Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE ORIGEM
ANIMAL
Introdução
Denomina-se carne o conjunto de tecidos, de cor e consistência caracte-
rísticas, que recobre o esqueleto dos animais. De modo geral, carne são
todas as partes dos animais tradicionalmente incluídos na dieta humana,
sejam domésticos ou selvagens.
As carnes bovina e suína são largamente utilizadas na culinária brasi-
leira, sendo que as variedades de textura, sabor e apresentação permi-
tem o desenvolvimento e a criação de muitas receitas. Muitas vezes, as
carnes ocupam o lugar de prato principal em grande parte das refeições.
Portanto, deve-se ressaltar que o consumo moderado de diferentes
tipos de carne no cardápio é compatível com uma dieta saudável para
atendimento às recomendações nutricionais.
Neste capítulo, você poderá identificar as técnicas de seleção e arma-
zenamento de carnes e derivados de bovinos e suínos. Também verá os
diferentes tipos de cortes em carnes e, por fim, conseguirá diferenciar a
qualidade das carnes por meio da aplicação de diversos tipos de calor.
2 Técnica dietética de carnes
Seleção
A necessidade de avaliação de fornecedores antes de se adquirir carnes e
derivados é fundamental, pois é necessário que se tenha matérias-primas de
origem confiável para não colocar em risco a segurança e a integridade dos
alimentos e, consequentemente, a saúde do consumidor.
A carne pode ser adquirida resfriada a granel ou em embalagens fechadas
e também congelada e embalada.
As características da carne bovina resfriada que podem servir de guia no
momento da aquisição são a cor vermelho vivo e o odor que são característicos.
As carnes arroxeadas, acinzentadas e esverdeadas, descongeladas ou não, que
têm odor forte e desagradável, não devem ser utilizadas.
A carne de porco deve ter a cor rosada e apresentar uma certa umidade. A
gordura deve estar sempre firme e branca, evitando a gordura mole e amarela.
Os ossos podem ter um tom azulado e as extremidades de qualquer corte devem
ser vermelhas. Quanto mais brancas forem as extremidades, mais velho é o
animal e por consequência a carne não será tão macia.
No ato de compra de carnes resfriadas e congeladas já embaladas, é
necessário verificar:
Armazenamento
O controle da qualidade das carnes, desde o recebimento até o consumo
final, é fundamental para assegurar a qualidade desse alimento, portanto, a
manutenção de cadeia fria na conservação de carnes resfriadas e congeladas
garante a qualidade e a segurança dessas carnes, prevenindo perdas e prejuízos
ao longo de toda a cadeia produtiva.
Portanto, é importante que os equipamentos de refrigeração e freezers
estejam em bom estado de conservação e higiene e sejam adequados quanto
ao volume de produto armazenado. É proibido desligá-los com objetivo de
economizar energia e utilizar termômetros de haste de vidro para controlar
suas temperaturas.
Antes de armazenar as carnes embaladas, deve-se:
4 Técnica dietética de carnes
5 a 0 °C Até 10 dias
10 a -6 °C Até 20 dias
Temperatura
Temperatura recomendada Validade
Descongelamento
O descongelamento de carnes deve ser efetuado segundo a recomendação do
fabricante. É proibido descongelar carnes em temperatura ambiente, imerso
em água ou sob água corrente.
O descongelamento de carnes pode ser realizado de 2 maneiras:
Dessalga
A dessalga deve ser realizada antes da utilização de carnes que foram pro-
duzidas com sal de cura ou sal, como os charques e as carnes de sol. Para a
dessalga, as carnes devem permanecer em remolho, para se reidratar, perdendo
assim parte das substâncias solúveis. Porém, a dessalga não faz com que as
6 Técnica dietética de carnes
Para dessalgar, deve-se remover o sal externo em água potável e manter os cortes em
água sob refrigeração por 48 horas, realizando trocas de água a cada 6 horas.
A presença de gordura visível na forma de uma cobertura na carne pode ser percebida
na picanha ou no lagarto. Já no cupim, percebe-se a presença da gordura entremeada
aos feixes musculares, o que é chamado de marmoreio.
Cortes de bovinos
Sendo o boi um animal grande, sua carne varia enormemente de acordo com
o corte e, consequentemente, requer diferentes métodos de preparo e cocção.
Os cortes mais duros podem se tornar macios e saborosos quando prepara-
dos com os métodos apropriados, da mesma forma, um corte macio feito de
maneira inadequada pode se tornar rijo. Na Figura 1 podem ser visualizados
os diversos tipos de cortes da carne bovina.
