidades, além de quê, as demais crianças aprenderão a conviver com um colega
que necessita de seu apoio e da sua compreensão. Haverá nisso uma troca que fa-
vorecerá o aprendizado de todos. Como cita:
O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço ge-
nuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o di-
ferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver.
Por isso quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário.
(CAVALCANTE, 2005, p. 40)
Também Mantoan (2003) cita que as escolas de qualidade são espaços educativos
de construção de personalidades humanas autônomas e críticas. Segundo a autora,
nessas escolas os alunos aprendem a valorizar a diferença a partir da convivência
com seus pares. Nessas escolas as aulas são ministradas embasadas em relações
de afetividade. Uma escola que funciona dessa maneira estará aberta às diferenças
e os educadores são capazes de ensinar a turma toda sem discriminação.
0.2 Cuidados diferentes para cada deficiência
1- Quando a escola recebe um aluno com necessidades educativas especiais, deve
estar preparada para atender às suas necessidades. Algumas orientações são nor-
teadoras para que a atuação vá de encontro ao que cada sujeito necessita.
Quando a escola recebe um aluno que apresente deficiência auditiva, se faz neces-
sário que na escola exista um professor ou um monitor que seja especializado na
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Pois para que a comunicação com a criança

45
aconteça é importante que o professor da sala e as demais crianças aprendam a
comunicar-se através da Língua Brasileira de Sinais.
No caso de alunos que utilizam aparelho auditivo, o professor da sala deverá obter
junto à família da criança o funcionamento e a potência do aparelho utilizado. Para
que o aprendizado aconteça mais sistematicamente, o professor também poderá fazer
uso de representações gráficas. Outro fator importante se refere à comunicação di-
reta com o aluno, pois todos devem falar sempre de frente para ele, o que facilita a
compreensão da situação comunicativa.
Quando o aluno atendido apresentar dificuldades visuais existem determinados mate-
riais que devem ser usados para que as situações de aprendizagem sejam realmente
significativas para ele: o uso de regletes (uma espécie de régua para escrever em
braile). Se faz importante que o professor saiba como se dá o uso desse material, que
seja capacitado para este fim. Algumas orientações que devem ser passadas para o
aluno no que diz respeito à locomoção, comunicação e acessibilidade. É necessário,
por exemplo, colocar cercados no chão, abaixo dos extintores de incêndio e também
deve ser instalado corrimões nas escadas, caso existam escadas na escola. Tam-
bém é importante que não se modifique a disposição dos móveis e utensílios da sala,
pois o aluno aprende a posição em que se encontram e usa essa orientação para
locomover-se na sala de aula.
Quando a escola recebe um aluno com deficiência física os espaços das escolas
devem ser adequados as suas necessidades e não o contrário. Não é o aluno que
deve adaptar-se à escola, mas sim a escola que deve ser adaptada para atende às
necessidades do educando. A adaptação do espaço físico deve conter: rampas de
acesso, barras de apoio e portas largas, móveis adequados para tender as necessi-
dades do aluno.
No caso de alunos que fazem uso de cadeiras de rodas, deve-se atentar para que a
posição seja mudada constantemente evitando desconforto e cansaço para o aluno.
Se faz importante questionar aos pais do aluno se existem posições adequadas para
ficar e o professor deve certificar no decorrer das aulas se esta posição está correta.
Nos casos em que a escola recebe alunos com deficiência mental deve possuir uma
equipe que possa realizar um acompanhamento individual e contínuo. Sabe-se que,
geralmente os deficientes mentais têm dificuldades para operar ideias abstratas. O
professor deverá receber todo o apoio dos profissionais especializados para que

46
possa oferecer ao aluno condições de aprendizagem adequadas às suas necessida-
des, de modo que o mesmo tenha todas as suas potencialidades desenvolvidas.
Existem algumas posturas que devem ser adotadas pelos educadores para favorecer
o aprendizado e crescimento do aluno, tais como: posicionar o aluno já nas primeiras
fileiras de modo que possa está a todo instante está sempre atento a ele; estimular
o aluno a desenvolver habilidades interpessoais e ensiná-lo a pedir instruções e so-
licitar ajuda; trata-lo de acordo com a faixa etária, somente deverá adaptar os conte-
údos curriculares se receber orientações de uma equipe de apoio multiprofissional;
avalie a criança sempre com base no seu crescimento individual e respeitando o que
ela é capaz de fazer até aquele momento, sem jamais comparar o seu desenvolvi-
mento com o dos demais colegas da sala.
O professor deve estar atento às necessidades de cada aluno, para que a partir dessa
observação possa auxiliá-lo nas dificuldades que o mesmo apresenta. É importante
afirmar que nem sempre quando um aluno vai mal e toda a sala tem um desenvolvi-
mento satisfatório, esse aluno apresenta algum tipo de deficiência. Deve- se consi-
derar que, muitas vezes a forma como é ministrada a aula atinge determinados alu-
nos, mas não foi a forma correta para atender a necessidade de aprendizagem de
outro. Daí a importância do olhar sempre atento do professor.

