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A Polissemia da Pólis Sumário

As dimensões de uma Cidade:

Dimensão Temporal: A evolução histórica das cidades.


Dimensão Social: As cidades são espaços criados pelo Homem, a sua organização, a sua
funcionalidade, a sua estrutura e território são determinadas pelo Homem.
Dimensão Política: A cidade é governada pelo poder local que pretende ir de encontro
às necessidades da população. A ordem e o desenvolvimento, aliados ao bem-estar e
progresso são os objetivos fundamentais do poder local.
Dimensão Cultural: A cidade preserva e reproduz uma identidade histórica, cultural e
patrimonial. Dos monumentos, aos costumes, das tradições à cultura popular, a cidade
tem espaços de valorização e recriação do património comum. A cidade deve
promover espaços de cultura.
Dimensão Económica: A cidade representa esperança e oportunidade. Nos períodos de
maior crise as cidades são alvo de migrações e imigrações, de pessoas que procuram
melhores condições de vida e uma possibilidade laboral.

O espaço hierarquizado
Quando, durante o século XVIII, as cidades começam a ser pensadas como um
todo e se aplica o urbanismo e a gestão do espaço urbano, surge uma cidade
hierarquizada. A organização do espaço urbano, torna as periferias das cidades locais
de construção clandestina e de bairros operários. A iluminação pública, os parques
públicos e criação de espaços de lazer são destinados às elites locais. Tendo as classes
desfavorecidas espaços sombrios, lúgubres, sem saneamento básico ou higiene.
Momentos de Redenção.
A cidade é um espaço hierarquizado, onde as clivagens sociais e as representações
sociais jogam um papel importante. A cidade não é um espaço igual e de igualdade, é
discriminatório. A ordem e o equilíbrio social só são possíveis pela reprodução
(repetição) dos modos de agir, modos de pensar de uma ordem social. A cidade
representa um conjunto de esperanças, de sonhos, de frustrações e stress, de boémia
e trabalho, de desilusões e oportunidades. Há várias cidades numa cidade. A cidade é
um espaço hierarquizado, onde as clivagens sociais e as representações sociais jogam
um papel importante. A cidade não é um espaço igual e de igualdade, é
discriminatório. A ordem e o equilíbrio social só são possíveis pela reprodução
(repetição) dos modos de agir, modos de pensar de uma ordem social. A cidade
representa um conjunto de esperanças, de sonhos, de frustrações e stress, de boémia
e trabalho, de desilusões e oportunidades. Há várias cidades numa cidade.
A Evasão
Permite-lhes sonhar, sair da rotina e libertar-se das frustrações e das
preocupações do quotidiano. O cinema possibilitou que se sonhasse ser como as
personagens no ecrã, viver como elas. O futebol permitiu a oportunidade de libertar
todas as tensões, de se identificarem com uma equipa. O facto de soltarem todas as
pressões e preocupações num jogo de futebol, minimizava o risco de revolta,
alcoolismo e crime, preservando a ordem.
A cidade Hoje
Bairros Sociais: Um dos grandes problemas urbanísticos e sociais das cidades é a
construção clandestina na periferia das cidades que conduz a uma discutível política de
reinserção das classes mais carenciadas e desfavorecidas com a construção de Bairros
Sociais. Os Bairros Sociais não são uma solução, são uma medida possível, para
minimizar os prejuízos de um crescimento populacional desorganizado e excessivo. Ao
colocar famílias pobres e famílias problemáticas promove-se uma degradação das
práticas sociais, uma reprodução dos comportamentos e promove-se um sentimento
de exclusão.
A cidade não é um espaço de igualdade, é o resultado de uma gestão de território
feita pelo poder político (local ou nacional). Pretende-se sobretudo salvaguardar a
segurança, a ordem e o equilíbrio. Aos desfavorecidos cabe-lhes o papel de respeitar a
ordem estabelecida e às elites financiarem uma rede social: Educação, Saúde,
Segurança Social - através da doação, impostos, etc. Ao retirar os problemas sociais
extremos dos centros das cidades, pretende-se criar a ideia de segurança, os valores
do trabalho e da ordem como garantias para o desenvolvimento e prosperidade. Aos
serem confinados a bairros sociais degradados, mal vistos e sem oportunidades de
trabalho, os moradores - sobretudo jovens - reforçam o sentimento de exclusão,
procuram viver à margem das regras e da Ordem Social que lhes fechou portas e criou
preconceitos e discriminação. As cidades são hoje, cenários de stress, depressão,
tensão social, violência e ambição.

Memória dos Lugares & Epifania dos Espaços


Sumário de Conteúdos - O caso de Vila Real de Santo António:

A construção da Praça Real é testemunho da relação de poderes entre Estado e


Igreja. O edifício predominante na praça são as Casas da Câmara, ficando a Igreja
Matriz à esquerda. A diferença de dimensão dos edifícios, assim como, a discretíssima
arquitetura da Igreja inserem-se numa política de instrumentalização da arquitetura,
através da construção de uma mensagem simbólica. A utilização do Obelisco (símbolo
do culto egípcio ao Sol) revela a preocupação de registar o cunho iluminista na
edificação da vila.

A fachada frente ao Rio Guadiana é mais um exemplo de arquitetura de poder, a


arquitetura sóbria, simétrica, racional e geométrica, ladeada por dois imponentes
Torreões, são a demarcação de uma fronteira entre Portugal e Espanha - o que até
então não era totalmente definido, pois esta zona é reconhecidamente local de
sucessivos e repetidos fluxos migratórios). Assim, pela arquitetura imponente
sublinha-se o poder do Estado e afirma-se a questão fronteiriça.

A denominação dada à vila é particularmente reveladora da posição do Estado no


projeto de edificação. Vila Real de Santo António é, como o nome indica, um projeto
do rei, idealizado e fiscalizado pelo estado. Este compromisso régio com o projeto
explica a toponímia original da vila, um pouco atípica para a época e onde se
encontram ruas com nomes como:

 Rua da Rainha, do Príncipe, da Princesa, do Marquês, etc. Todos estes nomes


ligados ao poder do Estado. Com apenas duas exceções - Santo António e São
Sebastião. Na primeira, ora pela antiga povoação de Santo António de Arenilha, ora
pela questão da reconstrução de Lisboa após o Terramoto de 1755, na segunda, a
exceção é feita a título pessoal, Marquês de Pombal - Sebastião José de Carvalho e
Mello - reserva uma rua ao seu padroeiro.

 No Obelisco da Praça Real lê-se o foral da vila, documento medieval, emitido


pelos reis para atribuir às cidades e vilas honrarias, privilégios e enumera direitos e
deveres. Em pleno século XVIII, recupera-se o foral medieval, apenas enquanto
símbolo do poder do estado, de modo a perpetuar na Memória Coletiva que a vila foi
um projeto régio.

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