18. Coxão duro: é conhecido como posta vermelha ou chã de fora. O coxão
duro é um músculo grande e um pouco fibroso. O seu cozimento é lento.
19. Coxão mole: é conhecido como chã de dentro. O coxão mole é um
músculo do interior da perna, arredondado, com fibras curtas e con-
sistência macia.
20. Lagarto: é conhecido como tatu ou lagarto-branco. O lagarto é con-
siderado uma carne de primeira, que é constituída por fibras longas e
magras, em formato arredondado. Apesar de ser de primeira, é uma
carne seca, dura e pouco suculenta.
Cortes de suínos
No Brasil, a carne de porco é encontrada em cortes tradicionais, e cada corte
tem sua utilização específica e maneira adequada de preparo. Na Figura 2
estão ilustrados os cortes de carne de porco.
Pré-preparo da carne
Antes da cocção, o corte deve ser feito com seccionamento transversal das
fibras musculares para diminuir a resistência à ação mecânica da boca. Deve-se
evitar lavar carnes de qualquer espécie antes do preparo, pois isso facilita a
dissipação de bactérias contaminantes nas superfícies de trabalho próximas.
A uniformização dos cortes promoverá adequada transferência de calor e
uniformidade no acabamento da preparação.
A condimentação da carne com cloreto de sódio em baixas concentrações
promove a maciez da carne. O efeito oposto é causado pelo excesso de sal,
pois haverá desidratação e comprometimento da textura.
12 Técnica dietética de carnes
O uso de cloreto de sódio deve ser na quantidade de 0,5 a 0,8% em relação ao peso
líquido da carne. Ou seja, em 1 kg de carne, deve- se adicionar de 5 a 8 g de sal. Outros
condimentos, como tomilho, alecrim e sálvia, também podem ser utilizados e são
muito apreciados.
Uso do calor úmido: indicado para carnes que contêm pouco colágeno, como
paleta, acém, fraldinha, peito, coxão duro ou capa de filé.
Uso do calor seco: ideal para carnes mais macias, como alcatra, lagarto, filé mignon
e bifes de contra filé.
Corte Preparações
(Continua)
16 Técnica dietética de carnes
(Continuação)
Corte Preparações
Corte Preparações
Papada Torresmo
(Continua)
Técnica dietética de carnes 17
(Continuação)
Corte Preparações
Pé Feijoada
Toucinho Torresmo
Cabeça Patê
BLOG DO CHURRASCO. O mapa do suíno: cortes de carne para churrasco. 07 out. 2009.
Disponível em: <https://blogdochurrasco.wordpress.com/2009/10/07/o-mapa-do-
suino/>. Acesso em: 31 ago. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013. Aprova o regu-
lamento técnico sobre Boas Práticas para serviços de alimentação, e o roteiro de
inspeção. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 abr. 2013.
CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS. Cortes de carne bovina: classificações e caracte-
rísticas. [201-?]. Disponível em: <https://www.cpt.com.br/cursos-processamentode-
carne-comomontar/artigos/cortes-de-carne-bovina-classificacoes-e-caracteristicas>.
Acesso em: 31 ago. 2017.
DOMENE, S. M. A. Técnica dietética: teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
ORNELAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo dos alimentos. 8. ed. São Paulo:
Atheneu, 2006.
PHILIPPI, S. T. Nutrição e técnica dietética. São Paulo: Manole, 2003.
TEICHMANN, I. Tecnologia culinária. Caxias do Sul: EDUCS, 2000.
TEIXEIRA, A. B.; LUNA, N. M. M. Técnica dietética: fator de correção em alimentos de
origem animal e vegetal. Cuiabá: Studio Press Editora e Comunicação Ltda, 1996.
Leituras recomendadas
GERBER, N. The role of meat in human nutrition for the supply with nutrients, particularly
functional long-chain n-3 fatty acids. 2007. 238 p. Tese (Doutorado) – ETH Zurich,
Zurique, Suíça, 2007.
PIGHIN, D. A et al. Contribution of beef to human health: a review of the role of the
animal production systems. The Scientific World Journal, London, v. 2016, p. 1-10, 2016.
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4771914/>. Acesso
em: 31 ago. 2017.
RIBEIRO, C. S. G.; CORÇÃO, M. The consumption of meat in Brazil: between socio-
-cultural and nutritional values. Demetra, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 425-438, 2013.
Conteúdo: