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Faculdade Frassinetti do Recife, 02/04/2023

Aluna Brennda Cavalcanti, graduanda em Letras

Resenha a Osman Lins

A resenha a seguir foi distribuída em tópicos para um melhor entendimento do leitor.

I. Vida de Osman Lins


II. Análise da obra literária de Osman Lins
III. Críticas sobre as obras de Osman Lins
IV. Conclusão
V. Referências

I. Vida de Osman Lins

Osman Lins nasceu em 5 de julho de 1924 em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, no


Nordeste do Brasil. Ele cresceu em uma família de classe média alta e recebeu uma
educação privilegiada. Em 1943, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito na
Universidade do Brasil, mas logo abandonou o curso para se dedicar à literatura.

Em 1951, publicou seu primeiro livro de poesia, intitulado "Amplos Espaços". A partir daí,
dedicou-se à escrita e publicou uma série de obras, incluindo romances, contos, ensaios e
peças de teatro. Entre suas obras mais conhecidas estão "O Visitante" (1955), "O Fiel e a
Pedra" (1961), "Nove, Novena" (1966) e "Avalovara" (1973).

Lins era casado com a escritora e crítica literária Julieta de Godoy Ladeira, com quem teve
duas filhas. Ele morreu em 8 de julho de 1978 no Rio de Janeiro, aos 54 anos, devido a um
ataque cardíaco.

II. Análise da obra literária de Osman Lins

A obra literária de Osman Lins é marcada pela experimentação formal e pela preocupação
com temas como identidade, alienação e a relação entre a arte e a vida. Ele frequentemente
usa técnicas como a fragmentação narrativa e o jogo com as convenções literárias para
explorar esses temas e desafiar as expectativas do leitor.

Uma das características mais marcantes da escrita de Lins é sua atenção aos detalhes.
Seus personagens são frequentemente apresentados com grande profundidade psicológica,
e ele é conhecido por descrever cenários e situações com uma riqueza de detalhes
impressionante. Essa atenção aos detalhes ajuda a criar uma sensação de realismo em
suas obras, mesmo quando ele está lidando com temas abstratos ou surrealistas.
Além disso, Lins é conhecido por seu estilo poético e pelo uso de metáforas e imagens
poéticas em sua prosa. Isso ajuda a criar uma atmosfera única em suas obras e a enfatizar
os temas e ideias que ele está explorando.

Osman Lins enquanto contribuinte jornalístico:

Em 1946, Osman Lins fundou, juntamente com outros escritores e intelectuais, a Revista do
Nordeste, que teve grande importância na divulgação da literatura e da cultura nordestina. A
revista publicou textos de autores como João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Mário
de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, entre outros, e se tornou uma das principais
publicações culturais do Nordeste brasileiro.

Além disso, Osman Lins também contribuiu regularmente para os principais jornais
recifenses, como o Diario de Pernambuco e o Jornal do Commercio, escrevendo críticas
literárias e artigos sobre cultura. Suas críticas eram conhecidas por serem rigorosas e
detalhadas, e seu estilo de escrita poético e original.

Em 1953, Osman Lins publicou um ensaio intitulado "A Crítica Literária nos Jornais", no qual
analisava a importância da crítica literária na imprensa e discutia as limitações e desafios
enfrentados pelos críticos ao escrever para os jornais. Esse ensaio foi uma das primeiras
reflexões críticas sobre o papel da crítica literária na imprensa brasileira e teve grande
influência na forma como os críticos e os jornais abordavam a literatura.

Em suma, Osman Lins teve uma grande influência na cena literária e cultural de Recife e
em particular nas publicações dos jornais locais. Sua fundação da Revista do Nordeste e
sua contribuição para os principais jornais da cidade foram importantes para a divulgação
da literatura nordestina e para o desenvolvimento da crítica literária no Brasil.

Lisbela e o Prisioneiro:

"Lisbela e o Prisioneiro" é uma peça de teatro escrita por Osman Lins em 1960. A obra é
uma comédia de costumes que utiliza elementos da literatura popular para criar uma história
inusitada e cheia de reviravoltas. Uma das características mais marcantes da peça é o seu
uso da metaficção, que consiste na reflexão sobre a própria linguagem e a própria ficção.

A metaficção é percebida em "Lisbela e o Prisioneiro" principalmente pela figura do


narrador, que interage diretamente com a plateia e com os personagens da história. Ele se
apresenta como uma espécie de contador de histórias, que manipula os fatos e os
personagens a seu bel-prazer. Esse narrador-personagem é um elemento metalinguístico,
que aponta para a artificialidade do próprio teatro e da própria ficção.

Além disso, a peça também utiliza recursos como a auto-referência e a intertextualidade


para reforçar sua natureza metalinguística. Em um momento da peça, por exemplo, os
personagens discutem sobre a importância da literatura na vida das pessoas, citando obras
como "O Primo Basílio", de Eça de Queirós, e "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Essas
referências literárias ajudam a criar uma sensação de imersão no universo ficcional, mas
também servem como um comentário sobre a própria natureza da literatura.
Por fim, a metaficção em "Lisbela e o Prisioneiro" também se manifesta na própria estrutura
da peça. A obra é composta de cinco atos, que se alternam entre o presente e o passado, e
apresentam uma série de personagens que são introduzidos e descartados ao longo da
história. Essa estrutura labiríntica reflete a própria natureza da metaficção, que desafia as
convenções narrativas tradicionais e cria um universo ficcional próprio, autônomo e
autoconsciente.