CAPITULO 2 - A ESCOLA E A INCLUSÃO

Camargo (2005) define que para que todas as necessidades dos alunos com neces-
sidades educativas especiais sejam verdadeiramente atendidas se faz necessário
que os professores e todos os outros profissionais saibam como atuar de modo a
atender estas necessidades. Não se pode falar de inclusão quando dentro da insti-
tuição escolar a equipe não tem o devido preparo para atender aos alunos. Muitas
vezes é fundamental a atuação de uma equipe multidisciplinar.
Também Baptista e Rosa (2002) tratam sobre o tema inclusão, afirmando quão im-
portante é a integração da pessoa com necessidades educativas especiais. Os auto-
res citam que na Itália, país em que há um alto índice de inclusão existem alguns
critérios nas escolas para que a inclusão seja realmente eficaz para o aluno. Como
citam os autores mencionados:

47
A limitação numérica de 20 alunos para as classes que possuem alunos com neces-
sidades educativas. A presença de, no máximo, dois alunos com necessidades edu-
cativas especiais em uma sala. A presença de um professor de apoio para atuar junto
à classe, como suporte de todos os envolvidos (professor e alunos). (BAPTISTA E
BOSA, 2002, P. 131)
Outra autora que trata sobre as pessoas com necessidades educativas especiais
Maria Tereza Mantoan (2003) que diz ser a inclusão uma das melhores maneiras
para que as escolas revejam diversos fatores dentro do seu quadro.
O aluno com necessidades educativas especiais não pode ser tratado como um su-
jeito que não tem habilidades a serem desenvolvidas. Deve-se acreditar e investir no
seu potencial.
A escola inclusiva oferece a todos as mesmas oportunidades. Mantoan (2005) em
entrevista concedida à Revista Pátio (2005, p. 24-26), quando questionada sobre o
que é inclusão diz que:
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de
conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe
todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os
que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e
para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar
junto é se aglomerar no cinema, no ônibus ou até na sala de aula com pessoas que
não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Cada aluno que a escola recebe deve ser visto dentro da sua singularidade, inde-
pendente das necessidades que este apresenta, ele é um ser único e que tem direito
à educação de qualidade. O espaço escolar deve ser organizado de modo a tornar a
educação acessível a todos os alunos. A LDB nº 9394/96 tem um capítulo destinado
à Educação Especial e, em seu artigo 58 diz que a Educação Especial é uma moda-
lidade destinada aos alunos com necessidades educativas especiais e que deve ser
ofertada, de preferência na escola regular e, se necessário, os serviços especializa-
dos atuarão juntamente com a escolar regular em que o aluno está matriculado.
Mesmo com as leis diversas que buscam assegurar as pessoas com necessidades
educativas especiais todos os seus direitos, é importante que cada cidadão procure
compreender o quanto é importante que a sociedade esteja pronta a oferecer a todos

48
boas condições de acesso e permanência na escola, no mercado de trabalho e no
meio social em geral.
2.1. Os direitos das pessoas com necessidades educativas especiais
Em dezembro de 1982 foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas o Pro-
grama de Ação Mundial para pessoas com deficiência. A principal finalidade desse
programa é servir de base para todos os países interessados em lutar para defender
os direitos das pessoas com deficiência, de forma que as mesmas tenham os seus
direitos garantidos.
Outro marco importante aconteceu em 1990, em Jomtien, na Tailândia, foi aprovada
a Declaração Mundial sobre Educação para todos. Esta declaração serve de referên-
cia para governos, organizações internacionais, ONGs e todos que estão interessa-
dos e envolvidos na meta de Educação para todos.
No ano de 1994 foi elaborada pela Unesco e pelo governo da Espanha a Declaração
de Salamanca de Princípios, Política e Prática para as Necessidades Educativas Es-
peciais. Consta nessa declaração o princípio de integração e preocupação em ga-
rantir escola para todos. Como se afirmar, a Declaração de Salamanca: Proporcionou
uma oportunidade única de colocação da Educação Especial dentro da estrutura de
“Educação para todos” firmada em 1990. Ela promoveu uma plataforma que afirma o
princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessi-
dades educativas especiais. (UNESCO, 1994, p. 15)
A Declaração de Salamanca cita ainda quão importante é que os governos executem
ações que acolham todas as crianças na escola, independentemente de condições
físicas, sociais, intelectuais, emocionais e linguísticas.
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos,
provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais
para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas prá-
ticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das
condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pes-
soas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e
privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um
de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação
especial e suas modalidades de exclusão.

