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Universidade Estadual de Minas Gerais

Faculdade de Engenharia
Engenharia Ambiental

Abordagem geral dos Resíduos


Sólidos
Rodrigo César de Vasconcelos dos Santos
Por que conhecer as características dos
resíduos?
A “boa engenharia” é aquela capaz de enxergar mais de um caminho
para a solução do problema, de ponderar os aspectos positivos e
negativos de cada caminho e de tomar decisões as mais conscientes
possíveis. Essa “boa engenharia” tem a percepção de que cada
decisão tomada traz implicações de diversas ordens, econômicas,
sociais, ambientais e operacionais....e, portanto, valoriza justamente
esse processo de tomada de decisões como a etapa mais
determinante de um projeto, de um dimensionamento ou de uma
etapa construtiva.

Léo Heller
Por que conhecer as características dos resíduos?

Eu só faço um bom gerenciamento dos resíduos,


como preconiza a PNRS/2010, se eu conhece-los
bem.

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Por que a preocupação com resíduos sólidos?

Comércios e carros sofrem prejuízo por entupimento de


bueiros decorrente do lixo urbano.

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Por que a preocupação com resíduos sólidos?

Cidades inteiras são alagadas em virtude do alagamento


decorrente do lixo.

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Por que a preocupação com resíduos sólidos?

Desabamento no lixão no Rio de Janeiro deixando


vários mortos.

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Por que a preocupação com resíduos sólidos?

Catadores irregulares vivem de lixo depositado em céu


aberto.

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Por que a preocupação com resíduos sólidos?

• Perda de competitividade;
• Dificuldade em financiamento;
• Impactos ambientais diversos;
• Desperdício de recursos
preciosos.

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Conceito
Segundo a ABNT (2004) - NBR 10.004. Resíduos
Sólidos é todo material que nos estados sólidos ou
semissólidos resultam das atividades da comunidade
de origem: industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de
estações de tratamento de água e esgotos, aqueles
gerados em equipamentos e instalações de controle
de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornam inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos d'água. 9
Classificação dos resíduos sólidos
• segundo a atividade que os produziu:
• residencial (domiciliar, doméstico)
• comercial (+ serviços)
• de serviços de saúde (riscos)
• industrial
• público (de varrição, feiras, etc)
• institucional
• segundo o local onde foram produzidos:
• urbano
• rural
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Características dos resíduos sólidos
• segundo o grau de biodegradabilidade:
• facilmente degradáveis (matéria orgânica)
• moderadamente degradáveis (papel, etc)
• dificilmente degradáveis (borracha, madeira, etc)
• não-degradáveis (recalcitrantes)
• segundo a forma de operacionalização dos serviços de coleta:
• domiciliar (+ comerciais + serviços em geral + institucionais)
• público (limpeza: varrição, capina, podas, feiras)
• especial (RSS, semi-sólidos, contaminados)

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Classificação dos resíduos sólidos
NBR 10004:
• Classe I – perigosos: RS ou mistura de resíduos que, em função de
suas características de letalidade, não degradabilidade e efeitos
cumulativos diversos, podem apresentar riscos à saúde pública e
aos organismos vivos, provocando ou contribuindo para um
aumento da mortalidade ou incidência de doenças, e/ou para
apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando
manuseados ou dispostos de forma inadequada.

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Classificação dos resíduos sólidos
• Classe II – não-perigosos
• IIA - não inertes
• IIB – inertes: são classificados como classe IIB os RS ou mistura
de resíduos que, submetidos ao teste de solubilização (NBR
10.006), não tenham nenhum de seus constituintes
solubilizados em concentrações superiores aos padrões
definidos, excetuando-se os padrões de cor, sabor e turbidez.
• Ex: rochas, tijolos, vidros, certos plásticos e borrachas. Seus
riscos se colocam mais em termos das quantidades em que são
produzidos.

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Características dos resíduos sólidos
• influenciadas por
• número de habitantes do município
• hábitos e costumes e nível educacional
• poder aquisitivo
• atividades predominantes localmente
• condições climáticas
• fatores de geração:
• taxa por habitante (kg/hab.d)
• população total do município (X população atendida)
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Características dos Resíduos Sólidos

Físicas:
• Geração per capita;
• Composição gravimétrica;
• Peso específico;
• Teor de umidade;
• Compressividade.

