FICHAMENTO COMENTADO – TEORIA DE GÊNERO: PRINCIPAIS
CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS OFERECIDAS PELAS PERSPECTIVAS
CONTEMPORÂNEAS PROFESSOR: ISAAC JEREZ ALUNAS: ALICE LEITE, CLARISSE LIMA E MARIA EDUARDA GOUVÊA LEOPOLDINA – MG NOVEMBRO, 2023 Psicanálise e Antropologia “Em suma, tanto Freud como Lacan partem do pressuposto de que o pênis/falo é a norma orientadora da vida psíquica e que os homens, por possuírem pênis, possuiriam certas vantagens sobre as mulheres (invejosas do pênis e necessitadas de se ligarem a alguém que o possua) e que as identificações, para serem normais e salutares, devem seguir um padrão complementar calcado na heterossexualidade.” (pág.131) ➔ Argumentando a respeito deste pressuposto, Julliet Mitchell em Psychoanalisys and feminism (1974), fala que para Lacan a sexualidade parte de uma questão sociocultural e não por razões biológicas. O que permite questionar, quem tem o falo (poder) não necessariamente é quem tem ou não pênis. As postulações de Scott foram questionadas por estudiosos que se interessavam por indivíduos que não se adequavam às normas sociossexuais, como gays, lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros, entre outros. Esses indivíduos relatavam uma não adequação entre sexo biológico e orientação sexual, o que questionava a existência da própria diferença sexual. Boutler discute a desconstrução do gênero e a identidade como fundamento da ação política do feminismo.
J. W. Scott e as teorizações modernas sobre gênero
“Foucault, Scott (1988) define gênero como o conjunto dos sentidos dinâmicos (não biologicamente determinados) construídos nas relações de poder. Que sustentam as relações entre homens e mulheres” (pág. 133) ➔ Biologicamente falando, a natureza humana é composta por macho e fêmea; portanto, o gênero não é instituído e nomeado dessa mesma maneira, não sendo definido por sua biologia e sim através de suas relações de poder, como escrito acima. Fazendo com que muitas pessoas não compreendam e talvez se questionem. Como visto em sala de aula, muitas pessoas acham ofensivo a maneira como é tratada, mas a ciência tem sua explicação e não devemos ir contra ela. Paralelamente, é importante respeitar todos os gêneros, independente de concordar ou não. “Para Foucault (1997), sexualidade não se limita à variabilidade das posições possíveis na cópula, nem se refere às diferenças biológicas, e tampouco se restringe ao conjunto dos conteúdos inconscientes. Sexualidade seria um modelo construído socialmente que orienta a expressão dos desejos, emoções, motivações, fantasias, condutas e práticas corporais que singularizam o indivíduo física e psicologicamente.” (pág135) ➔ As práticas buscam a normalidade, que se atenda a uma norma hegemônica, que influencia todas as extensões sociais, incluindo a educação e o convívio social. Temos ciência das diferentes sexualidades existentes, qual a dificuldade encontrada para resistir a uma historicidade que continua a oprimir e discriminar a existência da homossexualidade. Colocando em exclusão social toda pessoa que se declara como homossexual, colocando em evidência que a sociedade ridiculariza o indivíduo, prendendo-o dentro de padrões impostos pela própria sociedade que prega por liberdade. “Hawke (1996), ao comentar Elias e Foucault, enfatiza que o trato à sexualidade (antes praticada publicamente por ser entendido como ato não secreto ou produtor de vergonha ou asco nos agentes ou observadores), passou no século XVI a ser visto como embaraçoso, secreto, vergonhoso e cheio de pudores, devendo ser exercido na intimidade do lar e restrito ao casal heterossexual adulto unido pelo matrimônio devido à suposta relação daquelas práticas com os adoecimentos – resultado do modelo médico que se impunha – e com a imoralidade.” (pág136) ➔ O sexo é visto como algo impuro e imoral o qual se deve ter vergonha e repúdio. Um casal heterossexual pode expor sua sexualidade diante das pessoas e expressarem seus desejos sexuais explicitamente, mas um relacionamento homoafetivo deve ser escondido e reprimido pois é a sociedade que decide o que é ou não aceito. Demonstrando uma hipocrisia averbada pois a própria sociedade estereotipa pessoas de modo a se encaixarem no “padrão homossexual” seja por traços da personalidade ou modo de se portar.
Pós-modernidade de gênero: Butler e as queer theories
“... o entendimento que se faz do conceito e das relações de e entre gêneros possui importantes desdobramentos práticos. Assim, os homens e as mulheres e os adultos e as crianças devem agir de especificas maneiras para serem considerados normais e saudáveis, e os desviantes devem ser alvo de estudo e intervenções” (pág. 138) ➔ Na sociedade em que vivemos a realidade é que muitas pessoas “se tornam descobrimentos do seu próprio eu, não dando espaço para que possam explorar sua própria liberdade. Dessa forma, visto em sala de aula também, essas pessoas que agem de forma indiferente como o “padrão” social heteronormativo são alvos desses estudos e intervenções citadas acima, seja em gênero ou sexualidade.
A (im) possibilidade da prática do aborto: uma análise a partir da necessária contemplação dos pressupostos autonomia e alteridade na conformação da tutela jurídica da mulher