49
O sucesso da inclusão de alunos com necessidades especiais com na escola regular
decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos des-
ses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à di-
versidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso, quando a escola
regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas re-
sultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é
concebida e avaliada.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser assumido
por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a educação
básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma
tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos modelos
tradicionais de organização do sistema escolar.
É de suma importância que o aluno especial seja visto como um sujeito eficiente,
capaz, produtivo e principalmente um ser que tem aptidão para aprender a aprender.
Esse aluno deve receber todo o apoio para que se desenvolva em toda a sua poten-
cialidade.

Todos têm direitos à educação, isso é um direito que é assegurado por lei e
que precisa ser cumprido para que se garanta a todos o seu pleno desenvolvimento e
o pleno exercício de sua cidadania. Independentemente de qualquer necessidade,
transtorno ou distúrbio que apresente todo e qualquer aluno merece ser tratado em
condições de igualdade com os demais, não se pode de forma alguma excluir o aluno
das situações vivenciadas na escola. O que se pode é criar condições que assegurem
a todos as melhores formas de aprender e de atender as suas necessidades.
Na luta por uma educação que respeite a individualidade de cada sujeito pode
entrar todo e qualquer cidadão que esteja comprometido com o crescimento e desen-
volvimento da sociedade.
A LDB 9394/96 em seu artigo 59 prescreve que é de responsabilidade dos sis-
temas de ensino assegurar aos educandos com necessidades especiais a sua efetiva
integração na vida no meio social, inclusive criando condições de inserção no mercado
de trabalho para aqueles que possuem condições de exercer uma profissão. Mesmo
tendo garantido por lei o seu acesso e permanência na escola, sabe-
se que o aluno com necessidades educativas especiais ainda não tem todos os
seus direitos garantidos, uma vez que, a Educação Especial ainda é mal interpretada
50
e questionada. O que pode ser considerado como favorável é que, cada vez mais
cresce o reconhecimento por parte da sociedade e dos responsáveis pelas políticas
públicas a necessidade de atender a todos, sem discriminação.
O que faz uma escola ser realmente inclusiva, inclui, acima de tudo, o seu pro-
jeto pedagógico. Pois de acordo com MANTOAN (2005) quando se trata de inclusão
é importante considerar que não se trata apenas de se colocar dentro da escola ram-
pas e banheiros adaptados, mas sim uma a modificação nas práticas pedagógicas,
com atividades e programas diversificados afim de atender as potencialidades de cada
sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem. Todos têm o direito a apren-
der e isso deve ser visto dentro da capacidade que cada sujeito apresenta, cada um
têm as suas condições e isso deve sempre ser levado em consideração pela equipe
escolar.
Ao educador que atua com alunos que apresentam alguma deficiência é de
responsabilidade está sempre atento às reais necessidades e dificuldades que o edu-
cando apresenta. Em determinados momentos se faz importante que o aluno receba
um cuidado mais individualizado, uma atenção maior para que as suas potencialida-
des sejam desenvolvidas plenamente. O aluno tem capacidade de aprender, mas é
de suma importância que o professor saiba como organizar as atividades de forma
que o aluno possa desenvolvê-las. Deve-se sempre respeitar o ritmo de aprendizado
de cada um. Isso vale para qualquer sujeito aprendiz, seja ele um aluno com deficiên-
cia ou não.

CAPÍTULO III- PARCERIA ESCOLA E FAMILIA DO ALUNO COM NECESSI-


DADES EDUCATIVAS ESPECIAIS.