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Geração per capita
Relaciona a quantidade de resíduos sólidos gerados
diariamente e o numero de habitantes de determinada
região.
Faixa de variação média para o Brasil: de 0,8 a 1,4 kg/hab/dia.

Importância:
• Fundamental para projetar as quantidades de resíduos a coletar e a
dispor;
• Importante no dimensionamento de veículos;
• Elemento básico para a determinação da taxa de coleta, bem como
para o correto dimensionamento de todas as unidades que
compõem o Sistema de Limpeza Urbana. 16
Composição gravimétrica
Traduz o percentual de cada componente em relação ao
peso total da amostra de lixo analisada.

Importância:
• Indica a possibilidade de aproveitamento das frações
recicláveis para comercialização e da matéria orgânica para
a produção de composto orgânico. Quando realizada por
regiões da cidade, ajuda a se efetuar um cálculo mais justo
da tarifa de coleta e destinação final.

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Peso específico
É o peso do resíduo solto em função do volume ocupado
livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m³.

Importância:
• Fundamental para o correto dimensionamento de
equipamentos e instalações e da frota de coleta, assim
como de contêineres e caçambas estacionarias.

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Teor de umidade
Representa a quantidade de água presente nos resíduos, medida
em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função
das estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se
estimar um teor de umidade variando em torno de 40 a 60%.

Importância:
• Afeta diretamente a velocidade de decomposição da matéria orgânica no
processo de compostagem.
• Influencia diretamente o poder calorífico e o peso específico aparente do
resíduo, concorrendo de forma indireta para o correto dimensionamento
de incineradores e usinas de compostagem.
• Influencia diretamente no cálculo da produção de chorume e no correto
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dimensionamento do sistema de coleta de percolados.
Compressividade

É o grau de compactação ou a redução do volume que uma


massa de resíduos pode sofrer quando compactada.

Importância:
• Fundamental para o dimensionamento de veículos
coletores, estações de transferência com compactação e
caçambas compactadoras estacionárias.

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Características dos Resíduos Sólidos

Químicas:
• Poder calorífico;
• Potencial hidrogeniônico (pH);
• Composição química;
• Relação carbono/nitrogênio.

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Poder calorífico
Indica a capacidade potencial de um material desprender
determinada quantidade de calor quando submetido a
queima, ou seja, é a quantidade de energia em calorias
produzida pela combustão de 1 kg de material. O poder
calorifico médio do resíduo domiciliar se situa na faixa de
2.000 a 5.000 kcal/kg.

Importância:
• Influência o dimensionamento das instalações de todos os
processos de tratamento térmico (incineração, pirólise).
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Potencial hidrogeniônico - pH
Com a degradação da matéria orgânica presente nos
resíduos sólidos ha produção de ácidos orgânicos que
reduzem o valor do pH do meio, logo o potencial
hidrogeniônico indica o teor de acidez ou alcalinidade dos
resíduos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.

Importância:
• Indica o grau de corrosividade dos resíduos coletados,
servindo para estabelecer o tipo de proteção contra a
corrosão a ser usado em veículos, equipamentos,
contêineres e caçambas metálicas.

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Composição química
Consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria
orgânica, carbono, nitrogenio, potassio, calcio, fosforo,
resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras.

Importância:
• Ajuda a indicar a forma mais adequada de tratamento para
os resíduos coletados.

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Relação carbono/nitrogênio
A relação C/N indica o grau de decomposição da matéria
orgânica presente nos resíduos durante os processos de
tratamento/disposição final.

Importância:
• Fundamental para se estabelecer a qualidade do composto
produzido no processo de compostagem;
• Controle na compostagem.