Imprevistos de Arribação:

"Imprevistos de Arribação" é um livro de contos do escritor brasileiro Osman Lins, publicado


em 1962. A obra é composta por 17 contos que exploram temas como a alienação, a
solidão e a incomunicabilidade, e é considerada um marco na literatura experimental
brasileira.

Os contos de "Imprevistos de Arribação" são marcados por sua linguagem poética e pela
complexidade de sua estrutura narrativa. Em "A Senhorita Simpson", por exemplo, Lins
utiliza uma técnica narrativa que mescla a voz de um narrador em terceira pessoa com a
voz da personagem principal, resultando em um efeito de estranhamento e de
questionamento da relação entre o sujeito e o mundo.

Outro conto que se destaca em "Imprevistos de Arribação" é "O Caso da Borboleta Atíria",
que narra a história de uma borboleta que tem sua trajetória interrompida por um vidro. O
conto é uma alegoria sobre as limitações da vida e sobre o poder da imaginação na busca
por transcendência.

Os contos de "Imprevistos de Arribação" também apresentam uma reflexão sobre a arte e a


literatura. Em "O Cego e o Pianista", por exemplo, Lins discute a relação entre a visão e a
audição e como essas percepções podem ser exploradas na arte. Em "O Moinho", o autor
aborda a relação entre a escrita e a memória, questionando a possibilidade de se narrar o
passado.

Por fim, "Imprevistos de Arribação" é um livro que representa a busca de Osman Lins por
uma linguagem literária inovadora e experimental, que desafia as convenções narrativas e
estilísticas da literatura tradicional. Os contos do livro são exemplos de como a literatura
pode ser um espaço de experimentação e de reflexão sobre a condição humana.

III. Críticas sobre a obra de Osman Lins

A obra de Osman Lins tem sido amplamente elogiada pela crítica literária brasileira e
internacional. Seus livros foram traduzidos para vários idiomas e receberam inúmeros
prêmios e honrarias. Aqui estão alguns exemplos de críticas positivas:

Segundo o crítico literário Wilson Martins, a obra de Lins é "uma das mais originais e
importantes produzidas na literatura brasileira contemporânea" (Martins, 2006).

O escritor e crítico literário Antonio Candido afirmou que a escrita de Lins é "sempre
inovadora, seja pela estrutura, pelo estilo, pela linguagem ou pelos temas" (Candido, 2005).
O crítico literário Silviano Santiago disse que a obra de Lins é "uma das mais
representativas da literatura brasileira do século XX, pela inovação da linguagem, pela
originalidade temática e pelo rigor formal" (Santiago, 1999).

Além dessas críticas positivas, também há algumas críticas negativas à obra de Lins.
Algumas pessoas consideram sua escrita difícil de entender e excessivamente
experimental. Outros acreditam que suas obras são muito abstratas e não conseguem se
conectar com o público em geral.

No entanto, é importante destacar que essas críticas negativas são minoritárias e que a
obra de Lins é amplamente reconhecida como uma das mais importantes e inovadoras da
literatura brasileira do século XX.

IV. Conclusão

Em resumo, Osman Lins foi um escritor de grande importância para a literatura brasileira.
Sua obra é marcada pela experimentação estilística, pela reflexão sobre a linguagem e pela
ousadia temática. Ao longo de sua carreira, ele produziu romances, contos, ensaios e peças
de teatro que foram amplamente reconhecidos pelo público e pela crítica.

Lins foi um escritor que se destacou por sua originalidade e pela forma como soube romper
com as convenções narrativas e estilísticas da época. Seus personagens são complexos,
multifacetados e capazes de refletir as inquietações e os dilemas da sociedade brasileira.
Além disso, sua escrita é marcada por um forte compromisso social e político, que se
manifesta tanto na abordagem de temas polêmicos como na forma como ele usa a literatura
como instrumento de transformação e conscientização.

Por todas essas razões, a obra de Osman Lins merece ser estudada e apreciada por todos
os que se interessam pela literatura brasileira e pela história do país. Seu legado literário é
um exemplo de como a literatura pode ser um meio de reflexão e crítica social, capaz de
nos ajudar a compreender melhor o mundo em que vivemos e a construir um futuro mais
justo e igualitário.

V. Referências

● "A metaficção em Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins", de Luciana Hidalgo


● "Osman Lins: uma poética do romance", de Lúcia Helena
● "Imprevistos de Arribação: publicações de Osman Lins nos Jornais Recifenses, de
Ana Luiza Andrade, Cristiano Moreira e Rafael Dias
● "Osman Lins jornalista", artigo de Edilberto Coutinho publicado na revista Cult em
2015

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