3.1 A família

Sabe-se que para a família do aluno com necessidades educativas especiais


não é tarefa fácil lidar com todas as adversidades encontradas na sociedade, pois elas

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vão desde barreiras reais até aquelas que existem baseadas nos preconceitos que
ainda existe na sociedade. Como cita Wise (2003):
O entendimento de que um bebê é diferente, e de que pode apresentar uma
variedade de limitações é o começo de uma longa e dura luta para garantir o melhor
para tal criança. Alguns pais sabem, desde o nascimento, que seu filho terá problemas
duradouros. Se o diagnóstico é óbvio, eles receberão a notícia logo após a criança
nascer. Esse é um momento crítico, e a maneira como eles recebem o diagnóstico
pode ter um efeito duradouro sobre a atitude e as respostas dos pais para com as
dificuldades de seu filho. Os pais lembram para sempre a forma como a notícia foi
dada, do quão apoiadores os profissionais foram e que mensagens subjacente foi
transmitida. (WISE, 2002, p. 17)
Se faz importante que no contato com os pais, os professores e a coordenação
da escola questionem que tipo de ajuda o aluno necessita, qual o tipo de medicamento
faz uso, que horários são determinados para ir ao banheiro, por exemplo, se tem crise
e quais procedimentos devem ser adotados.
Para incluir verdadeiramente os alunos com necessidades educativas especi-
ais, a escola necessita contar com a participação da família do mesmo. A família tem
um significado de grande importância, principalmente no que se refere ao lado emo-
cional do aluno. É a partir do convívio familiar que se estabelecem as relações sociais,
é a família a primeira instituição social que o sujeito está inserido. Por isso, a impor-
tância de que a escola a todo instante tenha a família como parceira.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) utilizaram como base o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) e determinaram que existem princípios que ser-
vem de orientação para a educação escolar. Seguem as ideias centrais que regem es-
ses princípios, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Dignidade da pessoa humana - Implica respeito aos direitos humanos, repúdio
à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo
nas relações interpessoais, públicas e privadas.
Igualdade de direitos - Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma
dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há que se considerar
o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais, regionais,

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de gênero, etárias, religiosas, etc) e desigualdades (so-
cioeconômicas) que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja
efetivamente alcançada.
Participação - Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto
é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação
popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade ho-
mogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc...
Corresponsabilidade pela vida social - Implica partilhar com os poderes públi-
cos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos desti-
nos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e a
ampliação da democracia no Brasil.
Se faz importante que a integração da pessoa com necessidades educativas
especiais também abarque a família, ela deve estar inserida nesse processo para que
a aceitação e a adaptação aconteçam de modo a fazer com que o pleno desenvolvi-
mento do sujeito aconteça. A todo o momento o mais importante é o bem-estar do
aluno que tem necessidades educativas especiais, a sua melhor qualidade de vida e o
atendimento às suas reais necessidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é um espaço ao qual todos têm direito ao acesso, porém é de suma


importância que aqueles que nela ingressam tenham todas as suas necessidades ver-
dadeiramente atendidas. Os alunos com necessidades educativas especiais não são
diferentes dos demais ditos “normais”, pois, cada sujeito apresenta a sua singularidade
e a escola como instituição que atende a todos deve levar essa singularidade em conta
em cada sujeito que atende.
Sabe-se que ainda existe muito preconceito contra as pessoas com necessida-
des educativas especiais, porém, também já foram quebradas muitas barreiras. Prova
disso é o maior acesso destes à escola regular. E não apenas o acesso, mas o acom-
panhamento, o desenvolvimento que muitos têm conseguido atingir.
A sociedade, a família e as instituições têm buscado juntas soluções e encami-
nhamentos para fazer com que todos os alunos com necessidades educativas espe-
ciais possam desenvolver todas as suas potencialidades. Não tem sido tarefa fácil,
53
porém, há a cada dia melhores resultados. Isso mostra que quando todos se unem
em prol de uma boa causa não há como não atingir os objetivos almejados. O melhor
de tudo é observar que a inclusão dos alunos nas escolas regulares tem sido feita de
modo a fazer com que sua qualidade de vida melhore, que ele se sinta parte de um
grupo e que, neste grupo ninguém é exatamente igual. Cada sujeito que faz parte dele
é diferente, aprende de uma forma diferente e deve ser tratado de acordo com as suas
peculiaridades.
Ainda há muito para fazer, mas a bandeira da inclusão já foi levantada e tem
conseguido fazer a luta valer a pena. Com isso ganham a sociedade, a escola, a fa-
mília e os alunos com necessidades educativas especiais.

BIBLIOGRAFIA

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venção. Porto Alegre. Artmed, 2002.

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WISE, Liz. Trabalhando com Hannah: uma criança especial em uma escola comum.
Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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