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Características biológicas
São aquelas determinadas pela população microbiana entre
os quais os agentes patogênicos presentes nos resíduos que,
ao lado das suas características químicas, permitem que
sejam selecionados os métodos de tratamento e disposição
final mais adequados.
Importância:
• Fundamentais na fabricação de inibidores de cheiro e de aceleradores e
retardadores da decomposição da matéria orgânica presente nos
resíduos sólidos, normalmente aplicados no interior de veículos de coleta
para evitar ou minimizar problemas com a população ao longo do
percurso dos veículos;
• Desenvolvimento de processos de destinação final e de recuperação de
áreas degradadas. 26
Quarteamento
Etapas
1 – tomar amostra de uns 1.500 kg de RS - considerar local, dia,
época, outras circunstâncias específicas;
2 – lançar no solo, misturar/homogeneizar;
3 – dividir em 4 quartis; tomar 2 diametralmente opostos e
descartar outros 2;
4 – homogeneizar novamente, dividir em 4 quartis, descartar 2;
5 – tendo uns 400-500 kg, separar por materiais em recipientes
de peso conhecido;
6 – calcular proporção em massa de cada material de interesse.

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Saúde Pública

R
contato direto
H
água / ar / solo O
M

S
vetores
E
alimento
mecânicos

vetores
M
biológicos
Formas de controle de doenças transmitidas por vetores
relacionados aos RS
Ocorrência e tempo de sobrevivência de organismos
patogênicos nos RS
Acondicionamento dos RS
O envio dos RS aos locais onde serão tratados e/ou dispostos envolve duas fases:
- Fase interna (sob responsabilidade do gerador): compreende a coleta interna, o
acondicionamento e o armazenamento
- Fase externa (responsabilidade das administrações municipais): abrange os
chamados serviços de limpeza.

A forma de acondicionamento dos RS é determinada por sua:


• quantidade;
• composição;
• movimentação (tipo de coleta, frequência).

Os recipientes devem ser estanques, resistentes e compatíveis com os RS a serem


manejados e com o equipamento de transporte.
Acondicionamento dos RS
Pequenos volumes:
• Cestos coletores de calçada;
• Recipientes basculantes;
• Carrinhos;
• Tambores;
• Sacos plásticos.
Grandes volumes:
São utilizados recipientes especiais, (recipientes ou caçambas), que
podem ser divididos em:
• recipientes coletores basculáveis estacionários
• recipientes intercambiáveis
Acondicionamento dos RS

Acondicionamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde -


RSS
• Sacos plásticos;
• Recipientes para resíduos perfurantes e cortantes (caixas de
papelão)
• Recipientes rígidos (plásticos, vidros, etc)

Este armazenamento deve ser feito em salas especiais, localizadas o


mais próximo possível das áreas geradoras.
Disposição final

No Brasil existem basicamente quatro tipos de


disposição final de resíduos:

• Lixão;
• Aterro Controlado;
• Aterro Sanitário;
• Aterro especial

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Lixão
• Lançamento de resíduos no solo, sem medidas de proteção
ambiental ou à saúde pública;
• Facilita a proliferação de vetores (moscas, baratas, ratos,
etc);
• Não evita a geração de odores indesejáveis;
• Não evita a poluição do solo, águas superficiais e
subterrâneas pelo lixiviado;
• Não há controle dos tipos de resíduos encaminhados ao
local.

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Lixão

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Aterro controlado

• Disposição do lixo bruto no solo com recobrimento diário


no término de todo trabalho;
• Não trata o percolado;
• Contaminação dos solos, água e ar;
• Problemas sociais.

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Aterro controlado

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Aterro sanitário
Obra de engenharia que possui os sistemas de proteção
ambiental:
• Impermeabilização de bases e laterais;
• Recobrimento diário;
• Cobertura final das plataformas;
• Coleta e drenagem de líquidos percolados;
• Tratamento de líquidos percolados;
• Drenagem superficial;
• Monitoramento.
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Aterro sanitário

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Aterro especial

• Diversidade e periculosidade dos resíduos industriais;


• Inventário dos RS industriais;
• Gestão adequada do local de disposição;
• Plano de emergência, inspeção e manutenção preventiva;
• Treinamento dos funcionários;
• Plano de fechamento.

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Aterro especial

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Indicação de leitura

• https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-
conteudo/artigos/artigos/217-residuos-solidos-urbanos-no-brasil-
desafios-tecnologicos-politicos-e-economicos

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Sites úteis

• http://www.resol.com.br/cartilha4/manual.pdf
• http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/manual_girs.pdf
• http://cempre.org.br/upload/Lixo_Municipal_2018.pdf
• http://www.finep.gov.br/apoio-e-financiamentoexterna/historico-
de-programa/prosab/produtos
• https://abrelpe.org.br/publicacoes/

• Our world in data.

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